Audiências 2005-2013 28037

28 de Março 2007: Santo Ireneu de Lião

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Queridos irmãos e irmãs!

Nas catequeses sobre as grandes figuras da Igreja dos primeiros séculos chegamos hoje à personalidade eminente de Santo Ireneu de Lião. As notícias biográficas sobre ele provêm do seu próprio testemunho, que nos foi transmitido por Eusébio no quinto livro da História Eclesiástica.

Ireneu nasceu com toda a probabilidade em Esmirna (hoje Izmir, na Turquia) por volta do ano 135-140, onde ainda jovem frequentou a escola do Bispo Policarpo, por sua vez discípulo do apóstolo João. Não sabemos quando se transferiu da Ásia Menor para a Gália, mas a transferência certamente coincidiu com os primeiros desenvolvimentos da comunidade cristã de Lião: aqui, no ano 117, encontramos Ireneu incluído no colégio dos presbíteros. Precisamente naquele ano ele foi enviado para Roma, portador de uma carta da comunidade de Lião ao Papa Eleutério. A missão romana subtraiu Ireneu à perseguição de Marco Aurélio, que causou pelo menos quarenta e oito mártires, entre os quais o próprio Bispo de Lião, Potino que, com noventa anos, faleceu por maus-tratos no cárcere. Assim, com o seu regresso, Ireneu foi eleito Bispo da cidade. O novo Pastor dedicou-se totalmente ao ministério episcopal, que se concluiu por volta de 202-203, talvez com o martírio.

Ireneu é antes de tudo um homem de fé e Pastor. Do bom Pastor tem o sentido da medida, a riqueza da doutrina, o fervor missionário. Como escritor, busca uma dupla finalidade: defender a verdadeira doutrina contra os ataques heréticos, e expor com clareza a verdade da fé.

Correspondem exactamente a estas finalidades as duas obras que dele permanecem: os cinco livros Contra as Heresias, e a Exposição da pregação apostólica (que se pode também chamar o mais antigo "catecismo da doutrina cristã"). Em suma, Ireneu é o campeão da luta contra as heresias. A Igreja do século II estava ameaçada pela chamada gnose, uma doutrina que afirmava que a fé ensinada na Igreja seria apenas um simbolismo para os simples, que não são capazes de compreender coisas difíceis; ao contrário, os idosos, os intelectuais chamavam-se gnósticos teriam compreendido o que está por detrás destes símbolos, e assim teriam formado um cristianismo elitista, intelectualista. Obviamente este cristianismo intelectualista fragmentava-se cada vez mais em diversas correntes com pensamentos muitas vezes estranhos e extravagantes, mas para muitos era atraente. Um elemento comum destas diversas correntes era o dualismo, isto é, negava-se a fé no único Deus Pai de todos, Criador e Salvador do homem e do mundo. Para explicar o mal no mundo, eles afirmavam a existência, em paralelo com o Deus bom, de um princípio negativo. Este princípio negativo teria produzido as coisas materiais, a matéria.

Radicando-se firmemente na doutrina bíblica da criação, Ireneu contesta o dualismo e o pessimismo gnóstico que diminuíam as realidades corpóreas. Ele reivindicava decididamente a santidade originária da matéria, do corpo, da carne, não menos que a do espírito. Mas a sua obra vai muito mais além da confutação da heresia: pode-se dizer de facto que ele se apresenta como o primeiro grande teólogo da Igreja, que criou a teologia sistemática; ele mesmo fala do sistema da teologia, isto é, da coerência interna de toda a fé. No centro da sua doutrina situa-se a questão da "regra da fé" e da sua transmissão. Para Ireneu a "regra da fé" coincide na prática com o Credo dos Apóstolos, e dá-nos a chave para interpretar o Evangelho, para interpretar o Credo à luz do Evangelho. O símbolo apostólico, que é uma espécie de síntese do Evangelho, ajuda-nos a compreender o que significa, como devemos ler o próprio Evangelho.

De facto o Evangelho pregado por Ireneu é o mesmo que recebeu de Policarpo, Bispo de Esmirna, e o Evangelho de Policarpo remonta ao apóstolo João, do qual Policarpo era discípulo. E assim o verdadeiro ensinamento não é o que foi inventado pelos intelectuais além da fé simples da Igreja. O verdadeiro Evangelho é o que foi transmitido pelos Bispos que o receberam numa sucessão ininterrupta dos Apóstolos. Eles outra coisa não ensinaram senão precisamente esta fé simples, que é também a verdadeira profundidade da revelação de Deus. Assim diz-nos Ireneu não há uma doutrina secreta por detrás do Credo comum da Igreja. Não existe um cristianismo superior para intelectuais. A fé publicamente confessada pela Igreja é a fé comum de todos. Só esta fé é apostólica, vem dos Apóstolos, isto é, de Jesus e de Deus. Aderindo a esta fé transmitida publicamente pelos Apóstolos aos seus sucessores, os cristãos devem observar o que os Bispos dizem, devem considerar especialmente o ensinamento da Igreja de Roma, preeminente e antiquíssima. Esta Igreja, devido à sua antiguidade, tem a maior apostolicidade, de facto haure origem das colunas do Colégio apostólico, Pedro e Paulo. Com a Igreja de Roma devem harmonizar-se todas as Igrejas, reconhecendo nela a medida da verdadeira tradição apostólica, da única fé comum da Igreja. Com estas argumentações, aqui resumidas muito brevemente, Ireneu contesta desde os fundamentos as pretensões destes gnósticos, destes intelectuais: antes de tudo eles não possuem uma verdade que seria superior à da fé comum, porque o que dizem não é de origem apostólica, é por eles inventado; em segundo lugar, a verdade e a salvação não são privilégio nem monopólio de poucos, mas todos as podem alcançar através da pregação dos sucessores dos Apóstolos, e sobretudo do Bispo de Roma. Em particular sempre polemizando com o carácter "secreto" da tradição gnóstica, e observando os seus numerosos êxitos entre si contraditórios Ireneu preocupa-se por ilustrar o conceito genuíno de Tradição apostólica, que podemos resumir em três pontos.

a) A Tradição apostólica é "pública", não privada ou secreta. Ireneu não duvida minimamente de que o conteúdo da fé transmitida pela Igreja é o que recebeu dos Apóstolos e de Jesus, do Filho de Deus. Não existe outro ensinamento além deste. Portanto quem quiser conhecer a verdadeira doutrina é suficiente que conheça "a Tradição que vem dos Apóstolos e a fé anunciada aos homens": tradição e fé que "chegaram até nós através da sucessão dos Bispos" (Adv. Haer.3, 3, 3-4). Assim, sucessão dos Bispos, princípio pessoal; e Tradição apostólica, princípio doutrinal coincidem.

b) A Tradição apostólica é "única". De facto, enquanto o gnosticismo se subdivide em numerosas seitas, a Tradição da Igreja é única nos seus conteúdos fundamentais, a que como vimos Ireneu chama precisamente regula fidei ou veritatis: e isto porque é única, gera unidade através dos povos, através das culturas diversas, através dos povos diversos; é um conteúdo comum como a verdade, apesar da diversidade das línguas e das culturas. Há uma frase muito preciosa de Santo Ireneu no livro Contra as heresias: "A Igreja, apesar de estar espalhada por todo o mundo, conserva com solicitude [a fé dos Apóstolos], como se habitasse numa só casa; ao mesmo tempo crê nestas verdades, como se tivesse uma só alma e um só coração; em plena sintonia com estas verdades proclama, ensina e transmite, como se tivesse uma só boca. As línguas do mundo são diversas, mas o poder da tradição é único e é o mesmo: as Igrejas fundadas nas Alemanhas não receberam nem transmitiram uma fé diversa, nem as que foram fundadas nas Espanhas ou entre os Celtas ou nas regiões orientais ou no Egipto ou na Líbia ou no centro do mundo" (1, 10, 1-2). Já se vê neste momento, estamos no ano 200, a universalidade da Igreja, a sua catolicidade e a força unificadora da verdade, que une estas realidades tão diversas, da Alemanha à Espanha, à Itália, ao Egipto, à Líbia, na comum verdade que nos foi revelada por Cristo.

c) Por fim, a Tradição apostólica é como ele diz na língua grega na qual escreveu o seu livro, "pneumática", isto é, espiritual, guiada pelo Espírito Santo: em grego espírito diz-se pneuma. De facto, não se trata de uma transmissão confiada à habilidade de homens mais ou menos doutos, mas ao Espírito de Deus, que garante a fidelidade da transmissão da fé. Esta é a "vida" da Igreja, o que torna a Igreja sempre vigorosa e jovem, isto é, fecunda de numerosos carismas. Igreja e Espírito para Ireneu são inseparáveis: "Esta fé", lemos ainda no terceiro livro Contra as heresias, "recebemo-la da Igreja e conservámo-la: a fé, por obra do Espírito de Deus, como um depósito precioso guardado num vaso de valor rejuvenesce sempre e faz rejuvenescer também o vaso que a contém. Onde estiver a Igreja, ali está o Espírito de Deus; e onde estiver o Espírito de Deus, ali está a Igreja com todas as graças" (3, 24, 1).

Como se vê, Ireneu não se limita a definir o conceito de Tradição. A sua tradição, a Tradição ininterrupta, não é tradicionalismo, porque esta Tradição é sempre internamente vivificada pelo Espírito Santo, que a faz de novo viver, a faz ser interpretada e compreendida na vitalidade da Igreja. Segundo o seu ensinamento, a fé da Igreja deve ser transmitida de modo que apareça como deve ser, isto é, "pública", "única", "pneumática", "espiritual". A partir de cada uma destas características podemos realizar um frutuoso discernimento sobre a autêntica transmissão da fé no hoje da Igreja. Mais em geral, na doutrina de Ireneu a dignidade do homem, corpo e alma, está firmemente ancorada na criação divina, na imagem de Cristo e na obra permanente de santificação do Espírito. Esta doutrina é como uma "via-mestra" para esclarecer juntamente com todas as pessoas de boa vontade o objecto e os confins do diálogo sobre os valores, e para dar impulso sempre renovado à acção missionária da Igreja, à força da verdade que é a fonte de todos os valores verdadeiros do mundo.
* * *


Amados irmãos e irmãs!

A todos os peregrinos de língua portuguesa, especialmente os brasileiros do Movimento de Schönstatt faço votos de uma feliz estadia em Roma, com o auspicio de que possam recolher junto ao túmulo de Pedro o sentido e a esperança de união com Cristo e com a sua Igreja.

Saúdo os peregrinos de língua italiana.

Em particular, os Bispos das Dioceses da Sicília, que realizam nestes dias a visita "ad limina Apostolorum" e os fiéis que os acompanham.

Queridos Irmãos no Episcopado, gostaria de vos repetir quanto o Apóstolo Paulo recomendava a Timóteo: anunciai integralmente a Palavra de Deus, insisti em todos os momentos oportuna e inoportunamente, admoestai, repreendei, exortai com toda a magnanimidade e doutrina (cf.
2Tm 4,2). Apoiai com o vosso exemplo os sacerdotes, as pessoas consagradas e os fiéis leigos da Sicília, para que continuem a testemunhar Cristo e o seu Evangelho, com renovado impulso e fervor. Jamais receio algum surpreenda e perturbe o coração de todos vós, queridos irmãos e irmãs.

Quem segue Cristo não se amedronta face às dificuldades; quem confia n'Ele prossegue com segurança. Sede construtores de paz na legalidade e no amor, oferecendo luz aos homens do nosso tempo, os quais mesmo se absorvidos pelos afãs da vida quotidiana, sentem a chamada das realidades externas.




4 de Abril 2007: O Tríduo Pascal

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Queridos irmãos e irmãs!

Quando se está para concluir o itinerário quaresmal, que teve início com a Quarta-Feira de Cinzas, a hodierna liturgia da Quarta-Feira Santa introduz-nos já no clima dramático dos próximos dias, permeados da recordação da paixão e morte de Cristo. De facto, na liturgia de hoje, o evangelista Mateus repropõe à nossa meditação o breve diálogo que Jesus teve no Cenáculo com Judas. "Porventura sou eu, Rabbi?", pergunta o traidor ao Mestre divino, que tinha prenunciado: "Em verdade vos digo: um de vós Me há-de entregar". Foi incisiva a resposta do Senhor: "Tu o dizes" (cf.
Mt 26,14-25). Por seu lado São João conclui a narração do anúncio da traição de Judas com poucas palavras, mas significativas: "E era noite" (Jn 13,30), quando o traidor abandona o Cenáculo, intensifica-se a escuridão no seu coração é noite interior aumenta o desânimo no coração dos outros discípulos também eles se encaminham para a noite enquanto trevas de abandono e de ódio se adensam sobre o Filho do Homem que se encaminha para consumar o seu sacrifício na cruz. O que comemoraremos nos próximos dias é o confronto supremo entre a Luz e as Trevas, entre a Vida e a Morte. Também nós nos devemos enquadrar neste contexto, conscientes da nossa "noite", das nossas culpas e das nossas responsabilidades, se desejamos reviver com proveito espiritual o Mistério pascal, se desejamos chegar à luz do coração mediante este Mistério, que constitui o ponto central da nossa fé.

O início do Tríduo Pascal é a Quinta-Feira Santa, amanhã. Durante a Missa Crismal, que pode ser considerada como o prelúdio do Triduo Sacro, o Pastor diocesano e os seus colaboradores mais estreitos, os presbíteros, circundados pelo Povo de Deus, renovam as promessas formuladas no dia da Ordenação sacerdotal. Trata-se, ano após ano, de um momento de forte comunhão eclesial, que realça o dom do sacerdócio ministerial deixado por Cristo à sua Igreja, na vigília da sua morte na cruz. E para cada sacerdote é um momento comovedor nesta vigília da Paixão, na qual o Senhor se nos deu a Si mesmo, nos deu o sacramento da Eucaristia, nos deu o Sacerdócio.

É um dia que comove todos os nossos corações. Depois, são abençoados os Óleos para a celebração dos Sacramentos: o Óleo dos Catecúmenos, o Óleo dos Enfermos e o Sagrado Crisma. À noite, entrando no Tríduo Pascal, a comunidade cristã revive na Missa in Cena Domini o que aconteceu na última Ceia. No Cenáculo o Redentor quis antecipar, no Sacramento do pão e do vinho transformados no seu Corpo e no seu Sangue, o sacrifício da sua vida: ele antecipa esta sua morte, entrega livremente a sua vida, oferece o dom definitivo de si à humanidade. Com o lava-pés, repete-se o gesto com que Ele, tendo amado os seus, os amou até ao extremo (cf. Jn 13,1) e deixou aos discípulos como seu distintivo este acto de humildade, o amor até à morte. Depois da Missa in Cena Domini, a liturgia convida os fiéis a estar em adoração do Santíssimo Sacramento, revivendo a agonia de Jesus no Getsémani. E vemos como os discípulos dormiram, deixando o Senhor sozinho. Também hoje nós, seus discípulos, muitas vezes dormimos. Nesta noite santa do Getsémani queremos estar vigilantes, não queremos deixar o Senhor sozinho nesta hora; assim podemos compreender melhor o mistério da Quinta-Feira Santa, que inclui o tríplice dom do Sacerdócio ministerial, da Eucaristia e do mandamento novo do amor (ágape).

A Sexta-Feira Santa, que comemora os eventos que vão da condenação à morte até à crucifixão de Cristo, é um dia de penitência, de jejum e de oração, de participação na Paixão do Senhor. Na hora estabelecida, a Assembleia cristã repercorre, com a ajuda da Palavra de Deus e dos gestos litúrgicos, a história da infidelidade humana ao desígnio divino, que contudo se realiza precisamente assim, e ouve de novo a narração comovedora da Paixão dolorosa do Senhor. Dirige depois ao Pai celeste a longa "oração dos fiéis", que inclui todas as necessidades da Igreja e do mundo. Em seguida, a Comunidade adora a Cruz e aproxima-se da Eucaristia, consumando as espécies sagradas conservadas da Missa in Cena Domini do dia anterior. Ao comentar a Sexta-Feira Santa, São João Crisóstomo observa: "Primeiro a cruz significava desprezo, mas hoje é esperança de salvação. Tornou-se verdadeiramente fonte de bens infinitos; libertou-nos do erro, dissipou as nossas trevas, reconciliou-nos com Deus, transformou-nos de inimigos em seus familiares, de estrangeiros em seus próximos: esta cruz é a destruição da inimizade, a fonte da paz, o cofre do nosso tesouro (De cruce et latrone I, 1, 4). Para reviver de modo mais intenso a Paixão do Redentor, a tradição cristã deu vida a numerosas manifestações de piedade popular, entre as quais as procissões da Sexta-Feira Santa com os ritos sugestivos que se repetem todos os anos. Mas há uma prática piedosa, a da Via-Sacra, que nos oferece durante todo o ano a possibilidade de imprimir cada vez mais profundamente no nosso coração o mistério da Cruz, de ir com Cristo por este caminho e assim conformar-nos interiormente com Ele. Poderíamos dizer que a Via-Sacra nos educa, usando uma expressão de São Leão Magno, a "ver com os olhos do coração Cristo crucificado, para reconhecer na sua carne a nossa própria carne" (Disc. 15 sobre a paixão do Senhor). Consiste precisamente nisto a verdadeira sabedoria do cristão, que desejamos aprender seguindo a Via-Sacra precisamente na Sexta-Feira Santa no Coliseu.

O Sábado Santo é o dia em que a liturgia silencia, o dia do grande silêncio, e os cristãos são convidados a guardar um recolhimento interior, muitas vezes difícil de manter neste nosso tempo, para se prepararem melhor para a Vigília Pascal. Em muitas comunidades são organizados ritos espirituais e encontros de oração mariana, quase para se unir à Mãe do Redentor, que aguarda com trepidante confiança a ressurreição do Filho crucificado. Finalmente na Vigília pascal o véu de tristeza, que envolve a Igreja pela morte e a sepultura do Senhor, será rasgado pelo grito da vitória: Cristo ressuscitou e derrotou para sempre a morte! Então poderíamos compreender verdadeiramente o mistério da Cruz, "como Deuz cria prodígios até na impossibilidade escreve um autor antigo para que se saiba que só ele pode fazer o que quer. Da sua morte a nossa vida, das suas chagas a nossa cura, da sua queda a nossa ressurreição, da sua descida a nossa exaltação" (Anonimo Quartodecimano). Animados por uma fé mais firme, no centro da Vigília pascal acolheremos os recém-baptizados e renovaremos as promessas do nosso Baptismo. Assim experimentaremos que a Igreja está sempre viva, rejuvenesce sempre, é sempre bela e santa, porque se apoia em Cristo que, tendo ressuscitado, jamais morrerá.

Queridos irmãos e irmãs, o Mistério pascal, que o Tríduo Sacro nos fará reviver, não é só recordação de uma realidade que passou, é realidade actual: também hoje Cristo vence com o seu amor o pecado e a morte. O Mal, em todas as suas formas, não tem a última palavra. O triunfo final é de Cristo, da verdade e do amor! Se com Ele estamos dispostos a sofrer e a morrer, recordar-nos-á São Paulo na Vigília pascal, a sua vida torna-se a nossa vida (cf. Rm 6,9). Sobre esta certeza se baseia e se constrói a nossa existência cristã. Invocando a intercessão de Maria Santíssima, que seguiu Jesus pelo caminho da Paixão e da Cruz e o abraçou depois da sua deposição, desejo a todos vós que participeis devotamente no Tríduo Pascal para sentir a alegria da Páscoa juntamente com todos os que vos são queridos.

Saudações

Amados Irmãos e Irmãs:

Saúdo cordialmente os numerosos visitantes provenientes do Brasil e de Portugal, mormente os peregrinos do Instituto Cultural António Ferreira Gomes, do Porto: que a vinda a Roma vos fortaleça na fé e avive no vosso ânimo a coragem para testemunhar a grandeza do amor de Jesus Cristo, vencedor do mal, pelo seu sofrimento, e ressuscitado para ser a nossa esperança e a nossa paz. A todos desejo uma feliz e santa Páscoa!

Saúdo cordialmente os peregrinos polacos. Nestes dias, recordámos o segundo aniversário da morte do amado João Paulo II. Agradeço a todos a constante oração junto do seu túmulo. Alegro-me convosco pelo progresso do seu Processo de beatificação. Que o ensinamento do Servo de Deus mude a vida de cada polaco e a vida de cada família polaca. Desejo a todos vós uma intensa experiência espiritual durante esta Semana Santa e felizes festas pascais.

Saúdo de coração os peregrinos croatas, particularmente os jovens de Espálato! Nestes santos dias sentis a grandeza do amor que nos mostrou o Filho de Deus com a instituição da Eucaristia e do sacerdócio, com a sua dolorosa paixão e morte na cruz, e com a gloriosa ressurreição. Agradecei-lhe com fé firme e com amor fiel. Louvados sejam Jesus e Maria!

Por fim, saúdo cordialmente os jovens, os doentes e os recém-casados. Entraremos amanhã no Tríduo Pascal que nos fará reviver os mistérios centrais da nossa salvação. Convido-vos a vós, queridos jovens, a olhar para a Cruz e haurir dela a luz para caminhar fielmente pelas pegadas do Redentor. Para vós, queridos doentes, a Paixão do Senhor, que culmina no triunfo glorioso da Páscoa, constitua sempre, especialmente nos momentos de prova, fonte de esperança e de conforto. E vós, estimados recém-casados, predisponde os vossos corações para celebrar com intensa participação o Mistério pascal, para que a vossa existência se torne todos os dias um dom recíproco, aberto ao amor fecundo de bem.



11 de Abril 2007: Oitava de Páscoa

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Queridos irmãos e irmãs!

Encontramo-nos hoje, depois das solenes celebrações da Páscoa para o habitual encontro da quarta-feira, e o meu desejo é antes de tudo renovar a cada um de vós os mais fervorosos bons votos. Agradeço-vos a vossa presença tão numerosa e agradeço ao Senhor pelo sol que hoje nos concede. Na vigília pascal ressoou este anúncio: "Verdadeiramente o Senhor ressuscitou, aleluia!".

Agora é Ele mesmo quem nos fala: "Não morrerei proclama permanecerei vivo". Aos pecadores diz: "Recebei o perdão dos pecados. De facto, sou Eu o vosso perdão". Por fim, repete a todos: "Eu sou a Páscoa da salvação, o Cordeiro imolado por vós, o vosso resgate, a vossa vida, a vossa ressurreição, a vossa luz, a vossa salvação, o vosso rei. Mostrar-vos-ei o Pai". Assim se expressa um escritor do século II, Melitão de Sardes, interpretando com realismo as palavras e o pensamento do Ressuscitado (Sobre a Páscoa, 102-103).

Nestes dias, a liturgia recorda vários encontros que Jesus teve depois da sua ressurreição: com Maria Madalena e com as outras mulheres que foram ao sepulcro de manhã cedo, no dia depois do sábado; com os Apóstolos reunidos incrédulos no Cenáculo; com Tomé e os outros discípulos.

Estas suas diversas aparições constituem também para nós um convite para aprofundar a mensagem fundamental da Páscoa; estimulam-nos a repercorrer o itinerário de quantos encontraram Cristo e o reconheceram naqueles primeiros dias depois dos acontecimentos pascais.

O evangelista João narra que Pedro e ele mesmo, tendo ouvido a notícia dada por Maria Madalena, tinham corrido, quase em competição, ao sepulcro (cf.
Jn 20,3s). Os Padres da Igreja viram neste seu rápido apressar-se para o túmulo vazio uma exortação daquela única competição legítima entre crentes: a competição na busca de Cristo. E o que dizer de Maria Madalena?

Chorando, permanece ao lado do túmulo vazio unicamente com o desejo de saber para onde levaram o seu Mestre. Reencontra-o e reconhece-o quando Ele a chama pelo nome (cf. Jn 20,11-18). Também nós, se procurarmos o Senhor com espírito simples e sincero, o encontraremos, aliás, será Ele mesmo que virá ao nosso encontro; far-se-á reconhecer, chamar-nos-á pelo nome, isto é, far-nos-á entrar na intimidade do seu amor.

Hoje, quarta-feira entre a Oitava de Páscoa, a liturgia faz-nos meditar sobre outro encontro singular do Ressuscitado, o que teve com os dois discípulos de Emaús (cf. Lc 24,13-35). Quando, desconfortados pela morte do seu Mestre, regressavam para casa, o Senhor fez-se seu companheiro de caminho sem que eles o reconhecessem. As suas palavras, a comentar as Escrituras que lhe dizem respeito, tornaram fervorosos os corações dos dois discípulos que, tendo chegado ao destino, lhe pediram para permanecer com eles. Quando, no final, Ele "tomou o pão, pronunciou a bênção, o partiu e lho deu" (v. 30), os seus olhos abriram-se. Mas naquele mesmo momento Jesus subtraiu-se ao seu olhar. Portanto, reconheceram-n'O quando Ele desapareceu. Ao comentar este episódio evangélico, Santo Agostinho observa: "Jesus parte o pão, reconhecem-no.

Então nós já não dizemos que não conhecemos o Cristo! Se cremos, conhecemo-lo! Aliás, se cremos, temo-lo! Tinham Cristo à sua mesa, nós temo-lo na nossa alma!". E conclui: "Ter Cristo no próprio coração é muito mais do que tê-lo na própria casa: de facto, o nosso coração é-nos mais íntimo do que a nossa casa" (Discurso 232, VII, 7). Procuremos realmente levar Jesus no coração.

No prefácio dos Actos dos Apóstolos, São Lucas afirma que o Senhor ressuscitado "se mostrou (aos apóstolos) vivo, depois da sua paixão, com muitas provas, aparecendo-lhes por quarenta dias" (Ac 1,3). É necessário compreender bem: quando o autor sagrado diz que "se mostrou vivo" não significa que Jesus regressou à vida anterior, como Lázaro. A Páscoa que nós celebramos, observa São Bernardo, significa "passagem" e não "regresso", porque Jesus não voltou à situação anterior, mas "ultrapassou uma fronteira para uma condição mais gloriosa", nova e definitiva. Por isso, ele acrescenta, "agora, o Cristo passou verdadeiramente para uma vida nova" (cf. Discurso sobre a Páscoa).

O Senhor dissera a Maria Madalena: "Não me detenhas, porque ainda não subi para Meu Pai" (Jn 20,17). Uma expressão que nos surpreende, sobretudo se for confrontada com o que acontece com o incrédulo Tomé. Ali, no Cenáculo, foi o próprio Ressuscitado que apresentou as mãos e o lado ao Apóstolo para que os tocasse e, assim, tivesse a certeza que era precisamente Jesus (cf. Lc 20,27). Na realidade, os dois episódios não estão em contraste; ao contrário, um ajuda a compreender o outro. Maria Madalena gostaria de voltar a ter o seu Mestre como antes, considerando a cruz uma dramática recordação para esquecer. Mas agora já não há lugar para um relacionamento com o Ressuscitado que seja meramente humano. Para se encontrar com ele não é preciso voltar atrás, mas pôr-se de maneira nova em relação com ele: é necessário prosseguir!

Ressalta isto São Bernardo: Jesus "convida-nos a todos para esta vida nova, para esta passagem... Nós não veremos o Cristo voltando-nos para trás" (Discurso sobre a Páscoa). Foi o que aconteceu com Tomé. Jesus mostra-lhe as suas feridas não para esquecer a cruz, mas para fazer com que seja inesquecível também no futuro.

De facto, é para o futuro que o olhar já está projectado. É tarefa do discípulo testemunhar a morte e a ressurreição do seu mestre e a sua vida nova. Por isso Jesus convida o incrédulo seu amigo a "tocá-lo": deseja fazer dele testemunha directa da sua ressurreição. Queridos irmãos e irmãs, também nós, como Maria Madalena, Tomé e os outros apóstolos, somos chamados a ser testemunhas da morte e ressurreição de Cristo. Não podemos conservar para nós a grande notícia.

Devemos levá-la ao mundo inteiro: "Vimos o Senhor" (Jn 20,25). Ajude-nos a Virgem Maria a viver plenamente a alegria pascal, para que, amparados pela força do Espírito Santo, nos tornemos capazes de a difundir por nossa vez onde quer que vivamos e trabalhemos. Mais uma vez, Boa Páscoa a todos vós!

Saudação

Amados irmãos e irmãs!

As minhas saudações cordiais e votos de felicidades, alegria e paz em Jesus Cristo, nossa Páscoa aos presentes vindos do Brasil e a todos os peregrinos de língua portuguesa.

Grato pela vossa presença, quero encorajar a fé que vos trouxe a Roma, a vossa fé pascal; que ela se traduza em boas obras, dando testemunho de que "ressuscitastes" com Cristo, para uma "vida nova" como batizados. E que Nossa Senhora seja para todos amparo na fidelidade a Deus e ao próximo! Que Deus vos abençoe!



18 de Abril 2007: Clemente de Alexandria

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Amados irmãos e irmãs!

Depois do tempo das festas voltamos às catequeses normais, mesmo se visivelmente na Praça ainda é festa. Com as catequeses voltamos, como disse, à sequência antes iniciada. Primeiro falámos dos Doze Apóstolos, depois dos discípulos dos Apóstolos, agora das grandes personalidades da Igreja nascente, da Igreja antiga. O último foi Santo Ireneu de Lião, hoje falamos de Clemente de Alexandria, um grande teólogo que nasceu provavelmente em Atenas em meados do século II. De Atenas herdou aquele acentuado interesse pela filosofia, que teria feito dele um dos pioneiros do diálogo entre fé e razão na tradição cristã. Ainda jovem, ele chegou a Alexandria, a "cidade-símbolo" daquele fecundo cruzamento entre culturas diversas que caracterizou a idade helenística. Lá foi discípulo de Panteno, até lhe suceder na direcção da escola catequética.

Numerosas fontes confirmam que foi ordenado presbítero. Durante a perseguição de 202-203 abandonou Alexandria para se refugiar em Cesareia, na Capadócia, onde faleceu por volta de 215.

As obras mais importantes que dele nos restam são três: o Protréptico, o Pedagogo e o Estrómata. Mesmo parecendo não ser esta a intenção originária do autor, é uma realidade que estes escritos constituem uma verdadeira trilogia, destinada a acompanhar eficazmente a maturação espiritual do cristão. O Protréptico, como diz a própria palavra, é uma "exortação" dirigida a quem inicia e procura o caminho da fé. Ainda melhor, o Protréptico coincide com uma Pessoa: o Filho de Deus, Jesus Cristo, que se faz "exortador" dos homens, para que empreendam com decisão o caminho rumo à Verdade. O próprio Jesus Cristo se faz depois Pedagogo, isto é "educador" daqueles que, em virtude do Baptismo, já se tornaram filhos de Deus. O próprio Jesus Cristo, por fim, é também Didascalos, isto é, "Mestre" que propõe os ensinamentos mais profundos. Eles estão reunidos na terceira obra de Clemente, os Estrómatas, palavra grega que significa "tapeçaria": de facto, trata-se de uma composição não sistemática de vários assuntos, fruto directo do ensinamento habitual de Clemente.

No seu conjunto, a catequese clementina acompanha passo a passo o caminho do catecúmeno e do baptizado para que, com as suas "asas" da fé e da razão, eles alcancem um conhecimento íntimo da Verdade, que é Jesus Cristo, o Verbo de Deus. Só este conhecimento da pessoa que é a verdade, é a "verdadeira gnose", a expressão grega que corresponde a "conhecimento", "inteligência". É o edifício construído pela razão sob o impulso de um princípio sobrenatural. A própria fé constrói a verdadeira filosofia, isto é, a verdadeira conversão no caminho a ser empreendido na vida. Por conseguinte, a autêntica "gnose" é um desenvolvimento da fé, suscitado por Jesus Cristo na alma unida a Ele. Clemente distingue depois entre dois níveis da vida cristã. O primeiro: os cristãos crentes que vivem a fé de modo comum, mas sempre aberta aos horizontes da santidade. E depois, o segundo: os "gnósticos", isto é, os que já conduzem uma vida de perfeição espiritual: contudo o cristão deve partir da base comum da fé e através de um caminho de busca deve deixar-se guiar por Cristo para, desta forma, chegar ao conhecimento da Verdade e das verdades que formam o conteúdo da fé. Este conhecimento, diz-nos Clemente, torna-se a alma de uma realidade vivente: não é só uma teoria, é uma força de vida, uma união de amor transformante.

O conhecimento de Cristo não é só pensamento, mas é amor que abre os olhos, transforma o homem e gera comunhão com o Logos, com o Verbo divino que é verdade e vida.

Nesta comunhão, que é o conhecimento perfeito e amor, o cristão perfeito alcança a contemplação, a unificação com Deus.

Clemente retoma finalmente a doutrina segundo a qual o fim último do homem é tornar-se semelhante a Deus. Somos criados à imagem e semelhança de Deus, mas isto ainda é um desafio, um caminho; de facto, a finalidade da vida, o destino último é verdadeiramente tornar-se semelhantes a Deus. Isto é possível graças à conaturalidade com Ele, que o homem recebeu no momento da criação, pelo que ele já é em si já em si a imagem de Deus. Esta conaturalidade permite conhecer as realidades divinas, às quais o homem adere antes de tudo pela fé e, através da fé vivida, da prática da virtude, pode crescer até à contemplação de Deus. Assim, no caminho da perfeição, Clemente atribui à exigência moral a mesma importância que atribui à intelectual. Os dois caminham juntos porque não se pode conhecer sem viver e não se pode viver sem conhecer. A assimilação a Deus e a contemplação d'Ele não podem ser alcançadas unicamente com o conhecimento racional: para esta finalidade é necessária uma vida segundo o Logos, uma vida segundo a verdade. E por conseguinte, as boas obras devem acompanhar o conhecimento intelectual como a sombra segue o corpo.

Principalmente duas virtudes ornamentam a alma do "verdadeiro gnóstico". A primeira é a liberdade das paixões (apátheia); a outra é o amor, a verdadeira paixão, que garante a união íntima com Deus. O amor doa a paz perfeita, e coloca o "verdadeiro gnóstico" em condições de enfrentar os maiores sacrifícios, também o sacrifício supremo no seguimento de Cristo, e fá-lo subir de degrau em degrau até ao vértice das virtudes. Assim o ideal ético da filosofia antiga, isto é, a libertação das paixões, é definido e conjugado por Clemente com amor, no processo incessante de assimilação a Deus.

Deste modo o Alexandrino constrói a segunda grande ocasião de diálogo entre o anúncio cristão e a filosofia grega. Sabemos que São Paulo no Areópago em Atenas, onde Clemente nasceu, tinha feito a primeira tentativa de diálogo com a filosofia grega e em grande parte tinha falhado mas tinham-lhe dito: "Ouvir-te-emos outra vez". Agora Clemente, retoma este diálogo, e eleva-o ao mais alto nível na tradição filosófica grega. Como escreveu o meu venerado Predecessor João Paulo II na Encíclica Fides et ratio, o Alexandrino chega a interpretar a filosofia como "uma instrução propedêutica à fé cristã" (
FR 38). E, de facto, Clemente chegou a ponto de afirmar que Deus dera a filosofia aos Gregos "como um seu próprio Testamento" (Strom. 6, 8, 67, 1). Para ele a tradição filosófica grega, quase ao nível da Lei para os Judeus, é âmbito de "revelação", são duas correntes que, em síntese, se dirigem para o próprio Logos. Assim Clemente continua a marcar com decisão o caminho de quem pretende "dizer a razão" da própria fé em Jesus Cristo. Ele pode servir de exemplo para os cristãos, catequistas e teólogos do nosso tempo, aos quais João Paulo II, na mesma Encíclica, recomendava que "recuperassem e evidenciassem do melhor modo a dimensão metafísica da verdade, para entrar num diálogo crítico e exigente com o pensamento filosófico contemporâneo".

Concluímos fazendo nossas algumas expressões da célebre "oração a Cristo Logos", com a qual Clemente encerra o seu Pedagogo. Ele suplica assim: "Sê propício aos teus filhos"; "Concede que vivamos na tua paz, que sejamos transferidos para a tua cidade, que atravessemos sem ser submergidos as ondas do pecado, que sejamos transportados em tranquilidade pelo Espírito Santo e pela Sabedoria inefável: nós, que de noite e de dia, até ao último dia cantamos um cântico de acção de graças ao único Pai,... ao Filho pedagogo e mestre, juntamente com o Espírito Santo. Amém!" (Ped. 3, 12, 101).

Saudações



Saúdo com amizade e gratidão o grupo de Belo Horizonte e demais peregrinos de língua portuguesa aqui presentes: que Deus vos seja propício e Se compraza nesta vossa romagem até à Sé de Pedro. Há quatrocentos anos, o Papa Paulo V tudo predispunha para uma digna recepção da embaixada do Reino do Congo hoje Angola guiada pelo primo do rei Álvaro II, Dom António Emanuel ne Vunda, que as crónicas romanas cognominaram o "Negrita", o primeiro Embaixador negro de um reino cristão de África. O desejado encontro teve lugar na noite de 5 de Janeiro de 1608, nos palácios do Vaticano, com o meu Predecessor que não hesitou em vir pessoalmente confortá-lo, detendo-se à cabeceira do leito onde jazia gravemente doente, este nobre filho cristão do Congo, cuja vida e reino encomendou à protecção do Sucessor de Pedro.

Na linha desta significativa e emblemática ocorrência, em que o povo de Angola se espelha, invoco a benevolência de Deus sobre a Nação inteira para que cada um contribua para consolidar a paz assinada há cinco anos com a promessa de dar a voz ao povo e assim instaurar uma autêntica vida em democracia. A todos peço perseverança na obra de reconciliação dos corações que ainda sangram com as feridas da guerra; alegro-me com a obra de reconstrução em acto e recordo às autoridades religiosas e civis a obrigação que têm de privilegiar os pobres. Deus abençoe Angola!




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