1Coríntios (CNB) 1




Saudação 

1 1 Paulo, chamado a ser apóstolo do Cristo Jesus, por vontade de Deus, e o irmão Sóstenes, 2 à igreja de Deus que está em Corinto: aos que foram santificados no Cristo Jesus, chamados a serem santos, junto com todos os que, em qualquer lugar, invocam o nome de Nosso Senhor Jesus Cristo, Senhor deles e nosso. 3 Para vós, graça e paz, da parte de Deus, nosso Pai, e do Senhor Jesus Cristo.

 Ação de graças

4 Dou sempre graças a meu Deus a vosso res­peito, por causa da graça que ele vos conce­deu no Cristo Jesus. 5 Nele fostes enriquecidos­ em tudo, em toda palavra e em todo conhecimento, 6 à medida que o testemunho sobre Cristo se confirmou entre vós. 7 Assim, não ten­des falta de nenhum dom, vós que aguar­dais a revelação de nosso Senhor Jesus Cristo. 8 É ele também que vos confirmará em vosso procedimento irrepreensível até o fim, até o dia de nosso Senhor Jesus Cristo. 9 É fiel o Deus que vos chamou à comunhão com seu Filho, Jesus Cristo, nosso Senhor.

 Divisões na comunidade 

10 Irmãos, eu vos exorto, pelo nome de nosso Senhor Jesus Cristo, a que estejais todos de acordo no que falais e não haja divisões entre vós. Pelo contrário, sede bem unidos no sentir e no pensar. 11 Com efeito, pessoas da família de Cloé informaram-me a vosso respeito, meus irmãos, que está havendo contendas entre vós. 12 Digo isto, porque cada um de vós fala assim: “Eu sou de Paulo”, ou: “Eu sou de Apolo”, ou: “Eu sou de Cefas”, ou: “Eu sou de Cristo”!
13
Será que Cristo está dividido? Será Paulo quem foi crucificado por amor a vós? Ou foi no nome de Paulo que fostes batizados? 14 Dou graças a Deus por não ter batizado nenhum de vós, a não ser Crispo e Gaio. 15 Assim, ninguém pode dizer que fostes batizados no meu nome. 16 Ah, sim, batizei a família de Esté­fa­nas. Além destes, não me lembro de ter batiza­do nenhum outro. 17 De fato, Cristo não me enviou para batizar, mas para anunciar o evangelho – sem sabedoria de palavras, para não esvaziar a força da cruz de Cristo.

 A pregação da cruz e a sabedoria 

18 A pregação da cruz é loucura para os que se perdem, mas para os que são salvos, para nós, ela é força de Deus. 19 Pois está escrito:
Destruirei a sabedoria dos sábios
e confundirei a inteligência dos inteligentes”.­
20
Onde está o sábio? Onde o escriba? Onde o disputador deste mundo? Aliás, Deus não converteu em loucura a sabedoria deste mundo? 21 De fato, pela sabedoria de Deus, o mundo não foi capaz de reconhecer a Deus por meio da sabedoria, mas, pela loucura da pregação, Deus quis salvar os que crêem. 22 Pois tanto os judeus pedem sinais, como os gregos buscam sabedoria. 23 Nós, porém, proclamamos Cristo crucificado, escândalo para os judeus e loucura para os pagãos. 24 Mas para os que são chamados, tanto judeus como gregos, Cristo é poder de Deus e sabedoria de Deus. 25 Pois o que é loucura de Deus é mais sábio que os homens e o que é fraqueza de Deus é mais forte que os homens.
26
De fato, irmãos, reparai em vós mesmos, os chamados: não há entre vós muitos sábios de sabedoria humana, nem muitos poderosos, nem muitos de família nobre. 27 Mas o que para o mundo é loucura, Deus o escolheu para envergonhar os sábios, e o que para o mundo é fraqueza, Deus o escolheu para envergonhar o que é forte. 28 Deus escolheu o que no mundo não tem nome nem prestígio, aquilo que é nada, para assim mostrar a nulidade dos que são alguma coisa. 29 Assim, ninguém poderá gloriar-se diante de Deus. 30 É graças a ele que vós estais em Cristo Jesus, o qual se tornou para nós, da parte de Deus, sabedoria, justiça, santificação e libertação, 31 para que, como está escrito,
quem se gloria, glorie-se no Senhor”.

 Pregação de Paulo “com fraqueza” 

2 1 Irmãos, quando fui até vós anunciarvos o mistério de Deus, não recorri à ora­tória ou ao prestígio da sabedoria. 2 Pois, entre vós, não julguei saber coisa alguma, a não ser Jesus Cristo, e este, crucificado. 3 Aliás, estive junto de vós com fraqueza e receio, e com muito tremor. 4 Também a minha palavra­ e a minha pregação não se apoiavam na persuasão da sabedoria, mas eram uma demonstração do poder do Espírito, 5 para que a vossa­ fé se baseasse no poder de Deus e não na sabedoria humana.

 Sabedoria de Deus 

6 Entre os irmãos plenamente instruídos, de certo, falamos de sabedoria, não porém a sabe­doria deste mundo, nem a sabedoria dos poderosos deste mundo, fadados a desaparecerem. 7 Falamos da misteriosa sabedoria de Deus, a sabedoria escondida que, desde a eternidade, Deus destinou para nossa glória. 8 Nenhum dos poderosos deste mundo a conheceu. Pois, se a tivessem conhecido, não teriam­ crucificado o Senhor da glória. 9 Mas, como está escrito, “o que Deus preparou para os?que o amam é algo que os olhos jamais viram, nem os ouvidos ouviram, nem coração algum jamais pressentiu”.

 Mistério revelado pelo Espírito 

10 A nós, Deus revelou esse mistério por meio do Espírito. Pois o Espírito sonda tudo, mesmo as profundezas de Deus. 11 Quem dentre?as pessoas conhece o que é próprio do ser huma­no, a não ser o espírito humano que nele está? Assim também, ninguém conhece o que é de Deus, a não ser o Espírito de Deus. 12 Nós não recebemos o espírito do mundo, mas recebemos o Espírito que vem de Deus, para conhecermos os dons que Deus nos concedeu. 13 Desses dons também falamos, não com pala­vras ensinadas pela sabedoria humana, mas com palavras ensinadas pelo Espírito, aplican­do a realidades espirituais uma linguagem es­piritual. 14 O homem não-espiritual não aceita o que é do Espírito de Deus, pois isso lhe?pa­rece loucura. Ele não é capaz de entendê-lo, porque só pode ser avaliado pelo Espírito. 15 Ao contrário, o homem espiritual julga tudo, mas ele mesmo não é julgado por ninguém. 16 Pois
quem conheceu o pensamento do Senhor,
de maneira a poder lhe dar conselho?
Nós, todavia, temos o pensamento de Cristo.

 A função dos pregadores 

3 1 Irmãos, não vos pude falar como a pessoas espirituais. Tive de vos falar como a pessoas carnais, como a crianças \na vida em Cristo. 2 Eu vos alimentei com leite, não com alimento sólido, de acordo com a vossa capacidade. E nem atualmente sois capazes de tomar alimento sólido, 3 pois sois ainda carnais. As rivalidades e contendas que existem no meio de vós acaso não mostram que sois carnais e que procedeis de modo humano apenas?
4
Quando um declara: “Eu sou de Paulo” e outro: “Eu sou de Apolo”, não estais apenas no nível humano? 5 Pois, que é Apolo? Que é Paulo? Não passam de servos pelos quais chegastes à fé. A cada um o Senhor deu sua tarefa: 6 eu plantei, Apolo regou, mas era Deus que fazia crescer. 7 De modo que nem o que planta nem o que rega são, propriamente, importantes. Importante é aquele que faz crescer: Deus. 8 Aquele que planta e aquele que re­ga são a mesma coisa, mas cada qual receberá o salário correspondente ao seu trabalho.­ 9 Pois nós somos cooperadores de Deus, e vós, lavoura de Deus, construção de Deus.


 Cristo, o único fundamento 

10 Segundo a graça que Deus me deu, eu, como bom arquiteto, coloquei o alicerce, sobre o qual outro se põe a construir. Mas cada qual veja bem como está construindo. 11 De fato, ninguém pode colocar outro alicerce­ diferente do que já está colocado: Jesus Cristo. 12 Se então alguém edificar sobre esse alicerce­ com ouro, prata, pedras preciosas ou com ma­deira, feno, palha, 13 a obra de cada um acabará sendo conhecida: o Dia a manifestará, pois ele se revela pelo fogo, e o fogo mostrará a qua­lidade da obra de cada um. 14 Aquele cuja construção resistir ganhará o prêmio; 15 aquele­ cuja obra for destruída perderá o prêmio – mas ele mesmo será salvo, como que através do­ fogo. 16 Acaso não sabeis que sois templo de Deus e que o Espírito de Deus habita em vós? 17 Se alguém destruir o templo de Deus, Deus o destruirá, pois o templo de Deus é santo, e esse templo sois vós.

 Vós sois de Cristo, e Cristo é de Deus 

18 Ninguém se iluda: se algum de vós se julga­ sábio diante deste mundo, faça-se louco, para tor­nar-se sábio; 19 pois a sabedoria deste mundo­ é loucura diante de Deus. Assim está escrito:
Aquele que apanha os sábios em sua
própria astúcia”,
20
e ainda:
O Senhor conhece os pensamentos dos
sábios: são fúteis”.
21
Portanto, ninguém ponha a sua glória em ser humano algum. Sim, tudo vos pertence: 22 Paulo, Apolo, Cefas, o mundo, a vida, a morte, o presente, o futuro, tudo é vosso, 23 mas vós sois de Cristo e Cristo é de Deus.

 Loucos por causa de Cristo 

4 1 Que as pessoas nos considerem como ministros de Cristo e administradores dos mistérios de Deus. 2 Ora, o que se exige dos administradores é que cada um se mostre fiel. 3 Quanto a mim, pouco me importa ser julgado por vós ou por alguma instância humana. Nem eu me julgo a mim mesmo. 4 É verdade que minha consciência não me acusa de nada. Mas isto não quer dizer que eu deva ser considerado justo. 5 Quem me julga é o Senhor. Portanto, não queirais julgar antes do tempo. Aguardai que o Senhor venha. Ele trará à luz o que estiver escondido nas trevas e manifestará os projetos dos corações. Então, cada um receberá de Deus o devido louvor.
6
Estas coisas, irmãos, expliquei em figuras, a respeito de mim e Apolo, para vosso proveito, para que de nós aprendais \a regra: “Nada além do que está escrito” e não fiqueis cada qual torcendo por um contra o outro. 7 Pois quem é que te faz diferente? Que tens que não tenhas recebido? Mas, se recebeste tudo que tens, por que, então, te glorias, como se não o tivesses recebido?
8
Vós já estais saciados! Já vos enriquecestes! Sem nós, já começastes a reinar! Oxalá estivésseis mesmo reinando, para nós também reinarmos convosco! 9 Na verdade, parece-me que Deus nos apresentou, a nós apóstolos, em último lugar, como pessoas condenadas à morte. Tornamo-nos um espetáculo para o mundo, para os anjos e a humanidade. 10 Nós somos loucos por causa de Cristo, vós, porém,­ sensatos em Cristo; nós somos fracos, vós for­tes; vós sois tratados com honra, nós com des­prezo. 11 Até à presente hora, padecemos fome, sede e nudez; somos esbofeteados e vivemos errantes; 12 esgotamo-nos no trabalho manual; somos injuriados, e abençoamos; somos perseguidos, e suportamos; 13 somos caluniados, e exortamos. Tornamo-nos como que lixo do mundo, a escória universal, até ao presente.

 Pai e modelo a ser imitado 

14 Isto vos escrevo, não com a intenção de vos envergonhar, mas para vos exortar como a filhos queridos. 15 De fato, mesmo que te­nhais milhares de educadores em Cristo, não tendes muitos pais. Pois fui eu que, pelo anúncio do evangelho, vos gerei no Cristo Jesus. 16 Portanto, eu vos peço, sede meus imitadores.­ 17 É justamente por isso que vos enviei Timóteo. Ele, filho meu querido e fiel no Senhor, vos recordará minhas normas de vida em Cris­to, tais quais eu tenho ensinado, por toda parte, em cada igreja.
18
Imaginando que eu não voltaria a vós, al­guns se encheram de presunção. 19 Ora, se Deus quiser, irei em breve estar convosco e, en­tão, tomarei conhecimento, não das palavras­ desses presunçosos, mas do que efetivamente­ fazem. 20 Pois o reino de Deus não consiste?em palavras, mas em força ativa. 21 Que preferis? Que eu vá até vós com vara, ou com amor e espírito de mansidão?

 O caso do incestuoso 

5 1 É voz geral que está acontecendo imoralidade sexual entre vós, imoralidade que não existe nem entre os pagãos: um dentre vós está convivendo com a própria madrasta. 2 No entanto, estais cheios de presunção, em vez de ficardes tristes e tirar do meio de vós aquele que assim procede! 3 Pois bem, embora­ ausente fisicamente, mas presente em espírito,­ já julguei, como se estivesse aí entre vós, aquele que assim procede: 4 em nome do Senhor Jesus, estando vós e eu em espírito unidos com o poder de nosso Senhor Jesus, 5 entregamos esse indivíduo a Satanás, para a des­truição da sua índole carnal, a fim de que seu espírito seja salvo no dia do Senhor.
6
Não se justifica vossa vanglória! Acaso ignorais que um pouco de fermento leveda a massa toda? 7 Jogai fora o velho fermento, para que sejais uma massa nova, já que sois ázimos,­ \sem fermento. De fato, nosso cordei­ro pascal,­ Cristo, foi imolado. 8 Assim, celebremos a festa, não com o velho fermento nem com o fer­mento da maldade ou da iniqüidade, mas com os pães ázimos da sinceri­dade e da verdade.
9
Na carta que vos escrevi, recomendei-vos que não tenhais convivência com pessoas dadas à prostituição. 10 Não me referia aos libertinos deste mundo, nem aos ambiciosos, os ladrões ou os idólatras em geral, pois, neste­ caso, teríeis que sair do mundo! 11 Escrevi-vos que não tenhais convivência, apenas no caso em que se chame de irmão tal libertino, ambi­cioso, idólatra, provocador, beberrão ou ladrão. Com tal pessoa nem se deve tomar refei­ção. 12 Iria eu julgar os de fora? Não se trata, antes, de vós mesmos julgardes os de dentro? 13 Os de fora, é Deus quem julgará. Tirai o mau do meio de vós!

 Recurso a juízes pagãos 

6 1 Quando um de vós tem uma questão contra outro, como se atreve a entrar na justiça perante os injustos, em vez de recorrer aos santos? 2 Será que ignorais que os santos julgarão o mundo? Ora, se o mundo está sujei­to ao vosso julgamento, seríeis acaso incompetentes para julgar questões tão insignificantes? 3 Ignorais que julgaremos os anjos? Quanto mais, as coisas comuns desta vida?
4
No entanto, se tendes dessas questões, estabeleceis como juízes aqueles que a igreja não considera?  5 Digo isso para vos envergonhar! Será que, aí entre vós, não se encontra alguma pessoa experiente que possa ser juiz entre irmãos? 6 Em vez disso, irmão contra irmão vai a juízo, e isso perante infiéis! 7 Aliás, já é uma grande falta haver processos entre vós. Por que não tolerais, antes, a injustiça? Por que não tolerais antes ser prejudicados? 8 Pelo contrário, vós é que cometeis injustiças e fraudes, e isso contra irmãos! 9 Porventura ignorais que os injustos não terão parte no rei­no de Deus? Não vos iludais: os libertinos, idólatras, adúlteros, efeminados, sodomitas, 10 os ladrões, gananciosos, beberrões, maldizentes, estelionatários, ninguém desses terá parte no reino de Deus. 11 E alguns de vós éreis isso! Mas fostes lavados, fostes santificados, fostes justificados pelo nome do Senhor Jesus Cristo e pelo Espírito de nosso Deus.

 Liberdade cristã e libertinagem 

12 “A mim tudo é permitido, mas nem tudo me convém”.  A mim tudo é permitido, mas não me deixarei dominar por coisa alguma. 13 Os alimentos são para o estômago, e o estômago para os alimentos. Mas Deus destruirá um e outros. O corpo, porém, não é para a pros­tituição, ele é para o Senhor, e o Senhor é para o corpo; 14 e Deus, que ressuscitou o Senhor, nos ressuscitará também a nós, pelo seu poder.
15
Porventura ignorais que vossos corpos são membros de Cristo? Poderia eu fazer dos membros de Cristo membros de uma prostituta?! De modo algum! 16 Não sabeis que aquele que se une a uma prostituta torna-se com ela um só corpo? Pois está dito: “Os dois serão uma só carne”. 17 Mas quem adere ao Senhor torna-se com ele um só espírito. 18 Fugi da de­vassidão. Em geral, todo pecado que uma pes­soa venha a cometer é exterior ao seu corpo. Mas quem pratica imoralidade sexual peca contra seu próprio corpo. 19 Acaso ignorais que vosso corpo é templo do Espírito Santo que mora em vós e que recebestes de Deus? Ignorais que não pertenceis a vós mesmos? 20 De fato, fostes comprados, e por preço muito alto! Então, glorificai a Deus no vosso corpo.

 Casamento e celibato 

7 1 Passo agora a tratar dos assuntos sobre os quais me escrevestes: “É bom para o homem abster-se de mulher”. 2 Entretanto, para não cair em imoralidade sexual, tenha cada qual a sua mulher, e cada mulher, o seu mari­do. 3 Cumpra o marido o seu dever conjugal para com a esposa, e a esposa, do mesmo mo­do, para com o marido. 4 Não é a mulher que dispõe de seu corpo, mas o seu marido. Do mesmo modo, não é o marido que dispõe de seu corpo, mas a sua mulher. 5 Não vos recuseis um ao outro, a não ser de comum acordo e por algum tempo, para vos entregardes à oração. Voltai depois à convivência normal, para que Satanás não vos tente, por vossa falta de domínio próprio. 6 O que acabo de dizer é uma concessão, não uma ordem. 7 Aliás, gostaria que todos fossem como eu. Mas cada um re­cebe de Deus um dom particular, um este, outro aquele.
8
Digo, pois, aos não-casados e às viúvas, que é bom para eles ficarem assim, como eu. 9 Se, porém, não conseguem dominar-se, casem-se, pois é melhor casar do que abrasar-se \em desejo.

 Indissolubilidade do matrimônio

10 Aos casados ordeno, não eu, mas o Senhor: a mulher não se separe do marido 11 (e caso?te­nha havido a separação, que ela fique sem casar ou, então, que faça as pazes com o marido). E o marido não pode despedir sua mulher.

 Casamento com não-crente 

12 Aos demais sou eu que digo, não o Senhor:­ se um irmão tem uma mulher não-cristã, mas que concorda em morar com ele, não a deve despedir; 13 e se uma mulher tem um marido não-cristão, mas que concorda em morar com ela, não o deve despedir. 14 Pois o marido não-cristão fica santificado por sua mulher cristã, e a mulher não-cristã fica santificada por seu marido cristão. Caso contrário, vossos filhos seriam impuros; no entanto, agora, são santos.­ 15 Se, porém, a parte não-cristã quiser se separar, que se separe. Neste caso, o irmão ou a irmã ficam livres do vínculo: foi para viver em paz que Deus vos chamou. 16 Ademais, ó mulher, como podes saber se salvarás o teu marido? Ou tu, marido, como podes saber se salvarás a tua mulher?

 Aproveitar a condição atual 

17 Fora esse caso, continue cada um vivendo na condição que o Senhor lhe atribuiu e na qual Deus o chamou. É esta a orientação que tenho dado em todas as igrejas. 18 Um já era circuncidado quando foi chamado? Que não disfarce a sua circuncisão. Outro era incircun­ciso ao ser chamado? Que não se faça circuncidar. 19 Ser ou não circuncidado não tem importância alguma. O que conta é a observância­ dos mandamentos de Deus. 20 Continue cada um na condição em que se achava quando foi chamado. 21 Eras escravo quando foste chama­do? Não te preocupes com isso. Se também puderes tornar-te livre, vê o que é mais proveitoso. 22 Pois quem era escravo, quando foi chamado no Senhor, é um liberto do Senhor. Do mesmo modo, quem era livre, quando foi chamado, é um escravo de Cristo. 23 Realmente, fostes comprados! Não vos torneis, pois, es­cravos de seres humanos. 24 Irmãos, continue­ cada um diante de Deus na condição em que se achava quando foi chamado.

 Os não-casados e noivos 

25 A respeito das pessoas virgens, não tenho nenhum mandamento do Senhor. Mas, como alguém que, por misericórdia de Deus, merece confiança, dou uma opinião: 26 penso que, em razão das angústias presentes, é vantajoso não se casar, é bom para o homem ficar assim,­ sem se casar. 27 Estás ligado a uma mulher? Não procures desligar-te. Não estás ligado a nenhuma mulher? Não procures ligar-te. 28 Se, porém, casares, não estarás pecando. E, se a virgem se casar, não peca. Mas as pessoas ca­sadas terão as tribulações da vida matrimonial, e eu gostaria de poupar-vos isso. 29 Eu digo, irmãos: o tempo abreviou-se. Então, que, doravante, os que têm mulher vivam como se não tivessem mulher; 30 os que choram, como se não chorassem, e os que estão alegres, co­mo se não estivessem alegres; os que fazem compras, como se não estivessem adquirindo coisa alguma, 31 e os que tiram proveito do mundo, como se não aproveitassem. Pois a figura deste mundo passa. 32 Eu gostaria que estivésseis livres de preocupações. O homem não-casado é solícito pelas coisas do Senhor e procura agradar ao Senhor. 33 O casado preocupa-se com as coisas do mundo e procura agradar à sua mulher. 34 E, assim, está dividido.­ Do mesmo modo, a mulher não-casada, a vir­gem, preocupa-se com as coisas do Senhor e procura ser santa de corpo e espírito. Mas a que é casada preocupa-se com as coisas do mundo e procura agradar ao seu marido. 35 Digo isto para o vosso próprio bem e não para vos armar um laço. O que eu desejo é levar-vos ao que é melhor e à dedicação integral ao Senhor, sem outras preocupações.

 Quando chega a idade de a virgem casar 

36 Se alguém receia faltar ao respeito para com a sua amada, por estar ele transbordando­ de paixão, faça o que se sente na obrigação de fazer e achar melhor; não estará pecando: casem-se. 37 Mas aquele que, de coração firme­ e em toda liberdade, dominando seu desejo, resolver em seu coração deixar intacta a sua ama­da, estará agindo bem. 38 Assim, aquele que se casa com sua amada está agindo bem, e aquele que não casa estará agindo melhor.

 As viúvas têm liberdade para casar, mas... 

39 A mulher está ligada pelo vínculo conjugal­ durante todo o tempo em que seu marido viver; se ele já é falecido, ela está liberada para se casar com quem ela quiser, contanto que seja no Senhor. 40 Na minha opinião, no entan­to, ela será mais feliz continuando viúva; e acho que eu também tenho o Espírito de Deus.

 As carnes sacrificadas aos ídolos 

8 1 A respeito das carnes oferecidas aos ídolos, sabemos que todos nós temos o devido conhecimento. Mas o conhecimento incha; o amor é que constrói. 2 Se alguém pensa que conhece bem alguma coisa, ainda não sabe como se deve conhecer. 3 Mas, se alguém ama a Deus, então é conhecido por ele! 4 Quanto a comer das carnes oferecidas aos ídolos, sabemos que no mundo não existe nenhum ídolo, e que não há outro Deus senão o Único. 5 E mes­mo que houvesse pretensos deuses, quer no céu quer na terra – e, de fato, “existem” muitos deuses e muitos senhores –, 6 para nós, existe um só Deus, o Pai, do qual vêm todos os seres­ e para o qual nós existimos. Para nós também existe um só Senhor, Jesus Cristo, pelo qual tudo existe e nós igualmente existimos por ele.
7
Mas nem todos têm o devido conhecimento. Por exemplo, algumas pessoas, acostumadas com o ídolo até ao presente, comem da car­ne dos sacrifícios como de algo oferecido ao ídolo. E, assim, sua consciência, que é fraca, fica manchada. 8 Uma questão de alimento não nos aproxima de Deus; se não o comermos, não teremos nada de menos e, se o comermos,­ não teremos nada a mais. 9 Mas tomai cuidado­ para que essa vossa liberdade não se torne ocasião de queda para os fracos. 10 Pois, se al­guém que tem a consciência fraca te enxergar,­ a ti que tens conhecimento, comendo num tem­plo de ídolo, será que sua consciência não será induzida a comer carne oferecida aos ído­los? 11 E, então, por causa do teu conhecimento, perece o fraco, o irmão, pelo qual Cristo morreu. 12 Pecando assim contra os irmãos e fe­rindo a consciência deles, que é fraca, é con­tra Cristo que pecais. 13 Por isso, se um alimen­to, a carne por exemplo, é ocasião de queda para meu irmão, nunca mais comerei carne, para não fazer cair meu irmão.

 O exemplo da “liberdade” de Paulo 

9 1 Acaso não sou livre? Não sou apóstolo? Não vi Jesus, nosso Senhor? E não sois vós a minha obra no Senhor? 2 Se para os ou­tros eu não sou apóstolo, para vós certamente sou. Aliás, vós sois, no Senhor, a autenticação­ do meu apostolado.
3
A minha defesa diante dos que me questio­nam é a seguinte: 4 Não temos o direito de co­mer e de beber? 5 Não temos o direito de levar conosco uma irmã em Cristo, como fazem os outros apóstolos e os irmãos do Senhor e Cefas? 6 Ou só eu e Barnabé não temos o di­rei­to de não trabalhar? 7 Quem vai participar de uma campanha militar às próprias custas? Quem planta uma vinha e não come do seu fruto? Ou quem apascenta um rebanho e não bebe do leite do rebanho? 8 Será que eu digo isso só do ponto de vista humano, ou baseado também naquilo que diz a Lei? 9 Com efeito, está escrito na Lei de Moisés: “Não porás mor­daça no boi que está debulhando”. Ora, será que Deus está preocupado com os bois, 10 ou estará falando de nós em geral? De fato, é em referência a nós que isso foi escrito. Quem lavra a terra, lavra sempre na esperança­ da colheita; e quem debulha, debulha também­ na esperança de ter a sua parte. 11 Se semeamos­ em vós os bens espirituais, será demasiado que colhamos dos vossos bens materiais? 12 Se outros gozam desse direito em relação a vós, por que não nós, com maior razão? No entanto, não fizemos uso desse direito e suportamos­ tudo, para não criarmos nenhum obstáculo ao Evangelho de Cristo. 13 Acaso ignorais que os que servem ao culto são alimentados pelo culto? E que os que servem ao altar participam­ do que é oferecido sobre o altar? 14 Assim também o Senhor estabeleceu para os que pregam­ o evangelho, que vivam do evangelho.
15
Eu, porém, não tenho usado de nenhum destes direitos. E não vos escrevo estas coisas­ para os reclamar. Antes morrer do que... – esse meu título de glória ninguém me tirará! 16 Pois, anunciar o evangelho não é para mim motivo de glória. É antes uma necessidade que se me impõe. Ai de mim, se eu não anunciar o evangelho! 17 Se eu o fizesse por iniciativa minha, teria direito a uma recompensa. Mas se o faço por imposição, trata-se de uma incumbência a mim confiada. 18 Então, qual é a minha recompensa? Ela está no fato de eu anunciar o evangelho gratuitamente, sem fazer uso do direito que o evangelho me confere.
19
Assim, livre em relação a todos, eu me tor­nei escravo de todos, a fim de ganhar o maior número possível. 20 Com os judeus, me fiz judeu, para ganhar os judeus. Com os sú­ditos da Lei, me fiz súdito da Lei – embora não fosse mais súdito da Lei –, para ganhar os súditos da Lei. 21 Com os sem-lei, me fiz um sem-lei – eu que não era sem a lei de Deus, já que estava na lei de Cristo –, para ganhar os sem-lei. 22 Com os fracos me fiz fraco, para ganhar os fracos. Para todos eu me fiz tudo, para certamente salvar alguns. 23 Por causa do evangelho eu faço tudo, para dele me tornar participante.

 O exemplo do atleta 

24 Acaso não sabeis que, no estádio, todos correm, mas um só ganha o prêmio? Correi de tal maneira que conquisteis o prêmio. 25 Todo atleta se impõe todo tipo de disciplina. Eles assim procedem, para conseguirem uma coroa corruptível. Quanto a nós, buscamos uma coroa incorruptível! 26 Por isso, eu corro, não como às tontas. Eu luto, não como quem golpeia o ar. 27 Trato duramente o meu corpo e o subjugo, para não acontecer que, depois de ter proclamado a mensagem aos outros, eu mesmo seja reprovado.

 Os abusos: o exemplo de Israel no deserto 

10 1 Irmãos, não quero que ignoreis o seguinte: Os nossos pais estiveram todos debaixo da nuvem e todos passaram pelo mar; 2 na nuvem e no mar, todos foram batizados em Moisés; 3 todos comeram do mesmo alimento espiritual 4 e todos beberam da mesma bebida espiritual; de fato, bebiam de uma rocha espiritual que os acompanhava. Essa rocha era o Cristo. 5 No entanto, a maior parte deles desagradou a Deus e, por isso, caíram mortos no deserto.
6
Esses acontecimentos se tornaram símbolos para nós, a fim de não desejarmos coisas más, como eles desejaram. 7 Não vos torneis idólatras, como alguns deles, segundo está escrito: “O povo sentou-se para comer e beber; depois, levantaram-se para se divertir”; 8 nem nos entreguemos à prostituição como se entregaram alguns deles, vindo a morrer vinte e três mil num só dia; 9 nem ponhamos à prova o Senhor, como fizeram alguns deles, os quais morreram, picados pelas serpentes; 10 nem murmureis, como alguns deles murmuraram e, por isso, foram mortos pelo Exter­minador. 11 Estas coisas lhes aconteciam com sentido figurativo e foram escritas como advertência para nós, aos quais chegou o fim dos tempos. 12 Portanto, quem julga estar de pé tome cuidado para não cair. 13 Não tendes sido provados além do que é humanamente suportável. Deus é fiel e não permitirá que sejais provados acima de vossas forças. Pelo contrá­rio, junto com a provação ele providenciará o bom êxito, para que possais suportá-la.

 Não pactuar com a idolatria 

14 Por isso, meus caríssimos, fugi da idolatria.­ 15 Eu vos falo como a pessoas esclarecidas. Pon­derai vós mesmos o que eu digo: 16 O cálice­ da bênção, que abençoamos, não é comunhão com o sangue de Cristo? E o pão que partimos­ não é comunhão com o corpo de Cristo? 17 Porque há um só pão, nós, embora muitos, somos­ um só corpo, pois todos participamos desse único pão. 18 Considerai Israel segundo a carne: os que comem das oferendas sacrificadas não estão em comunhão com o altar?
19
Que direi então? Que a carne de um sacrifício idolátrico tem algum valor? Ou que o ídolo é alguma coisa? 20 Digo o contrário: é aos demônios e não a Deus que os pagãos ofe­recem sacrifícios. Não quero que entreis em comunhão com os demônios; 21 não podeis beber do cálice do Senhor e do cálice dos de­mônios; não podeis participar da mesa do Se­nhor e da mesa dos demônios. 22 Acaso quereríamos provocar o ciúme do Senhor? Será que somos mais fortes do que ele?

 Buscar em tudo a glória de Deus 

23 “Tudo é permitido”, mas nem tudo convém. “Tudo é permitido”, mas nem tudo edifi­ca. 24 Ninguém busque o seu próprio interesse,­ mas o do outro. 25 Podeis comer de tudo o que se vende no mercado, sem levantar nenhum problema de consciência, 26 pois “ao Senhor per­tence a terra e tudo o que ela contém”. 27 Se um não-cristão vos convida para uma re­feição e quereis ir, comei de tudo o que vos for servido, sem levantar nenhum problema de consciência. 28 Mas, se alguém vos disser: “Isto foi oferecido em sacrifício”, não comais, por causa daquele que vos advertiu e por mo­tivo de consciência 29 – a consciência dele, não vossa. Pois, para que deixar a minha liberdade ser condenada por uma consciência alheia? 30 Se eu participo de uma refeição, dando graças, por que seria eu censurado por aquilo pelo qual dou graças?
31
Em suma: quer comais, quer bebais, quer façais qualquer outra coisa, fazei tudo para a glória de Deus. 32 Não sejais motivo de tropeço­ para ninguém – judeus, gregos ou a igreja de Deus –, 33 como também eu me esforço por agradar em tudo a todos, buscando não o que é vantajoso para mim, mas o que é vantajoso para o maior número de pessoas, a fim de que sejam salvas.

11 1 Sede meus imitadores, como eu o sou de Cristo.

 O véu das mulheres 

2 Eu vos louvo por vos lembrardes de mim, em tudo, e por conservardes as tradições tais quais vo-las transmiti. 3 Quero que saibais o seguinte: a cabeça de todo homem é Cristo, mas a cabeça da mulher é o homem e a cabeça­ de Cristo é Deus. 4 Todo homem que ora ou profetiza com a cabeça coberta desonra aquele que é sua cabeça. 5 Por outro lado, toda mulher­ que ora ou profetiza com a cabeça descoberta,­ desonra aquele que é sua cabeça; pois é como se estivesse com a cabeça raspada. 6 Portanto, se a mulher não se cobre com o véu, que ela corte todo o cabelo. Se, porém, é vergonhoso para a mulher cortar todo o cabelo ou raspar a cabeça, então use o véu.
7
O homem não deve cobrir a cabeça, já que ele é imagem e reflexo de Deus, ao passo que a mulher é reflexo do homem. 8 Pois a mulher é que foi tirada do homem e não o homem tirado da mulher. 9 Mais: a mulher foi criada por causa do homem e não o homem por causa da mulher. 10 Por isso, a mulher deve trazer sobre a cabeça um sinal de autoridade, em aten­ção aos anjos. 11 No entanto, diante do Senhor, como a mulher depende do homem, assim também o homem depende da mulher. 12 Pois como a mulher foi tirada do homem, assim também o homem nasce da mulher, e tudo, afinal, vem de Deus. 13 Julgai por vós mes­mos: será conveniente que a mulher ore a Deus com a cabeça descoberta? 14 A própria natureza não vos ensina que, para o homem, é vergonhoso deixar o cabelo crescer, 15 ao passo que, para a mulher, é honroso ter cabelos­ compridos, porquanto os cabelos lhe foram dados como ornato? 16 Se, porém, alguém pretende questionar, saiba que nem nós nem as igrejas de Deus temos tal costume.

 A “refeição do Senhor” 

17 Já que estou dando recomendações, não vos posso louvar por vossas reuniões, pois elas têm sido, não para o vosso maior bem, mas antes para o vosso dano. 18 Primeiro, ouço dizer que, quando vos reunis como igreja, têm surgido dissensões entre vós. E, em parte, acredito. 19 É necessário que haja até divisões entre vós, para que se tornem conhecidos os que, dentre vós, são comprovados! 20 De fato, quando vos reunis, não é para comer a ceia do Se­nhor, 21 pois cada um se apressa a comer a sua própria ceia e, enquanto um passa fome, outro­ se embriaga. 22 Não tendes casas para comer e beber? Ou desprezais a igreja de Deus e que­reis envergonhar aqueles que nada têm? Que vos direi? Acaso vos louvarei? Não, neste pon­to não posso louvar-vos.
23
De fato, eu recebi do Senhor o que também­ vos transmiti: Na noite em que ia ser entregue,­ o Senhor Jesus tomou o pão 24 e, depois de dar graças, partiu-o e disse: “Isto é o meu corpo \entregue por vós. Fazei isto em memória de mim”. 25 Do mesmo modo, depois da ceia, tomou­ também o cálice e disse: “Este cálice é a nova aliança no meu sangue. Todas as vezes que dele beberdes, fazei-o em minha memória”. 26 De fato, todas as vezes que comerdes deste pão e beberdes deste cálice, estareis proclamando a morte do Senhor, até que ele venha. 27 Portanto, todo aquele que comer do pão ou beber do cálice do Senhor indignamente, será culpado contra o corpo e o sangue do Senhor. 28 Examine-se cada um a si mesmo e, assim, coma do pão e beba do cálice; 29 pois, quem come e bebe sem distinguir devidamente o corpo, come e bebe sua própria condenação. 30 É por isso que há entre vós muitos enfermos­ e doentes, e não poucos têm morrido. 31 Se nos examinássemos, não seríamos punidos. 32 Mas, punindo-nos, o Senhor nos educa, para não sermos condenados com o mundo.
33
Portanto, meus irmãos, quando vos reu­nirdes para a ceia, esperai uns pelos outros. 34 Se alguém estiver com fome, coma em casa, para que vossas reuniões não sejam para vossa­ condenação. Quanto ao resto, providenciarei quando chegar aí entre vós.


1Coríntios (CNB) 1