Die Psalmen (BAV) 1





Livro dos Salmos

PRIMEIRO LIVRO (SALMOS 1-40)

Os dois caminhos

1 1 Feliz o homem que não procede conforme o conselho dos ímpios, não trilha o caminho dos pecadores, nem se assenta entre os escarnecedores.
2
Feliz aquele que se compraz no serviço do Senhor e medita sua lei dia e noite.
3
Ele é como a árvore plantada na margem das águas correntes: dá fruto na época própria, sua folhagem não murchará jamais. Tudo o que empreende, prospera.
4
Os ímpios não são assim! Mas são como a palha que o vento leva.
5
Por isso não suportarão o juízo, nem permanecerão os pecadores na assembléia dos justos.
6
Porque o Senhor vela pelo caminho dos justos, ao passo que o dos ímpios leva à perdição.

O Messias, senhor do universo

2 1 Por que tumultuam as nações? Por que tramam os povos vãs conspirações?
2
Erguem-se, juntos, os reis da terra, e os príncipes se unem para conspirar contra o Senhor e contra seu Cristo.
3
Quebremos seu jugo, disseram eles, e sacudamos para longe de nós as suas cadeias!
4
Aquele, porém, que mora nos céus, se ri, o Senhor os reduz ao ridículo.
5
Dirigindo-se a eles em cólera, ele os aterra com o seu furor:
6
Sou eu, diz, quem me sagrei um rei em Sião, minha montanha santa.
7
Vou publicar o decreto do Senhor. Disse-me o Senhor: Tu és meu filho, eu hoje te gerei.
8
Pede-me; dar-te-ei por herança todas as nações; tu possuirás os confins do mundo.
9
Tu as governarás com cetro de ferro, tu as pulverizarás como um vaso de argila.
10
Agora, ó reis, compreendei isto; instruí-vos, ó juízes da terra.
11
Servi ao Senhor com respeito e exultai em sua presença; prestai-lhe homenagem com tremor, para que não se irrite e não pereçais quando, em breve, se acender sua cólera. Felizes, entretanto, todos os que nele confiam.

Oração da manhã - Confiança na adversidade

3 1 Salmo de Davi, quando fugia de Absalão, seu filho.
2
Senhor, como são numerosos os meus perseguidores! É uma turba que se dirige contra mim.
3
Uma multidão inteira grita a meu respeito: Não, não há mais salvação para ele em seu Deus!
4
Mas vós sois, Senhor, para mim um escudo; vós sois minha glória, vós me levantais a cabeça.
5
Apenas elevei a voz para o Senhor, ele me responde de sua montanha santa.
6
Eu, que me tinha deitado e adormecido, levanto-me, porque o Senhor me sustenta.
7
Nada temo diante desta multidão de povo, que de todos os lados se dirige contra mim.
8
Levantai-vos, Senhor! Salvai-me, ó meu Deus! Feris no rosto todos os que me perseguem, quebrais os dentes dos pecadores.
9
Sim, Senhor, a salvação vem de vós. Desça a vossa bênção sobre vosso povo.

Oração da noite

4 1 Ao mestre de canto. Com instrumentos de corda. Salmo de Davi.
2
Quando vos invoco, respondei-me, ó Deus de minha justiça, vós que na hora da angústia me reconfortastes. Tende piedade de mim e ouvi minha oração.
3
Ó poderosos, até quando tereis o coração endurecido, no amor das vaidades e na busca da mentira?
4
O Senhor escolheu como eleito uma pessoa admirável, o Senhor me ouviu quando o invoquei.
5
Tremei, mas sem pecar; refleti em vossos corações, quando estiverdes em vossos leitos, e calai.
6
Oferecei vossos sacrifícios com sinceridade e esperai no Senhor.
7
Dizem muitos: Quem nos fará ver a felicidade? Fazei brilhar sobre nós, Senhor, a luz de vossa face.
8
Pusestes em meu coração mais alegria do que quando abundam o trigo e o vinho.
9
Apenas me deito, logo adormeço em paz, porque a segurança de meu repouso vem de vós só, Senhor.

Oração da manhã

5 1 Ao mestre de canto. Com flautas. Salmo de Davi.
2
Senhor, ouvi minhas palavras, escutai meus gemidos.
3
Atendei à voz de minha prece, ó meu rei, ó meu Deus.
4
É a vós que eu invoco, Senhor, desde a manhã; escutai a minha voz, porque, desde o raiar do dia, vos apresento minha súplica e espero.
5
Pois vós não sois um Deus a quem agrade o mal, o mau não poderia morar junto de vós;
6
os ímpios não podem resistir ao vosso olhar. Detestais a todos os que praticam o mal,
7
fazeis perecer aqueles que mentem, o homem cruel e doloso vos é abominável, ó Senhor.
8
Mas eu, graças à vossa grande bondade, entrarei em vossa casa. Prostrar-me-ei em vosso santuário, com o respeito que vos é devido, Senhor.
9
Conduzi-me pelas sendas da justiça, por causa de meus inimigos; aplainai, para mim, vosso caminho.
10
Porque em seus lábios não há sinceridade, seus corações só urdem projetos ardilosos. A garganta deles é como um sepulcro escancarado, com a língua distribuem lisonjas.
11
Deixai-os, Senhor, prender-se nos seus erros, que suas maquinações malogrem! Por causa do número de seus crimes, rejeitai-os, pois é contra vós que se revoltaram.
12
Regozijam-se, pelo contrário, os que em vós confiam, permanecem para sempre na alegria. Protegei-os e triunfarão em vós os que amam vosso nome.
13
Pois, vós, Senhor, abençoais o justo; vossa benevolência, como um escudo, o cobrirá.

Oração no sofrimento

6 1 Ao mestre de canto. Com instrumentos de corda. Em oitava. Salmo de Davi.
2
Senhor, em vossa cólera não me repreendais, em vosso furor não me castigueis.
3
Tende piedade de mim, Senhor, porque desfaleço; sarai-me, pois sinto abalados os meus ossos.
4
Minha alma está muito perturbada; vós, porém, Senhor, até quando?...
5
Voltai, Senhor, livrai minha alma; salvai-me, pela vossa bondade.
6
Porque no seio da morte não há quem de vós se lembre; quem vos glorificará na habitação dos mortos?
7
Eu me esgoto gemendo; todas as noites banho de pranto minha cama, com lágrimas inundo o meu leito.
8
De amargura meus olhos se turvam, esmorecem por causa dos que me oprimem.
9
Apartai-vos de mim, vós todos que praticais o mal, porque o Senhor atendeu às minhas lágrimas.
10
O Senhor escutou a minha oração, o Senhor acolheu a minha súplica.
11
Que todos os meus inimigos sejam envergonhados e aterrados; recuem imediatamente, cobertos de confusão!

Apelo à justiça de Deus

7 1 Lamentação de Davi, que cantou em honra do Senhor, por causa de Cus, o benjaminita.
2
Senhor, ó meu Deus, é em vós que eu busco meu refúgio; salvai-me de todos os que me perseguem e livrai-me,
3
para que o inimigo não me arrebate como um leão, e me dilacere sem que ninguém me livre.
4
Senhor, ó meu Deus, se acaso fiz isso, se minhas mãos cometeram a iniqüidade,
5
se fiz mal ao homem pacífico, se oprimi os que me perseguiam sem motivo,
6
que o inimigo me persiga e me apanhe, que ele me pise vivo ao solo e atire a minha honra ao pó.
7
Levantai-vos, Senhor, na vossa cólera; erguei-vos contra o furor dos que me oprimem, erguei-vos para me defender numa causa que tomastes a vós.
8
Que a assembléia das nações vos circunde, presidi-a de um trono elevado.
9
O Senhor é o juiz dos povos. Fazei-me justiça, Senhor, segundo o meu justo direito, conforme minha integridade.
10
Ponde fim à malícia dos ímpios e sustentai o direito, ó Deus de justiça, que sondais os corações e os rins.
11
O meu escudo é Deus, ele salva os que têm o coração reto.
12
Deus é um juiz íntegro, um Deus perpetuamente vingador.
13
Se eles não se corrigem, ele afiará a espada, entesará o arco e visará.
14
Contra os ímpios apresentará dardos mortíferos, lançará flechas inflamadas.
15
Eis que o mau está em dores de parto, concebe a malícia e dá à luz a mentira.
16
Abre um fosso profundo, mas cai no abismo por ele mesmo cavado.
17
Sua malícia recairá em sua própria cabeça, e sua violência se voltará contra a sua fronte.
18
Eu, porém, glorificarei o Senhor por sua justiça, e salmodiarei ao nome do Senhor, o Altíssimo.

A glória do Criador nos esplendores da criação

8 1 Ao mestre de canto. Com a gitiena. Salmo de Davi.
2
Ó Senhor, nosso Deus, como é glorioso vosso nome em toda a terra! Vossa majestade se estende, triunfante, por cima de todos os céus.
3
Da boca das crianças e dos pequeninos sai um louvor que confunde vossos adversários, e reduz ao silêncio vossos inimigos.
4
Quando contemplo o firmamento, obra de vossos dedos, a lua e as estrelas que lá fixastes:
5
Que é o homem, digo-me então, para pensardes nele? Que são os filhos de Adão, para que vos ocupeis com eles?
6
Entretanto, vós o fizestes quase igual aos anjos, de glória e honra o coroastes.
7
Destes-lhe poder sobre as obras de vossas mãos, vós lhe submetestes todo o universo.
8
Rebanhos e gados, e até os animais bravios,
9
pássaros do céu e peixes do mar, tudo o que se move nas águas do oceano.
10
Ó Senhor, nosso Deus, como é glorioso vosso nome em toda a terra!

A proteção dos oprimidos

9 1 Ao mestre de canto. Segundo a melodia A morte para o filho. Salmo de Davi.
2
Eu vos louvarei, Senhor, de todo o coração, todas as vossas maravilhas narrarei.
3
Em vós eu estremeço de alegria, cantarei vosso nome, ó Altíssimo!
4
Porque meus inimigos recuaram, fraquejaram, pereceram ante a vossa face.
5
Pois tomastes a vós meu direito e minha causa, assentastes, ó justo Juiz, em vosso tribunal.
6
Com efeito, perseguistes as nações, destruístes o ímpio; apagastes, para sempre, o seu nome.
7
Meus inimigos pereceram, consumou-se sua ruína eterna; demolistes suas cidades, sua própria lembrança se acabou.
8
O Senhor, porém, domina eternamente; num trono sólido, ele pronuncia seus julgamentos.
9
Ele mesmo julgará o universo com justiça, com eqüidade pronunciará sentença sobre os povos.
10
O Senhor torna-se refúgio para o oprimido, uma defesa oportuna para os tempos de perigo.
11
Aqueles que conheceram vosso nome confiarão em vós, porque, Senhor, jamais abandonais quem vos procura.
12
Salmodiai ao Senhor, que habita em Sião; proclamai seus altos feitos entre os povos.
13
Porque, vingador do sangue derramado, ele se lembra deles e não esqueceu o clamor dos infelizes.
14
Tende piedade de mim, Senhor, vede a miséria a que me reduziram os inimigos; arrancai-me das portas da morte,
15
para que nas portas da filha de Sião eu publique vossos louvores, e me regozije de vosso auxílio.
16
Caíram as nações no fosso que cavaram; prenderam-se seus pés na armadilha que armaram.
17
O Senhor se manifestou e fez justiça, capturando o ímpio em suas próprias redes.
18
Que os pecadores caiam na região dos mortos, todos esses povos que olvidaram a Deus.
19
O pobre, porém, não ficará no eterno esquecimento; nem a esperança dos aflitos será frustrada para sempre.
20
Levantai-vos, Senhor! Não seja o homem quem tenha a última palavra! Que diante de vós sejam julgadas as nações.
21
Enchei-as de pavor, Senhor, para que saibam que não passam de simples homens.

SALMO 10 DO TEXTO HEBRAICO

22 (l) Senhor, por que ficais tão longe? Por que vos ocultais nas horas de angústia?
23
(2) Enquanto o ímpio se enche de orgulho, é vexado o infeliz com as tribulações que aquele tramou.
24
(3) O pecador se gloria até de sua cupidez, o cobiçoso blasfema e despreza a Deus.
25
(4) Em sua arrogância, o ímpio diz: Não há castigo, Deus não existe. É tudo e só o que ele pensa.
26
(5) Em todos os tempos, próspero é o curso de sua vida; vossos juízos estão acima de seu alcance; quanto a seus adversários, os despreza a todos.
27
(6) Diz no coração: Nada me abalará, jamais terei má sorte.
28
(7) De maledicência, astúcia e dolo sua boca está cheia; em sua língua só existem palavras injuriosas e ofensivas.
29
(8) Põe-se de emboscada na vizinhança dos povoados, mata o inocente em lugares ocultos; seus olhos vigiam o infeliz.
30
(9) Como um leão no covil, espreita, no escuro; arma ciladas para surpreender o infeliz, colhe-o, na sua rede, e o arrebata.
31
(10) Curva-se, agacha-se no chão, e os infortunados caem em suas garras.
32
(11) Depois diz em seu coração: Deus depressa se esquecerá, ele voltará a cabeça, nunca vê nada.
33
(12) Levantai-vos, Senhor! Estendei a mão, e não vos esqueçais dos pobres.
34
(13) Por que razão o ímpio despreza a Deus e diz em seu coração Não haverá castigo?
35
(14) Entretanto, vós vedes tudo: observais os que penam e sofrem, a fim de tomar a causa deles em vossas mãos. É a vós que se abandona o infortunado, sois vós o amparo do órfão.
36
(15) Esmagai, pois, o braço do pecador perverso; persegui sua malícia, para que não subsista.
37
(16) O Senhor é rei eterno, as nações pagãs desaparecerão de seu domínio.
38
(17) Senhor, ouvistes os desejos dos humildes, confortastes-lhes o coração e os atendestes.
39
(18) Para que justiça seja feita ao órfão e ao oprimido, nem mais incuta terror o homem tirado do pó.

Confiança na justiça divina

10 1 Ao mestre de canto. De Davi. É junto do Senhor que procuro refúgio. Por que dizer-me: Foge, velozmente, para a montanha, como um pássaro;
2
eis que os maus entesam seu arco, ajustam a flecha na corda, para ferir, de noite, os que têm o coração reto.
3
Quando os próprios fundamentos se abalam, que pode fazer ainda o justo?
4
Entretanto, o Senhor habita em seu templo, o Senhor tem seu trono no céu. Sua vista está atenta, seus olhares observam os filhos dos homens.
5
O Senhor sonda o justo como o ímpio, mas aquele que ama a injustiça, ele o aborrece.
6
Sobre os ímpios ele fará cair uma chuva de fogo e de enxofre; um vento abrasador de procela será o seu quinhão.
7
Porque o Senhor é justo, ele ama a justiça; e os homens retos contemplarão a sua face.

O reinado da duplicidade

11 1 Ao mestre de canto. Uma oitava abaixo. Salmo de Davi.
2
Salvai-nos, Senhor, pois desaparecem os homens piedosos, e a lealdade se extingue entre os homens.
3
Uns não têm para com os outros senão palavras mentirosas; adulação na boca, duplicidade no coração.
4
Que o Senhor extirpe os lábios hipócritas e a língua insolente.
5
Aqueles que dizem: Dominaremos pela nossa língua, nossos lábios trabalham para nós, quem nos será senhor?
6
Responde, porém, o Senhor: Por causa da aflição dos humildes e dos gemidos dos pobres, levantar-me-ei para lhes dar a salvação que desejam.
7
As palavras do Senhor são palavras sinceras, puras como a prata acrisolada, isenta de ganga, sete vezes depurada.
8
Vós, Senhor, haveis de nos guardar, defender-nos-eis sempre dessa raça maléfica,
9
porque os ímpios andam de todos os lados, enquanto a vileza se ergue entre os homens.

Lamentação do oprimido

12 1 Ao mestre de canto. Salmo de Davi.
2
Até quando, Senhor, de todo vos esquecereis de mim? Por quanto tempo ainda desviareis de mim os vossos olhares?
3
Até quando aninharei a angústia na minha alma, e, dia após dia, a tristeza no coração?
4
Até quando se levantará o meu inimigo contra mim? Olhai! Ouvi-me, Senhor, ó meu Deus!
5
Iluminai meus olhos com vossa luz, para eu não adormecer na morte, para que meu inimigo não venha a dizer: Venci-o;
6
e meus adversários não triunfem no momento de minha queda, eu que confiei em vossa misericórdia. Antes possa meu coração regozijar-se em vosso socorro! Então cantarei ao Senhor pelos benefícios que me concedeu.

A perversidade universal

13 1 Ao mestre de canto. De Davi. Diz o insensato em seu coração: Não há Deus. Corromperam-se os homens, sua conduta é abominável, não há um só que faça o bem.
2
O Senhor, do alto do céu, observa os filhos dos homens, para ver se, acaso, existe alguém sensato que busque a Deus.
3
Mas todos eles se extraviaram e se perverteram; não há mais ninguém que faça o bem, nem um, nem mesmo um só.
4
Não se emendarão esses obreiros do mal, que devoram meu povo como quem come pão? Eles que não invocam o Senhor?
5
Mas irão tremer de pavor, porque Deus está com a raça dos justos;
6
pretendeis frustrar os planos do humilde, mas o Senhor é seu refúgio.
7
Ah, que venha de Sião a salvação de Israel! Quando o Senhor tiver mudado a sorte de seu povo, Jacó exultará e Israel se alegrará.

O modelo do justo

14 1 Salmo de Davi. Senhor, quem há de morar em vosso tabernáculo? Quem habitará em vossa montanha santa?
2
O que vive na inocência e pratica a justiça, o que pensa o que é reto no seu coração,
3
cuja língua não calunia; o que não faz mal a seu próximo, e não ultraja seu semelhante.
4
O que tem por desprezível o malvado, mas sabe honrar os que temem a Deus; o que não retrata juramento mesmo com dano seu,
5
não empresta dinheiro com usura, nem recebe presente para condenar o inocente. Aquele que assim proceder jamais será abalado.

Escolher unicamente a Deus

15 1 Poema de Davi. Guardai-me, ó Deus, porque é em vós que procuro refúgio.
2
Digo a Deus: Sois o meu Senhor, fora de vós não há felicidade para mim.
3
Quão admirável tornou Deus o meu afeto para com os santos que estão em sua terra.
4
Numerosos são os sofrimentos que suportam aqueles que se entregam a estranhos deuses. Não hei de oferecer suas libações de sangue e meus lábios jamais pronunciarão o nome de seus ídolos.
5
Senhor, vós sois a minha parte de herança e meu cálice; vós tendes nas mãos o meu destino.
6
O cordel mediu para mim um lote aprazível, muito me agrada a minha herança.
7
Bendigo o Senhor porque me deu conselho, porque mesmo de noite o coração me exorta.
8
Ponho sempre o Senhor diante dos olhos, pois ele está à minha direita; não vacilarei.
9
Por isso meu coração se alegra e minha alma exulta, até meu corpo descansará seguro,
10
porque vós não abandonareis minha alma na habitação dos mortos, nem permitireis que vosso Santo conheça a corrupção.
11
Vós me ensinareis o caminho da vida, há abundância de alegria junto de vós, e delícias eternas à vossa direita.

Prece do justo perseguido

16 1 Súplica de Davi. Ouvi, Senhor, uma causa justa! Atendei meu clamor! Escutai minha prece, de lábios sem malícia.
2
Venha de vós o meu julgamento, e vossos olhos reconheçam que sou íntegro.
3
Podeis sondar meu coração, visitá-lo à noite, prová-lo pelo fogo, não encontrareis iniqüidade em mim.
4
Minha boca não pecou, como costumam os homens; conforme as palavras dos vossos lábios, segui os caminhos da lei.
5
Meus passos se mantiveram firmes nas vossas sendas, meus pés não titubearam.
6
Eu vos invoco, pois me atendereis, Senhor; inclinai vossos ouvidos para mim, escutai minha voz.
7
Mostrai a vossa admirável misericórdia, vós que salvais dos adversários os que se acolhem à vossa direita.
8
Guardai-me como a pupila dos olhos, escondei-me à sombra de vossas asas,
9
longe dos pecadores, que me querem fazer violência. Meus inimigos me rodeiam com furor.
10
Seu coração endurecido se fecha à piedade; só têm na boca palavras arrogantes.
11
Eis que agora me cercam, espreitam para me prostrar por terra;
12
qual leão que se atira ávido sobre a presa, e como o leãozinho no seu covil.
13
Levantai-vos, Senhor, correi-lhe ao encontro, derrubai-o; com vossa espada livrai-me do pecador,
14
com vossa mão livrai-me dos homens, desses cuja única felicidade está nesta vida, que têm o ventre repleto de bens, cujos filhos vivem na abundância e deixam ainda aos seus filhos o que lhes sobra.
15
Mas eu, confiado na vossa justiça, contemplarei a vossa face; ao despertar, saciar-me-ei com a visão de vosso ser.

Agradecimentos do rei vencedor

17 1 Ao mestre de canto. De Davi, servo do Senhor, que dirigiu as palavras deste cântico ao Senhor, no dia em que ficou livre de todos os seus inimigos e das mãos de Saul.
2
Disse: Eu vos amo, Senhor, minha força!
3
O Senhor é o meu rochedo, minha fortaleza e meu libertador. Meu Deus é a minha rocha, onde encontro o meu refúgio, meu escudo, força de minha salvação e minha cidadela.
4
Invoco o Senhor, digno de todo louvor, e fico livre dos meus inimigos.
5
Circundavam-me os vagalhões da morte, torrentes devastadoras me atemorizavam,
6
enlaçavam-se as cadeias da habitação dos mortos, a própria morte me prendia em suas redes.
7
Na minha angústia, invoquei o Senhor, gritei para meu Deus: do seu templo ele ouviu a minha voz, e o meu clamor em sua presença chegou aos seus ouvidos.
8
A terra vacilou e tremeu, os fundamentos das montanhas fremiram, abalaram-se, porque Deus se abrasou em cólera:
9
suas narinas exalavam fumaça; sua boca, fogo devorador, brasas incandescentes.
10
Ele inclinou os céus e desceu, calcando aos pés escuras nuvens.
11
Cavalgou sobre um querubim e voou, planando nas asas do vento.
12
Envolveu-se nas trevas como se fossem véu, fez para si uma tenda das águas tenebrosas, densas nuvens.
13
Do esplendor de sua presença suas nuvens avançaram: saraiva e centelhas de fogo.
14
Dos céus trovejou o Senhor, o Altíssimo fez ressoar a sua voz.
15
Lançou setas e dispersou os inimigos, fulminou relâmpagos e os desbaratou.
16
E apareceu descoberto o leito do mar, ficaram à vista os fundamentos da terra, ante a vossa ameaçadora voz, ó Senhor, ante o furacão de vossa cólera.
17
Do alto estendeu a sua mão e me pegou, e retirou-me das águas profundas,
18
livrou-me de inimigo poderoso, dos meus adversários mais fortes do que eu.
19
Investiram contra mim no dia do meu infortúnio, mas o Senhor foi o meu arrimo;
20
pôs-me a salvo e livrou-me, porque me ama.
21
O Senhor me tratou segundo a minha inocência, retribuiu-me segundo a pureza de minhas mãos,
22
porque guardei os caminhos do Senhor e não pequei separando-me do meu Deus.
23
Tenho diante dos olhos todos os seus preceitos e não me desvio de suas leis.
24
Ando irrepreensivelmente diante dele, guardando-me do meu pecado.
25
O Senhor retribuiu-me segundo a minha justiça, segundo a pureza de minhas mãos diante dos seus olhos.
26
Com quem é bondoso vos mostrais bondoso, com o homem íntegro vos mostrais íntegro;
27
puro com quem é puro; prudente com quem é astuto.
28
Os humildes salvais, os semblantes soberbos humilhais.
29
Senhor, sois vós que fazeis brilhar o meu farol, sois vós que dissipais as minhas trevas.
30
Convosco afrontarei batalhões, com meu Deus escalarei muralhas.
31
Os caminhos de Deus são perfeitos, a palavra do Senhor é pura. Ele é o escudo de todos os que nele se refugiam.
32
Pois quem é Deus senão o Senhor? Quem é o rochedo, senão o nosso Deus?
33
É Deus quem me cinge de coragem e aplana o meu caminho.
34
Torna os meus pés velozes como os das gazelas e me instala nas alturas.
35
Adestra minhas mãos para o combate e meus braços para o tiro de arco.
36
Vós me dais o escudo que me salva. Vossa destra me sustém, e vossa bondade me engrandece.
37
Alargais o caminho a meus passos, para meus pés não resvalarem.
38
Dou caça aos inimigos e os alcanço, e não volto sem que os tenha aniquilado.
39
De tal sorte os despedaço, que não mais poderão levantar-se: eles ficam caídos a meus pés.
40
Vós me cingis de coragem para a luta e ante mim dobrais os meus adversários.
41
Afugentais da minha presença os meus inimigos e reduzis ao silêncio os que me aborrecem.
42
Gritam por socorro, mas não há quem os salve; clamam ao Senhor, mas não responde...
43
Eu os disperso como o pó que o vento leva, e os esmago como o barro das estradas.
44
Vós me livrais das revoltas do povo e me colocais à frente das nações; povos que eu desconhecia se tornaram meus servos.
45
Gente estranha me serve abnegadamente e me obedece à primeira intimação.
46
Gente estranha desfalece e sai tremendo de seus esconderijos.
47
Viva o Senhor e bendito seja o meu rochedo! Exaltado seja Deus, que me salva!
48
Deus, que me proporciona a vingança e avassala nações a meus pés.
49
Sois vós que me libertais dos meus inimigos, me exaltais acima dos meus adversários e me salvais do homem violento.
50
Por isso vos louvarei, ó Senhor, entre as nações e celebrarei o vosso nome.
51
Ele prepara grandes vitórias a seu rei e faz misericórdia a seu ungido, a Davi e a sua descendência para sempre.

O testemunho dos céus e da lei

18 1 Ao mestre de canto. Salmo de Davi.
2
Narram os céus a glória de Deus, e o firmamento anuncia a obra de suas mãos.
3
O dia ao outro transmite essa mensagem, e uma noite à outra a repete.
4
Não é uma língua nem são palavras, cujo sentido não se perceba,
5
porque por toda a terra se espalha o seu ruído, e até os confins do mundo a sua voz; aí armou Deus para o sol uma tenda.
6
E este, qual esposo que sai do seu tálamo, exulta, como um gigante, a percorrer seu caminho.
7
Sai de um extremo do céu, e no outro termina o seu curso; nada se furta ao seu calor.
8
A lei do Senhor é perfeita, reconforta a alma; a ordem do Senhor é segura, instrui o simples.
9
Os preceitos do Senhor são retos, deleitam o coração; o mandamento do Senhor é luminoso, esclarece os olhos.
10
O temor do Senhor é puro, subsiste eternamente; os juízos do Senhor são verdadeiros, todos igualmente justos.
11
Mais desejáveis que o ouro, que uma barra de ouro fino; mais doces que o mel, que o puro mel dos favos.
12
Ainda que vosso servo neles atente, guardando-os com todo o cuidado;
13
quem pode, entretanto, ver as próprias faltas? Purificai-me das que me são ocultas.
14
Preservai, também, vosso servo do orgulho; não domine ele sobre mim, então serei íntegro e limpo de falta grave.
15
Aceitai as palavras de meus lábios e os pensamentos de meu coração, na vossa presença, Senhor, minha rocha e meu redentor.

Oração pelo rei antes da batalha

19 1 Ao mestre de canto. Salmo de Davi.
2
Que o Senhor te escute no dia da provação, e te proteja o nome do Deus de Jacó.
3
Do seu santuário ele te socorra, e de Sião ele te sustente.
4
Lembre-se de tuas ofertas, e aceite os teus sacrifícios.
5
Conceda-te o que teu coração anela, e realize todos os teus desejos.
6
Possamos nós alegrar-nos com tua vitória e levantar as bandeiras em nome de nosso Deus. Sim, que o Senhor realize todos os teus pedidos.
7
Já sei que o Senhor reservou a vitória para seu ungido, e o ouviu do alto de seu santuário pelo poder de seu braço vencedor.
8
Uns põem sua força nos carros, outros nos cavalos. Nós, porém, a temos em nome do Senhor, nosso Deus.
9
Eles fraquejaram e foram vencidos, mas nós, de pé, continuamos firmes.
10
Senhor, dai a vitória ao rei, e ouvi-nos no dia em que vos invocamos.

Ação de graças após a vitória

20 1 Ao mestre de canto. Salmo de Davi.
2
Senhor, alegra-se o rei com o vosso poder, e muito exulta com o vosso auxílio!
3
Realizastes os anseios de seu coração, não rejeitastes a prece de seus lábios.
4
Com preciosas bênçãos fostes-lhe ao encontro, pusestes-lhe na cabeça coroa de puríssimo ouro.
5
Ele vos pediu a vida, vós lha concedestes, uma vida cujos dias serão eternos.
6
Grande é a sua glória, devida à vossa proteção; vós o cobristes de majestade e esplendor.
7
Sim, fizestes dele o objeto de vossas eternas bênçãos, de alegria o cobristes com a vossa presença,
8
pois o rei confiou no Senhor. Graças ao Altíssimo não será abalado.
9
Que tua mão, ó rei, apanhe teus inimigos, que tua mão atinja os que te odeiam.
10
Tu os tornarás como fornalha ardente, quando apareceres diante deles. Que o Senhor em sua cólera os consuma, e que o fogo os devore.
11
Faze desaparecer da terra a posteridade deles e a sua descendência dentre os filhos dos homens.
12
Se intentarem fazer-te mal, tramando algum plano, não o conseguirão,
13
porque os porás em fuga, dirigindo teu arco contra a face deles.
14
Erguei-vos, Senhor, em vossa potência! Cantaremos e celebraremos o vosso poder.

Visão profética dos sofrimentos do servo do Senhor

21 1 Ao mestre de canto. Segundo a melodia A corça da aurora. Salmo de Davi.
2
Meu Deus, meu Deus, por que me abandonastes? E permaneceis longe de minhas súplicas e de meus gemidos?
3
Meu Deus, clamo de dia e não me respondeis; imploro de noite e não me atendeis.
4
Entretanto, vós habitais em vosso santuário, vós que sois a glória de Israel.
5
Nossos pais puseram sua confiança em vós, esperaram em vós e os livrastes.
6
A vós clamaram e foram salvos; confiaram em vós e não foram confundidos.
7
Eu, porém, sou um verme, não sou homem, o opróbrio de todos e a abjeção da plebe.
8
Todos os que me vêem zombam de mim; dizem, meneando a cabeça:
9
Esperou no Senhor, pois que ele o livre, que o salve, se o ama.
10
Sim, fostes vós que me tirastes das entranhas de minha mãe e, seguro, me fizestes repousar em seu seio.
11
Eu vos fui entregue desde o meu nascer, desde o ventre de minha mãe vós sois o meu Deus.
12
Não fiqueis longe de mim, pois estou atribulado; vinde para perto de mim, porque não há quem me ajude.
13
Cercam-me touros numerosos, rodeiam-me touros de Basã;
14
contra mim eles abrem suas fauces, como o leão que ruge e arrebata.
15
Derramo-me como água, todos os meus ossos se desconjuntam; meu coração tornou-se como cera, e derrete-se nas minhas entranhas.
16
Minha garganta está seca qual barro cozido, pega-se no paladar a minha língua: vós me reduzistes ao pó da morte.
17
Sim, rodeia-me uma malta de cães, cerca-me um bando de malfeitores. Traspassaram minhas mãos e meus pés:
18
poderia contar todos os meus ossos. Eles me olham e me observam com alegria,
19
repartem entre si as minhas vestes, e lançam sorte sobre a minha túnica.
20
Porém, vós, Senhor, não vos afasteis de mim; ó meu auxílio, bem depressa me ajudai.
21
Livrai da espada a minha alma, e das garras dos cães a minha vida.
22
Salvai-me a mim, mísero, das fauces do leão e dos chifres dos búfalos.
23
Então, anunciarei vosso nome a meus irmãos, e vos louvarei no meio da assembléia.
24
Vós que temeis o Senhor, louvai-o; vós todos, descendentes de Jacó, aclamai-o; temei-o, todos vós, estirpe de Israel,
25
porque ele não rejeitou nem desprezou a miséria do infeliz, nem dele desviou a sua face, mas o ouviu, quando lhe suplicava.
26
De vós procede o meu louvor na grande assembléia, cumprirei meus votos na presença dos que vos temem.
27
Os pobres comerão e serão saciados; louvarão o Senhor aqueles que o procuram: Vivam para sempre os nossos corações.
28
Hão de se lembrar do Senhor e a ele se converter todos os povos da terra; e diante dele se prostrarão todas as famílias das nações,
29
porque a realeza pertence ao Senhor, e ele impera sobre as nações.
30
Todos os que dormem no seio da terra o adorarão; diante dele se prostrarão os que retornam ao pó.
31
Para ele viverá a minha alma, há de servi-lo minha descendência. Ela falará do Senhor às gerações futuras e proclamará sua justiça ao povo que vai nascer: Eis o que fez o Senhor.

Deus, pastor dos homems

22 1 Salmo de Davi. O Senhor é meu pastor, nada me faltará.
2
Em verdes prados ele me faz repousar. Conduz-me junto às águas refrescantes,
3
restaura as forças de minha alma. Pelos caminhos retos ele me leva, por amor do seu nome.
4
Ainda que eu atravesse o vale escuro, nada temerei, pois estais comigo. Vosso bordão e vosso báculo são o meu amparo.
5
Preparais para mim a mesa à vista de meus inimigos. Derramais o perfume sobre minha cabeça, e transborda minha taça.
6
A vossa bondade e misericórdia hão de seguir-me por todos os dias de minha vida. E habitarei na casa do Senhor por longos dias.

Hino de procissão

23 1 Salmo de Davi. Do Senhor é a terra e tudo o que ela contém, a órbita terrestre e todos os que nela habitam,
2
pois ele mesmo a assentou sobre as águas do mar e sobre as águas dos rios a consolidou.
3
Quem será digno de subir ao monte do Senhor? Ou de permanecer no seu lugar santo?
4
O que tem as mãos limpas e o coração puro, cujo espírito não busca as vaidades nem perjura para enganar seu próximo.
5
Este terá a bênção do Senhor, e a recompensa de Deus, seu Salvador.
6
Tal é a geração dos que o procuram, dos que buscam a face do Deus de Jacó.
7
Levantai, ó portas, os vossos dintéis! Levantai-vos, ó pórticos antigos, para que entre o Rei da glória!
8
Quem é este Rei da glória? É o Senhor forte e poderoso, o Senhor poderoso na batalha.
9
Levantai, ó portas, os vossos dintéis! Levantai-vos, ó pórticos antigos, para que entre o Rei da glória!
10
Quem é este Rei da glória? É o Senhor dos exércitos! É ele o Rei da glória.

Deus, guia do fiel

24 1 De Davi. Para vós, Senhor, elevo a minha alma.
2
Meu Deus, em vós confio: não seja eu decepcionado! Não escarneçam de mim meus inimigos!
3
Não, nenhum daqueles que esperam em vós será confundido, mas os pérfidos serão cobertos de vergonha.
4
Senhor, mostrai-me os vossos caminhos, e ensinai-me as vossas veredas.
5
Dirigi-me na vossa verdade e ensinai-me, porque sois o Deus de minha salvação e em vós eu espero sempre.
6
Lembrai-vos, Senhor, de vossas misericórdias e de vossas bondades, que são eternas.
7
Não vos lembreis dos pecados de minha juventude e dos meus delitos; em nome de vossa misericórdia, lembrai-vos de mim, por causa de vossa bondade, Senhor.
8
O Senhor é bom e reto, por isso reconduz os extraviados ao caminho reto.
9
Dirige os humildes na justiça, e lhes ensina a sua via.
10
Todos os caminhos do Senhor são graça e fidelidade, para aqueles que guardam sua aliança e seus preceitos.
11
Por amor de vosso nome, Senhor, perdoai meu pecado, por maior que seja.
12
Que advém ao homem que teme o Senhor? Deus lhe ensina o caminho que deve escolher.
13
Viverá na felicidade, e sua posteridade possuirá a terra.
14
O Senhor se torna íntimo dos que o temem, e lhes manifesta a sua aliança.
15
Meus olhos estão sempre fixos no Senhor, porque ele livrará do laço os meus pés.
16
Olhai-me e tende piedade de mim, porque estou só e na miséria.
17
Aliviai as angústias do meu coração, e livrai-me das aflições.
18
Vede minha miséria e meu sofrimento, e perdoai-me todas as faltas.
19
Vede meus inimigos, são muitos, e com ódio implacável me perseguem.
20
Defendei minha alma e livrai-me; não seja confundido eu que em vós me acolhi.
21
Protejam-me a inocência e a integridade, porque espero em vós, Senhor.
22
Ó Deus, livrai Israel de todas as suas angústias.


Die Psalmen (BAV) 1