Matthieu (SAV) 11

11 1 Após ter dado instruções aos seus doze discípulos, Jesus partiu para ensinar e pregar nas cidades daquela região.

Mensagem de João Batista

(= Lc 7,18-35)
2 Tendo João, em sua prisão, ouvido falar das obras de Cristo, mandou-lhe dizer pelos seus discípulos:
3
Sois vós aquele que deve vir, ou devemos esperar por outro?
4
Respondeu-lhes Jesus: Ide e contai a João o que ouvistes e o que vistes:
5
os cegos vêem, os coxos andam, os leprosos são limpos, os surdos ouvem, os mortos ressuscitam, o Evangelho é anunciado aos pobres...
6
Bem-aventurado aquele para quem eu não for ocasião de queda!
7
Tendo eles partido, disse Jesus à multidão a respeito de João: Que fostes ver no deserto? Um caniço agitado pelo vento?
8
Que fostes ver, então? Um homem vestido com roupas luxuosas? Mas os que estão revestidos de tais roupas vivem nos palácios dos reis.
9
Então por que fostes para lá? Para ver um profeta? Sim, digo-vos eu, mais que um profeta.
10
É dele que está escrito: Eis que eu envio meu mensageiro diante de ti para te preparar o caminho (Ml 3,1).
11 Em verdade vos digo: entre os filhos das mulheres, não surgiu outro maior que João Batista. No entanto, o menor no Reino dos céus é maior do que ele.
12
Desde a época de João Batista até o presente, o Reino dos céus é arrebatado à força e são os violentos que o conquistam.
13
Porque os profetas e a lei tiveram a palavra até João.
14
E, se quereis compreender, é ele o Elias que devia voltar.
15
Quem tem ouvidos, ouça.
16
A quem hei de comparar esta geração? É semelhante a meninos sentados nas praças que gritam aos seus companheiros:
17
Tocamos a flauta e não dançais, cantamos uma lamentação e não chorais.
18
João veio; ele não bebia e não comia, e disseram: Ele está possesso de um demônio.
19
O Filho do Homem vem, come e bebe, e dizem: É um comilão e beberrão, amigo dos publicanos e dos devassos. Mas a sabedoria foi justificada por seus filhos.

Censura às cidades impenitentes

(= Lc 10,13ss)
20 Depois Jesus começou a censurar as cidades, onde tinha feito grande número de seus milagres, por terem recusado arrepender-se:
21
Ai de ti, Corozaim! Ai de ti, Betsaida! Porque se tivessem sido feitos em Tiro e em Sidônia os milagres que foram feitos em vosso meio, há muito tempo elas se teriam arrependido sob o cilício e a cinza.
22
Por isso vos digo: no dia do juízo, haverá menor rigor para Tiro e para Sidônia que para vós!
23
E tu, Cafarnaum, serás elevada até o céu? Não! Serás atirada até o inferno! Porque, se Sodoma tivesse visto os milagres que foram feitos dentro dos teus muros, subsistiria até este dia.
24
Por isso te digo: no dia do juízo, haverá menor rigor para Sodoma do que para ti!

O Evangelho revelado aos humildes

(= Lc 10,21-24)
25 Por aquele tempo, Jesus pronunciou estas palavras: "Eu te bendigo, Pai, Senhor do céu e da terra, porque escondeste estas coisas aos sábios e entendidos e as revelaste aos pequenos.
26
Sim, Pai, eu te bendigo, porque assim foi do teu agrado.
27
Todas as coisas me foram dadas por meu Pai; ninguém conhece o Filho, senão o Pai, e ninguém conhece o Pai, senão o Filho e aquele a quem o Filho quiser revelá-lo.
28
"Vinde a mim, vós todos que estais aflitos sob o fardo, e eu vos aliviarei.
29
Tomai meu jugo sobre vós e recebei minha doutrina, porque eu sou manso e humilde de coração e achareis o repouso para as vossas almas.
30
Porque meu jugo é suave e meu peso é leve."

Espigas arrancadas em dia de sábado

(= Mc 2,23-28 Lc 6,1-5
12 1 Atravessava Jesus os campos de trigo num dia de sábado. Seus discípulos, tendo fome, começaram a arrancar as espigas para comê-las.
2
Vendo isto, os fariseus disseram-lhe: Eis que teus discípulos fazem o que é proibido no dia de sábado.
3
Jesus respondeu-lhes: Não lestes o que fez Davi num dia em que teve fome, ele e seus companheiros,
4
como entrou na casa de Deus e comeu os pães da proposição? Ora, nem a ele nem àqueles que o acompanhavam era permitido comer esses pães reservados só aos sacerdotes.
5
Não lestes na lei que, nos dias de sábado, os sacerdotes transgridem no templo o descanso do sábado e não se tornam culpados?
6
Ora, eu vos declaro que aqui está quem é maior que o templo.
7
Se compreendêsseis o sentido destas palavras: Quero a misericórdia e não o sacrifício... não condenaríeis os inocentes.
8
Porque o Filho do Homem é senhor também do sábado.

Cura operada no sábado

(= Mc 3,1-12 Lc 6,6-11 Lc 6,17ss)
9 Partindo dali, Jesus entrou na sinagoga.
10
Encontrava-se lá um homem que tinha a mão seca. Alguém perguntou a Jesus: É permitido curar no dia de sábado? Isto para poder acusá-lo.
11
Jesus respondeu-lhe: Há alguém entre vós que, tendo uma única ovelha e se esta cair num poço no dia de sábado, não a irá procurar e retirar?
12
Não vale o homem muito mais que uma ovelha? É permitido, pois, fazer o bem no dia de sábado.
13
Disse, então, àquele homem: Estende a mão. Ele a estendeu e ela tornou-se sã como a outra.
14
Os fariseus saíram dali e deliberaram sobre os meios de o matar.
15
Jesus soube disso e afastou-se daquele lugar. Uma grande multidão o seguiu, e ele curou todos os seus doentes.
16
Proibia-lhes formalmente falar disso,
17
para que se cumprisse o anunciado pelo profeta Isaías:
18
Eis o meu servo a quem escolhi, meu bem-amado em quem minha alma pôs toda sua a afeição. Farei repousar sobre ele o meu Espírito e ele anunciará a justiça aos pagãos.
19
Ele não disputará, não elevará sua voz; ninguém ouvirá sua voz nas praças públicas.
20
Não quebrará o caniço rachado, nem apagará a mecha que ainda fumega, até que faça triunfar a justiça.
21
Em seu nome as nações pagãs porão sua esperança (Is 42,1-4).

Discussão a propósito de um milagre

(= Mc 3,20-27 Lc 11,14-23)
22 Apresentaram-lhe, depois, um possesso cego e mudo. Jesus o curou de tal modo, que este falava e via.
23
A multidão, admirada, dizia: Não será este o filho de Davi?
24
Mas, ouvindo isto, os fariseus responderam: É por Beelzebul, chefe dos demônios, que ele os expulsa.
25
Jesus, porém, penetrando nos seus pensamentos, disse: Todo reino dividido contra si mesmo será destruído. Toda cidade, toda casa dividida contra si mesma não pode subsistir.
26
Se Satanás expele Satanás, está dividido contra si mesmo. Como, pois, subsistirá o seu reino?
27
E se eu expulso os demônios por Beelzebul, por quem é que vossos filhos os expulsam? Por isso, eles mesmos serão vossos juízes.
28
Mas, se é pelo Espírito de Deus que expulso os demônios, então chegou para vós o Reino de Deus.
29
Como pode alguém penetrar na casa de um homem forte e roubar-lhe os bens, sem ter primeiro amarrado este homem forte? Só então pode roubar sua casa.
30
Quem não está comigo está contra mim; e quem não ajunta comigo, espalha.

Pecado contra o Espiríto Santo

(= Mc 3,28 Lc 12,10)
31 Por isso, eu vos digo: todo pecado e toda blasfêmia serão perdoados aos homens, mas a blasfêmia contra o Espírito não lhes será perdoada.
32
Todo o que tiver falado contra o Filho do Homem será perdoado. Se, porém, falar contra o Espírito Santo, não alcançará perdão nem neste século nem no século vindouro.
33
Ou dizeis que a árvore é boa e seu fruto bom, ou dizeis que é má e seu fruto, mau; porque é pelo fruto que se conhece a árvore.
34
Raça de víboras, maus como sois, como podeis dizer coisas boas? Porque a boca fala do que lhe transborda do coração.
35
O homem de bem tira boas coisas de seu bom tesouro. O mau, porém, tira coisas más de seu mau tesouro.
36
Eu vos digo: no dia do juízo os homens prestarão contas de toda palavra vã que tiverem proferido.
37
É por tuas palavras que serás justificado ou condenado.

O sinal de Jonas

(= Mc 8,11 Lc 11,24 Lc 11,29-32)
38 Então alguns escribas e fariseus tomaram a palavra: Mestre, quiséramos ver-te fazer um milagre.
39
Respondeu-lhes Jesus: Esta geração adúltera e perversa pede um sinal, mas não lhe será dado outro sinal do que aquele do profeta Jonas:
40
do mesmo modo que Jonas esteve três dias e três noites no ventre do peixe, assim o Filho do Homem ficará três dias e três noites no seio da terra.
41
No dia do juízo, os ninivitas se levantarão com esta raça e a condenarão, porque fizeram penitência à voz de Jonas. Ora, aqui está quem é mais do que Jonas.
42
No dia do juízo, a rainha do Sul se levantará com esta raça e a condenará, porque veio das extremidades da terra para ouvir a sabedoria de Salomão. Ora, aqui está quem é mais do que Salomão.
43
Quando o espírito impuro sai de um homem, ei-lo errante por lugares áridos à procura de um repouso que não acha.
44
Diz ele, então: Voltarei para a casa donde saí. E, voltando, encontra-a vazia, limpa e enfeitada.
45
Vai, então, buscar sete outros espíritos piores que ele, e entram nessa casa e se estabelecem aí; e o último estado daquele homem torna-se pior que o primeiro. Tal será a sorte desta geração perversa.

A mãe e os "irmãos" de Jesus

(= Mc 3,31-35 Lc 8,19)
46 Jesus falava ainda à multidão, quando veio sua mãe e seus irmãos e esperavam do lado de fora a ocasião de lhe falar.
47
Disse-lhe alguém: Tua mãe e teus irmãos estão aí fora, e querem falar-te.
48
Jesus respondeu-lhe: Quem é minha mãe e quem são meus irmãos?
49
E, apontando com a mão para os seus discípulos, acrescentou: Eis aqui minha mãe e meus irmãos.
50
Todo aquele que faz a vontade de meu Pai que está nos céus, esse é meu irmão, minha irmã e minha mãe.

PARÁBOLAS DO REINO


O semeador

(= Mc 4,1-20 Lc 8,4-15)
13 1 Naquele dia, saiu Jesus e sentou-se à beira do lago.
2
Acercou-se dele, porém, uma tal multidão, que precisou entrar numa barca. Nela se assentou, enquanto a multidão ficava à margem.
3
E seus discursos foram uma série de parábolas.
4
Disse ele: Um semeador saiu a semear. E, semeando, parte da semente caiu ao longo do caminho; os pássaros vieram e a comeram.
5
Outra parte caiu em solo pedregoso, onde não havia muita terra, e nasceu logo, porque a terra era pouco profunda.
6
Logo, porém, que o sol nasceu, queimou-se, por falta de raízes.
7
Outras sementes caíram entre os espinhos: os espinhos cresceram e as sufocaram.
8
Outras, enfim, caíram em terra boa: deram frutos, cem por um, sessenta por um, trinta por um.
9
Aquele que tem ouvidos, ouça.
10
Os discípulos aproximaram-se dele, então, para dizer-lhe: Por que lhes falas em parábolas?
11
Respondeu Jesus: Porque a vós é dado compreender os mistérios do Reino dos céus, mas a eles não.
12
Ao que tem, se lhe dará e terá em abundância, mas ao que não tem será tirado até mesmo o que tem.
13
Eis por que lhes falo em parábolas: para que, vendo, não vejam e, ouvindo, não ouçam nem compreendam.
14
Assim se cumpre para eles o que foi dito pelo profeta Isaías: Ouvireis com vossos ouvidos e não entendereis, olhareis com vossos olhos e não vereis,
15
porque o coração deste povo se endureceu: taparam os seus ouvidos e fecharam os seus olhos, para que seus olhos não vejam e seus ouvidos não ouçam, nem seu coração compreenda; para que não se convertam e eu os sare (Is 6,9s).
16 Mas, quanto a vós, bem-aventurados os vossos olhos, porque vêem! Ditosos os vossos ouvidos, porque ouvem!
17
Eu vos declaro, em verdade: muitos profetas e justos desejaram ver o que vedes e não o viram, ouvir o que ouvis e não ouviram.
18
Ouvi, pois, o sentido da parábola do semeador:
19
quando um homem ouve a palavra do Reino e não a entende, o Maligno vem e arranca o que foi semeado no seu coração. Este é aquele que recebeu a semente à beira do caminho.
20
O solo pedregoso em que ela caiu é aquele que acolhe com alegria a palavra ouvida,
21
mas não tem raízes, é inconstante: sobrevindo uma tribulação ou uma perseguição por causa da palavra, logo encontra uma ocasião de queda.
22
O terreno que recebeu a semente entre os espinhos representa aquele que ouviu bem a palavra, mas nele os cuidados do mundo e a sedução das riquezas a sufocam e a tornam infrutuosa.
23
A terra boa semeada é aquele que ouve a palavra e a compreende, e produz fruto: cem por um, sessenta por um, trinta por um.

O joio

24 Jesus propôs-lhes outra parábola: O Reino dos céus é semelhante a um homem que tinha semeado boa semente em seu campo.
25
Na hora, porém, em que os homens repousavam, veio o seu inimigo, semeou joio no meio do trigo e partiu.
26
O trigo cresceu e deu fruto, mas apareceu também o joio.
27
Os servidores do pai de família vieram e disseram-lhe: - Senhor, não semeaste bom trigo em teu campo? Donde vem, pois, o joio?
28
Disse-lhes ele: - Foi um inimigo que fez isto! Replicaram-lhe: - Queres que vamos e o arranquemos?
29
- Não, disse ele; arrancando o joio, arriscais a tirar também o trigo.
30
Deixai-os crescer juntos até a colheita. No tempo da colheita, direi aos ceifadores: arrancai primeiro o joio e atai-o em feixes para o queimar. Recolhei depois o trigo no meu celeiro.

O grão de mostarda

(= Mc 4,30 Lc 13,18)
31 Em seguida, propôs-lhes outra parábola: O Reino dos céus é comparado a um grão de mostarda que um homem toma e semeia em seu campo.
32
É esta a menor de todas as sementes, mas, quando cresce, torna-se um arbusto maior que todas as hortaliças, de sorte que os pássaros vêm aninhar-se em seus ramos.

O fermento

(= Lc 13,20s)
33 Disse-lhes, por fim, esta outra parábola. O Reino dos céus é comparado ao fermento que uma mulher toma e mistura em três medidas de farinha e que faz fermentar toda a massa.
34
Tudo isto disse Jesus à multidão em forma de parábola. De outro modo não lhe falava,
35
para que se cumprisse a profecia: Abrirei a boca para ensinar em parábolas; revelarei coisas ocultas desde a criação (Ps 77,2).

Explicação da parábola do joio

36 Então despediu a multidão. Em seguida, entrou de novo na casa e seus discípulos agruparam-se ao redor dele para perguntar-lhe: Explica-nos a parábola do joio no campo.
37
Jesus respondeu: O que semeia a boa semente é o Filho do Homem.
38
O campo é o mundo. A boa semente são os filhos do Reino. O joio são os filhos do Maligno.
39
O inimigo, que o semeia, é o demônio. A colheita é o fim do mundo. Os ceifadores são os anjos.
40
E assim como se recolhe o joio para jogá-lo no fogo, assim será no fim do mundo.
41
O Filho do Homem enviará seus anjos, que retirarão de seu Reino todos os escândalos e todos os que fazem o mal
42
e os lançarão na fornalha ardente, onde haverá choro e ranger de dentes.
43
Então, no Reino de seu Pai, os justos resplandecerão como o sol. Aquele que tem ouvidos, ouça.

O tesouro. A pérola. A rede

44 O Reino dos céus é também semelhante a um tesouro escondido num campo. Um homem o encontra, mas o esconde de novo. E, cheio de alegria, vai, vende tudo o que tem para comprar aquele campo.
45
O Reino dos céus é ainda semelhante a um negociante que procura pérolas preciosas.
46
Encontrando uma de grande valor, vai, vende tudo o que possui e a compra.
47
O Reino dos céus é semelhante ainda a uma rede que, jogada ao mar, recolhe peixes de toda espécie.
48
Quando está repleta, os pescadores puxam-na para a praia, sentam-se e separam nos cestos o que é bom e jogam fora o que não presta.
49
Assim será no fim do mundo: os anjos virão separar os maus do meio dos justos
50
e os arrojarão na fornalha, onde haverá choro e ranger de dentes.
51
Compreendestes tudo isto? Sim, Senhor, responderam eles.
52
Por isso, todo escriba instruído nas coisas do Reino dos céus é comparado a um pai de família que tira de seu tesouro coisas novas e velhas.

Jesus ensina em Nazaré

(= Mc 6,1-6 Lc 4,14-30)
53 Após ter exposto as parábolas, Jesus partiu.
54
Foi para a sua cidade e ensinava na sinagoga, de modo que todos diziam admirados: Donde lhe vem esta sabedoria e esta força miraculosa?
55
Não é este o filho do carpinteiro? Não é Maria sua mãe? Não são seus irmãos Tiago, José, Simão e Judas?
56
E suas irmãs, não vivem todas entre nós? Donde lhe vem, pois, tudo isso?
57
E não sabiam o que dizer dele. Disse-lhes, porém, Jesus: É só em sua pátria e em sua família que um profeta é menosprezado.
58
E, por causa da falta de confiança deles, operou ali poucos milagres.

Morte de João Batista

(= Mc 6,14-29 Lc 9,7 Lc 3,19s)
14 1 Por aquela mesma época, o tetrarca Herodes ouviu falar de Jesus.
2
E disse aos seus cortesãos: É João Batista que ressuscitou. É por isso que ele faz tantos milagres.
3
Com efeito, Herodes havia mandado prender e acorrentar João, e o tinha mandado meter na prisão por causa de Herodíades, esposa de seu irmão Filipe.
4
João lhe tinha dito: Não te é permitido tomá-la por mulher!
5
De boa mente o mandaria matar; temia, porém, o povo que considerava João um profeta.
6
Mas, na festa de aniversário de nascimento de Herodes, a filha de Herodíades dançou no meio dos convidados e agradou a Herodes.
7
Por isso, ele prometeu com juramento dar-lhe tudo o que lhe pedisse.
8
Por instigação de sua mãe, ela respondeu: Dá-me aqui, neste prato, a cabeça de João Batista.
9
O rei entristeceu-se, mas como havia jurado diante dos convidados, ordenou que lha dessem;
10
e mandou decapitar João na sua prisão.
11
A cabeça foi trazida num prato e dada à moça, que a entregou à sua mãe.
12
Vieram, então, os discípulos de João transladar seu corpo, e o enterraram. Depois foram dar a notícia a Jesus.

Primeira multiplicação dos pães

(= Mc 6,30-44 Lc 9,10-17 Jn 6,1-15)
13 A essa notícia, Jesus partiu dali numa barca para se retirar a um lugar deserto, mas o povo soube e a multidão das cidades o seguiu a pé.
14
Quando desembarcou, vendo Jesus essa numerosa multidão, moveu-se de compaixão para ela e curou seus doentes.
15
Caía a tarde. Agrupados em volta dele, os discípulos disseram-lhe: Este lugar é deserto e a hora é avançada. Despede esta gente para que vá comprar víveres na aldeia.
16
Jesus, porém, respondeu: Não é necessário: dai-lhe vós mesmos de comer.
17
Mas, disseram eles, nós não temos aqui mais que cinco pães e dois peixes.
18
Trazei-mos, disse-lhes ele.
19
Mandou, então, a multidão assentar-se na relva, tomou os cinco pães e os dois peixes e, elevando os olhos ao céu, abençoou-os. Partindo em seguida os pães, deu-os aos seus discípulos, que os distribuíram ao povo.
20
Todos comeram e ficaram fartos, e, dos pedaços que sobraram, recolheram doze cestos cheios.
21
Ora, os convivas foram aproximadamente cinco mil homens, sem contar as mulheres e crianças.

Jesus caminha sobre as águas

(= Mc 6,45-56 Jn 6,16-21)
22 Logo depois, Jesus obrigou seus discípulos a entrar na barca e a passar antes dele para a outra margem, enquanto ele despedia a multidão.
23
Feito isso, subiu à montanha para orar na solidão. E, chegando a noite,estava lá sozinho.
24
Entretanto, já a boa distância da margem, a barca era agitada pelas ondas, pois o vento era contrário.
25
Pela quarta vigília da noite, Jesus veio a eles, caminhando sobre o mar.
26
Quando os discípulos o perceberam caminhando sobre as águas, ficaram com medo: É um fantasma! disseram eles, soltando gritos de terror.
27
Mas Jesus logo lhes disse: Tranqüilizai-vos, sou eu. Não tenhais medo!
28
Pedro tomou a palavra e falou: Senhor, se és tu, manda-me ir sobre as águas até junto de ti!
29
Ele disse-lhe: Vem! Pedro saiu da barca e caminhava sobre as águas ao encontro de Jesus.
30
Mas, redobrando a violência do vento, teve medo e, começando a afundar, gritou: Senhor, salva-me!
31
No mesmo instante, Jesus estendeu-lhe a mão, segurou-o e lhe disse: Homem de pouca fé, por que duvidaste?
32
Apenas tinham subido para a barca, o vento cessou.
33
Então aqueles que estavam na barca prostraram-se diante dele e disseram: Tu és verdadeiramente o Filho de Deus.
34
E, tendo atravessado, chegaram a Genesaré.
35
As pessoas do lugar o reconheceram e mandaram anunciar por todos os arredores. Apresentaram-lhe, então, todos os doentes,
36
rogando-lhe que ao menos deixasse tocar na orla de sua veste. E, todos aqueles que nele tocaram, foram curados.

Os fariseus e suas tradições

(= Mc 7,1-23)
15 1 Alguns fariseus e escribas de Jerusalém vieram um dia ter com Jesus e lhe disseram:
2
Por que transgridem teus discípulos a tradição dos antigos? Nem mesmo lavam as mãos antes de comer.
3
Jesus respondeu-lhes: E vós, por que violais os preceitos de Deus, por causa de vossa tradição?
4
Deus disse: Honra teu pai e tua mãe; aquele que amaldiçoar seu pai ou sua mãe será castigado de morte (Ex 20,12 Ex 21,17).
5 Mas vós dizeis: Aquele que disser a seu pai ou a sua mãe: aquilo com que eu vos poderia assistir, já ofereci a Deus,
6
esse já não é obrigado a socorrer de outro modo a seus pais. Assim, por causa de vossa tradição, anulais a palavra de Deus.
7
Hipócritas! É bem de vós que fala o profeta Isaías:
8
Este povo somente me honra com os lábios; seu coração, porém, está longe de mim.
9
Vão é o culto que me prestam, porque ensinam preceitos que só vêm dos homens (Is 29,13).
10 Depois, reuniu os assistentes e disse-lhes:
11
Ouvi e compreendei. Não é aquilo que entra pela boca que mancha o homem, mas aquilo que sai dele. Eis o que mancha o homem.
12
Então se aproximaram dele seus discípulos e disseram-lhe: Sabes que os fariseus se escandalizaram com as palavras que ouviram?
13
Jesus respondeu: Toda planta que meu Pai celeste não plantou será arrancada pela raiz.
14
Deixai-os. São cegos e guias de cegos. Ora, se um cego conduz a outro, tombarão ambos na mesma vala.
15
Tomando então a palavra, Pedro disse: Explica-nos esta parábola.
16
Jesus respondeu: Sois também vós de tão pouca compreensão?
17
Não compreendeis que tudo o que entra pela boca vai ao ventre e depois é lançado num lugar secreto?
18
Ao contrário, aquilo que sai da boca provém do coração, e é isso o que mancha o homem.
19
Porque é do coração que provêm os maus pensamentos, os homicídios, os adultérios, as impurezas, os furtos, os falsos testemunhos, as calúnias.
20
Eis o que mancha o homem. Comer, porém, sem ter lavado as mãos, isso não mancha o homem.

Fé manifestada por uma pagã

(= Mc 7,24-30)
21 Jesus partiu dali e retirou-se para os arredores de Tiro e Sidônia.
22
E eis que uma cananéia, originária daquela terra, gritava: Senhor, filhode Davi, tem piedade de mim! Minha filha está cruelmente atormentada por um demônio.
23
Jesus não lhe respondeu palavra alguma. Seus discípulos vieram a ele e lhe disseram com insistência: Despede-a, ela nos persegue com seus gritos.
24
Jesus respondeu-lhes: Não fui enviado senão às ovelhas perdidas da casa de Israel.
25
Mas aquela mulher veio prostrar-se diante dele, dizendo: Senhor, ajuda-me!
26
Jesus respondeu-lhe: Não convém jogar aos cachorrinhos o pão dos filhos.
27
Certamente, Senhor, replicou-lhe ela; mas os cachorrinhos ao menos comem as migalhas que caem da mesa de seus donos...
28
Disse-lhe, então, Jesus: Ó mulher, grande é tua fé! Seja-te feito como desejas. E na mesma hora sua filha ficou curada.

Segunda multiplicação dos pães

(= Mc 7,31-37 Mc 8,1-10)
29 Jesus saiu daquela região e voltou para perto do mar da Galiléia. Subiu a uma colina e sentou-se ali.
30
Então numerosa multidão aproximou-se dele, trazendo consigo mudos, cegos, coxos, aleijados e muitos outros enfermos. Puseram-nos aos seus pés e ele os curou,
31
de sorte que o povo estava admirado ante o espetáculo dos mudos que falavam, daqueles aleijados curados, de coxos que andavam, dos cegos que viam; e glorificavam ao Deus de Israel.
32
Jesus, porém, reuniu os seus discípulos e disse-lhes: Tenho piedade esta multidão: eis que há três dias está perto de mim e não tem nada para comer. Não quero despedi-la em jejum, para que não desfaleça no caminho.
33
Disseram-lhe os discípulos: De que maneira procuraremos neste lugar deserto pão bastante para saciar tal multidão?
34
Pergunta-lhes Jesus: Quantos pães tendes? Sete, e alguns peixinhos, responderam eles.
35
Mandou, então, a multidão assentar-se no chão,
36
tomou os sete pães e os peixes e abençoou-os. Depois os partiu e os deu aos discípulos, que os distribuíram à multidão.
37
Todos comeram e ficaram saciados, e, dos pedaços que restaram, encheram sete cestos.
38
Ora, os que se alimentaram foram quatro mil homens, sem contar as mulheres e as crianças.
39
Jesus então despediu o povo, subiu para a barca e retornou à região de Magadã.

Sinal do céu - Fermento dos fariseus

(= Mc 8,11-21
16 1 Os fariseus e os saduceus achegaram-se a Jesus para submetê-lo à prova e pediram-lhe que lhes mostrasse um milagre do céu.
2
Ele lhes respondeu: Quando vem a tarde, dizeis: Haverá bom tempo, porque o céu está avermelhado.
3
E de manhã: Hoje haverá tormenta, porque o céu está de um vermelho sombrio.
4
Hipócritas! Sabeis distinguir o aspecto do céu e não podeis discernir os sinais dos tempos? Essa raça perversa e adúltera pede um milagre! Mas não lhe será dado outro sinal senão o de Jonas! Depois, deixando-os, partiu.
5
Ora, passando para a outra margem do lago, os discípulos haviam esquecido de levar pão.
6
Jesus disse-lhes: Guardai-vos com cuidado do fermento dos fariseus e dos saduceus.
7
Eles pensavam: É que não trouxemos pão...
8
Jesus, penetrando nos seus pensamentos, disse-lhes: Homens de pouca fé! Por que julgais que vos falei por não terdes pão?
9
Ainda não compreendeis? Nem vos lembrais dos cinco pães e dos cinco mil homens, e de quantos cestos recolhestes?
10
Nem dos sete pães para os quatro mil homens e de quantos cestos enchestes?
11
Por que não compreendeis que não é do pão que eu vos falava, quando vos disse: Guardai-vos do fermento dos fariseus e dos saduceus?
12
Então entenderam que não dissera que se guardassem do fermento do pão, mas da doutrina dos fariseus e dos saduceus.

Pedro exprime sua fé em Jesus - Primeiro anúncio da Paixão

(= Mc 8,27-33 Lc 9,18-22)
13 Chegando ao território de Cesaréia de Filipe, Jesus perguntou a seus discípulos: No dizer do povo, quem é o Filho do Homem?
14
Responderam: Uns dizem que é João Batista; outros, Elias; outros, Jeremias ou um dos profetas.
15
Disse-lhes Jesus: E vós quem dizeis que eu sou?
16
Simão Pedro respondeu: Tu és o Cristo, o Filho de Deus vivo!
17
Jesus então lhe disse: Feliz és, Simão, filho de Jonas, porque não foi a carne nem o sangue que te revelou isto, mas meu Pai que está nos céus.
18
E eu te declaro: tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja; as portas do inferno não prevalecerão contra ela.
19
Eu te darei as chaves do Reino dos céus: tudo o que ligares na terra será ligado nos céus, e tudo o que desligares na terra será desligado nos céus.
20
Depois, ordenou aos seus discípulos que não dissessem a ninguém que ele era o Cristo.
21
Desde então, Jesus começou a manifestar a seus discípulos que precisava ir a Jerusalém e sofrer muito da parte dos anciãos, dos príncipes dos sacerdotes e dos escribas; seria morto e ressuscitaria ao terceiro dia.
22
Pedro então começou a interpelá-lo e protestar nestes termos: Que Deus não permita isto, Senhor! Isto não te acontecerá!
23
Mas Jesus, voltando-se para ele, disse-lhe: Afasta-te, Satanás! Tu és para mim um escândalo; teus pensamentos não são de Deus, mas dos homens!

Renúncia

(= Mc 8,34-9,1 Lc 9,23-27 Jn 12,25)
24 Em seguida, Jesus disse a seus discípulos: Se alguém quiser vir comigo, renuncie-se a si mesmo, tome sua cruz e siga-me.
25
Porque aquele que quiser salvar a sua vida, perdê-la-á; mas aquele que tiver sacrificado a sua vida por minha causa, recobrá-la-á.
26
Que servirá a um homem ganhar o mundo inteiro, se vem a prejudicar a sua vida? Ou que dará um homem em troca de sua vida?...
27
Porque o Filho do Homem há de vir na glória de seu Pai com seus anjos, e então recompensará a cada um segundo suas obras.
28
Em verdade vos declaro: muitos destes que aqui estão não verão a morte, sem que tenham visto o Filho do Homem voltar na majestade de seu Reino.

Transfiguração

(= Mc 9,2-13 Lc 9,28-36)
17 1 Seis dias depois, Jesus tomou consigo Pedro, Tiago e João, seu irmão, e conduziu-os à parte a uma alta montanha.
2
Lá se transfigurou na presença deles: seu rosto brilhou como o sol, suas vestes tornaram-se resplandecentes de brancura.
3
E eis que apareceram Moisés e Elias conversando com ele.
4
Pedro tomou então a palavra e disse-lhe: Senhor, é bom estarmos aqui. Se queres, farei aqui três tendas: uma para ti, uma para Moisés e outra para Elias. Falava ele ainda, quando veio uma nuvem luminosa e os envolveu. E daquela nuvem fez-se ouvir uma voz que dizia: Eis o meu Filho muito amado, em quem pus toda minha afeição; ouvi-o.
6
Ouvindo esta voz, os discípulos caíram com a face por terra e tiveram medo.
7
Mas Jesus aproximou-se deles e tocou-os, dizendo: Levantai-vos e não temais.
8
Eles levantaram os olhos e não viram mais ninguém, senão unicamente Jesus.
9
E, quando desciam, Jesus lhes fez esta proibição: Não conteis a ninguém o que vistes, até que o Filho do Homem ressuscite dos mortos.
10
Em seguida, os discípulos o interrogaram: Por que dizem os escribas que Elias deve voltar primeiro?
11
Jesus respondeu-lhes: Elias, de fato, deve voltar e restabelecer todas as coisas.
12
Mas eu vos digo que Elias já veio, mas não o conheceram; antes, fizeram com ele quanto quiseram. Do mesmo modo farão sofrer o Filho do Homem.
13
Os discípulos compreenderam, então, que ele lhes falava de João Batista.

O menino epiléptico

(= Mc 9,14-29 Lc 9,37-43a)
14 E, quando eles se reuniram ao povo, um homem aproximou-se deles e prostrou-se diante de Jesus,
15
dizendo: Senhor, tem piedade de meu filho, porque é lunático e sofre muito: ora cai no fogo, ora na água...
16
Já o apresentei a teus discípulos, mas eles não o puderam curar.
17
Respondeu Jesus: Raça incrédula e perversa, até quando estarei convosco? Até quando hei de aturar-vos? Trazei-mo.
18
Jesus ameaçou o demônio e este saiu do menino, que ficou curado na mesma hora.
19
Então os discípulos lhe perguntaram em particular: Por que não pudemos nós expulsar este demônio?
20
Jesus respondeu-lhes: Por causa de vossa falta de fé. Em verdade vos digo: se tiverdes fé, como um grão de mostarda, direis a esta montanha: Transporta-te daqui para lá, e ela irá; e nada vos será impossível. Quanto a esta espécie de demônio, só se pode expulsar à força de oração e de jejum.

Segundo anúncio da Paixão

(= Mc 9,30 Lc 9,43-45)
21 Enquanto caminhava pela Galiléia, Jesus lhes disse: O Filho do Homem deve ser entregue nas mãos dos homens.
22
Matá-lo-ão, mas ao terceiro dia ressuscitará. E eles ficaram profundamente aflitos.

Jesus paga o imposto

23 Logo que chegaram a Cafarnaum, aqueles que cobravam o imposto da didracma aproximaram-se de Pedro e lhe perguntaram: Teu mestre não paga a didracma?
24
Paga sim, respondeu Pedro. Mas quando chegaram à casa, Jesus preveniu-o, dizendo: Que te parece, Simão? Os reis da terra, de quem recebem os tributos ou os impostos? De seus filhos ou dos estrangeiros?
25
Pedro respondeu: Dos estrangeiros. Jesus replicou: Os filhos, então, estão isentos.
26
Mas não convém escandalizá-los. Vai ao mar, lança o anzol, e ao primeiro peixe que pegares abrirás a boca e encontrarás um estatere. Toma-o e dá-o por mim e por ti.

Humildade. Escândalo

(= Mc 9,33-48 Lc 9,46 Lc 17,1 Lc 15,3-7)
18 1 Neste momento os discípulos aproximaram-se de Jesus e perguntaram-lhe: Quem é o maior no Reino dos céus?
2
Jesus chamou uma criancinha, colocou-a no meio deles e disse:
3
Em verdade vos declaro: se não vos transformardes e vos tornardes como criancinhas, não entrareis no Reino dos céus.
4
Aquele que se fizer humilde como esta criança será maior no Reino dos céus.
5
E o que recebe em meu nome a um menino como este, é a mim que recebe.
6
Mas, se alguém fizer cair em pecado um destes pequenos que crêem em mim, melhor fora que lhe atassem ao pescoço a mó de um moinho e o lançassem no fundo do mar.
7
Ai do mundo por causa dos escândalos! Eles são inevitáveis, mas ai do homem que os causa!
8
Por isso, se tua mão ou teu pé te fazem cair em pecado, corta-os e lança-os longe de ti: é melhor para ti entrares na vida coxo ou manco que, tendo dois pés e duas mãos, seres lançado no fogo eterno.
9
Se teu olho te leva ao pecado, arranca-o e lança-o longe de ti: é melhor para ti entrares na vida cego de um olho que seres jogado com teus dois olhos no fogo da geena.
10
Guardai-vos de menosprezar um só destes pequenos, porque eu vos digo que seus anjos no céu contemplam sem cessar a face de meu Pai que está nos céus.
11

12
Que vos parece? Um homem possui cem ovelhas: uma delas se desgarra. Não deixa ele as noventa e nove na montanha, para ir buscar aquela que se desgarrou?
13
E se a encontra, sente mais júbilo do que pelas noventa e nove que não se desgarraram.
14
Assim é a vontade de vosso Pai celeste, que não se perca um só destes pequeninos.

Perdão dos pecados

15 Se teu irmão tiver pecado contra ti, vai e repreende-o entre ti e ele somente; se te ouvir, terás ganho teu irmão.
16
Se não te escutar, toma contigo uma ou duas pessoas, a fim de que toda a questão se resolva pela decisão de duas ou três testemunhas.
17
Se recusa ouvi-los, dize-o à Igreja. E se recusar ouvir também a Igreja, seja ele para ti como um pagão e um publicano.
18
Em verdade vos digo: tudo o que ligardes sobre a terra será ligado no céu, e tudo o que desligardes sobre a terra será também desligado no céu.

Oração em comum

19 Digo-vos ainda isto: se dois de vós se unirem sobre a terra para pedir, seja o que for, consegui-lo-ão de meu Pai que está nos céus.
20
Porque onde dois ou três estão reunidos em meu nome, aí estou eu no meio deles.

Quantas vezes perdoar

(= Lc 17,3s)
21 Então Pedro se aproximou dele e disse: Senhor, quantas vezes devo perdoar a meu irmão, quando ele pecar contra mim? Até sete vezes?
22
Respondeu Jesus: Não te digo até sete vezes, mas até setenta vezes sete.

Parábola do servo cruel

23 Por isso, o Reino dos céus é comparado a um rei que quis ajustar contas com seus servos.
24
Quando começou a ajustá-las, trouxeram-lhe um que lhe devia dez mil talentos.
25
Como ele não tinha com que pagar, seu senhor ordenou que fosse vendido, ele, sua mulher, seus filhos e todos os seus bens para pagar a dívida.
26
Este servo, então, prostrou-se por terra diante dele e suplicava-lhe: Dá-me um prazo, e eu te pagarei tudo!
27
Cheio de compaixão, o senhor o deixou ir embora e perdoou-lhe a dívida.
28
Apenas saiu dali, encontrou um de seus companheiros de serviço que lhe devia cem denários. Agarrou-o na garganta e quase o estrangulou, dizendo: Paga o que me deves!
29
O outro caiu-lhe aos pés e pediu-lhe: Dá-me um prazo e eu te pagarei!
30
Mas, sem nada querer ouvir, este homem o fez lançar na prisão, até que tivesse pago sua dívida.
31
Vendo isto, os outros servos, profundamente tristes, vieram contar a seu senhor o que se tinha passado.
32
Então o senhor o chamou e lhe disse: Servo mau, eu te perdoei toda a dívida porque me suplicaste.
33
Não devias também tu compadecer-te de teu companheiro de serviço, como eu tive piedade de ti?
34
E o senhor, encolerizado, entregou-o aos algozes, até que pagasse toda a sua dívida.
35
Assim vos tratará meu Pai celeste, se cada um de vós não perdoar a seu irmão, de todo seu coração.

V - MINISTÉRIO DE JESUS NA JUDÉIA (19-25)


Matthieu (SAV) 11