Das Evangelium nach Lukas (BAV) 20

20 1 Num daqueles dias, Jesus ensinava no templo e anunciava ao povo a boa nova. Chegaram os príncipes dos sacerdotes e os escribas com os anciãos,
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e falaram-lhe: Dize-nos: com que direito fazes essas coisas, ou quem é que te deu essa autoridade?
3
Jesus respondeu: Também eu vos farei uma pergunta.
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Respondei-me: o batismo de João era do céu ou dos homens?
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Eles começaram a raciocinar entre si, dizendo: Se dissermos: Do céu, ele dirá: Por que razão, pois, não crestes nele?
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Se, porém, dissermos: Dos homens, todo o povo nos apedrejará, porque está convencido de que João era profeta.
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Responderam por fim que não sabiam de onde era.
8
Replicou-lhes também Jesus: Nem eu vos direi com que direito faço estas coisas.
9
Então Jesus propôs-lhes esta parábola: Um homem plantou uma vinha, arrendou-a a vinhateiros e ausentou-se por muito tempo para uma terra estranha.
10
No tempo da colheita, enviou um servo aos vinhateiros para que lhe dessem do produto da vinha. Estes o feriram e o reenviaram de mãos vazias.
11
Tornou a enviar outro servo; eles feriram também a este, ultrajaram-no e despediram-no sem coisa alguma.
12
Tornou a enviar um terceiro; feriram também este e expulsaram-no.
13
Disse então o senhor da vinha: Que farei? Mandarei meu filho amado; talvez o respeitem.
14
Vendo-o, porém, os vinhateiros discorriam entre si e diziam: Este é o herdeiro; matemo-lo, para que se torne nossa a herança.
15
E lançaram-no fora da vinha e mataram-no. Que lhes fará, pois, o dono da vinha?
16
Virá e exterminará estes vinhateiros e dará a vinha a outros. A estas palavras, disseram: Que Deus não o permita!
17
Mas Jesus, fixando o olhar neles, disse-lhes: Que quer dizer então o que está escrito: A pedra que os edificadores rejeitaram tornou-se a pedra angular (Ps 117,22)?
18 Todo o que cair sobre esta pedra ficará despedaçado; e sobre quem ela cair, este será esmagado!
19
Naquela mesma hora os príncipes dos sacerdotes e os escribas procuraram prendê-lo, mas temeram o povo. Tinham compreendido que se referia a eles ao propor essa parábola.
20
Puseram-se então a observá-lo e mandaram espiões que se disfarçassem em homens de bem, para armar-lhe ciladas e surpreendê-lo no que dizia, a fim de o entregarem à autoridade e ao poder do governador.
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Perguntaram-lhe eles: Mestre, sabemos que falas e ensinas com retidão e que, sem fazer acepção de pessoa alguma, ensinas o caminho de Deus segundo a verdade.
22
É-nos permitido pagar o imposto ao imperador ou não?
23
Jesus percebeu a astúcia e respondeu-lhes:
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Mostrai-me um denário. De quem leva a imagem e a inscrição? Responderam: De César.
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Então lhes disse: Dai, pois, a César o que é de César e a Deus o que é de Deus.
26
Assim não puderam surpreendê-lo em nenhuma de suas palavras diante do povo. Pelo contrário, admirados da sua resposta, tiveram que calar-se.

Sobre a ressurreição

27 Alguns saduceus - que negam a ressurreição - aproximaram-se de Jesus e perguntaram-lhe:
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Mestre, Moisés prescreveu-nos: Se alguém morrer e deixar mulher, mas não deixar filhos, case-se com ela o irmão dele, e dê descendência a seu irmão.
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Ora, havia sete irmãos, o primeiro dos quais tomou uma mulher, mas morreu sem filhos.
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Casou-se com ela o segundo, mas também ele morreu sem filhos.
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Casou-se depois com ela o terceiro. E assim sucessivamente todos os sete, que morreram sem deixar filhos.
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Por fim, morreu também a mulher.
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Na ressurreição, de qual deles será a mulher? Porque os sete a tiveram por mulher.


34 Jesus respondeu: Os filhos deste mundo casam-se e dão-se em casamento,
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mas os que serão julgados dignos do século futuro e da ressurreição dos mortos não terão mulher nem marido.
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Eles jamais poderão morrer, porque são iguais aos anjos e são filhos de Deus, porque são ressuscitados.
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Por outra parte, que os mortos hão de ressuscitar é o que Moisés revelou na passagem da sarça ardente (Ex 3,6), chamando ao Senhor: Deus de Abraão, Deus de Isaac, Deus de Jacó .
38 Ora, Deus não é Deus dos mortos, mas dos vivos; porque todos vivem para ele.


39 Alguns dos escribas disseram, então: Mestre, falaste bem.
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E já não se atreviam a fazer-lhe pergunta alguma.

Cristo é filho de Davi

41 Jesus perguntou-lhes: Como se pode dizer que Cristo é filho de Davi?
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Pois o próprio Davi, no livro dos Salmos, diz: Disse o Senhor a meu Senhor: Senta-te à minha direita,
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até que eu ponha os teus inimigos por escabelo dos teus pés (Ps 109,1).
44 Portanto, Davi o chama de Senhor! Como, pois, é ele seu filho?
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Enquanto todo o povo o ouvia, disse a seus discípulos:
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Guardai-vos dos escribas, que querem andar de roupas compridas e gostam das saudações nas praças públicas, das primeiras cadeiras nas sinagogas e dos primeiros lugares dos banquetes;
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que devoram as casas das viúvas, fingindo fazer longas orações. Eles receberão castigo mais rigoroso.

Oferta da viúva

21 1 Levantando os olhos, viu Jesus os ricos que deitavam as suas ofertas no cofre do templo.
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Viu também uma viúva pobrezinha deitar duas pequeninas moedas,
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e disse: Em verdade vos digo: esta pobre viúva pôs mais do que os outros.
4
Pois todos aqueles lançaram nas ofertas de Deus o que lhes sobra; esta, porém, deu, da sua indigência, tudo o que lhe restava para o sustento.

A ruína de Jerusalém e o fim dos tempos

5 Como lhe chamassem a atenção para a construção do templo feito de belas pedras e recamado de ricos donativos, Jesus disse:
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Dias virão em que destas coisas que vedes não ficará pedra sobre pedra: tudo será destruído.
7
Então o interrogaram: Mestre, quando acontecerá isso? E que sinal haverá para saber-se que isso se vai cumprir?
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Jesus respondeu: Vede que não sejais enganados. Muitos virão em meu nome, dizendo: Sou eu; e ainda: O tempo está próximo. Não sigais após eles.
9
Quando ouvirdes falar de guerras e de tumultos, não vos assusteis; porque é necessário que isso aconteça primeiro, mas não virá logo o fim.
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Disse-lhes também: Levantar-se-ão nação contra nação e reino contra reino.
11
Haverá grandes terremotos por várias partes, fomes e pestes, e aparecerão fenômenos espantosos no céu.


12 Mas, antes de tudo isso, vos lançarão as mãos e vos perseguirão, entregando-vos às sinagogas e aos cárceres, levando-vos à presença dos reis e dos governadores, por causa de mim.
13
Isto vos acontecerá para que vos sirva de testemunho.
14
Gravai bem no vosso espírito de não preparar vossa defesa,
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porque eu vos darei uma palavra cheia de sabedoria, à qual não poderão resistir nem contradizer os vossos adversários.
16
Sereis entregues até por vossos pais, vossos irmãos, vossos parentes e vossos amigos, e matarão muitos de vós.
17
Sereis odiados por todos por causa do meu nome.
18
Entretanto, não se perderá um só cabelo da vossa cabeça.
19
É pela vossa constância que alcançareis a vossa salvação.


20 Quando virdes que Jerusalém foi sitiada por exércitos, então sabereis que está próxima a sua ruína.
21
Os que então se acharem na Judéia fujam para os montes; os que estiverem dentro da cidade retirem-se; os que estiverem nos campos não entrem na cidade.
22
Porque estes serão dias de castigo, para que se cumpra tudo o que está escrito.
23
Ai das mulheres que, naqueles dias, estiverem grávidas ou amamentando, pois haverá grande angústia na terra e grande ira contra o povo.
24
Cairão ao fio de espada e serão levados cativos para todas as nações, e Jerusalém será pisada pelos pagãos, até se completarem os tempos das nações pagãs.

Volta do Filho do homem

25 Haverá sinais no sol, na lua e nas estrelas. Na terra a aflição e a angústia apoderar-se-ão das nações pelo bramido do mar e das ondas.
26
Os homens definharão de medo, na expectativa dos males que devem sobrevir a toda a terra. As próprias forças dos céus serão abaladas.
27
Então verão o Filho do Homem vir sobre uma nuvem com grande glória e majestade.
28
Quando começarem a acontecer estas coisas, reanimai-vos e levantai as vossas cabeças; porque se aproxima a vossa libertação.


29 Acrescentou ainda esta comparação: Olhai para a figueira e para as demais árvores.
30
Quando elas lançam os brotos, vós julgais que está perto o verão.
31
Assim também, quando virdes que vão sucedendo estas coisas, sabereis que está perto o Reino de Deus.
32
Em verdade vos declaro: não passará esta geração sem que tudo isto se cumpra.
33
Passarão o céu e a terra, mas as minhas palavras não passarão.


34 Velai sobre vós mesmos, para que os vossos corações não se tornem pesados com o excesso do comer, com a embriaguez e com as preocupações da vida; para que aquele dia não vos apanhe de improviso.
35
Como um laço cairá sobre aqueles que habitam a face de toda a terra.
36
Vigiai, pois, em todo o tempo e orai, a fim de que vos torneis dignos de escapar a todos estes males que hão de acontecer, e de vos apresentar de pé diante do Filho do Homem.

VI - PAIXÃO E RESSUREIÇÃO DE JESUS

37 Durante o dia Jesus ensinava no templo e, à tarde, saía para passar a noite no monte chamado das Oliveiras.
38
E todo o povo ia de manhã cedo ter com ele, no templo, para ouvi-lo.


22 1 Aproximava-se a festa dos pães sem fermento, chamada Páscoa.
2
Os príncipes dos sacerdotes e os escribas buscavam um meio de matar Jesus, mas temiam o povo.
3
Entretanto, Satanás entrou em Judas, que tinha por sobrenome Iscariotes, um dos Doze.
4
Judas foi procurar os príncipes dos sacerdotes e os oficiais para se entender com eles sobre o modo de lho entregar.
5
Eles se alegraram com isso, e concordaram em lhe dar dinheiro.
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Também ele se obrigou. E buscava ocasião oportuna para o trair, sem que a multidão o soubesse.
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Raiou o dia dos pães sem fermento, em que se devia imolar a Páscoa.
8
Jesus enviou Pedro e João, dizendo: Ide e preparai-nos a ceia da Páscoa.
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Perguntaram-lhe eles: Onde queres que a preparemos?
10
Ele respondeu: Ao entrardes na cidade, encontrareis um homem carregando uma bilha de água; segui-o até a casa em que ele entrar,
11
e direis ao dono da casa: O Mestre pergunta-te: Onde está a sala em que comerei a Páscoa com os meus discípulos?
12
Ele vos mostrará no andar superior uma grande sala mobiliada, e ali fazei os preparativos.
13
Foram, pois, e acharam tudo como Jesus lhes dissera; e prepararam a Páscoa.

A Última Ceia

14 Chegada que foi a hora, Jesus pôs-se à mesa, e com ele os apóstolos.
15
Disse-lhes: Tenho desejado ardentemente comer convosco esta Páscoa, antes de sofrer.
16
Pois vos digo: não tornarei a comê-la, até que ela se cumpra no Reino de Deus.
17
Pegando o cálice, deu graças e disse: Tomai este cálice e distribuí-o entre vós.
18
Pois vos digo: já não tornarei a beber do fruto da videira, até que venha o Reino de Deus.
19
Tomou em seguida o pão e depois de ter dado graças, partiu-o e deu-lho, dizendo: Isto é o meu corpo, que é dado por vós; fazei isto em memória de mim.
20
Do mesmo modo tomou também o cálice, depois de cear, dizendo: Este cálice é a Nova Aliança em meu sangue, que é derramado por vós...


21 Entretanto, eis que a mão de quem me trai está à mesa comigo.
22
O Filho do Homem vai, segundo o que está determinado, mas ai daquele homem por quem ele é traído!
23
Perguntavam então os discípulos entre si quem deles seria o que tal haveria de fazer.

Discussão entre os discípulos

24 Surgiu também entre eles uma discussão: qual deles seria o maior.
25
E Jesus disse-lhes: Os reis dos pagãos dominam como senhores, e os que exercem sobre eles autoridade chamam-se benfeitores.
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Que não seja assim entre vós; mas o que entre vós é o maior, torne-se como o último; e o que governa seja como o servo.
27
Pois qual é o maior: o que está sentado à mesa ou o que serve? Não é aquele que está sentado à mesa? Todavia, eu estou no meio de vós, como aquele que serve.


28 E vós tendes permanecido comigo nas minhas provações;
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eu, pois, disponho do Reino a vosso favor, assim como meu Pai o dispôs a meu favor,
30
para que comais e bebais à minha mesa no meu Reino e vos senteis em tronos, para julgar as doze tribos de Israel.

Predição de negação de Pedro

31 Simão, Simão, eis que Satanás vos reclamou para vos peneirar como o trigo;
32
mas eu roguei por ti, para que a tua confiança não desfaleça; e tu, por tua vez, confirma os teus irmãos.
33
Pedro disse-lhe: Senhor, estou pronto a ir contigo tanto para a prisão como para a morte.
34
Jesus respondeu-lhe: Digo-te, Pedro, não cantará hoje o galo, até que três vezes hajas negado que me conheces.
35
Depois ajuntou: Quando vos mandei sem bolsa, sem mochila e sem calçado, faltou-vos porventura alguma coisa? Eles responderam: Nada.
36
Mas agora, disse-lhes ele, aquele que tem uma bolsa, tome-a; aquele que tem uma mochila, tome-a igualmente; e aquele que não tiver uma espada, venda sua capa para comprar uma.
37
Pois vos digo: é necessário que se cumpra em mim ainda este oráculo: E foi contado entre os malfeitores (Is 53,12). Com efeito, aquilo que me diz respeito está próximo de se cumprir.
38 Eles replicaram: Senhor, eis aqui duas espadas. Basta, respondeu ele.

Suprema angústia

39 Conforme o seu costume, Jesus saiu dali e dirigiu-se para o monte das Oliveiras, seguido dos seus discípulos.
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Ao chegar àquele lugar, disse-lhes: Orai para que não caiais em tentação.
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Depois se afastou deles à distância de um tiro de pedra e, ajoelhando-se, orava:
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Pai, se é de teu agrado, afasta de mim este cálice! Não se faça, todavia, a minha vontade, mas sim a tua.
43
Apareceu-lhe então um anjo do céu para confortá-lo.


44 Ele entrou em agonia e orava ainda com mais instância, e seu suor tornou-se como gotas de sangue a escorrer pela terra.

Prisão de Jesus

45 Depois de ter rezado, levantou-se, foi ter com os discípulos e achou-os adormecidos de tristeza.
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Disse-lhes: Por que dormis? Levantai-vos, orai, para não cairdes em tentação.
47
Ele ainda falava, quando apareceu uma multidão de gente; e à testa deles vinha um dos Doze, que se chamava Judas. Achegou-se de Jesus para o beijar.
48
Jesus perguntou-lhe: Judas, com um beijo trais o Filho do Homem!
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Os que estavam ao redor dele, vendo o que ia acontecer, perguntaram: Senhor, devemos atacá-los à espada?
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E um deles feriu o servo do príncipe dos sacerdotes, decepando-lhe a orelha direita.
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Mas Jesus interveio: Deixai, basta. E, tocando na orelha daquele homem, curou-o.
52
Voltando-se para os príncipes dos sacerdotes, para os oficiais do templo e para os anciãos que tinham vindo contra ele, disse-lhes: Saístes armados de espadas e cacetes, como se viésseis contra um ladrão.
53
Entretanto, eu estava todos os dias convosco no templo, e não estendestes as mãos contra mim; mas esta é a vossa hora e do poder das trevas.
54
Prenderam-no então e conduziram-no à casa do príncipe dos sacerdotes. Pedro seguia-o de longe.
55
Acenderam um fogo no meio do pátio, e sentaram-se em redor. Pedro veio sentar-se com eles.
56
Uma criada percebeu-o sentado junto ao fogo, encarou-o de perto e disse: Também este homem estava com ele.
57
Mas ele negou-o: Mulher, não o conheço.
58
Pouco depois, viu-o outro e disse-lhe: Também tu és um deles. Pedro respondeu: Não, eu não o sou.
59
Passada quase uma hora, afirmava um outro: Certamente também este homem estava com ele, pois também é galileu.
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Mas Pedro disse: Meu amigo, não sei o que queres dizer. E no mesmo instante, quando ainda falava, cantou o galo.
61
Voltando-se o Senhor, olhou para Pedro. Então Pedro se lembrou da palavra do Senhor: Hoje, antes que o galo cante, negar-me-ás três vezes.
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Saiu dali e chorou amargamente.
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Entretanto, os homens que guardavam Jesus escarneciam dele e davam-lhe bofetadas.
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Cobriam-lhe o rosto e diziam: Adivinha quem te bateu!
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E injuriavam-no ainda de outros modos.
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Ao amanhecer, reuniram-se os anciãos do povo, os príncipes dos sacerdotes e os escribas, e mandaram trazer Jesus ao seu conselho.
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Perguntaram-lhe: Dize-nos se és o Cristo! Respondeu-lhes ele: Se eu vo-lo disser, não me acreditareis;
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e se vos fizer qualquer pergunta, não me respondereis.
69
Mas, doravante, o Filho do Homem estará sentado à direita do poder de Deus.
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Então perguntaram todos: Logo, tu és o Filho de Deus? Respondeu: Sim, eu sou.
71
Eles então exclamaram: Temos nós ainda necessidade de testemunho? Nós mesmos o ouvimos da sua boca.

Jesus diante de Pilatos e diante de Herodes

23 1 Levantou-se a sessão e conduziram Jesus diante de Pilatos,
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e puseram-se a acusá-lo: Temos encontrado este homem excitando o povo à revolta, proibindo pagar imposto ao imperador e dizendo-se Messias e rei.
3
Pilatos perguntou-lhe: És tu o rei dos judeus? Jesus respondeu: Sim.
4
Declarou Pilatos aos príncipes dos sacerdotes e ao povo: Eu não acho neste homem culpa alguma.
5
Mas eles insistiam fortemente: Ele revoluciona o povo ensinando por toda a Judéia, a começar da Galiléia até aqui.
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A estas palavras, Pilatos perguntou se ele era galileu.
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E, quando soube que era da jurisdição de Herodes, enviou-o a Herodes, pois justamente naqueles dias se achava em Jerusalém.
8
Herodes alegrou-se muito em ver Jesus, pois de longo tempo desejava vê-lo, por ter ouvido falar dele muitas coisas, e esperava presenciar algum milagre operado por ele.
9
Dirigiu-lhe muitas perguntas, mas Jesus nada respondeu.
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Ali estavam os príncipes dos sacerdotes e os escribas, acusando-o com violência.
11
Herodes, com a sua guarda, tratou-o com desprezo, escarneceu dele, mandou revesti-lo de uma túnica branca e reenviou-o a Pilatos.
12
Naquele mesmo dia, Pilatos e Herodes fizeram as pazes, pois antes eram inimigos um do outro.
13
Pilatos convocou então os príncipes dos sacerdotes, os magistrados e o povo, e disse-lhes:
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Apresentastes-me este homem como agitador do povo, mas, interrogando-o eu diante de vós, não o achei culpado de nenhum dos crimes de que o acusais.
15
Nem tampouco Herodes, pois no-lo devolveu. Portanto, ele nada fez que mereça a morte.
16
Por isso, soltá-lo-ei depois de o castigar.
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18
Todo o povo gritou a uma voz: À morte com este, e solta-nos Barrabás.
19
(Este homem fora lançado ao cárcere devido a uma revolta levantada na cidade, por causa de um homicídio.)
20
Pilatos, porém, querendo soltar Jesus, falou-lhes de novo,
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mas eles vociferavam: Crucifica-o! Crucifica-o!
22
Pela terceira vez, Pilatos ainda interveio: Mas que mal fez ele, então? Não achei nele nada que mereça a morte; irei, portanto, castigá-lo e, depois, o soltarei.
23
Mas eles instavam, reclamando em altas vozes que fosse crucificado, e os seus clamores recrudesciam.
24
Pilatos pronunciou então a sentença que lhes satisfazia o desejo.
25
Soltou-lhes aquele que eles reclamavam e que havia sido lançado ao cárcere por causa do homicídio e da revolta, e entregou Jesus à vontade deles.
26
Enquanto o conduziam, detiveram um certo Simão de Cirene, que voltava do campo, e impuseram-lhe a cruz para que a carregasse atrás de Jesus.
27
Seguia-o uma grande multidão de povo e de mulheres, que batiam no peito e o lamentavam.
28
Voltando-se para elas, Jesus disse: Filhas de Jerusalém, não choreis sobre mim, mas chorai sobre vós mesmas e sobre vossos filhos.
29
Porque virão dias em que se dirá: Felizes as estéreis, os ventres que não geraram e os peitos que não amamentaram!
30
Então dirão aos montes: Caí sobre nós! E aos outeiros: Cobri-nos!
31
Porque, se eles fazem isto ao lenho verde, que acontecerá ao seco?
32
Eram conduzidos ao mesmo tempo dois malfeitores para serem mortos com Jesus.

Cruz

33 Chegados que foram ao lugar chamado Calvário, ali o crucificaram, como também os ladrões, um à direita e outro à esquerda.


34 E Jesus dizia: Pai, perdoa-lhes; porque não sabem o que fazem. Eles dividiram as suas vestes e as sortearam.


35 A multidão conservava-se lá e observava. Os príncipes dos sacerdotes escarneciam de Jesus, dizendo: Salvou a outros, que se salve a si próprio, se é o Cristo, o escolhido de Deus!
36
Do mesmo modo zombavam dele os soldados. Aproximavam-se dele, ofereciam-lhe vinagre e diziam:
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Se és o rei dos judeus, salva-te a ti mesmo.
38
Por cima de sua cabeça pendia esta inscrição: Este é o rei dos judeus.


39 Um dos malfeitores, ali crucificados, blasfemava contra ele: Se és o Cristo, salva-te a ti mesmo e salva-nos a nós!
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Mas o outro o repreendeu: Nem sequer temes a Deus, tu que sofres no mesmo suplício?
41
Para nós isto é justo: recebemos o que mereceram os nossos crimes, mas este não fez mal algum.
42
E acrescentou: Jesus, lembra-te de mim, quando tiveres entrado no teu Reino!
43
Jesus respondeu-lhe: Em verdade te digo: hoje estarás comigo no paraíso.


44 Era quase à hora sexta e em toda a terra houve trevas até a hora nona.
45
Escureceu-se o sol e o véu do templo rasgou-se pelo meio.
46
Jesus deu então um grande brado e disse: Pai, nas tuas mãos entrego o meu espírito. E, dizendo isso, expirou.


47 Vendo o centurião o que acontecia, deu glória a Deus e disse: Na verdade, este homem era um justo.
48
E toda a multidão dos que assistiam a este espetáculo e viam o que se passava, voltou batendo no peito.
49
Os amigos de Jesus, como também as mulheres que o tinham seguido desde a Galiléia, conservavam-se a certa distância, e observavam estas coisas.

Sepultura

50 Havia um homem, por nome José, membro do conselho, homem reto e justo.


51 Ele não havia concordado com a decisão dos outros nem com os atos deles. Originário de Arimatéia, cidade da Judéia, esperava ele o Reino de Deus.


52 Foi ter com Pilatos e lhe pediu o corpo de Jesus.
53
Ele o desceu da cruz, envolveu-o num pano de linho e colocou-o num sepulcro, escavado na rocha, onde ainda ninguém havia sido depositado.


54 Era o dia da Preparação e já ia principiar o sábado.
55
As mulheres, que tinham vindo com Jesus da Galiléia, acompanharam José. Elas viram o túmulo e o modo como o corpo de Jesus ali fora depositado.
56
Elas voltaram e prepararam aromas e bálsamos. No dia de sábado, observaram o preceito do repouso.

Ressurreição

24 1 No primeiro dia da semana, muito cedo, dirigiram-se ao sepulcro com os aromas que haviam preparado.
2
Acharam a pedra removida longe da abertura do sepulcro.
3
Entraram, mas não encontraram o corpo do Senhor Jesus.
4
Não sabiam elas o que pensar, quando apareceram em frente delas dois personagens com vestes resplandecentes.
5
Como estivessem amedrontadas e voltassem o rosto para o chão, disseram-lhes eles: Por que buscais entre os mortos aquele que está vivo?
6
Não está aqui, mas ressuscitou. Lembrai-vos de como ele vos disse, quando ainda estava na Galiléia:


7 O Filho do Homem deve ser entregue nas mãos dos pecadores e crucificado, mas ressuscitará ao terceiro dia.
8
Então elas se lembraram das palavras de Jesus.
9
Voltando do sepulcro, contaram tudo isso aos Onze e a todos os demais.
10
Eram elas Maria Madalena, Joana e Maria, mãe de Tiago; as outras suas amigas relataram aos apóstolos a mesma coisa.
11
Mas essas notícias pareciam-lhes como um delírio, e não lhes deram crédito.
12
Contudo, Pedro correu ao sepulcro; inclinando-se para olhar, viu só os panos de linho na terra. Depois, retirou-se para a sua casa, admirado do que acontecera.

Os discípulos de Emaús

13 Nesse mesmo dia, dois discípulos caminhavam para uma aldeia chamada Emaús, distante de Jerusalém sessenta estádios.
14
Iam falando um com o outro de tudo o que se tinha passado.
15
Enquanto iam conversando e discorrendo entre si, o mesmo Jesus aproximou-se deles e caminhava com eles.
16
Mas os olhos estavam-lhes como que vendados e não o reconheceram.
17
Perguntou-lhes, então: De que estais falando pelo caminho, e por que estais tristes?
18
Um deles, chamado Cléofas, respondeu-lhe: És tu acaso o único forasteiro em Jerusalém que não sabe o que nela aconteceu estes dias?
19
Perguntou-lhes ele: Que foi? Disseram: A respeito de Jesus de Nazaré... Era um profeta poderoso em obras e palavras, diante de Deus e de todo o povo.
20
Os nossos sumos sacerdotes e os nossos magistrados o entregaram para ser condenado à morte e o crucificaram.
21
Nós esperávamos que fosse ele quem havia de restaurar Israel e agora, além de tudo isto, é hoje o terceiro dia que essas coisas sucederam.
22
É verdade que algumas mulheres dentre nós nos alarmaram. Elas foram ao sepulcro, antes do nascer do sol;
23
e não tendo achado o seu corpo, voltaram, dizendo que tiveram uma visão de anjos, os quais asseguravam que está vivo.
24
Alguns dos nossos foram ao sepulcro e acharam assim como as mulheres tinham dito, mas a ele mesmo não viram.
25
Jesus lhes disse: Ó gente sem inteligência! Como sois tardos de coração para crerdes em tudo o que anunciaram os profetas!
26
Porventura não era necessário que Cristo sofresse essas coisas e assim entrasse na sua glória?
27
E começando por Moisés, percorrendo todos os profetas, explicava-lhes o que dele se achava dito em todas as Escrituras.
28
Aproximaram-se da aldeia para onde iam e ele fez como se quisesse passar adiante.
29
Mas eles forçaram-no a parar: Fica conosco, já é tarde e já declina o dia. Entrou então com eles.
30
Aconteceu que, estando sentado conjuntamente à mesa, ele tomou o pão, abençoou-o, partiu-o e serviu-lho.
31
Então se lhes abriram os olhos e o reconheceram... mas ele desapareceu.
32
Diziam então um para o outro: Não se nos abrasava o coração, quando ele nos falava pelo caminho e nos explicava as Escrituras?
33
Levantaram-se na mesma hora e voltaram a Jerusalém. Aí acharam reunidos os Onze e os que com eles estavam.
34
Todos diziam: O Senhor ressuscitou verdadeiramente e apareceu a Simão.


35 Eles, por sua parte, contaram o que lhes havia acontecido no caminho e como o tinham reconhecido ao partir o pão.

Aparição aos Onze

36 Enquanto ainda falavam dessas coisas, Jesus apresentou-se no meio deles e disse-lhes: A paz esteja convosco!
37
Perturbados e espantados, pensaram estar vendo um espírito.
38
Mas ele lhes disse: Por que estais perturbados, e por que essas dúvidas nos vossos corações?
39
Vede minhas mãos e meus pés, sou eu mesmo; apalpai e vede: um espírito não tem carne nem ossos, como vedes que tenho.
40
E, dizendo isso, mostrou-lhes as mãos e os pés.
41
Mas, vacilando eles ainda e estando transportados de alegria, perguntou: Tendes aqui alguma coisa para comer?
42
Então ofereceram-lhe um pedaço de peixe assado.
43
Ele tomou e comeu à vista deles.


44 Depois lhes disse: Isto é o que vos dizia quando ainda estava convosco: era necessário que se cumprisse tudo o que de mim está escrito na Lei de Moisés, nos profetas e nos Salmos.
45
Abriu-lhes então o espírito, para que compreendessem as Escrituras, dizendo:


46 Assim é que está escrito, e assim era necessário que Cristo padecesse, mas que ressurgisse dos mortos ao terceiro dia.
47
E que em seu nome se pregasse a penitência e a remissão dos pecados a todas as nações, começando por Jerusalém.
48
Vós sois as testemunhas de tudo isso.

Ascensão

49 Eu vos mandarei o Prometido de meu Pai; entretanto, permanecei na cidade, até que sejais revestidos da força do alto.
50
Depois os levou para Betânia e, levantando as mãos, os abençoou.
51
Enquanto os abençoava, separou-se deles e foi arrebatado ao céu.
52
Depois de o terem adorado, voltaram para Jerusalém com grande júbilo.
53
E permaneciam no templo, louvando e bendizendo a Deus.

Das Evangelium nach Lukas (BAV) 20