2Chronicles (BAV) 1





II Livro das Crônicas

III - REINADO DE SALOMÃO (1-9)

Salomão pede a Sabedoria

(= 1R 3,4-15)
1 1 Salomão, filho de Davi, consolidou-se no seu reino. O Senhor, seu Deus, estava com ele e desenvolvia seu poder.
2
O rei deu ordens a todo o Israel, aos chefes de milhares, chefes de centenas, aos juízes e aos príncipes, aos principais chefes de família,
3
e todos com ele dirigiram-se ao lugar alto de Gabaon; pois é lá que se encontrava a tenda de reunião de Deus, que Moisés, servo do Senhor, tinha construído no deserto.
4
Quanto à arca de Deus, Davi a tinha transportado de Cariatiarim ao lugar que lhe tinha preparado, pois havia preparado para ela um pavilhão em Jerusalém.
5
Encontrava-se também em Gabaon, diante do santuário do Senhor, o altar de bronze que Bezeleel, filho de Uri, filho de Hur, tinha construído. Salomão vinha, pois, consultar o Senhor, com a assembléia.
6
Lá, sobre o altar de bronze, na presença do Senhor, perto da tenda de reunião, Salomão ofereceu mil holocaustos.
7
Nessa mesma noite, Deus apareceu ao rei e lhe disse: Pede o que desejas, que eu te dou.
8
Salomão respondeu a Deus: Vós tratastes meu pai Davi com uma grande benevolência, e me fizestes rei em seu lugar.
9
Senhor, Deus, ratificai, portanto, a promessa que fizestes a Davi, meu pai, já que me fizestes rei de um povo numeroso como o pó da terra.
10
Dignai-vos, portanto, conceder-me a sabedoria e a inteligência, a fim de que eu saiba como me conduzir à frente desse povo. (Sem isso), quem poderia governar esse povo tão grande como é o vosso?
11
Disse Deus a Salomão: Já que este é o desejo de teu coração, e não me pedes nem riquezas, nem tesouros, nem glória, nem a vida de teus inimigos, nem uma longa vida, mas me pedes sabedoria e inteligência a fim de bem governar o povo do qual eu te fiz rei,
12
pois bem, a sabedoria e a inteligência ser-te-ão concedidas, mas também riquezas, tesouros e glória mais do que jamais possuíram os reis, teus predecessores, e que jamais possuirão teus sucessores.
13
Então, descendo do lugar alto de Gabaon onde estava a tenda de reunião, Salomão retornou a Jerusalém. Ele reinava sobre Israel.

Riquezas de Salomão

(= 1R 10,26-29)
14 Ajuntou ele carros e cavalos: possuía mil e quatrocentos carros e doze mil cavaleiros, que colocou nas cidades para os carros, assim como em Jerusalém, perto de si.
15
Graças a ele, a prata e o ouro tornaram-se em Jerusalém tão comuns como pedras, e os cedros tão numerosos como os sicômoros da planície.
16
Era do Egito que Salomão importava seus cavalos; uma caravana de fornecedores reais ia buscá-los em tropas por um preço ajustado.
17
Importavam do Egito uma parelha completa por seiscentos siclos de prata; e um cavalo por cento e cinqüenta. Assim, da mesma maneira, faziam vir para os reis dos hititas e para os da Síria.

Preparativos para a construção do templo

(= 1R 5)
2 1 Decidiu Salomão edificar um templo ao nome do Senhor, e construir para si próprio um palácio.
2
Ele alistou setenta mil carregadores, oitenta mil cortadores de pedra na montanha, e três mil e seiscentos guardas de obras.
3
Em seguida, mandou dizer a Hirão, rei de Tiro: Digna-te fazer para mim o que fizeste para meu pai Davi, a quem enviaste cedros para construir uma residência.
4
Quero edificar um templo ao nome do Senhor, meu Deus; a ele eu o consagrarei e nele farei queimar em sua presença perfumes aromáticos. Mandar-lhe-ei apresentar continuamente pães, e oferecer os holocaustos da manhã e da tarde, dos sábados, das neomênias e das festas do Senhor, nosso Deus, segundo a lei eterna prescrita a Israel.
5
O templo que vou construir deve ser grande, pois nosso Deus é maior que todos os deuses.
6
Mas, quem será capaz de construir-lhe uma casa, uma vez que o céu e os céus dos céus não o podem conter? Quem sou eu para fazer isso? Não posso senão mandar queimar incenso diante dele.
7
Digna-te, portanto, enviar-me um homem experiente no trabalho do ouro, da prata, do bronze, do ferro, da púrpura azul e violeta, um homem que entenda suficientemente de escultura para dirigir os artífices de Judá e de Jerusalém, que meu pai Davi reuniu junto de mim.
8
Manda-me do Líbano madeira de cedro, cipreste e sândalo, pois eu sei que teus súditos são muito peritos em cortar as madeiras do Líbano. Meus servos auxiliarão os teus.
9
Manda-me preparar madeira em grande quantidade, porque o templo que vou construir será grande e magnífico.
10
A teus servos que hão de cortar as madeiras, darei por alimento vinte mil coros de trigo, vinte mil coros de cevada, vinte mil batos de vinho e vinte mil batos de azeite.
11
Hirão, rei de Tiro, respondeu numa carta que enviou a Salomão: É porque o Senhor ama seu povo, que te constituiu rei sobre ele. Bendito seja o Senhor, Deus de Israel, que fez os céus e a terra, que deu ao rei Davi um filho sábio, inteligente e prudente, que vai construir um templo ao Senhor, assim como um palácio real.
12
Envio-te, portanto, um homem hábil e entendido, Hurão-Abi,
13
filho de uma mulher da tribo de Dã, e de um pai tírio. Ele sabe trabalhar em ouro, em prata, em bronze, em ferro, em madeira, em púrpura azul e violeta, em linho fino e em carmezim; ele sabe fazer todas as espécies de esculturas e elaborar todo plano que se lhe confie. Trabalhará ele com teus artífices e com os de meu senhor Davi, teu pai.
14
Que meu senhor envie, portanto, a seus servos o trigo, a cevada, o azeite e o vinho de que falou.
15
Nós cortaremos madeiras do Líbano, tanta quanta precisares, e enviar-te-emos pelo mar, em jangadas, até Jope, donde farás subir até Jerusalém.
16
Salomão fez o recenseamento de todos os estrangeiros que habitavam em Israel, segundo o recenseamento que já tinha feito seu pai Davi; encontraram-se cento e cinqüenta e três mil e seiscentos.
17
Deles designou setenta mil carregadores, oitenta mil que cortassem pedras na montanha, e três mil e seiscentos inspetores de obras para incentivar toda essa gente.

Construção do templo

(= 1R 6-7)
3 1 Salomão começou a construção do templo do Senhor, em Jerusalém, no monte Mória, para isso designado por Davi, seu pai, no mesmo lugar que Davi preparara, na eira de Ornã, o jebuseu.
2
Foi no segundo dia do segundo mês, no quarto ano de seu reinado, que iniciou a obra.
3
Estes são os fundamentos determinados por Salomão para a construção do templo: de comprimento, sessenta côvados, segundo a antiga medida; de largura, vinte côvados.
4
O pórtico, que se achava no frontispício, e cujo comprimento correspondia à largura do edifício, tinha vinte côvados, e vinte de altura. Era revestido de ouro puro por dentro.
5
A grande sala foi forrada de ciprestes; ele a guarneceu de ouro puro nos lugares em que estavam esculpidas as palmas e as pequenas cadeias.
6
Ornou esta sala com pedras preciosas; o ouro era de Parvaim.
7
O rei revestiu de ouro a sala: traves, umbrais, paredes e portas; nas paredes mandou esculpir querubins.
8
Fez também a construção da sala do Santo dos Santos, cujo comprimento, igual à largura do edifício, era de vinte côvados. O valor do ouro fino, com que o recobriu, era de seiscentos talentos.
9
Mesmo os pregos eram de ouro e pesavam cinqüenta siclos. Revestiu igualmente de ouro os aposentos.
10
Para o interior do Santo dos Santos, mandou esculpir dois querubins e os revestiu de ouro.
11
O comprimento de suas asas era de vinte côvados; uma asa do primeiro, de cinco côvados de comprimento, tocava a parede da sala, e outra, de cinco côvados, tocava a asa do segundo querubim.
12
Uma asa do segundo querubim, de cinco côvados de comprimento, tocava a parede da sala, e a outra, de cinco côvados de comprimento, tocava a asa do primeiro.
13
Assim, a envergadura das asas destes querubins era de vinte côvados. Sustentavam-se sobre seus pés, com o rosto voltado para a sala.
14
O rei mandou fazer uma cortina em púrpura violeta, carmesim e linho fino, e nela mandou bordar querubins.
15
Diante do edifício, levantou duas colunas de trinta e cinco côvados de altura, tendo no alto um capitel de cinco côvados.
16
Como para o santuário, fez pequenas cadeias, colocou-as no cimo das colunas, e suspendeu nelas cem romãs.
17
Levantou colunas, uma à direita e outra à esquerda da fachada do templo: chamou à da direita Jaquim e à da esquerda Boaz.

O altar e o mar de bronze

(= 1R 7,23-51)
4 1 Construiu também um altar de bronze de vinte côvados de comprimento, vinte de largura e dez de altura.
2
Fabricou o mar de metal fundido, o qual tinha uma largura de dez côvados de uma borda a outra. Era redondo e sua altura era de cinco côvados: sua circunferência era medida por um cordão de trinta côvados.
3
Figuras de bois circundavam-no todo, ao redor, debaixo do rebordo, dez por cada côvado, em duas fileiras, fundidas numa só peça com ele.
4
Repousava sobre doze bois, dos quais três olhavam para o norte, três para o oeste, três para o sul, três, para o oriente. O mar descansava sobre suas partes traseiras que estavam voltadas para dentro.
5
Sua espessura era de um palmo; a sua borda, como a de um copo, tinha a forma de uma flor de loto. Sua capacidade era de três mil batos.

O mobiliário do templo

6 Salomão fez também dez bacias, das quais cinco foram colocadas à direita e cinco à esquerda, para nelas fazer as abluções. Nelas era lavado tudo que se utilizava para os holocaustos; ao passo que o mar servia para as abluções dos sacerdotes.
7
Fez dez candelabros de ouro, de acordo com o modelo prescrito, e colocou-os no templo, cinco à direita e cinco à esquerda.
8
Fez dez mesas e colocou-as no templo, cinco à direita e cinco à esquerda; e cem vasos de ouro.
9
Fez o átrio dos sacerdotes, e o grande pátio com portas recobertas de bronze.
10
Colocou o mar voltado para a direita, a sudeste.
11
Hirão fabricou as caldeiras, as pás e as bacias, terminando dessa maneira todos os trabalhos que tinha de fazer para o rei Salomão no templo de Deus,
12
a saber: duas colunas com os capitéis e as arquitraves que lhes estavam sobrepostas, duas redes que cobriam os capitéis com as arquitraves que estavam sobrepostas às colunas,
13
quatrocentas romãs das quais duas fileiras ornavam as grades que cobriam os capitéis com as arquitraves que estavam sobre as colunas.
14
Fez os pedestais e as bacias que eles suportam,
15
o mar e os doze bois que o sustentam,
16
as caldeiras, as pás e os garfos. Todos os acessórios que Hurão-Abi fez para o templo do Senhor eram de bronze polido.
17
O rei mandou-os fundir na planície do Jordão, numa terra argilosa entre Socot e Sareda.
18
Todos os objetos foram fabricados em tal quantidade que não se podia avaliar o peso do bronze.
19
Eis os objetos que Salomão mandou fossem ainda feitos para o templo: altar de ouro, as mesas nas quais se colocavam os pães da proposição,
20
os candelabros com suas lâmpadas de ouro prescritas pela lei para o santuário, as flores,
21
as lâmpadas e as tenazes feitas de ouro fino,
22
as facas, os vasos, as colheres e os cinzeiros de ouro fino, a porta de ouro da sala, as portas internas do Santo dos Santos e as portas de entrada do templo que eram de ouro.

5 1 Terminou-se, dessa maneira, tudo o que Salomão tinha mandado realizar para o templo do Senhor. Para aí, então, mandou transportar tudo o que Davi, seu pai, tinha consagrado, a prata, o ouro e todos os utensílios, e pôs tudo nos tesouros da casa de Deus.
2
Então, congregou em Jerusalém os anciãos de Israel, os chefes das tribos e os chefes das famílias israelitas para transportarem de Sião, isto é, da cidade de Davi, a arca da aliança do Senhor.
3
Todos os israelitas reuniram-se junto do rei para a festa: era o sétimo mês.
4
Chegados que foram todos os anciãos de Israel, levantaram os levitas a arca,
5
e transportaram-na com a tenda de reunião e todo o seu mobiliário de utensílios sagrados. Foram os sacerdotes levíticos que fizeram essa transladação.

Transladação da arca

(= 1R 8,1-11)
6 O rei Salomão e toda a multidão de israelitas, reunida com ele diante da arca, imolaram tal quantidade de ovelhas e de bois que não se pôde avaliar o seu número.
7
Os sacerdotes levaram a arca da aliança do Senhor a seu lugar, no santuário do templo, o Santo dos Santos, sob as asas dos querubins.
8
Os querubins estendiam as asas sobre o lugar da arca e cobriam-na, assim como os seus varais.
9
Estes eram tão compridos que se podia ver suas extremidades diante do santuário; mas não se podiam divisá-los de fora. A arca permaneceu lá até o momento presente.
10
Nela não havia outra coisa senão duas tábuas que Moisés ali tinha colocado, no monte Horeb, quando o Senhor concluiu a aliança com os israelitas que acabavam de sair do Egito.


11 Quando os sacerdotes saíram do santuário - porque os sacerdotes presentes tinham tomado parte na cerimônia sem observar a ordem de classes;
12
todos os levitas cantores, Asaf, Hemã, Iditum, seus filhos e irmãos, vestidos de linho fino, colocados a leste do altar, tocavam címbalos, cítaras e harpas, acompanhados de cento e vinte sacerdotes que tocavam trombetas -


13 no momento em que os tocadores de trombeta, e os cantores se uniam para celebrar numa mesma sinfonia o louvor do Senhor, no momento em que faziam ressoar o som das trombetas, dos címbalos e de outros instrumentos de música com este hino: Louvor ao Senhor porque ele é bom, porque sua misericórdia é eterna, nesse momento o templo, o templo do Senhor, encheu-se de uma nuvem tão espessa
14
que os sacerdotes não puderam permanecer ali para exercer sua função. A glória do Senhor enchia a casa de Deus.

6 1 Então disse Salomão: O Senhor deseja habitar na escuridão.
2
Construí, portanto, uma casa que será vossa morada eterna.

Dedicação do templo

(= 1R 8,12-66)
3 Voltou-se, em seguida, para a assembléia, que estava de pé e a abençoou.
4
Bendito seja, disse ele, o Senhor, Deus de Israel, que, pela sua própria boca falou a Davi, meu pai, e que, pela sua mão, realizou suas promessas. Ele tinha dito:
5
Desde o dia em que fiz sair meu povo do Egito, não escolhi uma cidade dentre todas as tribos de Israel para nela construir um templo onde meu nome fosse invocado, e não escolhi um homem para que fosse chefe de meu povo de Israel;
6
mas escolhi Jerusalém como lugar de residência para meu nome e Davi como rei de meu povo de Israel.
7
Ora, meu pai Davi desejava edificar um templo para a glória do Senhor, Deus de Israel,
8
mas o Senhor lhe disse: Tiveste uma feliz inspiração de edificar um templo para a glória de meu nome.
9
Somente, não és tu que me hás de construir, será teu filho, o filho procedente de tuas entranhas, que o fará.
10
O Senhor realizou sua predição. Sucedi a meu pai Davi e ocupo o trono de Israel, como disse o Senhor, e construí este templo ao nome do Senhor, Deus de Israel.
11
Pus a arca onde se encontra colocada a aliança feita entre o Senhor e os israelitas.
12
Em seguida, Salomão postou-se diante do altar do Senhor, em presença de toda a assembléia de Israel e estendeu as mãos.
13
Com efeito, ele mandara construir uma tribuna de bronze, erguida no meio do átrio, de cinco côvados de comprimento, cinco de largura e três de altura. Nela subiu e, de joelhos, voltado para a multidão dos israelitas, com os braços levantados para o céu, disse:
14
Senhor, Deus de Israel, não há nem nos céus nem na terra um deus que seja comparável a vós, que seja fiel à sua aliança com seus servos, e cheio de misericórdia para com os que vos servem de todo o coração.
15
Cumpristes a promessa que fizestes a meu pai Davi, vosso servo. Neste dia, vossa mão realizou o que vossa boca havia anunciado.
16
Dignai-vos, portanto, agora, Senhor, Deus de Israel, cumprir também a promessa que fizestes a meu pai Davi, vosso servo, de que jamais lhe faltaria diante de vós um descendente que ocupasse o trono de Israel, contanto que seus filhos atendam ao seu procedimento e observem vossa lei como ele mesmo a observou.
17
Assim, pois, Senhor Deus de Israel, dignai-vos ratificar a promessa que fizestes a vosso servo Davi!
18
Mas, é verdade que Deus habita com os homens sobre a terra? Se o céu e os céus dos céus não vos podem conter, muito menos ainda esta casa que eu construí!
19
Contudo, Senhor, meu Deus, atendei à prece suplicante de vosso servo, acolhei o clamor e os votos que ele vos dirige.
20
Que de dia e de noite vossos olhos estejam abertos para esta casa, para este lugar em que prometestes fazer a residência de vosso nome. Escutai o pedido que vosso servo vos apresenta.
21
Escutai a súplica de vosso servo e de vosso povo de Israel, quando vierem orar neste lugar. Escutai-os de vossa morada celeste, escutai e perdoai!
22
Se um homem pecar contra seu próximo, e lhe for exigido juramento, se ele vier jurar diante de vosso altar, neste templo,
23
escutai-o do alto dos céus, agi e julgai vossos servos de modo a condenar o culpado, fazendo recair sobre ele o peso de sua falta, e de modo a justificar o inocente tratando-o de acordo com sua inocência.
24
Quando vosso povo de Israel, por ter pecado contra vós, for subjugado pelo inimigo, se ele retornar a vós, render glória ao vosso nome, entrar neste templo para dirigir-vos preces e súplicas,
25
escutai-o do alto dos céus, e perdoai o pecado de vosso povo de Israel, reconduzindo-o à terra que lhe destes a ele e a seus pais.
26
Se o céu vier a se fechar e não chover mais, por terem eles pecado contra vós, e vierem a orar neste lugar, rendendo glória ao vosso nome e arrependendo-se de seu pecado por causa de vosso castigo,
27
escutai-os do alto dos céus, perdoai o pecado de vossos servos e de vosso povo de Israel. Mostrai-lhes o reto caminho que devem seguir, e concedei chuva à terra que destes como herança a vosso povo.
28
Quando a terra for assolada pela fome, peste, ferrugem, mangra, gafanhoto, pulgão, quando os inimigos cercarem as cidades da terra de Israel, ou se houver uma calamidade ou uma epidemia qualquer,
29
e um homem, ou todo o povo de Israel, vos dirigir uma prece suplicante, e cada qual, reconhecendo sua chaga dolorosa, estender as mãos para este templo,
30
escutai-o do alto dos céus, de vossa morada, e perdoai, concedendo a cada um o que merece, vós que conheceis seu coração, pois só vós conheceis o coração do homem.
31
É assim que eles vos temerão e andarão em vossos caminhos durante toda a sua vida na terra que destes a seus pais.
32
Quando o estrangeiro, o que não é do vosso povo de Israel, vier de uma terra longínqua, atraído pela fama de vosso nome e do poder de vosso braço, para rezar neste templo,
33
escutai-o do alto dos céus, lá donde habitais, e concedei a esse estrangeiro tudo o que vos pedir. Todos os povos da terra conhecerão assim vosso nome e vos temerão como vosso povo de Israel, cientes de que vosso nome é invocado sob este templo que vos construí.
34
Quando vosso povo fizer guerra contra seus inimigos em qualquer direção à qual vós o enviardes, e eles vos invocarem, voltando-se para esta cidade de vossa escolha e para este templo que construí à glória de vosso nome,
35
escutai do alto dos céus suas preces suplicantes e fazei-lhes justiça.
36
Quando tiverem pecado contra vós, - pois não há homem algum sem pecado -, quando em vossa ira os entregardes ao inimigo e o vencedor os deportar para uma terra estrangeira, longínqua ou próxima,
37
e lá, na terra de seu exílio, entrarem em si e retornarem a vós, dizendo-vos em tom de súplica: Pecamos, cometemos a iniqüidade, fizemos o mal -,
38
se eles retornarem a vós de todo o seu coração e de toda a sua alma, na terra do exílio ou onde estiverem deportados, e vos dirigirem sua oração, voltando-se para a pátria que destes a seus pais, para a cidade de vossa predileção e para este templo que construí à glória de vosso nome,
39
escutai do alto dos céus, lá onde habitais, suas preces súplices, fazei-lhes justiça e perdoai a vosso povo os pecados cometidos contra vós.
40
Por conseguinte, doravante, ó meu Deus, que vossos olhos estejam abertos e vossos ouvidos atentos a (toda) prece feita neste lugar!
41
Senhor, Deus, vinde, pois, habitar nesta moradia, vós e a arca onde reside vosso poder. Senhor Deus, que vossos sacerdotes estejam revestidos de força salutar e que vossos devotos desfrutem de sua felicidade!
42
Senhor Deus, não repilais a prece daquele que vos é consagrado, em memória dos favores que concedestes a vosso servo Davi.


7 1 Quando Salomão terminou essa prece, desceu fogo do céu e consumiu o holocausto com os sacrifícios; e a glória do Senhor encheu o templo.
2
Os sacerdotes não podiam entrar no templo do Senhor, tanta era a glória que enchia o edifício.
3
À vista do fogo que descia e da glória do Senhor que enchia o templo, toda a multidão de israelitas se prosternou com o rosto em terra sobre o pavimento, e, prosternados, puseram-se a cantar: Louvai o Senhor porque ele é bom, porque sua misericórdia é eterna.
4
O rei e todo o povo ofereceram então um sacrifício em presença do Senhor.
5
Salomão imolou vinte e dois mil touros e cento e vinte mil ovelhas. Foi desse modo que o rei e o povo fizeram a dedicação do templo de Deus.
6
Os sacerdotes mantinham-se em seus postos; igualmente os levitas com os instrumentos de música do Senhor, que Davi tinha mandado fazer para celebrar os louvores do Senhor, quando confiou-lhes essa função de cantar os louvores do Senhor: Porque sua misericórdia é eterna. Os sacerdotes diante deles tocavam trombetas, enquanto toda a multidão dos israelitas mantinha-se de pé.
7
Salomão consagrou a parte central do átrio, que está em frente da fachada do templo do Senhor; ofereceu ali holocaustos e a gordura dos sacrifícios pacíficos, porque o altar de bronze que tinha feito não era suficiente para os holocaustos, oferendas e a gordura das vítimas.
8
A celebração desta festa, presidida então por Salomão, para todo o povo de Israel durou então sete dias. A multidão congregada, desde a entrada de Emat até a torrente do Egito, era enorme.
9
No oitavo dia realizou-se a assembléia dolene, pois tinham celebrado a dedicação do altar, assim como a festa, durante sete dias.
10
No vigésimo terceiro dia do sétimo mês, Salomão mandou de volta para suas tendas o povo contente, com o coração feliz pelos benefícios que o Senhor tinha feito a Davi, a Salomão e a seu povo de Israel.

Aparição de Deus a Salomão

(= 1R 9,1-9)
11 Acabara, pois, o rei o templo e o palácio real. Tinha levado a bom termo tudo o que tencionava fazer no templo do Senhor e em sua própria residência.
12
Durante a noite o Senhor lhe apareceu: Ouvi, disse ele, tua oração; escolhi este lugar para que seja o templo no qual me oferecerão sacrifícios.
13
Quando eu cerrar os céus, e não houver mais chuva, quando ordenar aos gafanhotos que devorem a terra, ou quando enviar a peste contra meu povo,
14
se meu povo, sobre o qual foi invocado o meu nome, se humilhar, se procurar minha face para orar, se renunciar ao seu mau procedimento, escutarei do alto dos céus e sanarei sua terra.
15
Doravante meus olhos estarão abertos e meus ouvidos atentos às preces feitas neste lugar,
16
pois, para o futuro, escolho e consagro este templo para que meu nome nele resida para sempre; meus olhos e meu coração estarão nele para sempre.
l7 Quanto a ti, se andares na minha presença como fez teu pai Davi, se puseres em prática tudo o que prescrevi, se observares minhas leis e meus preceitos,
18
elevarei o trono de tua realeza, como prometi a teu pai, dizendo-lhe que jamais lhe faltaria descendente que ocupasse o trono de Israel.
19
Mas se vos desviardes de mim e negligenciardes os preceitos e mandamentos que vos prescrevi, para servirdes a outros deuses e render-lhes culto,
20
então extirpar-vos-ei da terra que vos dei, e arrojarei para longe de mim este templo que consagrei a meu nome, e dele farei para todas as nações pagãs objeto de fábula e de riso.
21
Este templo, tão excelso, será para todos os transeuntes um objeto de espanto. Eles dirão: Como tratou o Senhor dessa maneira esta terra e este templo?
22
E responderão: É porque abandonaram o Senhor, o Deus de seus pais, que os tinha tirado do Egito, e se apegaram a outros deuses, prostrando-se diante deles e rendendo-lhes culto. Eis porque fez sobrevir a eles todas essas calamidades.

Trabalhos públicos e culto

(= 1R 9,10-28)
8 1 Ao cabo de vinte anos, Salomão tinha construído o templo do Senhor e sua própria residência.
2
Reconstruiu também as cidades que Hirão lhe tinha dado e nelas estabeleceu os israelitas.
3
Em seguida, atacou Emat de Soba, e se apoderou dela.
4
Construiu Tadmor no deserto e todas as localidades que serviam de entreposto na terra de Emat.
5
Construiu Betoron superior e Betoron inferior, cidades fortificadas providas de muralhas, portas e ferrolhos.
6
Construiu Baalat e todas as localidades que lhe serviam de entrepostos de aprovisionamento, as cidades para os carros, as cidades para a cavalaria e tudo quanto achou bom construir em Jerusalém, no Líbano e em todo o território submetido ao seu poder.
7
Toda a população que tinha sobrevivido dos hititas, dos amorreus, dos ferezeus, dos heveus e dos jebuseus, tudo o que não era de Israel -
8
todos os descendentes desses povos que tinham ficado na terra sem que Israel tivesse podido exterminar -, Salomão submeteu-os como pessoal de trabalho pesado, o que são ainda hoje.
9
Nenhum israelita foi empregado nos trabalhos de Salomão como escravo: foram seus guerreiros, chefes de suas tropas de eleição, comandantes de seus carros e de sua cavalaria.
10
Os contramestres do rei, colocados à frente dos obreiros, eram duzentos e cinqüenta.
11
Salomão mandou buscar a filha do faraó da cidade de Davi para a residência que lhe construiu. Minha mulher, disse ele, não deve habitar na casa de Davi, rei de Israel. Essa habitação, na qual entrou a arca do Senhor, é um santuário.
12
Então Salomão ofereceu ao Senhor holocaustos no seu altar, que tinha construído diante do pórtico.
13
Cada dia oferecia os sacrifícios prescritos por Moisés; igualmente, aos sábados, nas neomênias, e nas três festas do ano: festa dos Ázimos, festa das Semanas e festa dos Tabernáculos.
14
Conforme as disposições tomadas por seu pai Davi, empossou as diversas classes de sacerdotes em suas funções, assim como os levitas, em seus ministérios de louvar o Senhor e no seu serviço quotidiano em presença dos sacerdotes; finalmente, os porteiros para cada porta, de acordo com sua categoria. Assim tinha mandado o homem de Deus, Davi.
15
Em nada se afastaram das disposições que tinha tomado com referência aos sacerdotes, aos levitas e ao que se relacionava com os tesouros.
16
Dessa forma foi levada a efeito toda a obra de Salomão, desde a fundação do templo até seu acabamento. O templo do Senhor estava, pois, terminado.
17
Então Salomão dirigiu-se a Asiongaber e a Ailat, nas praias do mar, na terra de Edom.
18
Hirão enviou-lhe, por meio de seus servos, navios e marinheiros experimentados. Eles foram a Ofir com os servos de Salomão, e de lá trouxeram ao rei quatrocentos e cinqüenta talentos de ouro.

A rainha de Sabá

(= 1R 10,14-29)
9 1 A rainha de Sabá, ouvindo falar da fama de Salomão, veio a Jerusalém para prová-lo por meio de enigmas. Ela tinha um séquito considerável, camelos carregados de aromas, grande quantidade de ouro e de pedras preciosas. Quando da sua visita a Salomão, expôs-lhe tudo o que tinha no coração.
2
Salomão respondeu a todas as suas perguntas, e nada houve por demais obscuro que não pudesse solucionar.
3
Diante dessa sabedoria do rei, à vista da residência que tinha construído para si,
4
dos manjares de sua mesa, dos aposentos de seus servos, da habitação e vestes de seus domésticos, de seus copeiros e seus trajes, dos holocaustos que oferecia no templo do Senhor, a rainha de Sabá ficou enlevada de admiração.
5
É, pois, verdade, disse ela ao rei, o que tinha ouvido dizer, em minha terra, a respeito de tuas obras e de tua sabedoria.
6
Não queria dar fé a isso antes de vir e ver com meus próprios olhos. Pois bem, o que me tinham descrito não era sequer a metade de tua imensa sabedoria; ultrapassas tudo o que soube de ti pela tua fama!
7
Felizes os teus servos! Felizes esses servos que sempre estão diante de ti e ouvem tua sabedoria!
8
Bendito seja o Senhor, teu Deus, que te tomou como objeto de afeição, e te colocou no seu trono, como rei em nome do Senhor, teu Deus! É por causa de seu amor a Israel, e porque quer fazê-lo subsistir para sempre que te fez rei, para que faças reinar o direito e a justiça!
9
Em seguida, presenteou ao rei cento e vinte talentos de ouro, grande quantidade de aromas e pedras preciosas. Jamais se viram tantos aromas quantos os que a rainha de Sabá dera ao rei Salomão.
10
Os servos de Hirão e os servos de Salomão, que traziam o ouro de Ofir, trouxeram também madeira de sândalo e pedras preciosas.
11
Com essa madeira de sândalo o rei fez degraus para o templo do Senhor e para o palácio real, harpas e liras para os cantores. Nunca ainda se tinha visto semelhante madeira na terra de Judá.
12
O rei Salomão presenteou a rainha de Sabá com tudo o que ela sonhava ganhar, com muito mais do que ela havia trazido. Depois ela retomou com seus servos o caminho de sua terra.

Riquezas de Salomão

(= 1R 10,14-29)
13 O peso de ouro que Salomão recebia cada ano era de seiscentos e sessenta e seis talentos,
14
além do que lhe traziam os mercadores e traficantes. Todos os reis da Arábia, como os governadores locais, traziam a Salomão (um tributo) de ouro e prata.
15
O rei Salomão mandou fabricar duzentos escudos de ouro batido, para cada um dos quais utilizou seiscentos siclos de ouro batido;
16
e trezentos pequenos escudos de ouro batido, para cada um dos quais empregou trezentos siclos de ouro. O rei colocou-os no palácio do Bosque do Líbano.
17
Mandou também construir um grande trono de marfim, revestido de ouro puro.
18
Esse trono tinha seis degraus, com um escabelo de ouro fixado no trono. Nos dois lados do assento havia encostos flanqueados por leões.
19
Doze leões estavam colocados à direita e à esquerda, nos seis degraus. Nada de semelhante havia ainda sido feito em nenhum reino.
20
Todas as taças do rei Salomão eram feitas de ouro, e todo o vasilhame do palácio do Bosque do Líbano era de ouro puro. Nada era de prata, metal do qual no tempo de Salomão não se fazia caso algum.
21
Pois o rei tinha navios que iam a Társis com os servos de Hirão, e uma vez a cada três anos a frota voltava de Társis, carregada de ouro, prata, marfim, macacos e pavões.
22
Dessa maneira, por sua riqueza e sabedoria, o rei Salomão avantajava-se a todos os reis da terra,
23
e todos procuravam sua presença a fim de poderem ouvir a sabedoria que Deus lhe tinha infundido no coração.
24
Cada um lhe trazia anualmente seu presente: objetos de prata, objetos de ouro, vestimentas, armas, aromas, cavalos e mulos.
25
Salomão possuía cavalariças para quatro mil cavalos de carros e doze mil (cavalgaduras) para cavaleiros, que ele colocou nas cidades onde estavam abrigados seus carros assim como em Jerusalém, perto de si.
26
Ele dominava sobre todos os reis, desde o Eufrates até a terra dos filisteus e a fronteira do Egito.
27
Graças a ele, a prata tornou-se, em Jerusalém, tão comum como as pedras, e os cedros tão numerosos como os sicômoros da planície.
28
Era do Egito e de todas as terras que se importavam cavalos para Salomão.

Morte de Salomão

(= 1R 11,41-43)
29 O resto dos feitos de Salomão, dos primeiros aos últimos, está relatado no livro do profeta Natã, na profecia de Aías de Silo e nas visões do vidente Ado a respeito de Jeroboão, filho de Nabat.
30
O reinado de Salomão sobre todo o Israel durou quarenta anos, em Jerusalém.
31
Depois disso, Salomão adormeceu com seus pais e foi sepultado na cidade de Davi, seu pai. Seu filho Roboão sucedeu-lhe no trono.

IV - SUCESSORES DE SALOMÃO (10-36)

O cisma das dez tribos

(= 1R 12,1-24)
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2Chronicles (BAV) 1