Audiências 2005-2013 1036

1° de Março de 2006: Quarta-feira de Cinzas

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A Quaresma: um itinerário de reflexão e de intensa oração

Amados irmãos e irmãs

Começa hoje, com a Liturgia da Quarta-Feira de Cinzas, o itinerário quaresmal de quarenta dias, que nos conduzirá ao Tríduo pascal, memória da paixão, morte e ressurreição do Senhor, cerne do mistério da nossa salvação. Este é um tempo favorável, em que a Igreja convida os cristãos a tomar consciência mais viva da obra redentora de Cristo e a viver com maior profundidade o próprio Baptismo. Com efeito, neste período litúrgico o Povo de Deus, desde os primórdios, alimenta-se abundantemente da Palavra de Deus para se fortalecer na fé, percorrendo toda a história da criação e da redenção.

Na sua duração de quarenta dias, a Quaresma possui uma indubitável força evocadora. De facto, ela tenciona recordar alguns acontecimentos que cadenciaram a vida e a história do antigo Israel, voltando a propor-nos também a nós o seu valor paradigmático: pensemos, por exemplo, nos quarenta dias do dilúvio universal, que terminaram com o pacto de aliança estabelecido por Deus com Noé, e assim com a humanidade, e nos quarenta dias de permanência de Moisés no Monte Sinai, aos quais se seguiu o dom das tábuas da Lei. O período quaresmal quer convidar-nos sobretudo a reviver com Jesus os quarenta dias por Ele transcorridos no deserto, rezando e jejuando, antes de empreender a sua missão pública. Hoje, também nós fazemos um caminho de reflexão e de oração com todos os cristãos do mundo, para nos dirigirmos espiritualmente ao Calvário, meditando os mistérios centrais da fé. Assim, preparar-nos-emos para experimentar, depois do mistério da Cruz, a alegria da Páscoa da Ressurreição.

Realiza-se hoje, em todas as comunidades paroquiais, um gesto austero e simbólico: a imposição das cinzas, e este rito é acompanhado por duas fórmulas significativas, que constituem um apelo urgente a reconhecermo-nos pecadores e a voltarmos para Deus. A primeira fórmula diz: "Lembra-te que és pó e em pó te hás-de tornar" (cf.
Gn 3,19). Estas palavras, tiradas do livro do Génesis, evocam a condição humana posta sob o sinal da caducidade e do limite, e tencionam levar-nos a depositar de novo toda a esperança somente em Deus. A segunda fórmula inspira-se nas palavras pronunciadas por Jesus no início do seu ministério itinerante: "Convertei-vos e crede no Evangelho" (Mc 1,15). Trata-se de um convite a lançar, como fundamento da renovação pessoal e comunitária, a adesão firme e confiante ao Evangelho. A vida do cristão é vida de fé, alicerçada na Palavra de Deus e por ela alimentada. Nas provações da vida e em cada tentação, o segredo da vitória consiste em ouvir a Palavra de verdade e em rejeitar com determinação a mentira e o mal. Este é o programa verdadeiro e central do tempo da Quaresma: ouvir a palavra de verdade, viver, dizer e cumprir a verdade, rejeitando a mentira que envenena a humanidade e constitui a porta de todos os males. Portanto, nestes quarenta dias é urgente voltar a ouvir o Evangelho, a palavra do Senhor, palavra de verdade, para que em cada cristão, em cada um de nós, se revigore a consciência da verdade que lhe foi oferecida, que nos foi dada, a fim de que ele a viva e dela se torne testemunha. A Quaresma impele-nos a isto, a deixarmos que a nossa vida seja imbuída pela Palavra de Deus e assim a conhecermos a verdade fundamental: quem somos, de onde vimos, aonde devemos ir, qual é o caminho a empreender na vida. E assim o período da Quaresma oferece-nos um percurso ascético e litúrgico que, enquanto nos ajuda a abrir os olhos para a nossa debilidade, nos faz abrir o coração ao amor misericordioso de Cristo.

O caminho quaresmal, aproximando-nos de Deus, permite-nos ver com olhos novos os irmãos e as suas necessidades. Quem começa a ver Deus, a contemplar o rosto de Cristo, vê com outros olhos também o irmão, descobre o irmão, o seu bem, o seu mal e as suas necessidades. Por isso a Quaresma, como escuta da verdade, é um momento favorável para se converter ao amor, porque a verdade profunda, a verdade de Deus, é ao mesmo tempo amor. Convertendo-nos à verdade de Deus, devemos necessariamente converter-nos ao amor. Um amor que saiba tornar própria a atitude de compaixão e de misericórdia do Senhor, como desejei recordar na Mensagem para a Quaresma, que tem como tema as seguintes palavras evangélicas: "Jesus, ao ver as multidões, encheu-se de compaixão por elas" (Mt 9,36). Consciente da própria missão no mundo, a Igreja não cessa de proclamar o amor misericordioso de Cristo, que continua a dirigir o olhar comovido aos homens e aos povos de todos os tempos. "À vista dos tremendos desafios da pobreza de grande parte da humanidade escrevi na citada Mensagem quaresmal a indiferença e o encerramento no próprio egoísmo apresentam-se em contraste intolerável com o "olhar" de Cristo. O jejum e a esmola, juntamente com a oração, que a Igreja propõe de modo especial no período da Quaresma, são uma ocasião propícia para nos conformarmos àquele "olhar"" (Ed. port. de L'Osservatore Romano de 4 de Fevereiro de 2006, pág. 7), ao olhar de Cristo, e vermo-nos a nós mesmos, a humanidade e os outros com este seu olhar. Com este espírito, entramos no clima austero e orante da Quaresma, que é precisamente um clima de amor ao irmão.

Sejam dias de reflexão e de intensa oração, em que nos deixemos orientar pela Palavra de Deus, que a liturgia nos propõe abudantemente. Além disso, a Quaresma seja um tempo de jejum, de penitência e de vigilância sobre nós mesmos, persuadidos de que a luta contra o pecado nunca termina, porque a tentação é realidade de todos os dias e a fragilidade e a ilusão são experiências de todos. Enfim, através da esmola e dos gestos de bem ao próximo, a Quaresma seja ocasião de partilha sincera dos dons recebidos com os irmãos e de atenção às necessidades dos mais pobres e abandonados. Que neste itinerário penitencial nos acompanhe Maria, a Mãe do Redentor, que é Mestra de escuta e de adesão fiel a Deus. A Virgem Santíssima nos ajude a chegar, purificados e renovados na mente e no espírito, à celebração do grande mistério da Páscoa de Cristo. Com estes sentimentos, formulo a todos vós os votos de uma boa e fecunda Quaresma.

Saudação

Queridos peregrinos de língua portuguesa, saúdo cordialmente a todos, a começar pelo grupo paroquial da Luz de Tavira e pelo Colégio da Rainha Santa Isabel, de Coimbra, com votos de uma boa e frutuosa Quaresma para vós, vossas famílias e comunidades cristãs. A Virgem Maria modelo de escuta atenta e adesão fiel à vontade de Deus vos tome pela mão e vos acompanhe durante os próximos quarenta dias, que servem para vos transformar no Senhor ressuscitado. Obrigado pela visita! Ide com Deus.

Por fim, dirijo a minha saudação aos jovens, aos doentes e aos novos casais. O tempo quaresmal, que hoje começamos, conduza todos a um conhecimento mais íntimo de Cristo, para que possais, nas diversas situações em que vos encontrais, ter os Seus sentimentos e fazer tudo em comunhão com Ele.



15 de Março de 2006:A vontade de Jesus sobre a sua Igreja e a escolha dos Doze

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Amados irmãos,
Queridos irmãos e irmãs!

Depois das catequeses sobre os Salmos e sobre os Cânticos das Laudes e das Vésperas, gostaria de dedicar os próximos encontros de quarta-feira ao mistério da relação entre Cristo e a Igreja, considerando-o a partir da experiência dos Apóstolos, à luz da tarefa que lhes foi confiada. A Igreja foi constituída sobre o fundamento dos Apóstolos como comunidade de fé, de esperança e de caridade. Através dos Apóstolos, remontamos ao próprio Cristo. A Igreja começou a construir-se quando alguns pescadores da Galileia encontraram Jesus, deixaram-se conquistar pelo seu olhar, pela sua voz, pelo seu convite caloroso e forte: "Vinde comigo e farei de vós pescadores de homens" (
Mc 1,17 Mt 4,19). O meu amado Predecessor João Paulo II propôs à Igreja, no início do terceiro milénio, que contemplasse o rosto de Cristo (cf. Novo millennio ineunte, NM 16ss.). Seguindo também eu a mesma direcção, na catequese a que hoje dou início, gostaria de realçar como precisamente a luz daquele Rosto se reflecte sobre o rosto da Igreja (cf. Lumen gentium LG 1), apesar dos limites e das sombras da nossa humanidade frágil e pecadora. Depois de Maria, reflexo puro da luz de Cristo, são os Apóstolos, com a sua palavra e com o seu testemunho, que nos ensinam a verdade de Cristo. Contudo, a sua missão não está isolada, mas insere-se num mistério de comunhão, que envolve todo o Povo de Deus e realiza-se por etapas, da Antiga à Nova Aliança.

Em relação a isto deve dizer-se que será mal compreendida a mensagem de Jesus, se a separarmos do contexto da fé e da esperança do povo eleito: como João Baptista, seu imediato precursor, Jesus dirige-se em primeiro lugar a Israel (cf. Mt 15,24), para ali fazer a "colheita" no tempo escatológico juntamente com ele. Assim como a de João, também a pregação de Jesus é ao mesmo tempo chamada de graça e sinal de contradição e de juízo para todo o povo de Deus. Por conseguinte, desde o primeiro momento da sua actividade salvífica Jesus de Nazaré procura reunir o Povo de Deus. Mesmo sendo sempre a sua pregação um apelo à conversão pessoal, ele na realidade tem continuamente por objectivo a constituição do Povo de Deus que veio reunir e salvar. Portanto, torna-se unilateral e sem fundamento a interpretação individualista do anúncio que Cristo faz do Reino, assim resumida por Adolf von Harnack nas suas lições sobre A essência do cristianismo: "O reino de Deus vem, porque vem em homens individualmente, encontra acesso à sua alma e eles recebem-no. O reino de Deus é o senhorio de Deus, certamente, mas é o senhorio do Deus santo em cada um dos corações" (Lição Terceira, 100s). Na realidade, este individualismo da teologia liberal é uma acentuação tipicamente moderna: na perspectiva da tradição bíblica e no horizonte do hebraísmo, nos quais a obra de Jesus se situa mesmo com toda a sua novidade, é evidente que toda a missão do Filho feito homem tem uma finalidade humanitária. Ele veio precisamente para convocar a humanidade dispersa, veio para reunir e unir o povo de Deus.

Um sinal evidente da intenção do Nazareno de reunir a comunidade da aliança, para manifestar nela o cumprimento das promessas feitas aos Pais, que falam sempre de convocação, de unificação, de unidade, é a instituição dos Doze. Ouvimos o Evangelho sobre esta instituição dos Doze. Leio mais uma vez a parte central: "Jesus subiu depois a um monte, chamou os que Ele queria e foram ter com Ele. Estabeleceu doze para estarem com Ele e para os enviar a pregar, com o poder de expulsar demónios. Estabeleceu estes doze..." (Mc 3,13-16 cf. Mt 10,1-4 Lc 6,12-16). No lugar da revelação, "o monte", Jesus com uma iniciativa que manifesta absoluta autoconsciência e determinação, constitui os Doze para que sejam com Ele testemunhas e anunciadores do acontecimento do Reino de Deus. Sobre a historicidade desta chamada não existem dúvidas, não só devido à antiguidade e à multiplicidade dos testemunhos, mas também pelo simples motivo que nela se encontra o nome de Judas, o apóstolo traidor, apesar das dificuldades que esta presença podia causar à comunidade nascente. O número Doze, que evidentemente evoca as doze tribos de Israel, já revela o significado de acção profético-simbólica implícito na iniciativa de fundar novamente o povo santo. Tendo terminado há tempo o sistema das doze tribos, a esperança de Israel estava depositada na sua reconstituição como sinal da vinda do tempo escatológico (pensemos na conclusão do livro de Ezequiel: Ez 37,15-19 Ez 39,23-29 Ez 40-48). Ao escolher os Doze, introduzindo-os numa comunhão de anúncio do Reino em palavras e acções (cf. Mc 6,7-13 Mt 10,5-8 Lc 6,13), Jesus pretende dizer que chegou o tempo definitivo no qual se constitui um novo povo de Deus, o povo das doze tribos, que agora se torna um povo universal, a sua Igreja.

Com a sua própria existência os Doze chamados de proveniências diferentes tornam-se um apelo para Israel inteiro para que se converta e se deixe reunir na nova aliança, pleno e perfeito cumprimento da antiga. Ter-lhes confiado na Última Ceia, antes da sua Paixão, a tarefa de celebrar o seu memorial, mostra como Jesus quisesse transmitir a toda a comunidade na pessoa dos seus chefes o mandato de serem, na história, sinal e instrumento da reunião escatológica, com ele iniciada. Num certo sentido podemos dizer que precisamente a Última Ceia é o acto da fundação da Igreja, porque Ele se oferece a si mesmo e cria desta forma uma nova comunidade, uma comunidade unida na comunhão com Ele. Sob esta luz, compreende-se como o Ressuscitado lhes confere com a efusão do Espírito o poder de perdoar os pecados (cf. Jn 20,23). Os doze Apóstolos são, desta forma, o sinal mais evidente da vontade de Jesus em relação à existência e à missão da sua Igreja, a garantia de que entre Cristo e a Igreja não existe contraposição alguma: são inseparáveis, não obstante os pecados dos homens que pertencem à Igreja. Portanto, é totalmente inconciliável com a intenção de Cristo uma propaganda que estava na moda há alguns anos: "Jesus sim, Igreja não". A escolha deste Jesus individualista é um Jesus fruto da fantasia. Não podemos ter Jesus sem a realidade que Ele criou e na qual se comunica. Entre o Filho de Deus feito homem e a sua Igreja existe uma profunda, inseparável e misteriosa continuidade, em virtude da qual Cristo está presente hoje no seu povo. Ele é sempre nosso contemporâneo, é sempre contemporâneonaIgreja construída sobre o fundamento dos Apóstolos, está vivo na sucessão dos Apóstolos. E esta sua presença na comunidade, na qual Ele mesmo se oferece sempre a nós, é o motivo da nossa alegria.Sim,Cristo está connosco, o Reino de Deus vem.

Saudação

Amados irmãos, nossa catequese de hoje exprime a vontade de Jesus Cristo sobre a Igreja e a escolha dos Doze Apóstolos. Chamando-os nominalmente o Senhor os leva à comunhão de vida, e os destina a anunciar o Reino de Deus até o fim dos tempos. Nesta misteriosa e indestrutível unidade reside a força com a qual Cristo faz-se presente entre o seu povo e, em particular, entre os Apóstolos e seus sucessores.

Saúdo com especial afeto os peregrinos de língua portuguesa, de modo particular o grupo de portugueses da Atouguia, e os brasileiros de distintas procedências: a todos peço que rezem para que o Espírito Santo reforce a unidade do Povo de Deus em torno aos seus Pastores. E que Deus vos abençoe!



22 de Março de 2006: Os Apóstolos testemunhas e enviados de Cristo

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Queridos irmãos e irmãs!

A Carta aos Efésios apresenta-nos a Igreja como uma construção edificada "sobre o alicerce dos Apóstolos e dos profetas, tendo por pedra angular o próprio Cristo Jesus" (
Ep 2,20). No Apocalipse o papel dos Apóstolos, e mais especificamente dos Doze, é esclarecido na perspectiva escatológica da Jerusalém celeste, apresentada como uma cidade cujos muros "tinham doze alicerces, nos quais estavam gravados doze nomes, os nomes dos doze Apóstolos do Cordeiro" (Ap 21,14). Os Evangelhos concordam em referir que a vocação dos Apóstolos marcou os primeiros passos do ministério de Jesus, depois do baptismo recebido do Baptista nas águas do Jordão.

Segundo a narração de Marcos (Mc 1,16-29) e de Mateus (Mt 4,18-22), o cenário da vocação dos primeiros Apóstolos é o lago da Galileia. Jesus acabara de iniciar a pregação do Reino de Deus, quando o seu olhar se pousou sobre dois pares de irmãos: Simão e André, Tiago e João. São pregadores, empenhados no seu trabalho quotidiano. Lançam as redes, consertam-nas. Mas outra pesca os aguarda. Jesus chama-os com decisão e eles seguem-no imediatamente: agora serão "pescadores de homens" (cf. Mc 1,17 Mt 4,19). Lucas, ainda que siga a mesma tradição, faz uma narração mais elaborada (Lc 5,1-11). Ele mostra o caminho de fé dos primeiros discípulos, esclarecendo que o convite para o seguimento lhes chega depois de terem ouvido a primeira pregação de Jesus e experimentam os primeiros sinais prodigiosos por ele realizados. Em particular, a pesca milagrosa constitui o contexto imediato e oferece o símbolo da missão de pescadores de homens, que lhes foi confiada. O destino destes "chamados", de agora para o futuro, estará intimamente ligado ao de Jesus. O apóstolo é um enviado mas, ainda antes, um "perito" em Jesus.

Precisamente este é o aspecto realçado pelo evangelista João desde o primeiro encontro de Jesus com os futuros Apóstolos. Aqui o cenário é diferente. A presença dos futuros discípulos, provenientes também eles, como Jesus, da Galileia para viver a experiência do baptismo administrado por João, esclarece o seu mundo espiritual. Eram homens na expectativa do Reino de Deus, desejosos de conhecer o Messias, cuja vinda estava anunciada como iminente.
Para eles, é suficiente a orientação de João Baptista que indica em Jesus o Cordeiro de Deus (cf. Jn 1,36), para que surja neles o desejo de um encontro pessoal com o Mestre. As frases do diálogo de Jesus com os primeiros dois futuros Apóstolos são muito expressivas. À pergunta: "Que procurais?", eles respondem com outra pergunta: "Rabi (que quer dizer Mestre), onde moras?". A resposta de Jesus é um convite: "Vinde e vereis" (cf. Jn 1,38-39). Vinde para poder ver. A aventura dos Apóstolos começa assim, como um encontro de pessoas que se abrem reciprocamente. Começa para os discípulos um conhecimento directo do Mestre. Vêem onde mora e começam a conhecê-lo. De facto, eles não deverão ser anunciadores de uma ideia, mas testemunhas de uma pessoa. Antes de serem enviados a evangelizar, deverão "estar" com Jesus (cf. Mc 3,14), estabelecendo com ele um relacionamento pessoal. Sobre esta base, a evangelização não será mais do que um anúncio daquilo que foi experimentado e um convite a entrar no mistério da comunhão com Cristo (cf. 1Jn 13).

A quem serão enviados os Apóstolos? No Evangelho parece que Jesus limita a sua missão unicamente a Israel: "Não fui enviado senão às ovelhas perdidas da casa de Israel" (Mt 15,24). De modo análogo parece que ele circunscreve a missão confiada aos Doze: "Jesus enviou estes Doze, depois de lhes ter dado as seguintes instruções: "Não sigais pelo caminho dos gentios, nem entreis em cidade de samaritanos. Ide, primeiramente, às ovelhas perdidas da casa de Israel"" (Mt 10,5s.). Uma certa crítica moderna de inspiração racionalista tinha visto nestas expressões a falta de uma consciência universalista do Nazareno. Na realidade, elas devem ser compreendidas à luz da sua relação especial com Israel, comunidade da aliança, em continuidade com a história da salvação. Segundo a expectativa messiânica as promessas divinas, imediatamente dirigidas a Israel, ter-se-iam concretizado quando o próprio Deus, através do seu Eleito, reunisse o seu povo, como faz um pastor com o rebanho: "Eu virei em socorro das minhas ovelhas, para que elas não mais sejam saqueadas... Estabelecerei sobre elas um único pastor, que as apascentará, o meu servo David; será ele que as levará a pastar e lhes servirá de pastor. Eu, o Senhor, serei o seu Deus, e o meu servo David será um príncipe no meio delas" (Ez 34,22-24). Jesus é o pastor escatológico, que reúne as ovelhas perdidas da casa de Israel e vai à procura delas, porque as conhece e ama (cf. Lc 15,4-7 Mt 18,12-14; cf. também a figura do bom pastor em Jn 10,11ss.). Através desta "reunião" o Reino de Deus é anunciado a todas as nações: "Manifestarei a minha glória entre as nações, e todas me verão executar a minha justiça e aplicar a minha mão sobre eles" (Ez 39,21). E Jesus segue precisamente este caminho profético. O primeiro passo é a "reunião" do povo de Israel, para que assim todas as nações, chamadas a reunirem-se na comunhão com o Senhor, possam ver e crer.

Assim os Doze, chamados a participar na mesma missão de Jesus, cooperam com o Pastor dos últimos tempos, indo também eles, em primeiro lugar, até às ovelhas perdidas da casa de Israel, isto é, dirigindo-se ao povo da promessa, cuja reunião é o sinal de salvação para todos os povos, o início da universalização da Aliança. Longe de contradizer a abertura universalista da acção messiânica do Nazareno, a inicial limitação a Israel da sua missão e da dos Doze torna-se assim o seu sinal profético mais eficaz. Depois da paixão e da ressurreição de Cristo este sinal será esclarecido: o carácter universal da missão dos Apóstolos tornar-se-á mais explícito. Cristo enviará os Apóstolos "a todo o mundo" (Mc 16,15), a "todas as nações" (Mt 28,19 Lc 24,47), "até aos extremos confins da terra" (Ac 1,8). E esta missão continua. Continua sempre o mandato do Senhor de reunir os povos na unidade do seu amor. Esta é a nossa esperança e este é também o nosso mandato: contribuir para esta universalidade, para esta verdadeira unidade na riqueza das culturas, em comunhão com o nosso verdadeiro Senhor Jesus Cristo.

Apelo do Papa pela luta contra a tuberculose

Celebra-se depois de amanhã, 24 de Março, a Jornada mundial, promovida pelas Nações Unidas, da luta contra a tuberculose. Desejo um renovado compromisso a nível global, para que sejam postos à disposição os recursos necessários para curar os doentes desta patologia que, evidentemente, está associada à pobreza. Encorajo as iniciativas de assistência e de solidariedade para com estes doentes, que precisam de ser ajudados a viver a sua condição com dignidade.


29 de Março de 2006: O dom da "Comunhão"

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Queridos irmãos e irmãs!

Através do ministério apostólico a Igreja, comunidade reunida pelo Filho de Deus que veio na carne, viverá no suceder-se dos tempos edificando e alimentando a comunhão em Cristo e no Espírito, à qual todos estão chamados e na qual podem fazer a experiência da salvação oferecida pelo Pai. De facto, os Doze como disse o papa Clemente, terceiro Sucessor de Pedro, no final do século I tiveram a preocupação de se constituírem sucessores (cf. 1 Clem 42, 4), para que a missão que lhes foi confiada continuasse depois da sua morte. Ao longo dos séculos a Igreja, organicamente estruturada sob a guia dos legítimos Pastores, continuou desta forma a viver no mundo como mistério de comunhão, no qual se reflecte em certa medida a mesma comunhão trinitária, o mistério do próprio Deus.

Já o apóstolo Paulo menciona esta suprema fonte trinitária, quando deseja aos seus cristãos: "A graça do Senhor Jesus Cristo, o amor de Deus e a comunhão do Espírito Santo estejam com todos vós!" (
2Co 13,13). Estas palavras, provável eco ao culto da Igreja nascente, evidenciam como o dom gratuito do amor do Pai em Jesus Cristo se concretize e se exprima na comunhão realizada pelo Espírito Santo. Esta interpretação, baseada no estreito paralelismo que o texto estabelece entre os três genitivos ("a graça do Senhor Jesus Cristo... o amor de Deus... e a comunhão do Espírito Santo"), apresenta a "comunhão" como dom específico do Espírito, fruto do amor doado por Deus Pai e da graça oferecida pelo Senhor Jesus.

Aliás, o contexto imediato, caracterizado pela insistência sobre a comunhão fraterna, orienta-nos a ver na "koinonía" do Espírito Santo não só a "participação" da vida divina quase singularmente, cada um por si, mas também logicamente a "comunhão" entre os crentes que o próprio Espírito suscita, como seu artífice e principal agente (cf. Ph 2,1). Poder-se-ia afirmar que a graça, o amor e a comunhão, referidos respectivamente a Cristo, ao Pai e ao Espírito, são aspectos diversos da única acção divina para a nossa salvação, acção que cria a Igreja e faz a Igreja como disse São Cipriano, no século III "um povo reunido pela unidade do Pai, do Filho e do Espírito Santo" (De Orat. Dom., 23: PL 4, 536, cit. em Lumen gentium, LG 4).

A ideia da comunhão como participação na vida trinitária está iluminada com particular intensidade no Evangelho de João. Onde a comunhão de amor que une o Filho ao Pai e aos homens é, ao mesmo tempo, o modelo e a fonte da comunhão fraterna, que deve unir os discípulos entre si: "Que vos ameis uns aos outros como Eu vos amei" (Jn 15,12 cf. Jn 13,34). "Para que todos sejam um só... como nós somos um" (Jn 17,21 Jn 17,22). Portanto, a comunhão dos homens com o Deus-Trindade e comunhão dos homens entre si. No tempo da peregrinação terrena o discípulo, mediante a comunhão com o Filho, já pode participar da vida divina d'Ele e do Pai: "E nós estamos em comunhão com o Pai e com o seu Filho, Jesus Cristo" (1Jn 1,3). Esta vida de comunhão com Deus e entre nós é a finalidade própria do anúncio do Evangelho, a finalidade da conversão ao cristianismo: "O que nós vimos e ouvimos, isso vos anunciamos, para que também vós estejais em comunhão connosco" (1Jn 1,3). Por conseguinte, esta dúplice comunhão com Deus e entre nós é inseparável. Onde se destrói a comunhão com Deus, que é comunhão com o Pai, com o Filho e com o Espírito Santo, destrói-se também a raiz e a fonte da comunhão entre nós. E onde a comunhão entre nós não for vivida, também a comunhão com o Deus-Trindade não é viva nem verdadeira, como ouvimos.

Façamos agora um ulterior passo. A comunhão fruto do Espírito Santo é alimentada pelo Pão eucarístico (cf. 1Co 10,16-17) e exprime-se nas relações fraternas, numa espécie de antecipação do mundo futuro. Na Eucaristia, Jesus alimenta-nos, une-nos a Si, com o Pai, o Espírito Santo e entre nós, e esta rede de unidade que abraça o mundo é uma antecipação do mundo futuro neste nosso tempo. Precisamente assim, sendo antecipação do mundo futuro, a comunhão é um dom também com consequências muito reais, que nos faz sair das nossas solidões, dos fechamentos em nós mesmos, e nos torna partícipes do amor que nos une a Deus e entre nós.

É fácil compreender como é grande este dom, se pensarmos nas fragmentações e nos conflitos que afligem os relacionamentos entre os indivíduos, os grupos e inteiros povos. E se não existe o dom da unidade no Espírito Santo, a fragmentação da humanidade é inevitável. A "comunhão" é verdadeiramente a boa nova, o remédio que Deus nos doou contra a solidão, que hoje ameaça todos, o dom precioso que nos faz sentir acolhidos e amados em Deus, na unidade do seu Povo reunido no nome da Trindade; é a luz que faz resplandecer a Igreja como sinal elevado entre os povos: "Se dizemos que temos comunhão com Ele, mas caminhamos nas trevas, mentimos e não praticamos a verdade. Pelo contrário, se caminhamos na luz, com Ele, que está na luz, então temos comunhão uns com os outros" (1Jn 1,6 s). A Igreja revela-se assim, apesar de todas as fragilidades humanas que pertencem à sua fisionomia histórica, uma maravilhosa criação de amor, feita para aproximar Cristo de cada homem e mulher que queira verdadeiramente encontrá-lo, até ao fim dos tempos. E na Igreja, o Senhor permanece sempre nosso contemporâneo. A Escritura não é uma coisa do passado. O Senhor não fala no passado, mas no presente, fala hoje connosco, dá-nos luz, mostra-nos o caminho da vida, dá-nos comunhão e assim nos prepara e abre para a paz.

Saudações

Amados irmãos e irmãs!

No decorrer dos séculos a Igreja, organicamente estruturada pela condução dos seus legítimos pastores, segue vivendo no mundo como mistério de comunhão. Tal comunhão, fortalecida pelo Pão eucarístico, se exprime nas relações fraternas, fazendo-nos participar do amor que nos une a Deus e aos nossos irmãos. Empenhemo-nos sempre mais a reforçá-la pelo amor de Cristo que nos uniu. Saúdo com particular afeto os peregrinos portugueses do Colégio Mira Rio de Lisboa e da Escola Roque Gameiro de Amadora, bem como os brasileiros de diversas procedências. A todos convido aproveitar esta passagem por Roma, para confirmar a própria fé ante o túmulo do Apóstolo Pedro. Que Deus voa abençoe!

É com alegria que recebo os peregrinos de língua francesa. Saúdo em particular os jovens dos colégios Santo Adré de Bruxelas, São Carlos de Marselha, São José de Florença e de Madalena Daniélou de Rueil-Malmaison. Que o Senhor, que se fez próximo de vós, vos conceda viver em profunda comunhão com ele e entre vós!

Sinto-me feliz por saudar os peregrinos e visitantes de língua inglesa presentes nesta Audiência, particularmente os provenientes do Japão e dos Estados Unidos da América. Dou de igual modo especiais boas-vindas aos Sacerdotes do Instituto Formação Teológica Permanente do Pontifício Colégio Norte Americano e aos membros da Conferência Nacional de Vigários para Religiosos. Invoco sobre todos vós as bênçãos de Deus de paz e de alegria.

Saúdo cordialmente os peregrinos polacos aqui presentes. Estou-vos grato pelas vossas orações. A Quaresma é o tempo para transformar a nossa vida e para encontrar Cristo que "nos amou até ao fim". É a ocasião para superar o nosso egoísmo, as nossas divisões e incompreensões. Nas vossas famílias e nas vossas comunidades reine sempre o espírito de reconciliação e de benevolência recíproca. Deus vos abençoe.

Por fim, o meu pensamento dirige-se aos doentes, aos novos casais e aos jovens, e especialmente aos alunos do liceu "Andrea Bafile" de Collesapone de Áquila, assim como aos jovens da diocese de Caserta, aqui reunidos com o seu Bispo, D. Raffaele Nogaro. O tempo quaresmal, com os seus repetidos convites à conversão, vos conduza, queridos jovens, a um amor a Cristo e à sua Igreja cada vez mais consciente; aumente em vós, queridos doentes, a consciência de que o Senhor crucificado nos ampara nas provações; vos ajude a vós, queridos novos casais, a fazer da vossa vida familiar um lugar de crescimento constante no amor fiel e generoso.


5 de Abril de 2006: O serviço à comunhão

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Queridos irmãos e irmãs!

Na nova série de catequeses, que iniciou há poucas semanas, queremos considerar as origens da Igreja, para compreender o desígnio inicial de Jesus, e assim entender o essencial da Igreja, que permanece com o passar dos tempos. Desejamos, desta forma, compreender também o porquê do nosso estar na Igreja e como devemos comprometer-nos a vivê-lo no começo de um novo milénio cristão.

Considerando a Igreja nascente, podemos descobrir dois aspectos: o primeiro é realçado em grande medida por Santo Ireneu de Lião, mártir e grande teólogo do fim do século II, o primeiro que nos deu uma teologia de certa forma sistemática. Santo Ireneu escreve: "Onde está a Igreja, ali também está o Espírito de Deus; e onde está o Espírito de Deus, ali está a Igreja e todas as graças; porque o Espírito Santo é verdade" (Adversus haereses, III, 24, 1: PG 7, 966). Por conseguinte, existe um íntimo vínculo entre o Espírito Santo e a Igreja. O Espírito Santo constrói a Igreja e confere-lhe a verdade, infunde como diz São Paulo o amor nos corações dos crentes (cf.
Rm 5,5).

Depois há um segundo aspecto. Este vínculo profundo com o Espírito não anula a nossa humanidade com toda a sua debilidade, e assim a comunidade dos discípulos conhece desde o início não só a alegria do Espírito Santo, a graça da verdade e do amor, mas também a prova, constituída sobretudo pelos contrastes acerca das verdades de fé, com as consequentes dilacerações da comunhão. Como a comunhão do amor existe desde o início e existirá até ao fim (cf. 1Jn 1,1ss.), infelizmente também desde o início existe a divisão. Não nos devemos admirar que ela persista também hoje: "Eles saíram de entre nós, mas não eram dos nossos, porque, se tivessem sido dos nossos, teriam permanecido connosco; mas aconteceu assim para que ficasse claro que nenhum deles era dos nossos" (Jn 2,19). Por conseguinte há sempre o perigo, nas vicissitudes do mundo e também nas debilidades da Igreja, de perder a fé, e assim também de perder o amor e a fraternidade. Portanto, é um dever precioso de quem crê na Igreja do amor e deseja viver nela, reconhecer também este perigo e aceitar que não é possível a comunhão com quem se afastou da doutrina da salvação (cf. 2Jn 9-11).

Que a Igreja nascente estivesse muito consciente destas tensões possíveis na experiência da comunhão demonstra-o bem a Primeira Carta de João: não há voz no Novo Testamento que se eleve com mais vigor para evidenciar a realidade e o dever do amor fraterno entre os cristãos; mas a mesma voz dirige-se com severidade drástica aos adversários, que foram membros da comunidade e agora já não o são. A Igreja do amor é também a Igreja da verdade, entendida antes de mais como fidelidade ao Evangelho confiado pelo Senhor aos seus. A fraternidade cristã nasce do facto de sermos constituídos filhos do mesmo Pai pelo Espírito de verdade: "De facto, todos os que se deixam guiar pelo Espírito, esses é que são filhos de Deus" (Rm 8,14). Mas a família dos filhos de Deus, para viverem na unidade e na paz, tem necessidade de quem a mantenha na verdade e a guie com discernimento sábio e competente: é isto que o ministério dos Apóstolos está chamado a fazer. E agora chegamos a um ponto importante. A Igreja é toda do Espírito, mas tem uma estrutura, a sucessão apostólica, à qual compete a responsabilidade de garantir a permanência da Igreja na verdade doada por Cristo, da qual deriva também a capacidade do amor.

O primeiro sumário dos Actos expressa com grande eficiência a convergência destes valores na vida da Igreja nascente: "Eram assíduos ao ensino dos Apóstolos, à união fraterna (koinonìa), à fracção do pão e às orações" (Ac 2,42). A comunhão nasce da fé suscitada pela pregação apostólica, alimenta-se do partir do pão e da oração, e expressa-se na caridade fraterna e no serviço. Estamos perante a descrição da comunhão da Igreja nascente na riqueza dos seus dinamismos internos e das suas expressões visíveis: o dom da comunhão é guardado e promovido em particular pelo ministério apostólico, que por sua vez é dom para toda a comunidade.

Os Apóstolos e os seus sucessores são, portanto, os guardas e as testemunhas competentes do depósito da verdade entregue à Igreja, e são também os ministros da caridade: dois aspectos que caminham juntos. Eles devem pensar sempre na inseparabilidade deste duplo serviço, que na realidade é um só: verdade e caridade, reveladas e doadas pelo Senhor Jesus. Neste sentido, o seu serviço é antes de tudo, um serviço de amor: a caridade que eles devem viver e promover é inseparável da verdade que guardam e transmitem. A verdade e o amor são dois rostos do mesmo dom, que vem de Deus e que graças ao ministério apostólico é conservado na Igreja e nos alcança até ao nosso presente! Também através do serviço dos Apóstolos e dos seus sucessores o amor de Deus Trindade nos alcança para nos comunicar a verdade que nos torna livres (cf. Jn 8,32)!

Tudo o que vemos na Igreja nascente nos estimula a rezar pelos Sucessores dos Apóstolos, por todos os Bispos e pelos Sucessores de Pedro, para que sejam realmente juntos os guardas da verdade e da caridade; para que sejam, neste sentido, realmente apóstolos de Cristo, a fim de que a sua luz, a luz da verdade e da caridade, nunca se extinga na Igreja e no mundo.

Saudações

Queridos irmãos e irmãs!

Sinto-me feliz por dar as boas-vindas a todos os peregrinos e visitantes de língua inglesa presentes hoje nesta Audiência, incluindo os alunos do Colégio de Defesa da OTAN, e os peregrinos provenientes da Inglaterra, Dinamarca, Ilhas Faeroe e dos Estados Unidos da América. Que a vossa estadia em Roma fortaleça a vossa fé e renove o vosso amor ao Senhor e à Igreja. Que Deus vos abençoe!

É com alegria que dou as boas-vindas aos peregrinos e visitantes provenientes da Alemanha, Áustria, Suíça e Bélgica. Saúdo também os peregrinos de Deggendorf, Twistringen e Unterwössen, acompanhados de numerosos jovens e estudantes. Deus nos ofereça através da comunidade da Igreja o seu amor e a sua verdade, que nos torna livres. Recebei este grande dom e transmiti-o, como fez o jovem Jesus. A bênção de Deus vos acompanhe!

Saúdo os peregrinos polacos aqui presentes. Juntamente convosco agradeço a Deus pelo pontificado do meu grande Predecessor João Paulo II. A sua presença espiritual e o património do seu ensinamento nos fortaleça na fé e nos ajude no caminho rumo ao encontro com Cristo. Deus abençoe a vós e as vossas famílias. Louvado seja Jesus Cristo!

Queridos jovens, intensificai o vosso testemunho de amor fiel a Cristo Crucificado. Vós, queridos doentes, olhai para a Cruz do Senhor para oferecer com coragem a prova da doença. E vós, queridos novos casais, fazei com que a vossa união esponsal seja sempre vivificada pelo amor divino.

No próximo dia 7 de Abril celebram-se os 500 anos do nascimento de São Francisco Xavier, o grande missionário jesuíta que pregou o Evangelho em terras de Ásia, abrindo muitas portas a Cristo.

Uno-me a essa celebração agradecendo ao Senhor este grande dom à sua Igreja. Enviei o Cardeal Antonio María Rouco Varela para presidir as cerimónias no Santuário de Javier, em Navarra, Espanha. Uno-me a ele e a todos os peregrinos que irão a esse insigne lugar missionário.

Ao contemplar a figura de São Francisco Xavier, sentimo-nos chamados a rezar por quantos dedicam a sua vida à missão evangelizadora, proclamando a beleza da mensagem salvadora de Jesus.

Ao mesmo tempo, convido-vos a rezar para que, por intercessão deste Santo, todos intensifiquem os seus esforços para consolidar os horizontes de paz que parecem abrir-se nos Países Bascos e em toda a Espanha, e para superar os obstáculos que se possam apresentar ao longo deste caminho.



Audiências 2005-2013 1036