Matthieu (SAV) 1





Evangelho segundo São Mateus


I - INFÂNCIA DE JESUS (1-2)


Prólogo

(= Lc 3,23-38)
1 1 Genealogia de Jesus Cristo, filho de Davi, filho de Abraão.
2
Abraão gerou Isaac. Isaac gerou Jacó. Jacó gerou Judá e seus irmãos.
3
Judá gerou, de Tamar, Farés e Zara. Farés gerou Esron. Esron gerou Arão.
4
Arão gerou Aminadab. Aminadab gerou Naasson. Naasson gerou Salmon.
5
Salmon gerou Booz, de Raab. Booz gerou Obed, de Rute. Obed gerou Jessé. Jessé gerou o rei Davi.
6
O rei Davi gerou Salomão, daquela que fora mulher de Urias.
7
Salomão gerou Roboão. Roboão gerou Abias. Abias gerou Asa.
8
Asa gerou Josafá. Josafá gerou Jorão. Jorão gerou Ozias.
9
Ozias gerou Joatão. Joatão gerou Acaz. Acaz gerou Ezequias.
10
Ezequias gerou Manassés. Manassés gerou Amon. Amon gerou Josias.
11
Josias gerou Jeconias e seus irmãos, no cativeiro de Babilônia.
12
E, depois do cativeiro de Babilônia, Jeconias gerou Salatiel. Salatiel gerou Zorobabel.
13
Zorobabel gerou Abiud. Abiud gerou Eliacim. Eliacim gerou Azor.
14
Azor gerou Sadoc. Sadoc gerou Aquim. Aquim gerou Eliud.
15
Eliud gerou Eleazar. Eleazar gerou Matã. Matã gerou Jacó.
16
Jacó gerou José, esposo de Maria, da qual nasceu Jesus, que é chamado Cristo.
17
Portanto, as gerações, desde Abraão até Davi, são quatorze. Desde Davi até o cativeiro de Babilônia, quatorze gerações. E, depois do cativeiro até Cristo, quatorze gerações. Nascimento de Jesus

Nascimento de Jesus

18 Eis como nasceu Jesus Cristo: Maria, sua mãe, estava desposada com José. Antes de coabitarem, aconteceu que ela concebeu por virtude do Espírito Santo.
19
José, seu esposo, que era homem de bem, não querendo difamá-la, resolveu rejeitá-la secretamente.
20
Enquanto assim pensava, eis que um anjo do Senhor lhe apareceu em sonhos e lhe disse: José, filho de Davi, não temas receber Maria por esposa, pois o que nela foi concebido vem do Espírito Santo.
21
Ela dará à luz um filho, a quem porás o nome de Jesus, porque ele salvará o seu povo de seus pecados.
22
Tudo isto aconteceu para que se cumprisse o que o Senhor falou pelo profeta:
23
Eis que a Virgem conceberá e dará à luz um filho, que se chamará Emanuel (Is 7,14), que significa: Deus conosco.
24 Despertando, José fez como o anjo do Senhor lhe havia mandado e recebeu em sua casa sua esposa.
25
E, sem que ele a tivesse conhecido, ela deu à luz o seu filho, que recebeu o nome de Jesus.

Adoração dos magos

2 1 Tendo, pois, Jesus nascido em Belém de Judá, no tempo do rei Herodes, eis que magos vieram do oriente a Jerusalém.
2
Perguntaram eles: Onde está o rei dos judeus que acaba de nascer? Vimos a sua estrela no oriente e viemos adorá-lo.
3
A esta notícia, o rei Herodes ficou perturbado e toda Jerusalém com ele.
4
Convocou os príncipes dos sacerdotes e os escribas do povo e indagou deles onde havia de nascer o Cristo.
5
Disseram-lhe: Em Belém, na Judéia, porque assim foi escrito pelo profeta:
6
E tu, Belém, terra de Judá, não és de modo algum a menor entre as cidades de Judá, porque de ti sairá o chefe que governará Israel, meu povo (Mi 5,2).
7 Herodes, então, chamou secretamente os magos e perguntou-lhes sobre a época exata em que o astro lhes tinha aparecido.
8
E, enviando-os a Belém, disse: Ide e informai-vos bem a respeito do menino. Quando o tiverdes encontrado, comunicai-me, para que eu também vá adorá-lo.
9
Tendo eles ouvido as palavras do rei, partiram. E eis que e estrela, que tinham visto no oriente, os foi precedendo até chegar sobre o lugar onde estava o menino e ali parou.
10
A aparição daquela estrela os encheu de profunda alegria.
11
Entrando na casa, acharam o menino com Maria, sua mãe. Prostrando-se diante dele, o adoraram. Depois, abrindo seus tesouros, ofereceram-lhe como presentes: ouro, incenso e mirra.
12
Avisados em sonhos de não tornarem a Herodes, voltaram para sua terra por outro caminho.

Fuga para o Egito

Massacre dos inocentes

13 Depois de sua partida, um anjo do Senhor apareceu em sonhos a José e disse: Levanta-te, toma o menino e sua mãe e foge para o Egito; fica lá até que eu te avise, porque Herodes vai procurar o menino para o matar.
14
José levantou-se durante a noite, tomou o menino e sua mãe e partiu para o Egito.
15
Ali permaneceu até a morte de Herodes para que se cumprisse o que o Senhor dissera pelo profeta: Eu chamei do Egito meu filho (Os 11,1).
16 Vendo, então, Herodes que tinha sido enganado pelos magos, ficou muito irado e mandou massacrar em Belém e nos seus arredores todos os meninos de dois anos para baixo, conforme o tempo exato que havia indagado dos magos.
17
Cumpriu-se, então, o que foi dito pelo profeta Jeremias:
18
Em Ramá se ouviu uma voz, choro e grandes lamentos: é Raquel a chorar seus filhos; não quer consolação, porque já não existem (Jr 31,15)!
19 Com a morte de Herodes, o anjo do Senhor apareceu em sonhos a José, no Egito, e disse:
20
Levanta-te, toma o menino e sua mãe e retorna à terra de Israel, porque morreram os que atentavam contra a vida do menino.
21
José levantou-se, tomou o menino e sua mãe e foi para a terra de Israel.
22
Ao ouvir, porém, que Arquelau reinava na Judéia, em lugar de seu pai Herodes, não ousou ir para lá. Avisado divinamente em sonhos, retirou-se para a província da Galiléia
23
e veio habitar na cidade de Nazaré para que se cumprisse o que foi dito pelos profetas: Será chamado Nazareno.

II - PRINCÍPIO DA MISSÃO DE JESUS (3-4)


Pregação de João Batista

(= Mc 1,1-8 Lc 3,1-9 Lc 3,15-18 Jn 1,19-28)
3 1 Naqueles dias, apareceu João Batista, pregando no deserto da Judéia.
2
Dizia ele: Fazei penitência porque está próximo o Reino dos céus.
3
Este é aquele de quem falou o profeta Isaías, quando disse: Uma voz clama no deserto: Preparai o caminho do Senhor, endireitai as suas veredas (Is 40,3).
4 João usava uma vestimenta de pêlos de camelo e um cinto de couro em volta dos rins. Alimentava-se de gafanhotos e mel silvestre.
5
Pessoas de Jerusalém, de toda a Judéia e de toda a circunvizinhança do Jordão vinham a ele.
6
Confessavam seus pecados e eram batizados por ele nas águas do Jordão.
7
Ao ver, porém, que muitos dos fariseus e dos saduceus vinham ao seu batismo, disse-lhes: Raça de víboras, quem vos ensinou a fugir da cólera vindoura?
8
Dai, pois, frutos de verdadeira penitência.
9
Não digais dentro de vós: Nós temos a Abraão por pai! Pois eu vos digo: Deus é poderoso para suscitar destas pedras filhos a Abraão.
10
O machado já está posto à raiz das árvores: toda árvore que não produzir bons frutos será cortada e lançada ao fogo.
11
Eu vos batizo com água, em sinal de penitência, mas aquele que virá depois de mim é mais poderoso do que eu e nem sou digno de carregar seus calçados. Ele vos batizará no Espírito Santo e em fogo.
12
Tem na mão a pá, limpará sua eira e recolherá o trigo ao celeiro. As palhas, porém, queimá-las-á num fogo inextinguível.

Batismo de Jesus

(= Mc 1,9 Lc 3,21 Jn 1,31-34)
13 Da Galiléia foi Jesus ao Jordão ter com João, a fim de ser batizado por ele.
14
João recusava-se: Eu devo ser batizado por ti e tu vens a mim!
15
Mas Jesus lhe respondeu: Deixa por agora, pois convém cumpramos a justiça completa. Então João cedeu.
16
Depois que Jesus foi batizado, saiu logo da água. Eis que os céus se abriram e viu descer sobre ele, em forma de pomba, o Espírito de Deus.
17
E do céu baixou uma voz: Eis meu Filho muito amado em quem ponho minha afeição.

Tentação no deserto

(= Mc 1,12 Lc 4,1-13)
4 1 Em seguida, Jesus foi conduzido pelo Espírito ao deserto para ser tentado pelo demônio.
2
Jejuou quarenta dias e quarenta noites. Depois, teve fome.
3
O tentador aproximou-se dele e lhe disse: Se és Filho de Deus, ordena que estas pedras se tornem pães.
4
Jesus respondeu: Está escrito: Não só de pão vive o homem, mas de toda palavra que procede da boca de Deus (Dt 8,3).
5 O demônio transportou-o à Cidade Santa, colocou-o no ponto mais alto do templo e disse-lhe:
6
Se és Filho de Deus, lança-te abaixo, pois está escrito: Ele deu a seus anjos ordens a teu respeito; proteger-te-ão com as mãos, com cuidado, para não machucares o teu pé em alguma pedra (Ps 90,11s).
7 Disse-lhe Jesus: Também está escrito: Não tentarás o Senhor teu Deus (Dt 6,16).
8 O demônio transportou-o uma vez mais, a um monte muito alto, e lhe mostrou todos os reinos do mundo e a sua glória, e disse-lhe:
9
Dar-te-ei tudo isto se, prostrando-te diante de mim, me adorares.
10
Respondeu-lhe Jesus: Para trás, Satanás, pois está escrito: Adorarás o Senhor teu Deus, e só a ele servirás (Dt 6,13).
11 Em seguida, o demônio o deixou, e os anjos aproximaram-se dele para servi-lo.

Início da pregação de Jesus

Os primeiros discípulos

(= Mc 1,14-20 Lc 4,14 Lc 5,1-11)
12 Quando, pois, Jesus ouviu que João fora preso, retirou-se para a Galiléia.
13
Deixando a cidade de Nazaré, foi habitar em Cafarnaum, à margem do lago, nos confins de Zabulon e Neftali,
14
para que se cumprisse o que foi dito pelo profeta Isaías:
15
A terra de Zabulon e de Neftali, região vizinha ao mar, a terra além do Jordão, a Galiléia dos gentios,
16
este povo, que jazia nas trevas, viu resplandecer uma grande luz; e surgiu uma aurora para os que jaziam na região sombria da morte (Is 9,1).
17 Desde então, Jesus começou a pregar: Fazei penitência, pois o Reino dos céus está próximo.
18
Caminhando ao longo do mar da Galiléia, viu dois irmãos: Simão (chamado Pedro) e André, seu irmão, que lançavam a rede ao mar, pois eram pescadores.
19
E disse-lhes: Vinde após mim e vos farei pescadores de homens.
20
Na mesma hora abandonaram suas redes e o seguiram.
21
Passando adiante, viu outros dois irmãos: Tiago, filho de Zebedeu, e seu irmão João, que estavam com seu pai Zebedeu consertando as redes. Chamou-os,
22
e eles abandonaram a barca e seu pai e o seguiram.
23
Jesus percorria toda a Galiléia, ensinando nas suas sinagogas, pregando o Evangelho do Reino, curando todas as doenças e enfermidades entre o povo.
24
Sua fama espalhou-se por toda a Síria: traziam-lhe os doentes e os enfermos, os possessos, os lunáticos, os paralíticos. E ele curava a todos.
25
Grandes multidões acompanharam-no da Galiléia, da Decápole, de Jerusalém, da Judéia e dos países do outro lado do Jordão.

III - SERMÃO DA MONTANHA (5-7)


As bem-aventuranças

(= Lc 6,20-49)
5 1 Vendo aquelas multidões, Jesus subiu à montanha. Sentou-se e seus discípulos aproximaram-se dele.
2
Então abriu a boca e lhes ensinava, dizendo:
3
Bem-aventurados os que têm um coração de pobre, porque deles é o Reino dos céus!
4
Bem-aventurados os que choram, porque serão consolados!
5
Bem-aventurados os mansos, porque possuirão a terra!
6
Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque serão saciados!
7
Bem-aventurados os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia!
8
Bem-aventurados os puros de coração, porque verão Deus!
9
Bem-aventurados os pacíficos, porque serão chamados filhos de Deus!
10
Bem-aventurados os que são perseguidos por causa da justiça, porque deles é o Reino dos céus!
11
Bem-aventurados sereis quando vos caluniarem, quando vos perseguirem e disserem falsamente todo o mal contra vós por causa de mim.
12
Alegrai-vos e exultai, porque será grande a vossa recompensa nos céus, pois assim perseguiram os profetas que vieram antes de vós.

Sal da terra e luz do mundo

(= Mc 9,50 Mc 4,21 Lc 14,34
13 Vós sois o sal da terra. Se o sal perde o sabor, com que lhe será restituído o sabor? Para nada mais serve senão para ser lançado fora e calcado pelos homens.
14
Vós sois a luz do mundo. Não se pode esconder uma cidade situada sobre uma montanha
15
nem se acende uma luz para colocá-la debaixo do alqueire, mas sim para colocá-la sobre o candeeiro, a fim de que brilhe a todos os que estão em casa.
16
Assim, brilhe vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem vosso Pai que está nos céus.

A nova lei comparada à antiga

17 Não julgueis que vim abolir a lei ou os profetas. Não vim para os abolir, mas sim para levá-los à perfeição.
18
Pois em verdade vos digo: passará o céu e a terra, antes que desapareça um jota, um traço da lei.
19
Aquele que violar um destes mandamentos, por menor que seja, e ensinar assim aos homens, será declarado o menor no Reino dos céus. Mas aquele que os guardar e os ensinar será declarado grande no Reino dos céus.
20
Digo-vos, pois, se vossa justiça não for maior que a dos escribas e fariseus, não entrareis no Reino dos céus.
21
Ouvistes o que foi dito aos antigos: Não matarás, mas quem matar será castigado pelo juízo do tribunal.
22
Mas eu vos digo: todo aquele que se irar contra seu irmão será castigado pelos juízes. Aquele que disser a seu irmão: Raca, será castigado pelo Grande Conselho. Aquele que lhe disser: Louco, será condenado ao fogo da geena.
23
Se estás, portanto, para fazer a tua oferta diante do altar e te lembrares de que teu irmão tem alguma coisa contra ti,
24
deixa lá a tua oferta diante do altar e vai primeiro reconciliar-te com teu irmão; só então vem fazer a tua oferta.
25
Entra em acordo sem demora com o teu adversário, enquanto estás em caminho com ele, para que não suceda que te entregue ao juiz, e o juiz te entregue ao seu ministro e sejas posto em prisão.
26
Em verdade te digo: dali não sairás antes de teres pago o último centavo.
27
Ouvistes que foi dito aos antigos: Não cometerás adultério.
28
Eu, porém, vos digo: todo aquele que lançar um olhar de cobiça para uma mulher, já adulterou com ela em seu coração.
29
Se teu olho direito é para ti causa de queda, arranca-o e lança-o longe de ti, porque te é preferível perder-se um só dos teus membros, a que o teu corpo todo seja lançado na geena.
30
E se tua mão direita é para ti causa de queda, corta-a e lança-a longe de ti, porque te é preferível perder-se um só dos teus membros, a que o teu corpo inteiro seja atirado na geena.
31
Foi também dito: Todo aquele que rejeitar sua mulher, dê-lhe carta de divórcio.
32
Eu, porém, vos digo: todo aquele que rejeita sua mulher, a faz tornar-se adúltera, a não ser que se trate de matrimônio falso; e todo aquele que desposa uma mulher rejeitada comete um adultério.
33
Ouvistes ainda o que foi dito aos antigos: Não jurarás falso, mas cumprirás para com o Senhor os teus juramentos.
34
Eu, porém, vos digo: não jureis de modo algum, nem pelo céu, porque é o trono de Deus;
35
nem pela terra, porque é o escabelo de seus pés; nem por Jerusalém, porque é a cidade do grande Rei.
36
Nem jurarás pela tua cabeça, porque não podes fazer um cabelo tornar-se branco ou negro.
37
Dizei somente: Sim, se é sim; não, se é não. Tudo o que passa além disto vem do Maligno.
38
Tendes ouvido o que foi dito: Olho por olho, dente por dente.
39
Eu, porém, vos digo: não resistais ao mau. Se alguém te ferir a face direita, oferece-lhe também a outra.
40
Se alguém te citar em justiça para tirar-te a túnica, cede-lhe também a capa.
41
Se alguém vem obrigar-te a andar mil passos com ele, anda dois mil.
42
Dá a quem te pede e não te desvies daquele que te quer pedir emprestado.
43
Tendes ouvido o que foi dito: Amarás o teu próximo e poderás odiar teu inimigo.
44
Eu, porém, vos digo: amai vossos inimigos, fazei bem aos que vos odeiam, orai pelos que vos perseguem.
45
Deste modo sereis os filhos de vosso Pai do céu, pois ele faz nascer o sol tanto sobre os maus como sobre os bons, e faz chover sobre os justos e sobre os injustos.
46
Se amais somente os que vos amam, que recompensa tereis? Não fazem assim os próprios publicanos?
47
Se saudais apenas vossos irmãos, que fazeis de extraordinário? Não fazem isto também os pagãos?
48
Portanto, sede perfeitos, assim como vosso Pai celeste é perfeito.

Fazer as boas obras em segredo

(= Lc 11,1-4)
6 1 Guardai-vos de fazer vossas boas obras diante dos homens, para serdes vistos por eles. Do contrário, não tereis recompensa junto de vosso Pai que está no céu.
2
Quando, pois, dás esmola, não toques a trombeta diante de ti, como fazem os hipócritas nas sinagogas e nas ruas, para serem louvados pelos homens. Em verdade eu vos digo: já receberam sua recompensa.
3
Quando deres esmola, que tua mão esquerda não saiba o que fez a direita.
4
Assim, a tua esmola se fará em segredo; e teu Pai, que vê o escondido, recompensar-te-á.
5
Quando orardes, não façais como os hipócritas, que gostam de orar de pé nas sinagogas e nas esquinas das ruas, para serem vistos pelos homens. Em verdade eu vos digo: já receberam sua recompensa.
6
Quando orares, entra no teu quarto, fecha a porta e ora ao teu Pai em segredo; e teu Pai, que vê num lugar oculto, recompensar-te-á.
7
Nas vossas orações, não multipliqueis as palavras, como fazem os pagãos que julgam que serão ouvidos à força de palavras.
8
Não os imiteis, porque vosso Pai sabe o que vos é necessário, antes que vós lho peçais.
9
Eis como deveis rezar: PAI NOSSO, que estais no céu, santificado seja o vosso nome;
10
venha a nós o vosso Reino; seja feita a vossa vontade, assim na terra como no céu.
11
O pão nosso de cada dia nos dai hoje;
12
perdoai-nos as nossas ofensas, assim como nós perdoamos aos que nos ofenderam;
13
e não nos deixeis cair em tentação, mas livrai-nos do mal.
14
Porque, se perdoardes aos homens as suas ofensas, vosso Pai celeste também vos perdoará.
15
Mas se não perdoardes aos homens, tampouco vosso Pai vos perdoará.
16
Quando jejuardes, não tomeis um ar triste como os hipócritas, que mostram um semblante abatido para manifestar aos homens que jejuam. Em verdade eu vos digo: já receberam sua recompensa.
17
Quando jejuares, perfuma a tua cabeça e lava o teu rosto.
18
Assim, não parecerá aos homens que jejuas, mas somente a teu Pai que está presente ao oculto; e teu Pai, que vê num lugar oculto, recompensar-te-á.

Tesouro do céu. Olho são

(= Lc 11,34ss)
19 Não ajunteis para vós tesouros na terra, onde a ferrugem e as traças corroem, onde os ladrões furtam e roubam.
20
Ajuntai para vós tesouros no céu, onde não os consomem nem as traças nem a ferrugem, e os ladrões não furtam nem roubam.
21
Porque onde está o teu tesouro, lá também está teu coração.
22
O olho é a luz do corpo. Se teu olho é são, todo o teu corpo será iluminado.
23
Se teu olho estiver em mau estado, todo o teu corpo estará nas trevas. Se a luz que está em ti são trevas, quão espessas deverão ser as trevas!

Preocupações exageradas

(= Lc 12,22-34)
24 Ninguém pode servir a dois senhores, porque ou odiará a um e amará o outro, ou dedicar-se-á a um e desprezará o outro. Não podeis servir a Deus e à riqueza.
25
Portanto, eis que vos digo: não vos preocupeis por vossa vida, pelo que comereis, nem por vosso corpo, pelo que vestireis. A vida não é mais do que o alimento e o corpo não é mais que as vestes?
26
Olhai as aves do céu: não semeiam nem ceifam, nem recolhem nos celeiros e vosso Pai celeste as alimenta. Não valeis vós muito mais que elas?
27
Qual de vós, por mais que se esforce, pode acrescentar um só côvado à duração de sua vida?
28
E por que vos inquietais com as vestes? Considerai como crescem os lírios do campo; não trabalham nem fiam.
29
Entretanto, eu vos digo que o próprio Salomão no auge de sua glória não se vestiu como um deles.
30
Se Deus veste assim a erva dos campos, que hoje cresce e amanhã será lançada ao fogo, quanto mais a vós, homens de pouca fé?
31
Não vos aflijais, nem digais: Que comeremos? Que beberemos? Com que nos vestiremos?
32
São os pagãos que se preocupam com tudo isso. Ora, vosso Pai celeste sabe que necessitais de tudo isso.
33
Buscai em primeiro lugar o Reino de Deus e a sua justiça e todas estas coisas vos serão dadas em acréscimo.
34
Não vos preocupeis, pois, com o dia de amanhã: o dia de amanhã terá as suas preocupações próprias. A cada dia basta o seu cuidado.

Diversos conselhos

(= Lc 6,31-46)
7 1 Não julgueis, e não sereis julgados.
2
Porque do mesmo modo que julgardes, sereis também vós julgados e, com a medida com que tiverdes medido, também vós sereis medidos.
3
Por que olhas a palha que está no olho do teu irmão e não vês a trave que está no teu?
4
Como ousas dizer a teu irmão: Deixa-me tirar a palha do teu olho, quando tens uma trave no teu?
5
Hipócrita! Tira primeiro a trave de teu olho e assim verás para tirar a palha do olho do teu irmão.
6
Não lanceis aos cães as coisas santas, não atireis aos porcos as vossas pérolas, para que não as calquem com os seus pés, e, voltando-se contra vós, vos despedacem.
7
Pedi e se vos dará. Buscai e achareis. Batei e vos será aberto.
8
Porque todo aquele que pede, recebe. Quem busca, acha. A quem bate, abrir-se-á.
9
Quem dentre vós dará uma pedra a seu filho, se este lhe pedir pão?
10
E, se lhe pedir um peixe, dar-lhe-á uma serpente?
11
Se vós, pois, que sois maus, sabeis dar boas coisas a vossos filhos, quanto mais vosso Pai celeste dará boas coisas aos que lhe pedirem.
12
Tudo o que quereis que os homens vos façam, fazei-o vós a eles. Esta é a lei e os profetas.
13
Entrai pela porta estreita, porque larga é a porta e espaçoso o caminho que conduzem à perdição e numerosos são os que por aí entram.
14
Estreita, porém, é a porta e apertado o caminho da vida e raros são os que o encontram.
15
Guardai-vos dos falsos profetas. Eles vêm a vós disfarçados de ovelhas, mas por dentro são lobos arrebatadores.
16
Pelos seus frutos os conhecereis. Colhem-se, porventura, uvas dos espinhos e figos dos abrolhos?
17
Toda árvore boa dá bons frutos; toda árvore má dá maus frutos.
18
Uma árvore boa não pode dar maus frutos; nem uma árvore má, bons frutos.
19
Toda árvore que não der bons frutos será cortada e lançada ao fogo.
20
Pelos seus frutos os conhecereis.
21
Nem todo aquele que me diz: Senhor, Senhor, entrará no Reino dos céus, mas sim aquele que faz a vontade de meu Pai que está nos céus.
22
Muitos me dirão naquele dia: Senhor, Senhor, não pregamos nós em vosso nome, e não foi em vosso nome que expulsamos os demônios e fizemos muitos milagres?
23
E, no entanto, eu lhes direi: Nunca vos conheci. Retirai-vos de mim, operários maus!

Conclusão do discurso

(= Lc 6,47ss)
24 Aquele, pois, que ouve estas minhas palavras e as põe em prática é semelhante a um homem prudente, que edificou sua casa sobre a rocha.
25
Caiu a chuva, vieram as enchentes, sopraram os ventos e investiram contra aquela casa; ela, porém, não caiu, porque estava edificada na rocha.
26
Mas aquele que ouve as minhas palavras e não as põe em prática é semelhante a um homem insensato, que construiu sua casa na areia.
27
Caiu a chuva, vieram as enchentes, sopraram os ventos e investiram contra aquela casa; ela caiu e grande foi a sua ruína.
28
Quando Jesus terminou o discurso, a multidão ficou impressionada com a sua doutrina.
29
Com efeito, ele a ensinava como quem tinha autoridade e não como os seus escribas.

IV - MINISTÉRIO DE JESUS NA GALILÉIA (8-18)


Cura de um leproso

(= Mc 1,40-45 Lc 5,12-16)
8 1 Tendo Jesus descido da montanha, uma grande multidão o seguiu.
2
Eis que um leproso aproximou-se e prostrou-se diante dele, dizendo: Senhor, se queres, podes curar-me.
3
Jesus estendeu a mão, tocou-o e disse: Eu quero, sê curado. No mesmo instante, a lepra desapareceu.
4
Jesus então lhe disse: Vê que não o digas a ninguém. Vai, porém, mostrar-te ao sacerdote e oferece o dom prescrito por Moisés em testemunho de tua cura.

O servo do centurião

(= Lc 7,1-10)
5 Entrou Jesus em Cafarnaum. Um centurião veio a ele e lhe fez esta súplica:
6
Senhor, meu servo está em casa, de cama, paralítico, e sofre muito.
7
Disse-lhe Jesus: Eu irei e o curarei.
8
Respondeu o centurião: Senhor, eu não sou digno de que entreis em minha casa. Dizei uma só palavra e meu servo será curado.
9
Pois eu também sou um subordinado e tenho soldados às minhas ordens. Eu digo a um: Vai, e ele vai; a outro: Vem, e ele vem; e a meu servo: Faze isto, e ele o faz...
10
Ouvindo isto, cheio de admiração, disse Jesus aos presentes: Em verdade vos digo: não encontrei semelhante fé em ninguém de Israel.
11
Por isso, eu vos declaro que multidões virão do Oriente e do Ocidente e se assentarão no Reino dos céus com Abraão, Isaac e Jacó,
12
enquanto os filhos do Reino serão lançados nas trevas exteriores, onde haverá choro e ranger de dentes.
13
Depois, dirigindo-se ao centurião, disse: Vai, seja-te feito conforme a tua fé. Na mesma hora o servo ficou curado.

Diversas curas

(= Mc 1,29-34 Lc 4,38-41)
14 Foi então Jesus à casa de Pedro, cuja sogra estava de cama, com febre.
15
Tomou-lhe a mão, e a febre a deixou. Ela levantou-se e pôs-se a servi-los.
16
Pela tarde, apresentaram-lhe muitos possessos de demônios. Com uma palavra expulsou ele os espíritos e curou todos os enfermos.
17
Assim se cumpriu a predição do profeta Isaías: Tomou as nossas enfermidades e sobrecarregou-se dos nossos males (Is 53,4).

Disposições para seguir Jesus

(= Lc 9,57-60)
18 Certo dia, vendo-se no meio de grande multidão, ordenou Jesus que o levassem para a outra margem do lago.
19
Nisto aproximou-se dele um escriba e lhe disse: Mestre, seguir-te-ei para onde quer que fores.
20
Respondeu Jesus: As raposas têm suas tocas e as aves do céu, seus ninhos, mas o Filho do Homem não tem onde repousar a cabeça.
21
Outra vez um dos seus discípulos lhe disse: Senhor, deixa-me ir primeiro enterrar meu pai.
22
Jesus, porém, lhe respondeu: Segue-me e deixa que os mortos enterrem seus mortos.

Tempestade acalmada

(= Mc 4,35-41 Lc 8,22-25)
23 Subiu ele a uma barca com seus discípulos.
24
De repente, desencadeou-se sobre o mar uma tempestade tão grande, que as ondas cobriam a barca. Ele, no entanto, dormia.
25
Os discípulos achegaram-se a ele e o acordaram, dizendo: Senhor, salva-nos, nós perecemos!
26
E Jesus perguntou: Por que este medo, gente de pouca fé? Então, levantando-se, deu ordens aos ventos e ao mar, e fez-se uma grande calmaria.
27
Admirados, diziam: Quem é este homem a quem até os ventos e o mar obedecem?

Expulsão dos demônios

(= Mc 5,1-20 Lc 8,26-39)
28 No outro lado do lago, na terra dos gadarenos, dois possessos de demônios saíram de um cemitério e vieram-lhe ao encontro. Eram tão furiosos que pessoa alguma ousava passar por ali.
29
Eis que se puseram a gritar: Que tens a ver conosco, Filho de Deus? Vieste aqui para nos atormentar antes do tempo?
30
Havia, não longe dali, uma grande manada de porcos que pastava.
31
Os demônios imploraram a Jesus: Se nos expulsas, envia-nos para aquela manada de porcos.
32
Ide, disse-lhes. Eles saíram e entraram nos porcos. Nesse instante toda a manada se precipitou pelo declive escarpado para o lago, e morreu nas águas.
33
Os guardas fugiram e foram contar na cidade o que se tinha passado e o sucedido com os endemoninhados.
34
Então a população saiu ao encontro de Jesus. Quando o viu, suplicou-lhe que deixasse aquela região.

Cura de um paralítico

(= Mc 2,1-12 Lc 5,17-26)
9 1 Jesus tomou de novo a barca, passou o lago e veio para a sua cidade.
2
Eis que lhe apresentaram um paralítico estendido numa padiola. Jesus, vendo a fé daquela gente, disse ao paralítico: "Meu filho, coragem! Teus pecados te são perdoados."
3
Ouvindo isto, alguns escribas murmuraram entre si: "Este homem blasfema."
4
Jesus, penetrando-lhes os pensamentos, perguntou-lhes: "Por que pensais mal em vossos corações?
5
Que é mais fácil dizer: Teus pecados te são perdoados, ou: Levanta-te e anda?
6
Ora, para que saibais que o Filho do Homem tem na terra o poder de perdoar os pecados: Levanta-te - disse ele ao paralítico -, toma a tua maca e volta para tua casa."
7
Levantou-se aquele homem e foi para sua casa.
8
Vendo isto, a multidão encheu-se de medo e glorificou a Deus por ter dado tal poder aos homens.

Vocação de Mateus

(= Mc 2,13 Lc 5,27)
9 Partindo dali, Jesus viu um homem chamado Mateus, que estava sentado no posto do pagamento das taxas. Disse-lhe: Segue-me. O homem levantou-se e o seguiu.

Junto com "pecadores" - Discussão sobre o jejum

(Mc 2,15-22 = Lc 5,29-39)
10 Como Jesus estivesse à mesa na casa desse homem, numerosos publicanos e pecadores vieram e sentaram-se com ele e seus discípulos.
11
Vendo isto, os fariseus disseram aos discípulos: "Por que come vosso mestre com os publicanos e com os pecadores?"
12
Jesus, ouvindo isto, respondeu-lhes: "Não são os que estão bem que precisam de médico, mas sim os doentes.
13
Ide e aprendei o que significam estas palavras: Eu quero a misericórdia e não o sacrifício (Os 6,6). Eu não vim chamar os justos, mas os pecadores."
14 Então os discípulos de João, dirigindo-se a ele, perguntaram: "Por que jejuamos nós e os fariseus, e os teus discípulos não?"
15
Jesus respondeu: Podem os amigos do esposo afligir-se enquanto o esposo está com eles? Dias virão em que lhes será tirado o esposo. Então eles jejuarão.
16
Ninguém põe um remendo de pano novo numa veste velha, porque arrancaria uma parte da veste e o rasgão ficaria pior.
17
Não se coloca tampouco vinho novo em odres velhos; do contrário, os odres se rompem, o vinho se derrama e os odres se perdem. Coloca-se, porém, o vinho novo em odres novos, e assim tanto um como outro se conservam.

A filha de Jairo - A mulher doente

(= Mc 5,21-43 Lc 8,40-56)
18 Falava ele ainda, quando se apresentou um chefe da sinagoga. Prostrou-se diante dele e lhe disse: Senhor, minha filha acaba de morrer. Mas vem, impõe-lhe as mãos e ela viverá.
19
Jesus levantou-se e o foi seguindo com seus discípulos.
20
Ora, uma mulher atormentada por um fluxo de sangue, havia doze anos, aproximou-se dele por trás e tocou-lhe a orla do manto.
21
Dizia consigo: Se eu somente tocar na sua vestimenta, serei curada.
22
Jesus virou-se, viu-a e disse-lhe: Tem confiança, minha filha, tua fé te salvou. E a mulher ficou curada instantaneamente.
23
Chegando à casa do chefe da sinagoga, viu Jesus os tocadores de flauta e uma multidão alvoroçada. Disse-lhes:
24
Retirai-vos, porque a menina não está morta; ela dorme. Eles, porém, zombavam dele.
25
Tendo saído a multidão, ele entrou, tomou a menina pela mão e ela levantou-se.
26
Esta notícia espalhou-se por toda a região.

Diversas curas

27 Partindo Jesus dali, dois cegos o seguiram, gritando: Filho de Davi, tem piedade de nós!
28
Jesus entrou numa casa e os cegos aproximaram-se dele. Disse-lhes: Credes que eu posso fazer isso? Sim, Senhor, responderam eles.
29
Então ele tocou-lhes nos olhos, dizendo: Seja-vos feito segundo vossa fé.
30
No mesmo instante, os seus olhos se abriram. Recomendou-lhes Jesus em tom severo: Vede que ninguém o saiba.
31
Mas apenas haviam saído, espalharam a sua fama por toda a região.
32
Logo que se foram, apresentaram-lhe um mudo, possuído do demônio.
33
O demônio foi expulso, o mudo falou e a multidão exclamava com admiração: Jamais se viu algo semelhante em Israel.
34
Os fariseus, porém, diziam: É pelo príncipe dos demônios que ele expulsa os demônios.

Compaixão pelo povo que sofre

(= Mc 6,34)
35 Jesus percorria todas as cidades e aldeias. Ensinava nas sinagogas, pregando o Evangelho do Reino e curando todo mal e toda enfermidade.
36
Vendo a multidão, ficou tomado de compaixão, porque estava enfraquecida e abatida como ovelhas sem pastor.
37
Disse, então, aos seus discípulos: A messe é grande, mas os operários são poucos.
38
Pedi, pois, ao Senhor da messe que envie operários para sua messe.

Escolha dos apóstolos - Recebem instruções

(= Mc 3,13-19 Mc 6,7-11 Mc 13,9-13 Lc 6,12-16 Lc 9,1-5 Lc 12,2-9 Lc 12,45-53)
10 1 Jesus reuniu seus doze discípulos. Conferiu-lhes o poder de expulsar os espíritos imundos e de curar todo mal e toda enfermidade.
2
Eis os nomes dos doze apóstolos: o primeiro, Simão, chamado Pedro; depois André, seu irmão. Tiago, filho de Zebedeu, e João, seu irmão.
3
Filipe e Bartolomeu. Tomé e Mateus, o publicano. Tiago, filho de Alfeu, e Tadeu.
4
Simão, o cananeu, e Judas Iscariotes, que foi o traidor.
5
Estes são os Doze que Jesus enviou em missão, após lhes ter dado as seguintes instruções: Não ireis ao meio dos gentios nem entrareis em Samaria;
6
ide antes às ovelhas que se perderam da casa de Israel.
7
Por onde andardes, anunciai que o Reino dos céus está próximo.
8
Curai os doentes, ressuscitai os mortos, purificai os leprosos, expulsai os demônios. Recebestes de graça, de graça dai!
9
Não leveis nem ouro, nem prata, nem dinheiro em vossos cintos,
10
nem mochila para a viagem, nem duas túnicas, nem calçados, nem bastão; pois o operário merece o seu sustento.
11
Nas cidades ou aldeias onde entrardes, informai-vos se há alguém ali digno de vos receber; ficai ali até a vossa partida.
12
Entrando numa casa, saudai-a: Paz a esta casa.
13
Se aquela casa for digna, descerá sobre ela vossa paz; se, porém, não o for, vosso voto de paz retornará a vós.
14
Se não vos receberem e não ouvirem vossas palavras, quando sairdes daquela casa ou daquela cidade, sacudi até mesmo o pó de vossos pés.
15
Em verdade vos digo: no dia do juízo haverá mais indulgência com Sodoma e Gomorra que com aquela cidade.
16
Eu vos envio como ovelhas no meio de lobos. Sede, pois, prudentes como as serpentes, mas simples como as pombas.
17
Cuidai-vos dos homens. Eles vos levarão aos seus tribunais e açoitar-vos-ão com varas nas suas sinagogas.
18
Sereis por minha causa levados diante dos governadores e dos reis: servireis assim de testemunho para eles e para os pagãos.
19
Quando fordes presos, não vos preocupeis nem pela maneira com que haveis de falar, nem pelo que haveis de dizer: naquele momento ser-vos-á inspirado o que haveis de dizer.
20
Porque não sereis vós que falareis, mas é o Espírito de vosso Pai que falará em vós.
21
O irmão entregará seu irmão à morte. O pai, seu filho. Os filhos levantar-se-ão contra seus pais e os matarão.
22
Sereis odiados de todos por causa de meu nome, mas aquele que perseverar até o fim será salvo.
23
Se vos perseguirem numa cidade, fugi para uma outra. Em verdade vos digo: não acabareis de percorrer as cidades de Israel antes que volte o Filho do Homem.
24
O discípulo não é mais que o mestre, o servidor não é mais que o patrão.
25
Basta ao discípulo ser tratado como seu mestre, e ao servidor como seu patrão. Se chamaram de Beelzebul ao pai de família, quanto mais o farão às pessoas de sua casa!
26
Não os temais, pois; porque nada há de escondido que não venha à luz, nada de secreto que não se venha a saber.
27
O que vos digo na escuridão, dizei-o às claras. O que vos é dito ao ouvido, publicai-o de cima dos telhados.
28
Não temais aqueles que matam o corpo, mas não podem matar a alma; temei antes aquele que pode precipitar a alma e o corpo na geena.
29
Não se vendem dois passarinhos por um asse? No entanto, nenhum cai por terra sem a vontade de vosso Pai.
30
Até os cabelos de vossa cabeça estão todos contados.
31
Não temais, pois! Bem mais que os pássaros valeis vós.
32
Portanto, quem der testemunho de mim diante dos homens, também eu darei testemunho dele diante de meu Pai que está nos céus.
33
Aquele, porém, que me negar diante dos homens, também eu o negarei diante de meu Pai que está nos céus.
34
Não julgueis que vim trazer a paz à terra. Vim trazer não a paz, mas a espada.
35
Eu vim trazer a divisão entre o filho e o pai, entre a filha e a mãe, entre a nora e a sogra,
36
e os inimigos do homem serão as pessoas de sua própria casa.
37
Quem ama seu pai ou sua mãe mais que a mim, não é digno de mim. Quem ama seu filho mais que a mim, não é digno de mim.
38
Quem não toma a sua cruz e não me segue, não é digno de mim.
39
Aquele que tentar salvar a sua vida, perdê-la-á. Aquele que a perder, por minha causa, reencontrá-la-á.
40
Quem vos recebe, a mim recebe. E quem me recebe, recebe aquele que me enviou.
41
Aquele que recebe um profeta, na qualidade de profeta, receberá uma recompensa de profeta. Aquele que recebe um justo, na qualidade de justo, receberá uma recompensa de justo.
42
Todo aquele que der ainda que seja somente um copo de água fresca a um destes pequeninos, porque é meu discípulo, em verdade eu vos digo: não perderá sua recompensa.



Matthieu (SAV) 1