Audiências 2005-2013 15116

15 de Novembro de 2006: Paulo, o Espírito nos nossos corações

15116
Queridos irmãos e irmãs!

Também hoje, como nas duas catequeses precedentes, voltamos a São Paulo e ao seu pensamento. Estamos diante de um gigante não só a nível do apóstolo concreto, mas também da doutrina teológica, extraordinariamente profunda e estimulante. Depois de ter meditado na semana passada sobre o que Paulo escreveu acerca do lugar central que Jesus Cristo ocupa na nossa vida de fé, vemos hoje o que ele diz sobre o Espírito Santo e sobre a sua presença em nós, porque também aqui o Apóstolo tem algo muito importante para nos ensinar.

Conhecemos o que São Lucas nos diz do Espírito Santo nos Actos dos Apóstolos, descrevendo o evento do Pentecostes. O Espírito pentecostal traz consigo um vigoroso estímulo a assumir um compromisso da missão para testemunhar o Evangelho pelos caminhos do mundo. De facto, o Livro dos Actos narra uma série de missões realizadas pelos Apóstolos, primeiro na Samaria, depois ao longo da Palestina, e depois, em direcção à Síria. São narradas sobretudo as três grandes viagens missionárias realizadas por Paulo, como já recordei num precedente encontro de quarta-feira. Mas São Paulo, nas suas Cartas fala-nos do Espírito também sob outra perspectiva.

Ele não se detém a ilustrar apenas a dimensão dinâmica e operativa da terceira Pessoa da Santíssima Trindade, mas analisa também a presença na vida do cristão, cuja identidade é marcada por ele. Em outras palavras, Paulo reflecte sobre o Espírito expondo a sua influência não só no agir do cristão, mas também no seu ser. De facto, ele diz que o Espírito de Deus habita em nós (cf.
Rm 8,9 1Co 3,16) e que "Deus enviou aos nossos corações o Espírito do seu Filho" (Ga 4,6).

Portanto, para Paulo o Espírito conota-nos até às nossas profundezas pessoais mais íntimas. Em relação a isto, eis algumas das suas palavras de importante significado: "A lei do Espírito que dá a vida libertou-te, em Cristo Jesus, da lei do pecado e da morte... Vós não recebestes um Espírito que vos escravize e volte a encher-vos de medo; mas recebestes um Espírito que faz de vós filhos adoptivos. É por Ele que clamámos: Abbá, ó Pai!" (Rm 8,2 Rm 8,15), porque somos filhos, podemos chamar "Pai" a Deus. Portanto, vemos bem que o cristão, ainda antes de agir, já possui uma interioridade rica e fecunda, que lhe é concedida nos sacramentos do Baptismo e da Confirmação, uma interioridade que o estabelece num relacionamento objectivo e original de filiação em relação a Deus.

Eis a nossa grande dignidade: a de não ser apenas imagem, mas filhos de Deus. Trata-se de um convite a viver esta nossa filiação, a estarmos cada vez mais conscientes de que somos filhos adoptivos na grande família de Deus. É um convite a transformar este dom objectivo numa realidade subjectiva, determinante para o nosso pensar, para o nosso agir, para o nosso ser. Deus considera-nos seus filhos, tendo-nos elevado a uma tal dignidade, mesmo se não é igual, à do próprio Jesus, o único Filho em sentido pleno. Nele é-nos dada, ou restituída, a condição filial e a liberdade confiante em relação ao Pai.

Assim descobrimos que para o cristão o Espírito já não é apenas o "Espírito de Deus", como se diz normalmente no Antigo Testamento e se continua a repetir na linguagem cristã (cf. Gn 41,38 Ex 31,3 1Co 2,11 1Co 2,12 Ph 3,3 etc.). E também não é apenas um "Espírito Santo" entendido em sentido genérico, segundo o modo de expressar-se do Antigo Testamento (cf. Is 63,10-11 Ps 51,13), e do próprio Judaísmo nos seu escritos (Qunram, rabinismo).

De facto, pertence à especificidade da fé cristã a confissão de uma original partilha deste Espírito por parte do Senhor ressuscitado, o qual se tornou Ele mesmo "Espírito que dá vida" (1Co 15,45). Precisamente por isso São Paulo fala directamente do "Espírito de Cristo" (Rm 8,9), do "Espírito do Filho" (Ga 4,6) ou do "Espírito de Jesus Cristo" (Ph 1,19). É como se quisesse dizer que não só Deus Pai é visível no Filho (cf. Jn 14,9), mas que também o Espírito de Deus se expressa na vida e nas acções do Senhor crucificado e ressuscitado!

Paulo ensina-nos também outra coisa importante: ele diz que não existe verdadeira oração sem a presença do Espírito em nós. De facto, escreve: "O Espírito vem em auxílio da nossa fraqueza, pois não sabemos o que havemos de pedir como é verdade que não sabemos como falar com Deus! ; mas o próprio Espírito intercede por nós com gemidos inefáveis. E aquele que examina os corações conhece as intenções do Espírito, porque é de acordo com Deus que o Espírito intercede pelos santos" (Rm 8,26-27). É como dizer que o Espírito Santo, isto é, o Espírito do Pai e do Filho, é como a alma da nossa alma, a parte mais secreta do nosso ser, de onde se eleva incessantemente a Deus um dístico de oração, da qual nem sequer podemos esclarecer as palavras.

De facto, o Espírito sempre activo em nós, supre às nossas carências e oferece ao Pai a nossa adoração, juntamente com as nossas aspirações mais profundas. Naturalmente isto exige um nível de maior comunhão vital com o Espírito. É um convite a ser cada vez mais sensíveis, mais atentos a esta presença do Espírito em nós, a transformá-la em oração, a ouvir esta presença e a aprender assim a rezar, a falar com o Pai como filhos no Espírito Santo.

Há também outro aspecto típico do Espírito que nos foi ensinado por São Paulo: é a sua ligação com o amor. De facto, São Paulo escreve: "A esperança não engana, porque o amor de Deus foi derramado nos nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado" (Rm 5,5). Na minha Carta encíclica "Deus caritas est" citei uma frase muito eloquente de Santo Agostinho: "Se vês a caridade, vês a Trindade" (), e prossegui explicando: "O Espírito é aquela força que harmoniza seus corações [dos crentes] com o coração de Cristo e leva-os a amar os irmãos como Ele os amou" (ibid.). O Espírito insere-nos no próprio ritmo da vida divina, que é vida de amor, fazendo-nos pessoalmente partícipes dos relacionamentos existentes entre o Pai e o Filho. Não é sem significado que Paulo, quando elenca as várias componentes da frutificação do Espírito, coloque em primeiro lugar o amor: "O fruto do Espírito é: amor, alegria, paz, etc." (cf. Ga 5,22).

E dado que por definição o amor une, isto significa antes de tudo que o Espírito é criador de comunhão no âmbito da comunidade cristã, como dizemos no início da Santa Missa com uma expressão paulina: "... a comunhão do Espírito Santo [ou seja, a que é realizada por ele] esteja com todos vós!" (2Co 13,13).Mas, por outro lado, é também verdade que o Espírito nos estimula a estabelecer relacionamentos de caridade com todos os homens. Dado que, quando amamos damos espaço ao Espírito, permitimos que se expresse em plenitude. Compreende-se assim por que Paulo coloca na mesma página da Carta aos Romanos as duas exortações: "deixai-vos inflamar pelo Espírito" e "não pagueis a ninguém o mal com o mal" (Rm 12,11 Rm 12,17).

Por fim, o Espírito segundo São Paulo é um penhor generoso que nos é dado pelo próprio Deus como antecipação e ao mesmo tempo como garantia da nossa herança futura (cf. 2Co 1,22 2Co 5,5 Ep 1,13-14). Aprendemos assim de Paulo que a acção do Espírito orienta a nossa vida para os grandes valores do amor, da alegria, da comunhão e da esperança. Compete a nós fazer deles experiência quotidiana acompanhadas pelas sugestões interiores do Espírito, ajudados no discernimento pela orientação iluminadora do Apóstolo.

Saudações

Aos peregrinos de língua portuguesa, especialmente aos grupos vindos de Portugal e do Brasil, uma saudação fraterna em Cristo Senhor! Por Ele, recebemos o Espírito que nos faz filhos de Deus e nos dá a ousadia e a felicidade de Lhe chamar: "Pai!". Sobre cada um de vós, nos vários lugares e nas horas mais diversas da vida, vela um Pai. Em seu nome, a todos abençoo.

Saúdo os peregrinos e visitantes de língua alemã, de modo especial a peregrinação do Principado de Liechtenstein, acompanhados pelo Arcebispo, D.Wolfgang Haas. A riqueza e a profundidade da vida cristã, da qual nos fala o Apóstolo Paulo, nos possa ajudar a crescer, com a força do Espírito Santo, na fé e no amor a Deus. Desejo a todos vós uma agradável estadia na Cidade Eterna!

Dou as boas-vindas aos peregrinos de língua inglesa presentes hoje aqui, incluindo os membros das "World Union of Catholic Women's Organizations" e os membros da "Jesus Youth International" da Índia. Fazei com que a vossa visita a Roma seja um tempo de júbilo e de enriquecimento espiritual. Invoco sobre todos vós a abundância das Bênçãos divinas.

Saúdo cordialmente todos os peregrinos polacos. Saúdo os jovens de Lednica acompanhados pelo Padre Jan Gora. Abençoo os vossos preparativos para o encontro dos jovens do próximo ano em honra de São Jacinto, padroeiro das missões. No espírito de São Paulo Apóstolo, invoco sobre todos os presentes, os frutos abundantes do Espírito: amor, paz, alegria e esperança. Louvado seja Jesus Cristo.

Por fim, a minha saudação dirige-se aos jovens, aos doentes, e aos recém-casados.Celebramos hoje a memória do bispo Santo Alberto Magno, que se esforçou continuamente por estabelecer a paz entre as populações do seu tempo. O seu exemplo seja estímulo para vós, queridos jovens, para serdes realizadores de justiça e artífices de reconciliação. Seja para vós, queridos doentes, encorajamento para ter confiança no Senhor, que nunca nos abandona no momento da prova. E para vós, recém-casados, sirva de estímulo para encontrar no Evangelho a alegria de acolher e servir generosamente a vida, dom incomensurável de Deus.


22 de Novembro de 2006: Paulo, a vida na Igreja

22116
Queridos irmãos e irmãs!

Completamos hoje os nossos encontros com o apóstolo Paulo, dedicando-lhe uma última reflexão. De facto, não podemos despedir-nos dele, sem considerar uma das componentes decisivas da sua actividade e um dos temas mais importantes do seu pensamento: a realidade da Igreja. Devemos antes de tudo constatar que o seu primeiro contacto com a pessoa de Jesus se realiza através do testemunho da comunidade cristã de Jerusalém. Foi um contacto conturbado. Tendo conhecido o novo grupo de crentes, ele tornou-se imediatamente um seu orgulhoso perseguidor. Ele mesmo o reconhece nas suas três Cartas: "Persegui a Igreja de Deus", escreve (
1Co 15,9 Ga 1,13 Ph 3,6), quase como a apresentar este seu comportamento como o pior dos crimes.

A história mostra-nos que se alcança normalmente Jesus através da Igreja! Num certo sentido, isto verificou-se, dizíamos, também para Paulo, o qual encontrou a Igreja antes de encontrar Jesus.

Mas este contacto, no seu caso, foi contraproducente, não causou a adesão, mas uma violenta repulsa. Para Paulo, a adesão à Igreja foi propiciada por uma intervenção directa de Cristo, o qual, tendo-se-lhe revelado no caminho de Damasco, se identificou com a Igreja e lhe fez compreender que perseguir a Igreja era perseguir o Senhor. De facto, o Ressuscitado disse a Paulo, o perseguidor da Igreja: "Saulo, Saulo, porque me persegues?" (Ac 9,4). Perseguindo a Igreja, perseguia Cristo. Então Paulo converteu-se, ao mesmo tempo, a Cristo e à Igreja. Disto compreende-se depois porque a Igreja tenha estado tão presente nos pensamentos, no coração e na actividade de Paulo. Em primeiro lugar, porque ele fundou literalmente muitas Igrejas nas várias cidades onde foi para evangelizar. Quando fala da sua "solicitude por todas as Igrejas" (2Co 11,28), ele pensa nas várias comunidades cristãs suscitadas de cada vez na Galácia, na Iónia, na Macedónia e na Acaia. Algumas daquelas Igrejas também lhe deram preocupações e desgostos, como aconteceu por exemplo nas Igrejas da Galácia, que ele viu seguir "outro Evangelho" (Ga 1,6), ao que se opôs com firme determinação. Contudo ele sentia-se ligado às Comunidades por ele fundadas de maneira não fria nem burocrática, mas intensa e apaixonada. Assim, por exemplo, define os Filipenses "meus caríssimos e saudosos irmãos, minha coroa e alegria" (Ph 4,1). Outras vezes compara as várias Comunidades com uma carta de apresentação única no seu género: "A nossa carta sois vós, uma carta escrita nos nossos corações, conhecida e lida por todos os homens" (2Co 3,2). Outras vezes ainda mostra em relação a eles um verdadeiro sentimento não só de paternidade mas até de maternidade, como quando se dirige aos seus destinatários interpelando-os como "Meus filhos, por quem sinto outra vez as dores de parto, até que Cristo se forme entre vós!" (Ga 4,19 cf. também 1Co 4,14-15 1Th 2,7-8).

Nas suas Cartas Paulo ilustra-nos a sua doutrina sobre a Igreja como tal. Portanto, é muito conhecida a sua original definição da Igreja como "corpo de Cristo", que não encontramos noutros autores cristãos do I século (cf. 1Co 12,27 Ep 4,12 Ep 5,30 Col 1,24). A raiz mais profunda desta surpreendente designação da Igreja encontrámo-la no Sacramento do corpo de Cristo. Diz São Paulo: "Uma vez que há um único pão, nós, embora muitos, somos um só corpo" (1Co 10,17). Na mesma Eucaristia Cristo dá-nos o seu Corpo e faz-nos seu Corpo. Neste sentido São Paulo diz aos Gálatas: "todos sois um em Cristo" (Ga 3,28). Com tudo isto Paulo faz-nos compreender que existe não só uma pertença da Igreja a Cristo, mas também uma certa forma de equiparação e de identificação da Igreja com o próprio Cristo. Portanto, é daqui que deriva a grandeza e a nobreza da Igreja, ou seja, de todos nós que a ela pertencemos por sermos membros de Cristo, quase uma extensão da sua presença pessoal no mundo. E daqui se origina, naturalmente, o nosso dever de viver realmente em conformidade com Cristo. Daqui derivam também as exortações de Paulo a propósito dos vários carismas que animam e estruturam a comunidade cristã. Todos eles reconduzem a uma única fonte, que é o Espírito do Pai e do Filho, sabendo bem que na Igreja ninguém está desprovido dele, porque, como escreve o Apóstolo, "a cada um é dada a manifestação do Espírito, para proveito comum" (1Co 12,7). Mas é importante que todos os carismas cooperem juntos na edificação da comunidade e não se tornem ao contrário motivo de dilaceração. A este propósito, Paulo pergunta rectoricamente: "Estará Cristo dividido?" (1Co 1,13). Ele sabe bem e ensina-nos que é necessário "manter a unidade do Espírito, mediante o vínculo da paz. Há um só Corpo e um só Espírito, assim como a vossa vocação vos chamou a uma só esperança" (Ep 4,3-4).

Sem dúvida, realçar a exigência da unidade não significa afirmar que se deva uniformizar ou nivelar a vida eclesial segundo um único modo de agir. Noutro texto Paulo ensina a "não apagar o Espírito" (1Th 5,19), isto é, a dar generosamente espaço ao dinamismo imprevisível das manifestações carismáticas do Espírito, o qual é fonte de energia e de vitalidade sempre nova. Mas se há um critério do qual Paulo não prescinde é a mútua edificação: "que tudo se faça de modo a edificar" (1Co 14,26). Tudo deve concorrer para construir ordenadamente o tecido eclesial, não só sem estagnação, mas também sem fugas ou excepções. Depois, há outra Carta paulina que chega a apresentar a Igreja como esposa de Cristo (cf. Ep 5,21-33). Com isto retoma-se uma antiga metáfora profética, que fazia do povo de Israel a esposa do Deus da aliança (cf. Os 2,4 Os 2,21 Is 54,5-8): com isto pretende-se dizer quanto sejam íntimas as relações entre Cristo e a sua Igreja, quer no sentido de que ela é objecto do amor mais terno da parte do seu Senhor, quer também no sentido de que o amor deve ser recíproco e que, por conseguinte também nós, como membros da Igreja, devemos demonstrar fidelidade apaixonada em relação a Ele.

Definitivamente, está em jogo a relação de comunhão: a vertical entre Jesus Cristo e todos nós, e também a horizontal entre todos os que se distinguem no mundo pelo facto de "invocar o nome de Nosso Senhor Jesus Cristo" (1Co 1,2). Esta é a nossa definição: nós pertencemos àqueles que invocam o nome do Senhor Jesus Cristo. Portanto compreende-se bem quanto seja desejável que se realize o que o próprio Paulo deseja ao escrever aos Coríntios: "Mas se todos começarem a profetizar e entrar ali um descrente qualquer ou simples ouvinte, há-de sentir-se tocado por todos, julgado por todos; os segredos do seu coração serão desvendados e, prostrando-se com o rosto por terra, adorará a Deus, proclamando que Deus está realmente no meio de vós" (1Co 24-25). Assim deveriam ser os nossos encontros litúrgicos. Um não cristão que entra numa assembleia nossa, no final deveria poder dizer: "Verdadeiramente Deus está convosco". Peçamos ao Senhor que sejamos assim, em comunhão com Cristo e em comunhão entre nós.

O pesar de Sua Santidade pelo assassínio de Pierre Gemayel

Foi com profunda dor que tomei conhecimento da notícia do assassínio do Deputado Pierre Gemayel, Ministro da Indústria do Governo Libanês. Ao condenar firmemente este brutal atentado, garanto a minha oração e a minha proximidade espiritual à família em luto e ao amado povo libanês. Face às forças obscuras que procuram destruir o País, convido todos os Libaneses a não se deixarem vencer pelo ódio mas a consolidar a unidade nacional, a justiça e a reconciliação, e a trabalhar juntos para construir um futuro de paz. Por fim, convido os Responsáveis dos Países que se preocupam pelo destino daquela Regiãoacontribuir para uma solução global e negociada das diversas situações de injustiça que há demasiados anos a marcam.




6 de Dezembro 2006: Viagem Apostólica à Turquia

6126
Saudação aos fiéis das Dioceses do Lácio
com os seus Bispos por ocasião da visita "ad Limina"

Queridos irmãos e irmãs!

Sinto-me feliz por vos receber nesta Basílica e dirigir a cada um de vós as minhas cordiais boas-vindas. Saúdo antes de tudo os fiéis das Dioceses do Lácio, que vieram aqui com os seus Bispos por ocasião da Visita ad limina Apostolorum. Queridos amigos, encorajo-vos a aprofundar cada vez mais a vossa vida de fé, tendo bem presente as orientações emersas do recente encontro da Igreja Italiana em Verona. Uma corajosa acção evangelizadora, temos a certeza, suscitará o desejado renovamento do compromisso dos católicos na sociedade, também no Lácio. A tarefa primária da evangelização é indicar em Cristo Jesus o Salvador de cada homem. Não vos canseis de vos confiar a Ele e de o anunciar com a vossa vida em família e em cada ambiente. É isto que os homens, hoje também, esperam da Igreja, dos cristãos.

Depois, saúdo-vos a vós, fiéis do Decanato de Busto Arsizio e, ao agradecer-vos pela vossa visita, desejo que cada um de vós viva este tempo do Advento como ocasião propícia para fortalecer a fé e a adesão ao Evangelho. Além disso, o meu pensamento dirige-se a vós, representantes da paróquia da Imaculada, em Terzigno e convido-vos, na escola da Virgem Santa, vossa celeste padroeira, a amar Deus acima de todas as coisas, sempre disponíveis e prontos para cumprir a sua vontade. Por fim, saúdo-vos a vós, estudantes das escolas Pias, de Frascati e garanto-vos a minha oração para que o Redentor infunda nos vossos corações a verdadeira alegria e vos cumule dos seus dons. A todos abençoo com afecto.
***

Viagem Apostólica à Turquia


Amados irmãos e irmãs

Como já é tradição depois de cada Viagem Apostólica, durante esta Audiência geral gostaria de percorrer de novo as várias etapas da peregrinação que realizei à Turquia, de terça-feira a sexta-feira da semana passada. Uma visita que, como sabeis, se apresentava não fácil sob diversos aspectos, mas que Deus acompanhou desde o início e que assim pôde realizar-se felizmente.

Portanto, como eu tinha pedido para a preparar e acompanhar com a oração, agora peço-vos que vos unais a mim na acção de graças ao Senhor pela sua realização e pela sua feliz conclusão.

Confio-lhe os frutos que dela espero que possam brotar, tanto no que se refere aos relacionamentos com os nossos irmãos ortodoxos, como ao diálogo com os muçulmanos. Em primeiro lugar, sinto o dever de renovar a cordial expressão do meu reconhecimento ao Presidente da República, ao Primeiro-Ministro e às outras Autoridades, que me receberam com tanta cortesia e garantiram as condições necessárias para que tudo pudesse realizar-se do melhor modo.

Além disso, agradeço fraternalmente aos Bispos da Igreja católica na Turquia, com os seus colaboradores, tudo o que fizeram. Dirijo um agradecimento particular ao Patriarca Ecuménico Bartolomeu I, que me recebeu na sua casa, ao Patriarca Arménio Mesrob II, ao Metropolita Sírio-Ortodoxo Mor Filüksinos e às outras Autoridades religiosas. Ao longo de toda a viagem, senti-me particularmente sustentado pelos meus venerados Predecessores, os Servos de Deus Paulo VI e João Paulo II, que realizaram uma visita memorável à Turquia, e acima de tudo pelo Beato João XXIII, que foi Representante pontifício naquele nobre país, de 1935 a 1944, deixando ali uma recordação rica de carinho e devoção.

Inspirando-me na visão que o Concílio Vaticano II apresenta da Igreja (cf. Constituição Lumen gentium
LG 14-16), poderia dizer que também as viagens pastorais do Papa contribuem para realizar a sua missão, que se desenvolve "em círculos concêntricos". No círculo mais interno, o Sucessor de Pedro confirma na fé os católicos, no intermédio encontra-se com os outros cristãos e no mais externo dirige-se aos não-cristãos e a toda a humanidade. O primeiro dia da minha Visita à Turquia realizou-se no âmbito deste terceiro "círculo", o mais amplo: encontrei-me com o Primeiro-Ministro, com o Presidente da República e com o Presidente para os Assuntos Religiosos, dirigindo a este último o meu primeiro discurso; prestei homenagem ao Mausoléu do "pai da pátria" Mustafá Kemal Atatürk; e em seguida, tive a possibilidade de falar ao Corpo Diplomático na Nunciatura Apostólica de Ankara.

Esta intensa série de encontros constituiu uma parte importante da Visita, especialmente em consideração do facto de que a Turquia é um país de vastíssima maioria muçulmana, mas regulado por uma Constituição que afirma a laicidade do Estado. Portanto, é um país emblemático, em referência ao grande desafio que hoje se enfrenta a nível mundial: ou seja, por um lado, é necessário redescobrir a realidade de Deus e a relevância pública da fé religiosa e, por outro, assegurar que a expressão de tal fé seja livre, isenta de degenerações fundamentalistas, capaz de rejeitar firmemente todas as formas de violência.

Portanto, tive a ocasião propícia de renovar os meus sentimentos de estima em relação aos muçulmanos e à civilização islâmica. Ao mesmo tempo, pude insistir sobre a importância de que cristãos e muçulmanos se comprometam juntos em favor do homem, da vida, da paz e da justiça, confirmando que a distinção entre o sector civil e o religioso constitui um valor e que o Estado deve garantir ao cidadão e às comunidades religiosas, a efectiva liberdade de culto.

No âmbito do diálogo inter-religioso, a Providência Divina concedeu-me realizar, quase no final da minha viagem, um gesto inicialmente não previsto, e que se revelou muito significativo: a visita à célebre Mesquita Azul de Istambul. Detendo-me alguns minutos em recolhimento naquele lugar de oração, dirigi-me ao único Senhor do céu e da terra, Pai misericordioso de toda a humanidade. Possam todos os crentes reconhecer-se como suas criaturas e dar testemunho de verdadeira fraternidade!

O segundo dia levou-me a Éfeso e, portanto, encontrei-me rapidamente no "círculo" mais interno da viagem, em contacto directo com a Comunidade católica. Com efeito, em Éfeso, numa agradável localidade chamada"Colina do rouxinol"quedápara o mar Egeu, encontra-se o Santuário da Casa de Maria. Trata-se de uma antiga pequena capela que surgiu em redor de um casebre que, segundo uma antiquíssima tradição, o Apóstolo João mandou construir para a Virgem Maria, depois de a ter levado consigo para Éfeso.

Foi o próprio Jesus que confiou um ao outro quando, antes de morrer na cruz, tinha dito a Maria: "Mulher, eis o teu filho!", e a João: "Eis a tua mãe!" (Jn 19,26-27). As pesquisas arqueológicas demonstraram que aquele lugar é, desde tempos imemoráveis, um lugar de culto mariano, querido também aos muçulmanos, que habitualmente vão ali para para venerar Aquela a quem chamam "Meryem Ana", Mãe Maria. No jardim adjacente ao Santuário celebrei a Santa Missa para um grupo de fiéis, vindos da vizinha cidade de Izmir e de outras partes da Turquia e também do estrangeiro. Na "Casa de Maria" sentimo-nos verdadeiramente "em casa", e naquele clima de paz rezámos pela paz na Terra Santa e no mundo inteiro. Ali desejei recordar o Pe. Andrea Santoro, sacerdote romano, testemunha em terra turca do Evangelho com o seu sangue.

O "círculo" intermédio, o das relações ecuménicas, ocupou a parte central desta viagem, ocorrida por ocasião da festa de Santo André, no dia 30 de Novembro. Esta circunstância ofereceu o contexto ideal para consolidar os relacionamentos fraternos entre o Bispo de Roma, Sucessor de Pedro, e o Patriarca Ecuménico de Constantinopla, Igreja fundada segundo a tradição pelo Apóstolo Santo André, irmão de Simão Pedro.

Seguindo os passos de Paulo VI, que se encontrou com o Patriarca Atenágoras, e de João Paulo II, que foi recebido pelo sucessor de Atenágoras, Dimitrios I, renovei com Sua Santidade Bartolomeu I este gesto de grande valor simbólico, para confirmar o compromisso recíproco de continuar no caminho rumo ao restabelecimento da plena comunhão entre católicos e ortodoxos. Para sancionar este firme propósito, subscrevi juntamente com o Patriarca Ecuménico uma Declaração Conjunta, que constitui uma ulterior etapa neste caminho.

Foi particularmente significativo que este acto se tenha realizado no final da solene Liturgia da festa de Santo André, à qual assisti e que se concluiu com a dupla Bênção concedida pelo Bispo de Roma e pelo Patriarca de Constantinopla, sucessores respectivamente dos Apóstolos Pedro e André. De tal modo, manifestámos que na base de todos os esforços ecuménicos há sempre a oração e a invocação perseverante do Espírito Santo. Ainda neste âmbito, em Istambul tive a alegria de visitar o Patriarca da Igreja Arménia Apostólica, Sua Beatitude Mesrob II, assim como de me encontrar com o Metropolita Sírio-Ortodoxo. Além disso, apraz-me recordar neste contexto o diálogo que tive com o Grão-Rabino da Turquia.

A minha visita terminou, precisamente antes da partida para Roma, voltando ao "círculo" mais interno, ou seja, encontrando-me com a Comunidade católica presente em todos os seus componentes na Catedral latina do Espírito Santo, em Istambul. Assistiram à esta Santa Missa também o Patriarca Ecuménico, o Patriarca Arménio, o Metropolita Sírio-Ortodoxo e os Representantes das Igrejas protestantes. Em síntese, estavam reunidos em oração todos os cristãos, na diversidade das tradições, dos ritos e das línguas. Confortados pela Palavra de Cristo, que promete aos fiéis "rios de água viva" (Jn 7,38), e pela imagem dos muitos membros unidos no único corpo (cf. 1Co 12,12-13), vivemos a experiência de um renovado Pentecostes.

Queridos irmãos e irmãs, regressei aqui ao Vaticano, com a alma repleta de gratidão a Deus e com sentimentos de sincero afecto e estima pelos habitantes da amada nação turca, pelos quais me senti acolhido e compreendido. A simpatia e a cordialidade de que me circundaram, apesar das dificuldades inevitáveis que a minha visita causou ao normal cumprimento das suas actividades quotidianas, permanecem em mim como uma recordação viva que me impele à oração. Deus omnipotente e misericordioso ajude o povo turco, os seus governantes e os representantes das várias religiões, a construírem juntos um futuro de paz, a fim de que a Turquia possa ser uma "ponte" de amizade e de colaboração fraterna entre o Ocidente e o Oriente. Além disso, oremos também para que, por intercessão de Maria Santíssima, o Espírito Santo torne fecunda esta viagem apostólica, e anime no mundo inteiro a missão da Igreja, instituída por Cristo para anunciar a todos os povos o Evangelho da verdade, da paz e do amor.




13 de Dezembro 2006: Timóteo e Tito: os colaboradores mais estreitos de Paulo

13126
Saudação aos fiéis das Dioceses da Calábria
e seus Bispos em visita "ad Limina"

Queridos irmãos e irmãs!

Agradeço-vos a vossa presença e sinto-me feliz por dirigir a cada um de vós as minhas cordiais boas-vindas. Saúdo antes de tudo os fiéis das Dioceses da Calábria, aqui presentes com os seus Bispos por ocasião da visita ad limina Apostolorum. Queridos amigos, a Igreja que vive na Calábria e aqui representada nas suas componentes vivas Bispos, sacerdotes, pessoas consagradas e fiéis leigos desempenha um papel fundamental que deve continuar a desenvolver-se na sociedade calabresa. Refiro-me antes de tudo à sua missão evangelizadora, urgente como nunca também neste nosso tempo para enfrentar os actuais desafios culturais, sociais e religiosos. Por conseguinte, não vos canseis de haurir com coragem do Evangelho a luz e a força para promover um autêntico renascimento moral, social e económico da vossa Região. Sede testemunhas jubilosas de Cristo e incansáveis construtores do seu Reino de justiça e de amor. Por fim, expresso desde já, sentida gratidão à Calábria pelo dom da árvore de Natal, que foi colocada na Praça de São Pedro precisamente hoje. Vi-a da minha janela.

Saúdo também os numerosos estudantes e em particular os provenientes da Arquidiocese de Trani-Barletta-Biscaglie. Neste tempo do Advento, Maria acompanha-nos rumo ao encontro com Jesus, no mistério do seu Natal. A ela, que venerámos ontem com o título de Virgem de Guadalupe, Padroeira do Continente americano, confio todos vós, queridos jovens. Que o convite que ela fez em Caná aos servos "Fazei o que Ele vos disser" (
Jn 2,5) vos estimule a abrir o coração à palavra de Cristo e a fazê-la frutificar na vossa vida. Abençoo-vos a todos com afecto.
***





Queridos irmãos e irmãs!

Depois de ter falado longamente sobre o grande apóstolo Paulo, hoje tomamos em consideração os seus dois colaboradores mais estreitos: Timóteo e Tito. São dirigidas a eles três Cartas tradicionalmente atribuídas a Paulo, das quais duas são destinadas a Timóteo e uma a Tito.

Timóteo é um nome grego e significa "que honra Deus". Enquanto Lucas nos Actos o menciona seis vezes, Paulo nas suas cartas faz referência a ele dezassete vezes (além disso encontrámo-lo uma vez na Carta aos Hebreus). Deduz-se que aos olhos de Paulo ele gozava de grande consideração, mesmo se Lucas não considera que deva narrar tudo o que lhe diz respeito. De facto, o Apóstolo encarregou-o de missões importantes e viu nele quase um alter ego, como resulta do grande elogio que dele traça na Carta aos Filipenses: "É que não tenho ninguém com igual disposição (isópsychon), que tão sinceramente se preocupe pela vossa vida" (Ph 2,20).

Timóteo tinha nascido em Listra (cerca de 200 km a nordeste de Tarso) de mãe judia e de pai pagão (cf. Ac 16,1). O facto que a mãe tivesse contraído um matrimónio misto e não tivesse feito circuncidar o filho deixa pensar que Timóteo tenha crescido numa família não estrictamente observante, mesmo se foi dito que conhecia as Escrituras desde a infância (cf. 2Tm 3,15). Foi-nos transmitido o nome da mãe, Eunice, e também o da avó, Loide (cf. 2Tm 1,5). Quando Paulo passou por Listra no início da segunda viagem missionária, escolheu Timóteo como companheiro, porque "era muito estimado pelos irmãos de Listra e de Icóneo" (Ac 16,2), mas fê-lo circuncidar "por causa dos judeus existentes naquelas regiões" (Ac 16,3).

Juntamente com Paulo e Silas, Timóteo atravessou a Ásia Menor até Tróade, de onde passou à Macedónia. Além disso, estamos informados de que em Filipos, onde Paulo e Silas foram envolvidos na acusação de espalhar desordens públicas e foram aprisionados por se terem oposto à exploração por parte de alguns indivíduos sem escrúpulos de uma jovem mulher como maga (cf. Ac 16,16-40), Timóteo foi poupado. Depois, quando Paulo foi obrigado a prosseguir até Atenas, Timóteo alcançou-o naquela cidade e ali foi enviado à jovem Igreja de Tessalónica para ter notícias e para a confirmar na fé (cf. 1Th 3,1-2). Foi ter depois com o Apóstolo em Corinto, levando-lhe boas notícias sobre os Tessalonicenses e colaborando com ele na evangelização daquela cidade (cf. 2Co 1,19).

Reencontramos Timóteo em Éfeso durante a terceira viagem missionária de Paulo. Dali provavelmente o Apóstolo escreveu a Filemon e aos Filipenses, e nas duas cartas a Timóteo resulta co-autor (cf. Phm 1,1 Ph 1,1). De Éfeso, Paulo enviou-o à Macedónia juntamente com um certo Erasto (cf. Ac 19,22) e depois também a Corinto com o cargo de levar uma carta, na qual recomendava aos Coríntios que o acolhessem calorosamente (cf. 1Co 4,17 1Co 16,10-11).

Encontrámo-lo ainda como co-autor da Segunda Carta aos Coríntos, e quando de Corinto Paulo escreve a Carta aos Romanos une nela, juntamente com as dos demais, as saudações de Timóteo (cf. Rm 16,21). De Corinto o discípulo partiu de novo para alcançar Tróade na margem asiática do Mar Egeu e ali aguardar o Apóstolo que ia para Jerusalém na conclusão da terceira viagem missionária (cf. Ac 20,4). A partir daquele momento sobre a biografia de Timóteo as fontes antigas dão-nos apenas uma referência na Carta aos Hebreus, na qual se lê: "Sabei que o nosso irmão Timóteo foi posto em liberdade. Se vier depressa, irei ver-vos com Ele" (He 13,23). Em conclusão, podemos dizer que a figura de Timóteo sobressai como a de um pastor de grande relevo. Segundo a posterior História eclesiástica de Eusébio, Timóteo foi o primeiro Bispo de Éfeso (cf. 3, 4). Algumas das suas relíquias encontram-se desde 1239 na Itália na Catedral de Termoli no Molise, provenientes de Constantinopla.

Depois, quanto à figura de Tito, cujo nome é de origem latina, sabemos que era grego de nascença, isto é, pagão (cf. Ga 2,3). Paulo levou-o consigo a Jerusalém para o chamado Concílio apostólico, no qual foi solenemente aceite a pregação aos pagãos do Evangelho, que libertava dos condicionamentos da lei moisaica. Na Carta a ele dirigida, o Apóstolo elogia-o definindo-o "meu verdadeiro filho na fé comum" (Tt 1,4). Depois da partida de Timóteo de Corinto, Paulo enviou Tito a essa cidade com a tarefa de reconduzir aquela indócil comunidade à obediência. Tito restabeleceu a paz entre a Igreja de Corinto e o Apóstolo, que lhe escreveu nestes termos: "Deus, porém, que consola os humildes, consolou-nos com a chegada de Tito, e não só com a sua chegada mas também com a consolação que ele tinha recebido de vós.

Contou-nos ele o vosso vivo desejo, a vossa aflição, a vossa solicitude por mim... Foi por isso que ficámos consolados" (2Co 7,6-7 2Co 7,13). Tito foi enviado de novo a Corinto por Paulo que o qualifica como "meu companheiro e colaborador" (2Co 8,23) para ali organizar a conclusão das colectas em favor dos cristãos de Jerusalém (cf. 2Co 8,6). Ulteriores notícias provenientes das Cartas Pastorais qualificam-no como Bispo de Creta (cf. Tt 1,5), de onde, a convite de Paulo, alcançou o Apóstolo em Nicópoles no Éfiro (cf. Tt 3,12). Não possuímos outras informações sobre os deslocamentos seguintes de Tito e sobre a sua morte.

Para concluir, se consideramos Timóteo e Tito unitariamente nas suas duas figuras, apercebemo-nos de alguns dados significativos. O mais importante é que Paulo se serviu de colaboradores para o desempenho das suas missões. Ele permanece certamente o Apóstolo por antonomásia, fundador e pastor de muitas Igrejas. Contudo é evidente que ele não fazia tudo sozinho, mas apoiava-se em pessoas de confiança que partilhavam as suas fadigas e as suas responsabilidades. Outra observação refere-se à disponibilidade destes colaboradores. As fontes relativas a Timóteo e a Tito põem bem em realce a sua disponibilidade para assumir vários cargos, que muitas vezes consistiam em representar Paulo também em ocasiões não fáceis.

Numa palavra, eles ensinam-nos a servir o Evangelho com generosidade, sabendo que isto obriga também a um serviço à própria Igreja. Por fim, aceitemos a recomendação que o apóstolo Paulo faz a Tito na carta a ele dirigida: "desejo que tu fales com firmeza destas coisas, para que os que acreditaram em Deus, se empenhem na prática de boas obras, pois isso é bom e útil para os homens" (Tt 3,8). Mediante o nosso compromisso concreto devemos e podemos descobrir a verdade destas palavras, e precisamente neste tempo de Advento sermos nós também ricos de obras boas e assim abrir as portas do mundo a Cristo, o nosso Salvador.





Audiências 2005-2013 15116