Lucas - Bíblia Sagrada CNBB (2002)
O primeiro documento conservado que atesta a tradição da autoria lucana é o Fragmento de Muratori da segunda metade do século II, por volta de 180. Uma antiga tradição refere que Lucas, depois da morte de Paulo, pregou a fé na Bitínia e Acáia. O Martiriológico Romano, publicado em 1584, por ordem do Papa Gregório XIII, assinala que, tendo sofrido muito pelo nome de Cristo, morreu cheio do Espírito Santo. Lucas foi o único autor do Novo Testamento que não era filho de Israel, pois nasceu em Antioquia da Síria. Não foi testemunha direto da vida de Cristo e associou-se a Paulo em trechos da segunda e terceira viagens missionárias. Acompanhando Paulo no primeiro e segundo cativeiro romano. Apresenta afinidade de linguagem e doutrina com o epistolário paulino: 103 vocábulos são comuns a Paulo e Lucas, mas somente 29 a Mateus, 20 a Marcos e 17 a João. Lucas é citado em Colossenses 4, 10-14 como médico amado. De fato, deveria ser médico pois faz referências a este conhecimento nos relatos de cura empregando termos apropriados e descrevendo doenças em seu Evangelho. Por exemplo: em 22, 44 o suor sanguíneo de Jesus; em 8, 43 muito abranda o juízo pessimista que Marcos profere contra os médicos; descreve os sintomas dos enfermos com particular atenção em: 8, 27-29 (endemoninhado geraseno), 9, 38ss (endemoninhado epilético), 13, 11-13 (mulher encurvada), 4, 38 (cura da sogra de Simão) e 22, 50s (só ele conta a restituição da orelha de Malco). Jesus é apresentado como médico divino 4, 23; em 5, 17 cura um paralítico, em 6, 18s sai uma força de Jesus que a todos curava; em 9, 1s. poder de cura. O Evangelho de Lucas é a primeira metade de uma obra em duas partes que narra a história das origens do cristianismo desde a infância de Jesus até a chegada de Paulo em Roma, por volta do ano 60 d.C. Só o tamanho do Evangelho e de sua continuação, os Atos dos Apóstolos (maior do que a contribuição de qualquer outro autor neotestamentário) faria do seu autor uma influência proeminente na Teologia e na espiritualidade cristã. Mas ele é também escritor talentoso, que organiza seus dados de maneira criativa, e narra sua história com clareza e colorido artístico. Dante chamou Lucas de "escritor da docilidade de Cristo", por causa da ênfase na misericórdia de Jesus para com os pecadores e renegados. Algumas das mais memoráveis histórias de misericórdia divina encontram-se somente em Lucas (a viúva de Naim, o filho reencontrado, Zaqueu). - Ele segue o método dos historiógrafos do seu tempo, mas a história que ele quer apresentar é uma história sagrada. No seu prólogo demonstra a resolução de investigar tudo com cuidado desde a origem, narrando os fatos em ordem. É por isso que ele insere os fatos que descreve no quadro da história universal e na história de Israel, que ele conhecia através de suas fontes e melhora ainda pela Bíblia lida e citada segundo a versão do LXX. Exemplo: para o nascimento de Jesus: reinado de Herodes, na Judéia, o edito de César Augusto, o recenseamento de Quirino, a pregação de João Batista, a data do reinado de Tibério César, o governo de Poncio Pilatos na Judéia, a tetrarquia de Herodes Antipas, o pontificado de Anãs e Caifás, cf. Lc 1,5; 2,1; 2,2; 3,1-2; - Ele quer mostrar na só a relação temporal mas também que a fé professada por volta do ano 80 não era diferente daquela dos anos 30. - O prólogo de Lucas segue o modelo dos prólogos dos historiadores helenistas e dá a impressão de que Lucas escreve predominantemente como historiador: ele pesquisou e investigou a matéria profundamente e pretendeu divulgar o resultado que chegou de maneira ordenada (1,3). Relaciona os acontecimentos com o cenário contemporâneo por meio de sincronismos. - Entretanto, não devemos julgar a obra de Lucas como julgaríamos de um historiador. Seu Evangelho não é uma história científica, nem uma biografia de Jesus. Interessa-se pelos fatos históricos, mas não tem um apreço pela "história". Promete-se escrever um relato "ordenado", essa ordem é menos cronológica e mais didática, e sobretudo teológica porque se ocupa com os acontecimentos e ensinamentos de Jesus, transmitidos por aqueles que eram não meros testemunhas dos acontecimentos e sim ministros da palavra (1,2). A data da escrita do Evangelho de Lucas varia bastante conforme o livro consultado: desde 62 até 90.

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    1 Prólogo 
    Primórdios

     Anúncio do nascimento de João Batista 
     Anúncio do nascimento de Jesus
     Visita a Isabel. O Magnificat 
     Nascimento de João Batista. Cântico de Zacarias
    2  Nascimento de Jesus. Os pastores 
     Circuncisão e apresentação.  Volta para Nazaré 
     Jesus com doze anos 
    3  João Batista 
     Batismo, investidura e genealogia de Jesus 
    4 A tentação no deserto
    Jesus em Cafarnaum. O possesso na sinagoga
     Cura da sogra de Simão e outras curas 
     Anúncio nas cidades da região 

    Vocação dos primeiros discípulos.

    5 Pesca milagrosa
     O leproso 
     O paralítico 
     Vocação de Levi
     O jejum e o vinho novo 
    6  Arrancando espigas no sábado
     A mão seca curada no sábado 
     Eleição dos Doze 
     Pregação na planície 
     Bem-aventuranças e “ais” 
     O amor aos inimigos 
     O perdão e a generosidade \2 
     Cegos guias de cegos. O cisco e a trave 
     A árvore e os frutos 
     Conclusão. A casa bem construída
    7  O servo do centurião 
     O filho da viúva de Naim 
     A pergunta de João Batista 
     João, Jesus e a presente geração 
     A pecadora 
    8  Mulheres entre os seguidores de Jesus 
     Parábolas. O semeador 
     Explicação da parábola do semeador 
     A lâmpada 
     A verdadeira família de Jesus 
     A tempestade acalmada 
     O possesso de Gerasa 
     A filha de Jairo e a mulher com hemorragias
    9  A missão dos Doze 
     Reação de Herodes
     Milagre dos pães 
     Profissão de fé de Pedro. Primeiro anúncio da Paixão 
     Tomar a cruz e seguir Jesus 
     Transfiguração 
     O menino epilético 
     Segundo anúncio da Paixão 
     Quem é o maior? 
     O exorcista estranho 

    Subida a Jerusalém

     Recusa dos samaritanos 
     Exigências do seguimento 
    10  Episódio dos setenta e dois 
     As cidades sem fé 
     Volta dos setenta e dois 
     O principal mandamento. O bom samaritano
     Marta e Maria 
    11  O Pai-nosso 
     A oração insistente 
     O demônio mudo. Jesus e Beelzebu 
     Bem-aventurança da mãe de Jesus
     O sinal de Jonas 
     A luz do corpo 
     Crítica aos fariseus e os escribas
    12  O fermento dos fariseus 
     Não temer, dar testemunho 
     O rico insensato 
     Os lírios do campo 
     A vigilância 
     O vigilante dono de casa 
     O servo fiel e atento
     Jesus veio trazer fogo sobre a terra 
     Os sinais do tempo 
    13  Os galileus e a torre de Siloé 
     A figueira estéril 
     Cura da mulher encurvada, no sábado 
     O grão de mostarda e o fermento 
     A porta estreita 
     Herodes, a raposa. Lamentação sobre Jerusalém 
    14  Cura do hidrópico, no sábado
     Os lugares no banquete 
     Os convidados do banquete 
     As exigências do seguimento 
     O sal
    15  A ovelha perdida. A moeda perdida
     O filho perdido e reencontrado 
    16  O administrador previdente
     Ditos sobre o “Dinheiro”
     Reação dos fariseus
     A Lei e o Reino. O repúdio da mulher 
     O rico e o indigente, Lázaro 
    17  Escândalo, correção, perdão 
     A força da fé
     Somos simples servos
     Os dez leprosos 
     A vinda do Reino não é ostensiva 
     Como nos dias de Noé e de Ló 
    18  A viúva e o juiz 
     O fariseu e o publicano 
     Jesus e as crianças 
     O rico querendo seguir Jesus 
     Terceiro anúncio da Paixão
     O cego de Jericó 
    19  Zaqueu 
     O dinheiro com juros 

    Jerusalém, Jerusalém...

     Entrada em Jerusalém 
     Jesus chora sobre Jerusalém 
     Expulsão do comércio e ensino no templo 
    20  A autoridade de Jesus 
     Os agricultores assassinos 
     O imposto pago a César 
     A ressurreição dos mortos 
     O senhor é filho de Davi
     Advertência contra os escribas 
    21  A oferta da viúva 
     Predição da destruição do templo 
     Tempos de aflição 
     A destruição de Jerusalém 
     A vinda do Filho do Homem 
     A lição da figueira: discernir os sinais 
     Exortação final: vigilância 
     Jesus ensinando em Jerusalém 
    22  Complô para matar Jesus 
     Preparação da ceia pascal 
     Ceia, eucaristia e anúncio da traição 
     Quem é o maior? 
     Predição da negação de Pedro 
     A hora decisiva
     Oração no monte das Oliveiras 
     A traição. Prisão de Jesus 
     A negação de Pedro 
     “Profetiza!” 
     Diante do Sinédrio 
    23  Diante de Pilatos
     Diante de Herodes 
     Condenação do inocente, soltura de Barrabás 
     A crucificação 
     Morte de Jesus 
     A sepultura 
    24  Ressurreição 
     Os discípulos de Emaús 
     Aparição de Jesus aos Onze 
     Elevação de Jesus ao céu  

    Version
    Nova Vulgata - Latino
    Biblia del Pueblo di Dio (BPD) - Espanhol
    Vulgata - Stuttgart 1969 - Latino
    Revised Standard Version (1966) - Inglês
    La Sainte Bible (Crampon 1904) - Bretão
    CEI (1974) - Italiano
    EinheitsÜbersetzung der Heiligen Sc - Alemão
    Maredsous - Bíblia Ave-Maria (1957) - Sanscrit