Ezekiel (BAV) 21

A espada vingadora do Senhor

21 1 A palavra do Senhor foi-me dirigida nestes termos:
2
filho do homem, volta-te para a direita e profere um oráculo para o sul, um oráculo contra a floresta do meio-dia.
3
Dize à floresta meridional: escuta a palavra do Senhor: eis o que diz o Senhor Javé: vou acender em tuas matas um fogo que devorará toda árvore verde e toda árvore seca. Uma chama ardente, que não se extinguirá, e queimará todos os rostos do sul ao norte.
4
Todo ser vivo verá que sou eu o Senhor que acendi esse fogo. Ele não se extinguirá.
5
Exclamei então: ah! Senhor Javé, dir-se-á de mim que falo sempre por parábolas!
6
A palavra do Senhor foi-me dirigida nestes termos:
7
filho do homem, volta-te para Jerusalém e profere um oráculo contra o santuário, um oráculo contra a terra de Israel.
8
Dize-lhe: eis o que diz o Senhor: vou castigar-te, vou tirar a minha espada da bainha para separar de ti o justo e o perverso.
9
É porque quero exterminar do teu meio o justo e o malévolo que de sul a norte desembainhei a espada contra todo homem.
10
E todo ser vivo saberá que sou eu o Senhor que desembainharei a espada; e não mais a guardarei.
11
Por isso, tu, filho do homem, põe-te a lamentar, com o coração partido; lança, em presença deles, amargos gemidos.
12
Se te perguntarem porque gemes, responderás: é por causa da novidade, que está iminente, e que fará amargurar todos os corações, cair todos os braços, divagar todos os espíritos, dobrar todos os joelhos. Ei-la que chega: ela está aí - oráculo do Senhor Javé!
13
A palavra do Senhor foi-me dirigida nestes termos:
14
filho do homem, pronuncia o seguinte oráculo: assim fala o Senhor: dize: A espada! A espada está afiada e polida.
15
Afiada, para o massacre; polida, a ponto de desprender clarões: então haveremos de alegrar-nos? O cetro do meu filho sobrepuja todo madeiro.
16
Deu-se-lhe polimento para empunhá-la na mão; está ela aguçada e limpa para ser entregue ao degolador.
17
Grita, filho do homem, clama, porque foi tirada contra o meu povo, contra todos os príncipes de Israel, que foram entregues ao gládio com meu povo. Fere-te pois a coxa!
18
É uma prova: que há com o cetro desprezado que não mais existe? Oráculo do Senhor Javé.
19
E tu, filho do homem, profetiza, bate as mãos! Que a espada seja dobrada, triplicada! É a espada da carnificina, a espada do grande morticínio que os ameaça de todo lado!
20
Para fazer fundir os corações, para multiplicar as vítimas, diante de todas as portas, assestei a espada para a carnificina; ela está prestes a desprender clarões, ela está afiada para a matança.
21
Volta-te para trás, à direita e à esquerda, diante de ti:
22
também eu vou bater palmas, vou fartar meu furor, sou eu, o Senhor, que o digo!
23
A palavra do Senhor foi-me dirigida nestes termos:
24
filho do homem, traça dois caminhos que partam ambos do mesmo lugar, para que possa passar a espada do rei de Babilônia.
25
À entrada do caminho, que conduz à cidade, põe um sinal. Traçarás, para a passagem da espada, um caminho para Rabat dos amonitas, e outro para Judá e a fortaleza de Jerusalém,
26
porque o rei de Babilônia se detém na encruzilhada do caminho, à frente dos dois caminhos, para consultar a sorte: ele agita as flechas, interroga os ídolos domésticos, examina o fígado das vítimas.
27
Em sua mão direita, detém ele a sorte que designa Jerusalém, para aí colocar os carneiros, para aí dar ordens de carnificina e arrancar gritos de guerra, para conduzir os aríetes contra as portas, para suspender terraços e construir torres.
28
Isso significa aos olhos (dos habitantes) de Jerusalém um presságio mentiroso. Prestaram juramento, mas o rei de Babilônia lhes recorda a lembrança de suas iniqüidades, mandando capturá-los.
29
E por isso, que o que diz o Senhor Javé: uma vez que trazeis à memória os vossos delitos, manifestando as vossas faltas, revelando os vossos pecados em todos os vossos atos, já que vos recordais, sereis castigados.
30
Quanto a ti, príncipe de Israel, vil e ímpio, cujo dia é chegado com o término da iniqüidade,
31
eis o que diz o Senhor Javé: Deixa essa tiara; larga essa coroa; tudo vai mudar. Vai-se exaltar o que é baixo, e abaixar o que é elevado.
32
Ruína, ruína e ruína! Eis o que dela farei; será aniquilada até que isso aconteça àquele a quem pertence o julgamento, e ao qual eu a entregarei.
33
E tu, filho do homem, profetiza: Eis o que diz o Senhor Javé em relação aos amonitas e seus ultrajes. Dize: a espada está desembainhada para a matança, afiada para o massacre, a ponto de desprender clarões,
34
enquanto te entregas a visões mentirosas e a oráculos enganadores, para pô-la na garganta dos cadáveres dos ímpios, cujo dia é chegado com o fim da iniqüidade.
35
Põe-na em tua bainha. É no lugar onde foste criado, tua terra natal, que te irei julgar.
36
Sobre ti desencadearei a minha cólera; soprarei sobre ti o fogo do meu furor; eu te entregarei nas mãos de homens brutais, artífices de destruição.
37
Serás presa das chamas; teu sangue correrá no meio da terra; não se recordará mais de ti, porque sou eu o Senhor, que falei.

Crimes atuais de Jerusalém

22 1 A palavra do Senhor foi-me dirigida nestes termos:
2
E tu, filho do homem, não julgarás, não julgarás esta cidade sanguinária? Faze-lhe conhecer todas as suas abominações.
3
Dize-lhe: eis o que diz o Senhor Javé: ah! cidade que espalhas o sangue em tuas ruas para que chegue a tua hora, que eriges ídolos para te sujares,
4
pelo sangue que tens derramado tu te tornaste culpada e te poluíste pelos teus ídolos que talhaste; precipitaste a tua hora, adiantaste o termo de teus anos. Por isso vou abandonar-te aos ultrajes das nações, e ao escárnio de todos os países.
5
Próximos ou distantes, eles zombarão de ti, cidade cujo nome é odioso, cidade cheia de desordens.
6
Vê: os príncipes de Israel estão em ti ocupados, cada um por si, a derramar sangue.
7
Em ti, desprezam-se pai e mãe, violenta-se o hóspede estrangeiro, maltratam-se o órfão e a viúva.
8
Tens aviltado meus santuários e profanado os meus sábados.
9
Há em ti delatores que fazem derramar sangue; gente de tua casa que vai comer na montanha. Cometem-se infâmias no meio de ti:
10
descobre-se a nudez de seu pai, faz-se violência à mulher durante o período da menstruação;
11
um comete horrores com a mulher do próximo, outro desonra incestuosamente sua nora, outro viola sua irmã, filha de seu pai.
12
Em ti aceitam-se presentes para derramar sangue, tu recebes a usura e os juros, fazes violência ao próximo para despojá-lo; e a mim tu me esqueces - oráculo do Senhor Javé.
13
Muito em breve, porém, vou bater palmas devido às pilhagens que tens feito e ao sangue em ti derramado.
14
Poderá resistir teu coração, tuas mãos poderão agüentar, ao chegarem os dias em que eu me levantar contra ti? Sou eu, o Senhor, que o digo, e que o executarei.
15
Eu te disseminarei entre as nações, te dispersarei através dos povos. Limparei totalmente a tua mancha,
16
serás aviltada, por tua culpa, aos olhos das nações, e reconhecerás assim que sou eu o Senhor.
17
A palavra do Senhor foi-me dirigida nestes termos:
18
Filho do homem, a casa de Israel tornou-se para mim escória. São todos (como) cobre, estanho e ferro e chumbo no cadinho: são escória da prata.
19
Por isso, eis o que diz o senhor Javé: já que todos vós sois escórias, vou reunir-vos em Jerusalém.
20
Do mesmo modo como se ajunta no meio do forno a prata, o cobre, o ferro, o chumbo e o estanho, e como se atiça o fogo sobre eles para fundi-los, do mesmo modo, no furor da minha cólera, eu vos amontoarei todos juntos lá para vos fazer fundir.
21
Eu vos reunirei e atiçarei sobre vós o fogo do meu furor, para vos fazer fundir em Jerusalém.
22
Semelhantes à prata, que se funde no cadinho, sereis fundidos no meio da cidade e assim reconhecereis que sou eu, o Senhor, que desencadeei sobre vós o meu furor.
23
A palavra do Senhor foi-me dirigida nestes termos:
24
filho do homem, dize a Jerusalém: és uma terra que não recebeu nem chuva nem aguaceiro, na estação da cólera.
25
Há em teu seio uma conspiração de príncipes. Como o leão que ruge, que arrebata a presa, eles devoram as pessoas, tomam-lhes os bens e as riquezas, e multiplicam as viúvas.
26
Seus sacerdotes violam a minha lei, profanam o meu santuário, tratam indiferentemente o sagrado e o profano e não ensinam a distinguir o que é puro do que é impuro; fecham os olhos para não ver os meus sábados; no meio deles a minha santidade é profanada.
27
Seus chefes lá estão como lobos que despedaçam a presa, derramando sangue, perdendo vidas para tirar proveitos.
28
Seus profetas cobrem tudo com uma argamassa: têm visões de mentira e oráculos enganadores. Dizem: eis o que diz o Senhor, quando o Senhor nada disse.
29
A população da terra se entrega à violência e à rapina, à opressão do pobre e do indigente, e às vexações injustificáveis contra o estrangeiro.
30
Tenho procurado entre eles alguém que construísse o muro e se detivesse sobre a brecha diante de mim, em favor da terra, a fim de prevenir a sua destruição, mas não encontrei ninguém.
31
Por isso vou desencadear sobre eles o meu furor e exterminá-los no fogo da minha exasperação; farei cair sobre eles o peso de sua conduta - oráculo do Senhor Javé.

Oolá e Ooliba

23 1 A palavra do Senhor foi-me dirigida nestes termos:
2
Filho do homem: era uma vez duas mulheres, filhas de uma mesma mãe.
3
Elas se prostituíram no Egito e se desonraram ainda jovens. Lá foram apertados os seus peitos, lá foi apalpado o seu seio virginal.
4
A mais velha chamava-se Oolá, e sua irmã Ooliba; pertenceram a mim, e me deram filhos e filhas. (Seus nomes: Oolá é Samaria; Ooliba, Jerusalém.)
5
Oolá foi infiel e tornou-se louca de amores por seus amantes: os assírios, vizinhos dela,
6
vestidos de púrpura, governadores e chefes, jovens sedutores, cavaleiros montados.
7
Ela prodigalizou seus encantos a essa elite dos assírios, e, junto de todos esses por quem se achava seduzida, maculou-se com seus ídolos.
8
Não renunciou às suas devassidões do Egito, desde o tempo em que haviam dormido com ela ainda jovem, e acariciando os seus seios virginais, cobrindo-a de torpezas;
9
por isso, entreguei-a a seus amantes, os assírios, por quem ela ansiava;
10
eles descobriram-lhe a nudez, tomaram seus filhos e filhas, e a degolaram a golpes de espada. Foi um exemplo para as mulheres, porque justiça lhe foi feita.
11
Sua irmã Ooliba havia sido testemunha disso; ela porém foi piorando em seus amores, e foi ainda mais depravada que sua irmã.
12
Prostituiu-se aos assírios, governadores e chefes, seus vizinhos, esplendidamente vestidos, cavaleiros montados, jovens sedutores.
13
Vi que também ela se desonrava, seguiam ambas o mesmo caminho.
14
Ela, todavia, foi mais longe em suas depravações; quando viu homens desenhados no muro, figuras dos caldeus pintados a vermelho,
15
levando cintos sobre os rins e tiaras na cabeça, todos como grandes senhores, retratos de babilônios saídos da Caldéia,
16
ela se apaixonou por eles ao primeiro olhar, e enviou-lhes mensageiros à Caldéia.
17
E os filhos de Babilônia a ela vieram, para o leito de seus amores; conspurcaram-na com suas devassidões. Apenas foi aviltada, seu coração sentiu ódio deles.
18
Mas, como havia patenteado suas sem-vergonhices e descoberto sua nudez, eu me desgostei dela, como me havia magoado de sua irmã,
19
porque ela multiplicou os seus desregramentos, lembrando o tempo de sua mocidade, quando ela se desonrava no Egito.
20
Ela ardeu ali em amor por luxuriosos, cujo membro era como um membro de asno, e sua lubricidade igual à dos cavalos.
21
Voltaste às licenciosidades de tua juventude, do tempo em que os egípcios apertavam teus peitos, e afagavam teu seio juvenil;
22
e, devido a isso, Ooliba, eis o que diz o Senhor Javé: eu vou excitar contra ti todos os amantes dos quais te desgostaste; vou trazê-los contra ti de todos os lados:
23
os babilônios, e os caldeus, e Pecod, e Choa, e Coa, com eles os assírios jovens e belos, todos os governadores e chefes, guerreiros e cavaleiros montados,
24
que marcharão contra ti com armas, carros e carruagens, e toda uma multidão de povos. Eles levantarão escudos e couraças contra ti de todos os lados; e eu lhes entrego o teu julgamento; procederão de conformidade com as suas leis.
25
Eu desencadeio meu ciúme contra ti; eles te tratarão com fúria e te cortarão o nariz e as orelhas; os que restarem dos teus perecerão pela espada. Eles tomarão teus filhos e filhas; o resto será devorado pelo fogo,
26
Despojar-te-ão de tuas vestes, levarão tuas jóias.
27
Assim porei fim a teus crimes, e a tuas depravações começadas no Egito; não mais levantarás os olhos para eles, não mais te hás de lembrar do Egito.
28
Pois eis o que diz o Senhor Javé: vou entregar-te àqueles que odeias, de quem te desgostaste; eles hão de tratar-te odiosamente.
29
Arrebatarão o fruto do teu trabalho; eles te deixarão nua, descoberta, expondo a vergonha de tuas impudicícias, depravações e prostituições.
30
Eis o que te sucederá devido às tuas luxúrias com as nações, e tuas depravações com os ídolos.
31
Seguiste o mesmo caminho que tua irmã, e devido a isso eu porei o seu cálice em tua mão.
32
Eis o que diz o Senhor Javé: beberás o cálice de tua irmã, cálice largo e profundo, que provocará motejo e riso, tamanha é a sua dimensão.
33
ficarás cheia de embriaguez e de dor: é uma taça de entorpecimento e terror, a taça de tua irmã Samaria.
34
Bebe-a! Esvazia-a! Morderás até os cacos, e te rasgarão os seios. Sou eu que o digo - oráculo do Senhor Javé.
35
Pois, eis o que diz o Senhor Javé: porque tu me esqueceste e lançaste atrás das costas, carregarás tu também o peso de tua criminosa prostituição.
36
Disse-me o Senhor: filho do homem, não vais julgar Oolá e Ooliba, e denunciar-lhes as abominações?
37
Elas cometeram adultério, há sangue em suas mãos; elas fornicaram com os ídolos; e os filhos a quem deram à luz fizeram-nos passar pelo fogo para queimá-los.
38
Eis ainda o que me fizeram: desonraram o meu santuário e profanaram os meus sábados.
39
No mesmo dia em que imolaram seus filhos a seus ídolos, penetraram em meu santuário para profaná-lo, eis o que fizeram em minha própria casa.
40
Fizeram mais. Mandaram buscar homens de terras longínquas, os quais acorreram, logo que receberam a mensagem; para eles, tu te banhaste, pintaste os olhos, puseste os teus adornos.
41
Tu te assentaste sobre um leito aparatoso, em frente ao qual estava preparada uma mesa, onde tu tinhas posto o meu incenso e o meu óleo;
42
ouvia-se o barulho de uma multidão satisfeita; a essa massa de homens se juntavam os bêbados do deserto, que metiam braceletes nas mãos (das duas irmãs) e coroas esplêndidas em suas cabeças.
43
Então disse eu àquela que envelhecera nos adultérios: Pois ela, também ela, prossegue ainda em suas depravações!
44
Entram pela casa dela como pela de uma prostituta. É assim que freqüentavam Oolá e Ooliba, essas mulheres perdidas!
45
Os justos, porém, vão julgá-las, como se faz com as adúlteras, e com aquelas que derramam sangue, porque são, de fato, adúlteras; suas mãos estão manchadas de sangue.
46
Pois eis o que diz o Senhor Javé: Que suba contra elas uma assembléia! Sejam entregues à exação e à pilhagem!
47
Que se reúna o povo para apedrejá-las, e cortá-las em pedaços pela espada. Que se matem seus filhos e suas filhas, e sejam incendiadas suas moradas!
48
Dessa forma, porei termo aos crimes da terra, e todas as mulheres aprenderão a não imitar vossa luxúria.
49
Recairão sobre vós as vossas devassidões, e carregareis o peso da vossa idolatria. Conhecereis, assim, que sou eu o Senhor Javé.

Parábolas dobre o cerco de Jerusalém

24 1 No nono ano, no décimo dia do décimo mês, a palavra do Senhor foi-me dirigida nestes termos:
2
filho do homem, anota por escrito a data de hoje, pois neste dia o rei de Babilônia ataca Jerusalém.
3
Expõe contra essa raça rebelde esta parábola: eis o que diz o Senhor Javé:
4
Prepara a panela, põe-na no fogo, põe água dentro dela; coloca pedaços dentro, todos pedaços escolhidos, coxa e espádua, enche-a com os melhores ossos;
5
toma as mais belas cabeças do rebanho; amontoa lenha debaixo da panela e faze-a ferver aos borbotões, até que fiquem cozidos os ossos que estão dentro dela.
6
Eis o que diz o Senhor Javé: ai da cidade sanguinária! Panela enferrujada, de onde a ferrugem não pode ser tirada. Despeja-a, bocado por bocado, sem tirar à sorte.
7
O sangue que derramou está ainda no meio dela; ela o derramou sobre a rocha nua, e não na terra, para cobri-lo de poeira.
8
Foi para excitar o meu furor e para que a vingança seja cumprida, que espalhei seu sangue sobre a rocha nua, para que ele não ficasse escondido.
9
Por isso, eis o que diz o Senhor Javé: ai da cidade sanguinária! Também eu vou fazer grande fogueira;
10
amontoa a lenha, atiça o fogo, cozinha bem a carne, prepara o tempero, que os ossos sejam torrados!
11
Em seguida, põe a panela vazia nas brasas, para que ela fique bem quente, e vermelho o seu metal; que seja fundida a sua imundície e tirada a sua ferrugem.
12
Baldados, porém, são os esforços. A massa da ferrugem não sai. (Lance-se) ao fogo essa ferrugem!
13
Devido à imundície de teu proceder, eu quis purificar-te; todavia, como não estás purificada, não recobrarás a tua pureza até que eu tenha fartado sobre ti o meu furor.
14
Sou eu, o Senhor, que o digo: isso sucederá, eu farei isso sem hesitação, sem piedade, sem remorso. Serás julgada de acordo com teu comportamento e teus atos - oráculo do Senhor Javé.


15 A palavra do Senhor foi-me dirigida nestes termos:
16
filho do homem, vou levar subitamente de ti aquela que faz a delícia de teus olhos. Tu, porém, não darás gemido algum de dor, não chorarás, não deixarás tuas lágrimas correrem.
17
Suspira em silêncio, não celebres o luto habitual dos mortos; conserva o teu turbante na cabeça, põe o calçado nos pés, não cubras a tua barba, não comas o pão das gentes.
18
De manhã, eu me dirigi ao povo; à tarde, minha mulher morreu. No dia seguinte, fiz o que fora prescrito.
19
Disse-me o povo: Não irás explicar-nos o que significa esse teu modo de proceder?
20
Respondi: A palavra do Senhor foi-me dirigida nestes termos:
21
Faze esse discurso aos israelitas: eis o que diz o Senhor Javé: vou profanar o meu santuário, o orgulho de vosso poderio, a alegria de vossos olhos, o objeto do vosso amor; vossos filhos e vossas filhas, que deixastes, vão cair sob a espada.
22
Fareis então como acabo de fazer; não cobrireis a vossa barba, não comereis o pão das gentes;
23
conservareis os vossos turbantes na cabeça, e trareis os pés calçados; não poreis luto e não chorareis. Entretanto, definhareis por causa das vossas iniqüidades e gemereis uns com os outros.
24
O que Ezequiel está fazendo será para vós um sinal. Quando isso acontecer, fareis exatamente do mesmo modo como ele fez, e sabereis que sou eu o Senhor Javé.


25 Quanto a ti, filho do homem, no dia em que eu tirar o que faz a sua fortaleza, sua gloriosa arrogância, a alegria dos seus olhos e o objeto do seu amor, seus filhos e suas filhas,
26
naquele dia, digo, um fugitivo virá anunciar-te a nova,
27
naquele dia tua boca se abrirá para falar com aquele que escapou; teu mutismo cessará, falarás. Tua atitude será para eles um símbolo, e conhecerão que sou eu o Senhor Javé.

III - ORÁCULOS CONTRA AS NAÇÕES (25-32)

Oráculo contra os amonitas

25 1 A palavra do Senhor foi-me dirigida nestes termos:
2
filho do homem, volta a tua face para os amonitas e profetiza contra eles.
3
Dize-lhes: escutai a palavra do Senhor Javé: Eis o que diz o Senhor Javé: Porque disseste: Ah! Ah! quando da profanação do meu santuário, quando da devastação da terra de Israel,e da deportação da casa de Judá,
4
por isso, vou entregar-te aos filhos do Oriente, que estabelecerão em tua morada os seus acampamentos e plantarão aí as suas tendas. Eles comerão teus frutos, beberão teu leite.
5
Farei de Rabat um parque de camelos, e da terra dos amonitas um aprisco de ovelhas; assim sabereis que sou eu o Senhor.
6
Eis o que diz o Senhor Javé: Porque bateste palmas e bateste com o pé, e porque manifestaste riso e desdém pela terra de Israel,
7
por isso, vou estender minha mão contra ti, entregar-te à pilhagem das nações, suprimir-te dentre os povos, expulsar-te de tua casa e aniquilar-te. Assim saberás que eu sou o Senhor.
8
Eis o que diz o Senhor Javé: Visto que Moab e Seir dizem: A casa de Judá é igual a todas as demais nações,
9
eu vou, eu mesmo, abrir o flanco de Moab, arrebatando suas cidades, todas as cidades do seu território, o ornamento da terra: Bet-Jechimot, Baal-Meon e Quiriat-Aim.
10
Eu o dou, assim como a terra dos amonitas, em possessão aos filhos do Oriente, a fim de que Amon não mais seja mencionado entre as nações.
11
Assim exercerei meu juízo sobre Moab, e ficarão sabendo que eu sou o Senhor.

Oráculo contra os edomitas

12 Eis o que diz o Senhor Javé: Já que Edom exerceu sua vingança contra a casa de Judá, e se tornou culpado, tomando vingança,
13
por isso - oráculo do Senhor Javé - vou estender a mão contra Edom, exterminar dele animais e homens, e transformá-lo num deserto; em seguida, desde Temã até Dedã, tombarão sob o gládio.
14
Exercerei minha vingança contra Edom pela mão de Israel, meu povo, que os tratará segundo o meu furor, e eles saberão o que vale minha vingança - oráculo do Senhor Javé.

Oráculo contra os filisteus

15 Eis o que diz o Senhor Javé: Já que os filisteus exerceram vingança, usaram de cruéis represálias, com o coração cheio de desprezo, e em seu ódio inveterado procuraram destruir tudo,
16
por isso - oráculo do Senhor Javé - estenderei a mão sobre eles, exterminarei os cretenses, e farei perecer o que resta do litoral; exercerei sobre eles uma vingança terrível, furiosos castigos; e, quando eu executar sobre eles a minha vingança, saberão que eu sou o Senhor.

Oráculo contra Tiro

26 1 No décimo primeiro ano, no primeiro dia do... mês, a palavra do Senhor foi-me dirigida nestes termos:
2
Filho do homem, sabes o que Tiro disse de Jerusalém: Ah! Ah! Ei-la quebrada, a porta dos povos. É para mim que ela vai voltar-se; vou me enriquecer; ela foi devastada!
3
Por isso, eis o que diz o Senhor Javé: Tiro, é contra ti que irei: vou suscitar contra ti nações tão numerosas quanto as ondas que levanta o mar;
4
elas destruirão os muros de Tiro e demolirão as torres, varrerei dela o pó, e dela farei uma rocha desnuda;
5
ela será, no meio do mar, um lugar onde se estendem as redes. Sou eu quem o declara - oráculo do Senhor Javé. Ela será a presa das nações.
6
Suas filhas, em terra firme, serão mortas pelo gládio; e se reconhecerá que sou eu o Senhor.
7
Eis o que diz o Senhor Javé: Do norte, mando contra Tiro Nabucodonosor, rei de Babilônia, o rei dos reis, com parelhas, carros, cavaleiros e massa enorme de tropas.
8
Ele matará pela espada tuas filhas, que estão em terra firme, comandará o bloqueio contra ti, construirá aterros contra ti, e contra ti empunhará o escudo.
9
Quebrará teus muros a golpes de aríetes, com seus engenhos demolirá tuas torres.
10
Tão numerosos são os seus cavalos, que sua poeira te envolverá. Tremerão as tuas muralhas aos embates de seus cavaleiros, das engrenagens de seus carros, quando ele entrar por tuas portas, como se entra em uma cidade conquistada.
11
Com os pés dos seus cavalos calcará todas as tuas ruas, passará teu povo a fio de espada; teus imponentes obeliscos religiosos serão arremessados por terra.
12
Serão pilhadas as tuas riquezas, pilharão tuas mercadorias, serão demolidas as tuas muralhas, arrasados os teus luxuosos palácios; tuas pedras, tua madeira, tua caliça serão lançadas ao mar.
13
Farei calar a voz dos cânticos, não mais se escutará o som das tuas harpas.
14
Farei de ti uma rocha nua, um lugar onde se estendem redes; tu não serás jamais reconstruída. Sou eu, o Senhor, que o digo - oráculo do Senhor Javé.
15
Eis o que diz a Tiro o Senhor Javé: Ao estrondo de tua queda, quando estiverem gemendo os feridos, e quando se proceder à mortandade em teu seio, as ilhas tremerão.
16
Descerão do seu trono os príncipes do mar, deporão seus mantos, deixarão suas vestimentas bordadas, para demonstrar o seu espanto, para se assentarem no chão, e, consternados com o que virem, tremerão sem parar.
17
Proferirão a teu respeito este cântico fúnebre: Como pereceste, habitante dos mares? Cidade altiva, tão poderosa no mar, com os teus habitantes, que se faziam temer por todos os povos marítimos!
18
Eis que tremem as ilhas desde o dia de tua queda; as ilhas do mar estão aterrorizadas com o teu destino.
19
Eis o que diz o Senhor Javé: quando eu tiver feito de ti uma cidade deserta, semelhante às cidades despovoadas, quando eu tiver feito com que o abismo venha sobre ti, e as grandes águas te houverem coberto,
20
precipitar-te-ei como os que descem à fossa, com as gentes de outrora; instalar-te-ei nas moradas infernais, nas solidões eternas, com os que descem ao túmulo, a fim de que não sejas mais habitada, (quando) eu devolver o esplendor à terra dos vivos.
21
De ti farei objeto de horror; não mais existirás; e, quando alguém te procurar, não mais serás encontrada - oráculo do Senhor Javé.

Cântico funebre sobre a queda de Tiro

27 1 A palavra do Senhor foi-me dirigida nestes termos:
2
tu, filho do homem, entoa um cântico fúnebre sobre Tiro.
3
Dize à cidade de Tiro, assentada à borda do mar, comerciando com os povos de inumeráveis ilhas: Eis o que diz o Senhor Javé: Tiro, tu dizias: sou um navio de perfeita beleza.
4
No coração do mar está o teu domínio, teus construtores acabaram o teu esplendor.
5
Fizeram a tua quilha com cipreste de Senir, tomaram um cedro do Líbano para te fazerem um mastro;
6
com carvalhos de Basã te fizeram os remos. Teus bancos eram de marfim, incrustados em madeira das ilhas de Quitim.
7
Teu velame era de linho do Egito, tecido para te servir de pavilhão: a púrpura violeta e o escarlate das ilhas de Elisa formavam a tua tenda.
8
As gentes de Sidon e de Arvad eram teus remadores, os mais hábeis de Sêmer te serviam de pilotos.
9
Os velhos de Gebal, experientes, lá estavam, para consertar as tuas fendas. Todos os navios do mar, com seus marujos, vinham a ti para fazer o tráfico.
10
As gentes da Pérsia, de Lud e de Put serviam em teu exército, suspendiam em ti o escudo e o capacete, davam-te prestígio.
11
Os filhos de Arvad e teu exército guarneciam tuas muralhas e os gamadianos estavam de prontidão sobre tuas torres; penduravam os seus escudos em toda a extensão dos teus muros e completavam a tua beleza.
12
Társis negociava contigo toda espécie de riqueza, pagando as tuas mercadorias com prata, ferro, estanho e chumbo.
13
Javã, Tubal e Méchec traficavam contigo e te traziam, à guisa de moedas de câmbio, escravos e objetos de bronze.
14
As gentes de Togorma pagavam com cavalos de raça, cavalos de sela e mulas.
15
As de Dedã traficavam contigo, teu mercado se estendia a inúmeras praias, e te davam em pagamento presas de marfim e de ébano.
16
Edom fazia contigo comércio de uma multidão de víveres, e te pagava com rubis, púrpura, bordados, linho fino, corais e rubis.
17
Judá e Israel também traficavam contigo e te forneciam trigo de Minit, cera, mel, azeite e bálsamo.
18
Damasco era teu cliente devido à multidão dos teus produtos e de tuas variadas riquezas, e pagava em vinho de Helbon e lã de Sahar.
19
Dã e Javã, de Uzal, te forneciam ferro polido, cássia e cana aromática, como mercadoria de troca.
20
As gentes de Dedã faziam contigo comércio de mantas para cavalo.
21
A Arábia e todos os príncipes de Quedar traficavam contigo com cordeiros, carneiros e bodes.
22
Os mercadores de Sabá e de Reema faziam negócios contigo e te pagavam com perfumes de primeira qualidade, com gemas de todo gênero e com ouro.
23
Harã, Quene, Éden, os mercadores de Sabá, da Assíria e Quelmad faziam negociação contigo,
24
de objetos de luxo, mantos de púrpura ou bordados, tecidos de variegadas cores, sólidas cordas trançadas, que serviam de objeto de troca.
25
Navios de Társis vogavam a serviço de teus negócios. Ficaste cheia, ficaste por demais pesada, no seio dos mares!
26
Conduziram-te os teus remeiros até as grandes águas... O vento do Oriente quebrou-te no coração do mar.
27
Tuas riquezas, teus víveres, teus produtos, teus marinheiros e pilotos e consertadores de navios e corretores, todos os guerreiros que possuías contigo, e a multidão que tinhas a bordo foram tragados pelo mar no dia do teu naufrágio.
28
Aos gritos dos teus marujos tremeram as plagas;
29
então desceram do navio todos os remadores. Os marinheiros, os pilotos do mar ficaram em terra.
30
Eles fazem ouvir sobre ti o seu pranto com gritos amargos. Cobrem sua cabeça com poeira e rolam na cinza;
31
rapam a cabeça por tua causa, vestem sacos; eles te choram, com o coração angustiado, em amarga lamentação!
32
Em sua aflição, entoarão uma ode fúnebre sobre teus males, e a seguinte elegia: Quem era semelhante a Tiro, agora emudecida no meio do mar?
33
Quando os teus comerciantes saíam das ondas, abastecias os povos. Pela multidão das tuas riquezas e de teus víveres tu enriquecias os reis da terra.
34
Agora, que naufragaste no mar, sepultada no fundo das ondas, tua carga e teu equipamento estão sepultados contigo.
35
Todos os habitantes das ilhas estão apavorados com o que te aconteceu. Seus reis estão tomados de terror, sua fronte está abatida.
36
Os mercadores dos povos estrangeiros assobiam, ao ver-te; és objeto de terror, aniquilada para sempre!

Elegia ao rei de Tiro

28 1 A palavra do Senhor foi-me dirigida nestes termos:
2
filho do homem, dize ao príncipe de Tiro: Eis o que diz o Senhor Javé: Teu coração elevou-se; tu disseste: sou um deus assentado sobre um trono divino no coração do mar. Quando não passas de um homem e não és um deus, tu te julgas em teu coração igual a Deus.
3
Sem dúvida, eis-te mais sábio que Daniel, nenhum mistério te é obscuro.
4
É por tua sutil inteligência que adquiriste bens, e cumulaste ouro e prata em teus tesouros.
5
Por tua grande habilidade comercial tens aumentado as tuas riquezas, e teu coração se ensoberbeceu.
6
Por causa disso, eis o que diz o Senhor Javé: já que em teu coração te julgas igual a Deus,
7
farei vir contra ti os estrangeiros, os mais brutais de todos os povos, que tirarão a espada contra os esplendores de tua sabedoria, e empanarão o teu brilho.
8
Far-te-ão descer à fossa, morrerás como um decapitado no coração do mar.
9
Dirás ainda diante do algoz: sou um deus, quando tu não és senão um homem (e não um deus) nas mãos do teu assassino?
10
Morrerás da morte de um incircunciso, sob os golpes do estrangeiro, sou eu que o digo - oráculo do Senhor Javé.

Ode funebre ao rei de Tiro

11 A palavra do Senhor foi-me dirigida nestes termos:
12
filho do homem, entoa um cântico fúnebre sobre o rei de Tiro, e dize-lhe: Eis o que diz o Senhor Javé: Eras um selo de perfeição, cheio de sabedoria, de uma beleza acabada.
13
Estavas no Éden, jardim de Deus, estavas coberto de gemas diversas: sardônica, topázio e diamante, crisólito, ônix e jaspe, safira, carbúnculo e esmeralda; trabalhados em ouro. Tamborins e flautas, estavam a teu serviço, prontos desde o dia em que foste criado.
14
Eras um querubim protetor colocado sobre a montanha santa de Deus; passeavas entre as pedras de fogo.
15
Foste irrepreensível em teu proceder desde o dia em que foste criado, até que a iniqüidade apareceu em ti.
16
No desenvolvimento do teu comércio, encheram-se as tuas entranhas de violência e pecado; por isso eu te bani da montanha de Deus, e te fiz perecer, ó querubim protetor, em meio às pedras de fogo.
17
Teu coração se inflou de orgulho devido à tua beleza, arruinaste a tua sabedoria, por causa do teu esplendor; precipitei-te em terra, e dei com isso um espetáculo aos reis.
18
À força de iniqüidade e de desonestidade no teu comércio, profanaste os teus santuários; assim, de ti fiz jorrar o fogo que te devorou e te reduzi a cinza sobre a terra aos olhos dos espectadores.
19
Todos aqueles que te conheciam entre os povos ficaram estupefatos com o teu destino; acabaste sendo um objeto de espanto; foste banido para sempre!

Oráculo contro Sidon

20 A palavra do Senhor foi-me dirigida nestes termos:
21
filho do homem, volta-te para Sidon e profetiza contra ela.
22
Dirás: eis o que diz o Senhor Javé: é contra ti que venho, Sidon; vou fazer brilhar a minha glória em teu meio. Quando contra ti exercer meus julgamentos e em ti manifestar minha santidade, então se saberá que sou eu o Senhor.
23
Despacharei contra ela a peste, inundarei de sangue as suas ruas, onde sucumbirão feridos, golpeados por uma espada, que surgirá de toda parte; assim, saberão que sou eu o Senhor.
24
Desde então, não haverá mais, para a casa de Israel, nem silvas ofensivas nem espinhos dolorosos da parte de nenhum dos seus vizinhos que a desprezam; assim se saberá que sou eu o Senhor.
25
Eis o que diz o Senhor Javé: Quando eu reunir os israelitas dentre os povos, onde estiverem dispersados, manifestarei com isso a minha santidade aos olhos das nações; habitarão a terra que tenho doado ao meu servo Jacó.
26
Habitarão em segurança; construirão casas e plantarão vinhas; sim, eles habitarão lá com segurança. Quando eu houver exercido meus julgamentos contra todos os vizinhos que os desprezam, saber-se-á que sou eu, o Senhor, que sou seu Deus!

Oráculo contra o Egito

29
Ezekiel (BAV) 21