1 der Makkabäer (BAV) 1





I Livro dos Macabeus


Alexandre Magno

1 1 Ora, aconteceu que, já senhor da Grécia, Alexandre, filho de Filipe da Macedônia, oriundo da terra de Cetim, derrotou também Dario, rei dos persas e dos medos e reinou em seu lugar.
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Empreendeu inúmeras guerras, apoderou-se de muitas cidades e matou muitos reis.
3
Avançou até os confins da terra e apoderou-se das riquezas de vários povos, e diante dele silenciou a terra. Tornando-se altivo, seu coração ensoberbeceu-se.
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Reuniu um imenso exército,
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impôs seu poderio aos países, às nações e reis, e todos se tornaram seus tributários.
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Enfim, adoeceu e viu que a morte se aproximava.
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Convocou então os mais considerados dentre os seus cortesãos, companheiros desde sua juventude, e, ainda em vida, repartiu entre eles o império.
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Alexandre havia reinado doze anos ao morrer.
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Seus familiares receberam cada qual seu próprio reino.


10 Puseram todos o diadema depois de sua morte, e, após eles, seus filhos durante muitos anos; e males em quantidade multiplicaram-se sobre a terra.

Antíoco IV Epífanes

11 Desses reis originou-se uma raiz de pecado: Antíoco Epífanes, filho do rei Antíoco, que havia estado em Roma, como refém, e que reinou no ano cento e trinta e sete do reino dos gregos.

Costumes pagãos em Israel

12 Nessa época saíram também de Israel uns filhos perversos que seduziram a muitos outros, dizendo: Vamos e façamos alianças com os povos que nos cercam, porque, desde que nós nos separamos deles, caímos em infortúnios sem conta.
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Semelhante linguagem pareceu-lhes boa,
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e houve entre o povo quem se apressasse a ir ter com o rei, o qual concedeu a licença de adotarem os costumes pagãos.
15
Edificaram em Jerusalém um ginásio como os gentios, dissimularam os sinais da circuncisão, afastaram-se da aliança com Deus, para se unirem aos estrangeiros e venderam-se ao pecado.

Antíoco ocupa Jerusalém

16 Quando seu reino lhe pareceu bem consolidado, concebeu Antíoco o desejo de possuir o Egito, a fim de reinar sobre dois reinos.
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Entrou, pois, no Egito com um poderoso exército, com carros, elefantes, cavalos e uma numerosa esquadra.
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Investiu contra Ptolomeu, rei do Egito, o qual, tomado de pânico, fugiu. Foram muitos os que sucumbiram sob seus golpes.
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Tornou-se ele senhor das fortalezas do Egito, e apoderou-se das riquezas do país.
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Após ter derrotado o Egito, pelo ano cento e quarenta e três, regressou Antíoco e atacou Israel, subindo a Jerusalém com um forte exército.
21
Penetrou cheio de orgulho no santuário, tomou o altar de ouro, o candelabro das luzes com todos os seus pertences,
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a mesa da proposição, os vasos, as alfaias, os turíbulos de ouro, o véu, as coroas, os ornamentos de ouro da fachada, e arrancou as embutiduras.
23
Tomou a prata, o ouro, os vasos preciosos e os tesouros ocultos que encontrou.
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Arrebatando tudo consigo, regressou à sua terra, após massacrar muitos judeus e pronunciar palavras injuriosas
25
Foi isso um motivo de desolação em extremo para todo o Israel.
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Príncipes e anciãos gemeram, jovens e moças perderam sua alegria e a beleza das mulheres empanou-se.
27
O recém-casado lamentava-se, e a esposa chorava no leito nupcial.
28
A própria terra tremia por todos os seus habitantes e a casa de Jacó cobriu-se de vergonha.
29
Dois anos após, Antíoco enviou um oficial a cobrar o tributo nas cidades de Judá. Chegou ele a Jerusalém com uma numerosa tropa;
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dirigiu-se aos habitantes com palavras pacíficas, mas astuciosas, nas quais acreditaram; em seguida lançou-se de improviso sobre a cidade, pilhou-a seriamente e matou muita gente.
31
Saqueou-a, incendiou-a, destruiu as casas e os muros em derredor.
32
Seus soldados conduziram ao cativeiro as mulheres e as crianças e apoderaram-se dos rebanhos.
33
Cercaram a Cidade de Davi com uma grande e sólida muralha, com possantes torres, tornando-se assim ela sua fortaleza.
34
Instalaram ali uma guarnição brutal de gente sem leis, fortificaram-se aí;
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e ajuntaram armas e provisões. Reunindo todos os espólios do saque de Jerusalém, ali os acumularam. Constituíram desse modo uma grande ameaça.
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Serviram de cilada para o templo, e um inimigo constantemente incitado contra o povo de Israel,
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derramando sangue inocente ao redor do templo e profanando o santuário.
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Por causa deles, os habitantes de Jerusalém fugiram, e só ficaram lá os estrangeiros. Jerusalém tornou-se estranha a seus próprios filhos e estes a abandonaram.
39
Seu templo ficou desolado como um deserto, seus dias de festa se transformaram em dias de luto, seus sábados, em dias de vergonha, e sua glória em desonra.
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Quanto fora ela honrada, agora foi desprezada, e sua exaltação converteu-se em tormento.

Perseguição aos judeus fiéis

41 Então o rei Antíoco publicou para todo o reino um edito, prescrevendo que todos os povos formassem um único povo e
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que abandonassem suas leis particulares. Todos os gentios se conformaram com essa ordem do rei, e
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muitos de Israel adotaram a sua religião, sacrificando aos ídolos e violando o sábado.


44 Por intermédio de mensageiros, o rei enviou, a Jerusalém e às cidades de Judá, cartas prescrevendo que aceitassem os costumes dos outros povos da terra,
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suspendessem os holocaustos, os sacrifícios e as libações no templo, violassem os sábados e as festas,
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profanassem o santuário e os santos,
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erigissem altares, templos e ídolos, sacrificassem porcos e animais imundos,
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deixassem seus filhos incircuncidados e maculassem suas almas com toda sorte de impurezas e abominações, de maneira
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a obrigarem-nos a esquecer a lei e a transgredir as prescrições.
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Todo aquele que não obedecesse à ordem do rei seria morto.
51
Foi nesse teor que o rei escreveu a todo o seu reino; nomeou comissários para vigiarem o cumprimento de sua vontade pelo povo e coagirem as cidades de Judá, uma por uma, a sacrificar.
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Houve muitos dentre o povo que colaboraram com eles e abandonaram a lei. Fizeram muito mal no país, e
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constrangeram os israelitas a se refugiarem em asilos e refúgios ocultos.


54 No dia quinze do mês de Casleu, do ano cento e quarenta e cinco, edificaram a abominação da desolação por sobre o altar e construíram altares em todas as cidades circunvizinhas de Judá.
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Ofereciam sacrifícios diante das portas das casas e nas praças públicas,
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rasgavam e queimavam todos os livros da lei que achavam;
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em toda parte, todo aquele em poder do qual se achava um livro do testamento, ou todo aquele que mostrasse gosto pela lei, morreria por ordem do rei.


58 Com esse poder que tinham, tratavam assim, cada mês, os judeus que eles encontravam nas cidades
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e, no dia vinte e cinco do mês, sacrificavam no altar, que sobressaía ao altar do templo.
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As mulheres, que levavam seus filhos a circuncidar, eram mortas conforme a ordem do rei,
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com os filhos suspensos aos seus pescoços. Massacravam-se também seus próximos e os que tinham feito a circuncisão.


62 Numerosos foram os israelitas que tomaram a firme resolução de não comer nada que fosse impuro, e preferiram a morte antes que se manchar com alimentos;
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não quiseram violar a santa lei e foram trucidados.
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Caiu assim sobre Israel uma imensa cólera.

Matatias e seus filhos

2 1 Foi nessa época que se levantou Matatias, filho de João, filho de Simeão, sacerdote da família de Joarib, que veio de Jerusalém se estabelecer em Modin.
2
Tinha ele cinco filhos: João, apelidado Gadis,
3
Simão, alcunhado Tasi,
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Judas, chamado Macabeu,
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Eleazar, cognominado Avarã, e Jônatas, chamado Afos.
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Vendo as abominações praticadas em Judá e em Jerusalém, exclamou: Ai de mim, por que nasci eu, para ver a ruína de meu povo e da cidade santa,
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e ficar sem fazer nada, enquanto ela é entregue ao poder de seus inimigos
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e seu centro religioso abandonado aos estrangeiros? Seu templo tornou-se como um homem desonrado
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e os vasos sagrados, que eram o motivo de seu orgulho, levados como para um cativeiro; seus filhos foram trucidados nas ruas e os seus jovens sucumbiram ao gládio do inimigo.
10
Que povo há que não tenha herdado de seus atributos reais, que não se tenha apoderado dos seus despojos?
11
Toda a sua glória desapareceu e, de livre que era, tornou-se escrava.
12
Eis que tudo o que tínhamos de sagrado, de belo, de glorioso, foi assolado e profanado pelas nações.
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Por que viver ainda?
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Matatias e seus filhos rasgaram suas vestes, cobriram-se de sacos, e choravam amargamente.

Revolta de Matatias

15 Sobrevieram enviados do rei a Modin, para impor a apostasia e obrigar a sacrificar.
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Muitos dos israelitas uniram-se a eles, mas Matatias e seus filhos permaneceram firmes.
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Em resposta disseram-lhe os que vinham da parte do rei: Possuis nesta cidade notável influência e consideração, teus irmãos e teus filhos te dão autoridade.
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Vem, pois, como primeiro, executar a ordem do rei, como o fizeram todas as nações, os habitantes de Judá e os que ficaram em Jerusalém. Serás contado, tu e teus filhos, entre os amigos do rei; a ti e aos teus filhos o rei vos honrará, cumulando-vos de prata, de ouro e de presentes.
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Matatias respondeu-lhes: Ainda mesmo que todas as nações que se acham no reino do rei o escutassem, de modo que todos renegassem a fé de seus pais e aquiescessem às suas ordens,
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eu, meus filhos e meus irmãos, perseveraremos na Aliança concluída por nossos antepassados.
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Que Deus nos preserve de abandonar a lei e os mandamentos!
22
Não obedeceremos a essas ordens do rei e não nos desviaremos de nossa religião, nem para a direita, nem para a esquerda.
23
Mal acabara de falar, eis que um judeu se adiantou para sacrificar no altar de Modin, à vista de todos, conforme as ordens do rei.
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Viu-o Matatias e, no ardor de seu zelo, sentiu estremecerem-se suas entranhas. Num ímpeto de justa cólera arrojou-se e matou o homem no altar.
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Matou ao mesmo tempo o oficial incumbido da ordem de sacrificar e demoliu o altar.
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Com semelhante gesto mostrou ele seu amor pela lei, como agiu Finéias a respeito de Zamri, filho de Salum.
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Em altos brados Matatias elevou a voz então na cidade: Quem for fiel à lei e permanecer firme na Aliança, saia e siga-me.
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Assim, com seus filhos, fugiu em direção às montanhas, abandonando todos os seus bens na cidade.
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Então, uma grande parte dos que procuravam a lei e a justiça, encaminhou-se para o deserto.


30 Ali refugiaram-se, com seus filhos, suas mulheres e seus rebanhos, porque a perseguição se encarniçava contra eles.

Repressão odiosa

31 Contaram aos oficiais do rei e às forças acantonadas em Jerusalém, na cidadela de Davi, que certo número de judeus, culpáveis de terem transgredido a ordem real, havia descido ao deserto, para ali se ocultar e que muitos se haviam precipitado em seu seguimento.
32
Os sírios arremessaram-se ao encalço deles e os alcançaram, depois se prepararam para agredi-los no dia de sábado.
33
Isso basta, agora, gritaram-lhes eles, saí, obedecei à ordem do rei, e vivereis.
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Não sairemos, replicaram os judeus, e nem obedeceremos ao rei, com a profanação do dia de sábado.
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Instantaneamente os sírios travaram combate contra eles;
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mas eles não responderam, não atiraram uma pedra e não barricaram seu refúgio.
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Que morramos todos inocentes! O céu e a terra nos servirão de testemunha, de que nos matais injustamente.
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E foi assim que os inimigos se lançaram sobre eles em dia de sábado, morrendo eles, suas mulheres e seus filhos, com seu gado, em número de mil.

Organização da resistência

39 Matatias e seus amigos o souberam e comoveram-se muito;
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mas disseram uns aos outros: Se todos nós agirmos como nossos irmãos, e se não pelejarmos contra os estrangeiros para pormos a salvo nossas vidas e nossas leis, exterminar-nos-ão bem depressa da terra.
41
Tomaram, pois, naquele dia a seguinte resolução: Mesmo que nos ataquem em dia de sábado, pugnaremos contra eles e não nos deixaremos matar a todos nós, como o fizeram nossos irmãos no seu esconderijo.
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Então se ajuntou a eles o grupo dos judeus assideus, particularmente valentes em Israel, apegados todos à lei;
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e todos os que fugiam das perseguições se ajuntaram do mesmo modo a eles e os reforçaram.
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Formaram, pois, um exército e na sua ira e indignação massacraram certo número de prevaricadores e de traidores da lei; os outros procuraram refúgio junto aos estrangeiros.
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Assim Matatias e seus amigos percorreram o país, destruíram os altares e
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circuncidaram à força as crianças, ainda incircuncisas nas fronteiras de Israel,
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e perseguiram os sírios orgulhosos. Sua empresa alcançou bom êxito.
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Arrancaram a lei do poder dos gentios e dos reis, e não permitiram que prevalecesse o mal.

Morte de Matatias

49 Ora, chegou para Matatias o dia de sua morte e ele disse a seus filhos: O que domina até este momento é o orgulho, o ódio, a desordem e a cólera.
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Sede, pois, agora, meus filhos, os defensores da lei e dai vossa vida pela Aliança de vossos pais.
51
Recordai-vos dos feitos de vossos maiores em seu tempo, e merecereis uma grande glória e um nome eterno.
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Porventura, não foi na prova que Abraão foi achado fiel? E não lhe foi isso imputado em justiça?


53 José observou os mandamentos na sua desgraça e veio a ser o senhor do Egito.
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Finéias, nosso antepassado, por ter sido inflamado de zelo, recebeu a promessa de um perpétuo sacerdócio.
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Josué, cumprindo a palavra de Deus, veio a ser juiz em Israel.
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Caleb deu testemunho na assembléia e herdou a terra.


57 Por todos os séculos, em vista de sua piedade, mereceu Davi o trono real.
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Porque ardia em zelo pela lei, Elias foi arrebatado ao céu.
59
Ananias, Azarias e Mizael foram salvos das chamas por terem tido fé.
60
Daniel, na sua retidão, foi livre da boca dos leões.
61
Recordai-vos assim, de geração em geração, de que todos os que esperam em Deus não desfalecem.
62
Não receeis as ameaças do pecador, porque sua glória chega à lama e aos vermes:
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hoje ele se eleva e amanhã desaparece, porque tornará ao pó, e seus planos são frustrados.
64
Quanto a vós, meus filhos, sede corajosos e destemidos em observar a lei, porque por ela chegareis à glória.


65 Aqui tendes Simão, irmão vosso, eu sei que ele é homem de conselho, ouvi-o sempre e será para vós um pai.
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Judas Macabeu, bravo desde a juventude: será o general do exército e dirigirá a guerra contra os gentios.
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Atraireis a vós todos os que observam a lei e vingareis vosso povo.
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Pagai aos gentios o que nos fizeram e atendei aos preceitos da lei.
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Depois disso abençoou-os e foi unir-se aos seus pais.
70
Morreu no ano cento e quarenta e seis. Seus filhos sepultaram-no em Modin, entre as sepulturas de seus antepassados, e todo o Israel o chorou dolorosamente.

Judas Macabeu

3 1 Seu filho Judas, cognominado Macabeu, ficou em seu lugar.
2
Todos os seus irmãos o auxiliaram, bem como todos os que se tinham unido a seu pai, aceitando generosamente a promessa de combater por Israel.
3
Dilatou a glória do povo; revestiu-se com a couraça como um gigante, cingiu-se com as armas de guerra, e empenhava-se nos combates, protegendo seu exército com sua espada.
4
Assemelhava-se nas ações a um leão, e parecia um leãozinho que ruge na caçada.
5
Perseguia e rebuscava com cuidado os traidores e lançava ao fogo os que perseguiam seu povo.
6
Os maus recuavam diante dele transidos de medo, tremiam os que praticavam o mal e a salvação do povo firmava-se em suas mãos.
7
Seus feitos exasperavam os reis, mas alegravam Jacó, e sua memória permaneceu eternamente bendita.
8
Percorreu as cidades expulsando de Judá os ímpios, desviando assim de Israel a cólera divina.
9
Seu nome foi pronunciado até as extremidades da terra, e ele conseguiu a adesão daqueles que estavam a ponto de perecer.

Primeiras vitórias

10 Aconteceu que Apolônio convocou os gentios e, de Samaria, partiu com um grande exército para pelejar contra Israel.
11
Soube-o Judas, saiu-lhe ao encontro, venceu-o e o matou; muitos caíram aos seus golpes e os restantes puseram-se em fuga.
12
Apoderou-se dos espólios, tomou a espada de Apolônio, e desde então usava-a sempre nos combates.
13
Seron, general do exército sírio, veio a saber que Judas cercara-se de soldados fiéis convocados e que ele os levara ao combate.
14
Tornar-me-ei célebre, disse ele, e cobrir-me-ei de glória no reino, vencerei Judas com seus correligionários, que se opõem às ordens reais.
15
Armou-se ele para a guerra. Um poderoso exército de ímpios marchou com ele, para reforçar e tomar vingança dos filhos de Israel.
16
Avançaram até a muralha de Betoron e Judas, seguido de poucos homens, foi-lhe ao encontro.
17
Mas à vista do exército que vinha contra eles, os companheiros de Judas disseram-lhe: Como poderemos enfrentar tamanho exército, se somos tão poucos, tanto mais que nos sentimos fracos, porque hoje nada temos comido?
18
É fácil, respondeu Judas, a um punhado de gente fazer-se respeitar por muitos; para o Deus do céu não há diferença entre a salvação de uma multidão e de um punhado de homens,
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porque a vitória no combate não depende do número, mas da força que desce do céu.
20
Esta gente vem contra nós, com insolência e orgulho, para nos aniquilar, juntamente com nossas mulheres e nossos filhos, e para nos despojar;
21
nós, porém, lutamos por nossas vidas e nossas leis.
22
O próprio Deus os esmagará aos nossos olhos. Não os temais.
23
E logo que cessara de falar, arrojou-se Judas com rapidez sobre os inimigos, e Seron diante dele foi derrotado com seu exército;
24
e Judas o perseguiu na descida de Betoron até a planície. Morreram cerca de oitocentos sírios e os restantes fugiram para a terra dos filisteus.
25
E foi assim que se espalhou o terror de Judas e dos seus irmãos e todos os povos das vizinhanças encheram-se de consternação.
26
Seu nome chegou aos ouvidos do rei, e todas as nações comentaram os feitos heróicos de Judas.

Preparativos de Antíoco

27 Quando o rei Antíoco soube dessas novas, encolerizou-se terrivelmente, reuniu todas as forças do reino, de que formou um exército poderosíssimo.
28
Abriu seu tesouro, e deu ao exército o soldo de um ano com a ordem de estarem prontos para qualquer eventualidade.
29
No entanto viu que lhe faltava dinheiro no tesouro e que os tributos do território eram deficientes em vista das perturbações e da maldade que havia provocado, suprimindo em toda a parte as instituições em vigor, desde outrora.
30
Receou, portanto, não poder pagar as despesas, como fizera já uma ou duas vezes, e outorgar as liberalidades, que distribuía em certo tempo com mão generosa, porque excedia em liberalidade a todos os reis, seus predecessores.
31
Profundamente consternado, resolveu ir à Pérsia cobrar os tributos dessas regiões e ajuntar muito dinheiro.
32
Deixou Lísias, pessoa de relevo, de linhagem real, para dirigir os negócios do reino, do Eufrates às fronteiras do Egito,
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e ocupar-se, até sua volta, de seu filho Antíoco.
34
Deixou-lhe a metade do exército do reino, com os elefantes, e deu-lhe as instruções referentes à execução de suas vontades, especialmente o que dizia respeito aos habitantes da Judéia e de Jerusalém:
35
ele devia enviar um exército contra eles, para destruir e aniquilar o poderio de Israel e o que restava de Jerusalém, e apagar desses lugares até a sua lembrança
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e estabelecer em todos os seus confins estrangeiros, aos quais distribuiria por meio de sorte as terras.
37
O rei tomou a outra metade do exército, partiu de Antioquia, capital de seu reino, pelo ano cento e quarenta e sete, passou o Eufrates e atravessou as terras superiores.
38
Lísias escolheu Ptolomeu, filho de Dorímino, Nicanor e Górgias, valorosos generais e familiares do rei;
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enviou com estes quarenta mil homens e sete mil cavaleiros para invadir e devastar o país de Judá, conforme a ordem do rei.
40
Postos a caminho com todas essas tropas, chegaram à planície de Emaús e penetraram nela.
41
Quando os mercadores ouviram falar deles, tomaram muita prata e ouro e se dirigiram com peias ao campo para comprar os filhos de Israel como escravos. Exércitos da Síria, bem como do estrangeiro, vieram juntar-se a eles.

Preparativos de Judas

42 Judas e seus irmãos viram que a situação era grave e que as forças inimigas acampavam dentro de suas fronteiras. Sabendo também como o rei havia ordenado de tratar o povo para destruí-lo e exterminá-lo,
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disseram uns aos outros: Levantemos nossa pátria de seu abatimento e lutemos por nosso povo e nossa religião.
44
Convocaram então toda a gente, a fim de se prepararem para a luta, de rezarem, de implorarem piedade e misericórdia de Deus.
45
Porquanto Jerusalém estava desabitada e deserta: não havia um só de seus filhos que nela entrasse ou dela saísse. Seu santuário estava profanado, soldados estrangeiros ocupavam a cidadela, gentios faziam ali sua habitação. Toda a alegria havia desaparecido de Jacó; a flauta e a harpa estavam caladas.
46
Os israelitas se ajuntaram, pois, e se dirigiram a Masfa, defronte de Jerusalém, porque tinham tido outrora, em Masfa, um lugar de oração.
47
Jejuaram aquele dia, vestiram-se com sacos, cobriram a cabeça com cinza e rasgaram suas vestes.
48
Abriram um dos livros da Lei, para ler nele o que os gentios perguntavam às representações de seus falsos deuses;
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trouxeram os ornamentos sacerdotais, as primícias e os dízimos e mandaram vir os nazarenos que haviam cumprido o tempo de seu voto;
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em seguida sua voz se elevou com força ao céu: Que havemos nós de fazer destas ofertas e para onde vamos nós levá-las?
51
Vosso santuário está profanado e manchado, vossos sacerdotes estão em luto e na humilhação,
52
as nações se coligaram para nos aniquilar e vós sabeis o que elas tramam contra nós.
53
Como resistir diante deles, se vós não vierdes em nosso auxílio?
54
Então eles soaram a trombeta e fizeram um grande clamor.
55
Depois disso Judas nomeou chefes para grupos de mil, cem, cinqüenta e dez homens,
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e disse aos que acabavam de construir uma casa, de tomar mulher, plantar uma vinha, ou que tinham medo, que voltassem cada qual para sua casa, conforme a lei.
57
Os israelitas se puseram então a caminho e vieram acampar ao sul de Emaús.
58
Preparai-vos, disse-lhes Judas, sede corajosos e estai prontos desde a manhã para o combate a essas nações que estão unidas para nos arruinar, a nós e tudo o que possuímos de sagrado;
59
porquanto é preferível morrer no combate, que ver nosso povo perseguido e profanado nosso santuário.
60
Que se faça somente a vontade de Deus!

Judas vencedor de Emaús

4 1 Tomando consigo cinco mil homens e mil cavaleiros de elite, Górgias se pôs a caminho à noite
2
para surpreender o acampamento dos judeus e atacá-lo de improviso. A gente da cidadela servia-lhe de guia.
3
Mas Judas o soube, e com seus destemidos companheiros saiu para esmagar aquelas forças do rei que tinham ficado perto de Emaús,
4
enquanto as tropas estavam espalhadas na planície.
5
Chegou Górgias à noite ao acampamento de Judas, mas não encontrou ninguém; pôs-se então à sua procura nas montanhas, dizendo: Fugiram diante de nós.
6
Todavia Judas apareceu na planície ao despertar do dia com três mil homens, que, excetuando espadas e escudos, não estavam armados como o teriam querido;
7
entrementes viram eles o campo dos gentios poderoso, fortificado de cavalaria e os próprios inimigos prontos para o combate.
8
Não temais seu número, disse Judas a seus companheiros, e nem receeis seu choque.
9
Lembrai-vos como nossos pais foram salvos no mar Vermelho, quando o faraó os perseguia com seu exército.
10
Gritemos agora para o céu para que ele se apiade de nós, que se lembre da Aliança com nossos antepassados e queira hoje esmagar esse exército aos nossos olhos.
11
Todas as nações saberão que Israel possui um libertador e um salvador.
12
Erguendo os olhos, os gentios viram-nos avançar contra eles
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e saíram do acampamento para a luta, enquanto os homens de Judas soavam a trombeta.
14
Travou-se a batalha, mas os inimigos, derrotados, puseram-se em fuga através da planície.
15
Os últimos tombaram todos sob a espada, enquanto eram perseguidos até Gazara e as planícies de Iduméia, de Azot e de Jânia. E sucumbiram cerca de três mil.
16
Então Judas parou de persegui-los, voltou atrás com suas tropas pelo mesmo caminho,
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e disse: Não penseis nos despojos, porque outro combate nos aguarda:
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Górgias está perto de nós na montanha, com suas forças. No momento, enfrentai o inimigo e combatei; após isto, podereis apoderar-vos de seus despojos, com toda a segurança.
19
Ainda Judas falava, quando alguns homens apareceram e olharam de cima da montanha.
20
Viram que o exército tinha sido posto em fuga e que o acampamento se queimava porque a fumaça que se percebia indicava o que se passara.
21
À vista disso todos foram tomados de grande espanto e, certificando-se de que o exército de Judas se achava na planície, pronto para o combate,
22
fugiram todos para terra estrangeira.
23
Judas voltou para pilhar o acampamento, e seus homens apoderaram-se de muito ouro, prata, jacinto, púrpura marinha, e de grandes riquezas.
24
Ao voltarem, cantavam hinos e elevavam ao céu os louvores do Senhor, porque ele é bom e sua misericórdia é eterna.
25
Israel foi, com efeito, naquele dia salvo de um grande perigo.

Judas vencedor em Betsur

26 Os gentios que escaparam vieram contar a Lísias os acontecimentos,
27
o qual ficou consternado e abatido ouvindo-os, porque Israel não tinha sido tratado como ele quis, e porque as ordens do rei não tinham sido cumpridas.
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Por isso, no ano seguinte, reuniu Lísias sessenta mil infantes escolhidos e cinco mil cavaleiros para acabar com os judeus.
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Esse exército veio da Iduméia acampar em Betsur. Judas foi-lhe ao encontro com dez mil homens.
30
Tendo ante os olhos esse poderoso exército, rezou nestes termos: Sede bendito, Salvador de Israel, vós que quebrastes a força do poderoso pela mão do vosso servo Davi e entregastes os exércitos estrangeiros nas mãos de Jônatas e do seu escudeiro.
31
Entregai esse exército ao poder do povo de Israel e confundi nossos inimigos com suas tropas e sua cavalaria.
32
Inspirai-lhes o terror, fazei derreter seu orgulho audaz. Que eles sejam sacudidos e pisados.
33
Derribai-os sob a espada dos que vos amam e que todos aqueles que conhecem vosso nome cantem vossos louvores.
34
Travou-se então o combate, e do exército de Lísias tombaram cinco mil homens, que sucumbiram diante deles.
35
Vendo seu exército posto em fuga e os judeus cheios de bravura, prontos a viver ou a morrer valentemente, voltou Lísias a Antioquia para arregimentar tropas de mercenários, com o intuito de reaparecer na Judéia com um exército mais forte.

Entrada de Judas em Jerusalém

36 Judas e seus irmãos disseram então: Eis que nossos inimigos estão aniquilados; subamos agora a purificar e consagrar de novo os lugares santos.
37
Reunido todo o exército, subiram à montanha de Sião.


38 Contemplaram a desolação dos lugares santos, o altar profanado, as portas queimadas, os átrios cheios de arbustos que tinham nascido como num bosque ou sobre as colinas, os aposentos demolidos.
39
Rasgando suas vestes, eles se lamentaram muito e cobriram as cabeças com cinza,
40
prostraram-se com o rosto por terra, tocaram as trombetas e ergueram clamores ao céu.

Purificação e dedicação do templo

41 Então Judas encarregou alguns homens de combater os soldados da cidadela, enquanto purificavam o templo.
42
Escolheu sacerdotes sem mancha e zelosos pela lei,
43
os quais purificaram o templo, transportando para um lugar impuro as pedras contaminadas.
44
Consultaram-se entre si, o que se deveria fazer do altar dos holocaustos, que havia sido profanado,
45
e tomaram a excelente resolução de demoli-lo, para que não recaísse sobre eles o opróbrio vindo da mancha dos gentios. Destruíram-no, portanto,
46
e transportaram suas pedras a um lugar conveniente sobre a montanha do templo, aguardando a decisão de algum profeta a esse respeito.
47
Tomaram pedras intactas, segundo a lei, e construíram um novo altar, semelhante ao primeiro.
48
Restauraram também o templo e o interior do templo e purificaram os átrios.
49
Fizeram novos vasos sagrados e transportaram ao santuário o candeeiro, o altar dos perfumes, e a mesa.
50
Queimaram incenso no altar, acenderam as lâmpadas do candeeiro, para alumiarem o templo,
51
colocaram pães sobre a mesa e suspenderam os véus, terminando completamente seu trabalho.


52 No dia vinte e cinco do nono mês, isto é, do mês de Casleu, do ano cento e quarenta e oito, eles se levantaram muito cedo,
53
e ofereceram um sacrifício legal sobre o novo altar dos holocautos, que haviam construído.
54
Foi no mesmo dia e na mesma data em que os gentios o haviam profanado, que o altar foi de novo consagrado ao som de cânticos, das harpas, das liras e dos címbalos.
55
Todo o povo se prostrou com o rosto em terra para adorar e bendizer no céu aquele que os havia conduzido ao triunfo.
56
Prolongaram por oito dias a dedicação do altar, oferecendo com alegria holocaustos e sacrifícios de ações de graças e de louvores.
57
Adornaram a fachada do templo com coroas de ouro e com pequenos escudos, consagraram as entradas do templo e os quartos, nos quais colocaram portas.
58
Reinou uma alegria imensa entre o povo e o opróbrio das nações foi afastado.
59
Foi estabelecido por Judas e seus irmãos, e por toda a assembléia de Israel que os dias da dedicação do altar seriam celebrados cada ano em sua data própria, durante oito dias, a partir do dia vinte e cinco do mês de Casleu, e isto com alegria e regozijo.


60 Na mesma época cercaram a montanha de Sião com uma alta muralha com fortes torres, para que não fosse mais possível às nações pisá-la aos pés, como outrora.
61
Judas pôs ali tropas para guardá-la e fortificou também Betsur para protegê-la, a fim de que o povo tivesse uma muralha do lado da Iduméia.

Castigos dos vizinhos hostis

5 1 Ora, ouvindo falar da reconstrução do altar e da restauração do templo, os povos circunvizinhos encolerizaram-se muito, e,
2
tomada a resolução de exterminar toda a raça de Jacó, que vivesse entre eles, puseram-se a matá-los e a persegui-los.
3
Por eles perseguirem desse modo Israel, Judas atacou os filhos de Esaú na Iduméia, junto de Acrabatan, infligiu-lhes uma grande derrota, esmagou-os e apoderou-se de seus despojos.
4
Lembrou-se igualmente da malícia dos filhos de Bean, armadilha e perigo para seu povo, por causa das emboscadas que eles armavam nos caminhos.
5
Foram rechaçados em suas torres, onde ele os sitiou e os exterminou, queimando as torres com todos os que ali se achavam.
6
Em seguida atacou os amonitas, entre os quais ele descobriu um forte exército e numeroso povo, sob a chefia de Timóteo.
7
Travou com eles numerosos combates; foram aniquilados aos seus olhos e despedaçou-os.
8
Apoderou-se da cidade de Jazer e de seus arrabaldes e voltou depois à Judéia.
9
No entanto, as nações de Galaad se coligaram contra os israelitas, que habitavam seu território, com a intenção de exterminá-los, mas estes se refugiaram no forte de Datema
10
e enviaram uma mensagem a Judas e a seus irmãos, nestes termos: As nações que nos cercam se uniram contra nós e querem exterminar-nos.
11
Preparam-se para vir tomar a fortaleza, em que nos achamos refugiados. Timóteo chefia suas tropas.
12
Vinde, pois, agora nos livrar de suas mãos, porque muitos dos nossos foram mortos.
13
Mataram todos os nossos irmãos que se achavam na região de Tob, levaram consigo suas mulheres, seus filhos e seus bens e mataram, lá perto de cem mil homens.
14
Quando ainda se estava lendo essa carta, eis que chegam outros da Galiléia, com as vestes em farrapos e portadores de notícias idênticas,
15
dizendo: Congregaram-se contra nós nações de Ptolemaida, de Tiro, de Sidônia, e de toda a Galiléia das Nações, para nos destruir inteiramente.
16
Logo que Judas e o povo souberam da situação, organizaram uma grande assembléia, para deliberar sobre o que se deveria fazer em favor dos irmãos atacados e provados.
17
Disse Judas a seu irmão Simão: Escolhe homens e põe-te a caminho para livrar teus irmãos da Galiléia; Jônatas, meu irmão, e eu dirigir-nos-emos à terra de Galaad.
18
Para guardar a Judéia deixou ali José, filho de Zacarias, e Azarias, chefe do povo, à frente do resto do exército,
19
com esta ordem: Governai este povo e, até nossa volta, evitai toda luta com os gentios.
20
A Simão foram dados três mil homens, para se dirigir à Galiléia, e a Judas oito mil, para ocupar a terra de Galaad.
21
Simão tomou, portanto, o caminho da Galiléia e sustentou muitos combates, esmagando diante dele as nações,
22
as quais perseguiu até as portas de Ptolemaida. Perto de três mil gentios caíram e ele se apoderou de seus despojos.
23
Com grandes manifestações de regozijo, conduziu à Judéia os judeus que se achavam na Galiléia e em Arbates, bem como suas mulheres, seus filhos e tudo o que eles possuíam.
24
Por seu lado, Judas Macabeu e seu irmão Jônatas atravessaram o Jordão e andaram três dias pelo deserto.
25
Encontraram os nabateus, os quais se aproximaram deles pacificamente e lhes contaram tudo aquilo que tinha acontecido a seus irmãos em Galaad,
26
dizendo que muitos dentre eles haviam sido encerrados em Bosra e Bosor, em Alema, em Casfor, em Maked, e em Carnaim, todas elas cidades grandes e fortificadas.
27
Eles estão também reunidos, acrescentaram eles, nas outras cidades de Galaad. Seus inimigos se preparam para atacar amanhã suas fortificações, apoderar-se deles e exterminá-los num só dia.
28
Judas mudou de caminho e atravessou o deserto para alcançar Bosor de improviso. Tomou a cidade, mandou passar a fio de espada todos os homens, apoderou-se dos espólios e incendiou a cidade.
29
Na mesma noite partiu e atacou a fortaleza.
30
No entanto, ao romper do dia, seus homens, erguendo os olhos, viram uma multidão incalculável carregando escadas e máquinas para escalar de assalto a fortaleza, e começando já o ataque.
31
Enquanto a cidade erguia um clamor, misturado ao som da trombeta e um ruído formidável, viu Judas que o ataque estava começado
32
e disse a seus homens: Pelejai hoje por vossos irmãos.
33
Separou-os em três batalhões e apareceu na retaguarda do inimigo, tocando a trombeta e erguendo preces em alta voz.
34
O exército de Timóteo conheceu que era Macabeu e fugiu diante dele. Sofreu uma grande derrota e tombaram nesse dia oito mil homens.
35
Judas voltou-se em seguida para Alema; atacou-a e conquistou-a de assalto. Matou todos os homens, tomou seus despojos e incendiou-a.
36
Dali continuou e apoderou-se de Casfor, de Maked, de Bosor e das outras cidades de Galaad.
37
Depois de tudo o que temos acabado de dizer, Timóteo reuniu um novo exército, acampou do outro lado da corrente, defronte de Rafon.
38
Imediatamente Judas mandou alguém espionar sua posição, e vieram-lhe dizer: Todas as nações circunvizinhas se uniram contra nós formando um poderoso exército.
39
Tomaram em seu auxílio mercenários árabes, e se estabeleceram do outro lado do rio, prontos a atravessá-lo, para vir atacar-te. Judas foi então contra ele.
40
Ao chegar Judas com suas tropas à torrente, disse Timóteo, por sua vez, aos oficiais de seu exército: Se ele atravessar primeiro a torrente contra nós, nós não lhe poderemos resistir, porque terá vantagem sobre nós;
41
mas se ele temer passar e acampar do outro lado do rio, nós atravessaremos e teremos vantagem sobre ele.
42
Ora, logo que chegaram à torrente, Judas pôs ao longo do rio os escribas do povo, com a seguinte ordem: Não deixeis ninguém se instalar aqui, mas venham todos ao combate.
43
E foi ele o primeiro a se arrojar, e todo o povo o seguiu. Os gentios foram derrotados aos seus olhares, lançaram suas armas e fugiram para o templo de Carnaim.
44
Os judeus, porém, apoderaram-se da cidade e incendiaram o templo, com todos aqueles que ali se achavam. Carnaim foi assolada e não pôde mais resistir a Judas.
45
Este reuniu todos os judeus da terra de Galaad, do menor ao maior, as mulheres, as crianças e seus haveres, uma multidão enorme que ele resolveu conduzir à terra de Judá.
46
Caminharam até Efron, cidade muito grande e bem fortificada, que se achava no caminho da volta. Não se podia contorná-la nem pela direita, nem pela esquerda, mas era preciso atravessá-la.
47
Os habitantes fecharam as portas e se entrincheiraram com pedras. Judas, todavia, enviou-lhes mensageiros com palavras de paz:
48
Atravessaremos vossa terra, para irmos à nossa, e ninguém vos molestará, apenas passaremos. Mas eles não lhes quiseram abrir o acesso.
49
Então Judas ordenou que cada um em seu posto se dispusesse para a luta.
50
Todos os homens do exército se prepararam, pois. Durante todo o dia e toda a noite assaltaram a cidade, e esta caiu em suas mãos.
51
Passaram a fio da espada todos os homens, destruíram completamente a cidade, apoderaram-se dos espólios e atravessaram por cima dos seus cadáveres.
52
Depois a caravana passou o Jordão, para chegar à grande planície, em frente a Betsã.
53
Em caminho, Judas não cessava de ajuntar os retardatários e de encorajar a multidão até que chegassem à terra de Judá.
54
Escalaram a montanha de Sião com alegria e regozijo e ofereceram holocaustos, por terem voltado em paz, sem que ninguém dentre eles tivesse sucumbido.

Derrota de José e Azarias

55 Ora, enquanto Judas se achava em Galaad com Jônatas, e seu irmão Simão na Galiléia diante de Ptolemaida,
56
José, filho de Zacarias, e Azarias, à frente de suas tropas, souberam de seus feitos heróicos e de suas proezas.
57
Façamos também nós célebre o nosso nome, disse um para o outro, e vamos combater nações vizinhas.
58
Transmitiram ordens às forças, que eles tinham consigo, e foram contra Jânia.
59
Mas Górgias saiu com seus homens para opor-se à sua investida.
60
José e Azarias foram postos em fuga e perseguidos até as fronteiras da Judéia. Pereceram nesse dia cerca de dois mil homens de Israel, e foi grande a derrota do povo,
61
isso porque não haviam escutado Judas, supondo que mostrariam seu valor,
62
mas não pertenciam à raça desses homens, a quem era dado salvar Israel.

Outros triunfos de Judas

63 O valoroso Judas e seus irmãos foram de modo particular honrados por todo o povo de Israel e por todas as nações onde penetrava seu nome.
64
Vinham em grande número para aclamá-los.
65
Entrementes, Judas e seus irmãos partiram para combater os filhos de Esaú, que habitavam no sul. Abateu Hebron e seus arrabaldes, destruiu as fortificações e queimou todas as torres dos arredores.
66
Partiu ainda para atingir a terra dos estrangeiros e atravessou Marisa.
67
Naquele dia pereceram alguns sacerdotes no combate, por terem querido mostrar sua valentia, saindo imprudentemente para travarem combate.
68
Judas voltou para Azot, na terra dos estrangeiros, derrubou seus altares, queimou seus ídolos, sujeitou suas cidades à pilhagem e em seguida voltou para a terra de Judá.

Morte de Antíoco Epífanes

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1 der Makkabäer (BAV) 1