Isaïe (SAV) 1





Isaías


I - LIVRO DO PROFETA ISAÍAS (1-39)

PRIMEIRAS PROFECIAS SOBRE JUDÁ E JERUSALÉM (1-12)

1 1 Profecia de Isaías, filho de Amós, a respeito de Judá e Jerusalém no tempo de Ozias, de Joatão, de Acaz e de Ezequias, rei de Judá.
2
Ouvi, céus, e tu, ó terra, escuta, é o Senhor que fala: Eu criei filhos e os eduquei, eles, porém, se revoltaram contra mim.
3
O boi conhece o seu possuidor, e o asno, o estábulo do seu dono; mas Israel não conhece nada, e meu povo não tem entendimento.
4
Ai da nação pecadora, do povo carregado de crimes, da raça de malfeitores, dos filhos desnaturados! Abandonaram o Senhor, desprezaram o Santo de Israel, e lhe voltaram as costas.
5
Onde vos ferir ainda, quando persistis na rebelião? Toda a cabeça está enferma, e todo o coração, abatido.
6
Desde a planta dos pés até o alto da cabeça, não há nele coisa sã. Tudo é uma ferida, uma contusão, uma chaga viva, que não foi nem curada, nem ligada, nem suavizada com óleo.
7
Vossa terra está assolada, vossas cidades, incendiadas. Os inimigos, à vossa vista, devastam vosso país. (É uma desolação, como a ruína de Sodoma).
8
Sião está só como choupana em uma vinha, como choça em pepinal, como cidade sitiada.
9
Se o Senhor dos exércitos não nos tivesse deixado alguns da nossa linhagem, teríamos sido como Sodoma, e ter-nos-íamos tornado como Gomorra.


10 Ouvi a palavra do Senhor, príncipes de Sodoma; escuta a lição de nosso Deus, povo de Gomorra:


11 De que me serve a mim a multidão das vossas vítimas?, diz o Senhor. Já estou farto de holocaustos de cordeiros e da gordura de novilhos cevados. Eu não quero sangue de touros e de bodes.
12
quando vindes apresentar-vos diante de mim, quem vos reclamou isto: atropelar os meus átrios?
13
De nada serve trazer oferendas; tenho horror da fumaça dos sacrifícios. As luas novas, os sábados, as reuniões de culto, não posso suportar a presença do crime na festa religiosa.
14
Eu abomino as vossas luas novas e as vossas festas; elas me são molestas, estou cansado delas.
15
Quando estendeis vossas mãos, eu desvio de vós os meus olhos; quando multiplicais vossas preces, não as ouço. Vossas mãos estão cheias de sangue,


16 lavai-vos, purificai-vos. Tirai vossas más ações de diante de meus olhos.
17
Cessai de fazer o mal, aprendei a fazer o bem. Respeitai o direito, protegei o oprimido; fazei justiça ao órfão, defendei a viúva.


18 Pois bem, justifiquemo-nos, diz o Senhor. Se vossos pecados forem escarlates, tornar-se-ão brancos como a neve! Se forem vermelhos como a púrpura, ficarão brancos como a lã!
19
Se fordes dóceis e obedientes, provareis os melhores frutos da terra;
20
se recusardes e vos revoltardes, provareis a espada. É a boca do Senhor que o declara.

Jerusalém corrupta será purificada

21 Como se prostituiu a cidade fiel, Sião, cheia de retidão? A justiça habitava nela, e agora são os homicidas.
22
Tua prata converteu-se em escória, teu vinho misturou-se com água.
23
Teus príncipes são rebeldes, cúmplices de ladrões. Todos eles amam as dádivas e andam atrás do proveito próprio; não fazem justiça ao órfão, e a causa da viúva não é evocada diante deles.
24
Por isso eis o que diz o Senhor, Deus dos exércitos, o Poderoso de Israel: Ah! eu tirarei satisfação de meus adversários, e me vingarei de meus inimigos.
25
Voltarei minha mão contra ti, e te purificarei no crisol, e eliminarei de ti todo o chumbo.
26
Tornarei teus juízes semelhantes aos de outrora, e teus conselheiros como os de antigamente. Então te chamarão Cidade da Justiça, Cidade fiel.
27
Sião será remida pelo direito, e seus convertidos pela justiça..
28
Os rebeldes e os pecadores serão destruídos juntamente, e aqueles que abandonam o Senhor perecerão.
29
Então tereis vergonha dos carvalhos verdes que cobiçais, e corareis de pejo dos jardins que ora vos agradam,
30
porque sereis como um carvalho verde com folhagem seca, e como um jardim sem água.
31
O homem forte será a estopa. e sua obra, a faísca; eles arderão sem que ninguém possa extinguir.

Sião, capital do reino messiânico

2 1 Visão de Isaías, filho de Amós, acerca de Judá e Jerusalém.
2
No fim dos tempos acontecerá que o monte da casa do Senhor estará colocado à frente das montanhas, e dominará as colinas. Para aí acorrerão todas as gentes,
3
e os povos virão em multidão: Vinde, dirão eles, subamos à montanha do Senhor, à casa do Deus de Jacó: ele nos ensinará seus caminhos, e nós trilharemos as suas veredas. Porque de Sião deve sair a lei, e de Jerusalém, a palavra do Senhor.
4
Ele será o juiz das nações, o governador de muitos povos. De suas espadas forjarão relhas de arados, e de suas lanças, foices. Uma nação não levantará a espada contra outra, e não se arrastarão mais para a guerra.
5
Casa de Jacó, vinde, caminhemos à luz do Senhor.

O Dia do Senhor

6 Vós rejeitastes inteiramente vosso povo, a casa de Jacó, porque ela está cheia de adivinhos do Oriente, e de agoureiros como os filisteus; ela transige com os estrangeiros.
7
A sua terra está cheia de prata e de ouro, e há tesouros sem fim. A sua terra está cheia de cavalos e há um sem-número de carros.
8
A sua terra está cheia de ídolos; os homens se prosternam diante da obra de suas mãos, diante daquilo que seus dedos fabricaram.
9
Os mortais serão abatidos e o homem será humilhado; vós não os perdoareis de maneira nenhuma.
10
Refugiai-vos nos rochedos, escondei-vos debaixo da terra, sob o impulso do terror do Senhor, e do esplendor de sua majestade, quando ele se levantar para aterrorizar a terra.
11
A soberba dos mortais será abatida, e o orgulho dos homens será humilhado. Só o Senhor será exaltado naquele tempo.
12
Porque o Senhor dos exércitos terá um dia (para exercer punição) contra todo ser orgulhoso e arrogante, e contra todo aquele que se exalta, para abatê-lo,
13
contra todos os cedros do Líbano, altos e majestosos, e contra todos os carvalhos de Basã,
14
contra todos os altos montes, e contra todos os outeiros elevados,
15
contra todas as torres altas, e contra todas as muralhas fortificadas,
16
contra todas as naus de Társis e contra todos os objetos de luxo.
17
A pretensão dos mortais será humilhada, o orgulho dos homens será abatido. Só o Senhor será exaltado naquele tempo,
18
e todos os ídolos desaparecerão.
19
Refugiai-vos nas cavernas dos rochedos, e nos antros da terra, sob o impulso do terror do Senhor, e do esplendor de sua majestade, quando ele se levantar para aterrorizar a terra.
20
Naquele tempo o homem lançará aos ratos e aos morcegos os ídolos de prata e os ídolos de ouro, que para si tinha feito a fim de adorá-los;
21
refugiar-se-á nas cavernas dos rochedos e nas fendas da pedreira, por causa do espanto da presença do Senhor, e do esplendor de sua majestade, quando ele se levantar para aterrorizar a terra.
22
Cessai de confiar no homem, cuja vida se prende a um fôlego: como se pode estimá-lo?

Jerusalém entregue à anarquia

3 1 Eis que o Senhor, Deus dos exércitos, vai tirar de Jerusalém e de Judá todo sustentáculo, todo recurso: toda a reserva de pão e toda a reserva de água,
2
o valente e o guerreiro, o juiz e o profeta, o adivinho e o ancião,
3
o chefe de cinqüenta, o grande e o conselheiro, aquele que possui segredos, e se dedica aos sortilégios.
4
Por príncipes eu lhes darei meninos, e adolescentes deterão o poder sobre eles.
5
Os povos se maltratarão uns aos outros, cada um (atormentará) seu próximo: o jovem insultará o velho, e o vilão, o nobre.
6
Um homem se aproximará de outro e dirá: Tu tens um manto na casa de teu pai; é mister que sejas nosso príncipe; toma sob teu poder esta ruína.
7
O outro, então, protestará: Eu não posso curar estas chagas; e em minha casa não há nem pão nem manto; não me façais príncipe do povo.
8
Jerusalém, com efeito, ameaça ruína, e Judá se desmorona, porque suas palavras e suas ações se opõem ao Senhor, e desafiam os olhares de sua majestade.
9
Sua parcialidade testemunha contra eles; ostentam seus pecados (como Sodoma), em vez de escondê-los. Ai deles, porque causam dano a si mesmos.
10
Feliz o justo, para ele o bem; ele comerá o fruto de suas obras.
11
Ai do ímpio, para ele o mal; porque ele será tratado segundo as suas obras.
12
O meu povo é oprimido por tiranos caprichosos, e cobradores de impostos o dominam. Povo meu, teus guias te desencaminham, destroem o caminho por onde tu passas.
13
O Senhor se levanta para acusar, e se ergue para julgar seu povo.
14
O Senhor entra em juízo contra os anciãos e os magistrados de seu povo. Fostes vós que devorastes a vinha, o espólio do pobre está em vossas casas.
15
Por que razão calcais aos pés o meu povo, e maltratais a face dos pobres?, declara o Senhor Deus dos exércitos.

Contra as grandes damas pretensiozas

16 E o Senhor disse: Já que são pretensiosas as filhas de Sião, e andam com o pescoço emproado, fazendo acenos com os olhos, e caminham com passo afetado, fazendo retinir as argolas de seus tornozelos,
17
o Senhor tornará sua cabeça calva e desnudará sua fronte.
18
Naquele tempo o Senhor lhes tirará as jóias, as argolas, os colares, as lúnulas,
19
os brincos, os braceletes e os véus,
20
os diademas, as cadeias, os cintos, os frascos de perfumes e os amuletos,
21
os anéis e os pingentes da fronte,
22
os vestidos de festa, os mantos, as gazas e as bolsas,
23
os espelhos, as musselinas, os turbantes e as mantilhas.
24
E então, em lugar de perfume, haverá podridão, em lugar de cinto, uma corda, em lugar de cabelos encrespados, uma cabeça raspada, em lugar do largo manto, um cilício, uma cicatriz em lugar da beleza.
25
Teus varões tombarão à espada, e teus bravos, na batalha.
26
Suas portas gemerão e se lastimarão; e ela, despojada, sentar-se-á por terra.

4 1 Naquele tempo, sete mulheres disputarão entre si um homem, e dirão: É do nosso pão que comeremos, e de nossas vestes que nos cobriremos. Deixa-nos apenas trazer o teu nome, faze cessar nosso opróbrio.

Ventura de Sião nos tempos messiãnicos

2 Naquele tempo, aquilo que o Senhor fizer crescer será o ornamento e a glória, e o fruto da terra será o orgulho e o ornato daqueles de Israel que foram salvos.
3
O que restar de Sião, os sobreviventes de Jerusalém, serão chamados santos, e todos os que estiverem computados entre os vivos em Jerusalém.
4
Quando o Senhor tiver lavado a imundície das filhas de Sião, e apagado de Jerusalém as manchas de sangue pelo sopro do direito e pelo vento devastador,
5
o Senhor virá estabelecer-se sobre todo o monte Sião e em suas assembléias: de dia como uma nuvem de fumaça, e de noite como um fogo flamejante. Porque sobre todos se estenderá a glória do Senhor,
6
como a cobertura de uma tenda, à guisa de sombra contra o calor do dia, e de refúgio e abrigo contra a procela e a chuva.

Alegoria da vinha

5 1 Eu quero cantar para o meu amigo seu canto de amor a respeito de sua vinha: meu amigo possuía uma vinha num outeiro fértil.
2
Ele a cavou e tirou dela as pedras; plantou-a de cepas escolhidas. Edificou-lhe uma torre no meio, e construiu aí um lagar. E contava com uma colheita de uvas, mas ela só produziu agraço.
3
E agora, habitantes de Jerusalém, e vós, homens de Judá, sede juízes entre mim e minha vinha.
4
Que se poderia fazer por minha vinha, que eu não tenha feito? Por que, quando eu esperava vê-la produzir uvas, só deu agraço?
5
Pois bem, mostrar-vos-ei agora o que hei de fazer à minha vinha: arrancar-lhe-ei a sebe para que ela sirva de pasto, derrubarei o muro para que seja pisada.
6
Eu a farei devastada; não será podada nem cavada, e nela crescerão apenas sarças e espinhos; vedarei às nuvens derramar chuva sobre ela.
7
A vinha do Senhor dos exércitos é a casa de Israel, e os homens de Judá são a planta de sua predileção. Esperei deles a prática da justiça, e eis o sangue derramado; esperei a retidão, e eis os gritos de socorro.

Maldição contra a aristocracia

8 Ai de vós, que ajuntais casa a casa, e que acrescentais campo a campo, até que não haja mais lugar, e que sejais os únicos proprietários da terra.
9
Os meus ouvidos ouviram ainda este juramento do Senhor dos exércitos: Grande número de casas, eu o juro, será devastado, grandes e magníficas herdades ficarão desabitadas.
10
Dez jeiras de vinha não produzirão mais que um bato, e um homer de semente não dará mais que um efá.
11
Ai daqueles que desde a manhã procuram a bebida, e que se retardam à noite nas excitações do vinho!
12
Amantes da cítara e da harpa, do tamborim e da flauta, e do vinho em seus banquetes, mas para as obras do Senhor não têm um olhar sequer, e não enxergam a obra de suas mãos.
13
Por causa disso meu povo será desterrado sem nada pressentir. Sua nobreza será atenazada pela fome, e a multidão, mirrada pela sede.
14
Por isso a morada dos mortos se alargará, e abrirá desmesuradamente a boca. O esplendor (de Sião) e sua multidão barulhenta, seu alvoroço e sua alegria desaparecerão dela.
15
O homem será curvado, os grandes serão humilhados, os olhares altivos serão abatidos,
16
e o Senhor dos exércitos triunfará no juízo; o Deus santo mostrar-se-á como tal, fazendo justiça.
17
Os cordeiros serão apascentados nesses lugares como em suas pastagens, e sobre as ruínas pastarão os cabritos.
18
Ai daqueles que arrastam a correção com as cordas da indisciplina, e a pena do pecado como com os tirantes de um carro!
19
(Ai) daqueles que dizem: Que ele se avie, que faça já sua obra, a fim de que a vejamos. Que o plano do Santo de Israel se execute para que o conheçamos!
20
Ai daqueles que ao mal chamam bem, e ao bem, mal, que mudam as trevas em luz e a luz em trevas, que tornam doce o que é amargo, e amargo o que é doce!
21
Ai daqueles que são sábios aos próprios olhos, e prudentes em seu próprio juízo!
22
Ai daqueles que põem sua bravura em beber vinho, e sua coragem em misturar licores;
23
(ai) daqueles que, por uma dádiva, absolvem o culpado, e negam justiça àquele que tem o direito a seu lado!
24
Por isso, assim como a palhoça é devorada por uma língua de fogo, e como a palha é consumida pela chama, assim a raiz deles sucumbirá na podridão e sua flor voará como a poeira, porque repudiaram a lei do Senhor dos exércitos, e desprezaram a palavra do Santo de Israel.

Cólera do Senhor

25 Por isso o furor do Senhor se inflama contra seu povo, apodera-se dele e o castiga; os montes tremem, seus cadáveres, como carniça, jazem nas ruas. Entretanto, sua cólera não se aplacou, e sua mão está prestes a precipitar-se.
26
Ele arvora uma bandeira para chamar uma nação longínqua, assobia para fazê-la vir dos confins da terra, e ei-la que, ágil, acorre às pressas.
27
Ninguém dentre eles se arrasta ou tropeça, ninguém dorme nem cochila; ninguém desata a cinta de seus rins, nem desaperta a correia dos sapatos.
28
Agudas são as suas flechas e todos os seus arcos, entesados. Os cascos de seus cavalos são (duros) como a pederneira, e as rodas de seus carros assemelham-se à tempestade.
29
É (como) o rugido da leoa, e o rosnar do leãozinho. Ele brame e agarra a sua presa, e a carrega sem que ninguém lha arrebate.
30
Naquele tempo, um estrondo, semelhante ao bramido do mar, retumbará contra ele. Quando olhar a terra, só verá trevas e angústia, e no céu se estenderão nuvens tenebrosas.

Vocação de Isaías

6 1 No ano da morte do rei Ozias, eu vi o Senhor sentado num trono muito elevado; as franjas de seu manto enchiam o templo.


2 Os serafins se mantinham junto dele. Cada um deles tinha seis asas; com um par (de asas) velavam a face; com outro cobriam os pés; e, com o terceiro, voavam.
3
Suas vozes se revezavam e diziam: Santo, santo, santo é o Senhor Deus do universo! A terra inteira proclama a sua glória!
4
A este brado as portas estremeceram em seus gonzos e a casa, encheu-se de fumo.
5
Ai de mim, gritava eu. Estou perdido porque sou um homem de lábios impuros, e habito com um povo (também) de lábios impuros e, entretanto, meus olhos viram o rei, o Senhor dos exércitos!


6 Porém, um dos serafins voou em minha direção; trazia na mão uma brasa viva, que tinha tomado do altar com uma tenaz.
7
Aplicou-a na minha boca e disse: Tendo esta brasa tocado teus lábios, teu pecado foi tirado, e tua falta, apagada.
8
Ouvi então a voz do Senhor que dizia: Quem enviarei eu? E quem irá por nós? Eis-me aqui, disse eu, enviai-me.


9 Vai, pois, dizer a esse povo, disse ele: Escutai, sem chegar a compreender, olhai, sem chegar a ver.
10
Obceca o coração desse povo, ensurdece-lhe os ouvidos, fecha-lhe os olhos, de modo que não veja nada com seus olhos, não ouça com seus ouvidos, não compreenda nada com seu espírito. E não se cure de novo.
11
Até quando, Senhor' disse eu. E ele respondeu: Até que as cidades fiquem devastadas e sem habitantes, as casas, sem gente, e a terra, deserta;
12
até que o Senhor tenha banido os homens, e seja grande a solidão na terra.
13
Se restar um décimo (da população), ele será lançado ao fogo, como o terebinto e o carvalho, cuja linhagem permanece quando são abatidos. (Sua linhagem é um germe santo).

Isaías exorta Acaz a confiar em Deus

7 1 No tempo de Acaz, filho de Joatão, filho de Ozias, rei de Judá, Rasin, rei de Arão, foi com Pecá, filho de Romelia, rei de Israel, contra Jerusalém para lhe dar combate; mas não pôde apoderar-se dela.
2
Quando se soube, na casa de Davi, que (o exército da) Síria estava acampado em Efraim, o coração do rei e o de seu povo ficaram perturbados como as árvores das florestas agitadas pelos ventos.
3
Então disse o Senhor a Isaías: Vai ter com Acaz, com Sear-Jasub, teu filho, na extremidade do aqueduto do reservatório superior, no caminho do campo do pisoeiro.
4
E dize-lhe: Tem ânimo, não temas, não vacile o teu coração diante desses dois pedaços de tições fumegantes. (Diante do furor de Rasin, da Síria, e do filho de Romelia).
5
Visto que a Síria decidiu tua perdição, com Efraim e o filho de Romelia, dizendo:
6
Vamos contra Judá, nós o bateremos, e nos apoderaremos dele, e proclamaremos rei o filho de Tabeel.
7
Eis o que disse o Senhor Javé: Isso não acontecerá, essas coisas não se realizarão,
8
porque a capital da Síria é Damasco, e a cabeça de Damasco é Rasin. (Dentro de sessenta e cinco anos Efraim desaparecerá do rol dos povos.)
9
E a capital de Efraim é Samaria, e a cabeça de Samaria é o filho de Romelia. Se não o crerdes, não subsistireis.

O sinal de Emanuel

10 O Senhor disse ainda a Acaz:
11
Pede ao Senhor teu Deus um sinal, seja do fundo da habitação dos mortos, seja lá do alto.
12
Acaz respondeu: De maneira alguma! Não quero pôr o Senhor à prova.
13
Isaías respondeu: Ouvi, casa de Davi: Não vos basta fatigar a paciência dos homens? Pretendeis cansar também o meu Deus?
14
Por isso, o próprio Senhor vos dará um sinal: uma virgem conceberá e dará à luz um filho, e o chamará Deus Conosco.


15 Ele será nutrido com manteiga e mel até que saiba rejeitar o mal e escolher o bem.
16
Porque antes que o menino saiba rejeitar o mal e escolher o bem, a terra, cujos dois reis tu temes, será devastada.
17
O Senhor fará vir sobre ti, sobre teu povo e sobre a casa de teu pai, dias tais como não houve desde que Efraim se separou de Judá .
18
Naquele dia, o Senhor assobiará às moscas que estão nas margens dos rios do Egito e às abelhas da terra da Assíria.
19
Elas virão pousar em massa nos vales escarpados, nas cavernas dos rochedos, sobre todas as moitas e todas as pastagens.
20
Naquele tempo, com uma navalha emprestada do outro lado do rio o Senhor vos raspará a cabeça e os pêlos das pernas, assim como a barba.
21
Naquele tempo, cada homem manterá uma vaca e duas ovelhas;
22
comer-se-á a manteiga de todo o leite que elas derem, porque é de manteiga e mel que viverão aqueles que subsistirem na terra.
23
Naquele tempo, todo terreno que contiver mil vides valendo mil siclos de prata será abandonado às sarças e aos espinhos.
24
Ali só se entrará com setas e arcos, porque toda aquela terra estará coberta de sarças e espinhos. Não se voltará mais aos montes que eram cultivados à enxada, por causa das sarças e dos espinhos; será permitido aos bois pastá-los e serão pisados pelos carneiros.

No tempo da invasão assíria

8 1 E o Senhor disse-me: Toma uma grande placa e escreve nela em caracteres legíveis: Maer-chalal-hach-baz. (Toma depressa os despojos, faze velozmente a presa).
2
Tomai por testemunhas fidedignas o sacerdote Urias e Zacarias, filho de Jeberequias.
3
Eu me aproximei da profetisa, que concebeu e deu à luz um filho. (Então) o Senhor me disse Chama-o Maer-Chalal-hach-baz,
4
porque antes que o menino saiba dizer: papai, mamãe, as riquezas de Damasco e os despojos de Samaria serão carregados diante do rei da Assíria.
5
O Senhor disse-me ainda:
6
Porque este povo rejeitou as águas tranqüilas de Siloé, e perdeu o domínio diante de Rasin e do filho de Romelia,
7
o Senhor fará cair sobre ele as águas do rio, abundantes e impetuosas (o rei da Assíria com todo o seu poder); subirá por toda parte pelas suas ribanceiras, transbordará por todas as suas margens,
8
invadirá Judá, inundá-lo-á e o submergirá, e subirá até o pescoço. Com suas asas desdobradas cobrirá toda a terra, ó Emanuel!
9
Aprendei-o, povos, e ficareis consternados. Ouvi com atenção, terras longínquas. Podeis pegar em armas e sereis destruídos;


10 preparai um plano, e ele malogrará; dai ordens e elas não serão executadas, porque Deus está conosco.


11 Porque eis o que o Senhor me disse quando me agarrou e me preveniu contra essa política:
12
Não chameis conspiração tudo aquilo que o povo chama conspiração; não vos assusteis.
13
É o Senhor que vós deveis ter por conspirador; é a ele que é preciso respeitar, a ele que se deve temer.
14
Ele será a pedra de escândalo e a pedra de tropeço para as duas casas de Israel, o laço e a cilada para os habitantes de Jerusalém.
15
Muitos dentre eles vacilarão, cairão e serão despedaçados; serão presos ao laço e apanhados na armadilha.
16
Eu vou recolher esta declaração e selar esta revelação para os meus discípulos.
17
Terei confiança no Senhor que se esconde da casa de Jacó,e esperarei nele.
18
Eu e os filhos que o Senhor me deu somos, em Israel, sinais e presságios da parte do Senhor dos exércitos, que habita no monte de Sião.
19
Se vos disserem: Consultai os espíritos dos mortos, os adivinhos, os que conhecem segredos e dizem em voz baixa: Porventura um povo não deve consultar os seus deuses? Consultar os mortos em favor dos vivos?
20
Para aceitar uma lei e um testemunho. É o que se dirá. Porque não haverá aurora para eles.
21
Andarão errantes pela terra, fatigados e esfomeados; atormentados pela fome, agastar-se-ão e amaldiçoarão o seu rei e o seu Deus. Levantarão os olhos, depois olharão para a terra,
22
e só verão misérias, escuridão e trevas angustiantes. Repelir-se-ão dentro da noite

Reino do Messias

23 (pois não há trevas onde há angústia?). No passado ele humilhou a terra de Zabulon e de Neftali, mas no futuro cobrirá de honras o caminho do mar, a Transjordânia e o distrito das nações.


9 1 O povo que andava nas trevas viu uma grande luz; sobre aqueles que habitavam uma região tenebrosa resplandeceu uma luz.
2
Vós suscitais um grande regozijo, provocais uma imensa alegria; rejubilam-se diante de vós como na alegria da colheita, como exultam na partilha dos despojos.
3
Porque o jugo que pesava sobre ele, a coleira de seu ombro e a vara do feitor, vós os quebrastes, como no dia de Madiã.


4 Porque todo calçado que se traz na batalha, e todo manto manchado de sangue serão lançados ao fogo e tornar-se-ão presa das chamas;
5
porque um menino nos nasceu, um filho nos foi dado; a soberania repousa sobre seus ombros, e ele se chama: Conselheiro admirável, Deus forte, Pai eterno, Príncipe da paz.
6
Seu império será grande e a paz sem fim sobre o trono de Davi e em seu reino. Ele o firmará e o manterá pelo direito e pela justiça, desde agora e para sempre. Eis o que fará o zelo do Senhor dos exércitos.

Ameaças contra Efraim

7 O Senhor profere uma palavra contra Jacó, e ela vai cair sobre Israel.
8
Todo o povo conhece seus efeitos, Efraim e os habitantes de Samaria, que dizem no seu orgulho e na sua pretensão:
9
Os tijolos caíram, nós edificaremos com pedras lavradas, os sicômoros foram cortados, nós os substituiremos por cedros.
10
O Senhor sustentou seus inimigos contra ele, e estimulou seus adversários.
11
Os arameus do Oriente, os filisteus do Ocidente devoraram Israel com bons dentes. Apesar de tudo, sua cólera não se aplacou, e sua mão está prestes a precipitar-se.
12
O povo, porém, não se voltou para quem o feria, e não buscou o Senhor dos exércitos.
13
Então o Senhor cortou a cabeça e a cauda de Israel, a palma e o junco em um só dia
14
(a cabeça é o ancião e o respeitável, a cauda é o falso profeta).
15
(Aqueles que conduziam esse povo, desencaminharam-no, e os que eles conduziam, perderam-se.)
16
Por isso o Senhor não poupa os jovens e não tem piedade dos órfãos nem das viúvas, porque todos eles são ímpios e perversos, e todas as bocas proferem infames palavras. Apesar de tudo, sua cólera não se aplacou, e sua mão está prestes a precipitar-se.
17
Porque a maldade queima como um fogo que devora as sarças e os espinhos, e depois envolve a espessura da floresta, de onde a fumaça se eleva em turbilhões.
18
Pela cólera do Senhor a terra está em fogo, e o povo veio a ser presa das chamas.
19
Cortam à direita, e têm fome, comem à esquerda, e não se satisfazem. Cada um devora a carne de seu próximo, e ninguém tem piedade de seu irmão;
20
Manassés come Efraim, e Efraim, Manassés; depois os dois juntos atacam Judá. Apesar de tudo, sua cólera não se aplacou, e sua mão está prestes a precipitar-se.

Contra magistrados injustos

10 1 Ai daqueles que fazem leis injustas e dos escribas que redigem sentenças opressivas,
2
para afastar os pobres dos tribunais e negar direitos aos fracos de meu povo; para fazer das viúvas sua presa e despojar os órfãos.
3
Que fareis vós no dia do ajuste de contas, e da tempestade que virá de longe? Junto de quem procurareis auxílio, e onde deixareis vossas riquezas?
4
A menos que vos curveis entre os cativos, tombareis entre os mortos. Apesar de tudo, sua cólera não se aplacou, e sua mão está prestes a precipitar-se.

Oráculos contra a Assíria

5 Ai da Assíria, vara de minha cólera e bastão que maneja o meu furor.
6
Eu o enviei contra uma nação ímpia, e o lancei contra o povo, o objeto de minha cólera, para que o entregasse à pilhagem e lhe levasse os despojos, e o calcasse aos pés como a lama das ruas.
7
Mas ele não entendeu dessa maneira, e este não foi o seu pensamento. Ele só pensa em destruir, em exterminar nações em massa.


8 Porque disse: Porventura meus chefes não são todos eles reis?
9
Não teve Calano o destino de Carcamis, Emat, o de Arfad, e Samaria, o de Damasco?
10
Assim como minha mão se apoderou dos reinos de falsos deuses, cujos ídolos eram mais numerosos que os de Jerusalém e de Samaria,
11
assim como tratei Samaria e seus falsos deuses, não devo tratar também Jerusalém e seus ídolos?
12
Quando o Senhor tiver terminado a sua obra no monte Sião e em Jerusalém, ele punirá a linguagem orgulhosa do rei da Assíria e seus olhares insolentes. Porque ele disse:


13 Foi pela força de minha mão que eu agi, e pela minha destreza, porque sou hábil. Dilatei as fronteiras, saqueei os tesouros e lancei por terra aqueles que estavam no trono.
14
Minha mão tomou como um ninho a riqueza dos povos. Assim como se recolhem os ovos abandonados, eu reuni a terra inteira. Ninguém moveu a asa, nem abriu o bico, nem piou.
15
Acaso o machado se vangloria à custa do lenhador? Ou a serra se levanta contra o serrador? Como se a vara fizesse agitar aquele que a maneja, como se o bastão fizesse mover o braço!
16
Por isso o Senhor Deus dos exércitos fará enfraquecer seus robustos guerreiros, e debaixo de sua glória acender-se-á um fogo como o de um incêndio.


17 A luz de Israel tornar-se-á um fogo e seu Santo, uma chama, para queimar e devorar as suas sarças e seus espinhos em um só dia.
18
O esplendor de seu bosque e de seu jardim ele o aniquilará, corpo e alma. (Será como um doente que definha.)
19
Restarão tão poucas árvores em sua floresta, que um menino poderá contá-las.
20
Naquele tempo, o restante de Israel e os remanescentes da casa de Jacó deixarão de apoiar-se naquele que os fere, mas apoiar-se-ão com confiança no Senhor, o Santo de Israel.
21
Um resto voltará, um resto de Jacó, para o Deus forte.
22
Ainda que teu povo fosse inumerável como a areia do mar, dele só voltará um resto. A destruição está resolvida, a justiça vai tirar a desforra.
23
Esta sentença de ruína o Senhor Deus dos exércitos executará no centro de toda a terra.
24
Por isso o Senhor Deus dos exércitos disse: Povo meu, que habitas em Sião, não temas o assírio que te castiga com a vara, e brande seu bastão contra ti, como outrora os egípcios.
25
Porque dentro de muito pouco tempo meu ressentimento contra vós terá fim e minha cólera o aniquilará.
26
O Senhor Deus dos exércitos vibrará o açoite contra ele como quando feriu Madiã no penhasco de Oreb, e quando estendeu seu bastão sobre o mar, contra o Egito.
27
Naquele tempo, o peso que ele te impôs será tirado de teus ombros, e o seu jugo desaparecerá de teu pescoço... Ele avança pelo lado de Rimon,
28
vai contra Aiat; passou por Magron, e depositou sua bagagem em Micmas;
29
transpuseram o desfiladeiro, e acamparam em Gaba. Ramá está aterrorizada, e Gabaat de Saul, tomada de pânico.
30
Levanta tua voz, ó filha de Galim; escuta, Laís; responde-lhe Anatot.
31
Medmena está em fuga, e os habitantes de Gabim retiraram-se;
32
mais um dia de pouso em Nobe, e depois ele levantará sua mão contra o monte Sião, contra a colina de Jerusalém.
33
O Senhor Deus dos exércitos, com um golpe terrível, abate os ramos, as grandes árvores são cortadas, e as mais altas lançadas por terra;
34
a ramagem da floresta tomba pelo ferro, e o Líbano desaba pela força.

O reino do Messias

11 1 Um renovo sairá do tronco de Jessé, e um rebento brotará de suas raízes.
2
Sobre ele repousará o Espírito do Senhor, Espírito de sabedoria e de entendimento, Espírito de prudência e de coragem, Espírito de ciência e de temor ao Senhor.
3
(Sua alegria se encontrará no temor ao Senhor.) Ele não julgará pelas aparências, e não decidirá pelo que ouvir dizer;
4
mas julgará os fracos com eqüidade, fará justiça aos pobres da terra, ferirá o homem impetuoso com uma sentença de sua boca, e com o sopro dos seus lábios fará morrer o ímpio.


5 A justiça será como o cinto de seus rins, e a lealdade circundará seus flancos.
6
Então o lobo será hóspede do cordeiro, a pantera se deitará ao pé do cabrito, o touro e o leão comerão juntos, e um menino pequeno os conduzirá;
7
a vaca e o urso se fraternizarão, suas crias repousarão juntas, e o leão comerá palha com o boi.
8
A criança de peito brincará junto à toca da víbora, e o menino desmamado meterá a mão na caverna da áspide.
9
Não se fará mal nem dano em todo o meu santo monte, porque a terra estará cheia de ciência do Senhor, assim como as águas recobrem o fundo do mar.
10
Naquele tempo, o rebento de Jessé, posto como estandarte para os povos, será procurado pelas nações e gloriosa será a sua morada.


11 Naquele tempo, o Senhor levantará de novo a mão para resgatar o resto de seu povo, os sobreviventes da Assíria e do Egito (de Patros, da Etiópia, de Elão, de Senaar, de Emat e das ilhas do mar).
12
Levantará o seu estandarte entre as nações, reunirá os exilados de Israel, e recolherá os dispersos de Judá dos quatro cantos da terra.
13
A inveja de Efraim abrandar-se-á, e os inimigos de Judá se desvanecerão. (Efraim não mais invejará Judá, e Judá não será mais inimigo de Efraim.)
14
Eles voarão para o lado dos filisteus ao Ocidente e, juntos, saquearão os filhos do Oriente. Estenderão a mão sobre a Iduméia e Moab, e os amonitas lhes serão submissos.
15
Assim como o Senhor pôs a seco o braço de mar do Egito, com seu sopro ardente, ele estenderá a mão sobre o rio e o dividirá em sete braços, de sorte que se poderá atravessar a vau.
16
O caminho se abrirá para o resto de seu povo que escapar da Assíria, como se abriu para Israel no tempo em que ele saiu da terra do Egito.


Isaïe (SAV) 1