1Samuel (CNB) 1




Samuel, profeta e juiz

 A peregrinação de Elcana a Silo

1 1 Havia um homem, sufita de Ramataim, na montanha de Efraim. Chamava-se Elcana e era filho de Jeroam, filho de Eliú, filho de Tou, filho de Suf, o efraimita. 2 El­ca­na tinha duas mulheres; uma chamava-se Ana e a outra, Fenena. Fenena tinha filhos;?Ana, porém, não tinha filhos.
3
Todos os anos, Elcana subia da sua cidade para adorar e oferecer sacrifícios ao Senhor dos exércitos, em Silo. Lá eram sacerdotes do Senhor os dois filhos de Eli, Hofni e Finéias.
4
No dia de oferecer o sacrifício, Elcana dava à sua mulher Fenena e a todos os seus filhos e filhas as porções costumeiras. 5 A Ana, porém, dava uma porção escolhida, pois era a Ana que amava, mas o Senhor a tinha deixado estéril. 6 Além disso, sua rival­ a magoava e atormentava, deixando-a perturbada porque o Senhor a tornara estéril. 7 Elcana fazia assim todos os anos, e sempre­ que subiam à casa do Senhor, Fenena provocava Ana desse jeito; e Ana chorava e não comia.
8
Então, Elcana, seu marido, lhe disse: “Ana, por que estás chorando e não te alimentas? E por que se aflige o teu coração? Acaso não sou eu melhor para ti do que dez filhos?”
9
Depois que em Silo comeram e beberam, Ana levantou-se. O sacerdote Eli estava sentado em sua cadeira, à entrada do santuário do Senhor. 10 Ana, cheia de amargura, em profusão de lágrimas, orou ao Senhor. 11 Fez a seguinte promessa: “Senhor dos exércitos, se olhares para a aflição de tua serva e de mim te lembrares, se não te esqueceres da tua escrava e lhe deres um filho homem, eu o oferecerei a ti por toda a vida, e não passará navalha sobre a sua cabeça”.
12
Como ela se demorasse nas preces diante do Senhor, Eli observava o movimento de seus lábios. 13 Ana apenas murmurava: seus lábios se moviam, mas não se ouvia sua voz. Eli julgou que ela estives­se embriagada. 14 Por isso lhe disse: “Até quando estarás bêbada? Cura essa be­be­dei­ra!” 15 Ana, porém, respondeu: “Não é isso, meu senhor! Sou apenas uma mulher muito infeliz; não bebi vinho nem bebida forte, mas derramei a minha alma na presença do Senhor. 16 Não consideres tua serva uma mulher perdida, pois foi por minha excessiva dor e aflição que falei até agora”. 17 Eli então lhe disse: “Vai em paz, e que o Deus de Israel te conceda o que lhe pediste”. 18 Ela respondeu: “Que tua serva encontre graça diante dos teus olhos”. E a mulher foi embora, comeu, e seu semblante não era mais triste como antes. 19 Na manhã seguinte, ela e seu marido levantaram-se muito cedo e adoraram na presença do Senhor,
Depois voltaram para sua casa em Ramá. Elcana uniu-se a Ana, sua mulher, e o Senhor­ lembrou-se dela. 20
Ana concebeu e, no de­vido tempo, deu à luz um filho. Chamou-o Samuel, porque – disse ela – “eu o pedi ao Senhor”.

 A consagração de Samuel 

21 Quando seu marido Elcana subiu com toda a família para oferecer ao Senhor o sacrifício anual e cumprir seu voto, 22 Ana não subiu, mas disse ao marido: “Eu não irei enquanto o menino não for desmamado. Então o levarei para ser apresentado ao Senhor, e ali ficará para sempre”. 23 Elcana, seu marido, disse-lhe: “Faze o que te parecer bem e fica até o desmamares. E que o Senhor confirme sua palavra”. Ela ficou, pois, em casa e aleitou o filho até desmamá-lo.
24
Logo que o desmamou, Ana levou consigo o menino à casa do Senhor em Silo, e mais um novilho de três anos, duas arrobas de farinha e um odre de vinho. O menino era ainda uma criança. 25 Depois de sacrificarem o novilho, apresentaram o menino a Eli. 26 E Ana disse-lhe: “Ouve, meu senhor. Por tua vida, \juro, eu sou a mulher que esteve aqui orando ao Senhor na tua presença. 27 Eis o menino por quem eu pedi, e o Senhor ouviu a minha súplica. 28 Por isso, eu o ofereço agora ao Senhor, a fim de que só ao Senhor ele sirva, durante toda sua vida”.
E adoraram ali o Senhor.

 Cântico de Ana 

2 1 Ana orou e disse:
“Meu coração exulta no Senhor,
graças ao Senhor se levanta minha
força.
Minha boca desafia meus adversários,
porque me alegro em tua salvação.
2
Ninguém é santo como o Senhor,
outro além de ti não há,
não há rocha firme como nosso Deus.
3
Não multipliqueis palavras orgulhosas,
nem saia insolência de vossas bocas!
Pois o Senhor é um Deus que sabe,
é ele quem pesa as nossas ações.
4
O arco dos valentes é quebrado,
mas os fracos se armam com vigor.
5
Os saturados se empregam para ter pão,
mas os famintos param de sofrer.
A mulher estéril sete vezes dá à luz,
mas fenece a mãe de muitos filhos.
6
O Senhor é quem dá a morte e a vida,
faz descer à morada dos mortos e de lá voltar.
7
O Senhor é quem torna pobre ou rico,
é ele quem humilha e exalta.
8
Levanta do pó o necessitado
e do monturo ergue o indigente:
dá-lhe assento entre os príncipes,
destina-lhe um trono de glória.
Pois do Senhor são as colunas da terra,
e sobre elas apoiou o mundo.
9
Ele vela sobre os passos dos seus santos,
mas os ímpios perecem nas trevas,
pois ninguém triunfa pela própria força.
10
O Senhor faz tremer seus inimigos,
troveja sobre eles desde os céus.
O Senhor julga até os confins da terra.
Ele dá fortaleza a seu rei,
eleva a força do seu ungido”.
11
Elcana partiu para sua casa em Ramá, enquanto o menino ficou servindo ao Senhor, sob as ordens do sacerdote Eli.

 Os filhos de Eli e o jovem Samuel

12 Os filhos de Eli eram homens desonestos, que não se preocupavam com o Senhor, 13 nem com o direito dos sacerdotes em relação ao povo. Toda vez que alguém oferecia um sacrifício, enquanto se cozinhava a carne, o servo do sacerdote vinha com seu garfo de três dentes, 14 metia-o no caldeirão, na panela, no tacho ou na travessa, e tudo quanto o garfo trazia, o sacerdote o retinha para si. Assim se fazia a todo o Israel que ia a Silo. 15 Ou então, já antes de se queimar a gordura, chegava o servo do sacerdote e dizia ao que oferecia o sacrifício: “Dá essa carne ao sacerdote, para ser assada, porque ele não aceitará de ti carne cozida, mas somente crua”. 16 E se a pessoa observava: “Primeiro queime-se a gordura, depois podes tirar o que quiseres”, ele respondia: “Não, ou me dás agora mesmo, como disse, ou tomarei à força”. 17 O pecado daqueles moços foi grande diante do Senhor, porque tratavam com descaso a oferenda feita ao Senhor.
18
Entretanto, Samuel, menino ainda, estava a serviço do Senhor, usando a casula de linho chamada efod.19 Cada ano sua mãe fazia uma pequena túnica e lhe trazia, quando vinha com seu marido oferecer o sacrifício anual. 20 Eli abençoava Elcana e sua esposa e dizia: “Que o Senhor te dê descendência por meio desta mulher, em atenção ao pedido que ela fez ao Senhor”, e eles voltavam para sua casa. 21 O Senhor, pois, visitou Ana, e ela concebeu e deu à luz três filhos e duas filhas. E o jovem Samuel crescia na presença do Senhor.
22
Já muito velho, Eli ficava sabendo de tudo o que os seus filhos faziam a todo o Israel e de como se deitavam com as mulheres que serviam à entrada da Tenda do Enconto. 23 Dizia-lhes: “Por que procedeis do modo como ouço todo o povo contar, fazendo coisas escandalosas? 24 Não, meus filhos, não é boa a fama que chega a meus ouvidos. Levais o povo do Senhor à transgressão.
25
` Se um ser humano pecar contra outro,
Deus poderá ser seu juiz;
mas se pecar contra o Senhor,
quem intercederá por ele?”
Mas não escutaram a voz de seu pai, pois o Senhor queria fazê-los morrer.
26
Entretanto, o jovem Samuel progredia e crescia, e agradava tanto ao Senhor quanto ao povo.

 Castigo da casa de Eli

27 Veio a Eli um homem de Deus e lhe disse: “Assim diz o Senhor. Porventura não me revelei abertamente à casa de teu pai quando estavam no Egito, na casa do Faraó? 28 Eu o escolhi dentre todas as tribos de Israel para ser meu sacerdote, para subir ao meu altar, para oferecer-me incenso e vestir o efod em minha presença. Eu dei à casa de teu pai tudo que fosse sacrificado pelos israelitas. 29 Por que desrespeitais minha oferenda e meu sacrifício, que prescrevi fossem oferecidos na \minha Morada? Por que honras mais teus filhos do que a mim, pois vos engordais com as melhores partes de todos os sacrifícios de Israel, meu povo?
30
Por isso, assim fala o Senhor, Deus de Israel: Declarei que tua casa e a casa de teu pai serviriam em minha presença para sempre. Agora, porém – diz o Senhor –, acabou. Honrarei aos que me honrarem, e aos que me desprezarem, desprezarei.31 Virá o momento em que cortarei o teu braço e o poder da casa de teu pai, para que em tua casa ninguém mais chegue à velhice. 32 Verás no templo teu rival e tudo o que alegra Israel, enquanto em tua casa ninguém mais chegará à velhice. 33 Conservarei perto do meu altar algum dos teus, mas será para que teus olhos se escureçam e tua alma se consuma; e a maior parte da tua casa morrerá ao chegar à idade viril. 34 E isto será para ti um sinal: o que acontecerá aos teus dois filhos, Hofni e Finéias – ambos morrerão no mesmo dia.
35
Vou instituir para mim um sacerdote fiel, que aja de acordo com meu coração e minha alma, e construirei para ele uma casa estável, e ele caminhará todos os dias na presença do meu ungido. 36 E todo aquele que restar de tua casa virá prostrar-se diante dele para conseguir uma moedinha ou um naco de pão e dirá: ‘Rogo-te que me dês qualquer função sacerdotal, para que eu tenha um bocado de pão para comer’”.

 Vocação profética de Samuel 

3 1 O jovem Samuel servia ao Senhor sob as ordens de Eli. Naquele tempo a palavra do Senhor era rara e as visões não eram freqüentes. 2 Certo dia, Eli estava dormindo no seu quarto. Seus olhos começavam a enfraquecer e já não conseguia enxergar. 3 A lâmpada de Deus ainda não se tinha apa­gado­ e Samuel estava dormindo no santuário do Senhor, onde se encontrava a arca de Deus. 4 Então o Senhor chamou: “Samuel, Samuel!” – “Estou aqui”, respondeu, 5 e correu para junto de Eli: “Tu me chamaste, aqui estou”. Eli respondeu: “Eu não te chamei. Volta a dormir!” E ele foi deitar-se.
6
O Senhor chamou de novo: “Samuel, Samuel!” E Samuel levantou-se, foi ter com Eli e disse: “Tu me chamaste, aqui estou”. Eli respondeu: “Não te chamei, meu filho. Volta a dormir!” 7 (Samuel ainda não conhecia o Senhor, pois, até então, a palavra do Senhor não se tinha manifestado a ele.)
8
O Senhor chamou pela terceira vez: “Samuel, Samuel!” Ele levantou-se, foi para junto de Eli e disse: “Tu me chamaste, aqui estou”. Eli compreendeu então que era o Senhor que estava chamando o menino 9 e disse a Samuel: “Volta a deitar-te e, se alguém te chamar, responderás: “Fala, Senhor, que teu servo escuta!” E Samuel voltou a seu lugar para dormir.
10
O Senhor veio, pôs-se junto dele e chamou-o como das outras vezes: “Samuel! Samuel!” E ele respondeu: “Fala, que teu servo escuta”. 11 O Senhor disse a Samuel: “Vou fazer uma coisa em Israel que fará tinir os ouvidos de todos os que a ouvirem. 12 Naquele dia, farei cumprir-se contra Eli tudo o que disse acerca de sua casa. Começarei e cumprirei. 13 Eu lhe predisse que sua casa seria condenada para sempre por causa da iniqüidade, pois ele sabia que seus filhos ofendiam a Deus e não os repreendeu. 14 Por isso jurei à casa de Eli que a iniqüidade de sua casa jamais será perdoada, nem com sacrifícios nem com oferendas”.
15
Samuel dormiu até de manhã e abriu as portas da casa do Senhor. Samuel temia contar a visão a Eli. 16 Mas Eli o chamou e disse: “Samuel, meu filho!” E ele respondeu, dizendo: “Eis-me aqui!” 17 Eli perguntou-lhe: “Qual a palavra que te foi dita? Peço-te que não me ocultes nada! Que Deus te faça o mesmo mal e mais outro tanto, se me esconderes uma só palavra de tudo o que ele te disse”. 18 Então Samuel lhe contou tudo, sem lhe ocultar coisa alguma. Eli respondeu: “Ele é o Senhor! Que faça o que lhe parecer bom!”
19
Samuel crescia, e o Senhor estava com ele. E não deixava sem efeito nenhuma de suas palavras. 20 Todo o Israel, de Dã a Bersabéia, reconheceu que Samuel era um profeta do Senhor. 21 O Senhor continuou a aparecer em Silo. O Senhor se manifestava a Samuel em Silo, segundo a palavra do Senhor. 1E a palavra de Samuel se fez ouvir a todo o Israel.

 Captura da arca pelos filisteus 

4 1 Por aquele tempo, os filisteus reuniram-se para fazer guerra a Israel. Israel saiu ao encontro dos filisteus, acampando perto de Ebenezer, enquanto os filisteus, avançaram até Afec 2 e se puseram em linha de combate diante de Israel. Travada a batalha, Israel foi derrotado pelos filisteus. Mor­reram naquele combate, em campo aberto, cerca de quatro mil homens.
3
O povo voltou ao acampamento, e os anciãos de Israel disseram: “Por que fez o Senhor que hoje fôssemos vencidos pelos filisteus? Vamos a Silo buscar a arca da aliança do Senhor, para que ela esteja no meio de nós e nos salve das mãos dos nossos inimigos”. 4 Então o povo mandou trazer de Silo a arca da aliança do Senhor dos exércitos, aquele que está sentado sobre os querubins. Os dois filhos de Eli, Hofni e Finéias, acompanhavam a arca da aliança do Senhor.
5
Quando a arca da aliança do Senhor chegou ao acampamento, todo o Israel rompeu em grande clamor, até a terra retumbar. 6 Ao ouvir o clamor, os filisteus disseram: “Que gritaria é essa tão grande no campo dos hebreus?” Quando souberam que a arca do Senhor tinha chegado ao acampamento, 7 os filisteus tiveram medo e disseram: “Deus chegou ao acampamento!” E lamentavam-se: 8 “Ai de nós! Essa alegria toda não houve ontem nem anteontem. 8Ai de nós! Quem nos salvará da mão desses deuses tão poderosos? Foram eles que afligiram o Egito com toda espécie de pragas no deserto. 9 Coragem, portai-vos como homens filisteus, para que não vos torneis escravos dos hebreus como eles o foram de vós! Sede ho­mens e combatei!”
10
Então os filisteus lançaram-se à luta, Israel foi derrotado e cada um fugiu para sua tenda. O massacre foi grande: do lado de Israel tombaram trinta mil homens. 11 A arca de Deus foi capturada, e morreram os dois filhos de Eli, Hofni e Finéias.

 Morte de Eli e de sua nora

12 No mesmo dia chegou a Silo um benja­minita que vinha correndo da linha de batalha. Tinha as vestes rasgadas e a cabeça coberta de pó. 13 Quando chegou, Eli estava sentado numa cadeira junto à porta, olhando para a estrada, tomado de receio pela arca de Deus. O benjaminita entrou e deu a notícia à cidade, a qual se levantou em grande clamor. 14 Eli ouviu os gritos e disse: “Que significa esse tumulto?” O homem apressou-se em dar a notícia a Eli. 15 Eli tinha no­venta e oito anos e seus olhos estavam cegos­; ele já não enxergava. 16 O homem disse a Eli: “Eu sou um que venho do combate, eu escapei hoje da batalha”. Eli perguntou-lhe­: “O que aconteceu, meu filho?” 17 O que trazia a notícia respondeu: “Israel fugiu diante dos filisteus, e foi grande a derrota do povo; além disto, teus dois filhos, Hofni e Finéias, também foram mortos, e a arca de Deus foi capturada”.
18
Quando ele se referiu à arca de Deus, Eli caiu da cadeira para trás, junto à porta, quebrou o pescoço e morreu, pois era um homem velho e pesado. Ele foi juiz de Israel por quarenta anos.
19
Ora, a sua nora, mulher de Finéias, estava grávida, próxima do parto. Quando ouviu a notícia da captura da arca de Deus e da morte de seu sogro e de seu marido, en­curvou-se e deu à luz, porque de repente lhe vieram as dores. 20 Como estivesse morrendo, as mulheres que a assistiam disseram-lhe: “Não temas, deste à luz um filho”. Ela, porém, não respondeu nem lhes deu atenção. 21 Deu ao menino o nome de Icabod, dizendo: “Foi banida a glória de Israel”, por causa da captura da arca de Deus e da morte do sogro e do marido. 22 “Sim – disse ela – foi banida a glória de Israel, pois a arca de Deus foi capturada”.

 A arca prejudica os filisteus

5 1 Depois que os filisteus tomaram a arca de Deus, levaram-na de Ebenezer a Azoto. 2 Tomaram a arca de Deus e a introduziram no templo de Dagon, onde a colocaram junto a Dagon. 3 Quando, na manhã seguinte, os de Azoto se levantaram, encontraram Dagon caído por terra diante da arca do Senhor. Tomaram Dagon e o repuseram no seu lugar. 4 No dia seguinte levantaram-se novamente pela manhã e encontraram Dagon caído por terra diante da arca do Senhor: a cabeça de Dagon e as duas mãos tinham sido cortadas e postas na entrada, 5 só o tronco sobrara a Dagon. 5(Por isso, até o dia de hoje, os sacerdotes de Dagon e todos os que entram no seu templo não pisam no limiar de Dagon em Azoto.)
6
A mão do Senhor pesou sobre o povo de Azoto e o afligiu com tumores, em Azoto e nos arredores. 7 Quando os habitantes de Azoto viram a praga, disseram: “Não fique conosco a arca do Deus de Israel, porque sua mão se endureceu contra nós e contra nosso deus Dagon”. 8 Tendo enviado mensageiros, convocaram todos os príncipes dos filisteus para que se reunissem com eles e disseram: “O que faremos com a arca do Deus de Israel?” Responderam: “A arca do Deus de Israel seja transferida para Gat”. E a arca do Deus de Israel foi transferida. 9 Mas logo que a transferiram, a mão do Senhor caiu sobre a cidade, e houve grande pavor; os homens da cidade, do maior até o menor, foram afligidos e atingidos por tumores. 10 Mandaram, então, a arca de Deus a Acaron.
Assim que a arca de Deus chegou em Aca­ron, os acaronitas gritaram, dizendo: “Trouxeram-nos a arca do Deus de Israel para destruir a nós e a nosso povo”. 11
Mandaram então convocar todos os príncipes dos filisteus e disseram: “Devolvei a arca do Deus de Israel ao seu lugar. Que não mais destrua a nós e a nosso povo”. De fato, toda a cidade se tomou de pânico mortal e a mão de Deus pesava sobre ela. 12 Os que não tinham morri­do eram acometidos de tumores, e os gritos de aflição da cidade subiam ao céu.

 Os filisteus devolvem a arca 

6 1 A arca do Senhor esteve por sete meses na região dos filisteus. 2 Os filisteus chamaram sacerdotes e adivinhos e perguntaram: “Que vamos fazer com a arca do Senhor? Dizei-nos como devolvê-la a seu lugar”.
3Eles responderam: 3
“Se devolverdes a arca do Deus de Israel, não a devolvais vazia, mas enviai uma reparação por vosso pecado, e sereis curados; então sabereis por que a sua mão fica pesando sobre vós”. 4 Eles perguntaram: “O que devemos dar-lhe por nosso delito?” Eles responderam: 5 “De acordo com o número dos príncipes dos filisteus, cinco tumores de ouro e cinco ratos de ouro, porque foi a mesma praga que atingiu a vós e a vossos príncipes. 5Fazei imagens dos vossos tumores e também dos vossos ratos, que devastam a terra, e dai glória ao Deus de Israel. Talvez ele retire sua mão que pesa sobre vós e sobre vossos deuses e vossa terra. 6 Por que endurecestes vossos corações como fizeram os egípcios e o faraó? Depois que \o Senhor os tratou com severidade, não mandaram embora \os israelitas, de modo que partiram? 7 Agora, pois, procurai e preparai um carro novo e duas vacas com cria, que ainda não tenham sido postas sob a canga, atrelai as vacas ao carro e mandai os bezerros de volta ao curral. 8 Tomai a arca do Senhor e instalai-a no carro. E as imagens de ouro que lhe pagais como reparação, colocai-as num cofre ao lado \da arca e deixai-a partir. 9 E ficai observando: se tomar o caminho da sua terra, por Bet-Sames, foi \o Senhor quem nos causou este grande mal; se não, saberemos que não foi a sua mão que nos atingiu, mas aconteceu por acaso”.
10
Assim fizeram: tomaram duas vacas que amamentavam seus bezerros e atrelaram-nas ao carro, mas deixaram os bezerros no curral. 11 Puseram a arca do Senhor no carro e também o cofre com os ratos de ouro e as imagens dos seus tumores.
12
As vacas tomaram diretamente o caminho de Bet-Sames. Seguiam esse mesmo caminho, mugindo, sem desviar-se nem para a direita nem para a esquerda. Os príncipes dos filisteus as seguiram até os confins de Bet-Sames. 13 Os habitantes de Bet-Sames estavam fazendo a colheita do trigo no vale. Quando olharam, avistaram a arca e alegraram-se ao vê-la.
14
O carro chegou ao campo de Josué de Bet-Sames e ali parou. Havia naquele lugar uma grande pedra. Racharam a madeira do carro, oferecendo sobre ela as vacas em holocausto ao Senhor. 15 Os levitas tinham descido a arca do Senhor e, a seu lado, o cofre que continha as imagens de ouro; haviam depositado tudo sobre a grande pedra. Naquele dia, o povo de Bet-Sames ofereceu holocaustos e sacrifícios ao Senhor. 16 Quando os cinco príncipes dos filisteus viram isso, voltaram a Acaron no mesmo dia.
17
Estes são os tumores de ouro que os filisteus pagaram ao Senhor em reparação pelo seu delito: um por Azoto, um por Gaza, um por Ascalon, um por Gat e um por Acaron. 18 Os ratos de ouro são em número de todas as cidades dos filisteus pertencendo aos cinco­ príncipes, tanto das cidades muradas como das aldeias sem muro. E a grande pe­dra, sobre a qual colocaram a arca do Senhor, está até o dia de hoje como testemunha no campo de Josué de Bet-Sames.

 O castigo dos recalcitrantes

19 Os filhos de Jeconias não se alegraram com as pessoas de Bet-Sames que tinham visto a arca do Senhor. O Senhor castigou setenta homens do povo. O povo ficou de luto, porque o Senhor lhe tinha dado tão grande castigo. 20 Os habitantes de Bet-Sames disseram: “Quem poderá ficar de pé na presença do Senhor, desse Deus santo? E ao sair daqui, para quem irá?” 21 Enviaram mensageiros aos habitantes de Cariat-Iarim, dizendo: “Os filisteus restituíram a arca do Senhor. Descei e fazei-a subir até vós”.

 A arca em Cariat-Iarim. Samuel juiz 

7 1 Os homens de Cariat-Iarim vieram e fizeram subir a arca do Senhor. Conduziram-na à casa de Aminadab, no morro, e consagraram Eleazar, seu filho, para guardar a arca do Senhor.
2
Transcorreu um longo tempo, cerca de vinte anos, desde o dia em que a arca foi instalada em Cariat-Iarim. Então, toda a casa de Israel se lamentou diante do Senhor. 3 E Samuel falou a toda a casa de Israel, dizendo: “Se voltardes, de todo o coração, para o Senhor, tirai do vosso meio os deuses estrangeiros e as estátuas de Astarte; dirigi os vossos corações para o Senhor e servi somente a ele. Então ele vos livrará das mãos dos filisteus”. 4 E os israelitas afastaram os ídolos de Baal e de Astarte e serviram somente ao Senhor.
5
Samuel falou: “Reuni todo o Israel em Mas­fa para que eu ore por vós ao Senhor”. 6 Reuniram-se em Masfa, tiraram água e derramaram-na diante do Senhor, jejuaram naquele dia e disseram: “Pecamos contra o Senhor!”
Samuel foi juiz dos israelitas em Masfa.

 Vitória sobre os filisteus

7 Os filisteus ouviram que os israelitas estavam reunidos em Masfa. Os príncipes dos filisteus então marcharam contra Israel. Sabendo disso, os israelitas tiveram medo dos filisteus 8 e disseram a Samuel: “Não cesses de invocar o Senhor, nosso Deus, para que nos salve das mãos dos filisteus”. 9 Então Samuel tomou um cordeirinho que ainda mamava e ofereceu-o em holocausto ao Senhor. E Samuel clamava ao Senhor por Israel, e o Senhor o atendeu. 10 Enquanto Samuel oferecia o holocausto, os filisteus iniciaram o combate contra Israel. O Senhor, porém, naquele dia trovejou com grande fragor sobre os filisteus, aterrorizando-os, e foram vencidos por Israel. 11 As forças de Israel saíram de Masfa e perseguiram os filisteus, destroçando-os, até abaixo de Bet-Car. 12 Então Samuel tomou uma pedra e a pôs entre Masfa e Sen; deu àquele lugar o nome de Ebenezer (isto é, Pedra do Socorro), dizendo: “Até aqui o Senhor nos socorreu”.
13
Assim os filisteus foram humilhados e nunca mais voltaram ao território de Israel, porque a mão do Senhor pesou sobre os filisteus enquanto Samuel viveu. 14 As cidades que os filisteus haviam tomado a Israel foram-lhe restituídas, de Acaron a Gat. Israel libertou os territórios delas da mão dos filisteus. E houve paz entre Israel e os amorreus.
15
Samuel foi juiz em Israel durante toda a sua vida. 16 Cada ano, visitava Betel, Guilgal e Masfa, e atuava como juiz de Israel em cada um desses lugares. 17 Depois voltava a Ramá, onde se encontrava sua casa. Ali julgava Israel, e ali ele construiu um altar ao Senhor.


Samuel e Saul

 Israel pede um rei

8 1 Quando envelheceu, Samuel constituiu seus filhos juízes em Israel. 2 O primeiro­ chamava-se Joel, e o segundo, Abias. Atuavam­ como juízes em Bersabéia. 3 Não seguiam, porém, os caminhos de Samuel, mas, orientando-se pela ganância, aceitavam suborno e infringiam o direito.
4
Todos os anciãos de Israel se reuniram e foram procurar Samuel em Ramá. 5 Disseram-lhe: “Olha, tu estás velho, e teus filhos não seguem os teus caminhos. Por isso, estabelece sobre nós um rei para que nos governe, como se faz em todos os povos”. 6 Samuel se desgostou, quando lhe disseram: “Dá-nos um rei para que nos governe”. E invocou o Senhor. 7 O Senhor disse a Samuel: “Atende a tudo o que o povo te diz. Porque não é a ti que eles rejeitam, mas a mim, para que eu não reine mais sobre eles. 8 Fazem o que sempre fizeram, desde o dia em que os tirei do Egito até hoje. Assim como me abandonaram e serviram a outros deuses, assim procedem contigo. 9 Atende-os, mas adverte-os seriamente, dando-lhes a conhecer os direitos do rei que reinará sobre eles”.
10
Samuel transmitiu todas as palavras do Senhor ao povo que lhe pedira um rei. 11 Declarou: “Eis o direito do rei que reinará sobre vós: Ele tomará vossos filhos para os encarregar dos seus carros de guerra e dos seus cavalos, e os fará correr à frente do seu carro. 12 Fará deles chefes de mil e de cinqüenta e os empregará em suas lavouras e em suas colheitas, na fabricação de suas armas e de seus carros. 13 Fará de vossas filhas suas perfumistas, cozinheiras e padeiras. 14 Tirará os vossos melhores campos, vinhas e olivais e os dará aos seus funcionários. 15 Cobrará o dízimo das vossas colheitas e das vossas vinhas e o destinará aos seus eunucos e aos seus criados. 16 Tomará vossos servos e servas, vossos melhores bois e jumentos, e os fará trabalhar para ele. 17 Exigirá o dízimo de vossos rebanhos, e vós mesmos sereis seus escravos. 18 Naquele dia, clamareis ao Senhor por causa do rei que vós mesmos escolhestes, mas o Senhor não vos atenderá”.
19
O povo, porém, não quis dar ouvidos às razões de Samuel e disse: “Não importa! Queremos um rei, 20 pois queremos ser como todas as outras nações.
O nosso rei administrará a justiça, marchará à nossa frente e combaterá por nós em todas as guerras”. 21
Samuel ouviu todas as palavras do povo e repetiu-as aos ouvidos do Senhor. 22 Mas o Senhor disse-lhe: “Atende o seu pedido, dá-lhes um rei”. Então Samuel dispensou os homens de Israel: “Volte cada um à sua cidade.”

 Saul, filho de Cis 

9 1 Havia um homem de Benjamim, chamado Cis, filho de Abiel, filho de Seror, filho de Becorat, filho de Afia – um nobre guerreiro de Benjamim. 2 Ele tinha um filho­ chamado Saul, de boa apresentação. Entre os israelitas não havia outro melhor do que ele: dos ombros para cima sobressaía a todo o povo.
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Ora, aconteceu que se perderam umas jumentas de Cis, pai de Saul. E Cis disse a seu filho Saul: “Toma contigo um dos criados, põe-te a caminho e vai procurar as jumentas”. 4Eles atravessaram a montanha de Efraim 4 e a região de Salisa, mas não as en­contraram. Passaram também pela região de Salim, sem resultado; e ainda pela terra de Benjamim, sem encontrá-las. 5 Quando iam chegando à terra de Suf, Saul disse ao criado que o acompanhava: “Vamos voltar! Receio que meu pai já não pensa nas jumentas, mas está preocupado por causa de nós”. 6 Mas o criado respondeu: “Há um homem de Deus nesta cidade, um homem honrado. Tudo o que ele diz acontece com certeza. Va­mos até lá: talvez nos possa ajudar quanto ao caminho que devemos seguir”. 7 Saul disse ao criado: “Vamos, então. Mas o que ofereceremos ao homem? O pão já se acabou no alforje, e nada temos para presen­tear­ ao homem de Deus. O que mais temos?” 8 O criado tomou a palavra: “Ocorre que tenho comigo um pouco de prata. Vamos dá-lo ao homem de Deus para que nos mostre o caminho”. 9 (Antigamente, em Israel, quando alguém ia consultar a Deus, dizia: “Vamos ao vidente”, pois em vez de “profeta”, como hoje se diz, dizia-se “vidente”.) 10 Saul disse ao criado: “Falaste bem. Vamos”. Chegaram à cidade onde estava o homem de Deus. 11 Subindo a ladeira da cidade, encontraram duas jovens que saíam para buscar água e perguntaram-lhes: “Há um vidente aqui?” 12 “Sim”, responderam, “bem na tua frente. Apressa-te: ele veio hoje à cidade pa­ra oferecer um sacrifício pelo povo no lugar alto. 13 Entrando na cidade haveis de en­con­trá-lo, antes que suba ao lugar alto para o banquete. O povo não comerá antes que ele chegue, porque é ele que tem que abençoar o sacrifício. Só depois comem os convidados. Subi já. Logo o achareis”.

 Encontro com Samuel

14 Subiram então à cidade. Quando iam entrando na cidade, apareceu Samuel saindo em direção a eles para subir ao lugar alto. 15 Ora, um dia antes da chegada de Saul, o Senhor havia se manifestado a Samuel, dizendo: 16 “Amanhã, a esta mesma hora, vou te enviar um homem da terra de Benjamim. Unge-o como príncipe do meu povo Israel: ele salvará o meu povo das mãos dos filisteus, pois voltei meus olhos para o meu povo, porque seu clamor chegou até mim”. 17 Quando Samuel avistou Saul, o Senhor lhe disse: “Este é o homem de quem te falei. Ele gover­nará o meu povo”.
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Saul aproximou-se de Samuel, na soleira da porta, e disse-lhe: “Peço-te que me informes onde é a casa do vidente”. 19 Samuel respondeu a Saul: “Sou eu mesmo o vidente. Sobe à minha frente ao lugar alto. Hoje comereis comigo, e amanhã cedo te deixarei partir, depois de te haver revelado tudo o que tens no coração. 20 Quanto às jumentas que perdeste há três dia, não te preocupes, porque já foram encontradas. Aliás, não pertence a ti e a toda a casa do teu pai tudo o que há de precioso em Israel?” 21 Saul respon­deu: “Não sou por acaso um benjaminita, da menor tribo de Israel? E meu clã não é o mais modesto de todos os clãs da tribo de Benjamim? Por que me dizes tais coisas?”
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Samuel tomou consigo a Saul e o criado, introduziu-os na sala e deu-lhes o primeiro lugar entre os convidados, uns trinta homens. 23 Samuel disse ao cozinheiro: “Serve a porção que te dei para a reservar”. 24 Então o?co­zinheiro trouxe o pernil e o rabo e os pôs diante de Saul. Samuel comentou: “Eis o que ficou guardado. Põe diante de ti e come, por­que foi reservado de propósito para ti quando convidei o povo”. Assim, Saul comeu à mesa de Samuel naquele dia.
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Depois desceram do lugar alto para a cidade. Prepararam para Saul uma cama no terraço, 26 e ele se deitou.

 Saul ungido príncipe por Samuel

Ao raiar do dia, Samuel chamou Saul no terraço e disse: “Levanta-te, vim despedir-me de ti”. Saul levantou-se e ambos, Samuel e ele, saíram. 27 Tendo descido até os limites da cidade, Samuel disse a Saul: “Ordena ao criado que vá à nossa frente. Tu, porém, fica aqui um momento, para que eu te dê a conhe­cer a palavra de Deus”.

10 1 Samuel tomou um pequeno frasco de azeite, derramou-o sobre a cabeça­ de Saul e beijou-o, dizendo: “Com isto o Senhor te ungiu como príncipe do seu povo, Israel. Tu governarás o povo do Senhor e o?li­vrarás das mãos dos inimigos que o rodeiam”.­ E este é o sinal de que o Senhor te ungiu co­mo príncipe sobre a sua herança: 2 hoje, quando me deixares, encontrarás dois homens perto do túmulo de Raquel, na divisa de Benjamim, em Selsa. Eles te dirão: ‘Já encontraram as jumentas que foste procurar. Teu pai já não pensa nelas, mas está aflito por vossa causa e anda dizendo: Que farei para \encontrar meu filho?’. 3 Passa adiante, e ao chegares ao carvalho do Tabor virão a ti três homens, que fazem peregrinação a Deus em Betel. Um está levando três cabritos, o outro, três pães, e o outro, um odre de vinho.­ 4 Quando te saudarem, te darão dois pães, que aceitarás de suas mãos. 5 Depois disto, chegarás a Gabaá de Deus (onde está a guarnição­ dos filisteus), e quando entrares na cidade, encontrarás um grupo de profetas descendo do lugar alto, precedidos de tocadores de harpas, tamborins, flautas e cítaras, também estes profetizando. 6 O Espírito do Senhor virá sobre ti, e profetizarás com eles, e te trans­formarás em outro homem. 7 Quando es­ses sinais todos te sucederem, age de acordo com as circunstâncias, porque Deus está contigo. 8 Descerás antes de mim a Guilgal, e logo irei ter contigo para oferecer holocaus­tos e imolar sacrifícios de comunhão. Esperarás sete dias até que eu venha a ti e te mos­tre o que deves fazer”.

 Saul na irmandade dos profetas 

9 Assim que voltou as costas para deixar Sa­muel, Deus transformou-lhe o coração, e to­dos aqueles sinais se verificaram naquele mesmo dia. 10 Chegaram pois a Gabaá, e eis que um grupo de profetas veio ao encontro deles. O Espírito de Deus lhe sobreveio, e ele começou a profetizar em meio ao grupo. 11 Mas todos os que o conheciam antes, vendo-o profetizar em meio aos profetas, diziam­ uns aos outros: “O que terá acontecido ao fi­lho de Cis? Agora também Saul está entre os profetas?” 12 Alguém do lugar acrescentou: “E o pai deles, quem é?” (Daí vem o ditado: “Agora também Saul está entre os profetas?”)
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Quando parou de profetizar, voltou a Gabaá. 14 Seu tio perguntou a ele e ao criado: “Aonde fostes?” Saul respondeu: “Buscar as jumentas. Como não as encontramos, fomos a Samuel”. 15 Disse-lhes então seu tio: “Conta-me o que Samuel te disse”. 16 E Saul disse ao tio: “Ele nos disse que as jumentas tinham sido encontradas”, mas não falou nada do que Samuel tinha dito a respeito da realeza.

 Saul eleito rei pelas sortes

17 Samuel convocou o povo diante do Senhor em Masfa 18 e disse aos israelitas: “Assim me falou o Senhor, Deus de Israel: ‘Eu fiz sair Israel do Egito e vos livrei das mãos dos egípcios e das mãos de todos os reinos que vos oprimiam’. 19 Mas vós hoje rejeitastes o vosso Deus que vos salvou de todos os vossos males e tribulações, e dissestes: ‘Não! Constitui sobre nós um rei!’ Agora, pois, apresentai-vos diante do Senhor por tribos e por clãs”.
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Samuel mandou que se aproximassem todas as tribos de Israel. Tiraram a sorte, e foi escolhida a tribo de Benjamim. 21 Mandou que a tribo de Benjamim se aproximasse com seus clãs, e foi sorteada o clã de Metri; e Saul, filho de Cis, foi apontado no sorteio. Procuraram-no, mas não o encontraram. 22 Consultaram então o Senhor, para ver se o homem estava aí. O Senhor respondeu: “Está escondido no meio das bagagens”. 23 Correram a buscá-lo, e ele se pôs de pé em meio ao povo: dos ombros para cima sobressaía a todos. 24 Samuel disse a todo o povo: “Vede a quem o Senhor escolheu. Não há outro igual a ele no meio de todo o povo.” Então o povo começou a aclamá-lo e a bradar: “Viva o rei!”
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Samuel apresentou ao povo o direito do reino e o escreveu num rolo de papiro, que depôs diante de Deus. Depois despediu o povo todo, cada um para sua casa.
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Saul retornou à sua casa, em Gabaá, e com ele foram os nobres cujo coração Deus tocara. 27 Mas havia também uns renegados que diziam: “Este será capaz de salvar-nos?” E o desprezaram, não lhe mandaram presentes. Mas ele se fez de surdo.


1Samuel (CNB) 1