Marco (SAV) 1





Evangelho segundo São Marcos



1 1 Princípio da boa nova de Jesus Cristo, Filho de Deus. Conforme está escrito no profeta Isaías:
2
Eis que envio o meu anjo diante de ti: ele preparará o teu caminho.
3
Uma voz clama no deserto: Traçai o caminho do Senhor, aplanai as suas veredas (Ml 3,1 Is 40,3).
4 João Batista apareceu no deserto e pregava um batismo de conversão para a remissão dos pecados.
5
E saíam para ir ter com ele toda a Judéia, toda Jerusalém, e eram batizados por ele no rio Jordão, confessando os seus pecados.
6
João andava vestido de pêlo de camelo e trazia um cinto de couro em volta dos rins, e alimentava-se de gafanhotos e mel silvestre.
7
Ele pôs-se a proclamar: "Depois de mim vem outro mais poderoso do que eu, ante o qual não sou digno de me prostrar para desatar-lhe a correia do calçado.
8
Eu vos batizei com água; ele, porém, vos batizará no Espírito Santo."
9
Ora, naqueles dias veio Jesus de Nazaré, da Galiléia, e foi batizado por João no Jordão.
10
No momento em que Jesus saía da água, João viu os céus abertos e descer o Espírito em forma de pomba sobre ele.
11
E ouviu-se dos céus uma voz: "Tu és o meu Filho muito amado; em ti ponho minha afeição."
12
E logo o Espírito o impeliu para o deserto.
13
Aí esteve quarenta dias. Foi tentado pelo demônio e esteve em companhia dos animais selvagens. E os anjos o serviam.

Vocação dos primeiros apóstolos

14 Depois que João foi preso, Jesus dirigiu-se para a Galiléia. Pregava o Evangelho de Deus, e dizia:
15
"Completou-se o tempo e o Reino de Deus está próximo; fazei penitência e crede no Evangelho."
16
Passando ao longo do mar da Galiléia, viu Simão e André, seu irmão, que lançavam as redes ao mar, pois eram pescadores.
17
Jesus disse-lhes: "Vinde após mim; eu vos farei pescadores de homens."
18
Eles, no mesmo instante, deixaram as redes e seguiram-no.
19
Uns poucos passos mais adiante, viu Tiago, filho de Zebedeu, e João, seu irmão, que estavam numa barca, consertando as redes. E chamou-os logo.
20
Eles deixaram na barca seu pai Zebedeu com os empregados e o seguiram.

Pregação e milagres em Cafarnaum

21 Dirigiram-se para Cafarnaum. E já no dia de sábado, Jesus entrou na sinagoga e pôs-se a ensinar.
22
Maravilhavam-se da sua doutrina, porque os ensinava como quem tem autoridade e não como os escribas.
23
Ora, na sinagoga deles achava-se um homem possesso de um espírito imundo, que gritou:
24
"Que tens tu conosco, Jesus de Nazaré? Vieste perder-nos? Sei quem és: o Santo de Deus!
25
Mas Jesus intimou-o, dizendo: "Cala-te, sai deste homem!"
26
O espírito imundo agitou-o violentamente e, dando um grande grito, saiu.
27
Ficaram todos tão admirados, que perguntavam uns aos outros: "Que é isto? Eis um ensinamento novo, e feito com autoridade; além disso, ele manda até nos espíritos imundos e lhe obedecem!"
28
A sua fama divulgou-se logo por todos os arredores da Galiléia.


29 Assim que saíram da sinagoga, dirigiram-se com Tiago e João à casa de Simão e André.
30
A sogra de Simão estava de cama, com febre; e sem tardar, falaram-lhe a respeito dela.
31
Aproximando-se ele, tomou-a pela mão e levantou-a; imediatamente a febre a deixou e ela pôs-se a servi-los.
32
À tarde, depois do pôr-do-sol, levaram-lhe todos os enfermos e possessos do demônio.
33
Toda a cidade estava reunida diante da porta.
34
Ele curou muitos que estavam oprimidos de diversas doenças, e expulsou muitos demônios. Não lhes permitia falar, porque o conheciam.
35
De manhã, tendo-se levantado muito antes do amanhecer, ele saiu e foi para um lugar deserto, e ali se pôs em oração.
36
Simão e os seus companheiros saíram a procurá-lo.
37
Encontraram-no e disseram-lhe: "Todos te procuram."
38
E ele respondeu-lhes: "Vamos às aldeias vizinhas, para que eu pregue também lá, pois, para isso é que vim."
39
Ele retirou-se dali, pregando em todas as sinagogas e por toda a Galiléia, e expulsando os demônios.

Cura de um leproso

40 Aproximou-se dele um leproso, suplicando-lhe de joelhos: "Se queres, podes limpar-me."
41
Jesus compadeceu-se dele, estendeu a mão, tocou-o e lhe disse: "Eu quero, sê curado."
42
E imediatamente desapareceu dele a lepra e foi purificado.
43
Jesus o despediu imediatamente com esta severa admoestação:
44
"Vê que não o digas a ninguém; mas vai, mostra-te ao sacerdote e apresenta, pela tua purificação, a oferenda prescrita por Moisés para lhe servir de testemunho."
45
Este homem, porém, logo que se foi, começou a propagar e divulgar o acontecido, de modo que Jesus não podia entrar publicamente numa cidade. Conservava-se fora, nos lugares despovoados; e de toda parte vinham ter com ele.

O paralítico

2 1 Alguns dias depois, Jesus entrou novamente em Cafarnaum e souberam que ele estava em casa.
2
Reuniu-se uma tal multidão, que não podiam encontrar lugar nem mesmo junto à porta. E ele os instruía.
3
Trouxeram-lhe um paralítico, carregado por quatro homens.
4
Como não pudessem apresentar-lho por causa da multidão, descobriram o teto por cima do lugar onde Jesus se achava e, por uma abertura, desceram o leito em que jazia o paralítico.
5
Jesus, vendo-lhes a fé, disse ao paralítico: "Filho, perdoados te são os pecados."
6
Ora, estavam ali sentados alguns escribas, que diziam uns aos outros:
7
"Como pode este homem falar assim? Ele blasfema. Quem pode perdoar pecados senão Deus?"
8
Mas Jesus, penetrando logo com seu espírito tios seus íntimos pensamentos, disse-lhes: "Por que pensais isto nos vossos corações?
9
Que é mais fácil dizer ao paralítico: Os pecados te são perdoados, ou dizer: Levanta-te, toma o teu leito e anda?
10
Ora, para que conheçais o poder concedido ao Filho dó homem sobre a terra (disse ao paralítico),
11
eu te ordeno: levanta-te, toma o teu leito e vai para casa."
12
No mesmo instante, ele se levantou e, tomando o. leito, foi-se embora à vista de todos. A, multidão inteira encheu-se de profunda admiração e puseram-se a louvar a Deus, dizendo: "Nunca vimos coisa semelhante."

Vocação de Levi

13 Jesus saiu de novo para perto do mar e toda a multidão foi ter com ele, e ele os ensinava.
14
Quando ia passando, viu Levi, filho de Alfeu, sentado no posto da arrecadação e disse-lhe: "Segue-me." E Levi, levantando-se, seguiu-o.
15
Em seguida, pôs-se à mesa na sua casa e muitos cobradores de impostos e pecadores tomaram lugar com ele e seus discípulos; com efeito, eram numerosos os que o seguiam.
16
Os escribas, do partido dos fariseus,. vendo-o comer com as pessoas de má vida e publicamos, diziam aos seus discípulos: "Ele come com os publicamos e com gente de má vida? "
17
Ouvindo-os, Jesus replicou: "Os sãos não precisam de médico, mas os enfermos; não vim chamar os justos, mas os pecadores."

A misericórdia e o jejum

18 Ora, os discípulos de João e os fariseus jejuavam. Por isso, foram-lhe perguntar: "Por que jejuam os discípulos de João e os dos fariseus, mas os teus discípulos não jejuam?"
19
Jesus respondeu-lhes: "Podem porventura jejuar os convidados das núpcias, enquanto está com eles o esposo? Enquanto têm consigo o esposo, não lhes é -possível jejuar.
20
Dias virão, porém, em que o esposo lhes será tirado, e então jejuarão.
21
"Ninguém prega retalho de pano novo em roupa velha; do contrário, o remendo arranca novo pedaço da veste usada e torna-se pior o rasgão.
22
E ninguém põe vinho novo em odres velhos; se o fizer, o vinho os arrebentará e perder-se-á juntamente com os odres mas para vinho novo, odres novos."

Espigas debulhadas em dia de sábado

23 Num dia de sábado, o Senhor caminhava pelos campos e seus discípulos, andando, começaram a colher espigas.
24
Os fariseus observaram-lhe: "Vede! Por que fazem eles no sábado o que não é permitido?" Jesus respondeu-lhes:
25
"Nunca lestes o que fez Davi, quando se achou em necessidade e teve fome, ele e os seus companheiros?
26
Ele entrou na casa de Deus, sendo Abiatar príncipe dos sacerdotes, e comeu os pães da proposição, dos quais só aos sacerdotes era permitido comer, e os deu aos seus companheiros."
27
E dizia-lhes: "O sábado foi feito para o homem, e não o homem para o sábado;
28
e, para dizer tudo, o Filho do homem é senhor também do sábado."

O homem de mão seca

3 1 Noutra vez, entrou ele na sinagoga e achava-se ali um homem que tinha a mão seca.
2
Ora, estavam-no observando se o curaria no dia de sábado, para o acusarem.
3
Ele diz ao homem da mão seca: "Vem para o meio."
4
Então lhes pergunta: "É permitido fazer o bem ou o mal no sábado? Salvar uma vida ou matar?" Mas eles se calavam.
5
Então, relanceando um olhar indignado sobre eles, e contristado com a dureza de seus corações, diz ao homem: "Estende tua mão!" Ele estendeu-a e a mão foi curada.
6
Saindo os fariseus dali, deliberaram logo com os herodianos como o haviam de perder.

Pregação na barca

7 Jesus retirou-se com os seus discípulos para o mar, e seguia-o uma grande multidão, vinda da Galiléia.
8
E da Judéia, de Jerusalém, da Iduméia, do além-Jordão e dos arredores de Tiro e de Sidônia veio a ele uma grande multidão, ao ouvir o que ele fazia.
9
Ele ordenou a seus discípulos que lhe aprontassem uma barca, para que a multidão não o comprimisse.
10
Curou a muitos, de modo que todos os que padeciam de algum mal se arrojavam a ele para o tocar.
11
Quando os espíritos imundos o viam, prostravam-se diante dele e gritavam: Tu és o Filho de Deus!
12
Ele os proibia severamente que o dessem a conhecer.
13
Depois, subiu ao monte e chamou os que ele quis. E foram a ele.
14
Designou doze dentre eles para ficar em sua companhia.
15
Ele os enviaria a pregar, com o poder de expulsar os demônios.
16
Escolheu estes doze: Simão, a quem pôs o nome de Pedro;
17
Tiago, filho de Zebedeu, e João, seu irmão, aos quais pôs o nome de Boanerges, que quer dizer Filhos do Trovão.
18
Ele escolheu também André, Filipe, Bartolomeu, Mateus, Tomé, Tiago, filho de Alfeu; Tadeu, Simão, o Zelador;
19
e Judas Iscariotes, que o entregou.

O pecado contra o Espírito

20 Dirigiram-se em seguida a uma casa. Aí afluiu de novo tanta gente, que nem podiam tomar alimento.
21
Quando os seus o souberam, saíram para o reter; pois diziam: "Ele está fora de si."
22
Também os escribas, que haviam descido de Jerusalém, diziam: "Ele está possuído de Beelzebul: é pelo príncipe dos demônios que ele expele os demônios."
23
Mas, havendo-os convocado, dizia-lhes em parábolas: "Como pode Satanás expulsar a Satanás?
24
Pois, se um reino estiver dividido contra si mesmo, não pode durar.
25
E se uma casa está dividida contra si mesma, tal casa não pode permanecer.
26
E se Satanás se levanta contra si mesmo, está dividido e não poderá continuar, mas desaparecerá.
27
Ninguém pode entrar na casa do homem forte e roubar-lhe os bens, se antes não o prender; e então saqueará sua casa.
28
"Em verdade vos digo: todos os pecados serão perdoados aos filhos dos homens, mesmo as suas blasfêmias;
29
mas todo o que tiver blasfemado contra o Espírito Santo jamais terá perdão, mas será culpado de um pecado eterno."
30
Jesus falava assim porque tinham dito: "Ele tem um espírito imundo."
31
Chegaram sua mãe e seus irmãos e, estando do lado de fora, mandaram chamá-lo.
32
Ora, a multidão estava sentada ao redor dele; e disseram-lhe: "Tua mãe e teus irmãos estão aí fora e te procuram."
33
Ele respondeu-lhes: "Quem é minha mãe e quem são meus irmãos?"
34
E, correndo o olhar sobre a multidão, que estava sentada ao redor dele, disse: "Eis aqui minha mãe e meus irmãos.
35
Aquele que faz a vontade de Deus, esse é meu irmão, minha irmã e minha mãe."

PARÁBOLAS DO REINO

4 1 Jesus pôs-se novamente a ensinar, à beira do mar, e aglomerou-se junto dele tão grande multidão, que ele teve de entrar numa barca, no mar, e toda a multidão ficou em terra na praia.
2
E ensinava-lhes muitas coisas em parábolas. Dizia-lhes na sua doutrina:
3
Ouvi: Saiu o semeador a semear.
4
Enquanto lançava a semente, uma parte caiu à beira do caminho, e vieram as aves e a comeram.
5
Outra parte caiu no pedregulho, onde não havia muita terra; o grão germinou logo, porque a terra não era profunda;
6
mas, assim que o sol despontou, queimou-se e, como não tivesse raiz, secou.
7
Outra parte caiu entre os espinhos; estes cresceram, sufocaram-na e o grão não deu fruto.
8
Outra caiu em terra boa e deu fruto, cresceu e desenvolveu-se; um grão rendeu trinta, outro sessenta e outro cem.
9
E dizia: Quem tem ouvidos para ouvir, ouça!
10
Quando se acharam a sós, os que o cercavam e os Doze indagaram dele o sentido da parábola.
11
Ele disse-lhes: A vós é revelado o mistério do Reino de Deus, mas aos que são de fora tudo se lhes propõe em parábolas.
12
Desse modo, eles olham sem ver, escutam sem compreender, sem que se convertam e lhes seja perdoado.
13
E acrescentou: Não entendeis essa parábola? Como entendereis então todas as outras?
14
O semeador semeia a palavra.
15
Alguns se encontram à beira do caminho, onde ela é semeada; apenas a ouvem, vem Satanás tirar a palavra neles semeada.
16
Outros recebem a semente em lugares pedregosos; quando a ouvem, recebem-na com alegria;
17
mas não têm raiz em si, são inconstantes, e assim que se levanta uma tribulação ou uma perseguição por causa da palavra, eles tropeçam.
18
Outros ainda recebem a semente entre os espinhos; ouvem a palavra,
19
mas as preocupações mundanas, a ilusão das riquezas, as múltiplas cobiças sufocam-na e a tornam infrutífera.
20
Aqueles que recebem a semente em terra boa escutam a palavra, acolhem-na e dão fruto, trinta, sessenta e cem por um.

A lãmpada

21 Dizia-lhes ainda: Traz-se porventura a candeia para ser colocada debaixo do alqueire ou debaixo da cama? Não é para ser posta no candeeiro?
22
Porque nada há oculto que não deva ser descoberto, nada secreto que não deva ser publicado.
23
Se alguém tem ouvidos para ouvir, que ouça.
24
Ele prosseguiu: Atendei ao que ouvis: com a medida com que medirdes, vos medirão a vós, e ainda se vos acrescentará.
25
Pois, ao que tem, se lhe dará; e ao que não tem, se lhe tirará até o que tem.

O grão que germína sozinho

26 Dizia também: O Reino de Deus é como um homem que lança a semente à terra.
27
Dorme, levanta-se, de noite e de dia, e a semente brota e cresce, sem ele o perceber.
28
Pois a terra por si mesma produz, primeiro a planta, depois a espiga e, por último, o grão abundante na espiga.
29
Quando o fruto amadurece, ele mete-lhe a foice, porque é chegada a colheita.
30
Dizia ele: A quem compararemos o Reino de Deus? Ou com que parábola o representaremos?
31
É como o grão de mostarda que, quando é semeado, é a menor de todas as sementes.
32
Mas, depois de semeado, cresce, torna-se maior que todas as hortaliças e estende de tal modo os seus ramos, que as aves do céu podem abrigar-se à sua sombra.
33
Era por meio de numerosas parábolas desse gênero que ele lhes anunciava a palavra, conforme eram capazes de compreender.
34
E não lhes falava, a não ser em parábolas; a sós, porém, explicava tudo a seus discípulos.

A tempestade acalmada

35 À tarde daquele dia, disse-lhes: Passemos para o outro lado.
36
Deixando o povo, levaram-no consigo na barca, assim como ele estava. Outras embarcações o escoltavam.
37
Nisto surgiu uma grande tormenta e lançava as ondas dentro da barca, de modo que ela já se enchia de água.
38
Jesus achava-se na popa, dormindo sobre um travesseiro. Eles acordaram-no e disseram-lhe: Mestre, não te importa que pereçamos?
39
E ele, despertando, repreendeu o vento e disse ao mar: Silêncio! Cala-te! E cessou o vento e seguiu-se grande bonança.
40
Ele disse-lhes: Como sois medrosos! Ainda não tendes fé?
41
Eles ficaram penetrados de grande temor e cochichavam entre si: Quem é este, a quem até o vento e o mar obedecem?

O possesso e os porcos

5 1 Passaram à outra margem do lago, ao território dos gerasenos.
2
Assim que saíram da barca, um homem possesso do espírito imundo saiu do cemitério
3
onde tinha seu refúgio e veio-lhe ao encontro. Não podiam atá-lo nem com cadeia, mesmo nos sepulcros,
4
pois tinha sido ligado muitas vezes com grilhões e cadeias, mas os despedaçara e ninguém o podia subjugar.
5
Sempre, dia e noite, andava pelos sepulcros e nos montes, gritando e ferindo-se com pedras.
6
Vendo Jesus de longe, correu e prostrou-se diante dele, gritando em alta voz:
7
Que queres de mim, Jesus, Filho do Deus Altíssimo?Conjuro-te por Deus, que não me atormentes.
8
É que Jesus lhe dizia: Espírito imundo, sai deste homem!
9
Perguntou-lhe Jesus: Qual é o teu nome? Respondeu-lhe: Legião é o meu nome, porque somos muitos.
10
E pediam-lhe com instância que não os lançasse fora daquela região.
11
Ora, uma grande manada de porcos andava pastando ali junto do monte.
12
E os espíritos suplicavam-lhe: Manda-nos para os porcos, para entrarmos neles.
13
Jesus lhos permitiu. Então os espíritos imundos, tendo saído, entraram nos porcos; e a manada, de uns dois mil, precipitou-se no mar, afogando-se.
14
Fugiram os pastores e narraram o fato na cidade e pelos arredores. Então saíram a ver o que tinha acontecido.
15
Aproximaram-se de Jesus e viram o possesso assentado, coberto com seu manto e calmo, ele que tinha sido possuído pela Legião. E o pânico apoderou-se deles.
16
As testemunhas do fato contaram-lhes como havia acontecido isso ao endemoninhado, e o caso dos porcos.
17
Começaram então a rogar-lhe que se retirasse da sua região.
18
Quando ele subia para a barca, veio o que tinha sido possesso e pediu-lhe permissão de acompanhá-lo.
19
Jesus não o admitiu, mas disse-lhe: Vai para casa, para junto dos teus e anuncia-lhes tudo o que o Senhor fez por ti, e como se compadeceu de ti.
20
Foi-se ele e começou a publicar, na Decápole, tudo o que Jesus lhe havia feito. E todos se admiravam.

A filha de Jairo e a mulher doente

21 Tendo Jesus navegado outra vez para a margem oposta, de novo afluiu a ele uma grande multidão. Ele se achava à beira do mar, quando
22
um dos chefes da sinagoga, chamado Jairo, se apresentou e, à sua vista, lançou-se-lhe aos pés,
23
rogando-lhe com insistência: Minha filhinha está nas últimas. Vem, impõe-lhe as mãos para que se salve e viva.
24
Jesus foi com ele e grande multidão o seguia, comprimindo-o.
25
Ora, havia ali uma mulher que já por doze anos padecia de um fluxo de sangue.
26
Sofrera muito nas mãos de vários médicos, gastando tudo o que possuía, sem achar nenhum alívio; pelo contrário, piorava cada vez mais.
27
Tendo ela ouvido falar de Jesus, veio por detrás, entre a multidão, e tocou-lhe no manto.
28
Dizia ela consigo: Se tocar, ainda que seja na orla do seu manto, estarei curada.
29
Ora, no mesmo instante se lhe estancou a fonte de sangue, e ela teve a sensação de estar curada.
30
Jesus percebeu imediatamente que saíra dele uma força e, voltando-se para o povo, perguntou: Quem tocou minhas vestes?
31
Responderam-lhe os seus discípulos: Vês que a multidão te comprime e perguntas: Quem me tocou?
32
E ele olhava em derredor para ver quem o fizera.
33
Ora, a mulher, atemorizada e trêmula, sabendo o que nela se tinha passado, veio lançar-se-lhe aos pés e contou-lhe toda a verdade.
34
Mas ele lhe disse: Filha, a tua fé te salvou. Vai em paz e sê curada do teu mal.
35
Enquanto ainda falava, chegou alguém da casa do chefe da sinagoga, anunciando: Tua filha morreu. Para que ainda incomodas o Mestre?
36
Ouvindo Jesus a notícia que era transmitida, dirigiu-se ao chefe da sinagoga: Não temas; crê somente.
37
E não permitiu que ninguém o acompanhasse, senão Pedro, Tiago e João, irmão de Tiago.
38
Ao chegar à casa do chefe da sinagoga, viu o alvoroço e os que estavam chorando e fazendo grandes lamentações.
39
Ele entrou e disse-lhes: Por que todo esse barulho e esses choros? A menina não morreu. Ela está dormindo.
40
Mas riam-se dele. Contudo, tendo mandado sair todos, tomou o pai e a mãe da menina e os que levava consigo, e entrou onde a menina estava deitada.
41
Segurou a mão da menina e disse-lhe: Talita cumi, que quer dizer: Menina, ordeno-te, levanta-te!
42
E imediatamente a menina se levantou e se pôs a caminhar (pois contava doze anos). Eles ficaram assombrados.
43
Ordenou-lhes severamente que ninguém o soubesse, e mandou que lhe dessem de comer.Jesus de Nazaré

Jesus de Nazaré

6 1 Depois, ele partiu dali e foi para a sua pátria, seguido de seus discípulos. 2 Quando chegou o dia de sábado, começou a ensinar na sinagoga. Muitos o ouviam e, tomados de admiração, diziam: Donde lhe vem isso? Que sabedoria é essa que lhe foi dada, e como se operam por suas mãos tão grandes milagres?
3
Não é ele o carpinteiro, o filho de Maria, o irmão de Tiago, de José, de Judas e de Simão? Não vivem aqui entre nós também suas irmãs? E ficaram perplexos a seu respeito.
4
Mas Jesus disse-lhes: Um profeta só é desprezado na sua pátria, entre os seus parentes e na sua própria casa.
5
Não pôde fazer ali milagre algum. Curou apenas alguns poucos enfermos, impondo-lhes as mãos.
6
Admirava-se ele da desconfiança deles. E ensinando, percorria as aldeias circunvizinhas.

Missão dos apóstolos

7 Então chamou os Doze e começou a enviá-los, dois a dois; e deu-lhes poder sobre os espíritos imundos.
8
Ordenou-lhes que não levassem coisa alguma para o caminho, senão somente um bordão; nem pão, nem mochila, nem dinheiro no cinto;
9
como calçado, unicamente sandálias, e que se não revestissem de duas túnicas.
10
E disse-lhes: Em qualquer casa em que entrardes, ficai nela, até vos retirardes dali.
11
Se em algum lugar não vos receberem nem vos escutarem, saí dali e sacudi o pó dos vossos pés em testemunho contra ele.
12
Eles partiram e pregaram a penitência.
13
Expeliam numerosos demônios, ungiam com óleo a muitos enfermos e os curavam.

Opinião de Herodes acerca de Jesus

14 O rei Herodes ouviu falar de Jesus, cujo nome se tornara célebre. Dizia-se: João Batista ressurgiu dos mortos e por isso o poder de fazer milagres opera nele.
15
Uns afirmavam: É Elias! Diziam outros: É um profeta como qualquer outro.
16
Ouvindo isto, Herodes repetia: É João, a quem mandei decapitar. Ele ressuscitou!
17
Pois o próprio Herodes mandara prender João e acorrentá-lo no cárcere, por causa de Herodíades, mulher de seu irmão Filipe, com a qual ele se tinha casado.
18
João tinha dito a Herodes: Não te é permitido ter a mulher de teu irmão.
19
Por isso Herodíades o odiava e queria matá-lo, não o conseguindo, porém.
20
Pois Herodes respeitava João, sabendo que era um homem justo e santo; protegia-o e, quando o ouvia, sentia-se embaraçado. Mas, mesmo assim, de boa mente o ouvia.
21
Chegou, porém, um dia favorável em que Herodes, por ocasião do seu natalício, deu um banquete aos grandes de sua corte, aos seus oficiais e aos principais da Galiléia.
22
A filha de Herodíades apresentou-se e pôs-se a dançar, com grande satisfação de Herodes e dos seus convivas. Disse o rei à moça: Pede-me o que quiseres, e eu to darei.
23
E jurou-lhe: Tudo o que me pedires te darei, ainda que seja a metade do meu reino.
24
Ela saiu e perguntou à sua mãe: Que hei de pedir? E a mãe respondeu: A cabeça de João Batista.
25
Tornando logo a entrar apressadamente à presença do rei, exprimiu-lhe seu desejo: Quero que sem demora me dês a cabeça de João Batista.
26
O rei entristeceu-se; todavia, por causa da sua promessa e dos convivas, não quis recusar.
27
Sem tardar, enviou um carrasco com a ordem de trazer a cabeça de João. Ele foi, decapitou João no cárcere,
28
trouxe a sua cabeça num prato e a deu à moça, e esta a entregou à sua mãe.
29
Ouvindo isto, os seus discípulos foram tomar o seu corpo e o depositaram num sepulcro.

Primeira multiplicação dos pães

30 Os apóstolos voltaram para junto de Jesus e contaram-lhe tudo o que haviam feito e ensinado.
31
Ele disse-lhes: Vinde à parte, para algum lugar deserto, e descansai um pouco. Porque eram muitos os que iam e vinham e nem tinham tempo para comer.
32
Partiram na barca para um lugar solitário, à parte.
33
Mas viram-nos partir. Por isso, muitos deles perceberam para onde iam, e de todas as cidades acorreram a pé para o lugar aonde se dirigiam, e chegaram primeiro que eles.
34
Ao desembarcar, Jesus viu uma grande multidão e compadeceu-se dela, porque era como ovelhas que não têm pastor. E começou a ensinar-lhes muitas coisas.


35 A hora já estava bem avançada quando se achegaram a ele os seus discípulos e disseram: Este lugar é deserto, e já é tarde.
36
Despede-os, para irem aos sítios e aldeias vizinhas a comprar algum alimento.
37
Mas ele respondeu-lhes: Dai-lhes vós mesmos de comer. Replicaram-lhe: Iremos comprar duzentos denários de pão para dar-lhes de comer?
38
Ele perguntou-lhes: Quantos pães tendes? Ide ver. Depois de se terem informado, disseram: Cinco, e dois peixes.
39
Ordenou-lhes que mandassem todos sentar-se, em grupos, na relva verde.
40
E assentaram-se em grupos de cem e de cinqüenta.
41
Então tomou os cinco pães e os dois peixes e, erguendo os olhos ao céu, abençoou-os, partiu-os e os deu a seus discípulos, para que lhos distribuíssem, e repartiu entre todos os dois peixes.
42
Todos comeram e ficaram fartos.
43
Recolheram do que sobrou doze cestos cheios de pedaços, e os restos dos peixes.
44
Foram cinco mil os homens que haviam comido daqueles pães.
45
Imediatamente ele obrigou os seus discípulos a subirem para a barca, para que chegassem antes dele à outra margem, em frente de Betsaida, enquanto ele mesmo despedia o povo.
46
E despedido que foi o povo, retirou-se ao monte para orar.
47
À noite, achava-se a barca no meio do lago e ele, a sós, em terra.
48
Vendo-os se fatigarem em remar, sendo-lhes o vento contrário, foi ter com eles pela quarta vigília da noite, andando por cima do mar, e fez como se fosse passar ao lado deles.
49
À vista de Jesus, caminhando sobre o mar, pensaram que fosse um fantasma e gritaram;
50
pois todos o viram e se assustaram. Mas ele logo lhes falou: Tranqüilizai-vos, sou eu; não vos assusteis!
51
E subiu para a barca, junto deles, e o vento cessou. Todos se achavam tomados de um extremo pavor,
52
pois ainda não tinham compreendido o caso dos pães; os seus corações estavam insensíveis.

Novos milagres

53 Navegaram para o outro lado e chegaram à região de Genesaré, onde aportaram.
54
Assim que saíram da barca, o povo o reconheceu.
55
Percorrendo toda aquela região, começaram a levar, em leitos, os que padeciam de algum mal, para o lugar onde ouviam dizer que ele se encontrava.
56
Onde quer que ele entrasse, fosse nas aldeias ou nos povoados, ou nas cidades, punham os enfermos nas ruas e pediam-lhe que os deixassem tocar ao menos na orla de suas vestes. E todos os que tocavam em Jesus ficavam sãos.

Discussão com os fariseus

7 1 Os fariseus e alguns dos escribas vindos de Jerusalém tinham sereunido em torno dele.
2
E perceberam que alguns dos seus discípulos comiam o pão com as mãos impuras, isto é, sem as lavar.
3
(Com efeito, os fariseus e todos os judeus, apegando-se à tradição dos antigos, não comem sem lavar cuidadosamente as mãos;
4
e, quando voltam do mercado, não comem sem ter feito abluções. E há muitos outros costumes que observam por tradição, como lavar os copos, os jarros e os pratos de metal.)
5
Os fariseus e os escribas perguntaram-lhe: Por que não andam os teus discípulos conforme a tradição dos antigos, mas comem o pão com as mãos impuras?
6
Jesus disse-lhes: Isaías com muita razão profetizou de vós, hipócritas, quando escreveu: Este povo honra-me com os lábios, mas o seu coração está longe de mim.
7
Em vão, pois, me cultuam, porque ensinam doutrinas e preceitos humanos (Is 29,13).
8 Deixando o mandamento de Deus, vos apegais à tradição dos homens.
9
E Jesus acrescentou: Na realidade, invalidais o mandamento de Deus para estabelecer a vossa tradição.
10
Pois Moisés disse: Honra teu pai e tua mãe; e: Todo aquele que amaldiçoar pai ou mãe seja morto.
11
Vós, porém, dizeis: Se alguém disser ao pai ou à mãe: Qualquer coisa que de minha parte te pudesse ser útil é corban, isto é, oferta,
12
e já não lhe deixais fazer coisa alguma a favor de seu pai ou de sua mãe,
13
anulando a palavra de Deus por vossa tradição que vós vos transmitistes. E fazeis ainda muitas coisas semelhantes.


14 Tendo chamado de novo a turba, dizia-lhes: Ouvi-me todos, e entendei.
15
Nada há fora do homem que, entrando nele, o possa manchar; mas o que sai do homem, isso é que mancha o homem.
16

17
Quando deixou o povo e entrou em casa, os seus discípulos perguntaram-lhe acerca da parábola.
18
Respondeu-lhes: Sois também vós assim ignorantes? Não compreendeis que tudo o que de fora entra no homem não o pode tornar impuro,
19
porque não lhe entra no coração, mas vai ao ventre e dali segue sua lei natural? Assim ele declarava puros todos os alimentos. E acrescentava:
20
Ora, o que sai do homem, isso é que mancha o homem.
21
Porque é do interior do coração dos homens que procedem os maus pensamentos: devassidões, roubos, assassinatos,
22
adultérios, cobiças, perversidades, fraudes, desonestidade, inveja, difamação, orgulho e insensatez.
23
Todos estes vícios procedem de dentro e tornam impuro o homem.

A cananéia

24 Em seguida, deixando aquele lugar, foi para a terra de Tiro e de Sidônia. E tendo entrado numa casa, não quis que ninguém o soubesse. Mas não pôde ficar oculto,
25
pois uma mulher, cuja filha possuía um espírito imundo, logo que soube que ele estava ali, entrou e caiu a seus pés.
26
(Essa mulher era pagã, de origem siro-fenícia.) Ora, ela suplicava-lhe que expelisse de sua filha o demônio.
27
Disse-lhe Jesus: Deixa primeiro que se fartem os filhos, porque não fica bem tomar o pão dos filhos e lançá-lo aos cães.
28
Mas ela respondeu: É verdade, Senhor; mas também os cachorrinhos debaixo da mesa comem das migalhas dos filhos.
29
Jesus respondeu-lhe: Por causa desta palavra, vai-te, que saiu o demônio de tua filha.
30
Voltou ela para casa e achou a menina deitada na cama. O demônio havia saído.

Milagre do surdo-mudo

31 Ele deixou de novo as fronteiras de Tiro e foi por Sidônia ao mar da Galiléia, no meio do território da Decápole.
32
Ora, apresentaram-lhe um surdo-mudo, rogando-lhe que lhe impusesse a mão.
33
Jesus tomou-o à parte dentre o povo, pôs-lhe os dedos nos ouvidos e tocou-lhe a língua com saliva.
34
E levantou os olhos ao céu, deu um suspiro e disse-lhe: Éfeta!, que quer dizer abre-te!
35
No mesmo instante os ouvidos se lhe abriram, a prisão da língua se lhe desfez e ele falava perfeitamente.
36
Proibiu-lhes que o dissessem a alguém. Mas quanto mais lhes proibia, tanto mais o publicavam.
37
E tanto mais se admiravam, dizendo: Ele fez bem todas as coisas. Fez ouvir os surdos e falar os mudos!

Segunda multiplicação dos pães

8 1 Naqueles dias, como fosse novamente numerosa a multidão, enão tivessem o que comer, Jesus convocou os discípulos e lhes disse:
2
Tenho compaixão deste povo. Já há três dias perseveram comigo e não têm o que comer.
3
Se os despedir em jejum para suas casas, desfalecerão no caminho; e alguns deles vieram de longe!
4
Seus discípulos responderam-lhe: Como poderá alguém fartá-los de pão aqui no deserto?
5
Mas ele perguntou-lhes: Quantos pães tendes? Sete, responderam.
6
Mandou então que o povo se assentasse no chão. Tomando os sete pães, deu graças, partiu-os e entregou-os a seus discípulos, para que os distribuíssem e eles os distribuíram ao povo.
7
Tinham também alguns peixinhos. Ele os abençoou e mandou também distribuí-los.
8
Comeram e ficaram fartos, e dos pedaços que sobraram levantaram sete cestos.
9
Ora, os que comeram eram cerca de quatro mil pessoas. Em seguida, Jesus os despediu.
10
E embarcando depois com seus discípulos, foi para o território de Dalmanuta.

Os fariseus reclaman um prodígio

11 Vieram os fariseus e puseram-se a disputar com ele e pediram-lhe um sinal do céu, para pô-lo à prova.
12
Jesus, porém, suspirando no seu coração, disse: Por que pede esta geração um sinal? Em verdade vos digo: jamais lhe será dado um sinal.
13
Deixou-os e seguiu de barca para a outra margem.


14 Aconteceu que eles haviam esquecido de levar pães consigo. Na barca havia um único pão.
15
Jesus advertiu-os: Abri os olhos e acautelai-vos do fermento dos fariseus e do fermento de Herodes!
16
E eles comentavam entre si que era por não terem pão.
17
Jesus percebeu-o e disse-lhes: Por que discutis por não terdes pão? Ainda não tendes refletido nem compreendido? Tendes, pois, o coração insensível?
18
Tendo olhos, não vedes? E tendo ouvidos, não ouvis? Não vos lembrais mais?
19
Ao partir eu os cinco pães entre os cinco mil, quantos cestos recolhestes cheios de pedaços? Responderam-lhe: Doze.
20
E quando eu parti os sete pães entre os quatro mil homens, quantos cestos de pedaços levantastes? Sete, responderam-lhe.
21
Jesus disse-lhes: Como é que ainda não entendeis?...

Cura de um cego

22 Chegando eles a Betsaida, trouxeram-lhe um cego e suplicaram-lhe que o tocasse.
23
Jesus tomou o cego pela mão e levou-o para fora da aldeia. Pôs-lhe saliva nos olhos e, impondo-lhe as mãos, perguntou-lhe: Vês alguma coisa?
24
O cego levantou os olhos e respondeu: Vejo os homens como árvores que andam.
25
Em seguida, Jesus lhe impôs as mãos nos olhos e ele começou a ver e ficou curado, de modo que via distintamente de longe.
26
E mandou-o para casa, dizendo-lhe: Não entres nem mesmo na aldeia.

Pedro proclama sua fé em Jesus

27 Jesus saiu com os seus discípulos para as aldeias de Cesaréia de Filipe, e pelo caminho perguntou-lhes: Quem dizem os homens que eu sou?
28
Responderam-lhe os discípulos: João Batista; outros, Elias; outros, um dos profetas.
29
Então perguntou-lhes Jesus: E vós, quem dizeis que eu sou? Respondeu Pedro: Tu és o Cristo.
30
E ordenou-lhes severamente que a ninguém dissessem nada a respeito dele.
31
E começou a ensinar-lhes que era necessário que o Filho do homem padecesse muito, fosse rejeitado pelos anciãos, pelos sumos sacerdotes e pelos escribas, e fosse morto, mas ressuscitasse depois de três dias.
32
E falava-lhes abertamente dessas coisas. Pedro, tomando-o à parte, começou a repreendê-lo.
33
Mas, voltando-se ele, olhou para os seus discípulos e repreendeu a Pedro: Afasta-te de mim, Satanás, porque teus sentimentos não são os de Deus, mas os dos homens.

Renúncia

34 Em seguida, convocando a multidão juntamente com os seus discípulos, disse-lhes: Se alguém me quer seguir, renuncie-se a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me.
35
Porque o que quiser salvar a sua vida, perdê-la-á; mas o que perder a sua vida por amor de mim e do Evangelho, salvá-la-á.
36
Pois que aproveitará ao homem ganhar o mundo inteiro, se vier a perder a sua vida?
37
Ou que dará o homem em troca da sua vida?
38
Porque, se nesta geração adúltera e pecadora alguém se envergonhar de mim e das minhas palavras, também o Filho do homem se envergonhará dele, quando vier na glória de seu Pai com os seus santos anjos.

Transfiguração

9
Marco (SAV) 1