Audiências 2005-2013 1065

1 de Junho de 2005: Carta aos Filipenses (cf. 2, 6-11): Cristo servo de Deus

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1. Em cada celebração dominical das Vésperas a liturgia repropõe-nos o breve mas denso hino cristológico da Carta aos Filipenses (cf.
Ph 2,6-11). Trata-se do hino que agora ressoou, o qual consideramos na sua primeira parte (cf. Ph 2,6-8), onde se delineia o paradoxal "despojamento" do Verbo divino, que depõe a sua glória e assume a condição humana.

Cristo encarnado e humilhado na morte mais infame, a na crucifixão, é colocado como modelo vital para o cristão. De facto, ele como se afirma no contexto deve ter "os mesmos sentimentos, que estão em Cristo Jesus" (Ph 2,5), sentimentos de humildade e de doação, de desapego e de generosidade.

2. Certamente, ele possui a natureza divina com todas as suas prerrogativas. Mas esta realidade transcendente não é interpretada nem vivida com o objectivo do poder, da grandeza, do domínio.

Cristo não usa o seu ser igual a Deus, a sua dignidade gloriosa e o seu poder como instrumento de triunfo, sinal de distância, expressão de esmagadora supremacia (cf. Ph 2,6). Aliás, ele "despojou-se", esvaziou-se a si mesmo, imergindo-se sem reservas na miserável e frágil condição humana. A "forma" (morphe) divina esconde-se em Cristo sob a "forma" (morphe) humana, isto é, sob a nossa realidade marcada pelo sofrimento, pela pobreza, pelo limite e pela morte (cf. Ph 2,7).

Não se trata portanto de um simples revestimento, de uma aparência mutável, como se pensava que acontecia às divindades da cultura greco-romana: a de Cristo é a realidade divina numa experiência autenticamente humana. Deus não se apresenta apenas como homem, mas faz-se verdadeiramente homem, torna-se em concreto "Deus-connosco", que não se contenta com olhar para nós do trono da sua glória com um olhar benigno, mas imerge-se pessoalmente na história humana, tornando-se "carne", ou seja, realidade frágil, condicionada pelo tempo e pelo espaço (cf. Jn 1,14).

3. Esta partilha radical da condição humana, excluindo o pecado (cf. He 4,15), conduz Jesus até àquela fronteira que é o sinal da nossa finitude e caducidade, a morte. Mas ela não é fruto de um mecanismo obscuro ou de uma fatalidade cega: ela nasce da sua livre opção de obediência ao desígnio de salvação do Pai (cf. Ph 2,8).

O Apóstolo acrescenta que a morte que Jesus enfrenta é a morte de cruz, a mais degradante, querendo desta forma ser verdadeiramente irmão de cada homem e de cada mulher, também dos que são obrigados a um fim atroz e ignominioso.

Mas precisamente na sua paixão e morte Cristo testemunha a sua adesão livre e consciente aos desígnios do Pai, como se lê na Carta aos Hebreus: "Apesar de ser Filho de Deus, aprendeu a obediência por aquilo que sofreu" (He 5,8).

Detenhamo-nos aqui na nossa reflexão sobre a primeira parte do hino cristológico, concentrado sobre a encarnação e sobre a paixão redentora. Teremos ocasião a seguir de aprofundar o itinerário sucessivo, o pascal, que conduz da cruz à glória. Parece-me que o elemento fundamental desta primeira parte do hino é o convite a entrar nos sentimentos de Jesus. Entrar nos sentimentos de Jesus significa não considerar o poder, a riqueza, o prestígio como os valores supremos da nossa vida, porque não correspondem à sede mais profunda do nosso espírito, mas abrir o nosso coração ao Outro, carregar com o Outro o peso da nossa vida e abrir-nos ao Pai dos Céus com sentido de obediência e confiança, sabendo que só na obediência ao Pai seremos livres. Entrar nos sentimentos de Jesus: este seria o exercício quotidiano para viver como cristãos.

4. Concluímos a nossa reflexão com uma grande testemunha da tradição oriental, Teodoreto, que foi Bispo de Ciro, na Síria, no século V: "A encarnação do nosso Salvador representa o mais alto cumprimento da solicitude divina pelos homens. De facto, nem o céu nem a terra, nem o mar nem o ar, nem o sol nem a lua, nem os astros nem todo o universo visível e invisível, criado unicamente pela palavra, ou melhor, trazido à luz pela sua palavra de acordo com a sua vontade, indicam a sua bondade infinita como o facto de que o Filho unigénito de Deus, aquele que subsistia na natureza de Deus (cf. Ph 2,6), reflexo da sua glória, marca da sua substância (cf. He 1,3), que era no princípio, era junto de Deus e era Deus, através do qual todas as coisas foram criadas (cf. Jn 1,1-3), depois de ter assumido a condição de servo, apareceu em forma de homem, e devido à sua figura humana foi considerado como homem, foi visto na terra, relacionou-se com os homens, carregou as nossas enfermidades e assumiu sobre si as nossas doenças" (Discursos sobre a Providência Divina, 10: Colecção de textos patrísticos, LXXV, Roma 1988, pp. 250-251).

Teodoreto de Ciro continua a sua reflexão, realçando precisamente o vínculo estreito evidenciado pelo hino da Carta aos Filipenses entre a encarnação de Jesus e a redenção dos homens. "O Criador trabalhou com sabedoria e justiça pela nossa salvação. Pois não quis servir-se apenas do seu poder para nos conceder o dom da liberdade nem armar apenas a misericórdia contra quem subjugou o género humano, para que ele não acusasse a misericórdia de injustiça, mas encontrou um caminho cheio de amor pelos homens e ao mesmo tempo adornado de justiça. De facto ele, depois de ter unido em si a natureza do homem já vencida, orienta-a para a luta e predispõe-na para reparar a derrota, para dispersar aquele que outrora tinha iniquamente conquistado a vitória, para se libertar da tirania de quem a tinha cruelmente feito escravo e para recuperar a liberdade primitiva" (Ibidem, pp. 251-252).

Saudações

A minha saudação a todos os peregrinos de língua portuguesa, com uma bênção particular para os sacerdotes do Colégio Pio Brasileiro em Roma: na vossa formação, cultivai aquele "sentire cum Ecclesia" que fará de vós humildes e fiéis servidores da Verdade, pastores segundo o Coração de Deus.

Saúdo de coração os peregrinos da Alemanha, da Áustria e da Suíça, assim como todos os visitantes de língua alemã. Jesus Cristo, verdadeiro Deus e verdadeiro homem, é nosso Senhor e Irmão. O seu sacrifício na Cruz redimiu-nos. A verdadeira grandeza demonstra-se na disponibilidade para o serviço. Rezemos todos os dias a Jesus para que nos conceda este espírito!

Desejo a todos vós um tempo de repouso e de renovação espiritual. Deus vos abençoe!

Saúdo cordialmente os peregrinos francófonos, em particular os jovens do colégio de Saint-Exupéry, de Epinal. Que a vossa peregrinação a Roma vos enraíze cada vez mais na intimidade com Cristo, morto e ressuscitado para que tenhais a vida em abundância!

Dou especiais boas-vindas aos peregrinos de língua inglesa presentes hoje aqui, assim como aos grupos provenientes da Inglaterra, Irlanda, Suécia, Japão e dos Estados Unidos da América. Obrigado pelo afecto que me manifestais. Sobre vós, invoco a paz e a alegria de nosso Senhor Jesus Cristo!

Saúdo cordialmente todos os Polacos aqui presentes. Iniciamos o mês dedicado à oração do Sagrado Coração de Jesus. Esta oração faça crescer a fé, a esperança e a caridade nas vossas famílias. O Sagrado Coração de Jesus vos abençoe.

Queridos Irmãos e Irmãs!

Vejo como a fé e o amor pelo Sucessor de Pedro na Itália são fortes! Obrigado pela vossa presença, pelo vosso afecto e pela vossa fé!

Dirijo um pensamento cordial aos peregrinos de língua italiana. Em particular saúdo os fiéis da Arquidiocese de Cagliari, acompanhados pelo seu Pastor, D. Giuseppe Mani, assim como os representantes da Associação de Escutismo Católico Italiano. Queridos amigos, ao agradecer-vos esta vossa visita, desejo a todos que vos comprometais generosamente no testemunho de Cristo e do seu Evangelho.

Saúdo por fim os jovens, os doentes e os novos casais. Iniciamos precisamente hoje o mês de Junho, dedicado ao Sagrado Coração de Jesus. Detenhamo-nos com frequência a contemplar este mistério profundo do Amor divino.

Vós, queridos jovens, aprendei na escola do Coração de Cristo a assumir com seriedade as responsabilidades que vos esperam. Vós, amados doentes, encontrai nesta fonte infinita de misericórdia a coragem e a paciência para cumprir a vontade de Deus em todas as situações. E vós, queridos novos casais, permanecei fiéis ao amor de Deus e testemunhai-o com o vosso amor conjugal.



8 de Junho de 2005: Salmo 110: São grandes as obras do Senhor

8065 Queridos Irmãos e Irmãs!

1. Hoje sentimos o vento forte. Na Sagrada Escritura o vento é símbolo do Espírito Santo. Esperemos que o Espírito nos ilumine agora na meditação do Salmo 110 que acabámos de ouvir. Neste Salmo encontra-se um hino de louvor e acção de graças pelos numerosos benefícios que definem Deus nos seus atributos e na sua obra de salvação: fala-se de "piedade", de "ternura", de "justiça", de "poder", de "verdade", de "rectidão", de "fidelidade, de "aliança", de "obras", de "prodígios", até de "alimentos" que ela doa e, no fim, do seu "nome" glorioso, isto é, da sua pessoa. Por conseguinte, a oração é contemplação do mistério de Deus e das maravilhas que Ele realiza na história da salvação.

2. O Salmo abre-se com o verbo de agradecimento que se eleva não só do coração do orante, mas também de toda a assembleia litúrgica (cf.
Ps 111,1). O objecto desta oração, que inclui também o rito do agradecimento, é expresso com a palavra "obras" (cf. Ps 111,2 Ps 111,3 Ps 111,6 Ps 111,7). Elas indicam as intervenções salvíficas do Senhor, manifestação da sua "justiça" (cf. Ps 111,3), palavra que na linguagem bíblica indica antes de tudo o amor que gera salvação.

Portanto, o coração do Salmo transforma-se num hino da aliança (cf. Ps 111,4-9), aquele vínculo íntimo que une Deus com o seu povo e que inclui uma série de atitudes e de gestos. Fala-se assim de "piedade e ternura" (cf. Ps 111,4), em continuidade com a grande proclamação do Sinai: "Senhor! Senhor! Deus misericordioso e clemente, vagaroso na ira, cheio de bondade e de fidelidade" (Ex 34,6).

A "piedade" é a graça divina que envolve e transfigura o fiel, enquanto a "ternura" é expressa no original hebraico com uma palavra característica que remete para as "vísceras" maternas do Senhor, ainda mais misericordioso do que as de uma mãe (cf. Is 49,15).

3. Este vínculo de amor abrange o dom fundamental do alimento e, por conseguinte, da vida (cf. Ps 110,5) que, na releitura cristã, se identificará com a Eucaristia, como diz São Jerónimo: "Como alimento deu o pão que desceu do céu: se dele somos dignos, alimentemo-nos dele!" (Breviarium in Psalmos, 110: PL XXVI, 1238-1239).

Há depois o dom da terra, "a herança das nações" (Ps 111,6), que alude à grande vicissitude do Êxodo, quando o Senhor se revela como o Deus da libertação. Portanto, devemos procurar a síntese do corpo central deste cântico no tema do pacto especial entre o Senhor e o seu povo, como afirma de maneira clara o v. Ps 111,9: "Estabeleceu com ele uma aliança para sempre".

4. O Salmo 110 é selado com a palavra da contemplação do rosto divino, da pessoa do Senhor, expressa através do seu "nome" santo e transcendente. Citando depois uma expressão sapiencial (cf. Pr 1,7 Pr 9,10 Pr 15,33), o Salmista convida cada fiel a cultivar o "temor do Senhor" (Ps 111,10), início da verdadeira sabedoria. Esta expressão não quer significar o medo e o terror, mas o respeito sério e sincero, que é fruto do amor, a adesão genuína e laboriosa ao Deus libertador. E, se a primeira palavra do cântico tinha sido de agradecimento, a última é de louvor: assim como a justiça salvífica do Senhor "dura para sempre" (Ps 111,3), também a gratidão do orante não conhece pausas, ressoa na oração "sem fim" (Ps 111,10). Para resumir, o Salmo convida-nos a descobrir as numerosas coisas boas que o Senhor nos oferece todos os dias. Nós vemos mais facilmente os aspectos negativos da nossa vida. O Salmo convida-nos a ver também as coisas positivas, os numerosos dons que recebemos, e assim encontrar a gratidão, porque só um coração grato pode celebrar dignamente a grande liturgia da gratidão, a Eucaristia.

5. Como conclusão da nossa reflexão desejaríamos meditar com a tradição eclesial dos primeiros séculos cristãos o versículo final com a sua célebre declaração reiterada noutra parte da Bíblia (cf. Pr 1,7): "O temor do Senhor é o princípio da sabedoria" (Ps 111,10).

O escritor cristão Barsanúfio de Gaza (activo na primeira metade do século VI) comentava-o assim: "O que é o princípio de sabedoria, a não ser abster-se de tudo o que Deus repudia? E de que forma pode abster-se, a não ser evitando fazer seja o que for sem ter pedido conselho, ou com não dizer nada do que não se deve dizer e, além disso, considerando-se a si mesmo insensato, estulto, desprezível e nada do todo?" (Epistolário, 234: Colecção de textos patrísticos, XCIII, Roma 1991, pp. 265-266).

João Cassiano (que viveu entre os séculos IV e V), preferia contudo esclarecer que "há muita diferença entre o amor, ao qual nada falta e que constitui o tesouro da sabedoria e da ciência, e o amor imperfeito, denominado "início da sabedoria"; este, contendo em si a ideia do castigo, é excluído do coração dos perfeitos devido ao advento da plenitude de amor" (Conferências aos monges, 2, 11, 13; Colecção de textos patrísticos, CLVI, Roma 2000, p. 29). Assim, no caminho da nossa vida rumo a Cristo, o temor servil que se verifica no início, é substituído por um temor perfeito que é amor, dom do Espírito Santo.

Saudações

Caríssimos amigos de língua portuguesa!

Saúdo os peregrinos aqui presentes, de modo especial os visitantes procedentes do Brasil. Faço votos de que tenham uma feliz estadia na Cidade Eterna, e que este encontro com o Sucessor de Pedro reforce os seus propósitos de unidade e de comunhão na única fé em Cristo Jesus. A todos, peço a Deus que vos abençoe e vos proteja!

Sinto-me feliz por acolher os peregrinos francófonos presentes aqui esta manhã, sobretudo um grupo de peregrinos do Gabão. Cristo, que chama todos os seus discípulos a crescer na santidade, vos permita responder generosamente à sua chamada! Concedo a todos, de coração, a Bênção Apostólica.

Dou especiais boas-vindas aos peregrinos de língua inglesa presentes hoje aqui, incluindo os grupos da Inglaterra, Escócia, Austrália e dos Estados Unidos da América. Obrigado pelo afecto que me manifestastes. Invoco sobre todos vós a paz e a alegria de Jesus Cristo Nosso Senhor!

Dou de coração as boas-vindas a todos os peregrinos e visitantes de língua alemã. Dirijo uma saudação afectuosa aos participantes na Reunião final do "Comentário da Carta Constitucional Europeia de Colónia". Devemos louvar e agradecer todos os dias a Deus os seus benefícios! Respondei à bondade do Senhor com as vossas palavras e acções. A paz de Deus vos guie pelos vossos caminhos.

Saúdo os peregrinos de língua espanhola, em particular os membros da Instituição Teresiana: sede sempre "a obra boa" na Igreja e para o mundo. Também aos demais peregrinos da Espanha, Panamá, Porto Rico, República Dominicana, El Salvador, Peru, Venezuela e México. Convido todos a apreciar a ternura infinita de Deus, para nunca vos sentirdes sozinhos ou desamparados.

Muito obrigado pela vossa atenção.

Saúdo os peregrinos polacos aqui presentes. Agradeço-vos a vossa benevolência e as vossas orações. Peço que a memória de João Paulo II suscite em vós o desejo de apoiar espiritualmente o seu Sucessor. Deus vos abençoe assim como aos vossos entes queridos.

Por fim dirijo um pensamento especial aos jovens, aos doentes e aos novos casais.

Queridos jovens, a riqueza do Coração de Cristo e a ternura do Coração de Maria vos amparem sempre. Vos ajudem a vós, queridos doentes, a confiar-vos com abandono generoso nas mãos da Providência divina; e vos encorajem a vós, queridos novos casais, a viver a vossa união familiar com compreensão paciente e dedicação recíproca.

Deus vos abençoe a todos!



15 de Junho de 2005: A confiança do povo está no Senhor (Salmo 122 vulg)

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Queridos irmãos e irmãs!

Infelizmente sofrestes muito debaixo da chuva. Agora esperamos que o tempo melhore.

1. De modo muito incisivo Jesus, no Evangelho, afirma que os olhos são um símbolo expressivo do eu profundo, são um espelho da alma (cf.
Mt 6,22-23). Pois bem, o Salmo 122, agora proclamado, concentra-se totalmente num cruzar de olhares: o fiel eleva os seus olhos ao Senhor e aguarda uma reacção divina, para nela ver um gesto de amor, um olhar de benevolência. Também nós elevamos um pouco os olhos e aguardamos um gesto de benevolência do Senhor.

Não raramente, no Saltério, se fala do olhar do Altíssimo que "olhou para os seres humanos a ver se havia alguém sensato, alguém que ainda procura Deus" (Ps 13,2). Como ouvimos, o Salmista recorre a uma imagem, à do servo e da escrava que estão voltados para o seu senhor à espera de uma decisão libertadora.

Mesmo se o cenário se refere ao mundo antigo e às suas estruturas sociais, a ideia é clara e significativa: aquela imagem tirada do mundo do Oriente antigo pretende exaltar a adesão do pobre, a esperança do oprimido e a disponibilidade do justo em relação ao Senhor.

2. O orante está na expectativa de que as mãos divinas se movam, porque elas actuam segundo a justiça, destruindo o mal. Por isso muitas vezes no Saltério o orante eleva o seu olhar repleto de esperança no Senhor: "Os meus olhos estão sempre postos no Senhor, porque ele tira os meus pés da armadilha" (Ps 24,15), enquanto se cansam "os meus olhos à espera do meu Deus" (Ps 68,4).

O Salmo 122 é um súplica na qual a voz de um fiel se une à de toda a comunidade: de facto, o Salmo passa da primeira pessoa do singular "elevo os meus olhos" ao plural "os nossos olhos" e "piedade de nós" (cf. Ps 123,1-3). É expressa a esperança de que as mãos do Senhor se abram para efundir dons de justiça e de liberdade. O justo espera que o olhar de Deus se revele em toda a sua ternura e bondade, como se lê na antiga bênção sacerdotal do Livro dos Números: "O Senhor faça brilhar sobre ti a sua face e te favoreça! O Senhor volte para ti a sua face e te dê a paz" (Nb 6,25-26).

3. Revela-se na segunda parte do Salmo quanto é importante o olhar amoroso de Deus, que se caracteriza pela invocação: "Tem piedade de nós, Senhor, tem piedade de nós" (Ps 123,3). Ela coloca-se em continuidade com o final da primeira parte, onde é recordada a expectativa confiante "no Senhor, nosso Deus, até que tenha piedade de nós" (Ps 123,2).

Os fiéis precisam de uma intervenção de Deus porque se encontram numa situação dolorosa de desprezo e de escárnio da parte de pessoas prepotentes. A imagem que agora o Salmista usa é a da saciedade: "estamos saturados de desprezo. A nossa alma está saturada da troça dos arrogantes e do desprezo dos orgulhosos" (Ps 123,3-4).

À tradicional saciedade bíblica de alimentos e de anos, considerada um sinal da bênção divina, opõe-se agora uma intolerável saciedade constituída de uma carga exagerada de humilhações. Sabemos como hoje tantas Nações, tantos indivíduos são realmente escarnecidos, desmasiado saturados do desprezo dos arrogantes, da troça dos orgulhosos. Rezemos por eles e ajudemos estes nossos irmãos humilhados.

Por isso os justos confiaram a sua e a nossa causa ao Senhor e ele não permanece indiferente àqueles olhos implorantes, não ignora a sua invocação, nem desilude a sua esperança.

4. Por fim deixemos espaço à voz de Santo Ambrósio, o grande Arcebispo de Milão, o qual, no espírito do Salmista ritma poeticamente a obra de Deus que nos alcança em Jesus Salvador: "Cristo é tudo para nós. Se quiseres curar uma ferida, ele é o médico; se ardes de febre, ele é a fonte; se és oprimido pela iniquidade, ele é a justiça; se precisas de ajuda, ele é a força; se temes a morte, ele é a vida; se desejas o céu, ele é o caminho; se evitas as trevas, ele é a luz; se procuras alimento, ele é o pão" (A virgindade, 99: SAEMO, XIV/2, Milão-Roma 1989, p. 81).

Saudações

Dou especiais boas-vindas aos peregrinos de língua inglesa, hoje aqui presentes, inclusive aos grupos da Inglaterra, da Nigéria, do Japão, de Singapura, de Formosa, do Canadá e dos Estados Unidos da América. Estou-vos grato pelo afecto com que me saudastes. Faço votos por que tenhais uma feliz permanência em Roma! Sobre todos vós, invoco a paz e a alegria de nosso Senhor Jesus Cristo!

É-me grato saudar os peregrinos da Espanha e da América Latina, especialmente os sacerdotes de Guadalajara; os fiéis das paróquias da Candelária, de Martínez; da Assunção, de Tlapacoyan; da Piedade, do México; da Assunção, de Cárcer e de Cantalejo; e também os fiéis da Argentina; da Associação "Dulce Mar", de Madrid; e do Liceu de Ourense. Confiai as vossas vidas ao Senhor. Ele espera sempre as vossas súplicas.

Saúdo cordialmente os peregrinos de língua francesa, presentes na manhã de hoje, especialmente os jovens do Seminário Maior de Estrasburgo e os seus formadores. Possa a vossa peregrinação a Roma confirmar em vós a confiança no Senhor e o desejo de anunciar a sua Boa Nova!

É com grande alegria que dou as boas-vindas aos peregrinos e aos visitantes oriundos dos países de língua alemã. Jesus Cristo mostra-nos o rosto do amor de Deus. Conservai o vosso olhar fixo no Senhor! Colocai toda a vossa vida sob a sua guia! Ele oferece-nos a sua bondade e a abundância das suas bem-aventuranças. A graça de Deus permaneça convosco para sempre!

É de todo o coração que saúdo os peregrinos polacos. Sei que daqui a alguns dias, em Varsóvia, vai celebrar-se o vosso Congresso Eucarístico Nacional. Desejo-vos um frutuoso encontro com Jesus, que Ele possa renovar os vossos corações. Deus vos abençoe!

Saúdo de coração os peregrinos provenientes da Lituânia! Caríssimos, não tenhais medo de depositar nas mãos do Senhor as esperanças da vossa vida.

Acompanho-vos com a oração e concedo-vos de bom grado a Bênção Apostólica!

É-me grato saudar os fiéis húngaros, especialmente os que vieram de Miskolc, Szombathely e Zalaegerszeg. Concedo-vos a todos, do íntimo do coração, a Bênção Apostólica. Louvado seja Jesus Cristo!

Saúdo os queridos Sacerdotes e Diáconos da Eslovénia. Esta peregrinação no final do ano pastoral revigore a vossa fidelidade à Igreja e ao compromisso pelo Reino de Deus!

Dirijo cordiais boas-vindas aos peregrinos de língua italiana. De modo particular, saúdo os estudantes provenientes das Igrejas Católicas Orientais e encorajo-os a ser testemunhas generosas do Evangelho nos respectivos países.

Além disso, saúdo os numerosos fiéis de Ravena, os peregrinos com o seu Pastor, D. Giuseppe Verucchi, os fiéis do XIII Decanato da Arquidiocese de Nápoles e o numeroso grupo da Acção Católica das Dioceses de Acerra e de Nola. Formulo votos a fim de que todos conformem cada vez mais a sua vida com Cristo, inspirando todas as suas escolhas e acções no seu ensinamento.

Depois, saúdo os neo-sacerdotes da Diocese de Bréscia, os Ferroviários da "Trenitalia" e os componentes da Marinha Militar Italiana.

Enfim, como de costume, dirijo o meu pensamento aos jovens, aos doentes e aos novos casais.

Desejo a todos aquela alegria verdadeira, que brota da fidelidade quotidiana a Deus e da dócil adesão à sua vontade.



22 de Junho de 2005: O nosso auxílio está no nome do Senhor (Salmo 123 vulg)

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1. Eis diante de nós o Salmo 123, um cântico de acção de graças entoado por toda a comunidade orante que eleva a Deus o louvor pelo dom da libertação. O Salmista proclama na abertura este convite: "que o diga Israel!" (
Ps 124,1), estimulando assim todo o povo a elevar um obrigado vivo e sincero ao Deus salvador. Se o Senhor não se tivesse declarado da parte das vítimas, elas, com as suas forças limitadas teriam sido impotentes para se libertarem e os adversários, semelhantes a monstros, tê-las-iam dilacerado e esmagado.

Mesmo tendo pensado num determinado acontecimento histórico, como o fim do exílio da Babilónia, é mais provável que o Salmo queira ser um hino para agradecer ao Senhor os perigos evitados e para implorar d'Ele a libertação de qualquer mal. Neste sentido, ele permanece um Salmo sempre actual.

2. Depois da menção de certos "homens" que se levantavam contra os fiéis e eram capazes de os "engolir vivos" (cf. Ps 124,2-3), o cântico tem dois momentos. Na primeira parte dominam as águas abundantes, símbolo na Bíblia da confusão devastadora, do mal e da morte: "As águas ter-nos-iam submergido, a torrente teria passado sobre nós. Então, sim, teriam passado sobre nós as águas turbulentas" (Ps 124,4-5). O orante sente agora a sensação de estar numa praia, milagrosamente salvo da fúria impetuosa do mar.

A vida do homem está circundada pelos atentados dos malvados que não só atentam contra a sua existência mas querem destruir também todos os valores humanos. Vemos como estes pequenos perigos existem também agora. Mas, disso podemos ter a certeza também hoje, o Senhor intervém para tutelar o justo e salva-o, como se canta no Salmo 17: "Do alto, Deus interveio e recolheu-me; tirou-me das águas caudalosas. Livrou-me de inimigos poderosos, de adversários mais fortes do que eu... o Senhor foi o meu amparo. Retirou-me para um lugar seguro; libertou-me, porque me quer bem" (Ps 18,17 Ps 18,20). Verdadeiramente o Senhor nos quer bem: esta é a nossa certeza e o motivo da nossa grande confiança.

3. Na segunda parte do nosso cântico de agradecimento passa-se da imagem mariana para um cenário de caça, típica em muitos Salmos de súplica (cf. Ps 124,6-8). De facto, eis a evocação de uma fera que aperta entre os seus dentes uma presa, ou de uma rede de caçadores que captura um pássaro. Mas a bênção expressa pelo Salmo faz-nos compreender que o destino dos fiéis, que era um destino de morte, foi radicalmente mudado por uma intervenção salvífica: "Bendito seja o Senhor, que não nos entregou como presa nos seus dentes! A nossa vida escapou como um pássaro do laço dos caçadores; rompeu-se o laço e nós libertámo-nos" (Ps 124,6-7).

Neste ponto, a oração torna-se um respiro de alívio que se eleva do fundo da alma: também quando caem todas as esperanças humanas, pode surgir o poder divino que liberta. Por conseguinte, o Salmo conclui com uma profissão de fé, que há séculos entrou na liturgia cristã como premissa ideal de qualquer oração nossa: "Adiutorium nostrum in nomine Domini, qui fecit caelum et terram O nosso auxílio está no nome do Senhor; Ele fez o céu e a terra" (Ps 124,8). Em particular o Omnipotente declara-se da parte das vítimas e dos perseguidos "que a Ele clamam dia e noite" e "lhes fará justiça prontamente" (cf. Lc 18,7-8).

4. Santo Agostinho faz deste Salmo um comentário pormenorizado. Num primeiro tempo, observa que este Salmo está adaptado ao cântico dos "membros de Cristo que obtiveram a felicidade". Depois, em particular, "cantaram-no os santos mártires, os quais, tendo saído deste mundo, estão com Cristo na alegria, prontos para retomar aqueles mesmos corpos incorruptíveis que antes eram corruptíveis. Em vida sofreram tormentos no corpo, mas na eternidade estes tormentos transformaram-se em ornamentos de justiça". E Santo Agostinho fala dos mártires de todos os séculos, também do nosso século.

Mas, num segundo tempo, o Bispo de Hipona diz-nos que também nós, não só os beatos no céu, podemos cantar este Salmo na esperança. Ele declara: "Também nós estamos animados por uma esperança certa e cantaremos na exultação. De facto, são-nos familiares os cantores deste Salmo... Portanto, cantemos todos em unidade de coração: tanto os santos que já possuem a coroa como nós, que com o afecto nos unimos na esperança à sua coroa. Juntos desejamos aquela vida que temos na terra mas que nunca poderemos ter se antes não a desejámos".

Santo Agostinho volta agora à primeira perspectiva e explica: "Os santos pensam nos sofrimentos que encontraram, e olham agora, do lugar de bem-aventurança e de tranquilidade onde se encontram, para o caminho percorrido a fim de o alcançar; e, dado que teria sido difícil obter a libertação se não tivesse intervido a mão do Libertador, para os socorrer, cheios de alegria exclamam: "Se o Senhor não tivesse estado connosco". Inicia assim o seu cântico. Nem sequer disseram do que salvaram, tão grande é a sua exultação" (Exposição sobre o PS 123,3, Nova Biblioteca Agostiniana, XXVIII, Roma 1977, p. 65).



Saudações

Caros amigos!

Saúdo cordialmente todos os ouvintes de língua portuguesa, em especial os presentes aqui na Audiência: os peregrinos de Portugal, com um grupo de famílias do Patriarcado de Lisboa; alguns visitantes de Guimarães e de Fátima e, enfim, um grupo de brasileiros de diversas procedências. Sede bem-vindos! Agradeço de coração a vossa presença. Peço ao Todo-Poderoso que leveis deste encontro a consciência da dignidade da vossa vocação de cristãos, e da responsabilidade de serem Igreja. Que Deus vos abençoe e vos proteja!

Saúdo de coração os peregrinos e visitantes de língua alemã. Deus está connosco e protege-nos. Ele é o nosso amparo e a nossa ajuda nas necessidades e nos perigos. Confiai-lhe todas as vossas preocupações. Que a vossa vida seja um jubiloso louvor a Deus e às suas acções salvíficas. Desejo a todos que a estadia em Roma seja um tempo agradável de repouso e de edificação espiritual. Deus vos abençoe!

Saúdo também as Irmãs da Caridade, as Irmãs de São Francisco de Sales e as Irmãs da Caridade de Santa Joana Antida Thouret, que celebram nestes dias os respectivos Capítulos gerais. Queridas Irmãs, permanecei sempre na escuta do Espírito e prosseguireis fielmente o caminho apostólico empreendido pelos vossos Fundadores e Fundadoras. A Virgem Santa torne frutuosos todos os vossos esforços espirituais. O Papa acompanha-vos com a oração.

Dirijo, depois, um pensamento especial a vós, queridos militares, que estais presentes em tão grande número, desejando-vos que adirais sempre mais a Cristo e ao seu Evangelho.

Por fim saúdo os jovens, os doentes e os jovens casais. Desejo que todos vós encontreis na amizade com Jesus a força e o entusiasmo necessários para ser suas testemunhas.

Concluímos o nosso encontro cantando o Pater noster.


6 de Julho de 2005: Carta aos Efésios : Deus Salvador

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(cf.
Ep 1,3-14)
Queridos irmãos e irmãs!

1. Ouvimos hoje não um Salmo mas um hino tirado da Carta aos Efésios (cf. Ep 1,3-14), que volta na Liturgia das Vésperas de cada uma das quatro semanas. Este hino é uma oração de bênção dirigida a Deus Pai. O seu desenvolvimento dedica-se a traçar as várias etapas do plano de salvação que se realiza através da obra de Cristo.

No centro da bênção ressoa a palavra grega mysterion, uma palavra associada normalmente aos verbos de revelação ("Revelar", "conhecer", "manifestar"). De facto, é este o grande projecto secreto que o Pai tinha guardado em si desde toda a eternidade (cf. Ep 1,9) e que decidiu pôr em prática e revelar "na plenitude dos tempos" (cf. Ep 1,10) em Jesus Cristo, seu Filho.

As etapas deste plano são cadenciadas no hino pelas acções salvíficas de Deus por Cristo no Espírito. Antes de tudo este é o primeiro acto o Pai escolhe-nos desde a eternidade para que caminhemos santos e imaculados no amor (cf. Ep 1,4), predestina-nos depois para sermos seus filhos (cf. Ep 1,5-6), além disso redime-nos e perdoa-nos os pecados (cf. Ep 1,7-8), revela-nos plenamente o mistério da salvação em Cristo (cf. Ep 1,9-10), e por fim dá-nos a herança eterna (cf. Ep 1,11-12) oferecendo-nos já agora o sinal no dom do Espírito Santo em vista da ressurreição final (cf. Ep 1,13-14).

2. São numerosos, por conseguinte, os acontecimentos salvíficos que se sucedem no desenvolvimento do hino. Eles incluem as três Pessoas da Santíssima Trindade: parte-se do Pai, que é o iniciador e o artífice supremo do plano de salvação; fixa-se o olhar sobre o Filho que realiza o desígnio na história; chega-se ao Espírito Santo que imprime o seu "selo" a toda a obra da salvação. Agora, nós detemo-nos brevemente nas duas primeiras etapas, a da santidade e a da filiação (cf. Ep 1,4-6).

O primeiro gesto divino, revelado e concretizado em Cristo, é a eleição dos crentes, fruto de uma iniciativa livre e gratuita de Deus. Por conseguinte, no princípio, "antes da criação do mundo" (Ep 1,4), na eternidade de Deus, a graça divina está disponível para entrar em acção. Comovo-me ao meditar esta verdade: desde toda a eternidade estamos diante do olhar de Deus e Ele decidiu salvar-nos. Esta chamada tem como conteúdo a nossa "santidade", uma grande palavra. Santidade é participação na pureza do Ser divino. Mas sabemos que Deus é caridade. E por isso, participar na pureza divina significa participar na "caridade" de Deus, conformar-nos com Deus que é "caridade": "Deus é amor" (1Jn 4,8 1Jn 4,16): esta é a verdade confortadora que nos faz compreender também que "santidade" não é uma realidade distante da nossa vida, mas na medida em que podemos tornar-nos pessoas que amam a Deus entramos no mistério da "santidade". O agape tornar-se assim a nossa realidade quotidiana. Portanto, somos transferidos para o horizonte sagrado e vital do próprio Deus.

3. Por este caminho prodece-se rumo a outra etapa, também ela contemplada no plano divino desde a eternidade: a nossa "predestinação" para filhos de Deus. Não só criaturas humanas, mas realmente pertencentes a Deus como seus filhos.

Noutra parte Paulo exalta (cf. Ga 4,5 Rm 8,15 Rm 8,23) esta sublime condição de filhos que exige e deriva da fraternidade com Cristo, o Filho por excelência, "primogénito entre muitos irmãos" (Rm 8,29) e a intimidade em relação ao Pai celeste que pode agora ser invocado Abbá, ao qual podemos dizer "pai querido", num sentido de verdadeira familiaridade com Deus, numa relação de espontaneidade e de amor. Estamos, por conseguinte, na presença de um dom grandioso que se tornou possível com o "beneplácito da vontade" divina e da "graça", luminosa expressão do amor que salva.

4. Em conclusão, confiamo-nos agora ao Grande Bispo de Milão, Santo Ambrósio, o qual numa das Cartas comenta as palavras do apóstolo Paulo aos Efésios, detendo-se em reflexão precisamente sobre o rico conteúdo do nosso hino cristológico. Ele realça antes de tudo a graça superabundante com a qual Deus nos tornou seus filhos adoptivos em Cristo Jesus. "Por isso, não devemos duvidar de que os membros estão unidos à sua cabeça, sobretudo porque desde o princípio fomos predestinados para a adopção de filhos de Deus, por meio de Jesus Cristo" (Carta XVI a Ireneu, 4; SAEMO, XIX, Milão-Roma 1988, p. 161).

O santo Bispo de Milão continua a sua reflexão observando: "Quem é rico, a não ser unicamente Deus, criador de todas as coisas?". E conclui: "Mas é muito mais rico de misericórdia, porque a todos redimiu e como autor da natureza transformou-nos a nós, que segundo a natureza da carne éramos filhos da ira e sujeitos ao castigo, para que fôssemos filhos da paz e da caridade" (n. 7: ibidem, p. 163).

Saudações

Sinto-me feliz por saudar os peregrinos de língua inglesa presentes nesta Audiência, incluindo os da Escócia, do Canadá e dos Estados Unidos da América. Dou especiais boas-vindas aos membros da Comissão "Vox Clara", e a todos os Religiosos que estão a participar nos programas de renovação e a realizar os seus Capítulos Gerais. Invoco sobre todos vós a paz e a alegria de Nosso Senhor Jesus Cristo. Deus vos abençoe.

Dirijo uma calorosa saudação aos peregrinos e visitantes dos países de língua alemã e da Bélgica.

Saúdo também o numeroso grupo de jovens, entre eles os que frequentam o curso de Latim no Ginásio "Schloß Neubeuern". Alegro-me por ver que ainda há quem aprenda latim. Deus faz com que sejamos em Cristo Jesus herdeiros do seu Reino. Fazei resplandecer sempre na vossa vida a dignidade de serdes filhos de Deus! Desejo a todos vós que as próximas semanas de férias de Verao sejam para todos um tempo de repouso para o corpo e para a alma. O Espírito de Deus vos acompanhe sempre!

Saúdo todos os polacos aqui presentes. Alegro-me convosco pela abertura, na semana passada, do processo de beatificação do Servo de Deus, o amado Papa João Paulo II. Confio às vossas orações o andamento desta causa. Abençoo-vos de coração.

Saúdo ainda a delegação, guiada por D. Riccardo Fontana, Arcebispo de Espoleto-Núrcia, que leva a Tocha Beneditina da paz, manifestação significativa que chegou à trigésima edição. Esta Tocha partiu este ano de Moscovo, depois de ter sido acolhida por uma Representação do Patriarca Aleixo II, e fez etapa na Alemanha, no mosteiro de "Ottobeuren" e em "Marktl am Inn", onde eu nasci. Como sinal simbólico de paz, ela detém-se hoje diante dos túmulos dos Apóstolos, e prosseguirá depois para Núrcia. Caríssimos, que esta sugestiva iniciativa suscite um compromisso cada vez mais generoso para testemunhar na Europa os valores cristãos.

Dirijo agora um afectuoso pensamento aos Alunos Oficiais da Academia militar de Módena e aos coroinhas que nestas semanas prestam serviço litúrgico na Basílica Vaticana.

Por fim, o meu pensamento, como de costume, dirige-se aos jovens, aos doentes e aos jovens casais. Estamos a prosseguir o período de Verão e de merecido repouso. Convido-vos a vós, queridos jovens, a aproveitar o Verão para fazer experiências humanas e espirituais úteis.

Convido-vos a vós, queridos jovens casais, a usar as férias para crescer no amor recíproco iluminado pela alegria divina.



Audiências 2005-2013 1065