Numeri (SAV) 8

Consagração e serviço dos levitas

8 1 O Senhor disse a Moisés: “Dize a Aarão o seguinte:
2
quando colocares as lâmpadas dispô-las-ás sobre o candelabro de modo que as sete lâmpadas projetem sua luz para a frente do mesmo candelabro.”
3
Aarão assim fez, e colocou as lâmpadas na parte dianteira do candelabro, como o Senhor tinha ordenado a Moisés.
4
O candelabro era feito de ouro batido: seu pé, suas flores, tudo era de ouro batido; e foi feito segundo o modelo que o Senhor tinha mostrado a Moisés.
5
O Senhor disse a Moisés o seguinte:
6
“Toma os levitas do meio dos israelitas e purifica-os.
7
Eis como farás para purificá-los: asperge-os com a água da expiação e eles passem uma navalha sobre todo o corpo, lavem as suas vestes e purifiquem-se a si mesmos.
8
Tomem então um touro com a sua oblação de flor de farinha amassada com óleo; e tomarás tu um segundo touro em sacrifício pelo pecado.
9
Farás aproximarem-se os levitas diante da tenda de reunião, e convocarás toda a assembléia dos israelitas.
10
Mandarás os levitas que se aproximem diante do Senhor, e os israelitas porão suas mãos sobre eles.
11
Aarão oferecerá os levitas ao Senhor, como oferta agitada, em nome dos israelitas, a fim de que eles sejam destinados ao serviço do Senhor.
12
Os levitas porão suas mãos sobre as cabeças dos touros, dos quais oferecerá um em sacrifício pelo pecado, e o outro em holocausto ao Senhor para fazer a expiação em favor dos levitas.
13
Mandarás que os levitas se conservem de pé diante de Aarão e seus filhos, e os apresentarás em oferta agitada ao Senhor.
14
Separarás desse modo os levitas do meio dos israelitas, e eles serão meus.
15
Depois disso, virão para a tenda de reunião para me servirem. Assim os purificarás e os apresentarás em oferta agitada.
16
Porque eles me são inteiramente reservados entre os israelitas; eu os tomei para mim em lugar de todo primogênito, daqueles que nascem primeiro entre os filhos de Israel.
17
Porque todo primogênito entre os israelitas, homem ou animal, é meu, eu os consagrei a mim no dia em que feri os primogênitos no Egito.
18
Eu tomei os levitas em lugar de todos os primogênitos dos israelitas,
19
e, tirados do meio do povo, dei-os inteiramente a Aarão e seus filhos para fazerem o serviço dos israelitas na tenda de reunião, e para fazerem a expiação em favor dos israelitas, de sorte que estes últimos não sejam feridos por nenhuma praga quando se aproximarem do santuário.”
20
Moisés, Aarão e toda a assembléia dos israelitas fizeram, pois, acerca dos levitas, tudo o que o Senhor tinha ordenado a Moisés a seu respeito. Assim fizeram os filhos de Israel:
21
purificaram-se e lavaram suas vestes. Aarão apresentou-os em oferta agitada diante do Senhor, e fez a expiação por eles a fim de purificá-los.
22
E vieram em seguida os levitas para a tenda de reunião para fazer o seu serviço, em presença de Aarão e seus filhos. Como o Senhor tinha ordenado a Moisés acerca dos levitas, assim se fez.
23
O Senhor disse a Moisés o seguinte:
24
“Esta é a lei relativa aos levitas: desde os vinte e cinco anos para cima, o levita será admitido ao serviço na tenda de reunião.
25
A partir dos cinqüenta anos, renunciará às suas funções e cessará de servir.
26
Ajudará seus irmãos na tenda de reunião, zelando pelo que lhe foi confiado; mas não exercerá mais as suas funções. Desse modo disporás os levitas nos seus encargos.

A Páscoa no Sinai

9 1 No primeiro mês, do segundo ano após a saída do Egito, o Senhor falou a Moisés no deserto do Sinai.
2
Disse-lhe: “Celebrem os israelitas a Páscoa no tempo fixado.
3
Vós a celebrareis no décimo quarto dia deste mês, conforme foi marcado, entre as duas tardes, e fareis essa festa segundo todas as leis e prescrições que lhes são próprias.”
4
Moisés mandou que os israelitas celebrassem a Páscoa.
5
Celebraram-na no décimo quarto dia do primeiro mês, entre as duas tardes, no deserto do Sinai. Os israelitas fizeram tudo o que o Senhor tinha ordenado a Moisés.
6
Ora, alguns homens, não podendo fazer a Páscoa naquele dia, pois se tinham manchado tocando num cadáver, apresentaram-se a Moisés e Aarão naquele dia,
7
e disseram-lhe: “Estamos impuros, porque tocamos num cadáver; vamos por isso ser privados de apresentar com os outros israelitas a oferta do Senhor no dia fixado?
8
“Esperai, respondeu Moisés, vou consultar o Senhor, para saber o que ordena a vosso respeito”.
9
Então o Senhor disse a Moisés:
10
“Dize aos israelitas o seguinte: se um de vós ou de vossos descendentes estiver impuro por haver tocado num morto, ou se achar em viagem longe de vós, não deixará de celebrar a Páscoa em honra do Senhor.
11
Eles a celebrarão aos catorze dias do segundo mês, entre as duas tardes; e comê-la-ão com pães sem fermento e ervas amargas.
12
Nada deixarão dela para o dia seguinte, não quebrarão nenhum dos seus ossos, e farão essa festa segundo todas as prescrições relativas à Páscoa.
13
Mas se alguém, estando puro, não se encontrar em viagem, e todavia não fizer a Páscoa, será cortado do seu povo, porque não apresentou a oferta do Senhor no tempo estabelecido; este levará a pena do seu pecado.
14
Se o estrangeiro que mora no meio de vós fizer a Páscoa do Senhor, terá de se conformar às leis e às prescrições relativas à Páscoa. Haverá uma só lei, que será a mesma para vós, para o estrangeiro e para o natural.”

A nuvem

15 No dia em que o tabernáculo foi levantado, a nuvem o cobriu. E sobre o tabernáculo, isto é, na tenda do testemunho, desde a tarde até pela manhã, apareceu como uma espécie de fogo.
16
Assim acontecia continuamente: a nuvem cobria o tabernáculo e à noite assemelhava-se ao fogo.
17
Quando se levantava a nuvem sobre a tenda, os israelitas punham-se em marcha; no lugar onde a nuvem parava, aí acampavam.
18
À ordem do Senhor levantavam o acampamento, e à sua ordem o assentavam de novo; e ficavam no acampamento enquanto a nuvem permanecesse sobre o tabernáculo.
19
Mesmo quando ela se detinha muito tempo sobre ele, os israelitas não partiam, e aguardavam a ordem do Senhor.
20
E se acontecia de a nuvem ficar poucos dias sobre o tabernáculo, então, à ordem do Senhor, permaneciam acampados e, à ordem do Senhor, se punham em marcha.
21
Se a nuvem se detinha desde a tarde até pela manhã, e chegada manhã se levantava, eles partiam; se depois de um dia e uma noite a nuvem se levantava, desmanchavam o acampamento.
22
Mas se a nuvem se detinha sobre o tabernáculo vários dias, um mês ou mesmo um ano, os israelitas permaneciam acampados e não partiam; só partiam quando se levantava a nuvem.
23
Levantavam e desmanchavam o acampamento segundo a ordem do Senhor. E observavam o mandamento do Senhor, como este lhes tinha ordenado por Moisés.

As trombetas de prata

10 1 O Senhor disse a Moisés o seguinte:
2
“Faze para ti duas trombetas de prata: faze-as de prata batida. Elas te servirão para convocar a assembléia e para dar o sinal de levantar o acampamento.
3
Quando elas soarem, toda a assembléia se reunirá junto de ti, à entrada da tenda de reunião.
4
Se se tocar uma só, virão e se juntarão a ti os príncipes, os chefes de milhares em Israel.
5
Quando tocardes com força, pôr-se-ão em marcha aqueles que estão acampados ao oriente.
6
E quando tocardes com força uma segunda vez, partirão aqueles que estão acampados ao meio-dia; o sinal para a sua partida será um toque estrepitoso.
7
Para convocar a assembléia tocareis também, mas não com estrépito.
8
São os filhos de Aarão, os sacerdotes, que tocarão as trombetas. É uma lei perpétua para vós e vossos descendentes.
9
“Quando na vossa terra sairdes à guerra contra inimigos que vos atacarem, tocareis com força as trombetas, e o Senhor vosso Deus se lembrará de vós, e sereis livres de vossos inimigos.
10
Nos vossos dias de alegria, vossas festas e vossas luas novas, tocareis as trombetas, oferecendo os holocaustos e os sacrifícios pacíficos, e elas vos lembrarão à memória de vosso Deus. Eu sou o Senhor vosso Deus.”

II - ETAPAS NO DESERTO (10,11-21)

Partida para o deserto

11 No vigésimo dia do segundo mês do segundo ano, levantou-se a nuvem do tabernáculo do testemunho.
12
Os israelitas puseram-se em marcha e partiram do deserto do Sinai; e a nuvem parou no deserto de Farã.


13 Partiram, pois, pela primeira vez, conforme a ordem do Senhor transmitida por Moisés.


14 A bandeira do acampamento dos filhos de Judá partiu em primeiro lugar, seguida de suas tropas; e a tropa de Judá era comandada por Naasson, filho de Aminadab.
15
A tropa da tribo dos filhos de Issacar era comandada por Natanael, filho de Suar;
16
e a tropa da tribo dos filhos de Zabulon era comandada por Eliab, filho de Helon.
17
O tabernáculo foi desmontado, e os filhos de Gérson e de Merari partiram, levando-o.


18 Depois partiu a bandeira do acampamento de Rubem, seguida de suas tropas, e seu comandante era Elisur, filho de Sedeur.
19
A tropa da tribo dos filhos de Simeão era comandada por Salamiel, filho de Surisadai;
20
e a tropa da tribo dos filhos de Gad era comandada por Eliasaf, filho de Duel.
21
Os caatitas partiram em seguida, levando os objetos sagrados. E, antes que chegassem, era montado o tabernáculo.
22
A bandeira do acampamento dos filhos de Efraim partiu, seguida de suas tropas; e a tropa de Efraim era comandada por Elisama, filho de Amiud.
23
A tropa da tribo dos filhos de Manassés era comandada por Gamaliel, filho de Fadassur;


24 e a tropa da tribo de Benjamim era comandada por Abidão, filho de Gedeão.
25
A bandeira do acampamento dos filhos de Dã, que formavam a retaguarda de todos os acampamentos, partiu, seguida de suas tropas. A tropa de Dã era comandada por Aieser, filho de Amisadai.


26 A tropa da tribo dos filhos de Aser era comandada por Fegiel, filho Ocrã;
27
e a tropa dos filhos de Neftali era comandada por Aira, filho de Enã.
28
Esta foi a ordem de marcha dos israelitas, divididos em tropas, quando levantaram acampamento.
29
Moisés disse a Hobab, filho de Raguel, o madianita, seu sogro: “Nós partimos para o lugar que o Senhor nos prometeu dar. Vem conosco, e far-te-emos bem, porque o Senhor prometeu fazer bem a Israel.”
30
Hobab, porém, respondeu-lhe: “Não irei contigo, mas voltarei para a minha terra e para junto de minha família”.
31
Moisés replicou: “Rogo-te que não te separes de nós. Conheces os lugares onde podemos acampar no deserto, e nos servirás de guia.
32
Se vieres conosco, dividiremos contigo os bens que o Senhor nos der.”
33
Partiram da montanha do Senhor e caminharam três dias. Durante esses três dias de marcha, a arca da aliança do Senhor os precedia, para lhes escolher um lugar de repouso.
34
A nuvem do Senhor estava sobre eles de dia, quando partiam do acampamento.
35
Quando a arca se levantava, Moisés dizia: “Levantai-vos, Senhor, e sejam dispersos os vossos inimigos! Fujam de vossa face os que vos aborrecem!”
36
Quando, porém, se detinha, dizia: “Voltai, Senhor, para as miríades de milhares de Israel!

Murmurações do povo

11 1 O povo pôs-se a murmurar amargamente aos ouvidos do Senhor. O Senhor, ouvindo isso, irou-se: o fogo do Senhor acendeu-se entre eles e devorou a extremidade do acampamento.
2
O povo clamou a Moisés; Moisés orou ao Senhor e o fogo extinguiu-se.
3
Deu-se àquele lugar o nome de Tabeera, porque o fogo do Senhor se tinha acendido no meio deles.


4 A população que estava no meio de Israel foi atacada por um desejo desordenado; e mesmo os israelitas recomeçaram a gemer: “Quem nos dará carne para comer?, diziam eles.
5
Lembramo-nos dos peixes que comíamos de graça no Egito, os pepinos, os melões, os alhos bravos, as cebolas e os alhos.
6
Agora nossa alma está seca. Não há mais nada, e só vemos maná diante de nossos olhos.”
7
O maná assemelhava-se ao grão de coentro e parecia-se com o bdélio.
8
O povo dispersava-se para colhê-lo; moía-o com a mó ou esmagava-o num pilão, cozia-o numa panela e fazia bolos com ele, os quais tinham o sabor de um bolo amassado com óleo.
9
Enquanto de noite caía o orvalho no campo, caía também com ele o maná.
10
Ouviu Moisés o povo que chorava, agrupado por famílias, cada uma à entrada de sua tenda. A cólera do Senhor acendeu-se com violência. Moisés entristeceu-se.
11
E disse ao Senhor: “Por que afligis vosso servo? Por que não acho eu favor a vossos olhos, vós que me impusestes a carga de todo esse povo?
12
Porventura fui eu que concebi esse povo? Ou acaso fui eu que o dei à luz, para me dizerdes: leva-o em teu seio como a ama costuma levar o bebê, para a terra que, com juramento, prometi aos seus pais?
13
Onde encontrarei carne para dar a todo esse povo que vem chorar perto de mim, dizendo: dá-nos carne para comer?
14
Eu sozinho não posso suportar todo esse povo; ele é pesado demais para mim.
15
Em lugar de tratar-me assim, rogo-vos que antes me façais morrer, se achei agrado a vossos olhos, a fim de que eu não veja a minha infelicidade!


16 O Senhor respondeu a Moisés: “Junta-me setenta homens entre os anciãos de Israel, que sabes serem os anciãos do povo e tenham autoridade sobre ele. Conduze-os à tenda de reunião, onde estarão contigo.
17
Então descerei e ali falarei contigo. Tomarei do espírito que está em ti e o derramarei sobre eles, para que possam levar contigo a carga do povo e não estejas mais sozinho.
18
Dirás ao povo: santificai-vos para amanhã, e tereis carne para comer, pois chorasses aos ouvidos do Eterno, dizendo: Quem nos dará carne para comer? Estávamos tão bem no Egito!... O Senhor vos dará carne, e comereis.
19
E comereis não só um dia, nem dois, nem cinco, nem dez, nem vinte,
20
mas durante um mês inteiro, até que ela vos saia pelas narinas e vos cause nojo: porque rejeitasses o Senhor que está no meio de vós e dissestes-lhe chorando: por que saímos nós do Egito?”
21
Moisés disse: “Este povo, no meio do qual estou, conta seiscentos mil homens de pé, e dizeis que lhes dareis carne para que comam um mês inteiro!
22
Porventura matar-se-á tanta quantidade de ovelhas e bois até que tenham bastante? Ou juntar-se-ão todos os peixes do mar para fartá-los?”
23
O Senhor respondeu a Moisés: “Acaso será impotente a mão do Senhor? Verás sem demora se se fará ou não o que eu te disse.”
24
Moisés saiu e referiu ao povo as palavras do Senhor. Reuniu setenta homens dos anciãos do povo e os colocou em volta da tenda.


25 O Senhor desceu na nuvem e falou a Moisés; tomou uma parte do espírito que o animava e a pôs sobre os setenta anciãos. Apenas repousara o espírito sobre eles, começaram a profetizar; mas não continuaram.
26
Dois homens tinham ficado no acampamento: um chamava-se Eldad e o outro, Medad, e o espírito repousou também sobre eles, pois tinham sido alistados, mas não tinham ido à tenda; e profetizaram no acampamento.
27
Um jovem correu a dar notícias a Moisés: “Eldad e Medad, disse ele, profetizam no acampamento.”
28
Então Josué, filho de Nun, servo de Moisés desde a sua juventude, tomou a palavra: “Moisés, disse ele, meu senhor, impede-os.”
29
Moisés, porém, respondeu: “Por que és tão zeloso por mim? Prouvera a Deus que todo o povo do Senhor profetizasse, e que o Senhor lhe desse o seu espírito!”


30 E Moisés retirou-se do acampamento com os anciãos de Israel.

As codornizes

31 Um vento mandado pelo Senhor, vindo das bandas do mar, trouxe consigo codornizes, e derramou-as sobre o acampamento, numa extensão de cerca de um dia de caminho para ambos os lados em volta do acampamento; e cobriam o solo, cerca de dois côvados de alto sobre a superfície da terra.
32
Levantou-se então o povo, e ajuntou durante todo aquele dia, toda a noite e todo o dia seguinte tantas codornizes, que aquele que menos ajuntou conseguiu encher dez homeres. E estenderam-nas, para si mesmos, em toda a volta do acampamento.
33
Ainda a carne estava nos seus dentes, e ainda não estava mastigada, quando a cólera do Senhor se inflamou contra o povo e o Senhor feriu o povo com um grande flagelo.
34
Chamou-se àquele lugar Quibrot-Hataava, porque ali sepultou-se o povo que se deixara dominar pelo desordenado.
35
De Quibrot-Hataava, partiu o povo para Haserot, onde se deteve.

Murmurações e castigo de Maria

12 1 Maria e Aarão criticara Moisés por causa da mulher etíope que ele desposara. (Moisés tinha, com efeito, tomado uma mulher etíope.)
2
“Porventura é só por Moisés, diziam eles, que o Senhor fala? Não fala ele também por nós?” E o Senhor ouviu isso.
3
Ora, Moisés era um homem muito paciente, o mais paciente da terra.
4
Logo falou o Senhor a Moisés, a Aarão e a Maria: “Ide todos os três à tenda de reunião.” E eles foram.
5
O Senhor desceu na coluna de nuvem e parou à entrada da tenda. Chamou Aarão e Maria, e eles aproximaram-se.
6
“Ouvi bem, disse ele, o que vou dizer: Se há entre vós um profeta, eu lhe aparecerei em visão; eu, o Senhor, é em sonho que lhe falarei.
7
Mas não é assim a respeito de meu servo Moisés, que é fiel em toda a minha casa.
8
A ele eu lhe falo face a face, manifesto-me a ele sem enigmas, e ele contempla o rosto do Senhor. Por que vos atrevestes, pois, a falar contra o meu servo Moisés?”
9
A cólera do Senhor se acendeu contra eles.
10
O Senhor partiu, e a nuvem retirou-se de sobre a tenda. No mesmo instante, Maria foi ferida por uma lepra branca como a neve. Aarão, olhando para ela, viu-a coberta de lepra.
11
Aarão disse então a Moisés: “Rogo-te, meu senhor, não nos faças levar o peso desse pecado que cometemos num momento de loucura, e do qual somos culpados.
12
Que ela não fique como um aborto que sai do ventre de sua mãe, com a carne já meio consumida!”
13
Moisés orou ao Senhor: “Ó Deus, disse ele, rogo-vos que a cureis.”


14 O Senhor disse a Moisés: “Se seu pai lhe tivesse cuspido no rosto, não estaria ela coberta de vergonha durante sete dias? Que ela seja excluída do acampamento durante sete dias; depois será novamente reintegrada.”
15
Maria foi, pois, excluída do acampamento durante sete dias e o povo não se moveu daquele lugar, enquanto ela não foi novamente reintegrada.
16
Depois disso, o povo partiu de Haserot, e acampou no deserto de Farã.

Os exploradores de Canaã

13 1 O Senhor disse a Moisés:
2
“Envia homens para explorar a terra de Canaã, que eu hei de dar aos filhos de Israel. Enviarás um homem de cada tribo patriarcal, tomados todos entre os príncipes.”


3 Enviou-os Moisés do deserto de Farã segundo as ordens do Senhor; todos esses homens eram príncipes em Israel.
4
Eis os seus nomes: da tribo de Rubem, Samua, filho de Zecur;
5
da tribo de Simeão, Safat, filho de Huri;
6
da tribo de Judá, Caleb, filho de Jefoné;
7
da tribo de Issacar, Igal, filho de José;
8
da tribo de Efraim, Oséias, filho de Nun;
9
da tribo de Benjamim, Falti, filho de Rafu;
10
da tribo de Zabulon, Gediel, filho de Sodi;
11
da tribo de José, na tribo de Manassés, Gadi, filho de Susi;
12
da tribo de Dã, Amiel, filho de Gemali;
13
da tribo de Aser, Stur, filho de Miguel;
14
da tribo de Neftali, Naabi, filho de Vapsi;
15
da tribo de Gad, Guel, filho de Maqui.
16
Estes são os nomes dos homens que Moisés enviou como exploradores a Canaã. Moisés deu a Oséias, filho de Nun, o nome de Josué.
17
Enviando-os a explorar a terra de Canaã, Moisés disse-lhes: “Ide pelo Negeb e subi a montanha.
18
Examinai que terra é essa, e o povo que a habita, se é forte ou fraco, pequeno ou numeroso.
19
Vede como é a terra onde habita, se é boa ou má, e como são as suas cidades, se muradas ou sem muros;
20
examinai igualmente se o terreno é fértil ou estéril, e se há árvores ou não. Coragem! E trazei-nos dos frutos da terra.” Era então a época das primeiras uvas.
21
Partiram, pois, e exploraram a terra desde o deserto de Sin até Roob, no caminho de Emat.
22
Subiram ao Negeb e foram a Hebron, onde se encontravam Aquimã, Sisai e Tolmai, filhos de Enac. Hebron fora construída sete anos antes de Tânis, no Egito.
23
Chegaram ao vale de Escol, onde cortaram um ramo de vide com um cacho de uvas, que dois homens levaram numa vara; tomaram também consigo romãs e figos.
24
Chamou-se a esse lugar vale de Escol, por causa do cacho que nele haviam cortado os israelitas.


25 Tendo voltado os exploradores, passados quarenta dias,
26
foram ter com Moisés e Aarão e toda a assembléia dos israelitas em Cades, no deserto de Farã. Diante deles e de toda a multidão relataram a sua expedição e mostraram os frutos da terra.
27
Eis como narraram a Moisés a sua exploração: “Fomos à terra aonde nos enviaste. É verdadeiramente uma terra onde corre leite e mel, como se pode ver por esses frutos.
28
Mas os habitantes dessa terra são robustos, suas cidades grandes e bem muradas; vimos ali até mesmo filhos de Enac.
29
Os amalecitas habitam na terra do Negeb; os hiteus, os jebuseus e os amorreus habitam nas montanhas, e os cananeus habitam junto ao mar e ao longo do Jordão.”
30
Caleb fez calar o povo que começava a murmurar contra Moisés, e disse: “Vamos e apoderemo-nos da terra, porque podemos conquistá-la.”
31
Mas os outros, que tinham ido com ele, diziam: “Não somos capazes de atacar esse povo; é mais forte do que nós.”
32
E diante dos filhos de Israel depreciaram a terra que tinham explorado: “A terra, disseram eles, que exploramos, devora os seus habitantes: os homens que vimos ali são de uma grande estatura;
33
vimos até mesmo gigantes, filhos de Enac, da raça dos gigantes; parecíamos gafanhotos comparados com eles.”

Revolta

14 1 Toda a assembléia pôs-se a gritar e chorou aquela noite.


2 Todos os israelitas murmuraram contra Moisés e Aarão, dizendo: “Oxalá tivéssemos morrido no Egito ou neste deserto!
3
Por que nos conduziu o Senhor a esta terra para morrermos pela espada? Nossas mulheres e nossos filhos serão a presa do inimigo. Não seria melhor que voltássemos para o Egito?”
4
E diziam uns para os outros: “Escolhamos um chefe e voltemos para o Egito.”
5
Moisés e Aarão caíram com o rosto por terra diante de toda a assembléia dos israelitas.
6
Josué, filho de Nun, e Caleb, filho de Jefoné, que tinham explorado a terra,
7
rasgaram as suas vestes e disseram a toda a assembléia dos israelitas: “A terra que percorremos é muito boa.
8
Se o Senhor nos for propício, introduzir-nos-á nela e no-la dará; é uma terra onde corre leite e mel.
9
Somente não vos revolteis contra o Senhor, e não tenhais medo do povo dessa terra: devorá-lo-emos como pão. Não há mais salvação para eles, porque o Senhor está conosco. Não tenhais medo deles.”
10
Toda a assembléia estava a ponto de apedrejá-los, quando a glória do Senhor apareceu sobre a tenda de reunião a todos os israelitas.
11
O Senhor disse a Moisés: “Até quando me desprezará esse povo? Até quando não acreditará em mim, apesar de todos os prodígios que fiz no meio dele?
12
Vou destruí-lo, ferindo-o de peste, mas farei de ti uma nação maior e mais poderosa do que ele.”
13
Moisés disse ao Senhor: “Os egípcios viram que, por vosso poder, tirastes este povo do meio deles e o disseram aos habitantes dessa terra.
14
Todo mundo sabe, ó Senhor, que estais no meio desse povo, e sois visto face a face, ó Senhor, que vossa nuvem está sobre eles e marchais diante deles de dia numa coluna de nuvem, e de noite numa coluna de fogo.
15
Se fizerdes morrer todo esse povo, as nações que ouviram falar de vós dirão:
16
o Senhor foi incapaz de introduzir o povo na terra que lhe havia jurado dar, e exterminou-o no deserto.
17
Agora, pois, rogo-vos que o poder do Senhor se manifeste em toda a sua grandeza, como o dissestes:
18
O Senhor é lento para a cólera e rico em bondade; ele perdoa a iniqüidade e o pecado, mas não tem por inocente o culpado, e castiga a iniqüidade dos pais nos filhos até a terceira e a quarta geração.
19
Perdoai o pecado desse povo segundo a vossa grande misericórdia, como já o tendes feito desde o Egito até aqui.”
20
O Senhor respondeu: “Eu perdôo, conforme o teu pedido.
21
Mas, pela minha vida e pela minha glória que enche toda a terra,
22
nenhum dos homens que viram a minha glória e os prodígios que fiz no Egito e no deserto, que me provocaram já dez vezes e não me ouviram,
23
verá a terra que prometi com juramento aos seus pais. Nenhum daqueles que me desprezaram a verá.
24
Quanto ao meu servo Caleb, porém, que animado de outro espírito me obedeceu fielmente, eu o introduzirei na terra que ele percorreu, e a sua posteridade a possuirá.
25
Visto que os amalecitas e os cananeus habitam no vale, voltai amanhã e parti para o deserto em direção ao mar Vermelho.”

Castigo

26 O Senhor disse a Moisés e a Aarão:
27
“Até quando sofrerei eu essa assembléia revoltada que murmura contra mim? Ouvi as murmurações que os israelitas proferem contra mim.
28
Dir-lhes-ás: juro por mim mesmo, diz o Senhor, tratar-vos-ei como vos ouvi dizer.
29
Vossos cadáveres cairão nesse deserto. Todos vós que fostes recenseados da idade de vinte anos para cima, e que murmurastes contra mim,


30 não entrareis na terra onde jurei estabelecer-vos, exceto Caleb, filho de Jefoné, e Josué, filho de Nun.
31
Todavia, introduzirei nela os vossos filhinhos, dos quais dizíeis que seriam a presa do inimigo, e eles conhecerão a terra que desprezastes.
32
Quanto a vós, os vossos cadáveres ficarão nesse deserto,
33
onde os vossos filhos guardarão os seus rebanhos durante quarenta anos, pagando a pena de vossas infidelidades, até que vossos cadáveres apodreçam no deserto.


34 Explorastes a terra em quarenta dias; tantos anos quantos foram esses dias pagareis a pena de vossas iniqüidades, ou seja, durante quarenta anos, e vereis o que significa ser objeto de minha vingança.
35
Eu, o Senhor, o disse. Eis como hei de tratar essa assembléia rebelde que se revoltou contra mim. Eles serão consumidos e mortos nesse deserto!”


36 Os homens que Moisés tinha enviado a explorar a terra e que, depois de terem voltado, tinham feito murmurar contra ele toda a assembléia,
37
depreciando a terra, morreram feridos por uma praga, diante do Senhor.
38
Somente Josué, filho de Nun, e Caleb, filho de Jefoné, sobreviveram entre todos os que tinham explorado a terra.
39
Moisés referiu tudo isso aos filhos de Israel, e o povo ficou profundamente desolado.
40
Levantaram-se de madrugada e se puseram a caminho para o cimo do monte dizendo: “Estamos prontos a subir para o lugar de que falou o Senhor, porque pecamos.”
41
Moisés disse-lhes: “Por que transgredis a ordem do Senhor? Isto não será bem sucedido.
42
Não subais; sereis derrotada por vossos inimigos, pois o Senhor não está no meio de vós.
43
Os amalecitas e os cananeus estão diante de vós, e sucumbireis sob a sua espada, porque vos desviasses do Senhor. O Senhor não estará convosco.”
44
Eles obstinaram-se em querer subir até o cimo do monte; a arca da aliança do Senhor, porém, e Moisés, não saíram do acampamento.
45
Então os amalecitas e os cananeus, que habitavam nessa montanha, desceram e, tendo-os batido e retalhado, perseguiram-nos até Horma.

Leis acerca das ofertas

15 1 O Senhor disse a Moisés: “Dize aos israelitas o seguinte:
2
quando entrardes na terra de vossa habitação, que eu vos hei de dar,
3
e oferecerdes ao Senhor algum sacrifício pelo fogo, seja holocausto, seja um simples sacrifício, quer em cumprimento de um voto, quer como oferta espontânea, ou por ocasião de uma festa, para apresentar uma oferta de agradável odor ao Senhor, com vossos bois ou vossas ovelhas,
4
aquele que fizer essa oferta apresentará ao Senhor em oblação um décimo de flor de farinha amassada com um quarto de hin de óleo.
5
E, para a libação, acrescentará um quarto de hin de vinho ao holocausto ou ao sacrifício de cada cordeiro.
6
Para um carneiro oferecerás dois décimos de flor de farinha amassada com um terço de hin de óleo,
7
ajuntando uma libação de um terço de hin de vinho, como oferta de agradável odor ao Senhor.
8
Quando ofereceres um touro em holocausto ou em sacrifício, para o cumprimento de um voto ou em sacrifício pacífico ao Senhor,
9
darás com o touro uma oblação de três décimos de flor de farinha amassada com meio hin de óleo,
10
ajuntando uma libação de meio hin de vinho; isto é um sacrifício feito pelo fogo, de agradável odor ao Senhor.
11
O mesmo se fará para cada boi, cada carneiro, cordeiro ou cabrito.
12
Assim fareis para cada um desses sacrifícios, seja qual for o número das vítimas que oferecerdes.
13
Todos os nativos procederão do mesmo modo, quando oferecerem um sacrifício pelo fogo de agradável odor ao Senhor.
14
Se um estrangeiro que habita no meio de vós, ou qualquer outro homem que venha mais tarde a se estabelecer entre vós, oferecer um sacrifício pelo fogo de agradável odor ao Senhor, fará o mesmo que vós.
15
Só haverá uma lei, a mesma para vós, para a assembléia e para o estrangeiro que habita no meio de vós. Esta é uma lei perpétua para vossos descendentes: diante do Senhor será a mesma coisa tanto para vós como para o estrangeiro.
16
Haverá uma só lei e uma só regra para vós e para o estrangeiro que habita no meio de vós.”
17
O Senhor disse a Moisés:
18
“Dize aos israelitas o seguinte:
19
quando chegardes à terra para onde vos levo, e comerdes o pão daquela terra, reservareis uma oferta para o Senhor.
20
Essa oferta será um bolo feito das primícias de vossa farinha: separá-la-eis como se separa a oferta da eira.
21
Como primícias de vossa farinha, vós e vossos descendentes separareis uma oferta para o Senhor”.

As faltas involuntárias

22 “Se pecardes involuntariamente, deixando de observar um desses mandamentos que o Senhor deu a Moisés,
23
tudo o que por ele vos ordenou desde o dia em que o Senhor vos deu os seus mandamentos, e daí por diante em vossas gerações futuras,
24
se alguém pecar involuntariamente, e a assembléia não o tiver notado, toda a assembléia oferecerá em holocausto de agradável odor ao Senhor um novilho, com sua oblação e sua libação, segundo o rito prescrito, bem como um bode em sacrifício pelo pecado.
25
O sacerdote fará a expiação por toda a assembléia dos israelitas, e lhes será perdoado, porque é um pecado involuntário, e apresentaram sua oferta ao Senhor, um sacrifício feito pelo fogo e seu sacrifício pelo pecado para reparar o seu erro.
26
Será perdoado a toda a assembléia dos filhos de Israel, e ao estrangeiro que mora no meio deles, porque é uma culpa que todo o povo cometeu involuntariamente.
27
Se for uma só pessoa que pecou involuntariamente, oferecerá uma cabra de um ano em sacrifício pelo pecado.
28
O sacerdote fará a expiação diante do Senhor por essa pessoa que pecou involuntariamente; feita a expiação, será perdoada.
29
Tereis uma só lei para aquele que pecar involuntariamente, quer sejam israelitas, quer sejam estrangeiros que habitem no meio deles.
30
Aquele, porém, que pecar conscientemente, ultraja o Senhor; ele será cortado do meio de seu povo,
31
porque desprezou a palavra do Senhor e violou o seu preceito; será cortado e levará o peso de sua iniqüidade.”

Violação do sábado

32 Ora, aconteceu que, estando os israelitas no deserto, encontraram um homem ajuntando lenha num dia de sábado.
33
Os que o acharam apanhando lenha, levaram-no a Moisés e a Aarão, diante de toda a assembléia.
34
Eles meteram-no em guarda, pois não estava ainda determinado o que se lhe devia fazer.
35
O Senhor disse a Moisés: “Que esse homem seja punido de morte, e a assembléia o apedreje fora do acampamento.”
36
Levaram-no para fora do acampamento e toda a assembléia o apedrejou, e ele morreu, como o Senhor tinha ordenado a Moisés.

Símbolo das franjas

37 O Senhor disse a Moisés:
38
“Dize aos israelitas que façam para eles e seus descendentes borlas nas extremidades de suas vestes, pondo na borla de cada canto um cordão de púrpura violeta.
39
Fareis essas borlas para que, vendo-as, vos recordeis de todos os mandamentos do Senhor, e os pratiqueis, e não vos deixeis levar pelos apetites de vosso coração e de vossos olhos que vos arrastam à infidelidade.
40
Desse modo, vós vos lembrareis de todos os meus mandamentos, e os praticareis, e sereis consagrados ao vosso Deus.
41
Eu sou o Senhor vosso Deus, que vos tirei do Egito para ser o vosso Deus. Eu sou o Senhor vosso Deus.”

Revolta de Coré, Datã e Abiron

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Numeri (SAV) 8