Exodus (BAV) 11

11 1 O Senhor disse a Moisés: “Mandarei ainda uma outra praga sobre o faraó e sobre o Egito, e em conseqüência dela vos deixará partir daqui. Quando vos deixar partir, será definitivamente, será mesmo expulsando-vos daqui.
2
Dirás ao povo que cada homem peça ao seu vizinho, cada mulher à sua vizinha, objetos de prata e de ouro”.
3
O Senhor fez que o povo ganhasse o favor dos egípcios. Moisés mesmo era muito considerado no Egito pelos servos do faraó e por todo o povo.
4
Moisés disse: “Eis o que diz o Senhor: pela meia-noite passarei através do Egito,
5
e morrerá todo primogênito na terra do Egito, desde o primogênito do faraó, que deveria assentar-se no seu trono, até o primogênito do escravo que faz girar a mó, assim como todo primogênito dos animais.
6
Haverá em toda a terra do Egito um clamor tal como nunca houve nem haverá jamais.
7
Quanto aos israelitas, porém, desde os homens até os animais, ninguém, nem mesmo um cão moverá a sua língua. Sabereis assim como o Senhor fez distinção entre os egípcios e os israelitas.
8
Então todos esses teus servos virão procurar-me e prostrar-se-ão diante de mim, dizendo: vai-te, tu e todo o povo que te acompanha! E depois disso partirei”. Moisés, grandemente irado, saiu da casa do faraó.
9
O Senhor disse a Moisés: “o faraó não vos ouvirá, a fim de que meus prodígios se multipliquem no Egito”.


10 Moisés e Aarão tinham operado todos esses prodígios em presença do faraó. Mas o Senhor endureceu o coração do faraó, que não permitiu aos israelitas partirem de sua terra.

II - A LIBERTAÇÃO (12-15-21)

12 1 O Senhor disse a Moisés e a Aarão:
2
“Este mês será para vós o princípio dos meses: tê-lo-eis como o primeiro mês do ano.
3
Dizei a toda a assembléia de Israel: no décimo dia deste mês cada um de vós tome um cordeiro por família, um cordeiro por casa.
4
Se a família for pequena demais para um cordeiro, então o tomará em comum com seu vizinho mais próximo, segundo o número das pessoas, calculando-se o que cada um pode comer.
5
O animal será sem defeito, macho, de um ano; podereis tomar tanto um cordeiro como um cabrito.
6
E o guardareis até o décimo quarto dia deste mês; então toda a assembléia de Israel o imolará no crepúsculo.
7
Tomarão do seu sangue e pô-lo-ão sobre as duas ombreiras e sobre a verga da porta das casas em que o comerem.
8
Naquela noite comerão a carne assada no fogo com pães sem fermento e ervas amargas.


9 Nada comereis dele que seja cru, ou cozido, mas será assado no fogo completamente com a cabeça, as pernas e as entranhas.
10
Nada deixareis dele até pela manhã; se sobrar alguma coisa, queimá-la-eis no fogo.


11 Eis a maneira como o comereis: tereis cingidos os vossos rins, vossas sandálias nos pés e vosso cajado na mão. Comê-lo-eis apressadamente: é a Páscoa do Senhor.
12
“Naquela noite, passarei através do Egito, e ferirei os primogênitos no Egito, tanto os dos homens como os dos animais, e exercerei minha justiça contra todos os deuses do Egito. Eu sou o Senhor.
13
O sangue sobre as casas em que habitais vos servirá de sinal (de proteção): vendo o sangue, passarei adiante, e não sereis atingidos pelo flagelo destruidor, quando eu ferir o Egito.
14
Conservareis a memória daquele dia, celebrando-o com uma festa em honra do Senhor: fareis isso de geração em geração, pois é uma instituição perpétua.


15 “Comereis pão sem fermento durante sete dias. Logo ao primeiro dia tirareis de vossas casas o fermento, pois todo o que comer pão fermentado, desde o primeiro dia até o sétimo, será cortado de Israel.
16
No primeiro dia, assim como no sétimo, tereis uma santa assembléia. Durante esses dias não se fará trabalho algum, exceto a preparação da comida para todos.
17
Guardareis (a festa) dos ázimos, porque foi naquele dia que tirei do Egito vossos exércitos. Guardareis aquele dia de geração em geração: é uma instituição perpétua.
18
No primeiro mês, desde a tarde do décimo quarto dia do mês até a tarde do vigésimo primeiro, comereis pães sem fermento.
19
Durante sete dias não haverá fermento em vossas casas: se alguém comer pão fermentado, será cortado da assembléia de Israel, quer se trate de estrangeiro ou natural do país.
20
Não comereis pão fermentado: em todas as vossas casas comereis ázimos”.


21 Moisés convocou todos os anciãos de Israel e disse-lhes: “Ide e escolhei um cordeiro por família, e imolai a Páscoa.
22
Depois disso, tomareis um feixe de hissopo, ensopá-lo-eis no sangue que estiver na bacia e aspergireis com esse sangue a verga e as duas ombreiras da porta. Nenhum de vós transporá o limiar de sua casa até pela manhã.
23
Quando o Senhor passar para ferir o Egito, vendo o sangue sobre a verga e sobre as duas ombreiras da porta, passará adiante e não permitirá ao destruidor entrar em vossas casas para ferir.
24
Observareis esse costume como uma instituição perpétua para vós e vossos filhos.
25
Quando tiverdes penetrado na terra que o Senhor vos dará, como prometeu, observareis esse rito.
26
E quando vossos filhos vos disserem: que significa esse rito? respondereis:
27
é o sacrifício da Páscoa, em honra do Senhor que, ferindo os egípcios, passou por cima das casas dos israelitas no Egito e preservou nossas casas.” O povo inclinou-se e prostrou-se.

10. Extermínio dos primogênitos

28 Em seguida, retiraram-se os israelitas para fazerem o que o Senhor tinha ordenado a Moisés e a Aarão. Assim o fizeram.
29
Pelo meio da noite, o Senhor feriu todos os primogênitos no Egito, desde o primogênito do faraó, que devia assentar-se no trono, até o primogênito do cativo que estava no cárcere, e todos os primogênitos dos animais.
30
O faraó levantou-se durante a noite, assim como todos os seus servos e todos os egípcios e fez-se um grande clamor no Egito, porque não havia casa em que não houvesse um morto.
31
Naquela mesma noite, o rei mandou chamar Moisés e Aarão e disse-lhes: “Ide! Saí do meio do meu povo, vós e os israelitas. Ide prestar um culto ao Senhor, como o dissestes.
32
Tomai vossas ovelhas e vossos bois, como o pedistes. Ide e abençoai-me”.
33
Os egípcios instavam com o povo para que saísse o quanto antes do país. “Vamos morrer todos”, diziam eles.
34
O povo tomou a sua massa antes que fosse levedada; cada um carregava em seus ombros a cesta embrulhada em seu manto.
35
Os israelitas, segundo a ordem de Moisés, tinham pedido aos egípcios objetos de prata, objetos de ouro e vestes.
36
O Senhor lhes fizera ganhar o favor dos egípcios, que atenderam ao seu pedido. Foi assim que despojaram os egípcios.

Partida dos israelitas

37 Os israelitas partiram de Ramsés para Socot, em número de seiscentos mil homens, aproximadamente, sem contar os meninos.
38
Além disso, acompanhava-os uma numerosa multidão, bem como rebanhos consideráveis de ovelhas e de bois.
39
Cozeram bolos ázimos da massa que levaram do Egito, pois esta não se tinha fermentado, porque tinham sido lançados fora do país e não puderam deter-se nem fazer provisões.
40
A permanência dos israelitas no Egito durara quatrocentos e trinta anos.
41
Exatamente no fim desses quatrocentos e trinta anos, todos os exércitos do Senhor saíram do Egito:
42
Foi uma noite de vigília para o Senhor, a fim de tirá-los do Egito: essa mesma noite é uma vigília a ser celebrada de geração em geração por todos os israelitas, em honra do Senhor.

Lei relativa à Páscoa

43 O Senhor disse a Moisés e a Aarão: “Eis a regra relativa à Páscoa: nenhum estrangeiro comerá dela;
44
todo escravo adquirido a preço de dinheiro, e que tiver sido circuncidado, comerá dela,
45
mas nem o estrangeiro nem o mercenário comerão dela.
46
O cordeiro será comido em uma mesma casa: tu não levarás nada de sua carne para fora da casa e não lhe quebrarás osso algum.
47
Toda a assembléia de Israel celebrará a Páscoa.
48
Se um estrangeiro, habitando em tua casa, quiser celebrar a Páscoa em honra do Senhor, que primeiro seja circuncidado todo varão de sua casa e somente depois poderá fazê-lo e será tratado com a mesma igualdade que o natural do país; mas nenhum incircunciso comerá a Páscoa.
49
Haverá uma mesma lei para o natural e o estrangeiro que peregrina entre vós”.
50
Todos os israelitas fizeram o que o Senhor havia ordenado a Moisés e a Aarão. Obedeceram-lhes.
51
Naquele mesmo dia, o Senhor fez sair do Egito os israelitas, como fileiras de um exército.


13 1 O Senhor disse a Moisés:
2
“Consagrar-me-ás todo primogênito entre os israelitas, tanto homem como animal: ele será meu.”
3
Moisés disse ao povo: “Conservareis a memória deste dia, em que saístes do Egito, da casa da servidão, porque foi pelo poder de sua mão que o Senhor vos fez sair deste lugar; não comereis pão fermentado.
4
Vós saís hoje do Egito, no mês das espigas.
5
Assim, pois, quando o Senhor te houver introduzido na terra dos cananeus, dos hiteus, dos amorreus, dos heveus e dos jebuseus, que jurou a teus pais te dar, terra que mana leite e mel, observarás este rito neste mesmo mês.
6
Durante sete dias comerás pães sem fermento, e no sétimo dia haverá uma festa em honra do Senhor.
7
Comer-se-ão pães sem fermento durante sete dias. Não se verão em tua casa, em toda a extensão do território, nem pães fermentados nem fermento.
8
Explicarás então a teu filho: isso é em memória do que o Senhor fez por mim, quando saí do Egito.
9
Será isso para ti como um sinal sobre tua mão, como uma marca entre os teus olhos, a fim de que tenhas na boca a lei do Senhor, porque foi graças à sua poderosa mão que o Senhor te fez sair do Egito.
10
Observarás a cada ano essa prescrição no tempo prescrito.

Lei relativa aos primogênitos

11 “Quando o Senhor te houver introduzido na terra dos cananeus, como ele jurou a ti e a teus pais, e te houver dado essa terra,
12
consagrarás ao Senhor todo primogênito; mesmo os primogênitos de teus animais, os machos, serão do Senhor.
13
Entretanto, resgatarás com um cordeiro todo primogênito do jumento; do contrário, quebrar-lhe-ás a nuca. Todo primogênito dos homens entre teus filhos, resgatá-lo-ás igualmente.
14
E, quando teu filho te perguntar um dia o que isso significa, dir-lhe-ás: é que o Senhor nos tirou do Egito com sua mão poderosa, da casa da servidão.
15
E, como o faraó se obstinasse em não nos deixar partir, o Senhor matou todos os primogênitos do Egito, desde os primogênitos dos homens até os dos animais. Eis por que sacrifico ao Senhor todos os primogênitos machos dos animais, e devo resgatar todo primogênito entre meus filhos.
16
Isso será como um sinal sobre tua mão e como uma marca entre teus olhos, porque foi pelo poder de sua mão que o Senhor nos tirou do Egito”.

Primeiras etapas

17 Tendo o faraó deixado partir o povo, Deus não o conduziu pelo caminho da terra dos filisteus, que é, no entanto, o mais curto, pois disse: “Talvez o povo possa arrepender-se, no momento em que tiver de enfrentar um combate e voltar para o Egito”.
18
Por isso, Deus fez com que o povo desse uma volta pelo deserto, para o lado do mar Vermelho. Os israelitas partiram do Egito em boa ordem.
19
Moisés levou consigo os ossos de José, porque este fizera os filhos de Israel jurarem: “Quando Deus vos visitar, levareis daqui os meus ossos convosco”.
20
Tendo partido de Socot, acamparam em Etão, na extremidade do deserto.
21
O Senhor ia adiante deles: de dia numa coluna de nuvens para guiá-los pelo caminho; e de noite numa coluna de fogo para alumiá-los; de sorte que podiam marchar de dia e de noite.
22
Nunca a coluna de nuvens deixou de preceder o povo durante o dia, nem a coluna de fogo durante a noite.


14 1 O Senhor disse a Moisés:
2
“Dize aos israelitas que mudem de direção e venham acampar diante de Fiairot, entre Magdalum e o mar, defronte de Beelsefon: acampareis defronte desse lugar, perto do mar.
3
O faraó vai pensar: os israelitas perderam-se no país, e o deserto os encerrou.
4
Endurecerei o coração do faraó, e ele os perseguirá; mas eu triunfarei gloriosamente sobre o faraó e sobre todo o seu exército, e os egípcios saberão que eu sou o Senhor.” Os israelitas obedeceram.

Passagem do mar Vermelho

5 Quando se anunciou ao rei do Egito que o povo tinha fugido, o coração do faraó e de seus servos voltou-se contra o povo: “Que fizemos, disseram eles, deixando partir Israel e renunciando assim ao seu serviço!”
6
O faraó mandou preparar seu carro e levou com ele suas tropas.
7
Escolheu seiscentos carros dos melhores e todos os carros egípcios com homens de guerra em cada um deles.
8
O Senhor endureceu o coração do faraó, rei do Egito, e este se pôs a perseguir os filhos de Israel. Eles haviam partido de cabeça erguida.
9
Puseram-se os egípcios a persegui-los e alcançaram-nos em seu acampamento à beira do mar: todos os cavalos dos carros do faraó, seus cavaleiros e seu exército alcançaram-nos perto de Fiairot, defronte de Beelsefon.
10
Aproximando-se o faraó, os israelitas, ao levantarem os olhos, viram os egípcios que vinham ao seu encalço. Foram tomados de espanto e invocaram o Senhor, clamando em alta voz.
11
E disseram a Moisés: “Não havia, porventura, túmulos no Egito, para que nos conduzisses a morrer no deserto? Por que nos fizeste isso, tirando-nos do Egito?
12
Não te dizíamos no Egito: deixa-nos servir os egípcios! É melhor ser escravos dos egípcios do que morrer no deserto.”
13
Moisés respondeu ao povo: “Não temais! Tende ânimo, e vereis a libertação que o Senhor vai operar hoje em vosso favor. Os egípcios que hoje vedes, não os tornareis a ver jamais.
14
O Senhor combaterá por vós; quanto a vós, nada tereis a fazer.”


15 O Senhor disse a Moisés: “Por que clamas a mim? Dize aos filhos de Israel que se ponham a caminho.
16
E tu, levanta a tua vara, estende a mão sobre o mar e fere-o, para que os israelitas possam atravessá-lo a pé enxuto.
17
Vou endurecer o coração dos egípcios, para que se ponham ao teu encalço, e triunfarei gloriosamente sobre o faraó e sobre todo o seu exército, seus carros e seus cavaleiros.
18
Os egípcios saberão que eu sou o Senhor quando tiver alcançado esse glorioso triunfo sobre o faraó, seus carros e seus cavaleiros.”


19 O anjo de Deus, que marchava à frente do exército dos israelitas, mudou de lugar e passou para trás; a coluna de nuvens que os precedia pôs-se detrás deles,
20
entre o acampamento dos egípcios e o de Israel. Era obscura, e alumiava a noite. E não puderam aproximar-se um do outro, durante a noite inteira.


21 Moisés estendeu a mão sobre o mar. O Senhor fê-lo recuar com um vento impetuoso vindo do oriente, que soprou toda a noite. E pôs o mar a seco. As águas dividiram-se
22
e os israelitas desceram a pé enxuto no meio do mar, enquanto as águas formavam uma muralha à direita e à esquerda.
23
Os egípcios os perseguiram: todos os cavalos do faraó, seus carros e seus cavaleiros internaram-se após eles no leito do mar.
24
À vigília da manhã, o Senhor, do alto da coluna de fogo e da de nuvens, olhou para o acampamento dos egípcios e semeou o pânico no meio deles.
25
Embaraçou-lhes as rodas dos carros de tal sorte que, só dificilmente, conseguiam avançar. Disseram então os egípcios: “Fujamos diante de Israel, porque o Senhor combate por eles contra o Egito.”
26
O Senhor disse a Moisés: “Estende tua mão sobre o mar, e as águas voltar-se-ão sobre os egípcios, seus carros e seus cavaleiros.”
27
Moisés estendeu a mão sobre o mar, e este, ao romper da manhã, voltou ao seu nível habitual. Os egípcios que fugiam foram de encontro a ele, e o Senhor derribou os egípcios no meio do mar.
28
As águas voltaram e cobriram os carros, os cavaleiros e todo o exército do faraó que havia descido no mar ao encalço dos israelitas. Não ficou um sequer.
29
Mas os israelitas tinham andado a pé enxuto no leito do mar, enquanto as águas formavam uma muralha à direita e à esquerda.
30
Foi assim que naquele dia o Senhor livrou Israel da mão dos egípcios. E Israel viu os cadáveres dos egípcios na praia do mar.
31
Viu Israel o grande poder que o Senhor tinha exercido contra os egípcios. Por isso, o povo temeu o Senhor e confiou nele e em seu servo Moisés.

15 1 Então Moisés e os israelitas entoaram em honra do Senhor o seguinte cântico: “Cantarei ao Senhor, porque ele manifestou sua glória. Precipitou no mar cavalos e cavaleiros.

Primeiro cântico de Moisés

2 O Senhor é a minha força e o objeto do meu cântico; foi ele quem me salvou. Ele é o meu Deus – eu o celebrarei; o Deus de meu pai – eu o exaltarei.
3
O Senhor é o herói dos combates, seu nome é Javé.
4
Lançou no mar os carros do faraó e o seu exército; a elite de seus combatentes afogou-se no mar Vermelho;
5
o abismo os cobriu; afundaram-se nas águas como pedra.
6
A vossa (mão) direita, ó Senhor, manifestou sua força. Vossa direita aniquilou o inimigo.
7
Por vossa soberana majestade derrotais vossos adversários; desencadeais vossa cólera, e ela os consome como palha.
8
Ao sopro de vosso furor amontoaram-se as águas; levantaram-se as ondas como muralha, solidificaram-se as vagas no coração do mar.
9
Dizia o inimigo: perseguirei, alcançarei, repartirei o despojo, satisfarei meu desejo de vingança, desembainharei a espada, minha mão os destruirá.
10
Ao sopro de vosso hálito o mar os sepultou; submergiram como chumbo na vastidão das águas.
11
Quem entre os deuses é semelhante a vós, Senhor? Quem é semelhante a vós, glorioso por vossa santidade, temível por vossos feitos dignos de louvor, e que operais prodígios?
12
Apenas estendestes a mão, e a terra os tragou.
13
Conduzistes com bondade esse povo, que libertastes; e com vosso poder o guiastes à vossa morada santa.
14
Ao ouvir isso, estremeceram os povos. Um pavor imenso apoderou-se dos filisteus;
15
os chefes de Edom ficaram aterrados; a angústia tomou conta dos valentes de Moab; tremeram de medo todos os habitantes de Canaã.
16
Caíram sobre eles o terror e a angústia, o poder do vosso braço os petrificou, até que tivesse passado o vosso povo, Senhor até que tivesse passado o povo que adquiristes para vós.
17
Conduzi-lo-eis e o plantareis na montanha que vos pertence, no lugar que preparastes para vossa habitação, Senhor, no santuário, Senhor, que vossas mãos fundaram.
18
O Senhor é rei para sempre, sem fim!”
19
Os cavalos do faraó, com efeito, entraram no mar com seus carros e seus cavaleiros, e o Senhor os envolveu nas águas, enquanto os israelitas passaram a pé enxuto o leito do mar.
20
A profetisa Maria, irmã de Aarão, tomou seu tamborim na mão, e todas as mulheres seguiram-na dançando com tamborins.
21
Maria as acompanhava entoando: “Cantai ao Senhor, porque fez brilhar a sua glória, precipitou no mar cavalos e cavaleiros!”

III - A LIBERTADE NO DESERTO (15,22-18)

22 Moisés fez partir os israelitas do mar Vermelho e os dirigiu para o deserto de Sur. Caminharam três dias no deserto, sem encontrar água.
23
Chegaram a Mara, onde não puderam beber de sua água, porque era amarga, de onde o nome de Mara que deram a esse lugar.
24
Então o povo murmurou contra Moisés: “Que havemos de beber?”
25
Moisés clamou ao Senhor, e o Senhor indicou-lhe um madeiro que ele jogou na água. E esta tornou-se doce. Foi nesse lugar que o Senhor deu ao povo preceitos e leis, e ali o provou.
26
Disse-lhe: “Se ouvires a voz do Senhor, teu Deus, e fizeres o que é reto aos seus olhos, se inclinares os ouvidos às suas ordens e observares todas as suas leis, não mandarei sobre ti nenhum dos males com que acabrunhei o Egito, porque eu sou o Senhor que te cura.”
27
E chegaram a Elim, onde havia doze fontes de água e setenta palmeiras; e ali acamparam junto das águas.

As codornizes e o Maná

16 1 Toda a assembléia dos israelitas partiu de Elim e foi para o deserto de Sin, situado entre Elim e o Sinai. Era o décimo quinto dia do segundo mês após sua saída do Egito.


2 Toda a assembléia dos israelitas pôs-se a murmurar contra Moisés e Aarão no deserto.
3
Disseram-lhes: “Oxalá tivéssemos sido mortos pela mão do Senhor no Egito, quando nos assentávamos diante das panelas de carne e tínhamos pão em abundância! Vós nos conduzistes a este deserto, para matardes de fome toda esta multidão.”
4
O Senhor disse a Moisés: “Vou fazer chover pão do alto do céu. Sairá o povo e colherá diariamente a porção de cada dia. Pô-lo-ei desse modo à prova, para ver se andará ou não segundo minhas ordens.


5 No sexto dia, quando prepararem o que tiverem ajuntado haverá o dobro do que recolhem cada dia.”


6 Moisés e Aarão disseram a todos os israelitas: “Esta tarde, sabereis que foi o Senhor quem vos tirou do Egito,
7
e amanhã pela manhã vereis a sua glória, porque ele ouviu as vossas murmurações contra ele. Nós, porém, quem somos nós para que murmureis contra nós?”
8
Moisés disse: “Isso acontecerá quando o Senhor vos der, esta tarde, carne para comerdes e, amanhã pela manhã, pão em abundância, porque ele ouviu as murmurações que proferistes contra ele. Nós, porém, quem somos? Não é contra nós que murmurastes, mas contra o Senhor.”


9 Moisés disse a Aarão: “Dize a toda a assembléia dos israelitas: apresentai-vos diante do Senhor, porque ele ouviu vossas murmurações”.
10
Enquanto Aarão falava a toda a assembléia dos israelitas, olharam para o deserto e eis que apareceu na nuvem a glória do Senhor!
11
E o Senhor disse a Moisés:


12 “Ouvi as murmurações dos israelitas. Dize-lhes: esta tarde, antes que escureça, comereis carne e, amanhã de manhã, vos fartareis de pão; e sabereis que sou o Senhor, vosso Deus”.
13
À tarde, com efeito, subiram codornizes (do horizonte) e cobriram o acampamento; e, no dia seguinte pela manhã, havia uma camada de orvalho em torno de todo o acampamento.
14
E, tendo evaporado esse orvalho, eis que sobre a superfície do deserto estava uma coisa miúda, granulosa, miúda como a geada sobre a terra!
15
Vendo isso, disseram os filhos de Israel uns aos outros: “Que é isso?”, pois não sabiam o que era. Moisés disse-lhes: “Este é o pão que o Senhor vos manda para comer.


16 Eis o que vos ordena o Senhor: ajunte cada um o quanto lhe for necessário para comer; para aqueles que estão em sua tenda, um gomor por cabeça, segundo o número das pessoas.”
17
Assim fizeram os israelitas: ajuntaram uns mais, outros menos.
18
Mas, quando se media com o gomor, aconteceu que o que tinha ajuntado muito não tinha demais e, ao que tinha ajuntado pouco, não lhe faltava: cada um havia recolhido segundo a sua necessidade.
19
Moisés disse-lhes: “Ninguém reserve dele para o dia seguinte.”
20
Alguns não o ouviram e guardaram dele até pela manhã; mas criou vermes e cheirou mal. Moisés irritou-se contra eles.
21
Todas as manhãs fizeram a sua provisão, cada um segundo suas necessidades. E, quando vinha o calor do sol, derretia-se.
22
No sexto dia, recolheram uma dupla quantidade de alimento, dois gomores para cada um. Vieram todos os chefes da assembléia e contaram-no a Moisés.
23
Este lhes disse: “É isso o que o Senhor ordenou. Amanhã é um dia de repouso, o sábado consagrado ao Senhor. Por isso, o que tendes a cozer no forno, cozei-o, e o que tendes a cozer em água, cozei-o; e o que sobrar, ponde-o de lado até pela manhã.”
24
Guardaram-no até o dia seguinte, segundo a ordem de Moisés; e não cheirou mal, nem se acharam vermes nele.
25
“Comei-o hoje, disse Moisés, porque é o dia do sábado do Senhor; hoje não o achareis no campo.
26
Durante seis dias o ajuntareis; mas o sétimo é o sábado: nele não haverá.
27
(No sétimo dia alguns saíram para fazer sua provisão, mas nada encontraram.
28
Então o Senhor disse a Moisés: ‘Até quando vos recusareis a observar meus mandamentos e minhas leis?’)
29
Considerai que, se o Senhor vos deu o sábado, vos dá ele no sexto dia alimento para dois dias. Fique cada um onde está, e ninguém saia de sua habitação no sétimo dia”.
30
Assim o povo repousou no sétimo dia.
31
Os israelitas deram a esse alimento o nome de maná. Assemelhava-se à semente de coentro: era branco e tinha o sabor de uma torta de mel.
32
Moisés disse: “Eis o que ordena o Senhor: que se encha dele um gomor para ser conservado para vossas gerações futuras, a fim de que vejam o pão com que vos sustentei no deserto, depois de vos ter tirado do Egito”.
33
E Moisés disse a Aarão: “Toma uma vasilha e põe nela a quantia de um gomor de maná, e deposita-o diante do Senhor, a fim de conservá-lo para vossos descendentes”.
34
Aarão, segundo a ordem do Senhor a Moisés, depositou-o diante do Testemunho para ser conservado.
35
Os israelitas comeram o maná durante quarenta anos, até a sua chegada a uma terra habitada. Comeram o maná até que chegaram aos confins da terra de Canaã.
36
(O gomor é a décima parte do efá.)

O rochedo de Horeb

17 1 Segundo uma ordem do Senhor, toda a assembléia dos israelitas partiu, por etapas, do deserto de Sin. Acamparam em Rafidim, onde não havia água para o povo beber.
2
E vieram então contender com Moisés: “Dá-nos água para beber” disseram eles. Moisés respondeu-lhes: “Por que procurais contendas comigo? Por que provocais o Senhor?”


3 Entretanto, o povo que ali estava privado de água e devorado pela sede, murmurava contra Moisés: “Por que nos fizeste sair do Egito? Para nos fazer morrer de sede com nossos filhinhos e nossos rebanhos?”
4
Então dirigiu Moisés esta prece ao Senhor: “Que farei a este povo? Mais um pouco e irão apedrejar-me.”
5
O Senhor respondeu a Moisés: “Passa adiante do povo, e leva contigo alguns dos anciãos de Israel; toma na mão tua vara, com que feriste o Nilo, e vai.
6
Eis que estarei ali diante de ti, sobre o rochedo do monte Horeb ferirás o rochedo e a água jorrará dele: assim o povo poderá beber.” Isso fez Moisés em presença dos anciãos de Israel.
7
Chamaram esse lugar Massá e Meribá, por causa da contenda que os israelitas tiveram com ele, e porque tinham provocado o Senhor, dizendo: “O Senhor está ou não no meio de nós?”

Vitória sobre Amalec

8 Amalec veio atacar Israel em Rafidim.
9
Moisés disse a Josué: “Escolhe-nos homens e vai combater Amalec. Amanhã estarei no alto da colina com a vara de Deus na mão.”
10
Josué obedeceu Moisés e foi combater Amalec, enquanto Moisés, Aarão e Hur subiam ao alto da colina.
11
E, quando Moisés tinha a mão levantada, Israel vencia, mas logo que a abaixava, Amalec triunfava.
12
Mas como se fatigassem os braços de Moisés, puseram-lhe uma pedra por baixo e ele assentou-se nela, enquanto Aarão e Hur lhe sustentavam as mãos de cada lado: suas mãos puderam assim conservar-se levantadas até o pôr-do-sol,
13
e Josué derrotou Amalec e seu povo ao fio da espada.


14 O Senhor disse a Moisés: “Escreve isto para lembrar, e dize a Josué que eu apagarei a memória de Amalec de debaixo dos céus”.
15
Moisés construiu um altar que chamou de Javé-Nessi.
16
“Já que a mão, disse ele, foi levantada contra o trono do Senhor, o Senhor está em guerra perpétua contra Amalec”.

Visita de Jetro a Moisés

18 1 Jetro, sacerdote de Madiã, sogro de Moisés, soube de tudo o que Deus tinha feito por Moisés e por Israel, seu povo; e soube que o Senhor tinha feito sair Israel do Egito.
2
Jetro, sogro de Moisés, tomou consigo Séfora, mulher de Moisés, que tinha sido mandada para casa,
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assim como seus dois filhos, dos quais um se chamava Gerson, porque Moisés tinha dito: “Sou um peregrino em uma terra estrangeira.”
4
e o outro chamava-se Eliezer, porque ele tinha dito: “O Deus de meu pai socorreu-me e fez-me escapar à espada do faraó.”
5
Jetro, sogro de Moisés, com os dois filhos e a mulher deste, veio procurá-lo no deserto, onde estava acampado, perto da montanha de Deus.
6
E mandou-lhe dizer: “Teu sogro Jetro vem te ver, acompanhado de tua mulher e de teus dois filhos”.
7
Moisés saiu ao encontro de seu sogro, prostrou-se e beijou-o. Informaram-se mutuamente sobre a sua saúde e entraram na tenda.
8
Moisés contou ao seu sogro tudo o que o Senhor tinha feito ao faraó e aos egípcios por causa de Israel, todas as tribulações que lhes tinham sobrevindo no caminho, e das quais o Senhor os livrara.
9
Jetro alegrou-se com todo o bem que o Senhor tinha feito aos israelitas, livrando-os da mão dos egípcios.
10
“Bendito seja o Senhor, disse Jetro, que vos livrou da mão dos egípcios e da mão do faraó; que livrou o povo da mão dos egípcios!
11
Agora sei que o Senhor é maior que todos os deuses, porque o demonstrou quando (seu povo) era tiranizado”.
12
Em seguida Jetro, sogro de Moisés, ofereceu a Deus um holocausto e sacrifícios. Aarão e todos os anciãos de Israel vieram ter com o sogro de Moisés para tomar parte no banquete em presença de Deus.
13
No dia seguinte, Moisés assentou-se para fazer justiça ao povo, que se conservou de pé diante dele desde a manhã até a tarde.
14
O sogro de Moisés, vendo todo o trabalho a que ele se dava pelo povo, disse-lhe: “Que é isso que fazes com o povo? Por que te sentas só no tribunal com toda essa gente que se conserva em torno de ti da manhã à tarde?”
15
“É que, respondeu Moisés, o povo vem a mim para consultar Deus.
16
Quando têm alguma questão, vêm procurar-me para que eu julgue entre eles, fazendo-lhes saber as ordens de Deus e suas leis”.
17
O sogro de Moisés disse-lhe: “Não está certo o que fazes!
18
Tu te esgotarás seguramente, assim como todo esse povo que está contigo, porque o fardo é pesado demais para ti, e não poderás levá-lo sozinho.
19
Escuta-me: vou dar-te um conselho, e que Deus esteja contigo! Tu serás o representante do povo junto de Deus, e levarás as questões diante de Deus:
20
ensinar-lhes-ás suas ordens e suas leis, e lhes mostrarás o caminho a seguir e como terão de comportar-se.
21
Mas escolherás do meio do povo homens prudentes, tementes a Deus, íntegros, desinteressados, e os porás à frente do povo, como chefes de mil, chefes de cem, chefes de cinqüenta e chefes de dezenas.
22
Eles julgarão o povo todo o tempo. Levarão a ti as causas importantes, mas resolverão por si mesmos as causas de menor importância. Assim aliviarão a tua carga, levando-a consigo.
23
Se fizeres isso, e Deus o ordenar, poderás dar conta do trabalho, e toda esta gente voltará em paz para suas habitações.
24
Moisés ouviu o conselho de seu sogro e fez tudo o que ele lhe tinha dito.
25
Escolheu em todo o Israel homens prudentes e os pôs à frente do povo como chefes de mil, chefes de cem, chefes de cinqüenta e chefes de dezenas.
26
Eles julgavam o povo todo o tempo, levando diante de Moisés as questões difíceis e resolvendo por si mesmos os litígios menores.
27
Depois disso, Moisés despediu-se de seu sogro, e este voltou para sua terra.

IV - A ALIANÇA NO SINAI (19-20)

19 1 No terceiro mês depois de sua saída do Egito, naquele dia, os israelitas entraram no deserto do Sinai.


2 Tendo partido de Rafidim, chegaram ao deserto do Sinai, onde acamparam. Ali se estabeleceu Israel em frente ao monte.

Manifestação divina

3 Moisés subiu em direção a Deus, e o Senhor o chamou do alto da montanha nestes termos: “Eis o que dirás à família de Jacó, eis o que anunciarás aos filhos de Israel:


4 vistes o que fiz aos egípcios, e como vos tenho trazido sobre asas de águia para junto de mim.
5
Agora, pois, se obedecerdes à minha voz, e guardardes minha aliança, sereis o meu povo particular entre todos os povos. Toda a terra é minha,
6
mas vós me sereis um reino de sacerdotes e uma nação consagrada. Tais são as palavras que dirás aos israelitas.”


7 Veio Moisés e, convocando os anciãos do povo, comunicou-lhes as palavras que o Senhor lhe ordenara repetir.
8
E todo o povo respondeu a uma voz: “Faremos tudo o que o Senhor disse.” Moisés referiu ao Senhor as palavras do povo.


9 Então o Senhor lhe disse: “Eis que me vou aproximar de ti na obscuridade de uma nuvem, a fim de que o povo ouça quando eu te falar, e para que também confie em ti para sempre.” E Moisés referiu as palavras do povo ao Senhor,
10
o qual lhe disse: “Vai ter com o povo, e santifica-o hoje e amanhã. Que lavem as suas vestes
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e estejam prontos para o terceiro dia, porque, depois de amanhã, o Senhor descerá à vista de todo o povo sobre o monte Sinai.


12 Fixarás ao redor limites ao povo, e dir-lhe-ás: guardai-vos de subir o monte ou de tocar a sua base! Se alguém tocar o monte, será morto.
13
Não se lhe tocará com a mão, mas ele será apedrejado ou perecerá pelas flechas: homem ou animal, não ficará vivo. Quando soar a trombeta, (somente então) subirão eles ao monte”.
14
Moisés desceu do monte para junto do povo e o santificou; e lavaram as suas vestes.
15
Em seguida, disse-lhes: “Estai prontos para depois de amanhã, não vos aproximeis de mulher alguma”.


16 Na manhã do terceiro dia, houve um estrondo de trovões e de relâmpagos; uma espessa nuvem cobria a montanha e o som da trombeta soou com força. Toda a multidão que estava no acampamento tremia.
17
Moisés levou o povo para fora do acampamento ao encontro de Deus, e pararam ao pé do monte.
18
Todo o monte Sinai fumegava, porque o Senhor tinha descido sobre ele no meio de chamas; o fumo que subia do monte era como a fumaça de uma fornalha, e toda a montanha tremia com violência.
19
O som da trombeta soava ainda mais forte; Moisés falava e os trovões divinos respondiam-lhe.
20
O Senhor desceu sobre o cume do monte Sinai; e chamou Moisés ao cume do monte. Moisés subiu,


21 e o Senhor lhe disse: “Desce e proíbe expressamente o povo de precipitar-se para ver o Senhor, para que não morra um grande número deles.
22
Também os sacerdotes, que são autorizados e se aproximar do Senhor, santifiquem-se, para que o Senhor não os fira.”
23
Moisés respondeu ao Senhor: “O povo não poderia subir o monte Sinai, pois vós no-lo ordenastes expressamente, dizendo: fixa limites ao redor do monte, e declara-o sagrado.”
24
“Vai, disse-lhe o Senhor, desce. Subirás em seguida com Aarão; porém, não ultrapassem os limites os sacerdotes e o povo ao subir junto do Senhor, para não acontecer que ele os fira.”
25
Moisés desceu então ao povo e falou-lhe.


Exodus (BAV) 11