Audiências 2005-2013 12105

12 de Outubro de 2005: Salmo 121 (vulg.): Saudação à Cidade santa de Jerusalém

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1. É um dos mais bonitos e apaixonantes Cânticos graduais o que agora ouvimos e apreciamos em oração. Trata-se do Salmo 121, uma celebração viva e partícipe em Jerusalém, a cidade santa para a qual se dirigem os peregrinos.

De facto, logo na abertura, fundem-se juntamente os dois momentos vividos pelo fiel: o do dia em que aceitou o convite a ir "para a casa do Senhor" (
Ps 122,1) e o da chegada jubilosa às "portas" de Jerusalém (cf. Ps 122,2); agora os pés pisam finalmente aquela terra santa e amada. Precisamente, então, os lábios se abrem a um cântico de festa em honra de Sião, considerada no seu profundo significado espiritual.

2. "Cidade bem construída" (Ps 122,3), símbolo de segurança e de estabilidade, Jerusalém é o coração da unidade das doze tribos de Israel, que para ela convergem como centro da sua fé e do seu culto. Com efeito, ali, elas "sobem para louvar o nome do Senhor" (cf. Ps 122,4), no lugar que a "Lei de Israel" (Dt 12,13-14 Dt 16,16) estabeleceu como único santuário legítimo e perfeito.

Existe em Jerusalém outra realidade relevante, também ela sinal da presença de Deus em Israel: são "os tribunais da casa de David" (Ps 122,5), isto é, governa a dinastia davídica, expressão da acção divina na história, que teria chegado com o Messias (2S 7,8-16).

3. Os "tribunais da casa de David" são ao mesmo tempo chamados "tribunais de justiça" (cf. Ps 122,5), porque o rei era também o juiz supremo. Assim Jerusalém, capital política, também era a sede judiciária suprema, onde se resolviam em última instância as controvérsias: desta forma, saindo de Sião, os peregrinos hebreus regressavam às suas cidades mais justos e pacificados.
Assim, o Salmo traçou um retrato ideal da cidade santa na sua função religiosa e social, mostrando que a religião bíblica não é abstracta nem intimidatória, mas é fermento de justiça e de solidariedade. À união com Deus segue necessariamente a dos irmãos entre si.

4. Chegamos agora à invocação final (cf. Ps 122,6-9). Ela está toda ritmada sobre a palavra hebraica shalom, "paz", tradicionalmente considerada na base do próprio nome da cidade santa Jerushalaim, interpretada como"cidadedapaz".

Como sabemos, shalom faz alusão à paz messiânica, que reúne em si alegria, prosperidade, bem, abundância. Aliás, na saudação final que o peregrino dirige ao templo, à "casa do Senhor nosso Deus", acrescenta à paz o "bem": "pedirei para ti o bem" (Ps 122,9). Tem-se assim de forma antecipada a saudação franciscana: "Paz e bem!". Todos temos um pouco de alma franciscana. É um voto de bênção para os fiéis que amam a cidade santa, para a sua realidade física de muros e casas nos quais pulsa a vida de um povo, para todos os irmãos e amigos. Desta forma Jerusalém tornar-se-á um lar de harmonia e de paz.

5. Concluindo a nossa meditação sobre o Salmo 121 com uma sugestão de reflexão feita pelos Padres da Igreja, para os quais a antiga Jerusalém era sinal de outra Jerusalém, também ela "construída como cidade sólida e compacta". Esta cidade recorda São Gregório Magno nas Homilias sobre Ezequiel "já possui uma grande construção nos costumes dos santos. Num edifício, uma pedra serve de base para outra, porque se coloca uma pedra sobre outra, e quem ampara outro e, por sua vez, amparado por alguém. Assim, precisamente assim, na santa Igreja, cada um ampara o outro e é amparado. Os mais próximos amparam-se reciprocamente, e assim por meio deles eleva-se o edifício da caridade. Eis por que Paulo admoesta, dizendo: "Carregai o peso uns dos outros e assim cumprireis a Lei de Cristo" (Ga 6,2). Realçando a força desta lei, diz: "é no amor que está o pleno cumprimento da lei" (Rm 13,10). Se eu, de facto, não me esforço por vos aceitar tal como sois, e se vós não vos comprometerdes a aceitar-me tal como sou, não pode erguer-se o edifício da caridade entre nós, mesmo estando unidos por amor recíproco e paciente".

E, para completar a imagem, não esqueçamos o que "há um alicerce que suporta todo o peso da construção, é o nosso Redentor, o qual sozinho consente no seu conjunto os costumes de todos nós. Dele o Apóstolo diz: "ninguém pode pôr um alicerce diferente do que já foi posto: Jesus Cristo" (1Co 3,11). O fundamento suporta as pedras e não é suportado pelas pedras; isto é, o nosso Redentor carrega o peso de todas as nossas culpas, mas n'Ele não houve culpa alguma a ser tolerada" (2, 1, 5: Obras de Gregório Magno, III/2, Roma, pp. 27 29).

E assim o grande Papa São Gregório diz-nos o que significa o Salmo concretamente para a prática da nossa vida, diz-nos que devemos ser na Igreja de hoje uma verdadeira Jerusalém, isto é, um lugar de paz, "suportando-nos uns aos outros" tal como somos; "suportando-nos juntos" na alegre certeza de que o Senhor nos "suporta a todos". E assim cresce a Igreja como uma verdadeira Jerusalém, um lugar de paz. Mas queremos também rezar pela cidade de Jerusalém para que seja cada vez mais um lugar de encontro entre as religiões e os povos; para que seja realmente um lugar de paz.

Saudações

Amados irmãos e irmãs!

A evocação da Cidade santa de Jerusalém feita na Catequese de hoje, nos lembra que ali podemos encontrar, em grau superior, aquela alegria e aquele amor que estusiasmavam os que ali se dirigiam para louvar a Deus. É como um hino de amor à Igreja que nos ampara e nos fortalece na caminhada à Jerusalém Celeste. Confio em que de todos os peregrinos de língua portuguesa, mormente os brasileiros aqui presentes e o Reitor e alunos do Pontifício Colégio Português, rezem, em sinal de gratidão, pela Igreja Santa em Roma que está a celebrar mais uma Assembleia Geral do Sínodo dos Bispos.

Dou calorosas boas-vindas à peregrinação proveniente da Irlanda do Norte, da Diocese de Derry. Dirijo também a minha saudação aos Conselhos Gerais Extensivos das Irmãs da Ordem de São Basílio o Grande e das Irmãs da Escola de Notre Dame, assim como aos participantes no Colégio de Defesa da NATO. Sobre todos os presentes na Audiência de hoje, incluindo aos numerosos peregrinos da Inglaterra, Irlanda, Escócia, Dinamarca, Noruega, Austrália, Indonésia, Japão, Filipinas, Tailândia, Índia, Canadá e Estados Unidos invoco cordialmente as Bênçãos divinas da alegria e da paz.

Saúdo de coração todos vós, peregrinos de língua alemã que viestes a Roma. A minha saudação dirige-se sobretudo aos peregrinos da Diocese de Monastério, que participaram na beatificação do cardeal Clemens August von Galen, aos familiares e amigos dos novos sacerdotes do Collegium Germanicum. Desejo a todos vós que possais experimentar a bênção do Senhor e a caridade dos irmãos e irmãs na fé. Sede pedras vivas no edifício da Igreja e fiéis a Cristo Senhor. Boa permanência em Roma e feliz regresso a casa!

Por fim, o meu pensamento dirige-se aos doentes, aos novos casais e aos jovens, especialmente aos alunos da Fundação "Marri-Santa Umiltà" de Faenza. A todos vós desejo que imiteis o exemplo do beato João XXIII, do qual ontem celebramos a memória: esforçai-vos, como ele, por viver de maneira autêntica a vocação cristã.

Concluamos este nosso encontro com o cântico do Pater Noster.



19 de Outubro de 2005: Salmo 129 (vulg.): Das profundezas clamo a ti

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1. Foi proclamado um dos Salmos mais célebres e amados pela tradição cristã: o De profundis, assim chamado devido ao seu início na versão latina. Com o Miserere, ele tornou-se um dos Salmos penitenciais preferidos na devoção popular.

Além da sua aplicação fúnebre, o texto é antes de tudo um cântico à misericórdia divina e à reconciliação entre o pecador e o Senhor, um Deus justo e sempre pronto a revelar-se "misericordioso e clemente, vagaroso na ira, cheio de bondade e fidelidade, que mantém a sua graça até à milésima geração, que perdoa a iniquidade, a rebeldia e o pecado" (
Ex 34,6-7). Precisamente por este motivo o nosso Salmo encontra-se inserido na liturgia vespertina do Natal e de toda a oitava do Natal, assim como na do IV domingo de Páscoa e da solenidade da Anunciação do Senhor.

2. O Salmo 129 inicia com uma voz que se eleva das profundezas do mal e da culpa (cf. Ps 130,1-2). O eu orante dirige-se ao Senhor dizendo: "clamo a ti, Senhor". Depois, o Salmo desenvolve-se em três momentos delicados o tema do pecado e do perdão. Dirigimo-nos antes de tudo a Deus, interpelado directamente com o "Tu": "Se fazes conta das culpas, Senhor, quem poderá se manter? Mas contigo está o perdão, para que sejas temido" (Ps 130,3-4).

É significativo o facto de que aquilo que gera o temor, atitude de respeito misturado com amor, não é o castigo mas o perdão. Mais que a cólera de Deus, deve causar em nós um santo temor a sua magnanimidade generosa e desarmante. De facto, Deus não é soberano inexorável que condena o culpado, mas um pai amoroso, que devemos amar não por receio de uma punição, mas pela sua bondade pronta a perdoar.

3. No centro do segundo momento está o "eu" do orante que já não se dirige ao Senhor, mas fala dele: "Eu espero, Iahweh... Minha alma aguarda o Senhor mais que os guardas pela aurora" (Ps 130,5-6). Agora florescem no coração do Salmista arrependido a expectativa, a esperança, a certeza de que Deus pronunciará uma palavra libertadora e cancelará o pecado.

A terceira e última etapa no desenvolvimento do Salmo abrange todo o Israel, ao povo muitas vezes pecador e consciente da necessidade da graça salvífica de Deus: "Israel espera pelo Senhor, porque nele há misericórdia, e com Ele é abundante a redenção. Ela há-de livrar Israel de todos os seus pecados" (Ps 130,7-8).

A salvação pessoal, antes implorada pelo orante, é agora ampliada a toda a comunidade. A fé do Salmista insere-se na fé histórica do povo da Aliança, "remido" pelo Senhor não só pelas angústias da opressão egípcia, mas também "por todas as culpas". Pensamos que o povo da eleição, o povo de Deus agora somos nós. Também a nossa fé se insere na fé comum da Igreja. E precisamente assim nos dá a certeza de que Deus é bom para connosco e nos liberta das nossas culpas.

Partindo do abismo tenebroso do pecado, a súplica do De profundis alcança o horizonte luminoso de Deus, onde domina "a misericórdia e a redenção" duas grandes características do Deus que é amor.

4. Recomendemo-nos agora à meditação que a tradição cristã fez sobre este Salmo. Escolhamos a palavra de Santo Ambrósio: nos seus escritos, ele recorda com frequência os motivos que estimulam a invocar o perdão de Deus.

"Temos um Senhor bom que a todos quer perdoar", recorda ele no tratado sobre A penitência, e acrescenta: "Se queres ser justificado, confessa o teu crime: uma humilde confissão dos pecados desfaz o enlace das culpas... Tu vês com qual esperança de perdão te estimula a confessar" (2, 6, 40-41: Sancti Ambrosii Episcopi Mediolanensis Opera SAEMO, XVII, Milão-Roma 1982, p. 235).

Na Exposição do Evangelho segundo Lucas, repetindo o mesmo convite, o Bispo de Milão expressa a admiração pelos dons que Deus acrescenta ao seu perdão: "Vê como Deus é bom, e disposto a perdoar os pecados: não só volta a dar o que tinha tirado, mas concede também dons inesperados". Zacarias, pai de João Baptista, tinha permanecido mudo por não ter acreditado no anjo, mas depois, perdoando-o, Deus concedera-lhe o dom de profetizar no canto do "Benedictus": "Aquele que pouco antes era mudo, agora já profetiza", observa santo Ambrósio, "é uma das maiores graças do Senhor, que precisamente aqueles que o renegaram o confessem.

Por conseguinte, ninguém desanime, ninguém desespere das recompensas divinas, mesmo se o atormentam antigos pecados. Deus sabe mudar o parecer, se tu souberes emendar a culpa" (2, 33: SAEMO, XI, Milão-Roma 1978, p. 175).

Saudações

Sinto-me feliz por receber os peregrinos de língua francesa aqui presentes esta manhã, em particular os alunos do Grupo escolar Santa Maria São Justino, de Nanterre, e os alunos da escola de Nossa Senhora da França, de Marsilha. Cristo, que chama todos os seus discípulos a crescer na santidade, vos conceda responder generosamente aos seus apelos! Concedo a todos de bom grado a Bênção Apostólica.

Dou as boas-vindas aos peregrinos de língua inglesa presentes nesta Audiência, incluindo os visitantes provenientes da Inglaterra, Escócia, Nigéria e Estados Unidos da América. A todos vós aqui presentes, assim como aos vossos familiares e amigos, a minha recordação na oração, e desejo-vos boa estadia em Roma. Que a vossa peregrinação fortaleça a vossa fé e renove o vosso amor ao Senhor, e que Deus vos abençoe.

Dou as boas-vindas a todos os peregrinos e visitantes de língua alemã. Saúdo os Encarregados católicos junto de diversas rádios e televisões e os Membros da Congregação mariana masculina de Regensburgo, assim como a Delegação da Academia Militar "Wiener Neustadt". Deixai-vos arrebatar pelo amor misericordioso de Deus! A confissão humilde da nossa culpa e o perdão da parte de Deus renova a nossa vida. Desejo a todos vós que façais a experiência profunda da bondade e do amor de Nosso Senhor Jesus Cristo e uma boa estadia em Roma.

Saúdo cordialmente os peregrinos polacos.Hoje juntamente convosco recordo São João de Kety, padroeiro da Arquidiocese de Cracóvia e padroeiro da juventude académica. A quantos começam o novo ano de estudos desejo que cresçais em ciência e sabedoria. Que São João peça a Deus, para eles, estes dons. A todos vós aqui presentes, às vossas famílias e entes queridos chegue a minha bênção.

Dirijo as minhas cordiais boas-vindas aos fiéis de língua italiana. Em particular, saúdo os Peregrinos do Rosário acompanhados pelos Padres Dominicanos, os representantes do Hospital Sao Nicolino de Trani, e os representantes do Instituto de Cultura "cimbra", de Roana. Queridos amigos, exorto-vos a viver com entusiasmo a fé crista, conscientes de que ela é a resposta plenamente válida às esperanças e às expectativas de cada homem e sociedade. Saúdo também os doentes e os novos casais, exortando-os a fundar a sua vida na Palavra de Deus, para ser construtores da civilização do amor, da qual a cruz de Cristo, fonte de luz, de conforto e esperança, é símbolo eloquente.

Por fim, o meu pensamento dirige-se aos jovens, recordando que hoje recorre o quarto centenário da beatificação de São Luis Gonzaga, padroeiro mundial da juventude. Caríssimos, o seu heróico testemunho evangélico vos ampare no compromisso de fidelidade quotidiana a Cristo.


26 de Outubro de 2005: Carta aos Filipenses (2, 6-11): Cristo, servo de Deus

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1. Mais uma vez, seguindo o percurso proposto pela Liturgia das Vésperas com os vários Salmos e cânticos, ouvimos ressoar o maravilhoso e fundamental hino inserido por São Paulo na Carta aos Filipenses (
Ph 2,6-11).

No passado, já realçámos que o texto contém um duplo movimento: descendente e ascendente. No primeiro, Jesus Cristo, do esplendor da divindade que lhe pertence por natureza escolhe descer até à humilhação da "morte de cruz". Assim ele mostra-se verdadeiramente homem e nosso redentor, com uma participação autêntica e plena na nossa realidade humana de sofrimento e de morte.

2. O segundo movimento, o ascendente, revela a glória pascal de Cristo que, depois da morte, se manifesta de novo no esplendor da sua majestade divina.

O Pai, que tinha acolhido o acto de obediência do Filho na Encarnação e na Paixão, "exalta-o" agora de maneira supra-eminente, como diz o texto grego. Esta exaltação é expressa não só através da entronização à direita de Deus, mas também com o conferimento a Cristo de um "nome que está acima de todo o nome" (Ph 2,9).

Pois bem, na linguagem bíblica o "nome" indica a verdadeira essência e a função específica de uma pessoa, manifesta a sua realidade íntima e profunda. Ao Filho, que por amor se humilhou na morte, o Pai confere uma dignidade incomparável, o "Nome" mais excelso, o de "Senhor", precisamente do próprio Deus.

3. De facto, a proclamação de fé, entoada coralmente pelo céu, pela terra e pelos ínferos prostrados em adoração, é clara e explícita: "Jesus Cristo é o Senhor" (Ph 2,11). Em grego, afirma-se que Jesus é Kyrios, um título certamente real, que na tradução grega da Bíblia tornava o nome de Deus revelado a Moisés, nome sagrado e impronunciável. Então, por um lado, há o reconhecimento do senhorio universal de Jesus Cristo, que recebe a homenagem de toda a criação, Cristo como súbdito prostrado aos seus pés. Mas por outro, a aclamação de fé declara Cristo subsistente na forma ou condição divina, apresentando-o por conseguinte como digno de adoração. Com este nome "Kyrios" reconhece-se Cristo, verdadeiro Deus.

4. Neste hino a referência ao escândalo da cruz (cf. 1Co 1,23), e ainda antes à verdadeira humanidade do Verbo feito homem (cf. Jn 1,14), entrelaça-se e tem o seu ápice no acontecimento da ressurreição. À obediência sacrifical do Filho segue-se a resposta glorificante do Pai, à qual se une a adoração por parte da humanidade e da criação. A singularidade de Cristo emerge da sua função de Senhor do mundo remido, que lhe foi conferida devido à sua obediência perfeita "até à morte". O projecto de salvação tem no Filho o seu pleno cumprimento e os fiéis são convidados sobretudo na liturgia a proclamá-lo e a viver os seus frutos.

Esta é a meta à qual nos conduz o hino cristológico que há séculos a Igreja medita, canta e considera guia de vida: "Tende em vós os mesmos sentimentos, que estão em Cristo Jesus" (Ph 2,5).

5. Confiemo-nos agora à meditação que são Gregório Nazianzeno fez sabiamente sobre o nosso hino. Num poema em honra de Cristo, o grande Doutor da Igreja do IV século declara que Jesus Cristo "não se despojou de nenhuma parte constitutiva da sua natureza divina, e não obstante isto salvou-me como um curador que se inclina sobre as feridas fétidas... Era da estirpe de David, mas foi o criador de Adão. Tinha a carne, mas também desconhecia o corpo. Foi gerado por uma mãe, mas por uma mãe virgem; era circunscrito, mas também imenso. E acolheu-o uma manjedoura, mas uma estrela fez de guia aos Magos, que chegaram trazendo-lhe dons e diante deles dobraram os joelhos. Como um mortal lutou com o demónio, mas, sendo invencível, superou o tentador com um tríplice combate... Foi vítima, mas também sumo sacerdote; foi sacrificador, mesmo sendo Deus. Ofereceu o seu sangue, e deste modo purificou o mundo inteiro. Foi elevado da terra numa cruz, mas o pecado permaneceu crucificado... Morreu, mas ressurgiu dos ínferos e ressuscitou muitos que estavam mortos. O primeiro acontecimento é característico da miséria humana, mas o segundo é próprio da riqueza do ser incorpóreo... O Filho imortal assumiu em si aquela forma terrena, porque te quer bem" (Carmina arcana, 2: Collanna di Testi Patristici, LVIII, Roma 1986, pp. 236-238).

No final desta meditação gostaria de realçar duas palavras da nossa vida. Em primeiro lugar, esta admoestação de São Paulo: "Tende em vós os mesmos sentimentos, que estão em Cristo Jesus". Aprender a sentir como Jesus sentia; conformar o nosso modo de pensar, de decidir, de agir com os sentimentos de Cristo; encaminhemo-nos pela via justa. A outra palavra é de São Gregório Nazianzeno: "Ele, Jesus, quer-te bem". Esta palavra de ternura é para nós um grande alívio e conforto, mas também uma grande responsabilidade, dia após dia.

Saudações

Saúdo cordialmente os peregrinos de língua francesa, em especial modo o grupo de Dunkerque, acompanhados pelo Bispo D. Gérard Defois, Arcebispo-Bispo de Lille, e todos os jovens presentes. Acolhei o amor de Cristo e sede verdadeiras testemunhas, na sua Igreja e na vida de todos os dias.

Queridos irmãos e irmãs!

Dou calorosas boas-vindas aos visitantes e peregrinos de língua inglesa presentes hoje nesta audiência. Faço a minha saudação extensiva de modo particular aos grupos provenientes da Inglaterra, Gales, Dinamarca, Finlândia, Noruega, Suécia, Japão, Canadá e Estados Unidos da América. Desejo-vos uma agradável estadia em Roma!

Dou calorosas boas-vindas aos peregrinos e visitantes dos países de língua alemã. Dirijo uma saudação especial à peregrinação do Pessoal hospitalar da Ordem de Malta provenientes da Áustria assim como uma Delegação da Agência de Viagens para peregrinos da Baviera, que hoje festeja 80 anos de existência. Cristo conhece as preocupações e os sofrimentos da humanidade.

Ele é e permanece o vencedor sobre os pecados e a morte. A Ele estamos gratos. Queremos confessá-lo com alegria diante de todos. O espírito de Deus vos de a força e a esperança jubilosa todos os dias!

Saúdo cordialmente todos os peregrinos polacos aqui presentes. Agradeço a todos vós as orações pela Igreja e pelo meu serviço petrino. Retribuo, recomendando-vos a Deus nas minhas orações. Levai a minha saudação às vossas famílias e aos vossos amigos. Seja louvado Jesus Cristo.

Depois, saúdo os jovens, os doentes e os novos casais. Dirijo um pensamento sobretudo a vós, queridos doentes, presentes em tão grande número neste encontro, e particularmente ao numeroso grupo de crianças da "Città della speranza" de Pádua. Queridos amigos, como ouvimos na catequese, a cruz de Cristo faz-nos compreender o significado verdadeiro do sofrimento e da dor. Uni-vos espiritualmente a Jesus Crucificado e abandonai-vos confiantes nas mãos de Maria, invocando-a incessantemente com o Rosário.

Está para terminar o mes de Outubro, mes dedicado ao Santo Rosário. Convido-vos a recitar com devoção esta oração querida à tradição do povo cristão. Rezemos pelas numerosas necessidades da Igreja e do mundo, de modo especial pelas populações atingidas pelo terremoto e por calamidades físicas e ambientais. Nunca falte a quantos se encontram em dificuldade o nosso amparo espiritual e material. Rezemos por todos cantando o Pater noster.



2 de Novembro de 2005: Salmo 111 (vulg.): Bem-aventurança do homem justo

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1. Depois de ter celebrado ontem a solene festa de todos os Santos do céu, hoje fazemos memória de todos os fiéis defuntos. A liturgia convida-nos a rezar pelos nossos queridos que faleceram, dirigindo o pensamento para o mistério da morte, herança comum de todos os homens.

Iluminados pela fé, olhamos para o enigma humano da morte com serenidade e esperança.

Segundo a Escritura, de facto, ela mais do que um fim, é um nascimento novo, é a passagem obrigatória através da qual podem alcançar a vida em plenitude aqueles que modelam a sua existência terrena segundo as indicações da Palavra de Deus.

O salmo 111, composição de tipo sapiencial, apresenta-nos a figura destes justos, os quais temem o Senhor, reconhecem a sua transcendência e aderem com confiança e amor à sua vontade na expectativa de O encontrar depois da morte.

A estes fiéis está reservada uma "bem-aventurança": "Feliz o homem que teme o Senhor" (
Ps 112,1). O Salmista esclarece imediatamente em que consiste tal temor: ele manifesta-se na docilidade aos mandamentos de Deus. É proclamado bem-aventurado aquele que "sente grande alegria" em guardar os mandamentos, encontrando neles alegria e paz.

2. A docilidade a Deus é, por conseguinte, raiz de esperança e de harmonia interior e exterior. A observância da lei moral é fonte de profunda paz da consciência. Aliás, segundo a visão bíblica da "retribuição", sobre o justo estende-se o manto da bênção divina, que imprime estabilidade e sucesso às suas obras e às dos seus descendentes: "A sua descendência será poderosa sobre a terra, e bendita, a geração dos justos" (Ps 112,2-3; cf. Ps 112,9). Sem dúvida, a esta visão optimista opõem-se as observações amargas do justo Job, que experimenta o mistério do sofrimento, se sente injustamente punido e submetido a provas aparentemente insensatas. Job representa muitas pessoas justas que sofrem duramente no mundo. Por conseguinte , será necessário ler este Salmo no contexto global da Sagrada Escritura, até à cruz e à ressurreição do Senhor. A Revelação inclui a realidade da vida humana em todos os seus aspectos.

Contudo, permanece válida a confiança que o Salmista deseja transmitir e fazer experimentar a quem escolheu seguir o caminho de um comportamento moralmente irrepreensível, contra qualquer alternativa de sucesso ilusório obtido através da injustiça e da imoralidade.

3. O centro desta fidelidade à Palavra divina consiste numa opção fundamental, isto é, a caridade para com os pobres e os necessitados: "Feliz o homem que se compadece e empresta... Reparte do que é seu com os pobres" (Ps 112,5 Ps 112,9). Portanto, o fiel é generoso; respeitando a norma bíblica, ele concede empréstimos aos irmãos em necessidade, sem juros (cf. Dt 15,7-11) e sem cair na infâmia da usura que destrói a vida dos miseráveis.

O justo, aceitando a admoestação constante dos profetas, declara-se do lado dos marginalizados, e ampara-os com ajudas abundantes. "Reparte do que é seu com os pobres", diz o versículo 9, expressando assim uma extrema generosidade, completamente desinteressada.

4. O Salmo 111, paralelamente com o retrato do homem fiel e caridoso, "bom, misericordioso e justo", apresenta no fim, num só versículo (cf. Ps 112,10), também o perfil do malvado. Este indivíduo assiste ao sucesso da pessoa justa enfurecido de raiva e de inveja. É o tormento de quem tem uma má consciência, ao contrário do homem generoso que "tem o seu coração firme e seguro" (Ps 112,7-8).

Nós fixamos o nosso olhar no rosto sereno do homem fiel que "reparte do que é seu com os pobres" e confiamo-nos para a nossa reflexão conclusiva às palavras de Clemente Alexandrino, o Padre da Igreja do século II, que comentou uma afirmação difícil do Senhor. Na parábola sobre o administrador injusto encontra-se a expressão segundo a qual devemos fazer o bem com o "dinheiro desonesto". Daqui surge a pergunta: o dinheiro, a riqueza, são em si injustos, ou o que pretende dizer o Senhor? Clemente Alexandrino explica muito bem este conceito na sua homilia "Qual é o rico que se salvará", e diz: com esta afirmação Jesus "declara injusto por natureza qualquer bem que alguém possua para si mesmo como bem próprio e não o reparta com aqueles que têm necessidade; mas declara também que desta injustiça é possível realizar uma obra justa e saudável, dando repouso a alguns dos pequeninos que habitam eternamente junto do Pai (cf. Mt 10,42 Mt 18,10)" (31, 6: Collana di Testi Patristici, CXLVIII, Roma 1999, pp. 56-57).

E, dirigindo-se ao leitor, Clemente adverte: "Observa em primeiro lugar que ele não te comandou que te faças suplicar nem que esperes ser suplicado, mas que procures tu mesmo aqueles que são dignos de ser ouvidos, porque são discípulos do Salvador" (31, 7; ibidem, p. 57).

Recorrendo depois a outro texto bíblico, comenta: "É, pois, a frase do apóstolo: "Deus ama quem dá com alegria" (2Co 9,7), quem sente prazer em doar e não semeia escassamente, para não recolher do mesmo modo, mas partilha sem amarguras nem distinções ou sofrimentos, e isto é praticar autenticamente o bem" (31, 8: ibidem).

No dia da comemoração dos defuntos, como disse no início, todos somos chamados a confrontar-nos com o enigma da morte e, por conseguinte, como viver bem, como encontrar a felicidade. E este Salmo responde: bem-aventurado o homem que doa; bem-aventurado o homem que não usa a vida para si mesmo mas partilha; feliz o homem que é misericordioso, bom e justo; feliz o homem que vive do amor de Deus e do próximo. Assim vivemos bem e não devemos ter receio da morte, porque estamos na felicidade que provém de Deus e que permanece para sempre.

Saudações

Saúdo cordialmente os peregrinos de língua francesa presentes aqui esta manhã, em particular as Irmãs de São Paulo de Chartres e os grupos de jovens. Que possais encontrar grande alegria ao fazer a vontade do Senhor e caminhar com confiança ao encontro de Cristo vencedor da morte!

Dou calorosas boas-vindas a todos os peregrinos e visitantes de língua inglesa presentes hoje aqui.

Dirijo uma saudação particular aos grupos provenientes da Inglaterra, Irlanda, Dinamarca, Finlândia, Suécia, Malta, Canadá e Estados Unidos da América. Que a vossa peregrinação fortaleça a vossa fé e renove o vosso amor ao Senhor, o dador da vida, e que Deus vos abençoe!

Saúdo calorosamente todos os peregrinos e visitantes de língua alemã, sobretudo os que vieram da minha terra natal em peregrinação a Roma. Que Deus oriente e fortaleça a vossa vida. A sua palavra e os seus mandamentos não sejam um peso; eles tornam livres, abrem o nosso coração ao próximo e dão-nos a paz da consciência. Olhai para o exemplo dos santos, e imitemos a sua fé corajosa. Que o Senhor vos ajude com a sua graça.

Saúdo cordialmente os peregrinos polacos aqui presentes. Hoje recordamos na oração todos os fiéis defuntos, os nossos queridos. Recordamos também João Paulo II. Na data da sua ordenação sacerdotal e do seu onomástico, demos graças a Deus pelos frutos da vida e do Ministério deste Servo de Deus. Louvado seja Jesus Cristo.

Queridos peregrinos de língua italiana. A minha saudação afectuosa dirige-se também aos representantes da Associação Nacional das Famílias Numerosas. A vossa agradável presença oferece-me a oportunidade de recordar a centralidade da família, célula constituinte da sociedade e lugar primário de acolhimento e de serviço à vida. No hodierno contexto social, os núcleos familiares com muitos filhos constituem um testemunho de fé, de coragem e de optimismo, porque sem filhos não há futuro! Faço votos por que sejam ulteriormente promovidas iniciativas sociais e legislativas para a tutela e o apoio às famílias mais numerosas, que constituem uma riqueza e uma esperança para todo o País.

Por fim, saúdo os jovens, os doentes e os novos casais. A Solenidade de Todos os Santos, que ontem celebrámos, e a comemoração hodierna dos Irmãos defuntos, oferecem-nos a oportunidade de reflectir, mais uma vez, acerca do significado autêntico da existência terrena e sobre o valor que ela tem para a eternidade.

Estes dias de reflexão e de oração sejam para vós, queridos jovens, um convite a imitar o heroísmo dos Santos, que dedicaram a sua vida a Deus e ao próximo. Sirvam de conforto a vós, queridos doentes, associados ao mistério da paixão de Cristo. Tornem-se uma ocasião propícia para vós, queridos novos casais, para compreender sempre melhor que estais chamados a testemunhar com a vossa fidelidade recíproca o amor com que Deus circunda cada homem.

Concluímos o nosso encontro, cantando o Pater Noster.


9 de Novembro de 2005: Salmo 135 (vulg.), 1-9: Hino pascal

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1. Foi chamado "O grande Hallel", ou seja, o louvor solene e grandioso que o judaísmo entoava durante a liturgia pascal. Falamos do Salmo 135, do qual ouvimos a primeira parte, segundo a divisão proposta pela Liturgia das Vésperas (cf.
Ps 136,1-9).

Antes de tudo detenhamo-nos no refrão: "porque o seu amor é eterno". No centro da frase ressoa a palavra "misericórdia" que, na realidade, é uma tradução legítima, mas limitada, do vocábulo originário hebraico hesed. De facto, ele faz parte da linguagem característica da Bíblia para exprimir a aliança que intercorre entre o Senhor e o seu povo. A palavra procura definir as atitudes que se estabelecem no interior desta relação: a fidelidade, a lealdade, o amor e evidentemente a misericórdia de Deus. Temos aqui a representação sintética do vínculo profundo e interpessoal instaurado pelo Criador com a sua criatura. Dentro desta relação, Deus não é apresentado na Bíblia como um Senhor impassível e implacável, nem como um ser obscuro e indecifrável, semelhante ao destino, contra cuja força misteriosa é inútil lutar. Ele manifesta-se ao contrário como uma pessoa que ama as suas criaturas, vigia sobre elas, as segue no caminho da história e sofre pelas infidelidades que muitas vezes o povo opõe ao seu hesed, ao seu amor misericordioso e paterno.

2. O primeiro sinal visível desta caridade cristã diz o Salmista deve procurar-se na criação. O olhar, repleto de admiração e estupefacção, detém-se antes de tudo na criação: os céus, a terra, as águas, o sol, a lua e as estrelas.

Ainda antes de descobrir o Deus que se revela na história de um povo, há uma revelação cósmica, aberta a todos, oferecida à humanidade inteira pelo único Criador, "Deus dos deuses" e "Senhor dos senhores" (cf. Ps 136,2-3).

Como tinha cantado o Salmo 18, "os céus proclamam a glória de Deus; o firmamento anuncia a obra das suas mãos. Um dia passa ao outro esta mensagem e uma noite dá conhecimento à outra noite" (Ps 136,2-3). Portanto, existe uma mensagem divina, secretamente gravada na criação e sinal do hesed, da fidelidade amorosa de Deus que doa às suas criaturas o ser e a vida, a água e o alimento, a luz e o tempo.

É preciso ter olhos límpidos para contemplar esta revelação divina, recordando a admoestação do Livro da Sabedoria, que nos convida a "contemplar na grandeza e na beleza das criaturas, por analogia, o seu Criador" (cf. Sg 13,5 cf. Rm 1,20). O louvor orante desemboca então na contemplação das "maravilhas" de Deus (cf. Ps 135,4), espalhadas pela criação e transforma-se num jubiloso hino de louvor e de agradecimento ao Senhor.

3. Por conseguinte ascende-se das obras criadas à grandeza de Deus, à sua amorosa misericórdia. É o que nos ensinam os Padres da Igreja, em cuja voz ressoa a constante Tradição cristã.

Assim, São Basílio Magno numa das páginas iniciais da sua primeira homilia sobre Exameron, na qual comenta a narração da criação segundo o primeiro capítulo do Génesis, detém-se a considerar a acção sábia de Deus, e termina reconhecendo na bondade divina o centro propulsor da criação. Eis algumas expressões tiradas da longa reflexão do santo Bispo de Cesareia da Capadócia:

""No princípio Deus criou o céu e a terra". A minha palavra rende-se, subjugada pela estupefacção deste pensamento" (1, 2, 1: Sulla Genesi [Omelie sull'Esamerone], Milão 1990, pp. 9. 11). De facto, também se alguns, enganados pelo ateísmo que levavam dentro de si, imaginaram o universo privado de orientação e de ordem, como que à mercê das circunstâncias", o escritor sagrado ao contrário "esclareceu-nos de imediato a mente com o nome de Deus no início da narração, dizendo: "No princípio Deus criou". E que beleza nesta ordem!" (1, 2, 4: ibidem, p. 11). "Se portanto o mundo tem um princípio e foi criado, procura quem lhe deu o início e quem é o seu Criador... Moisés preveniu-te com o seu ensinamento imprimindo nas nossas almas como selo e filactera o santíssimo nome de Deus, quando diz: "No princípio Deus criou". Na natureza bem-aventurada, a bondade sem inveja, aquele que é objecto de amor por parte de todos os seres razoáveis, a beleza mais que qualquer outra desejável, o princípio dos seres, a fonte da vida, a luz intelectiva, a sabedoria inacessível, em suma, Ele "no princípio criou o céu e a terra"" (1, 2, 6-7: ibidem, p. 13).

Penso que as palavras deste Padre do século IV são de uma actualidade surpreendente quando diz: "Alguns, deixando-se enganar pelo ateísmo que levavam dentro de si, imaginaram um universo privado de orientação e de ordem, como que à mercê das circunstâncias".

Quantos são hoje estes "alguns". Eles, deixando-se enganar pelo ateísmo, consideram e procuram demonstrar que é científico pensar que tudo está privado de ordem, como que à mercê das circunstâncias. O Senhor com a Sagrada Escritura desperta a razão que dorme e diz-nos: no início está a Palavra criadora. No início a Palavra criadora esta Palavra que tudo criou, que criou este projecto inteligente que é o cosmos também é amor.

Por conseguinte, deixemo-nos despertar por esta Palavra de Deus; rezemos para que ela esclareça também a nossa mente, para que possamos compreender a mensagem da criação inscrita também no nosso coração que o princípio de tudo é a Sabedoria criadora, e esta Sabedoria é amor, é bondade: "A sua misericórdia permanece eternamente".

Saudações

É com prazer que recebo os peregrinos de língua francesa, em particular os membros da Associação dos Notários católicos. Que a vossa peregrinação a Roma seja a ocasião para dar graças a Deus pela grandeza e beleza das maravilhas que ele nos concede contemplar na criação e nas obras dos homens!

Sinto-me feliz por saudar os peregrinos e visitantes de língua inglesa presentes hoje aqui, incluindo os visitantes da China, da Indonésia e do Japão, da Inglaterra, da África e da América do Norte. Rezo para que a vossa visita a Roma fortaleça a vossa fé e o amor ao Senhor, e que Deus faça descer as suas bênçãos sobre vós, sobre as vossas famílias e pessoas queridas.

Que Deus benevolente acompanhe também vós, queridos peregrinos e visitantes provenientes dos países de língua alemã, a quem dou calorosas boas-vindas. Abri os olhos às maravilhas da criação, na qual podemos contemplar a grande bondade de Deus! Saúdo hoje com grande alegria os Bispos da Conferência Episcopal Austríaca, que vieram a Roma em visita "ad Limina" e realizam a sua Assembleia Plenária outonal no Vaticano. Queridos Irmãos no Episcopado, transmiti aos católicos e a todos os homens na vossa pátria os meus votos e desejos de bem mais cordiais.

Conheço o empenho dos Bispos, dos sacerdotes e leigos na Áustria para realizar o Evangelho de Cristo na vida quotidiana concreta. Estou grato pelos numerosos sinais visíveis de fé viva e pelo despertar missionário na Igreja, pela unidade na tutela do Domingo e pela grande disponibilidade em ajudar os doentes, os moribundos e os necessitados. A todos vós, queridos irmãos e irmãs desejo uma boa estadia na Cidade eterna e um bom regresso. Deus abençoe todos vós!

Saúdo os peregrinos polacos. A visita aos túmulos dos Apóstolos Pedro e Paulo vos confirme na fé e no amor de Cristo e da Igreja. Confio-vos a vós e às vossas famílias à divina misericórdia. Abençoo-vos de coração. Louvado seja Jesus Cristo!

Por fim, o meu pensamento dirige-se aos jovens, aos doentes, e aos novos casais. Neste dia em que celebramos a festa da Dedicação da Basílica Lateranense, Catedral de Roma, convido-vos queridos Irmãos e Irmãs, a unir-vos a toda a Igreja ao dirigir a Cristo Salvador, Redentor do homem e da história, uma oração fervorosa para que a humanidade acolha o dom da sua libertação e da sua salvação.



Audiências 2005-2013 12105