Audiências 2005-2013 22812

Quarta-feira, 22 de Agosto de 2012

22812

Estimados irmãos e irmãs

Celebra-se hoje a memória litúrgica da Bem-Aventurada Virgem Maria invocada com o título: «Rainha». É uma festa de instituição recente, embora sejam antigas a sua origem e devoção: com efeito, foi estabelecida pelo Venerável Pio XII em 1954, no encerramento do Ano Mariano, fixando a sua data em 31 de Maio (cf. Carta encíclica Ad caeli Reginam, 11 de Outubro de 1954: aas, 46 [1954], 625-640). Nesta circunstância, o Papa disse que Maria é Rainha mais do que qualquer outra criatura em virtude da elevação da sua alma e da excelência dos dons recebidos. Ela não cessa de conceder todos os tesouros do seu amor e dos seus desvelos à humanidade (cf. Discurso em honra de Maria Rainha, 1 de Novembro de 1954). Pois bem, após a reforma pós-conciliar do calendário litúrgico, foi inserida oito dias depois da solenidade da Assunção para ressaltar o vínculo entre a realeza de Maria e a sua glorificação em alma e corpo ao lado do seu Filho. Na Constituição sobre a Igreja, do Concílio Vaticano II, lemos assim: «Maria foi elevada à glória celeste e exaltada por Deus como Rainha do universo, para assim se conformar mais plenamente com o seu Filho» (cf. Lumen gentium
LG 59).

Esta é a raiz da festa de hoje: Maria é Rainha porque foi associada de modo único ao seu Filho, tanto no caminho terreno como na glória do Céu. O grande santo da Síria, Efrém o Sírio, acerca da realeza de Maria, afirma que deriva da sua maternidade: Ela é Mãe do Senhor, do Rei dos reis (cf. Is 9,1-6) e indica-nos Jesus como nossa vida, salvação e esperança. O Servo de Deus Paulo vi recordava na sua Exortação apostólica Marialis Cultus: «Na Virgem Maria, de facto, tudo é relativo a Cristo e dependente d’Ele: foi em vista d’Ele que Deus Pai, desde toda a eternidade, a escolheu como Mãe toda santa e a plenificou com dons do Espírito a ninguém mais concedidos» (n. 25).

Mas agora perguntemo-nos: o que quer dizer Maria Rainha? É só um título unido a outros, a coroa, um ornamento com outros? O que quer dizer? O que é esta realeza? Como já se indicou, é uma consequência do seu estar unida ao Filho, do seu estar no Céu, isto é, em comunhão com Deus; Ela participa na responsabilidade de Deus pelo mundo e no amor de Deus pelo mundo. Existe uma ideia vulgar, comum, de rei ou rainha: seria uma pessoa com poder e riquezas. Mas este não é o tipo de realeza de Jesus e de Maria. Pensemos no Senhor: a realeza, o ser rei de Cristo está imbuído de humildade, serviço e amor: é sobretudo servir, ajudar e amar. Recordemos que Jesus foi proclamado rei na cruz com esta inscrição redigida por Pilatos: «rei dos judeus» (cf. Mc 15,26). Naquele momento na cruz mostra-se que Ele é rei; e como é rei? Sofrendo connosco, por nós, amando até ao fim, e assim governa e cria verdade, amor e justiça. Ou pensemos também noutro momento: na última Ceia inclina-se para lavar os pés aos seus. Portanto, a realeza de Jesus nada tem a ver com a dos poderosos da terra. É um rei que serve os seus servidores; assim demonstrou durante toda a sua vida. E o mesmo é válido para Maria: é rainha ao serviço de Deus e da humanidade, é rainha do amor que vive o dom de si a Deus para entrar no desígnio da salvação do homem. Ao anjo, responde: Eis-me, sou a serva do Senhor (cf. Lc 1,38), e no Magnificat canta: Deus considerou a humildade da sua serva (cf. Lc 1,48). Ela auxilia-nos. É rainha precisamente amando-nos, ajudando-nos em todas as nossas necessidades; é a nossa irmã e serva humilde.

E assim já chegamos ao ponto: como exerce Maria esta realeza de serviço e amor? Velando sobre nós, seus filhos: os filhos que se dirigem a Ela na oração, para lhe agradecer ou para lhe pedir a sua tutela maternal e a sua ajuda celestial, talvez depois de se ter extraviado pelo caminho, oprimidos pela dor ou angústia, pelas vicissitudes tristes e difíceis da vida. Na serenidade ou na escuridão da existência, dirijamo-nos a Maria confiando-nos à sua intercessão continua, porque do Filho nos possa alcançar toda a graça e misericórdia necessárias para o nosso peregrinar ao longo das sendas do mundo. Àquele que rege o mundo e tem nas suas mãos o destino do universo dirijamo-nos confiantes, por meio da Virgem Maria. Ela, desde há séculos, é invocada como Rainha celeste dos Céus; oito vezes, depois da recitação do santo Rosário, é implorada nas ladainhas lauretanas como Rainha dos Anjos, dos Patriarcas, dos Profetas, dos Apóstolos, dos Mártires, dos Confessores, das Virgens, de todos os Santos e das Famílias. O ritmo destas antigas invocações e preces diárias, como a Salve Regina, ajuda-nos a compreender que a Virgem Santa, como nossa Mãe ao lado do Filho Jesus na glória do Céu, está sempre connosco, no curso quotidiano da nossa vida.

Portanto, Rainha é título de confiança, alegria e amor. E sabemos que Aquela que tem nas suas mãos em parte o destino do mundo é boa, que nos ama e nos ajuda nas nossas dificuldades.

Caros amigos, a devoção a Nossa Senhora é um elemento importante da vida espiritual. Na nossa oração não cessemos de nos dirigir com confiança a Ela. Maria não deixará de interceder por nós junto do seu Filho. Olhando para Ele, imitemos a fé, a disponibilidade completa ao desígnio de amor de Deus, o acolhimento generoso de Jesus. Aprendamos a viver de Maria. Maria é a Rainha do céu próxima de Deus, mas é também a Mãe que está perto de cada um de nós, que nos ama e ouve a nossa voz. Obrigado pela atenção!

Saudação

Amados peregrinos de língua portuguesa, uma cordial saudação de boas-vindas para todos. Hoje, a Igreja celebra Nossa Senhora Rainha dos Céus e da terra que, a exemplo de Seu Filho Jesus, Senhor do Universo, manifesta a sua realeza através da humildade, do serviço e do amor. Na vossa oração, não deixeis de dirigir-vos a Ela com confiança. Possa a Virgem Maria velar por cada um de vós. E que Deus vos abençoe.


Castel Gandolfo

Quarta-feira, 29 de Agosto de 2012

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Estimados irmãos e irmãs

Nesta última quarta-feira do mês de Agosto celebra-se a memória do martírio de são João Baptista, o precursor de Jesus. No Calendário romano, é o único santo do qual se celebra tanto o nascimento, a 24 de Junho, como a morte ocorrida através do martírio. A memória hodierna remonta à dedicação de uma cripta de Sebaste, em Samaria onde, já em meados do século IV, se venerava a sua cabeça. Depois, o culto alargou-se a Jerusalém, às Igrejas do Oriente e a Roma, com o título de Degolação de são João Baptista. No Martirológio romano faz-se referência a uma segunda descoberta da preciosa relíquia, transportada naquela ocasião para a igreja de São Silvestre em Campo Márcio, em Roma.

Estas breves referências históricas ajudam-nos a compreender como é antiga e profunda a veneração de são João Baptista. Nos Evangelhos realça-se muito bem o seu papel em relação a Jesus. De modo particular, são Lucas narra o seu nascimento, a sua vida no deserto e a sua pregação, e no Evangelho de hoje são Marcos fala-nos da sua morte dramática. João Baptista começa a sua pregação sob o imperador Tibério, em 27-28 d.C., e o convite claro que ele dirige ao povo que acorre para o ouvir é que prepare o caminho para receber o Senhor, e endireitem as veredas tortas da própria vida através de uma conversão radical do coração (cf.
Lc 3,4). Contudo, João Baptista não se limita a pregar a penitência e a conversão mas, reconhecendo Jesus como «o Cordeiro de Deus» que veio para tirar o pecado do mundo (cf. Jn 1,29), tem a profunda humildade de mostrar em Jesus o verdadeiro Enviado de Deus, pondo-se de lado a fim de que Jesus possa crescer, ser ouvido e seguido. Como último gesto, João Baptista testemunha com o sangue a sua fidelidade aos mandamentos de Deus, sem ceder nem desistir, cumprindo a sua missão até ao fim. São Beda, monge do século IX, nas suas Homilias diz assim: «São João, por [Cristo] deu a sua vida; embora não lhe tenha sido imposto que negasse Jesus Cristo, só lhe foi imposto que não dissesse a verdade» (cf. Hom. 23: ccl 122, 354). E ele dizia a verdade, e assim morreu por Cristo, que é a Verdade. Precisamente pelo amor à Verdade, não cedeu a compromissos nem teve medo de dirigir palavras fortes a quantos tinham perdido o caminho de Deus.

Nós vemos esta grande figura, esta força na paixão, na resistência contra os poderosos. Interroguemo-nos: de onde nasce esta vida, esta interioridade tão forte, tão recta e tão coerente, empregue totalmente por Deus e para preparar o caminho para Jesus? A resposta é simples: da relação com Deus, da oração, que é o fio condutor de toda a sua existência. João é o dom divino longamente invocado pelos seus pais, Zacarias e Isabel (cf. Lc 1,13); uma dádiva grande, humanamente inesperada, porque ambos eram de idade avançada e Isabel era estéril (cf. Lc 1,7); mas a Deus nada é impossível (cf. Lc 1,36). O anúncio deste nascimento verifica-se precisamente no contexto da oração, no templo de Jerusalém; aliás, acontece quando Zacarias recebe o grande privilégio de entrar no lugar mais sagrado do templo para fazer a oferta do incenso ao Senhor (cf. Lc 1,8-20). Também o nascimento de João Baptista é marcado pela oração: o cântico de alegria, de louvor e de acção de graças que Zacarias eleva ao Senhor e que nós recitamos todas as manhãs nas Laudes, o «Benedictus», exalta a obra de Deus na história e indica profeticamente a missão do filho João: preceder o Filho de Deus que se fez carne, para lhe preparar as estradas (cf. Lc 1,67-79). Toda a existência do precursor de Jesus é alimentada pela relação com Deus, de modo particular o período transcorrido em regiões desertas (cf. Lc 1,80); as regiões desertas que são lugares de tentação, mas também lugares onde o homem sente a própria pobreza, porque desprovido de apoios e certezas materiais, e compreende que o único ponto de referência sólido permanece o próprio Deus. Mas João Baptista não é apenas um homem de oração, do contacto permanente com Deus, mas também um guia para esta relação. Citando a oração que Jesus ensina aos discípulos, o «Pai-Nosso», o evangelista Lucas anota que o pedido é formulado pelos discípulos com estas palavras: «Senhor, ensinai-nos a rezar, como também João ensinou aos seus discípulos» (cf. Lc 11,1).

Caros irmãos e irmãs, celebrar o martírio de são João Baptista recorda-nos, também a nós cristãos deste nosso tempo, que não se pode ceder a compromissos com o amor a Cristo, à sua Palavra e à Verdade. A Verdade é Verdade, não existem compromissos. A vida cristã exige, por assim dizer, o «martírio» da fidelidade quotidiana ao Evangelho, ou seja, a coragem de deixar que Cristo cresça em nós e que seja Cristo quem orienta o nosso pensamento e as nossas acções. Mas isto só se verifica na nossa vida se a nossa relação com Deus for sólida. A oração não é tempo perdido, não é roubar espaço às actividades, inclusive às obras apostólicas, mas é precisamente o contrário: se formos capazes de ter uma vida de oração fiel, constante e confiante, o próprio Deus dar-nos-á a capacidade e a força para viver de modo feliz e tranquilo, para superar as dificuldades e testemunhá-lo com coragem. São João Baptista interceda por nós, a fim de sabermos conservar sempre o primado de Deus na nossa vida. Obrigado!

Saudação

Amados peregrinos de Portugal e do Brasil, e demais pessoas de língua portuguesa, sede bem-vindos! Uma saudação particular aos fiéis de Chã Grande, Natal e do Rio de Janeiro. Que o exemplo e a intercessão de São João Batista vos ajudem a viver a vossa entrega a Deus sem reservas, sobretudo por meio da oração e da fidelidade ao Evangelho, para que Cristo cresça em vós, guiando os vossos pensamento e ações. Com estes votos, de bom grado a todos abençôo.


Sala Paulo VI

Quarta-feira, 5 de Setembro de 2012

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Queridos irmãos e irmãs,

Hoje, após a interrupção das férias, retomamos as Audiências no Vaticano, continuando naquela «escola da oração» que estou a viver juntamente convosco nestas Catequeses de quarta-feira.

Hoje gostaria de falar sobre a oração no Livro do Apocalipse que, como sabeis, é o último do Novo Testamento. Trata-se de um livro difícil, mas que contém uma grande riqueza. Ele põe-nos em contacto com a oração viva e palpitante da assembleia cristã, reunida «no dia do Senhor» (
Ap 1,10): com efeito, esta é a linha de fundo na qual o texto se move.

Um leitor apresenta à assembleia uma mensagem confiada pelo Senhor ao evangelista João. O leitor e a assembleia constituem, por assim dizer, os dois protagonistas do desenvolvimento do livro; a eles, desde o início, são dirigidos votos exultantes: «Bem-aventurados aquele que lê e os que ouvem as palavras desta profecia» (Ap 1,3). Do diálogo constante entre eles nasce uma sinfonia de oração, que se desenvolve com grande variedade de formas, até à conclusão. Ouvindo o leitor que apresenta a mensagem, escutando e observando a assembleia que reage, a sua oração tende a tornar-se nossa.

A primeira parte do Apocalipse (Ap 1,4-3,22) apresenta, na atitude da assembleia que reza, três fases sucessivas. A primeira (Ap 1,4-8) é constituída por um diálogo que — único caso no Novo Testamento — se realiza entre a assembleia que acaba de se reunir e o leitor, que lhe dirige votos de bênçãos: «Graça e paz vos sejam dadas» (Ap 1,4). O leitor continua, sublinhando a proveniência destes votos: eles derivam da Trindade: do Pai e do Espírito Santo e de Jesus Cristo, unidos na promoção do projecto criativo e salvífico para a humanidade. A assembleia escuta e, quando ouve mencionar Jesus Cristo, tem como que um sobressalto de alegria e responde com entusiasmo, elevando a seguinte prece de louvor: «Àquele que nos ama e que com o seu sangue nos lavou dos nossos pecados e nos fez reis e sacerdotes para Deus, seu Pai, glória e poder para todo o sempre. Amém!» (Ap 1,5-6). A assembleia, envolvida pelo amor de Cristo, sente-se livre das cadeias do pecado e proclama-se «reino» de Jesus Cristo, que pertence totalmente a Ele. Reconhece a grande missão que com o Baptismo lhe foi confiada, de levar ao mundo a presença de Deus. E conclui esta sua celebração de louvor olhando de novo directamente para Jesus e, com entusiasmo crescente, reconhece «a sua glória e o seu poder» para salvar a humanidade. O «amém» final conclui o hino de louvor a Cristo. Já estes primeiros quatro versículos contêm uma grande riqueza de indicações para nós; dizem-nos que a nossa oração deve ser antes de tudo escuta de Deus que nos fala. Submergidos por tantas palavras, estamos pouco habituados a ouvir, sobretudo a predispormo-nos interior e exteriormente para o silêncio a fim de estarmos atentos ao que Deus nos quer dizer. Além disso, tais versículos ensinam-nos que a nossa oração, que muitas vezes é só de pedido, antes de tudo deve ser de louvor a Deus pelo seu amor, pelo dom de Jesus Cristo, que nos deu força, esperança e salvação.

Depois, uma nova intervenção do leitor exorta a assembleia, arrebatada pelo amor de Cristo, ao compromisso de captar a sua presença na própria vida. Diz assim: «Ei-lo que vem sobre as nuvens e todos os olhos O verão, até mesmo os que O trespassaram; todas as tribos da terra se lamentarão por causa dele» (Ap 1,7a). Depois de ter subido ao Céu numa «nuvem», símbolo da transcendência (cf. Ac 1,9), Jesus Cristo voltará do mesmo modo como subiu ao Céu (cf. Ac 1,11). Então, todos os povos o reconhecerão e, como exorta são João no quarto Evangelho, «hão-de olhar para Aquele que trespassaram» (Jn 19,37). Pensarão nos próprios pecados, causa da sua crucifixão e, como aqueles que tinham assistido directamente a ela no Calvário, «baterão no peito» (cf. Lc 23,48) pedindo-lhe perdão, para o seguir na vida e preparar assim a comunhão plena com Ele, depois do seu retorno final. A assembleia medita sobre esta mensagem e diz: «Sim. Amém!» (Ap 1,7b). Exprime com o seu «sim» o pleno acolhimento daquilo que lhe é comunicado e pede que isto possa tornar-se verdadeiramente realidade. É a oração da assembleia, que medita sobre o amor de Deus manifestado de modo supremo na Cruz e pede para viver com a coerência dos discípulos de Cristo. Eis a resposta de Deus: «Eu sou o Alfa e Ómega, diz o Senhor Deus, o que é, que era e que há-de vir, o Todo-Poderoso!» (Ap 1,8). Deus, que se revela como o início e a conclusão da história, acolhe e toma a peito o pedido da assembleia. Ele estava, está e estará presente e activo com o seu amor nas vicissitudes humanas, no presente, no futuro, assim como no passado, até alcançar a meta final. Esta é a promessa de Deus. E aqui encontramos mais um elemento importante: a oração constante desperta em nós o sentido da presença do Senhor na nossa vida e na história, e é a sua presença que nos sustém, nos guia e nos dá uma grande esperança, inclusive no meio da obscuridade de certas vicissitudes humanas; além disso, qualquer oração, mesmo a que é feita na solidão mais radical, nunca é um isolar-se nem estéril, mas é a linfa vital para alimentar uma existência cristã cada vez mais comprometida e coerente.

A segunda fase da oração da assembleia (cf. Ap 1,9-22) aprofunda ulteriormente a relação com Jesus Cristo: o Senhor mostra-se, fala e age, e a comunidade, cada vez mais próxima dele, ouve, reage e acolhe. Na mensagem apresentada pelo leitor, são João narra uma sua experiência pessoal de encontro com Cristo: está na ilha de Patmos por causa da «palavra de Deus e do testemunho de Jesus» (Ap 1,9) e é o «dia do Senhor» (Ap 1,10a), domingo, no qual se celebra a Ressurreição. E são João é «arrebatado pelo Espírito» (Ap 1,10a). O Espírito Santo impregna-o e renova-o, dilatando a sua capacidade de acolher Jesus, que o convida a escrever. A oração da assembleia que escuta assume gradualmente uma atitude contemplativa ritmada pelos verbos «vê», «olha»: ou seja, contempla o que o leitor lhe propõe, interiorizando-o e fazendo-o seu.

João ouve «uma grande voz, como de trombeta» (Ap 1,10b): a voz impõe-lhe que transmita uma mensagem «às sete Igrejas» (Ap 1,11) que se encontram na Ásia Menor e, através delas, a todas as Igrejas de todos os tempos, juntamente com os seus Pastores. A expressão «voz... de trombeta», tirada do livro do Êxodo (cf. Ex 20,18), evoca a manifestação divina a Moisés no monte Sinai e indica a voz de Deus, que fala do seu Céu, da sua transcendência. Nele é atribuída a Jesus Cristo Ressuscitado, que da glória do Pai fala, com a voz de Deus, à assembleia reunida em oração. Virando-se «para ver a voz» (cf. Ap 1,12), João avista «sete castiçais de outro e, no meio dos sete castiçais, alguém semelhante a um Filho de homem» (Ap 1,12-13), termo particularmente familiar a João, que indica o próprio Jesus. Os castiçais de ouro, com as suas velas acesas, indicam a Igreja de todos os tempos, em atitude de oração na Liturgia: Jesus Ressuscitado, o «Filho do homem», encontra-se no meio dela e, revestido com os paramentos do sumo sacerdote do Antigo Testamento, desempenha a função sacerdotal de mediador junto do Pai. Na mensagem simbólica de João, segue-se uma manifestação luminosa de Cristo Ressuscitado, com as características próprias de Deus, que se repetem no Antigo Testamento. Fala-se dos «cabelos... brancos, como lã branca, como neve» (Ap 1,14), símbolo da eternidade de Deus (cf. Da 7,9) e da Ressurreição. Um segundo símbolo é o do fogo que, no Antigo Testamento, é frequentemente referido a Deus para indicar duas propriedades. A primeira é a intensidade ciosa do seu amor, que anima a sua aliança com o homem (cf. Dt 4,24). E é esta mesma intensidade ardente do amor que se lê no olhar de Jesus Ressuscitado: «os seus olhos eram como uma chama de fogo» (Ap 1,14a). A segunda é a capacidade constante de vencer o mal como um «fogo devorador» (Dt 9,3). Assim também «os pés» de Jesus, a caminho para enfrentar e destruir o mal, têm a incandescência do «bronze resplandecente» (Ap 1,15). Além disso a voz de Jesus Cristo, «como o ruído de águas caudalosas» (Ap 1,15c), tem o barulho impressionante «da glória do Deus de Israel» que se move rumo a Jerusalém, da qual fala o profeta Ezequiel (cf. Ez 43,2). Seguem-se ainda três elementos simbólicos que demonstram quanto Jesus Ressuscitado está a realizar pela sua Igreja: tem-na firmemente na sua mão direita — uma imagem muito importante: Jesus tem a Igreja na sua mão — fala-lhe com a força penetrante de uma espada afiada e mostra-lhe o esplendor da sua divindade: «o seu rosto era como o sol quando resplandece em toda a sua força» (Ap 1,16). João está tão envolvido nesta experiência maravilhosa do Ressuscitado, que desfalece e cai como morto.

Depois desta experiência de revelação, o apóstolo tem à sua frente o Senhor Jesus que fala com ele, o tranquiliza, põe uma mão sobre a sua cabeça, revela-lhe a sua identidade de Crucificado Ressuscitado e confia-lhe o cargo de transmitir a sua mensagem às Igrejas (cf. Ap 1,17-18). É bom este Deus, diante do qual ele desfalece e cai como morto. É o amigo da vida e põe a mão sobre a sua cabeça. E será assim também para nós: somos amigos de Jesus. Depois, a revelação do Deus Ressuscitado, do Cristo Ressuscitado, não será tremenda, mas será o encontro com o amigo. Também a assembleia vive com João o momento particular de luz diante do Senhor, mas unido à experiência do encontro quotidiano com Jesus, sentindo a riqueza do contacto com o Senhor, que preenche todos os espaços da existência.

Na terceira e última fase da primeira parte do Apocalipse (cf. Ap 2-3), o leitor propõe à assembleia uma mensagem septiforme na qual Jesus fala em primeira pessoa. Dirigido a sete Igrejas situadas na Ásia Menor, ao redor de Éfeso, o discurso de Jesus começa a partir da situação particular de cada uma das Igrejas, para depois se ampliar às Igrejas de todos os tempos. Jesus entra imediatamente no fulcro da situação de cada Igreja, evidenciando as suas luzes e sombras e dirigindo-lhe um convite urgente: «Arrepende-te» (Ap 2,5 Ap 2,16 Ap 3,19c); «Conserva o que tens» (Ap 3,11); «pratica as obras de outrora» (Ap 2,5); «Sê, pois, zeloso e arrepende-te» (Ap 3,19b)... Se for ouvida com fé, esta palavra de Jesus começa a ser imediatamente eficaz: acolhendo a Palavra do Senhor, a Igreja em oração é transformada. Todas as Igrejas devem pôr-se à escuta do Senhor, abrindo-se ao Espírito como Jesus pede com insistência, repetindo esta ordem sete vezes: «Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às Igrejas» (Ap 2,7 Ap 2,11 Ap 2,17 Ap 2,29 Ap 3,6 Ap 3,13 Ap 3,22). A assembleia ouve a mensagem, recebendo um estímulo para o arrependimento, a conversão, a perseverança, o crescimento no amor e a orientação para o caminho.

Estimados amigos, o Apocalipse apresenta-nos uma comunidade congregada em oração, porque é precisamente na oração que sentimos cada vez mais a presença de Jesus connosco e em nós. Quanto mais e melhor orarmos com constância e intensidade, tanto mais nos assemelharemos a Ele, e Ele entrará verdadeiramente na nossa vida e guiá-la-á, dando-lhe alegria e paz. E quanto mais conhecermos, amarmos e seguirmos Jesus, tanto mais sentiremos a necessidade de nos determos em oração com Ele, recebendo serenidade, esperança e força na nossa vida. Obrigado pela atenção!

Saudações

Estou feliz por dar as boas-vindas a todos os peregrinos e visitantes anglófonos hoje aqui presentes, inclusive a quantos vieram da Inglaterra, da Indonésia, do Japão, das Filipinas e dos Estados Unidos. É-me particularmente grato saudar o grupo das Irmãs Missionárias Servas do Espírito Santo, assim como os jovens e as jovens do Movimento dos Focolares que participaram no Genfest deste ano em Budapeste. Amados jovens, tendes a peito o chamamento de Cristo e a promoção da unidade da família humana, mediante a intrépida construção de pontes. Por conseguinte, encorajo-vos: sede fortes na vossa fé católica; e permiti que a alegria simples, o amor puro e a paz profunda que derivam do encontro com Jesus Cristo façam de vós testemunhas resplandecentes da Boa Nova diante dos jovens das vossas respectivas terras. Deus abençoe todos vós abundantemente!

Amados fiéis brasileiros de Nossa Senhora das Dores e de São Bento e São Paulo, a graça e a paz de Jesus Cristo para todos vós e demais peregrinos de língua portuguesa. Quanto mais e melhor souberdes rezar, tanto mais sereis parecidos com o Senhor e Ele entrará verdadeiramente na vossa vida. É na oração que melhor podereis dar conta desta presença de Jesus em vós, recebendo serenidade, esperança e força na vossa vida. Tudo isto vos desejo, com a minha Bênção.


Sala Paulo VI

Quarta-feira, 12 de Setembro de 2012

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Prezados irmãos e irmãs!

Na quarta-feira passada falei sobre a oração na primeira parte do Apocalipse, e hoje passemos à segunda parte do Livro, e enquanto na primeira parte a oração está orientada para o interior da vida eclesial, na segunda a atenção dirige-se para o mundo inteiro; com efeito, a Igreja caminha na história, faz parte dela segundo o desígnio de Deus. A assembleia que, ouvindo a mensagem de João apresentada pelo leitor, redescobriu a própria tarefa de colaborar para o desenvolvimento do Reino de Deus como «sacerdotes de Deus e de Cristo» (
Ap 20,6 cf. Ap 1,5 Ap 5,10), e abre-se para o mundo dos homens. E aqui sobressaem dois modos de viver em relação dialéctica entre si: o primeiro poderíamos defini-lo o «sistema de Cristo», ao qual a assembleia está feliz por pertencer, e o segundo o «sistema terrestre anti-Reino e antialiança, posto em acto pelo influxo do Maligno» que, enganando os homens, quer realizar um mundo oposto àquele desejado por Cristo e por Deus (cf. Pontifícia Comissão Bíblica, Bíblia e Moral. Raízes bíblicas do agir cristão, 70). Então, a assembleia deve saber ler em profundidade a história que está a viver, aprendendo a discernir com a fé os acontecimentos para colaborar, com a sua acção, para o desenvolvimento do Reino de Deus. E esta obra de leitura e de discernimento, assim como de acção, está ligada à oração.

Antes de tudo, depois do apelo insistente de Cristo que, na primeira parte do Apocalipse, disse sete vezes: «Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz à Igreja» (cf. Ap 2,7 Ap 2,11 Ap 2,17 Ap 2,29 Ap 3,6 Ap 3,13 Ap 3,22), a assembleia é convidada a subir ao Céu a fim de olhar para a realidade com os olhos de Deus; e aqui voltamos a encontrar três símbolos, pontos de referência a partir dos quais recomeçar para ler a história: o trono de Deus, o Cordeiro e o Livro (cf. Ap 4,1-5,14).

O primeiro símbolo é o trono, sobre o qual está sentada uma personagem que João não descreve, porque ultrapassa qualquer representação humana; só pode mencionar o sentido de beleza e alegria que sente, encontrando-se diante dela. Esta personagem misteriosa é Deus, Deus Todo-Poderoso que não permaneceu fechado no seu Céu, mas que se fez próximo do homem, entrando em aliança com ele; Deus que faz ouvir na história, de modo misterioso mas real, a sua voz simbolizada pelos relâmpagos e pelos trovões. Há vários elementos que aparecem ao redor do trono de Deus, como os vinte e quatro anciãos e os quatro seres vivos, que louvam incessantemente o único Senhor da história.

Portanto, o primeiro símbolo é o trono. O segundo símbolo é o livro, que contém o plano de Deus sobre os acontecimentos e sobre os homens; está fechado hermeticamente com sete selos, e ninguém é capaz de o ler. Diante desta incapacidade do homem de perscrutar o desígnio de Deus, João sente uma tristeza profunda que o leva ao pranto. Mas existe um remédio para a confusão do homem perante o mistério da história: alguém é capaz de abrir o livro e de o iluminar.

E aqui aparece o terceiro símbolo: Cristo, o Cordeiro imolado no Sacrifício da Cruz, mas que está de pé, sinal da sua Ressurreição. E é precisamente o Cordeiro, Cristo morto e ressuscitado que, progressivamente, abre os selos e revela o plano de Deus, o sentido profundo da história.

O que dizem estes símbolos? Eles recordam-nos que é o caminho para saber ler os acontecimentos da história e da nossa própria vida. Elevando o olhar para o Céu de Deus, na relação constante com Cristo, abrindo-lhe o nosso coração e a nossa mente na oração pessoal e comunitária, nós aprendemos a ver a realidade de modo novo e a captar o seu sentido mais verdadeiro. A oração é como uma janela aberta, que nos permite manter o olhar voltado para Deus, não apenas para nos recordarmos da meta rumo à qual nos dirigimos, mas também para deixar que a vontade de Deus ilumine o nosso caminho terreno e nos ajude a vivê-lo com intensidade e empenhamento.

De que modo orienta o Senhor a comunidade cristã para uma leitura mais profunda da história? Antes de tudo, convidando-a a considerar com realismo o presente que estamos a viver. Então, o Cordeiro abre os primeiros quatro selos do livro e a Igreja vê o mundo na qual está inserida, um mundo onde existem vários elementos negativos. Existem os males que o homem realiza, como a violência, que nasce do desejo de possuir, de prevalecer uns sobre os outros, a ponto de chegar a matá-los (segundo selo); ou então a injustiça, porque os homens não respeitam as leis que se atribuíram a si mesmos (terceiro selo). A eles acrescentam-se os males que o homem deve padecer, como a morte, a fome e a doença (quarto selo). Diante destas realidades, muitas vezes dramáticas, a comunidade eclesial é convidada a nunca perder a esperança, a crer firmemente que a omnipotência aparente do Maligno se confronta com a verdadeira omnipotência, que é a de Deus. E o primeiro selo que o Cordeiro abre contém precisamente esta mensagem. João narra: «Vi então aparecer um cavalo branco. O seu cavaleiro tinha um arco; foi-lhe dada uma coroa e ele partiu como vencedor para voltar a vencer» (Ap 6,2). Na história do homem entrou a força de Deus, que não é capaz só de equilibrar o mal, mas até de o derrotar; a cor branca evoca a Ressurreição: Deus tornou-se tão próximo, a ponto de descer à obscuridade da morte para a iluminar com o esplendor da sua vida divina; assumiu sobre si o mal do mundo para o purificar com o fogo do seu amor.

Como crescer nesta leitura cristã da realidade? O Apocalipse diz-nos que a oração alimenta em cada um de nós e nas nossas comunidades esta visão de luz e de esperança profunda: convida-nos a não nos deixarmos vencer pelo mal, mas a vencer o mal com o bem, a olhar para Cristo Crucificado e Ressuscitado que nos associa à sua vitória. A Igreja vive na história, não se fecha em si mesma, mas enfrenta com coragem o seu caminho no meio das dificuldades e dos sofrimentos, afirmando com força que, em definitivo, o mal não vence o bem, a escuridão não ofusca o esplendor de Deus. Este é um ponto importante para nós; como cristãos, nunca podemos ser pessimistas; sabemos bem que no caminho da nossa vida encontramos muitas vezes violência, mentira, ódio e perseguição, mas isto não nos desanima. Sobretudo, a oração educa-nos a ver os sinais de Deus, a sua presença e acção, aliás, a sermos nós mesmos luzes de bem, que difundem esperança e indicam que a vitória é de Deus.

Esta perspectiva leva a elevar a Deus e ao Cordeiro a acção de graças e o louvor: os vinte e quatro anciãos e os quatro seres vivos entoam juntos o «cântico novo» que celebra a obra de Cristo Cordeiro que «renovará todas as coisas» (Ap 21,5). Mas esta renovação é antes de tudo um dom a pedir. E encontramos mais um elemento que deve caracterizar a oração: invocar do Senhor com insistência que o seu Reino venha, que o homem tenha o coração dócil ao senhorio de Deus, que seja a sua vontade a orientar a nossa vida e a do mundo. Segundo a visão do Apocalipse, esta oração de súplica é representada por um pormenor importante: «os vinte e quatro anciãos» e «os quatro seres vivos» têm na mão, juntamente com a cítara que acompanha o seu cântico, também «taças de ouro cheias de perfume» (Ap 5,8a) que, como se explica, «são as orações dos santos» (Ap 5,8b), ou seja, daqueles que já alcançaram Deus, mas também de todos nós que nos encontramos a caminho. E vemos que diante do trono de Deus, um anjo tem na sua mão um turíbulo de ouro no qual põe continuamente os grãos de incenso, isto é, as nossas orações, cujo aroma suave é oferecido juntamente com as preces que se elevam na presença de Deus (cf. Ap 8,1-4). É um simbolismo que nos diz como todas as nossas orações — com todos os limites, o cansaço, a pobreza, a aridez e as imperfeições que podem ter — são como que purificadas e alcançam o Coração de Deus. Ou seja, devemos estar persuadidos de que não existem orações supérfluas, inúteis; nenhuma se perde. E elas encontram resposta, embora às vezes misteriosa, porque Deus é Amor e Misericórdia infinita. O anjo — escreve João — «tomou o turíbulo, encheu-o de brasas do altar e lançou-o por terra; e houve trovões, vozes, relâmpagos e tremores de terra» (Ap 8,5). Esta imagem significa que Deus não é insensível às nossas súplicas, intervém e faz sentir o seu poder e ouvir a sua voz na terra, faz tremer e altera o sistema do Maligno. Muitas vezes, diante do mal temos a sensação de nada podemos fazer, mas é precisamente a nossa oração a resposta primeira e mais eficaz que podemos oferecer e que torna mais forte o nosso compromisso quotidiano na difusão do bem. O poder de Deus torna fecunda a nossa debilidade (cf. Rm 8,26-27).

Gostaria de concluir com algumas referências ao diálogo final (cf. Ap 22,6-21). Jesus repete várias vezes: «Eis que em breve virei» (Ap 22,7 Ap 22,12). Esta afirmação não indica somente a perspectiva futura no fim dos tempos, mas também a presente: Jesus vem, faz a sua morada em quem crê nele e o acolhe. Então, a assembleia guiada pelo Espírito Santo reitera a Jesus o convite urgente a tornar-se cada vez mais próximo: «Vem» (Ap 22,17a). É como a «esposa» (Ap 22,17) que aspira ardentemente à plenitude da nupcialidade. Pela terceira vez recorre a invocação: «Amém. Vem, Senhor Jesus!» (Ap 22,20b); e o leitor conclui com uma expressão que manifesta o sentido desta presença: «A graça do Senhor Jesus esteja com todos» (Ap 22,21).

Apesar da complexidade dos seus símbolos, o Apocalipse envolve-nos numa oração muito intensa, pelo que também nós ouvimos, louvamos, damos graças e contemplamos o Senhor, pedindo-lhe perdão. A sua estrutura de grande prece litúrgica comunitária é também uma vigorosa exortação a redescobrir o ímpeto extraordinário e transformador da Eucaristia; em particular, gostaria de repetir o convite a serdes fiéis à Santa Missa dominical, no Dia do Senhor, Domingo, verdadeiro centro da semana! A riqueza da oração no Apocalipse faz-nos pensar num diamante, que tem uma série fascinante de lapidações, mas cuja preciosidade reside na pureza do único núcleo fulcral. Assim, as formas sugestivas de oração que encontramos no Apocalipse fazem brilhar a preciosidade singular e indizível de Jesus Cristo. Obrigado!



Saudação

Saúdo os peregrinos de língua portuguesa, especialmente os portugueses de Avintes e Alpendurada, bem como os fiéis de Curitiba, acompanhados de seu Bispo, Dom Moacyr Vitti e todos os demais grupos de brasileiros. Lembrai-vos de que a vida de oração do cristão deve ter por centro a Missa dominical. É na Eucaristia que experimentareis como o Senhor Jesus vem e faz morada em quem n’Ele crê e acolhe. E que Deus vos abençoe em todas as vossas necessidades. Ide em paz!


Sala Paulo VI

19 de Setembro de 2012: Viagem Apostólica ao Líbano


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