Audiências 2005-2013 3085

3 de Agosto de 2005: O Senhor protege o seu povo (Salmo 124 vulg)

3085 Irmãos e irmãs

1. Neste nosso encontro, que tem lugar depois das minhas férias passadas no Vale de Aosta, retomamos o itinerário que estamos a percorrer no interior da Liturgia das Vésperas. Agora, entra em cena o Salmo 124, que faz parte daquela intensa e sugestiva colectânea, chamada "Cânticos das ascensões", livrinho de orações ideal para a peregrinação a Sião, em vista do encontro com o Senhor no templo (cf.
Ps 119-133).

Aquele sobre o qual agora nós meditaremos brevemente é um texto sapiencial, que suscita a confiança no Senhor e contém uma breve oração (cf. Ps 125,4). A primeira frase proclama a estabilidade dos "que confiam no Senhor", comparando-a com a estabilidade "rochosa" e segura do "monte Sião" que, evidentemente, é devida à presença de Deus que, como afirma outro Salmo, é "rocha, fortaleza, refúgio, abrigo, escudo, baluarte e poderosa salvação" (cf. Ps 17,3). Mesmo quando o fiel se sente isolado e rodeado de perigos e de hostilidades, a sua fé deve ser tranquila, porque o Senhor está sempre connosco. A sua força circunda-nos e protege-nos.

Também o profeta Isaías confirma que ouviu da boca de Deus estas palavras, destinadas aos fiéis: "Vou colocar em Sião uma pedra que vos ponha à prova. Será uma pedra preciosa, angular, bem firme. Aquele que nela confiar, não tropeçará" (Is 28,16).

2. Contudo, continua o Salmista, a confiança que é a atmosfera da fé do fiel dispõe de um ulterior sustentáculo: o Senhor como que acampou em defesa do seu povo, precisamente como os montes rodeiam Jerusalém, tornando-a uma cidade fortificada por bastiões naturais (cf. Ps 125,2). Numa profecia de Zacarias, Deus diz de Jerusalém: "Mas Eu serei para ela... como um muro de fogo à sua volta e serei no meio dela a sua glória" (Za 2,9).

Nesta atmosfera de confiança radical, o Salmista tranquiliza "os justos", os fiéis. A sua situação pode ser, por si mesma, preocupante por causa da prepotência dos ímpios, que desejam impor o seu domínio. Haveria também a tentação, para os justos, de se tornar cúmplices do mal para evitar graves inconvenientes, mas o Senhor protege-os da opressão: "Não durará muito o domínio dos maus sobre a terra dos justos" (Ps 125,3); ao mesmo tempo, Ele preserva-os da tentação, para que "não estendam a sua mão à maldade" (Ibidem Ps 125,3).

Portanto, o Salmo infunde na alma uma profunda confiança. Ajuda poderosamente a enfrentar as situações difíceis, quando à crise externa do isolamento, da ironia e do desprezo em relação aos fiéis, se associa a crise interna, feita de desencorajamento, de mediocridade e de cansaço. Conhecemos esta situação, mas o Salmo diz-nos que se tivermos confiança seremos mais fortes do que estes males.

3. O final do Salmo contém uma invocação dirigida ao Senhor, a favor dos "bons" e dos "rectos de coração" (cf. Ps 125,4) e um anúncio de desventura contra "aqueles que se desviam por caminhos tortuosos" (Ps 125,5). Por um lado, o Salmista pede que o Senhor se manifeste como um Pai amoroso para com os justos e os fiéis que conservam alta a chama da rectidão de vida e da boa consciência. Por outro, espera-se que Ele se revele como juiz justo diante daqueles que se desviaram pelos caminhos tortuosos do mal, cujo resultado conclusivo é a morte.

O Salmo termina com a tradicional saudação de shalom, de "paz a Israel", uma saudação ritmada por assonância a Jerushalajim, a Jerusalém (cf. Ps 125,2), a cidade símbolo de paz e de santidade. É uma saudação que se torna um voto de esperança. Nós podemos torná-la explícita através das palavras de São Paulo: "Paz e misericórdia para quantos seguirem esta regra, bem como para todo o Israel de Deus" (Ga 6,16).

4. No seu comentário a este Salmo, Santo Agostinho contrapõe "aqueles que se desviam por caminhos tortuosos" "àqueles que são rectos de coração e não se afastam de Deus". Se os primeiros forem associados "à sorte dos maus", qual será a sorte dos "rectos de coração"? Na esperança de se tornar ele mesmo, juntamente com os seus ouvintes, partícipe da sorte ditosa destes últimos, o Bispo de Hipona interroga-se: "O que possuiremos? Qual será a nossa herança? Qual será a nossa pátria? Qual é o seu nome?". E ele mesmo responde, indicando o seu nome faço minhas estas palavras: "Paz. Saudamos-vos com o voto da paz; anunciamos-vos a paz; os montes recebem a paz, enquanto a justiça se estende sobre as colinas (cf. Ps 71,3). Pois bem, a nossa paz é Cristo: "Com efeito, Ele é a nossa paz" (Ep 2,14)" (Exposições sobre os Salmos, IV, Nuova Biblioteca Agostiniana, XXVIII, Roma 1977, pág. 105).

Santo Agostinho conclui com uma exortação que é, ao mesmo tempo, também bons votos: "Nós somos o Israel de Deus e abraçamos a paz, porque Jerusalém significa visão de paz e nós somos Israel: aquele Israel sobre o qual paira a paz" (Ibid., pág. 107), e a paz é Cristo.

Saudações

Amados irmãos e irmãs

O clima deste nosso encontro de hoje estimula-nos a viver serena e confiadamente, na certeza de que Cristo, "nossa paz", vive conosco e por nós. Saúdo com especial afeto os peregrinos de língua portuguesa aqui presentes, de modo especial os que vieram de Portugal, bem como um grupo de jovens do Movimento de Schönstatt e outro provindo de São Paulo, do Brasil. Abraço a todos com particular simpatia e, ao renovar o meu convite de nos encontrarmos em Colônia para a Jornada Mundial da Juventude, concedo de coração a minha Bênção Apostólica.

Dirijo uma alegre saudação aos peregrinos vindos dos países de expressão alemã. Deus é a Rocha, a nossa base sólida, mesmo quando algo vacila no nosso mundo. Permanecei firmes na fé e no amor, orientando com confiança os vossos pensamentos e as vossas fadigas rumo ao Senhor. Que Ele vos acompanhe com a sua paz. Desejo a todos vós um bom e proveitoso período de férias!

Saúdo cordialmente os peregrinos da Espanha e da América Latina, especialmente as Filhas da Paixão, os membros dos Movimentos de Schönstatt e "Regnum Christi", assim como os fiéis vindos do Chile, México e Peru. Confiantes no Senhor, aspirai à paz, anunciai a paz e edificai a paz. Vós sois o povo do Senhor e Cristo é a vossa paz.

Estendo as minhas saudações de boas-vindas aos peregrinos polacos. Saúdo cada um de vós aqui presentes e todos os vossos entes queridos. Amanhã celebrar-se-á a memória de São João Maria Vianney, Pároco de Ars. Pela sua intercessão, peçamos a Deus numerosos e santos sacerdotes. A Igreja de hoje tem muita necessidade deles. Deus vos abençoe.

Estimados irmãos e irmãs, agora dou cordiais boas-vindas aos peregrinos de língua italiana. Saúdo em particular os Filhos de Santa Maria Imaculada, as Franciscanas Missionárias do Coração Imaculado de Maria e as Irmãs Angélicas de São Paulo, que participam nas Assembleias Capitulares dos respectivos Institutos. Além disso, saúdo os fiéis de Campobasso, acompanhados pelo Arcebispo D. Armando Dini, e os Seminaristas da Arquidiocese de Bari-Bitonto. Convido todos vós a dardes testemunho do Evangelho com renovado impulso.

Enfim, dirijo-me aos jovens, aos doentes e aos novos casais. Amanhã a liturgia recordará um sacerdote muito amado pelos seus contemporâneos, e também por nós: São João Maria Vianney, o Santo Cura de Ars. Caríssimos, o seu exemplo sirva de estímulo e de encorajamento, para que todos correspondam com generosidade à graça divina.


10 de Agosto de 2005: Confiar em Deus como a criança na mãe (Salmo 130 vulg.)

10085

1. Ouvimos somente poucas palavras, cerca de trinta, no original hebraico do Salmo 130. Contudo, são palavras intensas que desenvolvem um tema precioso para toda a literatura religiosa: a infância espiritual. O pensamento corre rápida e espontaneamente até Santa Teresa de Lisieux, ao seu "pequeno caminho", ao seu "permanecer pequena" para "estar nos braços de Jesus" (cf. Manuscrito "C",
MSC 2-3vº: Obras Completas, Cidade do Vaticano 1997, pp. 235-236).

Com efeito, no centro do Salmo sobressai a imagem de uma mãe com o menino, sinal do amor terno e materno de Deus, como já se tinha expresso o profeta Oseias: "Quando Israel ainda era menino, Eu amei-o... Segurava-os com laços humanos, com laços de amor, fui para eles como os que levantam uma criancinha contra o seu rosto; inclinei-me sobre ele para lhe dar de comer" (Os 11,1 Os 11,4).

2. O Salmo começa com a descrição da atitude antitética em relação ao comportamento da infância, que está consciente da sua própria fragilidade, mas tem confiança na ajuda dos outros. Todavia, no Salmo entram em cena o orgulho do coração, a soberba do olhar, as "coisas grandiosas e superiores" (cf. Ps 131,1). É a representação da pessoa soberba, descrita mediante vocábulos hebraicos que indicam a "altivez" e a "exaltação", a atitude arrogante daquele que olha os outros com um sentido de superioridade, considerando-os inferiores a si mesmo.

A grande tentação do indivíduo soberbo, que deseja ser como Deus, juiz do bem e do mal (cf. Gn 3,5), é decididamente rejeitada pelo orante, que opta pela confiança humilde e espontânea do único Senhor.

3. Assim, passa-se à imagem inesquecível do menino e da mãe. O texto original hebraico não fala de um recém-nascido, mas sim de uma "criança saciada" (Ps 131,2). Pois bem, sabe-se que no antigo Oriente Próximo a desmama oficial se situava aproximativamente nos três anos de idade e era celebrada com uma festa (cf. Gn 21,8 1S 1,20-23 2M 7,27).

O menino, ao qual o Salmista remete, está ligado à mãe por um relacionamento que já é pessoal e íntimo, portanto não pelo mero contacto físico e pela necessidade de alimentação. Trata-se de um vínculo mais consciente, embora sempre imediato e espontâneo. Esta é a parábola ideal da verdadeira "infância" do espírito, que se abandona a Deus não de maneira cega e automática, mas tranquila e responsável.

4. Nesta altura, a profissão de confiança no orante alarga-se a toda a comunidade: "Israel, espera no Senhor, desde agora e para sempre!" (Ps 131,3). Ora, a esperança brota em todo o povo, que recebe de Deus a segurança, a vida e a paz, estendendo-se do presente ao futuro, "desde agora e para sempre!".

É fácil continuar a oração, fazendo ecoar outras vozes do Saltério, inspiradas na mesma confiança em Deus: "Pertenço-te desde o ventre materno; desde o seio de minha mãe, Tu és o meu Deus" (Ps 21,11). "Ainda que meu pai e minha mãe me abandonem, o Senhor há-de de acolher-me" (Ps 26,10). "Tu és a minha esperança, ó Senhor Deus, e a minha confiança desde a juventude. Em ti me apoio desde o seio materno, desde o ventre materno és o meu sustentáculo" (Ps 70,5-6).

5. À confiança humilde, como se pôde ver, opõe-se a altivez. Um escritor cristão dos séculos IV-V, João Cassiano, admoesta os fiéis sobre a gravidade deste vício, que "destrói todas as virtudes no seu conjunto e não atinge apenas os medíocres e os fracos, mas principalmente aqueles que se colocaram no ápice com o uso das suas próprias forças". Depois, ele continua: "Este é o motivo pelo qual o bem-aventurado David salvaguarda o seu coração com tanta circunspecção, a ponto de ousar proclamar, diante daquele a Quem decerto não passavam despercebidos os segredos da sua consciência: "Senhor, o meu coração não se orgulha e o meu olhar não se exalta com altivez; não vou à procura de coisas grandiosas, superiores às minhas forças"... Todavia, bem sabendo que esta salvaguarda é difícil também para os perfeitos, ele não tem a presunção de se alicerçar unicamente nas suas capacidades, mas suplica o Senhor com orações, a fim de que o ajude a esquivar-se das flechas do inimigo e a não ser ferido pelas mesmas: "Não permitas que me pisem os pés dos orgulhosos" (Ps 35,12)" (Le istituzioni cenobitiche, XII, 6, Abadia de Praglia, Bresseo di Teolo Pádua 1989, pág. 289).

Analogamente, um idoso anónimo dos Padres do deserto legou-nos esta declaração, que faz ressoar o Salmo 130: "Jamais ultrapassei a minha categoria para caminhar de forma mais altiva, e nunca fiquei perturbado em caso de humilhação, porque cada um dos meus pensamentos consistia nisto: em rezar ao Senhor para que me despojasse do homem velho" (I Padri del deserto. Detti, Roma 1980, pág. 287).

Saudações

Amados irmãos e irmãs

A simplicidade do Salmo recém-lido tem o encanto de apresentar-nos uma das virtudes mais fundamentais do cristão: a confiança em Deus, o abandono em suas mãos, a paz que se experimenta quando Deus é tudo, e tudo dirige na vida de cada um.

Seja este um auspício para os peregrinos de língua portuguesa aqui presentes, de modo especial para os visitantes do Brasil e de Portugal. Deixem-se amparar pelo calor do regaço da sempre Virgem Maria, na perspectiva da festividade da sua Assunção aos Céus, e que Deus abençoe a vós e as vossas famílias.

Dou calorosas boas-vindas aos peregrinos de expressão anglófona, hoje aqui presentes, inclusive aos grupos provenientes do Japão, da Coreia do Sul, da Jamaica e dos Estados Unidos da América. Estou-vos grato pelo carinho com que me saudastes.

Desejo-vos uma feliz permanência em Roma. Sobre todos vós, invoco a paz e a alegria de nosso Senhor Jesus Cristo!

Agora, dirijo o meu pensamento aos jovens, aos doentes e aos novos casais.

Hoje celebramos a memória de São Lourenço, luminoso modelo de cristão, que soube viver com coragem e heroísmo evangélico a sua adesão total ao Mestre divino.

Caríssimos, imitai o seu exemplo e, como ele, estai sempre prontos a responder fielmente ao apelo do Senhor.


17 de Agosto de 2005: Deus é a nossa alegria e a nossa esperança (Salmo 125 vulg.)

17085

1. Ouvindo as palavras do Salmo 125, tem-se a impressão de ver passar diante dos olhos o acontecimento cantado na segunda parte do Livro de Isaías: o "novo êxodo". É a volta de Israel do exílio babilónico para a terra dos pais, a seguir ao édito do rei persa Ciro, no ano 538 a.C. Então, repetiu-se a experiência jubilosa do primeiro êxodo, quando o povo hebraico foi libertado da escravidão do Egipto.

Este Salmo adquiria um particular significado, quando era entoado nos dias em que Israel se sentia ameaçado e amedrontado, porque estava a ser submetido novamente à prova. Com efeito, o Salmo compreende uma oração pela volta dos prisioneiros do momento (cf.
Ps 126,4). Assim, ele tornava-se uma prece do povo de Deus no seu itinerário histórico, repleto de perigos e de provações, mas sempre aberto à confiança em Deus Salvador e Libertador, sustentáculo dos fracos e dos oprimidos.

2. O Salmo introduz numa atmosfera de exultação: as pessoas sorriem, festejam a liberdade alcançada, enquanto nos seus lábios brotam cânticos de alegria (cf. Ps 126,1-2).

A reacção diante da liberdade reconquistada é dupla. Por um lado, as nações pagãs reconhecem a grandeza do Deus de Israel: "O Senhor fez grandes coisas por eles" (Ps 126,2). A salvação do povo eleito torna-se uma prova límpida da existência eficaz e poderosa de Deus, presente e activo na história. Por outro, é o povo de Deus que professa a sua fé no Senhor salvador: "Sim, o Senhor fez grandes coisas por nós" (Ps 126,3).

3. Depois, o pensamento dirige-se ao passado, revivido com um sobressalto de medo e de amargura. Gostaríamos de fixar a atenção na imagem agrícola utilizada pelo Salmista: "Aqueles que semeiam com lágrimas, vão recolher com alegria" (Ps 126,5). Sob o peso do trabalho, às vezes o rosto banha-se de lágrimas: realiza-se uma sementeira cansativa, talvez destinada à inutilidade e ao fracasso. Mas quando chega a hora da colheita abundante e jubilosa, descobre-se que aquela dor foi fecunda.

Neste versículo do Salmo está resumida a grande lição sobre o mistério de fecundidade e de vida, que pode estar contida no sofrimento. Precisamente como Jesus tinha dito na vigília da sua paixão e morte: "Se o grão de trigo, lançado à terra, não morrer, ficará ele só; mas se morrer, dará muito fruto" (Jn 12,24).

4. Assim, o horizonte do Salmo abre-se à sementeira festiva, símbolo da alegria gerada pela liberdade, pela paz e pela prosperidade, que constituem o fruto da Bênção divina. Então, esta oração é um cântico de esperança, ao qual recorrer quando se está mergulhado no tempo da prova, do medo, da ameaça exterior e da opressão interior.

Contudo, pode tornar-se também um apelo mais geral, a viver os próprios dias e a tomar as decisões pessoais num clima de fidelidade. A perseverança no bem, mesmo que seja incompreendida e contrastada, no final chega sempre a uma meta de luz, de fecundidade e de paz.
Era o que São Paulo recordava aos Gálatas: "Quem semear no Espírito, do Espírito colherá a vida eterna. E não nos cansemos de fazer o bem, porque a seu tempo colheremos, se não tivermos esmorecido" (Ga 6,8-9).

5. Concluímos com uma reflexão de São Beda, o Venerável (cf. 672/3-735) sobre o Salmo 125, para comentar as palavras com que Jesus anunciava aos seus discípulos a tristeza que os esperava e, ao mesmo tempo, a alegria que teria brotado da sua aflição (cf. Jn 16,20).

Beda recorda que "choravam e se queixavam aqueles que amavam Cristo, quando O viram aprisionado pelos inimigos, atado, levado para ser julgado, condenado, flagelado, escarnecido e enfim crucificado, atingido pela lança e sepultado. Aqueles que amavam o mundo, ao contrário, alegravam-se... quando condenavam a uma morte extremamente torpe Aquele, cuja simples visão era para eles já um incómodo. Entristeceram-se os discípulos com a morte do Senhor, mas tendo tomado conhecimento da sua ressurreição, a sua tristeza transformou-se em júbilo; em seguida, vendo o prodígio da ascensão, com alegria ainda maior louvavam e bendiziam o Senhor, como testemunha Lucas (cf. Lc 24,53). Porém, aquelas palavras do Senhor adaptam-se a todos os fiéis que, através das lágrimas e das aflições do mundo, procuram chegar às alegrias eternas e que, justamente, agora choram e ficam tristes, porque ainda não podem ver Aquele a Quem amam e porque, enquanto estão no corpo, sabem que se encontram longe da pátria e do reino, embora estejam persuadidos de que alcançarão o prémio através dos cansaços e das lutas. A sua tristeza transformar-se-á em alegria quando, concluído o combate desta vida, receberem a recompensa da vida eterna, em conformidade com quanto afirma o Salmo: "Aqueles que semeiam com lágrimas, vão recolher com alegria"" (Omelie sul Vangelo, 2, 13: Collana di Testi Patristici, XC, Roma 1990, pp. 379-380).



Saudação

Uma saudação cordial aos peregrinos de língua portuguesa, nomeadamente ao coro polifónico de Cruz e ao grupo folclórico de São Luís, com votos de serem por todo o lado zelosos mensageiros e testemunhas da fé que vieram afirmar e consolidar nesta romagem, que desejo rica de graças e consolações celestes para todos.

A oração do Papa por Frère Roger

Falámos de tristeza e ao mesmo tempo de alegria. Na realidade, hoje de manhã recebi uma notícia muito triste, dramática. Durante as Vésperas da tarde de ontem, o querido Frère Roger Schutz, Fundador da Comunidade de Taizé, foi ferido com golpes de faca e morto, provavelmente por uma desequilibrada. Esta notícia emociona-me ainda mais, porque precisamente ontem recebi uma carta muito comovedora e amistosa de Frère Roger. Nela, ele escreve que "nós estamos em comunhão com Vossa Santidade e com aqueles que se encontram reunidos em Colónia". Em seguida, escreve que, em virtude das suas condições de saúde, infelizmente não poderia ir pessoalmente a Colónia, mas estaria presente em espírito, juntamente com os seus irmãos. No final, nesta carta escreve-me que tem o desejo de vir quanto antes a Roma para se encontrar comigo e para me dizer que "a nossa Comunidade de Taizé deseja caminhar em comunhão com o Santo Padre".Depois, escreve pelo próprio punho: "Santo Padre, asseguro-lhe os meus sentimentos de profunda comunhão. Frère Roger de Taizé".

Neste momento de tristeza, só podemos confiar à bondade do Senhor a alma deste seu fiel servidor. Sabemos que da tristeza como acabámos de ouvir no Salmo renascerá a alegria: Frère Schutz está nas mãos da bondade eterna e do amor eterno, pois chegou à alegria eterna. Ele admoesta-nos e exorta-nos a ser sempre trabalhadores fiéis na Vinha do Senhor, mesmo em situações tristes, certos de que o Senhor nos acompanha e nos concederá a sua alegria.


24 de Agosto de 2005: Reflexões sobre a Peregrinação Apostólica a Colônia por ocasião da Jornada Mundial da Juventude

24085

Queridos irmãos e irmãs!

Como o amado João Paulo II costumava fazer depois de cada peregrinação apostólica, também eu gostaria hoje, juntamente convosco, de percorrer novamente os dias transcorridos em Colónia por ocasião da Jornada Mundial da Juventude. A Providência divina quis que a minha primeira viagem pastoral fora da Itália tivesse como meta precisamente o meu país de origem e acontecesse por ocasião do grande encontro dos jovens do mundo, a vinte anos da instituição da Jornada Mundial da Juventude, querida com intuição profética pelo meu inesquecível Predecessor. Depois do meu regresso, do fundo do meu coração dou graças a Deus pelo dom desta peregrinação, da qual conservarei uma agradável recordação. Todos sentimos que era um dom de Deus. Sem dúvida, muitos colaboraram, mas no fim a graça deste encontro era um dom do Alto, do Senhor. A minha gratidão dirige-se, ao mesmo tempo, a todos os que com empenho e amor prepararam e organizaram este encontro em cada uma das suas fases: em primeiro lugar, ao Arcebispo de Colónia, o Cardeal Joachim Meisner, ao Cardeal Karl Lehmann, Presidente da Conferência Episcopal, e aos Bispos da Alemanha, com os quais me encontrei precisamente no final da minha visita. Depois, desejo agradecer de novo às Autoridades, às organizações e aos voluntários que ofereceram o seu contributo. Estou grato também às pessoas e às comunidades que, em todas as partes do mundo, o sustentaram com a oração e aos doentes, que ofereceram os seus sofrimentos pelo bom êxito espiritual deste importante encontro.

O maravilhoso abraço com os jovens participantes na Jornada Mundial da Juventude começou desde a minha chegada ao aeroporto de Colónia/Bonn e as emoções foram aumentando cada vez mais, ao percorrer o Reno do cais de Rodenkirchenerbrucke até Colónia escoltados por outras cinco embarcações que representavam os cinco continentes. Depois, muito sugestiva, foi a paragem diante do cais do Poller Rheinwiesen onde já se encontravam milhares e milhares de jovens com os quais tive um primeiro encontro oficial, oportunamente chamado "festa de acolhimento" e que tinha como tema as palavras do Magos: "Onde está o rei dos judeus que acaba de nascer?" (
Mt 2,2).

Foram precisamente os Magos os "guias" para aqueles jovens peregrinos rumo a Cristo, adoradores do mistério da sua presença na Eucaristia. Como é significativo que tudo isto tenha acontecido quando nos encaminhamos para a conclusão do Ano da Eucaristia querido por João Paulo II! "Viemos adorá-l'O": o tema do Encontro convidou todos a seguir idealmente os Magos, e a fazer juntamente com eles uma viagem interior de conversão rumo ao Emanuel, o Deus connosco, para o conhecer, o encontrar, o adorar e, depois de o ter encontrado e adorado, partir de novo levando no coração, no nosso íntimo, a sua luz e a sua alegria.

Em Colónia os jovens tiveram a oportunidade, várias vezes, de aprofundar estas importantes temáticas espirituais e sentiram-se estimulados pelo Espírito Santo a ser testemunhas entusiastas e coerentes de Cristo, que na Eucaristia prometeu permanecer realmente entre nós até ao fim do mundo. Penso de novo nos vários momentos em que tive a alegria de partilhar com eles, especialmente na Vigília do sábado à noite e na Celebração conclusiva de domingo. A estas sugestivas manifestações de fé uniram-se milhões de outros jovens de todas as partes da terra, graças às providenciais transmissões através da rádio e da televisão. Mas gostaria de reevocar aqui um encontro singular, o que tive com os seminaristas, jovens chamados a um seguimento pessoal mais radical de Cristo, Mestre e Pastor. Tinha querido que houvesse um momento específico dedicado a eles, também para realçar a dimensão vocacional típica das Jornadas Mundiais da Juventude. Não são poucas as vocações para o sacerdócio e para a vida consagrada que desabrocharam, nestes vinte anos, precisamente durante as Jornadas Mundiais da Juventude, ocasiões privilegiadas nas quais o Espírito Santo faz sentir com vigor a sua chamada.

No contexto rico de esperança das Jornadas de Colónia, coloca-se muito bem o encontro ecuménico com os representantes das outras Igrejas e Comunidades eclesiais. O papel da Alemanha no diálogo ecuménico é importante quer para a triste história das divisões quer para a parte significativa desempenhada no caminho de reconciliação. Faço votos para que o diálogo, como intercâmbio recíproco de dons e não só de palavras, contribua também para fazer crescer e amadurecer aquela "sinfonia" ordenada e harmoniosa que é a unidade católica. Nesta perspectiva, as Jornadas Mundiais da Juventude representam um válido "laboratório" ecuménico. E como não reviver com emoção a visita à Sinagoga de Colónia, onde tem sede a mais antiga Comunidade hebraica na Alemanha. Com os irmãos hebreus recordei o Shoà, e o 60º aniversário da libertação dos campos de concentração nazistas. Além disso, celebra-se este ano o 40º aniversário da Declaração conciliar Nostra aetate, que inaugurou uma nova época de diálogo e de solidariedade espiritual entre hebreus e cristãos, assim como de estima pelas outras grandes tradições religiosas. Entre elas, o Islão ocupa um lugar particular, cujos seguidores adoram o único Deus e reconhecem de bom grado o patriarca Abraão. Por este motivo, quis encontrar-me com os representantes de algumas Comunidades muçulmanas, aos quais manifestei as esperanças e as preocupações do difícil momento histórico que estamos a viver, desejando que sejam extirpados o fanatismo e a violência e que juntamente se possa colaborar para defender sempre a dignidade da pessoa humana e tutelar os seus direitos fundamentais.

Queridos irmãos e irmãs, do coração da "velha" Europa, que infelizmente conheceu no século passado horrendos conflitos e regimes desumanos, os jovens voltaram a lançar à humanidade do nosso tempo a mensagem da esperança que não desilude, porque se funda na Palavra de Deus que se fez carne em Jesus Cristo, morto e ressuscitado para a nossa salvação. Em Colónia os jovens encontraram e adoraram o Emanuel, o Deus-connosco, no mistério da Eucaristia e compreenderam melhor, que a Igreja é a grande família mediante a qual Deus forma um espaço de comunhão e de unidade entre cada continente, cultura e raça, uma família mais vasta do que o mundo, que não conhece limites nem confins, por assim dizer, uma "grande comitiva de peregrinos" que caminham juntamente com Cristo, guiados por Ele, estrela radiosa que ilumina a história. Jesus faz-se nosso companheiro de viagem na Eucaristia, e na Eucaristia assim disse na homilia da Celebração conclusiva tirando da física uma imagem muito conhecida leva a "cisão nuclear" ao coração mais recôndito do ser. Só esta íntima explosão do bem que vence o mal pode dar vida às transformações necessárias para mudar o mundo. Jesus, o rosto de Deus misericordioso por todos os homens, continua a iluminar o nosso caminho como a estrela que guiou os Magos, e enche-nos com a sua alegria. Por conseguinte, rezemos para que os jovens de Colónia levem consigo, dentro de si, a luz de Cristo, que é verdade e amor e a difundam em toda a parte. Tenho esperança em que, graças à força do Espírito Santo e à ajuda materna da Virgem Maria, possamos assistir a uma grande primavera de esperança na Alemanha, na Europa e no mundo inteiro.

Saudações

Amados peregrinos vindos de Portugal e doutros países lusófonos, a todos saúdo com grande afecto e alegria, recordando Jesus que Se fez nosso companheiro de viagem na Eucaristia. Tal foi a vivência de Colónia. Como eles, detende vossos passos para adoração e comunhão da Eucaristia; abrasados por ela, ireis desencadear aquela fusão de amor que fará, da humanidade inteira, uma só família a família de Deus.

Dirijo-me agora aos peregrinos de língua italiana, especialmente aos numerosos fiéis das Comunidades paroquiais presentes, entre os quais gostaria de recordar a paróquia dos "Santos Gaudêncio e Eusébio" de Gambolò, e à de Santo Antão Abade, em Priero. Encorajo cada um de vós a aderir cada vez mais a Cristo e desejo que a visita aos túmulos dos Apóstolos suscite em todos renovados propósitos de fiel testemunho evangélico.

Por fim, como de costume, é a vós, queridos jovens, doentes e novos casais, que dirijo o meu pensamento. O exemplo do Apóstolo São Bartolomeu, que hoje recordamos, vos ajude a olhar com confiança para Cristo, que é a luz nas dificuldades, amparo nas provas e guia em cada momento da vida.



31 de Agosto de 2005: Toda a fadiga é vã sem o Senhor (Salmo 126 vulg.)

31085

Queridos Irmãos e Irmãs!

1. O Salmo 126, agora proclamado, apresenta diante dos nossos olhos um espectáculo em movimento: uma casa em construção, a cidade com os seus guardas, a vida das famílias, as vigílias nocturnas, o trabalho quotidiano, os pequenos e os grandes segredos da existência. Mas acima de tudo eleva-se uma presença decisiva, a do Senhor que paira sobre as obras do homem, como sugere o início incisivo do Salmo: "Se o Senhor não edificar a casa, em vão trabalham os construtores" (
Ps 127,1).

Sem dúvida, uma sociedade sólida nasce do compromisso de todos os seus membros, mas precisa da bênção e do amparo daquele Deus que, infelizmente, muitas vezes é excluído ou ignorado. O Livro dos Provérbios realça a primazia da acção divina para o bem-estar de uma comunidade e fá-lo de maneira radical afirmando que "a bênção do Senhor é que enriquece, o nosso esforço nada lhe acrescenta" (Pr 10,22).

2. Este Salmo sapiencial, fruto da meditação sobre a realidade da vida de todos os dias, está construído substancialmente sobre um contraste: sem o Senhor, em vão se procura construir uma casa estável, edificar uma cidade segura, fazer frutificar a própria fadiga (cf. Ps 127,1-2). Com o Senhor, ao contrário, tem-se prosperidade e fecundidade, uma família rica de filhos e serena, uma cidade bem fornecida e defendida, livre de pesadelos e inseguranças (cf. Ps 127,3-5).

O texto inicia com a menção feita ao Senhor representado como construtor da casa e sentinela que vigia sobre a cidade (cf. Ps 120,1 Ps 120,8). O homem sai de manhã para se empenhar no seu trabalho e no sustento da família e ao serviço do desenvolvimento da sociedade. É um trabalho que ocupa as suas energias, provocando o suor no seu rosto (cf. Gn 3,19) durante todo o dia (cf. Ps 127,2).

3. Pois bem, mesmo reconhecendo a importância do trabalho, o Salmista não hesita em afirmar que todo este trabalho é inútil, se Deus não está ao lado de quem trabalha. E afirma que, ao contrário, Deus gratifica até o sono dos seus amigos. O Salmista deseja assim exaltar a primazia da graça divina, que imprime consistência e valor ao agir humano, mesmo marcado pelas limitações e pela caducidade. No abandono sereno e fiel da nossa liberdade ao Senhor, também as nossas obras se tornam sólidas, capazes de um fruto permanente. O nosso "sono" torna-se, desta forma, um repouso abençoado por Deus, destinado a sigilar uma actividade que tem sentido e consistência.

4. Passa-se, neste ponto, a outro cenário descrito pelo nosso Salmo. O Senhor oferece o dom dos filhos, considerados uma bênção e uma graça, sinal da vida que continua e da história da salvação propensa para novas etapas (cf. Ps 127,3). O Salmista exalta em particular "filhos nascidos na juventude": o pai que teve filhos quando jovem não só os verá em todo o seu vigor, mas serão o seu amparo na velhice. Assim, ele poderá enfrentar com segurança o futuro, tornando-se semelhante a um guerreiro, armado com aquelas "flechas" afiadas e vitoriosas que são os filhos (cf. Ps 127,4-5).

A imagem, tirada da cultura daquela época, tem a finalidade de celebrar a segurança, a estabilidade, a força de uma família numerosa, como é repetido no seguinte Salmo 127, no qual é esboçado o retrato de uma família feliz.

O quadro final representa um pai circundado pelos seus filhos, o qual é recebido com respeito às portas da cidade, sede da vida pública. Por conseguinte, a geração é um dom portador de vida e de bem-estar para a sociedade. Disto somos conscientes nos nossos dias perante nações nas quais a diminuição demográfica priva do vigor, da energia, do futuro encarnado pelos filhos. Mas, acima de tudo, eleva-se a presença abençoadoradeDeus,fontedevidae de esperança.

5. O Salmo 126 foi usado com frequência pelos autores espirituais precisamente para exaltar esta presença divina, decisiva para proceder pelo caminho do bem e do reino de Deus. Assim o monge Isaías (falecido em Gaza em 491) no seu Asceticon (Logos 4, 118), recordando o exemplo dos antigos patriarcas e profetas, ensina: "Colocaram-se sob a protecção de Deus implorando a sua assistência, sem depor a sua confiança em qualquer fadiga realizada. E a protecção de Deus foi para eles uma cidade fortificada, porque sabiam que sem a ajuda de Deus não tinham poder e a sua humildade fazia-lhes dizer com o Salmista: "Se o Senhor não edificar a casa, em vão trabalham os construtores. Se o Senhor não guardar a cidade, em vão vigia a sentinela"" (Recueil ascéptique, Abbaye de Bellefontaine 1976, pp. 74-75). Isto é válido também hoje: só a comunhão com o Senhor pode guardar as nossas casas e as nossas cidades.

Saudações

Saúdo também os grupos vindos de Portugal e do Brasil e demais peregrinos de língua portuguesa, desejando que esta visita aos lugares santificados pela pregação e martírio dos Apóstolos Pedro e Paulo a todos fortaleça na fé e consolide, no amor divino, os vínculos de cada um com a sua família, comunidade eclesial e civil. A Virgem Mãe vos acompanhe e proteja!

Dou as boas-vindas a todos os polacos aqui presentes. Celebra-se hoje o 25º aniversário da instituição de "Solidarnosc". Agradeço à Divina Providência pelo sopro de um novo espírito que este movimento levou às vicissitudes da Europa contemporânea. Deus abençoe todos os que se comprometem pela promoção da justiça social e pelo bem dos operários. Transmiti a minha bênção aos vossos queridos.

Louvado seja Jesus Cristo!

Dirijo calorosas saudações aos peregrinos e visitantes de língua alemã. Deus derrame sobre vós as suas bênçãos e vos acompanhe com a sua graça, como nos diz o Salmo de hoje. Confiemo-nos à sua Misericórdia e agradeçamos-Lhe pelo dom dos filhos e pela dádiva da vida eterna. Desejo a todos vós uma agradável estadia em Roma e um bom início de novo ano escolar e de trabalho depois das férias!

Dou agora cordiais boas-vindas aos peregrinos de língua italiana. Em particular, saúdo os seminaristas participantes no encontro de verão para Seminários Maiores, os fiéis da Paróquia de São Carlos em Varese e os de Motta Visconti, que vieram de bicicleta através da via Francigena.
Caríssimos, garanto-vos uma recordação na oração para que se fortaleça a vossa adesão a Cristo e para que Ele vos encha dos seus dons de graça.

Por fim, saúdo os jovens, os doentes e os novos casais. Exorto-vos, queridos jovens, a pôr Jesus no centro da vossa vida, e sereis verdadeiras testemunhas de esperança e de paz. Vós, queridos doentes, aceitai com fé o mistério do sofrimento a exemplo d'Aquele que morreu na Cruz pela redençao de todos os homens. E vós, queridos novos casais, hauri todos os dias do Senhor a força espiritual para tornar o vosso amor autentico, duradouro e aberto ao próximo.

Concluamos este nosso encontro com o canto do Pater Noster.



Audiências 2005-2013 3085