2Cronache (SAV) 30

Celebração da Páscoa

30 1 Ezequias enviou mensageiros a todo o Israel e a todo o Judá; escreveu também cartas a Efraim e a Manassés para convidá-los a vir ao templo de Jerusalém, a fim de celebrarem a Páscoa em honra do Senhor, Deus de Israel.
2
O rei, seus chefes e toda a multidão de Jerusalém, tinham resolvido celebrar a Páscoa no segundo mês;
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não puderam fazê-lo em tempo, porque não estavam santificados sacerdotes em número suficiente, e o povo não se tinha ainda reunido em Jerusalém.
4
Tendo isto agradado ao rei e à assembléia,
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decidiram publicar em todo o Israel, desde Bersabéia até Dã, a ordem de vir a Jerusalém para celebrar a Páscoa em honra do Senhor, Deus de Israel, pois desde muito tempo não mais fora celebrada como estava prescrito.
6
Partiram, então, os correios com as cartas do rei e dos chefes, para todo o Israel e Judá. Por ordem do rei, eles diziam: Israelitas, voltai ao Senhor, o Deus de Abraão, de Isaac e de Israel, a fim de que ele se volte àqueles dentre vós que conseguiram escapar das mãos do rei da Assíria.
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Não sejais como vossos pais e vossos irmãos que prevaricaram contra o Senhor, Deus de seus pais, o qual os entregou à desolação, como vedes.
8
Não endureçais vossa cerviz como fizeram vossos pais. Dai a mão ao Senhor, vinde a seu santuário que ele consagrou para sempre, e servi ao Senhor, vosso Deus, a fim de que ele afaste de vós o ardor de sua cólera.
9
Se voltardes para o Senhor, vossos irmãos e vossos filhos acharão misericórdia diante daqueles que os levaram para o cativeiro e voltarão à sua terra, pois o Senhor Deus é generoso e misericordioso e não desviará os olhos de vós, se voltardes para ele.
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Assim os correios passaram de cidade em cidade, na terra de Efraim, de Manassés e até de Zabulon. Zombaram deles e os escarneceram.
11
Contudo, alguns homem de Aser, de Manassés e de Zabulon humilharam-se e dirigiram-se a Jerusalém.
12
Também em Judá, a mão de Deus operou sobre os habitantes para dar-lhes um mesmo desejo de executar o mandato do rei e de seus chefes, conforme a palavra do Senhor.
13
Grandes multidões afluíram a Jerusalém para celebrar a festa dos Ázimos, no segundo mês. Foi uma imensa afluência de povo.
14
Eles puseram-se a destruir os altares que se encontravam em Jerusalém, a destruir todos os altares dos perfumes, e os atiraram na torrente do Cedron.
15
Imolaram a Páscoa no décimo quarto dia do segundo mês. Os sacerdotes e os levitas, cheios de confusão, tinham-se santificado e ofereceram holocaustos no templo.
16
Ocupavam seu lugar normal, como o prescreve a lei de Moisés, homem de Deus. Os sacerdotes esparziam o sangue que lhes davam os levitas.
17
Como houvesse na assistência muitos que não se tinham purificado, os levitas encarregaram-se de imolar a Páscoa, para todos os que não estavam puros, a fim de consagrá-los ao Senhor.
18
Grande parte do povo, com efeito, muitos de Efraim, de Manassés, de Issacar e de Zabulon, comeu a Páscoa, contrariamente à prescrição, sem se ter purificado. Mas Ezequias fez por eles esta prece: Digne-se o Senhor, na sua bondade,
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perdoar todos os que aplicaram seu coração à procura de Deus, o Senhor, Deus de seus pais, conquanto não tivessem a purificação exigida para o santuário!
20
O Senhor escutou Ezequias e perdoou o povo.
21
Os israelitas que se encontravam em Jerusalém celebraram alegremente a festa dos Ázimos durante uma semana: e cada dia os levitas e os sacerdotes louvaram o Senhor com instrumentos possantes em honra do Senhor.
22
Ezequias dirigiu palavras de encorajamento a todos os levitas que se tinham mostrado compreensivos no serviço do Senhor. Durante sete dias comeram as vítimas da festa, ofereceram sacrifícios pacíficos e glorificaram o Senhor, Deus de seus pais.
23
Mas a opinião de toda a multidão era de prolongar a festa por mais uma semana, e esses sete dias (suplementares) foram celebrados com alegria.
24
Ezequias tinha dado à multidão mil touros e sete mil ovelhas; os chefes ajuntaram a isso mil touros e dez mil ovelhas; os sacerdotes, em grande número, se tinham purificado.
25
A alegria reinava em toda a multidão dos homens de Judá, entre os sacerdotes e levitas, a multidão vinda de Israel e os estrangeiros vindos de Israel ou estabelecidos em Judá.
26
Em Jerusalém houve grande júbilo, tanto que nada de semelhante se tinha visto na cidade desde o tempo de Salomão, filho de Davi, rei de Israel.
27
Finalmente os sacerdotes e os levitas levantaram-se para abençoar a multidão. A voz deles foi ouvida e a prece deles chegou até a morada santa do Senhor, no céu.

Reorganização do culto levítico

31 1 Acabadas estas festas, os israelitas presentes foram às cidades de Judá e despedaçaram as estelas, derrubaram as asserás, destruíram os lugares altos e demoliram os altares de todo o Judá, Benjamim, Efraim e Manassés. Foi uma destruição radical. Feito isto, os israelitas retornaram cada qual para sua cidade, cada qual para sua terra.
2
Ezequias restabeleceu as categorias dos sacerdotes e levitas segundo suas classes, tendo cada um deles sua função própria, seja para os holocaustos e os sacrifícios pacíficos, seja para o serviço do culto, seja para os cantos e louvores às portas da morada do Senhor.
3
O rei reservou também uma porção de seus bens para os holocaustos da manhã e da tarde, para os dos sábados, das neomênias, e das solenidades, conforme a prescrição da lei do Senhor.
4
Ordenou ao povo, que habitava em Jerusalém, provesse à manutenção dos sacerdotes e levitas, a fim de que estes pudessem consagrar-se à observância da lei do Senhor.
5
Logo que esta ordem foi promulgada, os israelitas multiplicaram suas oferendas das primícias de trigo, do mosto, do azeite, do mel e de todos os produtos do campo, com uma abundância de dízimos de toda a sorte.
6
Os israelitas e os filhos de Judá que moravam em Judá deram também o dízimo do gado e dos rebanhos, e o dízimo das coisas santas, consagradas ao Senhor, seu Deus; e fizeram dele montões.
7
Esta acumulação começou no terceiro mês e só no sétimo mês acabou.
8
Vieram então Ezequias e seus chefes e, vendo esses montões, louvaram o Senhor e seu povo de Israel.
9
Ezequias interrogou a esse respeito os sacerdotes e os levitas.
10
O sumo sacerdote Azarias, da linhagem de Sadoc, respondeu-lhe: Desde que começaram a trazer essas oferendas ao templo, temos comido à saciedade e delas nos restam muitas. O Senhor abençoou seu povo: eis tudo o que sobra.
11
Ezequias deu ordem de preparar celeiros no templo do Senhor, o que foi feito.
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Neles amontoaram fielmente as oferendas, os dízimos e as coisas consagradas. Para essa tarefa foi encarregado o levita Conenias, ajudado por seu irmão Semei.
13
Sob a direção deles, Jaiel, Azarias, Naat, Asael, Jerimot, Josabad, Elial, Jesmaquias, Maat e Banaías exerciam o ofício de vigilantes, todos sob a ordem do rei Ezequias e de Azarias, governador do templo.
14
O levita Coré, guarda da porta oriental, estava encarregado dos dons voluntários feitos a Deus, da distribuição das oferendas feitas ao Senhor, e das coisas consagradas.
15
Estavam à sua disposição, nas cidades sacerdotais, Éden, Benjamim, Jesué, Semeías, Amarias e Sequemias, com a missão de distribuir eqüitativamente sua parte a cada um, grandes e pequenos, segundo suas classes -
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com exceção, contudo, dos varões inscritos da idade de três anos para cima. - Faziam a distribuição a todos os que vinham ao templo do Senhor para o serviço cotidiano, conforme suas funções e classes.
17
A inscrição dos sacerdotes era feita segundo suas famílias, e a dos levitas, desde a idade de vinte anos para cima, segundo suas funções e suas classes.
18
A inscrição de toda essa multidão mencionava seus filhos, mulheres, filhos e filhas, porque a distribuição das oferendas devia-se fazer com eqüidade.
19
Quanto aos sacerdotes da linhagem de Aarão, que moravam no campo e nos arrabaldes de suas cidades, havia em cada localidade, homens nominalmente designados para distribuir porções a todo varão dentre os sacerdotes e a todos os levitas inscritos.
20
Foram essas as medidas tomadas por Ezequias em toda a terra de Judá. Praticou o bem, leal e fielmente diante do Senhor, seu Deus.
21
Em tudo o que empreendeu para o serviço do templo, para a lei e as prescrições, só procurou a vontade de Deus, pondo na sua obra todo o seu coração. Em tudo foi bem-sucedido.

Invasão de Senaquerib

(= 2R 18,13-19,34 Is 36,1-37,13)
32 1 Depois desses feitos, que eram provas de fidelidade, Senaquerib, rei da Assíria, invadiu Judá e assediou as cidades fortes com o desígnio de se apoderar delas.
2
Quando Ezequias viu que o objetivo de Senaquerib era Jerusalém,
3
resolveu, de acordo com os chefes e seus oficiais, obstruir as águas das nascentes que se encontravam fora da cidade; e todos o ajudaram a executar esse projeto.
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Juntou muita gente; obstruíram todas as fontes, como também o riacho que corria no meio da terra. Por que, diziam eles, os reis da Assíria haveriam de encontrar, chegando aqui, água em abundância?
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Ezequias, cheio de energia, reparou a muralha em ruína, levantou torres, construiu um segundo muro exterior, restaurou Milo, na cidade de Davi, e mandou fabricar lanças e escudos em grande abundância.
6
Colocou à frente do exército chefes militares; reuniu-os perto de si na praça da porta da cidade e exortou-os à coragem.
7
Sede valentes, disse-lhes ele; cobrai coragem, nenhum temor ou pavor diante do rei da Assíria e toda essa multidão que ele arrasta após si. Há mais conosco do que com ele.
8
Com ele, um braço de carne; conosco, o Senhor, nosso Deus, para nos auxiliar e combater conosco. A estas palavras de Ezequias, rei de Judá, o povo recobrou confiança.
9
Senaquerib, que se encontrava diante de Laquis com todas as suas forças armadas, enviou uma delegação a Jerusalém para dizer a Ezequias e aos homens de Judá:
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Eis o que diz Senaquerib, rei da Assíria: em que confiais vós para vos encerrardes dessa maneira em Jerusalém?
11
Não vedes que Ezequias vos engana para vos fazer perecer de fome e sede, quando vos diz: o Senhor, nosso Deus, nos salvará das mãos do rei da Assíria?
12
Não foi ele, Ezequias, quem suprimiu os lugares altos e os altares do Senhor, ordenando a Judá e a Jerusalém não se prostrar e não oferecer incenso, senão diante de um só altar?
13
Não sabeis o que fizemos, meus pais e eu, a todos os povos das outras terras? Puderam os deuses dessas nações salvar seus países de minha mão?
14
Entre todos os deuses dessas nações que meus pais exterminaram, qual deles subtraiu sua nação de meu poder, para que vosso Deus vos possa livrar do meu braço?
15
Não vos deixeis, portanto, iludir por Ezequias, nem seduzir. Não confieis nele. Nenhum deus de nenhuma nação nem de algum reino pôde livrar seu povo de minha mão, nem da mão de meus pais. Quanto menos vossos deuses poderiam livrar-vos da minha!
16
Os homens de Senaquerib ajuntaram ainda muitas outras palavras contra o Senhor Deus e contra Ezequias, seu servo.
17
Ele escreveu também uma carta cheia de ultrajes contra o Senhor, Deus de Israel, na qual o atacava dizendo: Assim como os deuses das nações não puderam subtraí-las de minha mão, assim também o Deus de Ezequias não poderá livrar seu povo da minha.
18
E tudo isso foi gritado em alta voz em hebraico, com o fim de intimidar e assustar o povo de Jerusalém, que se encontrava na muralha, a fim de apoderar-se da cidade.
19
Falavam do Deus de Jerusalém como dos deuses das nações pagãs que não passam de obras feitas pela mão do homem.

Destruição do exército assírio

(= 2R 19,35-37 Is 37,14-38)
20 Nessa altura, o rei Ezequias e o profeta Isaías, filho de Amós, puseram-se em oração para implorar aos céus.
21
E o Senhor enviou um anjo que exterminou todo o exército do rei da Assíria, no próprio acampamento, com os chefes e os generais; e o rei voltou para a sua terra inteiramente confuso. Quando ele entrava no templo de seu deus, seus filhos, saídos de sua própria carne, assassinaram-no com um golpe de espada.
22
Desse modo o Senhor livrou Ezequias e os habitantes de Jerusalém da mão de Senaquerib e de todos os seus inimigos, protegendo-os contra todos os seus vizinhos.
23
Muitos foram os que levaram a Jerusalém oferendas para o Senhor e ricos presentes para Ezequias, rei de Judá, que conquistou desde então um grande prestígio aos olhos das nações pagãs.

Doença e morte de Ezequias

(= 2R 20 Is 38)
24 Por aqueles dias, Ezequias caiu numa doença mortal. Orou ao Senhor, e este lhe respondeu por um prodígio.
25
Mas Ezequias não se mostrou reconhecido pelo benefício recebido: seu coração se ensoberbeceu e a ira do Senhor se inflamou contra ele, como também contra Judá e Jerusalém.
26
Todavia, como ele se humilhou com os habitantes de Jerusalém, do orgulho de seu coração, não se desencadeou sobre ele a ira do Senhor, durante sua vida.
27
Ezequias possuía muita riqueza e glória. Mandou fazer depósitos para a prata, o ouro, as pedras preciosas, os aromas, os escudos e os outros objetos de valor;
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armazéns para o trigo, o mosto e o azeite; estábulos para toda a espécie de gado e apriscos para os rebanhos.
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Construiu para si cidades. Adquiriu um grande número de rebanhos, de gado grande e miúdo, pois o Senhor lhe tinha dado imensas riquezas.
30
Foi ele, Ezequias, quem fechou a saída superior das águas do Gião, e as dirigiu para o ocidente da cidade de Davi. Teve bom êxito em tudo o que empreendeu.
31
Todavia, quando os chefes de Babilônia lhe enviaram mensageiros para se informar do prodígio que tinha acontecido na terra, Deus o abandonou para provar e conhecer o âmago de seu coração.
32
Os outros atos de Ezequias, suas obras piedosas, tudo isso se acha relatado na visão do profeta Isaías, filho de Amós, e nos livros dos reis de Judá e de Israel.
33
Ezequias adormeceu entre seus pais e foi sepultado na parte superior dos sepulcros dos filhos de Davi. Todo o Judá e os habitantes de Jerusalém lhe prestaram as honras fúnebres. Seu filho Manassés sucedeu-lhe no trono.

Reinado de Manassés (698-643) - Sua idolatria

(= 2R 21,1-9)
33 1 Manassés tinha a idade de doze anos quando começou a reinar; reinou cinqüenta e cinco anos em Jerusalém.
2
Fez o mal aos olhos do Senhor, imitando as práticas abomináveis das nações que o Senhor tinha expulsado de diante dos israelitas.
3
Reconstruiu os lugares altos, que seu pai Ezequias tinha destruído, erigiu altares aos Baal, fez ídolos de madeira, asserás, e prostrou-se diante do exército dos céus ao qual prestou culto.
4
Chegou até a edificar altares no templo do Senhor, esse templo do qual tinha dito: Meu nome residirá em Jerusalém para sempre.
5
Construiu altares para todo o exército dos céus nos dois átrios do templo.
6
Fez passar pelo fogo seus próprios filhos no vale de Beninom; entregou-se à astrologia, à adivinhação e à magia, praticou a necromancia e a bruxaria, e multiplicou os atos que desagradavam ao Senhor, provocando-lhe assim a ira.
7
O ídolo, feito por ele, erigiu-o no templo, do qual Deus tinha dito a Davi e a seu filho Salomão: Neste templo e na cidade de Jerusalém, que escolhi dentre todas as tribos de Israel, farei residir meu nome para sempre.
8
Jamais removerei o pé de Israel, do solo que dei a seus pais, contanto que ponham todo o cuidado em praticar meus mandamentos e a lei que lhes prescreveu Moisés, meu servo.
9
Manassés arrastou Judá e os habitantes de Jerusalém a exceder em malícia todas as nações que o Senhor tinha aniquilado diante dos israelitas.
10
Falou, então, o Senhor a Manassés e a seu povo, mas eles não lhe deram atenção.

Seu cativeiro e sua conversão

11 O Senhor fez, então, vir contra ele os generais do rei da Assíria, os quais puseram Manassés em ferros, prenderam-no com uma dupla cadeia de bronze e levaram-no para Babilônia.
12
Na sua angústia ele implorou ao Senhor, seu Deus, e se humilhou profundamente diante do Deus de seus pais.
13
Ele dirigiu-lhe uma prece e o Senhor ouviu sua oração, reconduzindo-o a Jerusalém sobre seu trono. Manassés reconheceu desse modo que o Senhor era verdadeiramente Deus.
14
Depois disso, construiu um muro exterior na cidade de Davi, a oeste, voltado para o Gião no vale, até a entrada da Porta dos Peixes. Essa muralha, muito elevada, cercava Ofel. Colocou também oficiais em todas as cidades fortes de Judá.
15
Fez desaparecer do templo do Senhor os deuses falsos e o ídolo, assim como todos os altares que tinha há pouco tempo construído na montanha do templo e em Jerusalém, e atirou-os para fora da cidade.
16
Reconstruiu o altar do Senhor e ofereceu sacrifícios de ação de graças e louvor; e ordenou a Judá servir ao Senhor, Deus de Israel.
17
O povo continuava, todavia, a sacrificar nos lugares altos, mas somente ao Senhor, seu Deus.

Morte de Manassés (643)

(= 2R 21,17)s
18 Os outros atos de Manassés, a prece que dirigiu a seu Deus e as palavras dos videntes que lhe falaram em nome do Senhor, Deus de Israel, tudo isso está consignado nos atos dos reis de Israel.
19
Sua prece, a maneira como foi atendido, todas as suas faltas, suas revoltas, os sítios em que edificou lugares altos e erigiu asserás e outros ídolos, antes de se humilhar, tudo isso está consignado nas Atas de Hozai.
20
Manassés adormeceu entre seus pais e foi sepultado na sua casa. Seu filho Amon sucedeu-lhe no trono.

Reinado de Amon (643-640)

(= 2R 21,19 2R 24)
21 Amon tinha a idade de vinte e dois anos quando começou a reinar; reinou dois anos em Jerusalém.
22
Fez o mal aos olhos do Senhor, como seu pai Manassés, sacrificando e rendendo culto a todos os ídolos levantados por seu pai.
23
Mas não se humilhou diante do Senhor como ele; pelo contrário, sempre multiplicou seus delitos.
24
Seus servos se conjuraram contra ele, e o mataram na sua própria casa.
25
Mas o povo da terra feriu os conjurados e proclamou rei em seu lugar, seu filho Josias.

Reinado de Josias (640-609)

(= 2R 22,1-2)
34 1 Josias tinha a idade de oito anos quando começou a reinar; reinou trinta e um anos em Jerusalém.
2
Fez o bem aos olhos do Senhor, seguindo as pegadas de Davi, seu pai, sem se afastar nem para a direita, nem para esquerda.

Reformas religiosas

(= 2R 23)
3 No oitavo ano de seu reinado, quando ele era ainda criança, começou a buscar o Deus de Davi, seu pai, e no duodécimo ano, começou a limpar Judá e Jerusalém dos lugares altos, das asserás e dos outros ídolos de madeira ou de metal fundido.
4
Demoliram, em sua presença, os altares dos Baal; ele próprio destruiu os obeliscos que estavam colocados nesses altares. Fez em pedaços os bosques sagrados, os ídolos, as estelas; ele os reduziu a pó, que esparziu sobre as tumbas de seus devotos;
5
e queimou os ossos dos sacerdotes nos seus altares. Foi assim que purificou Judá e Jerusalém.
6
Fez o mesmo nas cidades de Manassés, de Efraim e até mesmo de Neftali, no meio de suas ruínas;
7
demoliu os altares, quebrou e reduziu a pó as asserás e os ídolos e destruiu todos os obeliscos em toda a terra de Israel. Em seguida retornou a Jerusalém.
8
No décimo oitavo ano de seu reinado, depois de ter purificado a terra e o templo, o rei encarregou Safã, filho de Aslia, Maasias, governador da cidade, e o arquivista Joá, filho de Joacaz, da restauração do templo do Senhor, seu Deus.
9
Apresentaram-se estes ao sumo sacerdote Helcias e lhe entregaram o dinheiro trazido ao templo, o que os levitas tinham recolhido de Manassés, de Efraim, de todo o resto de Israel, assim como de Judá, de Benjamim e dos habitantes de Jerusalém.
10
Puseram esse dinheiro nas mãos dos empreiteiros e dos vigias dos trabalhos do templo, os quais o distribuíram aos que trabalhavam na restauração do edifício.
11
Estes o entregaram aos carpinteiros e aos pedreiros para a compra de pedras de cantaria, e madeiras de carpintaria, assim como traves destinadas às construções que os reis de Judá tinham deixado cair em ruínas.
12
Esses homens cumpriram fielmente sua tarefa. Tinham como inspetores para dirigi-los Jaat e Abdias, levitas da linhagem de Merari, Zacarias e Mosolão, da linhagem dos caatitas, assim como outros levitas que eram todos entendidos em música.
13
Estes últimos vigiavam os carregadores e dirigiam todos os trabalhadores, segundo sua especialidade. Havia ainda levitas secretários, comissários e porteiros.

Descoberta do livro da Lei

(= 2R 22)
14 No momento em que se retirava o dinheiro que tinha sido levado ao templo do Senhor, o sacerdote Helcias descobriu o livro da Lei do Senhor, dada por Moisés.
15
Disse então Helcias ao escriba Safã: Encontrei o livro da Lei no templo. E ele o entregou a Safã;
16
este o levou ao rei e fez-lhe o seguinte relato: Teus servos fizeram tudo o que lhes confiaste:
17
tiraram o dinheiro que estava no templo e o puseram nas mãos dos empreiteiros dos trabalhos.
18
Por outra parte, acrescentou ele, o sacerdote Helcias me entregou um livro. E começou a lê-lo em presença do rei.
19
Ouvindo as palavras da Lei, este rasgou suas vestes.
20
Em seguida, deu esta ordem a Helcias, a Aicão, filho de Safã, a Abdon, filho de Mica, ao escriba Safã e ao seu servo Asaa:
21
Ide e consultai o Senhor de minha parte, e da parte do que resta em Israel e em Judá, a respeito das palavras deste livro que acabam de encontrar; pois grande é a ira do Senhor, que se desencadeou sobre nós porque nossos pais não observaram a palavra do Senhor, pondo em prática tudo o que está escrito neste livro.
22
Helcias e aqueles que o rei tinha designado foram ter com a profetisa Holda, mulher de Selum, filho de Técua, filho de Harsa, guarda do vestiário, a qual habitava em Jerusalém, no segundo distrito. Quando lhe transmitiram sua mensagem,
23
ela lhes respondeu: Eis o que diz o Senhor, Deus de Israel: dizei àquele que vos envia a mim: eis o que diz o Senhor:
24
vou fazer vir sobre este lugar e sobre os habitantes todas as calamidades, todas as maldições escritas neste livro que foi lido na presença do rei de Judá,
25
porque eles me abandonaram e ofereceram incenso aos deuses falsos, irritando-me com todas as suas maneiras de agir; meu furor inflamar-se-á contra este lugar, sem que se possa jamais extingui-lo.
26
Ao rei de Judá que vos enviou a consultar o Senhor, dir-lhe-eis: eis o que diz o Senhor, Deus de Israel, a respeito das palavras que ouviste:
27
porquanto teu coração se comoveu e te humilhaste diante de Deus, escutando o que eu disse contra esta terra e seus habitantes; porquanto te humilhaste diante de mim, rasgaste tuas vestes chorando, eu também te ouvirei - oráculo do Senhor.
28
Vou reunir-te a teus pais; serás depositado em paz nas suas tumbas; teus olhos nada verão da catástrofe que vou mandar a este lugar e aos seus habitantes. Eles referiram ao rei esta resposta.

A reforma religiosa

(= 2R 23,1-20)
29 Então Josias convocou todos os anciãos de Judá e de Jerusalém.
30
Depois, ele próprio subiu ao templo, seguido de todos os anciãos de Judá e Jerusalém, os sacerdotes, os levitas e todo o povo, desde o maior até o menor. E fez-lhes uma leitura integral do livro da aliança, encontrado no templo do Senhor.
31
O rei, de pé num estrado, fez, na presença do Senhor, um pacto no qual se comprometia a seguir o Senhor, a guardar seus mandamentos, suas ordens e seus preceitos, de todo o coração e de toda a a sua alma, e a pôr em prática todas as palavras da aliança escrita no livro.
32
Fez com que aderissem todos os que se encontravam em Jerusalém e em Benjamim; e os habitantes de Jerusalém fizeram segundo a aliança de Deus, do Deus de seus pais.
33
Josias fez, desse modo, desaparecer as abominações de toda a terra dos israelitas e impôs a todos que lá se encontravam que servissem o Senhor, seu Deus. Enquanto ele viveu, não se afastaram do Senhor, Deus de seus pais.

A Páscoa solene

(= 2R 23,21-27)
35 1 Josias celebrou em Jerusalém a Páscoa em honra do Senhor: imolaram essa Páscoa no décimo quarto dia do primeiro mês.
2
Estabeleceu os sacerdotes nas suas funções e animou-os a servirem no templo.
3
Disse aos levitas que instruíam todo o Israel e que estavam consagrados ao Senhor: Depositai a arca santa no templo construído por Salomão, filho de Davi, rei de Israel. Já não precisais transportá-la aos vossos ombros. Estai agora a serviço do Senhor, vosso Deus, e de seu povo de Israel;
4
e disponde-vos conforme a ordem de vossas famílias e de vossas classes, segundo as prescrições de Davi, rei de Israel, e de Salomão, seu filho.
5
Ocupai vossos lugares no santuário, segundo as divisões das famílias de vossos irmãos, filhos do povo, com uma classe de família levítica para cada divisão.
6
Imolareis, em seguida, a Páscoa e santificar-vos-eis a fim de prepará-la para vossos irmãos, conforme a palavra do Senhor, transmitida por Moisés.
7
Josias deu ao povo, a todos os que lá se encontravam, gado miúdo, cordeiros e cabritos em número de trinta mil, tudo para imolar na Páscoa e acrescentou três mil cabeças de gado, tudo tirado das propriedades do rei.
8
Seus chefes fizeram também espontaneamente um presente ao povo, aos sacerdotes e aos levitas. Helcias, Zacarias e Jaiel, príncipes do templo, deram aos sacerdotes, para a Páscoa, dois mil e seiscentos cordeiros e trezentas cabeças de gado grosso.
9
Conenias, Semeías e Natanael, seus irmãos, Hasabias, Jeiel e Josabad, chefes dos levitas, deram a eles para a Páscoa cinco mil cordeiros e quinhentas cabeças de gado grosso.
10
Estando todo o serviço preparado, os sacerdotes tomaram lugar, assim como os levitas, segundo suas divisões, como o rei havia prescrito.
11
Imolaram o cordeiro pascal. Com o sangue correndo de suas mãos os sacerdotes fizeram a aspersão, enquanto os levitas esfolavam as vítimas.
12
Puseram à parte o holocausto para dá-lo aos grupos de famílias do povo, a fim de oferecer ao Senhor, como estava prescrito no livro de Moisés. Assim também procederam com o gado grosso.
13
De acordo com o rito prescrito, assaram ao fogo a Páscoa. Cozeram as oferendas consagradas em panelas, caldeirões e sertãs, e logo as distribuíram ao povo.
14
Em seguida, prepararam tudo para si e para os sacerdotes, pois estes, os filhos de Aarão, estavam até a noite ocupados em oferecer os holocaustos e as gorduras; por isso, os levitas prepararam as carnes para si e para os filhos de Aarão.
15
Os cantores, filhos de Asaf, estavam nos seus lugares, segundo as disposições de Davi, de Asaf, de Hemã e de Iditum, o vidente do rei. Os porteiros estavam à porta correspondente; não tiveram que abandonar seu posto, porque seus irmãos, os levitas, prepararam tudo para eles.
16
Estando, nesse dia, todo o serviço do Senhor disposto segundo a ordem de Josias, de modo que se pudesse celebrar a Páscoa e oferecer os holocaustos no altar do Senhor,
17
os israelitas presentes celebraram a seu tempo a Páscoa, e a festa dos Ázimos, durante sete dias.
18
Nenhuma Páscoa semelhante a esta havia sido celebrada em Israel desde o tempo do profeta Samuel. Nenhum rei de Israel tinha celebrado uma Páscoa semelhante àquela que celebraram Josias, os sacerdotes e os levitas, como todo o Judá, todos os de Israel que estavam presentes e todos os habitantes de Jerusalém.
19
Foi no décimo oitavo ano do reinado de Josias que foi celebrada essa Páscoa.

Morte de Josias

(= 2R 23,28-30)
20 Depois desse acontecimento e da reparação do templo pelo rei, Necao, rei do Egito, dirigiu-se para Carcames, junto do Eufrates, numa expedição militar. Josias saiu-lhe ao encontro.
21
Necao enviou-lhe mensageiros para dizer-lhe: Que queres tu, rei de Judá? Não vou contra ti hoje, mas contra uma dinastia com a qual estou em guerra. E disse-me Deus que me apressasse. Guarda-te de te opores a Deus, que está comigo, pois ele te deitará a perder.
22
Mas Josias não quis voltar atrás. Em lugar de ouvir as palavras de Necao, que vinham da própria boca de Deus, disfarçou-se para combater e entrou em batalha na planície de Magedo.
23
Arqueiros dispararam contra o rei Josias. Então o rei disse à sua gente: Levai-me; estou gravemente ferido.
24
Seus homens tiraram-no do carro, colocaram-no em outro carro que havia lá, e o levaram para Jerusalém, onde morreu. Foi sepultado no sepulcro de seus pais. Josias foi pranteado por todos os habitantes de Judá e de Jerusalém.
25
Jeremias compôs uma lamentação fúnebre sobre ele. Todos os cantores e todas as cantoras falam ainda de Josias em suas lamentações; é este um verdadeiro costume em Israel. Esses cantos fúnebres figuram no Livro das Lamentações.
26
Os outros atos de Josias, seus atos de piedade, de acordo com o que está escrito na Lei do Senhor,
27
seus feitos e façanhas, desde os primeiros até os últimos, tudo isso se acha relatado no livro dos reis de Israel e de Judá.

Reinado de Joacaz (609)

(= 2R 23,30-34)
36 1 A população da terra elegeu então Joacaz, filho de Josias, e o estabeleceu rei no lugar de seu pai, em Jerusalém.
2
Joacaz tinha vinte e três anos quando começou a reinar; reinou três meses em Jerusalém.
3
O rei do Egito destronou-o em Jerusalém e impôs à terra uma contribuição de cem talentos de prata e um talento de ouro.
4
Em seguida, pôs no trono de Jerusalém o irmão de Joacaz, Eliacim, de quem mudou o nome para Joaquim. Quanto ao seu irmão Joacaz, Necao o mandou para o Egito.

Reinado de Joaquím (609-597@)

(= 2R 23,36-24,6)
5 Joaquim tinha a idade de vinte e cinco anos quando foi elevado ao trono; reinou onze anos em Jerusalém. Fez o mal aos olhos do Senhor seu Deus.
6
Nabucodonosor, rei de Babilônia, atacou-o e ligou-o com uma dupla cadeia de bronze para conduzi-lo a Babilônia,
7
levando ao mesmo tempo os objetos do templo para o seu palácio de Babilônia.
8
Os outros atos de Joaquim, suas abominações, tudo o de que ele se tornou culpado, está relatado nos livros dos reis de Judá e de Israel. Seu filho Joaquin sucedeu-o no trono.

Reinado de Joaquin (597)

(= 2R 24,8-17)
9 Joaquin tinha a idade de dezoito anos quando foi elevado ao trono; reinou três meses em Jerusalém. Fez o mal aos olhos do Senhor.
10
No ano novo, o rei Nabucodonosor mandou que fosse levado para Babilônia com os objetos preciosos do templo do Senhor. Substituiu-o, no trono de Judá e de Jerusalém, Sedecias, irmão de seu pai.
11
Sedecias tinha a idade de vinte e um anos quando foi elevado ao trono; reinou onze anos em Jerusalém.
12
Fez o mal aos olhos do Senhor, seu Deus, e não se humilhou diante do profeta Jeremias que lhe tinha vindo falar da parte do Senhor.
13
Revoltou-se contra o rei Nabucodonosor, que, contudo, lhe tinha feito prestar um juramento em nome de Deus. Endureceu a cerviz e tornou inflexível seu coração para não se converter ao Senhor, Deus de Israel.

Reinado de Sedecias (597-586)

(= 2R 24,17-20)
14 Todos os chefes dos sacerdotes e o povo continuaram a multiplicar seus delitos, imitando as práticas abomináveis das nações pagãs e profanando o templo que o Senhor tinha consagrado para si em Jerusalém.
15
Em vão o Senhor, Deus de seus pais, lhes tinha enviado, por meio de seus mensageiros, avisos sobre avisos, pois tinha compaixão de seu povo e de sua própria habitação;
16
eles zombavam de seus enviados, desprezavam seus conselhos e riam de seus profetas, até que a ira de Deus se desencadeou sobre o seu povo, e não houve mais remédio.

Ruína de Jerusalém

(= 2R 25)
l7 Então Deus suscitou contra eles o rei dos caldeus, que, no próprio edifício do santuário, mandou matar seus jovens, e não poupou o adolescente, nem a donzela, nem o ancião, nem a mulher de cabelos brancos. O Senhor lhe entregou tudo.
l8 Nabucodonosor mandou tirar todo o mobiliário do templo, tanto os objetos grandes como os pequenos, os tesouros do templo, os do palácio real e os dos chefes, para transportá-los a Babilônia.


l9 Incendiaram o templo, destruíram os muros de Jerusalém, entregaram às chamas seus palácios e todos os tesouros foram lançados à destruição.
20 Nabucodonosor deportou para Babilônia todos os que tinham escapado à espada, e eles se tornaram seus escravos, dele e de seus filhos, até o advento do domínio persa.
21
Assim se cumpria a profecia que o Senhor tinha dado pela boca de Jeremias - Até que a terra desfrutasse os seus sábados -, pois a terra ficou inculta durante todo esse período de desolação, até que se completaram setenta anos.

O edito de Ciro

22 No primeiro ano de Ciro, rei da Pérsia, a fim de que se cumprisse a profecia do Senhor, posta na boca de Jeremias, o Senhor excitou o espírito de Ciro, rei da Pérsia, e este mandou fazer em todo o seu reino, à viva voz e também por escrito, a proclamação seguinte:
23
Assim fala Ciro, rei da Pérsia: o Senhor, Deus do céu, deu-me todos os reinos da terra, e me encarregou de lhe construir um templo em Jerusalém, que está na terra de Judá. Todo aquele dentre vós que for de seu povo, esteja seu Deus com ele, e que ele para lá se dirija!

2Cronache (SAV) 30