Isaiah (BAV) 12

Cântico de libertação

12 1 E dirás naquele tempo: Eu vos rendo graças, Senhor, porque vos irritastes; vossa cólera se aplacou e vós me consolastes.
2
Eis o Deus que me salva, tenho confiança e nada temo, porque minha força e meu canto é o Senhor, e ele foi o meu salvador.
3
Vós tirareis com alegria água das fontes da salvação,
4
e direis naquele tempo: Louvai ao Senhor, invocai o seu nome, fazei que suas obras sejam conhecidas entre os povos; proclamai que seu nome é sublime.
5
Cantai ao Senhor, porque ele fez maravilhas, e que isto seja conhecido por toda a terra.
6
Exultai de gozo e alegria, habitantes de Sião, porque é grande no meio de vós o Santo de Israel.

ORÁCULOS CONTRA DIVERSOS POVOS (13-23)

Quedda de Babilônia

13 1 Oráculo contra Babilônia, revelado a Isaías, filho de Amós.
2
Levantai o estandarte sobre a colina escalvada, elevai a voz contra eles. Fazei-lhes sinal com as mãos, para que transponham as portas dos nobres.
3
Em minha cólera requisitei minhas tropas sagradas, e chamei os meus bravos e meus altivos triunfadores.
4
Escutai esse ruído sobre os montes como vozerio de grande multidão; escutai o tumulto dos reinos e das nações reunidas. É o Senhor dos exércitos que passa em revista suas tropas para a batalha.
5
Chegam de uma terra longínqua, da extremidade dos céus, o Senhor e os instrumentos de seu furor, para devastar toda a terra.
6
Lamentai-vos, porque o dia do Senhor está próximo como uma devastação provocada pelo Todo-poderoso.
7
Por causa disso deixam cair os braços; todos perdem a coragem;
8
ficam cheios de terror... Tomados de convulsões e dores, eles se retorcem como uma mulher em parto. Olham uns para os outros e têm o rosto em fogo.
9
Eis que virá o dia do Senhor, dia implacável, de furor e de cólera ardente, para reduzir a terra a um deserto, e dela exterminar os pecadores.
10
Nem as estrelas do céu, nem suas constelações brilhantes, farão resplandecer sua luz; o sol se obscurecerá desde o nascer, e a lua já não enviará sua luz.
11
Punirei o mundo por seus crimes, e os pecadores por suas maldades. Abaterei o orgulho dos arrogantes e humilharei a pretensão dos tiranos.
12
Tornarei os homens mais raros que o ouro fino, e os mortais mais raros que o metal de Ofir.
13
Farei oscilar os céus, e a terra abalada será sacudida pela ira do Senhor Deus dos exércitos, no dia do seu furor ardente.
14
Então, como uma gazela assustada, como um rebanho que ninguém recolhe, cada um voltará para seu povo, e fugirá para sua terra.
15
Todos aqueles que forem encontrados serão mortos; os que forem apanhados serão passados à espada.
16
Seus filhinhos serão massacrados diante de seus olhos, suas casas serão saqueadas, e suas mulheres, violadas.
17
Suscitarei contra eles os medos, que não se interessam pela prata, nem apreciam o ouro.
18
Seus arcos abaterão os jovens; não terão compaixão pelos frutos das entranhas, nem piedade das crianças.
19
Então Babilônia, a pérola dos reinos, a jóia de que os caldeus tanto se orgulham, será destruída por Deus, como Sodoma e Gomorra.
20
Nunca mais será habitada, nem povoada até o fim dos tempos. O árabe não mais erguerá aí sua tenda, os pastores não amalharão aí seus rebanhos,
21
as feras terão aí seu covil, os mochos freqüentarão as casas, as avestruzes morarão aí, e os sátiros farão aí suas danças.
22
Os chacais uivarão nos seus palácios, e os lobos, nas suas casas de prazer. Sua hora está próxima e seus dias estão contados.

Volta do exilio

14 1 Porque o Senhor terá compaixão de Jacó, e ainda dará a Israel a sua predileção e os restabelecerá na sua terra, os estrangeiros se reunirão a eles e se agregarão à casa de Jacó.
2
Os povos virão buscá-los para conduzi-los à sua morada. Possuí-los-á a casa de Israel na terra do Senhor como servos e como servas. Conservarão prisioneiros aqueles que os tinham detido, e dominarão seus opressores.

Pranto sobre a morte do tirano

3 Quando o Senhor te tiver aliviado de tuas penas, de teus tormentos e da dura servidão a que estiveste sujeito,
4
cantarás esta sátira contra o rei de Babilônia, e dirás: Como? Não existe mais o tirano! Acabou-se a tormenta!
5
O Senhor despedaçou o bastão dos perversos e o cetro dos opressores.
6
Ele feria os povos com fúria, vibrando golpes sem interrupção, e governava as nações com brutalidade, subjugando-as sem piedade.
7
Toda a terra conhece o repouso e a paz, todos exultam em cantos de alegria.
8
Até os ciprestes se regozijam de tua queda, dizendo com os cedros do Líbano: Desde que caíste, não sobe até nós o lenhador.
9
Debaixo da terra se agita a morada dos mortos, para receber-te à tua chegada; despertam em tua honra as sombras dos grandes, e todos os senhores da terra, e levantam-se de seus tronos todos os reis das nações.
10
Todos tomam a palavra para dizer-te: Finalmente, eis-te fraco como nós, eis-te semelhante a nós.
11
Tua majestade desceu à morada dos mortos, acompanhada do som de tuas harpas. Jazes sobre um leito de vermes e os vermes são a tua coberta.
12
Então! Caíste dos céus, astro brilhante, filho da aurora! Então! Foste abatido por terra, tu que prostravas as nações!
13
Tu dizias: Escalarei os céus e erigirei meu trono acima das estrelas. Assentar-me-ei no monte da assembléia, no extremo norte.
14
Subirei sobre as nuvens mais altas e me tornarei igual ao Altíssimo.
15
E, entretanto, eis que foste precipitado à morada dos mortos, ao mais profundo abismo.
16
Detêm-se para ver-te melhor, e procuram reconhecer-te: Porventura é aquele que fazia tremer a terra, e abalava os impérios,
17
que fazia do mundo um deserto, e destruía as cidades, e impedia os prisioneiros de voltarem para suas casas?
18
Todos os reis das nações, todos repousam com glória, cada um no seu túmulo;
19
tu, porém, foste atirado para longe de teu sepulcro, como um aborto que causa horror. Os cadáveres dos homens mortos à espada jazem sobre as pedras de uma tumba;
20
tal como uma carniça que se calca aos pés, tu não te reunirás a eles no sepulcro, porque arruinaste tua terra, e fizeste perecer o teu povo. Nunca, jamais se falará da raça dos ímpios.
21
Preparai o massacre dos filhos por causa da iniqüidade dos pais. Que eles não se levantem para conquistar o mundo, e invadir toda a face da terra.
22
Levantar-me-ei contra eles, declara o Senhor dos exércitos, apagarei o nome e o vestígio de Babilônia, sua raça e sua posteridade, diz o Senhor.
23
Farei dela o domínio da garça real, um lodaçal. Varrê-la-ei com a vassoura da destruição, - palavra do Senhor dos exércitos.

Derrota dos assírios

24 Jurou o Senhor dos exércitos: Por certo será feito como eu decidi, e o que resolvi se cumprirá.
25
Esmagarei o assírio em minha terra e o calcarei aos pés nos meus montes. Serão livres de seu jugo, e o seu fardo não lhes pesará nos ombros.
26
Eis a decisão tomada para toda a terra; é assim que eu estendo a mão sobre todas as nações.
27
O Senhor dos exércitos decidiu, quem mudará sua sentença? Sua mão está estendida, quem o fará retirá-la?

Os filisteus

28 Este oráculo data do ano da morte do rei Acaz:
29
Não te alegres, ó terra dos filisteus, de que tenha sido quebrada a vara que te feria, porque da estirpe da serpente nascerá uma áspide, e seu fruto será um dragão voador.
30
Os humildes poderão pastar nas minhas pastagens, e os pobres dormirão tranqüilos. Eu farei, porém, morrer de fome a tua raça, e matarei tua posteridade.
31
Lamenta-te, ó porta! Grita, ó cidade! Treme, ó terra inteira dos filisteus! Porque do norte vem uma nuvem de poeira, e batalhões em filas cerradas.
32
E que responderá (meu povo) aos mensageiros desta nação? Que o Senhor fundou Sião, e que os humildes de seu povo aí encontrarão o refúgio.

Ruína de Moab

15 1 Oráculo contra Moab. Sim, atacada de noite, Ar-Moab foi destruída. Sim, atacada de noite, Quir-Moab foi destruída.
2
O povo de Dibon subiu aos lugares altos para chorar, ao Nebo e ao Medaba: Moab lamenta-se. Todas as cabeças estão raspadas, todas as barbas cortadas.
3
Na rua vestem burel e lamentam-se nos terraços. Tudo geme e se desfaz em pranto.
4
Hesebon e Eleale soltam gritos, e sua voz chega até Jasa. Também Moab sente seus rins fremirem e sua alma desfalecer.
5
Do fundo do coração Moab geme, seus fugitivos alcançam Segor (em Eglat-Salisia). Sim, a subida de Luit, fazem-na chorando. Sim, pela estrada de Oronaim soltam gritos de aflição.
6
Ah! As águas de Nemrim se esgotaram. A erva secou, a relva murchou, e as plantas não mais existem,
7
Por isso levam seus bens e suas provisões para além da torrente dos salgueiros.
8
Porque o clamor circula por todas as fronteiras de Moab, suas lamentações ecoam até Eglaim, suas lamentações atingem Beer-Elim.
9
Porque as águas de Dimon estão cheias de sangue (porque enviarei sobre Dimon novos infortúnios, um leão contra os remanescentes de Moab e contra os sobreviventes de Adma).


16 1 Enviai o cordeiro ao soberano da terra de Selá, pelo deserto, ao monte de Sião.
2
Como aves espantadas, como ninhada dispersa, tais serão as filhas de Moab na passagem do Arnon.
3
Dá teu aviso, intervém como árbitro, cobre-nos com tua sombra como a noite, em pleno meio-dia; esconde os exilados, não traias os fugitivos.
4
Deixa morar em tua casa os exilados de Moab, sê o seu refúgio contra o devastador, até que o opressor desapareça, a devastação tenha fim, e o invasor deixe a terra.
5
O trono se consolidará pela bondade; nele sentará constantemente, na casa de Davi, um juiz amante do direito e zeloso da justiça.
6
Nós conhecemos o orgulho de Moab, o soberbo, sua arrogância, sua altivez, sua insolência e a perfídia de sua língua.
7
Por isso Moab geme sobre Moab e todos se lamentam. Pelos bolos de uvas de Quir-Hasereth, eles suspiram consternados;
8
porque o campo de Hesebon está seco e os soberanos das nações saquearam a vinha de Sabama, cujos sarmentos atingiram Jáser e se perdiam no deserto, cujos rebentos se prolongavam e atravessavam o mar.
9
Por isso eu choro com Jáser sobre a vinha de Sabama; banho-vos com minhas lágrimas, Hesebon e Eleale; porque sobre vossa colheita e vossa messe retumbou o grito do pisoeiro.
10
A alegria e a animação desapareceram dos pomares, nas vinhas não há mais cantos nem vozes alegres; já não se pisa a vindima nas cubas, e o grito do pisoeiro cessou.
11
Por isso estremeço sobre Moab como uma harpa, e meu coração geme sobre Quir-Hares;
12
por mais que Moab se agite nos lugares altos, por mais que visite seus santuários para orar, nada obterá.
13
Esse é o oráculo que o Senhor pronunciou outrora contra Moab.
14
E agora, ele declara: Dentro de três anos, contados como os anos de um assalariado, a soberania de Moab, tão considerável, será insignificante, e dela não restará senão um débil vestígio.

Ruína de Damasco e de Israel

17 1 Oráculo contra Damasco. Damasco vai ser suprimida do número das cidades, e será reduzida a ruínas abandonadas para sempre.
2
Suas cidades serão abandonadas aos rebanhos que virão repousar aí sem que ninguém os enxote.
3
Foi tirado o baluarte de Efraim, foi tirada a realeza de Damasco; os restos de Aarão perecerão, passarão como a glória de Israel. Oráculo do Senhor dos exércitos.
4
Naquele dia a glória de Jacó declinará, e sua gordura reduzir-se-á em magreza,
5
como quando o ceifador já colheu o trigo e seu braço cortou as espigas, alguém rebusca as searas no vale de Rafaim;
6
aí não haverá para respigar, como quando já se varejou as oliveiras, senão dois ou três bagos no mais alto topo. Oráculo do Senhor, Deus de Israel.
7
Naquele dia o homem voltará seus olhares para o seu Criador, seus olhos verão o Santo de Israel;
8
e ele não olhará mais aquilo que seus dedos fizeram (as estacas sagradas e as estelas ao sol).
9
Naquele dia, tuas cidades serão abandonadas como as cidades despovoadas dos amorreus e dos heveus, abandonadas no tempo da invasão dos israelitas. Elas ficarão desabitadas,
10
porque esqueceste o Deus que te salva, e não te lembraste de tua fortaleza! Esforçar-te-ás em vão para plantar jardins de Adônis, e neles semear plantas exóticas;
11
no dia em que plantares, vê-los-ás crescer, e numa bela manhã tua planta dará flores; porém a colheita será nula no dia do infortúnio, e o mal, irremediável.

Derrota dos invasores

12 Oh! Esse barulho de povo numeroso, esse rumor semelhante ao do mar! Esse tumulto de nações poderosas, semelhante ao brilhar de águas impetuosas!
13
Ele as ameaça e elas fogem para longe como, nas alturas, a palha levada pelo vento, como a poeira levantada pela tempestade.
14
Quando veio a noite, houve terror, e antes da manhã, nada mais restava deles. Esta será a sorte daqueles que nos saqueiam, tal será o quinhão daqueles que nos despojam.

Embaixada da Etiópia

18 1 Oh! terra em que ressoa o ruído de asas, além dos rios da Etiópia,
2
tu enviaste mensageiros por mar, em barcos de papiro, sobre a face das águas. Ide, mensageiros velozes, a um povo de alta estatura e de pele luzente, a uma nação temida ao longe, a uma nação poderosa e dominadora, cuja terra é cortada pelos rios.
3
Vós, que habitais o mundo e povoais a terra, quando o estandarte se erguer nas alturas, olhai. E quando soar a trombeta, ouvi!
4
Pois eis o que o Senhor me disse: Eu olho com serenidade do lugar onde me encontro, como o calor suave de um dia luminoso, como a nuvem que dá o orvalho durante o calor da messe.
5
Porque antes da vindima, quando tiver passado a floração, e a flor se tornar um cacho amadurecente, os sarmentos serão cortados com a foice, e as cepas serão aparadas e arrancadas,
6
e serão todos abandonados aos abutres dos montes, aos animais selvagens da planície; os abutres viverão deles no estio e os animais selvagens da planície os comerão no inverno.
7
Naquele tempo serão levadas oferendas ao Senhor dos exércitos da parte do povo de alta estatura e pele luzente, do povo temido ao longe, da nação poderosa e dominadora, cuja terra é cortada pelos rios; serão levadas ao lugar onde reside o nome do Senhor dos exércitos, sobre o monte Sião.

A sorte do Egito

19 1 Oráculo contra o Egito. Eis que o Senhor, montado numa nuvem rápida, vem ao Egito. Os ídolos do Egito tremem diante dele e o Egito sente desfalecer sua coragem.
2
Excitarei os egípcios, uns contra os outros, e eles se baterão irmão contra irmão, amigo contra amigo, cidade contra cidade, reino contra reino.
3
O Egito perderá a cabeça, e eu abolirei sua prudência. Consultarão os ídolos e os feiticeiros, os evocadores de mortos e os adivinhos.
4
Entregarei esta terra nas mãos de um soberano cruel, um rei implacável a dominará. Oráculo do Senhor dos exércitos.
5
As águas do mar se estancarão, e o rio se tornará seco e árido.
6
A água estagnará nos canais, os rios do Egito diminuirão e secarão. Juncos e caniços murcharão
7
nas campinas à margem do Nilo; tudo o que cresce ao longo do rio secará, cairá e desaparecerá;
8
os pescadores ficarão desolados, os que lançam o anzol no rio se lamentarão, e os que lançam suas redes às águas ficarão consternados.
9
Os que trabalham o linho ficarão decepcionados, os cardadores e os tecelães serão confundidos,
10
os tecedores ficarão à míngua, e todos os trabalhadores em desolação.
11
Os príncipes de Soã enlouquecerão, os sábios conselheiros do faraó formarão um conselho insensato. Como ousais dizer ao faraó: Eu sou filho de sábios, filho dos antigos reis?
12
Onde estão agora os teus sábios? Que eles te anunciem e te façam saber os desígnios do Senhor dos exércitos contra o Egito!
13
Os príncipes de Soã perdem a razão, os príncipes de Nof são iludidos; e os chefes das tribos desencaminham o Egito.
14
O Senhor difundiu entre eles um espírito de vertigem, e eles vagueiam por todo o Egito sem desígnio certo, como um bêbado que cambaleia em seu vômito.
15
O Egito não está em condições de decidir o que devem fazer a cabeça e a cauda, a palma e o junco.
16
Naquele tempo, os egípcios serão como mulheres, tremerão de medo sob a ameaça da mão do Senhor levantada sobre eles.
17
Então a terra de Judá será o terror do Egito; logo que se fale nela, ele se encherá de pavor, por causa dos desígnios que o Senhor dos exércitos formou contra ele.
18
Naquele tempo, haverá no Egito cinco cidades que falarão a língua de Canaã e jurarão pelo Senhor dos exércitos. Uma delas será chamada a Cidade do Sol.
19
Naquele tempo, haverá um altar erguido ao Senhor, em pleno Egito, e, em suas fronteiras, um obelisco dedicado ao Senhor.
20
E eles servirão de monumento ao Senhor na terra do Egito. Quando maltratados pelos opressores, invocarão o Senhor, e ele lhes enviará um salvador, um defensor que os libertará.
21
O Senhor se dará a conhecer ao Egito, os egípcios conhecerão o Senhor naquele tempo, e lhe oferecerão sacrifícios e oblações; farão votos ao Senhor e os cumprirão.
22
Quando o Senhor ferir os egípcios, será para curá-los; eles se voltarão para o Senhor, que se deixará aplacar e os curará.
23
Naquele tempo, haverá um caminho do Egito para a Assíria; os assírios irão ao Egito, e os egípcios, à Assíria. O Egito e a Assíria renderão culto ao Senhor.
24
Naquele tempo, Israel será, como terceiro, aliado ao Egito e à Assíria, objeto da bênção no meio da terra que o Senhor dos exércitos abençoará nestes termos: Bendito seja meu povo do Egito, a Assíria, obra de minhas mãos, e Israel, minha herança!

Anúncio da derrota do Egito para Assíria

20 1 No ano em que veio a Azot o general enviado por Sargão, rei da Assíria, este assediou Azot e apoderou-se dela.
2
(Naquele tempo o Senhor tinha falado pelo ministério de Isaías, nestes termos: Vai, desata o saco que trazes às costas e tira as sandálias dos teus pés. Isaías dispôs-se a executá-lo, ia nu e descalço.)
3
O Senhor disse: Do mesmo modo que meu servo Isaías vagueia nu e descalço há três anos, para dar uma imagem do que aguarda o Egito e a Etiópia,
4
assim serão levados pelo rei da Assíria os prisioneiros egípcios e os deportados da Etiópia, moços e velhos, nus e descalços, com o dorso descoberto (a nudez do Egito).
5
Então aqueles que esperavam na Etiópia e punham no Egito a sua confiança serão amedrontados e confundidos.
6
Os habitantes desta costa dirão naquele dia: Eis aqueles em quem esperávamos, entre os quais queríamos encontrar proteção, procurar auxílio e socorro contra o rei da Assíria! Como nos livraremos deles?

A queda de Babilônia

21 1 Oráculo do deserto marítimo. Como um furacão desencadeado do meio-dia, assim vem isto do deserto, de uma terra horrível.
2
Uma visão sinistra me foi revelada: O salteador rouba, o destruidor devasta. Arroja-te, ó Elão, assaltai, ó medos; não tenhais piedade.
3
Por essa causa tenho os rins atenazados, e sou tomado de dores como uma mulher no parto. Atordoa-me o sofrimento, cega-me o terror;
4
minha razão desvaira, o terror me invade, e o crepúsculo desejado causa-me espanto.
5
Põem a mesa, estendem o tapete, comem e bebem... Alerta, capitães! Untai o escudo.
6
Porque o Senhor me disse: Vai postar uma sentinela! Que ela te anuncie o que vir!
7
Se vir uma fila de cavaleiros, dois a dois, uma fila de asnos, outra de camelos, que preste atenção, muita atenção.
8
E então grite: Eu vejo! Em meu posto de guarda, Senhor, eu me mantenho o dia inteiro; em meu observatório permaneço de pé todas as noites.
9
Eis que vem a cavalaria, cavaleiros dois a dois. Tomam a palavra e dizem-me: Caiu, caiu Babilônia! Todos os simulacros de seus deuses foram despedaçados contra a terra.
10
Ó povo meu, pisado, malhado como o grão, o que aprendi do Senhor dos exércitos, do Deus de Israel, eu te anuncio.

Contra Edom

11 Oráculo contra Edom. Gritam-me de Seir: Sentinela, em que pé está a noite? Sentinela, em que pé está a noite?
12
E a sentinela responde: A manhã chega, igualmente a noite. Se quereis sabê-lo, voltai a interrogar.
13
Oráculo das estepes. Passai a noite nas brenhas da estepe, caravanas de dedanitas;

Contra a Arábia

14 ide levar água àqueles que têm sede, habitantes da terra de Pemá, ide oferecer pão aos fugitivos.
15
Porque fogem diante das espadas, diante da espada nua, diante do arco retesado, diante do rude combate.
16
Porque eis o que me disse o Senhor: Ainda (um) ano, contado como os anos do mercenário, e desaparecerá o império de Cedar.
17
E só ficará um punhado dos valentes arqueiros, filhos de Cedar. O Senhor, Deus de Israel, o disse.

Contra Jerusalém

22 1 Oráculo do vale da Visão. Que tens, pois, para subir em multidão aos terraços,
2
cidade ruidosa, cidade turbulenta, cidade alegre! Teus mortos não foram transpassados pela espada, nem mortos em combate.
3
Todos os teus chefes escaparam e fugiram para longe; teus bravos foram feitos prisioneiros sem que tivessem estirado o arco.
4
Por isso eu digo: Não me olheis, deixai-me derramar lágrimas amargas, não procureis consolar-me da ruína de meu povo.
5
Porque este é um dia de derrota, de esmagamento e de confusão, enviado pelo Senhor, Deus dos exércitos. No vale da Visão abalam a muralha e gritam para a montanha.
6
Elão toma sua aljava, Arão monta a cavalo, Quir prepara o seu escudo.
7
Teus belos vales estão atravancados de carros, os cavaleiros postam-se às tuas portas:
8
tirou-se o véu de Judá! Nesse dia voltais os olhos para o arsenal do palácio da Floresta.
9
Olhais as brechas da cidade de Davi e vedes que elas são numerosas. Acumulais as águas da piscina inferior,
10
examinais as casas de Jerusalém e as demolis para consolidar a muralha.
11
Cavais um reservatório entre os dois muros para as águas da piscina velha. Mas não olhais para aquele que quis estas coisas, e não vedes aquele que as preparou já de há muito.
12
O Senhor Deus dos exércitos vos convida nesse dia a chorar e a dar brados de pesar, a raspar a cabeça e a cingir o cilício.
13
E eis que tudo se destina à alegria e ao prazer; matam bois, degolam carneiros, comem carne e bebem vinho: Comamos e bebamos, porque amanhã morreremos!
14
Porém o Senhor dos exércitos revelou-me: jamais este crime será perdoado sem que sejais mortos. Oráculo do Senhor, Deus dos exércitos.

Contra os dois oficiais do palácio

15 Contra Sobna, prefeito do palácio. Eis o que diz o Senhor, Deus dos exércitos: Vai ter com esse ministro,
16
que cava para si um sepulcro num lugar elevado, que talha para si uma morada na rocha. Que propriedade tens aqui, que parentes tens nela, para ousares cavar-te nela um sepulcro?
17
Eis que o Senhor te lança com força, ó grande homem, arremessa-te, rolando,
18
lançando-te como uma bola para uma terra vasta em todo o sentido. É lá que morrerás, lá será a tua famosa tumba! Ó vergonha da casa de teu senhor!


19 Depor-te-ei de teu cargo e arrancar-te-ei do teu posto.
20
Naquele dia chamarei meu servo Eliacim, filho de Helcias.
21
Revesti-lo-ei com a tua túnica, cingi-lo-ei com o teu cinto, e lhe transferirei os teus poderes; ele será um pai para os habitantes de Jerusalém e para a casa de Judá.
22
Porei sobre seus ombros a chave da casa de Davi; se ele abrir, ninguém fechará, se fechar, ninguém abrirá;
23
fixá-lo-ei como prego em lugar firme, e ele será um trono de honra para a casa de seu pai.


24 Dele estarão pendentes todos os membros de sua família, os ramos principais e os ramos menores, toda espécie de vasos, desde os copos até os jarros.
25
Porém, um belo dia, diz o Senhor dos exércitos, o prego, fincado em lugar firme, cederá, arrancar-se-á e cairá, e toda a carga que ele sustentava será feita em pedaços: palavra do Senhor.

Oráculos contra Tiro e Sidon

23 1 Oráculo contra Tiro. Lastimai-vos, navios de Társis, porque vosso porto foi destruído. Foi no regresso de Chipre que eles receberam a nova.
2
Estão estupefatos os habitantes da costa, o mercador de Sidon, o corredor do mar,
3
cujos mensageiros navegam ao largo. O grão de Sihor era a sua colheita, e sua renda era tirada do comércio das nações.
4
Envergonha-te, Sidon, porque o mar (a fortaleza do mar) te diz: Eu não concebi nem dei à luz. Não criei rapazes nem eduquei moças.
5
Quando o Egito receber esta nova, tremerá ao ter conhecimento da sorte de Tiro.
6
Passai a Társis, lastimai-vos, habitantes da costa.
7
Acaso não é a vossa cidade gloriosa, cuja origem remonta aos dias antigos, e que dirigia seus passos para se estabelecer ao longe?
8
Quem, pois, tomou essa decisão contra Tiro, essa cidade coroada, cujos mercadores eram soberanos, e os traficantes, fidalgos da terra?
9
Foi o Senhor dos exércitos quem o decidiu, para ferir o orgulho da nobreza e para aviltar os mais considerados da terra.
10
Cultiva agora a terra, filha de Társis, teu porto já não existe.
11
O Senhor estendeu a mão sobre o mar e abalou os reinos. Ele ordenou a destruição das fortalezas de Canaã.
12
E disse: Cessa de rejubilar-te, Sidon, filha desonrada! Levanta-te e vai estabelecer-te em Chipre! Mesmo lá, não terás repouso.
13
Reduziram-na a ruínas.
14
Lastimai-vos, navios de Társis, porque vosso porto foi destruído.
15
Naquele tempo, Tiro será esquecida durante setenta anos. No reinado de outro rei, ao fim de setenta anos, realizar-se-á para ela a canção da meretriz:
16
Toma a tua cítara, percorre a cidade, meretriz esquecida, toca com perfeição, canta a toda voz para que se lembrem de ti.
17
No fim de setenta anos, o Senhor visitará Tiro, e ela recomeçará a enriquecer-se, mantendo comércio com todos os reinos do mundo, em toda a superfície da terra.
18
Porém, os lucros, que lhe trouxer seu comércio, serão consagrados ao Senhor, em vez de serem entesourados; seu comércio aproveitará àqueles que habitam na presença do Senhor, a fim de que tenham com que se nutrir com abundância e se vestir magnificamente.

PROFECIAS APOCALÍPTICAS

O Juízo Universal

24 1 Eis que o Senhor devasta a terra e a torna deserta, transtorna a sua face e dispersa seus habitantes.
2
Isso acontece ao sacerdote como ao leigo, ao senhor como ao escravo, à senhora como à serva, ao vendedor como ao comprador, ao que empresta como ao que toma emprestado, ao credor como ao devedor.
3
A terra será totalmente devastada, inteiramente pilhada, porque o Senhor assim o decidiu.
4
A terra está na desolação, murcha; o mundo definha e esmorece, e os chefes do povo estão aterrados.
5
A terra foi profanada por seus habitantes, porque transgrediram as leis, violaram as regras e romperam a aliança eterna.
6
Por isso a maldição devora a terra e seus habitantes expiam suas penas; os habitantes da terra são consumidos, um pequeno número de homens sobrevive.
7
O mosto está triste, a vinha, murcha, e os que tinham o coração em alegria suspiram.
8
O som alegre dos tamborins cessou, os risos morreram e o som alegre da cítara calou-se.
9
Não se canta mais bebendo vinho. O licor é amargo ao bebedor.
10
A cidade desordenada está em ruínas, todas as casas fechadas, para que ninguém possa entrar nelas.
11
Gritam nas ruas: Não há mais vinho! Acabada a alegria, o regozijo foi banido da terra.
12
Na cidade só restam escombros e a porta arrombada está em pedaços,
13
pois isso acontece na terra, no meio dos povos, como com as oliveiras que alguém vareja, como com as uvas que, acabada a vindima, alguém rebusca.
14
Eles elevam a voz e cantam, do lado do mar aclamam a majestade do Senhor:
15
Glorificai, pois, ao Senhor, nas regiões da luz, e, nas ilhas do mar, o nome do Senhor, Deus de Israel.
16
Dos confins da terra, ouvimos cantar: Honra ao justo! Eu, porém, disse: Infeliz de mim, infeliz de mim! Ai de mim! Os salteadores saqueiam, os salteadores obstinam-se na pilhagem.
17
O terror, a fossa e a cilada vão apanhar-te, habitante da terra.
18
O que fugir para escapar do terror cairá na fossa, o que se livrar da fossa será preso no laço. Porque as comportas lá do alto abrir-se-ão e os fundamentos da terra serão abalados.
19
A terra é feita em pedaços: estala, fende-se, é sacudida,
20
cambaleia como um homem embriagado e balança como uma rede. Seus crimes pesam sobre ela, e ela cairá para não mais se levantar.
21
Naquele tempo o Senhor, lá do alto, examinará a milícia celeste e os reis do mundo, sobre a terra.
22
Serão amontoados como prisioneiros num calabouço, serão encerrados numa prisão, e, depois de muitos dias, serão castigados.
23
A lua corará de vergonha e o sol empalidecerá, porque o Senhor dos exércitos reinará sobre o monte Sião e em Jerusalém, e sua glória resplandecerá diante de seus anciãos.

Cântico de vitória

25 1 Senhor, vós sois meu Deus; exaltar-vos-ei e celebrarei vosso nome, porque executastes maravilhosos desígnios, concebidos, de há muito, com firme constância.
2
Reduzistes a cidade a um montão de pedras e a fortaleza a um acervo de ruínas. A cidadela dos orgulhosos está aniquilada e jamais será reconstruída.
3
Por isso um povo forte vos glorifica e a sociedade das nações valentes vos venera.
4
Porque vós sois refúgio para o fraco, refúgio para o pobre na sua tribulação, abrigo contra a tempestade e sombra contra o calor. (Porque o sopro dos tiranos é como uma tempestade de inverno,
5
como o calor sobre uma terra árida. Vós fazeis cessar o clamor dos tiranos, assim como cessa o calor à sombra de uma nuvem. O canto triunfal dos tiranos extinguir-se-á).


6 O Senhor dos exércitos preparou para todos os povos, nesse monte, um banquete de carnes gordas, um festim de vinhos velhos, de carnes gordas e medulosas, de vinhos velhos purificados.
7
Nesse monte tirará o véu que vela todos os povos, a cortina que recobre todas as nações,
8
e fará desaparecer a morte para sempre. O Senhor Deus enxugará as lágrimas de todas as faces e tirará de toda a terra o opróbrio que pesa sobre o seu povo, porque o Senhor o disse.


9 Naquele dia dirão: Eis nosso Deus do qual esperamos nossa libertação. Congratulemo-nos, rejubilemo-nos por seu socorro,


10 porque a mão do Senhor repousa neste monte, enquanto que Moab é pisada no seu lugar como pisada é a palha no monturo.


11 Aí estende as suas mãos como as estende o nadador para nadar. Porém, (o Senhor) abate o seu orgulho, e frustra-lhe o esforço das mãos.
12
Suas muralhas, soberbas e fortes, ele as faz cair e as arrasa até o rés-do-chão.

Cântico dos remidos

26 1 Naquele tempo será cantado este cântico na terra de Judá: Nós vimos uma cidade forte, em que se pôs por proteção muro e antemuro.
2
Abri as portas, deixai entrar um povo justo, que respeita a fidelidade,
3
que tem caráter firme e conserva a paz, porque tem confiança em vós.
4
Tende sempre confiança no Senhor, porque o Senhor é o rochedo perene.
5
Ele derrubou os que habitavam nas alturas e destruiu a cidade soberba; derrubou-a por terra e ao nível do chão a reduziu.
6
Ela é calcada aos pés pela plebe, sob os passos dos indigentes.


7 O caminho do justo é reto; vós aplanais a senda do justo.
8
Seguindo a vereda de vossos juízos, Senhor, nós vos esperamos; por vosso nome e vossa memória nossa alma aspira.
9
Minha alma vos deseja durante a noite e meu espírito vos procura desde a manhã. Quando vossos juízos se exercem sobre a terra, os habitantes do mundo aprendem a justiça.


10 Porém, se se perdoar o ímpio, ele não aprenderá a justiça; na terra da retidão ele se entregará ao mal e não verá a majestade do Senhor.
11
Senhor, vossa mão está levantada sem que o percebam. Que vejam vosso ardente amor por vosso povo, e sejam confundidos; e que o fogo, bom para os vossos inimigos, os devore.


12 Senhor, proporcionai-nos a paz! Pois vós nos tendes tratado segundo o nosso procedimento.


13 Senhor, nosso Deus, outros senhores, além de vós, nos têm dominado, mas não queremos reconhecer outro senão vós.
14
Os mortos não reviverão, as sombras não ressuscitarão, porque vós os castigastes e destruístes e apagastes até sua memória.
15
Aumentai a nação, Senhor (aumentai a nação), manifestai vossa grandeza, e dilatai as fronteiras da nação.


16 Senhor, na tribulação, nós vos buscamos, e clamamos a vós na angústia em que vosso castigo nos abate.
17
Como uma mulher grávida, prestes a dar à luz, se retorce e grita em suas dores, assim estamos diante de vós, Senhor:
18
nós concebemos e sofremos para dar à luz (o vento), sem poder dar a salvação à nossa terra; não nasceram novos habitantes no mundo.
19
Que os vossos mortos revivam! Que seus cadáveres ressuscitem! Que despertem e cantem aqueles que jazem sepultos, porque vosso orvalho é um orvalho de luz e a terra restituirá o dia às sombras.


20 Vai, povo meu, entra nos teus quartos, fecha atrás de ti as portas. Esconde-te por alguns instantes até que a cólera passe,
21
porque o Senhor vai sair de sua morada para punir os crimes dos habitantes da terra; porque a terra fará brotar o sangue que ela bebeu, e não ocultará mais os corpos dos assassinados.



Isaiah (BAV) 12