Luke (BAV) 12

Instruções aos discípulos

12 1 Enquanto isso, os homens se tinham reunido aos milhares em torno de Jesus, de modo que se atropelavam uns aos outros. Jesus começou a dizer a seus discípulos: Guardai-vos do fermento dos fariseus, que é a hipocrisia.
2
Porque não há nada oculto que não venha a descobrir-se, e nada há escondido que não venha a ser conhecido.
3
Pois o que dissestes às escuras será dito à luz; e o que falastes ao ouvido, nos quartos, será publicado de cima dos telhados.
4
Digo-vos a vós, meus amigos: não tenhais medo daqueles que matam o corpo e depois disto nada mais podem fazer.
5
Mostrar-vos-ei a quem deveis temer: temei àquele que, depois de matar, tem poder de lançar no inferno; sim, eu vo-lo digo: temei a este.
6
Não se vendem cinco pardais por dois asses? E, entretanto, nem um só deles passa despercebido diante de Deus.
7
Até os cabelos da vossa cabeça estão todos contados. Não temais, pois. Mais valor tendes vós do que numerosos pardais.


8 Digo-vos: todo o que me reconhecer diante dos homens, também o Filho do Homem o reconhecerá diante dos anjos de Deus;
9
mas quem me negar diante dos homens será negado diante dos anjos de Deus.
10
Todo aquele que tiver falado contra o Filho do Homem obterá perdão, mas aquele que tiver blasfemado contra o Espírito Santo não alcançará perdão.
11
Quando, porém, vos levarem às sinagogas, perante os magistrados e as autoridades, não vos preocupeis com o que haveis de falar em vossa defesa,
12
porque o Espírito Santo vos inspirará naquela hora o que deveis dizer.

Parábola do homem rico

13 Disse-lhe então alguém do meio do povo: Mestre, dize a meu irmão que reparta comigo a herança.
14
Jesus respondeu-lhe: Meu amigo, quem me constituiu juiz ou árbitro entre vós?


15 E disse então ao povo: Guardai-vos escrupulosamente de toda a avareza, porque a vida de um homem, ainda que ele esteja na abundância, não depende de suas riquezas.
16
E propôs-lhe esta parábola: Havia um homem rico cujos campos produziam muito.
17
E ele refletia consigo: Que farei? Porque não tenho onde recolher a minha colheita.
18
Disse então ele: Farei o seguinte: derrubarei os meus celeiros e construirei maiores; neles recolherei toda a minha colheita e os meus bens.
19
E direi à minha alma: ó minha alma, tens muitos bens em depósito para muitíssimos anos; descansa, come, bebe e regala-te.
20
Deus, porém, lhe disse: Insensato! Nesta noite ainda exigirão de ti a tua alma. E as coisas, que ajuntaste, de quem serão?
21
Assim acontece ao homem que entesoura para si mesmo e não é rico para Deus.

Vãs preocupações

22 Jesus voltou-se então para seus discípulos: Portanto vos digo: não andeis preocupados com a vossa vida, pelo que haveis de comer; nem com o vosso corpo, pelo que haveis de vestir.
23
A vida vale mais do que o sustento e o corpo mais do que as vestes.
24
Considerai os corvos: eles não semeiam, nem ceifam, nem têm despensa, nem celeiro; entretanto, Deus os sustenta. Quanto mais valeis vós do que eles?
25
Mas qual de vós, por mais que se preocupe, pode acrescentar um só côvado à duração de sua vida?
26
Se vós, pois, não podeis fazer nem as mínimas coisas, por que estais preocupados com as outras?
27
Considerai os lírios, como crescem; não fiam, nem tecem. Contudo, digo-vos: nem Salomão em toda a sua glória jamais se vestiu como um deles.
28
Se Deus, portanto, veste assim a erva que hoje está no campo e amanhã se lança ao fogo, quanto mais a vós, homens de fé pequenina!
29
Não vos inquieteis com o que haveis de comer ou beber; e não andeis com vãs preocupações.
30
Porque os homens do mundo é que se preocupam com todas estas coisas. Mas vosso Pai bem sabe que precisais de tudo isso.
31
Buscai antes o Reino de Deus e a sua justiça e todas estas coisas vos serão dadas por acréscimo.


32 Não temais, pequeno rebanho, porque foi do agrado de vosso Pai dar-vos o Reino.
33
Vendei o que possuís e dai esmolas; fazei para vós bolsas que não se gastam, um tesouro inesgotável nos céus, aonde não chega o ladrão e a traça não o destrói.
34
Pois onde estiver o vosso tesouro, ali estará também o vosso coração.

Necessidade da vigilância

35 Estejam cingidos os vossos rins e acesas as vossas lâmpadas.
36
Sede semelhantes a homens que esperam o seu senhor, ao voltar de uma festa, para que, quando vier e bater à porta, logo lha abram.
37
Bem-aventurados os servos a quem o senhor achar vigiando, quando vier! Em verdade vos digo: cingir-se-á, fá-los-á sentar à mesa e servi-los-á.
38
Se vier na segunda ou se vier na terceira vigília e os achar vigilantes, felizes daqueles servos!


39 Sabei, porém, isto: se o senhor soubesse a que hora viria o ladrão, vigiaria sem dúvida e não deixaria forçar a sua casa.
40
Estai, pois, preparados, porque, à hora em que não pensais, virá o Filho do Homem.


41 Disse-lhe Pedro: Senhor, propões esta parábola só a nós ou também a todos?
42
O Senhor replicou: Qual é o administrador sábio e fiel que o senhor estabelecerá sobre os seus operários para lhes dar a seu tempo a sua medida de trigo?
43
Feliz daquele servo que o senhor achar procedendo assim, quando vier!
44
Em verdade vos digo: confiar-lhe-á todos os seus bens.


45 Mas, se o tal administrador imaginar consigo: Meu senhor tardará a vir, e começar a espancar os servos e as servas, a comer, a beber e a embriagar-se,
46
o senhor daquele servo virá no dia em que não o esperar e na hora em que ele não pensar, e o despedirá e o mandará ao destino dos infiéis.
47
O servo que, apesar de conhecer a vontade de seu senhor, nada preparou e lhe desobedeceu será açoitado com numerosos golpes.
48
Mas aquele que, ignorando a vontade de seu senhor, fizer coisas repreensíveis será açoitado com poucos golpes. Porque, a quem muito se deu, muito se exigirá. Quanto mais se confiar a alguém, dele mais se há de exigir.

Sinais dos tempos

49 Eu vim lançar fogo à terra, e que tenho eu a desejar se ele já está aceso?
50
Mas devo ser batizado num batismo; e quanto anseio até que ele se cumpra!
51
Julgais que vim trazer paz à terra? Não, digo-vos, mas separação.
52
Pois de ora em diante haverá numa mesma casa cinco pessoas divididas, três contra duas, e duas contra três;
53
estarão divididos: o pai contra o filho, e o filho contra o pai; a mãe contra a filha, e a filha contra a mãe; a sogra contra a nora, e a nora contra a sogra.

Reconciliação

54 Dizia ainda ao povo: Quando vedes levantar-se uma nuvem no poente, logo dizeis: Aí vem chuva. E assim sucede.
55
Quando vedes soprar o vento do sul, dizeis: Haverá calor. E assim acontece.
56
Hipócritas! Sabeis distinguir os aspectos do céu e da terra; como, pois, não sabeis reconhecer o tempo presente?
57
Por que também não julgais por vós mesmos o que é justo?
58
Ora, quando fores com o teu adversário ao magistrado, faze o possível para entrar em acordo com ele pelo caminho, a fim de que ele te não arraste ao juiz, e o juiz te entregue ao executor, e o executor te ponha na prisão.
59
Digo-te: não sairás dali, até pagares o último centavo.

As desgraças nem sempre são castigo

13 1 Neste mesmo tempo contavam alguns o que tinha acontecido a certos galileus, cujo sangue Pilatos misturara com os seus sacrifícios.
2
Jesus toma a palavra e lhes pergunta: Pensais vós que estes galileus foram maiores pecadores do que todos os outros galileus, por terem sido tratados desse modo?
3
Não, digo-vos. Mas se não vos arrependerdes, perecereis todos do mesmo modo.
4
Ou cuidais que aqueles dezoito homens, sobre os quais caiu a torre de Siloé e os matou, foram mais culpados do que todos os demais habitantes de Jerusalém?
5
Não, digo-vos. Mas se não vos arrependerdes, perecereis todos do mesmo modo.
6
Disse-lhes também esta comparação: Um homem havia plantado uma figueira na sua vinha, e, indo buscar fruto, não o achou.
7
Disse ao viticultor: - Eis que três anos há que venho procurando fruto nesta figueira e não o acho. Corta-a; para que ainda ocupa inutilmente o terreno?
8
Mas o viticultor respondeu: - Senhor, deixa-a ainda este ano; eu lhe cavarei em redor e lhe deitarei adubo.
9
Talvez depois disto dê frutos. Caso contrário, cortá-la-ás.

Cura de uma mulher encurvada

10 Estava Jesus ensinando na sinagoga em um sábado.
11
Havia ali uma mulher que, havia dezoito anos, era possessa de um espírito que a detinha doente: andava curvada e não podia absolutamente erguer-se.
12
Ao vê-la, Jesus a chamou e disse-lhe: Estás livre da tua doença.
13
Impôs-lhe as mãos e no mesmo instante ela se endireitou, glorificando a Deus.
14
Mas o chefe da sinagoga, indignado de ver que Jesus curava no sábado, disse ao povo: São seis os dias em que se deve trabalhar; vinde, pois, nestes dias para vos curar, mas não em dia de sábado.
15
Hipócritas!, disse-lhes o Senhor. Não desamarra cada um de vós no sábado o seu boi ou o seu jumento da manjedoura, para os levar a beber?
16
Esta filha de Abraão, que Satanás paralisava há dezoito anos, não devia ser livre desta prisão, em dia de sábado?
17
Ao proferir estas palavras, todos os seus adversários se encheram de confusão, ao passo que todo o povo, à vista de todos os milagres que ele realizava, se entusiasmava.

Parábola do grão de mostarda - Parábola do fermento

18 Jesus dizia ainda: A que é semelhante o Reino de Deus, e a que o compararei?
19
É semelhante ao grão de mostarda que um homem tomou e semeou na sua horta, e que cresceu até se fazer uma grande planta e as aves do céu vieram fazer ninhos nos seus ramos.
20
Disse ainda: A que direi que é semelhante o Reino de Deus?
21
É semelhante ao fermento que uma mulher tomou e misturou em três medidas de farinha e toda a massa ficou levedada.

Número de escolhidos - A porta estreita

22 Sempre em caminho para Jerusalém, Jesus ia atravessando cidades e aldeias e nelas ensinava.
23
Alguém lhe perguntou: Senhor, são poucos os homens que se salvam? Ele respondeu:
24
Procurai entrar pela porta estreita; porque, digo-vos, muitos procurarão entrar e não o conseguirão.
25
Quando o pai de família tiver entrado e fechado a porta, e vós, de fora, começardes a bater à porta, dizendo: Senhor, Senhor, abre-nos, ele responderá: Digo-vos que não sei de onde sois.
26
Direis então: Comemos e bebemos contigo e tu ensinaste em nossas praças.
27
Ele, porém, vos dirá: Não sei de onde sois; apartai-vos de mim todos vós que sois malfeitores.
28
Ali haverá choro e ranger de dentes, quando virdes Abraão, Isaac, Jacó e todos os profetas no Reino de Deus, e vós serdes lançados para fora.
29
Virão do oriente e do ocidente, do norte e do sul, e sentar-se-ão à mesa no Reino de Deus.
30
Há últimos que serão os primeiros, e há primeiros que serão os últimos.

Ameaças de Herodes

31 No mesmo dia chegaram alguns dos fariseus, dizendo a Jesus: Sai e vai-te daqui, porque Herodes te quer matar.
32
Disse-lhes ele: Ide dizer a essa raposa: eis que expulso demônios e faço curas hoje e amanhã; e ao terceiro dia terminarei a minha vida.
33
É necessário, todavia, que eu caminhe hoje, amanhã e depois de amanhã, porque não é admissível que um profeta morra fora de Jerusalém.
34
Jerusalém, Jerusalém, que matas os profetas e apedrejas os enviados de Deus, quantas vezes quis ajuntar os teus filhos, como a galinha abriga a sua ninhada debaixo das asas, mas não o quiseste!
35
Eis que vos ficará deserta a vossa casa. Digo-vos, porém, que não me vereis até que venha o dia em que digais: Bendito o que vem em nome do Senhor!

Cura de um doente

14 1 Jesus entrou num sábado em casa de um fariseu notável, para uma refeição; eles o observavam.


2 Havia ali um homem hidrópico.
3
Jesus dirigiu-se aos doutores da lei e aos fariseus: É permitido ou não fazer curas no dia de sábado?
4
Eles nada disseram. Então Jesus, tomando o homem pela mão, curou-o e despediu-o.
5
Depois, dirigindo-se a eles, disse: Qual de vós que, se lhe cair o jumento ou o boi num poço, não o tira imediatamente, mesmo em dia de sábado?
6
A isto nada lhe podiam replicar.

Lição de humildade

7 Observando também como os convivas escolhiam os primeiros lugares, propôs-lhes a seguinte parábola:
8
Quando fores convidado às bodas, não te sentes no primeiro lugar, pois pode ser que seja convidada outra pessoa de mais consideração do que tu,
9
e vindo o que te convidou, te diga: Cede o lugar a este. Terias então a confusão de dever ocupar o último lugar.
10
Mas, quando fores convidado, vai tomar o último lugar, para que, quando vier o que te convidou, te diga: Amigo, passa mais para cima. Então serás honrado na presença de todos os convivas.
11
Porque todo aquele que se exaltar será humilhado, e todo aquele que se humilhar será exaltado.


12 Dizia igualmente ao que o tinha convidado: Quando deres alguma ceia, não convides os teus amigos, nem teus irmãos, nem os parentes, nem os vizinhos ricos. Porque, por sua vez, eles te convidarão e assim te retribuirão.
13
Mas, quando deres uma ceia, convida os pobres, os aleijados, os coxos e os cegos.
14
Serás feliz porque eles não têm com que te retribuir, mas ser-te-á retribuído na ressurreição dos justos.

Parábola do grande banquete

15 A estas palavras, disse a Jesus um dos convidados: Feliz daquele que se sentar à mesa no Reino de Deus!
16
Respondeu-lhe Jesus: Um homem deu uma grande ceia e convidou muitas pessoas.
17
E à hora da ceia, enviou seu servo para dizer aos convidados: Vinde, tudo já está preparado.
18
Mas todos, um a um, começaram a escusar-se. Disse-lhe o primeiro: Comprei um terreno e preciso sair para vê-lo; rogo-te me dês por escusado.
19
Disse outro: Comprei cinco juntas de bois e vou experimentá-las; rogo-te me dês por escusado.
20
Disse também um outro: Casei-me e por isso não posso ir.
21
Voltou o servo e referiu isto a seu senhor. Então, irado, o pai de família disse a seu servo: Sai, sem demora, pelas praças e pelas ruas da cidade e introduz aqui os pobres, os aleijados, os cegos e os coxos.
22
Disse o servo: Senhor, está feito como ordenaste e ainda há lugar.
23
O senhor ordenou: Sai pelos caminhos e atalhos e obriga todos a entrar, para que se encha a minha casa.
24
Pois vos digo: nenhum daqueles homens, que foram convidados, provará a minha ceia.

Qualidades dos verdadeiros discípulos

25 Muito povo acompanhava Jesus. Voltando-se, disse-lhes:
26
Se alguém vem a mim e não odeia seu pai, sua mãe, sua mulher, seus filhos, seus irmãos, suas irmãs e até a sua própria vida, não pode ser meu discípulo.
27
E quem não carrega a sua cruz e me segue, não pode ser meu discípulo.
28
Quem de vós, querendo fazer uma construção, antes não se senta para calcular os gastos que são necessários, a fim de ver se tem com que acabá-la?
29
Para que, depois que tiver lançado os alicerces e não puder acabá-la, todos os que o virem não comecem a zombar dele,
30
dizendo: Este homem principiou a edificar, mas não pode terminar.
31
Ou qual é o rei que, estando para guerrear com outro rei, não se senta primeiro para considerar se com dez mil homens poderá enfrentar o que vem contra ele com vinte mil?
32
De outra maneira, quando o outro ainda está longe, envia-lhe embaixadores para tratar da paz.
33
Assim, pois, qualquer um de vós que não renuncia a tudo o que possui não pode ser meu discípulo.


34 O sal é uma coisa boa, mas se ele perder o seu sabor, com que o recuperará?
35
Não servirá nem para a terra nem para adubo, mas lançar-se-á fora. O que tem ouvidos para ouvir, ouça!

Parábola da ovelha perdida

15 1 Aproximavam-se de Jesus os publicanos e os pecadores para ouvi-lo.
2
Os fariseus e os escribas murmuravam: Este homem recebe e come com pessoas de má vida!


3 Então lhes propôs a seguinte parábola:


4 Quem de vós que, tendo cem ovelhas e perdendo uma delas, não deixa as noventa e nove no deserto e vai em busca da que se perdeu, até encontrá-la?
5
E depois de encontrá-la, a põe nos ombros, cheio de júbilo,
6
e, voltando para casa, reúne os amigos e vizinhos, dizendo-lhes: Regozijai-vos comigo, achei a minha ovelha que se havia perdido.
7
Digo-vos que assim haverá maior júbilo no céu por um só pecador que fizer penitência do que por noventa e nove justos que não necessitam de arrependimento.

Parábola da moeda perdida

8 Ou qual é a mulher que, tendo dez dracmas e perdendo uma delas, não acende a lâmpada, varre a casa e a busca diligentemente, até encontrá-la?
9
E tendo-a encontrado, reúne as amigas e vizinhas, dizendo: Regozijai-vos comigo, achei a dracma que tinha perdido.
10
Digo-vos que haverá júbilo entre os anjos de Deus por um só pecador que se arrependa.

Parábola do filho pródigo

11 Disse também: Um homem tinha dois filhos.
12
O mais moço disse a seu pai: Meu pai, dá-me a parte da herança que me toca. O pai então repartiu entre eles os haveres.
13
Poucos dias depois, ajuntando tudo o que lhe pertencia, partiu o filho mais moço para um país muito distante, e lá dissipou a sua fortuna, vivendo dissolutamente.
14
Depois de ter esbanjado tudo, sobreveio àquela região uma grande fome e ele começou a passar penúria.
15
Foi pôr-se ao serviço de um dos habitantes daquela região, que o mandou para os seus campos guardar os porcos.
16
Desejava ele fartar-se das vagens que os porcos comiam, mas ninguém lhas dava.
17
Entrou então em si e refletiu: Quantos empregados há na casa de meu pai que têm pão em abundância... e eu, aqui, estou a morrer de fome!
18
Levantar-me-ei e irei a meu pai, e dir-lhe-ei: Meu pai, pequei contra o céu e contra ti;
19
já não sou digno de ser chamado teu filho. Trata-me como a um dos teus empregados.
20
Levantou-se, pois, e foi ter com seu pai. Estava ainda longe, quando seu pai o viu e, movido de compaixão, correu-lhe ao encontro, lançou-se-lhe ao pescoço e o beijou.
21
O filho lhe disse, então: Meu pai, pequei contra o céu e contra ti; já não sou digno de ser chamado teu filho.
22
Mas o pai falou aos servos: Trazei-me depressa a melhor veste e vesti-lha, e ponde-lhe um anel no dedo e calçado nos pés.
23
Trazei também um novilho gordo e matai-o; comamos e façamos uma festa.
24
Este meu filho estava morto, e reviveu; tinha se perdido, e foi achado. E começaram a festa.
25
O filho mais velho estava no campo. Ao voltar e aproximar-se da casa, ouviu a música e as danças.
26
Chamou um servo e perguntou-lhe o que havia.
27
Ele lhe explicou: Voltou teu irmão. E teu pai mandou matar um novilho gordo, porque o reencontrou são e salvo.
28
Encolerizou-se ele e não queria entrar, mas seu pai saiu e insistiu com ele.
29
Ele, então, respondeu ao pai: Há tantos anos que te sirvo, sem jamais transgredir ordem alguma tua, e nunca me deste um cabrito para festejar com os meus amigos.
30
E agora, que voltou este teu filho, que gastou os teus bens com as meretrizes, logo lhe mandaste matar um novilho gordo!
31
Explicou-lhe o pai: Filho, tu estás sempre comigo, e tudo o que é meu é teu.
32
Convinha, porém, fazermos festa, pois este teu irmão estava morto, e reviveu; tinha se perdido, e foi achado.

Parábola do administrador infiel

16 1 Jesus disse também a seus discípulos: Havia um homem rico que tinha um administrador. Este lhe foi denunciado de ter dissipado os seus bens.
2
Ele chamou o administrador e lhe disse: Que é que ouço dizer de ti? Presta contas da tua administração, pois já não poderás administrar meus bens.
3
O administrador refletiu então consigo: Que farei, visto que meu patrão me tira o emprego? Lavrar a terra? Não o posso. Mendigar? Tenho vergonha.
4
Já sei o que fazer, para que haja quem me receba em sua casa, quando eu for despedido do emprego.
5
Chamou, pois, separadamente a cada um dos devedores de seu patrão e perguntou ao primeiro: Quanto deves a meu patrão?
6
Ele respondeu: Cem medidas de azeite. Disse-lhe: Toma a tua conta, senta-te depressa e escreve: cinqüenta.
7
Depois perguntou ao outro: Tu, quanto deves? Respondeu: Cem medidas de trigo. Disse-lhe o administrador: Toma os teus papéis e escreve: oitenta.
8
E o proprietário admirou a astúcia do administrador, porque os filhos deste mundo são mais prudentes do que os filhos da luz no trato com seus semelhantes.


9 Eu vos digo: fazei-vos amigos com a riqueza injusta, para que, no dia em que ela vos faltar, eles vos recebam nos tabernáculos eternos.


10 Aquele que é fiel nas coisas pequenas será também fiel nas coisas grandes. E quem é injusto nas coisas pequenas, sê-lo-á também nas grandes.
11
Se, pois, não tiverdes sido fiéis nas riquezas injustas, quem vos confiará as verdadeiras?
12
E se não fostes fiéis no alheio, quem vos dará o que é vosso?
13
Nenhum servo pode servir a dois senhores: ou há de odiar a um e amar o outro, ou há de aderir a um e desprezar o outro. Não podeis servir a Deus e ao dinheiro.


14 Ora, ouviam tudo isto os fariseus, que eram avarentos, e zombavam dele.
15
Jesus disse-lhes: Vós procurais parecer justos aos olhos dos homens, mas Deus vos conhece os corações; pois o que é elevado aos olhos dos homens é abominável aos olhos de Deus.


16 A lei e os profetas duraram até João. Desde então é anunciado o Reino de Deus, e cada um faz violência para aí entrar.
17
Mais facilmente, porém, passará o céu e a terra do que se perderá uma só letra da lei.
18
Todo o que abandonar sua mulher e casar com outra, comete adultério; e quem se casar com a mulher rejeitada, comete adultério também.

Parábola do rico e Lázaro

19 Havia um homem rico que se vestia de púrpura e linho finíssimo, e que todos os dias se banqueteava e se regalava.
20
Havia também um mendigo, por nome Lázaro, todo coberto de chagas, que estava deitado à porta do rico.
21
Ele avidamente desejava matar a fome com as migalhas que caíam da mesa do rico... Até os cães iam lamber-lhe as chagas.
22
Ora, aconteceu morrer o mendigo e ser levado pelos anjos ao seio de Abraão. Morreu também o rico e foi sepultado.
23
E estando ele nos tormentos do inferno, levantou os olhos e viu, ao longe, Abraão e Lázaro no seu seio.
24
Gritou, então: - Pai Abraão, compadece-te de mim e manda Lázaro que molhe em água a ponta de seu dedo, a fim de me refrescar a língua, pois sou cruelmente atormentado nestas chamas.
25
Abraão, porém, replicou: - Filho, lembra-te de que recebeste teus bens em vida, mas Lázaro, males; por isso ele agora aqui é consolado, mas tu estás em tormento.
26
Além de tudo, há entre nós e vós um grande abismo, de maneira que, os que querem passar daqui para vós, não o podem, nem os de lá passar para cá.
27
O rico disse: - Rogo-te então, pai, que mandes Lázaro à casa de meu pai, pois tenho cinco irmãos,
28
para lhes testemunhar, que não aconteça virem também eles parar neste lugar de tormentos.
29
Abraão respondeu: - Eles lá têm Moisés e os profetas; ouçam-nos!
30
O rico replicou: - Não, pai Abraão; mas se for a eles algum dos mortos, arrepender-se-ão.
31
Abraão respondeu-lhe: - Se não ouvirem a Moisés e aos profetas, tampouco se deixarão convencer, ainda que ressuscite algum dos mortos.

Instrução sobre o escândalo, o perdão...

17 1 Jesus disse também a seus discípulos: É impossível que não haja escândalos, mas ai daquele por quem eles vêm!
2
Melhor lhe seria que se lhe atasse em volta do pescoço uma pedra de moinho e que fosse lançado ao mar, do que levar para o mal a um só destes pequeninos. Tomai cuidado de vós mesmos.
3
Se teu irmão pecar, repreende-o; se se arrepender, perdoa-lhe.
4
Se pecar sete vezes no dia contra ti e sete vezes no dia vier procurar-te, dizendo: Estou arrependido, perdoar-lhe-ás.

... a fé

5 Os apóstolos disseram ao Senhor: Aumenta-nos a fé!
6
Disse o Senhor: Se tiverdes fé como um grão de mostarda, direis a esta amoreira: Arranca-te e transplanta-te no mar, e ela vos obedecerá.

Lição de humildade

7 Qual de vós, tendo um servo ocupado em lavrar ou em guardar o gado, quando voltar do campo lhe dirá: Vem depressa sentar-te à mesa?
8
E não lhe dirá ao contrário: Prepara-me a ceia, cinge-te e serve-me, enquanto como e bebo, e depois disto comerás e beberás tu?
9
E se o servo tiver feito tudo o que lhe ordenara, porventura fica-lhe o senhor devendo alguma obrigação?
10
Assim também vós, depois de terdes feito tudo o que vos foi ordenado, dizei: Somos servos como quaisquer outros; fizemos o que devíamos fazer.

O leproso agradecido

11 Sempre em caminho para Jerusalém, Jesus passava pelos confins da Samaria e da Galiléia.
12
Ao entrar numa aldeia, vieram-lhe ao encontro dez leprosos, que pararam ao longe e elevaram a voz, clamando:
13
Jesus, Mestre, tem compaixão de nós!
14
Jesus viu-os e disse-lhes: Ide, mostrai-vos ao sacerdote. E quando eles iam andando, ficaram curados.
15
Um deles, vendo-se curado, voltou, glorificando a Deus em alta voz.
16
Prostrou-se aos pés de Jesus e lhe agradecia. E era um samaritano.
17
Jesus lhe disse: Não ficaram curados todos os dez? Onde estão os outros nove?
18
Não se achou senão este estrangeiro que voltasse para agradecer a Deus?!
19
E acrescentou: Levanta-te e vai, tua fé te salvou.

Vinda do Reino de Deus

20 Os fariseus perguntaram um dia a Jesus quando viria o Reino de Deus. Respondeu-lhes: O Reino de Deus não virá de um modo ostensivo.
21
Nem se dirá: Ei-lo aqui; ou: Ei-lo ali. Pois o Reino de Deus já está no meio de vós.
22
Mais tarde ele explicou aos discípulos: Virão dias em que desejareis ver um só dia o Filho do Homem, e não o vereis.
23
Então vos dirão: Ei-lo aqui; e: Ei-lo ali. Não deveis sair nem os seguir.
24
Pois como o relâmpago, reluzindo numa extremidade do céu, brilha até a outra, assim será com o Filho do Homem no seu dia.
25
É necessário, porém, que primeiro ele sofra muito e seja rejeitado por esta geração.


26 Como ocorreu nos dias de Noé, acontecerá do mesmo modo nos dias do Filho do Homem.
27
Comiam e bebiam, casavam-se e davam-se em casamento, até o dia em que Noé entrou na arca. Veio o dilúvio e matou a todos.
28
Também do mesmo modo como aconteceu nos dias de Lot. Os homens festejavam, compravam e vendiam, plantavam e edificavam.
29
No dia em que Lot saiu de Sodoma, choveu fogo e enxofre do céu, que exterminou todos eles.
30
Assim será no dia em que se manifestar o Filho do Homem.
31
Naquele dia, quem estiver no terraço e tiver os seus bens em casa não desça para os tirar; da mesma forma, quem estiver no campo não torne atrás.
32
Lembrai-vos da mulher de Lot.
33
Todo o que procurar salvar a sua vida, perdê-la-á; mas todo o que a perder, encontrá-la-á.
34
Digo-vos que naquela noite dois estarão numa cama: um será tomado e o outro será deixado;
35
duas mulheres estarão moendo juntas: uma será tomada e a outra será deixada.
36
Dois homens estarão no campo: um será tomado e o outro será deixado.
37
Perguntaram-lhe os discípulos: Onde será isto, Senhor? Respondeu-lhes: Onde estiver o cadáver, ali se reunirão também as águias.

Parábola do juíz iníquo

18 1 Propôs-lhes Jesus uma parábola para mostrar que é necessário orar sempre sem jamais deixar de fazê-lo.
2
Havia em certa cidade um juiz que não temia a Deus, nem respeitava pessoa alguma.
3
Na mesma cidade vivia também uma viúva que vinha com freqüência à sua presença para dizer-lhe: Faze-me justiça contra o meu adversário.
4
Ele, porém, por muito tempo não o quis. Por fim, refletiu consigo: Eu não temo a Deus nem respeito os homens;
5
todavia, porque esta viúva me importuna, far-lhe-ei justiça, senão ela não cessará de me molestar.
6
Prosseguiu o Senhor: Ouvis o que diz este juiz injusto?
7
Por acaso não fará Deus justiça aos seus escolhidos, que estão clamando por ele dia e noite? Porventura tardará em socorrê-los?
8
Digo-vos que em breve lhes fará justiça. Mas, quando vier o Filho do Homem, acaso achará fé sobre a terra?

Parábola do fariseu e do publícano

9 Jesus lhes disse ainda esta parábola a respeito de alguns que se vangloriavam como se fossem justos, e desprezavam os outros:
10
Subiram dois homens ao templo para orar. Um era fariseu; o outro, publicano.
11
O fariseu, em pé, orava no seu interior desta forma: Graças te dou, ó Deus, que não sou como os demais homens: ladrões, injustos e adúlteros; nem como o publicano que está ali.
12
Jejuo duas vezes na semana e pago o dízimo de todos os meus lucros.
13
O publicano, porém, mantendo-se à distância, não ousava sequer levantar os olhos ao céu, mas batia no peito, dizendo: Ó Deus, tem piedade de mim, que sou pecador!
14
Digo-vos: este voltou para casa justificado, e não o outro. Pois todo o que se exaltar será humilhado, e quem se humilhar será exaltado.

As crianças - O jovem rico - Terceiro anúncio da Paixão

15 Trouxeram-lhe também criancinhas, para que ele as tocasse. Vendo isto, os discípulos as repreendiam.
16
Jesus, porém, chamou-as e disse: Deixai vir a mim as criancinhas e não as impeçais, porque o Reino de Deus é daqueles que se parecem com elas.
17
Em verdade vos declaro: quem não receber o Reino de Deus como uma criancinha, nele não entrará.
18
Um homem de posição perguntou então a Jesus: Bom Mestre, que devo fazer para possuir a vida eterna?
19
Jesus respondeu-lhe: Por que me chamas bom? Ninguém é bom senão só Deus.
20
Conheces os mandamentos: não cometerás adultério; não matarás; não furtarás; não dirás falso testemunho; honrarás pai e mãe.
21
Disse ele: Tudo isso tenho guardado desde a minha mocidade.
22
A estas palavras, Jesus lhe falou: Ainda te falta uma coisa: vende tudo o que tens, dá-o aos pobres e terás um tesouro no céu; depois, vem e segue-me.
23
Ouvindo isto, ele se entristeceu, pois era muito rico.
24
Vendo-o entristecer-se, disse Jesus: Como é difícil aos ricos entrar no Reino de Deus!
25
É mais fácil passar o camelo pelo fundo duma agulha do que um rico entrar no Reino de Deus.
26
Perguntaram os ouvintes: Quem então poderá salvar-se?
27
Respondeu Jesus: O que é impossível aos homens é possível a Deus.
28
Pedro então disse: Vê, nós abandonamos tudo e te seguimos.
29
Jesus respondeu: Em verdade vos declaro: ninguém há que tenha abandonado, por amor do Reino de Deus, sua casa, sua mulher, seus irmãos, seus pais ou seus filhos,
30
que não receba muito mais neste mundo e no mundo vindouro a vida eterna.
31
Em seguida, Jesus tomou à parte os Doze e disse-lhes: Eis que subimos a Jerusalém. Tudo o que foi escrito pelos profetas a respeito do Filho do Homem será cumprido.
32
Ele será entregue aos pagãos. Hão de escarnecer dele, ultrajá-lo, desprezá-lo;
33
bater-lhe-ão com varas e o farão morrer; e ao terceiro dia ressurgirá.
34
Mas eles nada disto compreendiam, e estas palavras eram-lhes um enigma cujo sentido não podiam entender.

Cura de um cego em Jericó

35 Ao aproximar-se Jesus de Jericó, estava um cego sentado à beira do caminho, pedindo esmolas.
36
Ouvindo o ruído da multidão que passava, perguntou o que havia.
37
Responderam-lhe: É Jesus de Nazaré, que passa.
38
Ele então exclamou: Jesus, filho de Davi, tem piedade de mim!
39
Os que vinham na frente repreendiam-no rudemente para que se calasse. Mas ele gritava ainda mais forte: Filho de Davi, tem piedade de mim!
40
Jesus parou e mandou que lho trouxessem. Chegando ele perto, perguntou-lhe:
41
Que queres que te faça? Respondeu ele: Senhor, que eu veja.
42
Jesus lhe disse: Vê! Tua fé te salvou.
43
E imediatamente ficou vendo e seguia a Jesus, glorificando a Deus. Presenciando isto, todo o povo deu glória a Deus.

Zaqueu recebe Jesus

19 1 Jesus entrou em Jericó e ia atravessando a cidade.
2
Havia aí um homem muito rico chamado Zaqueu, chefe dos recebedores de impostos.
3
Ele procurava ver quem era Jesus, mas não o conseguia por causa da multidão, porque era de baixa estatura.
4
Ele correu adiande, subiu a um sicômoro para o ver, quando ele passasse por ali.
5
Chegando Jesus àquele lugar e levantando os olhos, viu-o e disse-lhe: Zaqueu, desce depressa, porque é preciso que eu fique hoje em tua casa.
6
Ele desceu a toda a pressa e recebeu-o alegremente.
7
Vendo isto, todos murmuravam e diziam: Ele vai hospedar-se em casa de um pecador...
8
Zaqueu, entretanto, de pé diante do Senhor, disse-lhe: Senhor, vou dar a metade dos meus bens aos pobres e, se tiver defraudado alguém, restituirei o quádruplo.
9
Disse-lhe Jesus: Hoje entrou a salvação nesta casa, porquanto também este é filho de Abraão.
10
Pois o Filho do Homem veio procurar e salvar o que estava perdido.

Parábola do dinheiro emprestado

11 Ouviam-no falar. E como estava perto de Jerusalém, alguns se persuadiam de que o Reino de Deus se havia de manifestar brevemente; ele acrescentou esta parábola:
12
Um homem ilustre foi para um país distante, a fim de ser investido da realeza e depois regressar.
13
Chamou dez dos seus servos e deu-lhes dez minas, dizendo-lhes: Negociai até eu voltar.
14
Mas os homens daquela região odiavam-no e enviaram atrás dele embaixadores, para protestarem: Não queremos que ele reine sobre nós.
15
Quando, investido da dignidade real, voltou, mandou chamar os servos a quem confiara o dinheiro, a fim de saber quanto cada um tinha lucrado.
16
Veio o primeiro: Senhor, a tua mina rendeu dez outras minas.
17
Ele lhe disse: Muito bem, servo bom; porque foste fiel nas coisas pequenas, receberás o governo de dez cidades.
18
Veio o segundo: Senhor, a tua mina rendeu cinco outras minas.
19
Disse a este: Sê também tu governador de cinco cidades.
20
Veio também o outro: Senhor, aqui tens a tua mina, que guardei embrulhada num lenço;
21
pois tive medo de ti, por seres homem rigoroso, que tiras o que não puseste e ceifas o que não semeaste.
22
Replicou-lhe ele: Servo mau, pelas tuas palavras te julgo. Sabias que sou rigoroso, que tiro o que não depositei e ceifo o que não semeei...
23
Por que, pois, não puseste o meu dinheiro num banco? Na minha volta, eu o teria retirado com juros.
24
E disse aos que estavam presentes: Tirai-lhe a mina, e dai-a ao que tem dez minas.
25
Replicaram-lhe: Senhor, este já tem dez minas!...
26
Eu vos declaro: a todo aquele que tiver, dar-se-lhe-á; mas, ao que não tiver, ser-lhe-á tirado até o que tem.
27
Quanto aos que me odeiam, e que não me quiseram por rei, trazei-os e massacrai-os na minha presença.


28 Depois destas palavras, Jesus os foi precedendo no caminho que sobe a Jerusalém.

V - ÚLTIMOS DIAS DE JESUS EM JERUSALÉM

29 Chegando perto de Betfagé e de Betânia, junto do monte chamado das Oliveiras, Jesus enviou dois dos seus discípulos e disse-lhes:
30
Ide a essa aldeia que está defronte de vós. Entrando nela, achareis um jumentinho atado, em que nunca montou pessoa alguma; desprendei-o e trazei-mo.
31
Se alguém vos perguntar por que o soltais, responder-lhe-eis assim: O Senhor precisa dele.
32
Partiram os dois discípulos e acharam tudo como Jesus tinha dito.
33
Quando desprendiam o jumentinho, perguntaram-lhes seus donos: Por que fazeis isto?
34
Eles responderam: O Senhor precisa dele.
35
E trouxeram a Jesus o jumentinho, sobre o qual deitaram seus mantos e fizeram Jesus montar.
36
À sua passagem, muitas pessoas estendiam seus mantos no caminho.
37
Quando já se ia aproximando da descida do monte das Oliveiras, toda a multidão dos discípulos, tomada de alegria, começou a louvar a Deus em altas vozes, por todas as maravilhas que tinha visto.
38
E dizia: Bendito o rei que vem em nome do Senhor! Paz no céu e glória no mais alto dos céus!
39
Neste momento, alguns fariseus interpelaram a Jesus no meio da multidão: Mestre, repreende os teus discípulos.
40
Ele respondeu: Digo-vos: se estes se calarem, clamarão as pedras!

Entrada em Jerusalém

41 Aproximando-se ainda mais, Jesus contemplou Jerusalém e chorou sobre ela, dizendo:
42
Oh! Se também tu, ao menos neste dia que te é dado, conhecesses o que te pode trazer a paz!... Mas não, isso está oculto aos teus olhos.
43
Virão sobre ti dias em que os teus inimigos te cercarão de trincheiras, te sitiarão e te apertarão de todos os lados;
44
destruir-te-ão a ti e a teus filhos que estiverem dentro de ti, e não deixarão em ti pedra sobre pedra, porque não conheceste o tempo em que foste visitada.

Jesus purifica o templo e aí ensina

45 Em seguida, entrou no templo e começou a expulsar os mercadores.
46
Disse ele: Está escrito: A minha casa é casa de oração! Mas vós a fizestes um covil de ladrões (Is 56,7 Jr 7,11).
47 Todos os dias ensinava no templo. Os príncipes dos sacerdotes, porém, os escribas e os chefes do povo procuravam tirar-lhe a vida.
48
Mas não sabiam como realizá-lo, porque todo o povo ficava suspenso de admiração, quando o ouvia falar.

Origem da autoridade de Jesus

20
Luke (BAV) 12