Atos (CNB) 15

15 1 Chegaram então alguns homens da Judéia, que ensinavam aos irmãos de Antioquia: “Se não fordes circuncidados, como ordena a Lei de Moisés, não podereis ser salvos”.
2
Isso provocou muita confusão, e houve uma grande discussão de Paulo e Barnabé com eles. Finalmente, decidiram que Paulo, Barnabé e alguns outros fossem a Jerusalém, para tratar dessa questão com os apóstolos e os anciãos. 3 Providos e encaminhados pela comunidade, Paulo e Barnabé atravessaram a Fenícia e a Sa­maria. Contaram sobre a conversão dos pagãos, causando grande alegria entre todos os irmãos. 4 Chegando a Jerusalém, foram rece­bidos pelos apóstolos e os anciãos, e narraram as maravilhas que Deus tinha realizado por meio deles. 5 Alguns da seita dos fariseus, que haviam abraçado a fé, protestaram dizendo que era preciso circuncidar os pagãos e obri­gá-los a observar a Lei de Moisés.

 A reunião dos apóstolos em Jerusalém

6 Então, os apóstolos e os anciãos reuniram-se para tratar desse assunto. 7 Depois de longa discussão, Pedro levantou-se e falou: “Irmãos, vós sabeis que, desde os primeiros dias, Deus me escolheu dentre vós, para que os pagãos ouvissem de minha boca a palavra da Boa Nova e abraçassem a fé. 8 Ora, Deus, que conhece os corações, lhes prestou uma comprovação, dando-lhes o Espírito Santo como o deu a nós. 9 E não fez discriminação entre nós e eles, mas pu­rificou o coração deles mediante a fé. 10 Então, por que agora colocais Deus à prova, querendo impor aos discípulos um jugo que nem nossos pais, nem nós mesmos pudemos suportar? 11 Ao contrário, é pela graça do Senhor Jesus que cremos ter sido salvos, exatamente como eles”.
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Houve então um grande silêncio em toda a assembléia. Ouviram Barnabé e Paulo contar to­dos os sinais e prodígios que Deus havia rea­li­zado, por meio deles, entre os pagãos. 13 Quando­ Barnabé e Paulo terminaram de fa­lar, Tiago to­mou a palavra e disse: “Irmãos, ou­vi-me: 14 Si­meão acaba de nos lembrar co­mo, desde o co­meço, Deus escolheu do meio das nações um povo dedicado ao seu nome. 15 Isso concorda com as palavras dos profetas,­ pois está escrito:
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Depois disso, eu voltarei
e reconstruirei a tenda de Davi que
havia caído;
reconstruirei suas ruínas e a reerguerei,
17
a fim de que o restante da humanidade
procure o Senhor,
com todas as nações sobre as quais foi
invocado o meu Nome,
diz o Senhor, que fez estas coisas,
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conhecidas desde sempre’.
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Por isso, julgo que não devemos inquietar os pagãos que se convertem a Deus. 20 Vamos somente prescrever que eles evitem o que está contaminado pelos ídolos, as uniões ilícitas, comer carne de animais sufocados e o uso do sangue. 21 Pois desde os tempos antigos, Moisés tem em cada cidade os seus pregadores, que o lêem todos os sába­dos nas sinagogas”.

 O “Decreto dos Apóstolos” e sua divulgação

22 Então os apóstolos e os anciãos, de acordo com toda a Igreja, resolveram escolher al­guns dentre eles para mandá-los a Antio­quia, com Paulo e Barnabé. Escolheram Ju­das, chamado Barsabás, e Silas, ambos muito­ respeitados pelos irmãos. 23 Por intermédio deles enviaram a seguinte carta: “Nós, os após­tolos e os anciãos, vossos irmãos, sauda­mos os irmãos vindos do paganismo e que estão em Antioquia, na Síria e na Cilícia. 24 Fi­camos sabendo que alguns dos nossos causa­ram perturbações com palavras que transtornaram vosso espírito, mas eles não foram en­viados por nós. 25 Então decidimos, de comum acordo, escolher alguns representantes e man­dá-los até vós, junto com nossos queridos irmãos Barnabé e Paulo, 26 homens que ar­riscaram a vida pelo nome de nosso Senhor­ Jesus Cristo. 27 Por isso, estamos enviando Judas e Silas, que pessoalmente vos transmitirão a mesma mensagem. 28 Pois decidimos, o Espírito Santo e nós, não vos impor nenhum fardo, além destas coisas indispensáveis: 29 abster-se de carnes sacrificadas aos ídolos, do sangue, das carnes de animais su­focados e das uniões ilícitas. Fareis bem se evitardes essas coisas. Saudações!”
30
Depois da despedida, Judas e Silas foram­ para Antioquia, reuniram a assembléia e entre­garam a carta. 31 A sua leitura causou alegria, por causa do reconforto que trazia. 32 Judas e Si­las, que também eram profetas, falaram mui­to aos irmãos, reconfortando-os e dando-lhes­ firmeza. 33 Depois de algum tempo, despe­diram-se em paz dos irmãos e voltaram para aqueles que os tinham enviado. [34 ] 35 Quanto a Paulo e Barnabé, permaneceram em An­tio­quia. E junto com muitos outros ensinavam­ e anunciavam a Boa-Nova da palavra do Senhor.

 2ª viagem de Paulo, com Silas

36 Depois de alguns dias, Paulo disse a Barnabé: “Voltemos para visitar os irmãos em cada cidade onde anunciamos a palavra do?Se­nhor, para ver como estão”. 37 Barnabé queria levar também João, chamado Marcos. 38 Mas Paulo achava que não se devia levar junto aquele que na Panfília os havia abandonado, em vez de acompanhá-los na missão. 39 A discordância se agravou a tal ponto, que cada um foi para seu lado. Barnabé tomou consigo Marcos e embarcou para Chipre. 40 Paulo esco­lheu Silas e partiu, recomendado pelos irmãos à graça do Senhor; 41 percorrendo a Síria e a Cilícia, ia confirmando as Igrejas.


“Até os confins da terra”

 Paulo e Timóteo na Licaônia

16 1 Paulo foi para Derbe e Listra. Havia em Listra um discípulo chamado Timóteo, filho de uma judia que abraçara a fé, e de pai grego. 2 Os irmãos de Listra e Icônio da­vam bom testemunho dele. 3 Paulo quis então que Timóteo partisse com ele. Tomou-o con­sigo e circuncidou-o, por causa dos judeus que se encontravam nessas regiões, pois todos­ sabiam que o pai dele era grego. 4 Percorrendo­ as cidades, Paulo e Timóteo transmitiam as decisões que os apóstolos e anciãos de Jerusa­lém haviam tomado e recomendavam que fos­sem observadas. 5 As Igrejas fortaleciam-se na fé e, de dia para dia, cresciam em número.

 Em Trôade, a visão do macedônio

6 Paulo e Timóteo atravessaram a Frígia e a região da Galácia, pois o Espírito Santo os?ha­via impedido de proclamar a Palavra na Ásia. 7 Chegando perto da Mísia, tentaram en­trar na Bitínia, mas o Espírito de Jesus os impediu. 8 Então atravessaram a Mísia e desceram para Trôade. 9 Durante a noite, Paulo teve uma visão: na sua frente estava, de pé, um macedônio que lhe suplicava: “Vem para a Macedônia e ajuda-nos!” 10 Depois dessa visão, procuramos partir imediatamente para a Macedônia, pois estávamos convencidos de que Deus acabava de nos chamar para anunciar-lhes a Boa-Nova.

 Em Filipos

11 Embarcamos em Trôade e navegamos diretamente para a ilha de Samotrácia e, no dia seguinte, para Neápolis. 12 De lá viajamos a Filipos, que é uma das principais cidades da Ma­cedônia e tem direitos de colônia romana. Passamos alguns dias nessa cidade. 13 No sába­do, saímos pela porta da cidade para um lugar­ junto ao rio, onde nos parecia haver oração. Sentados, começamos a falar com as mulheres que estavam aí reunidas. 14 Uma delas chamava-se Lídia; era comerciante de púrpura, da cidade de Tiatira. Lídia acreditava em Deus e escutava com atenção. O Senhor abriu o co­ração dela, para que aceitasse as palavras de Paulo. 15 Após ter sido batizada, assim como toda a sua casa, ela convidou-nos: “Se achais que sou uma fiel do Senhor, vinde hospedar-vos­ em minha casa.” E insistia muito conosco.­

 Prisão de Paulo em Filipos 

16 Estávamos indo para a oração, quando veio ao nosso encontro uma jovem escrava, possuída por um espírito de adivinhação; fazia oráculos e obtinha muito lucro para seus patrões. 17 Ela começou a seguir Paulo e a nós, gritando: “Esses homens são servos do Deus Altíssimo e vos anunciam o caminho da salva­ção”. 18 Isso aconteceu durante muitos dias. Por fim, incomodado, Paulo voltou-se e disse ao espírito: “Eu te ordeno, no nome de Jesus Cristo, sai desta moça!” E o espírito saiu no mesmo instante. 19 Os patrões da jovem, vendo­ perdida a esperança de lucros, agarraram Paulo e Silas e os arrastaram à praça principal,­ diante dos chefes da cidade. 20 Apresentaram os dois aos magistrados e disseram: “Estes homens estão provocando desordem em nossa­ cidade; são judeus 21 e pregam costumes que a nós, romanos, não é permitido aceitar nem seguir”.  22 A multidão levantou-se contra Paulo e Silas; e os magistrados, depois de lhes rasga­rem as vestes, mandaram açoitar os dois com varas. 23 Depois de açoitá-los bastante, lançaram-nos na prisão e ordenaram ao carcereiro que os guardasse com toda a segurança. 24 Ao receber essa ordem, o carcereiro empurrou-os para o fundo da prisão e prendeu os pés de­les no tronco.
25
À meia noite, Paulo e Silas estavam orando e cantando hinos a Deus. Os outros prisioneiros os escutavam. 26 De repente, houve um terremoto tão violento que sacudiu os alicerces do cárcere. Todas as portas se abriram e as correntes de todos se soltaram. 27 O carcereiro acordou e viu as portas da prisão abertas. Pensando que os prisioneiros tivessem fugido, puxou da espada e estava para matar-se. 28 Mas Paulo gritou com voz forte: “Não te faças mal algum! Estamos todos aqui”. 29 Então o carcereiro pediu tochas, correu para dentro e, tremendo, caiu aos pés de Paulo e Silas. 30 Conduzindo-os para fora, perguntou: “Senhores, que devo fazer para ser salvo?” 31 Paulo e Silas responderam: “Crê no Senhor Jesus, e serás salvo, como também todos os de tua casa”. 32 Então Paulo e Silas anunciaram­ a palavra do Senhor ao carcereiro e a todos os da sua casa. 33 Na mesma hora da noite, o car­cereiro levou-os consigo para lavar as feridas causadas pelos açoites. E, imediatamente, foi batizado, junto com todos os seus familiares. 34 Depois, fez Paulo e Silas subir até sua casa, preparou-lhes um jantar e, com toda a casa, fizeram festa porque passaram a crer em Deus.
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Quando amanheceu, os magistrados envia­ram à prisão os oficiais de justiça, ordenando ao carcereiro: “Solta esses homens”. 36 O carcereiro anunciou a Paulo: “Os magistrados mandaram soltar-vos. Portanto, podeis sair e ir embora em paz”. 37 Mas Paulo mandou dizer:­ “Fomos açoitados em público sem nenhum processo, fomos lançados na prisão sem levar­ em conta que somos cidadãos romanos; e ago­ra nos mandam embora clandestinamente? De modo algum! Que os magistrados venham soltar-nos pessoalmente”. 38 Os oficiais de jus­tiça comunicaram as palavras de Paulo aos magistrados. Ao saberem que se tratava de cidadãos romanos, ficaram alarmados 39 e foram conversar com eles. E os soltaram, pedin­do que deixassem a cidade. 40 Ao sair da prisão,­ Paulo e Silas foram para a casa de Lídia. Aí encontraram os irmãos, os encorajaram e de­pois partiram.

 Em Tessalônica

17 1 Passando por Anfípolis e Apolônia, Paulo e Silas chegaram a Tessalônica, onde os judeus tinham uma sinagoga. 2 Confor­me seu costume, Paulo foi procurá-los e, por três sábados seguidos, discutiu com eles. Partindo das Escrituras, 3 explicava e demonstrava­ para eles que o Cristo devia morrer e ressuscitar dos mortos. E acrescentava: “O Cristo é Je­sus, que eu vos anuncio”. 4 Alguns judeus se deixaram convencer e aderiram a Paulo e Silas, assim como bom número de gregos que adoravam a Deus, e não poucas mulheres da alta sociedade. 5 Fanatizados, os judeus pegaram da praça alguns maus elementos. Provocaram um tumulto, alvoroçando a cidade. Alguns se apresentaram na casa de Jasão em busca de Paulo e Silas, para fazê-los comparecer perante a assembléia do povo. 6 Não os encontrando, arrastaram Jasão e alguns dos irmãos diante das autoridades e gritavam: “Esses homens que estão transtornando o mun­do inteiro chegaram agora aqui também, 7 e Jasão lhes deu hospedagem. Todos eles vão contra a lei de César, pois afirmam que existe ou­tro rei, Jesus”. 8 Ouvindo isso, a multidão e as autoridades ficaram agitadas. 9 Exigiram uma fiança por parte de Jasão e dos outros ir­mãos. Depois, soltaram-nos.

 Em Beréia

10 Imediatamente, os irmãos fizeram Paulo e Silas partir, de noite, para Beréia. Logo que aí chegaram, entraram na sinagoga dos judeus. 11 Estes se mostraram mais abertos que os de Tessalônica e acolheram a palavra com muito interesse. Cada dia examinavam as Escrituras para ver se tudo era assim mesmo. 12 Muitos­ deles abraçaram a fé, inclusive um bom número dentre as mulheres gregas de boa família­ e dentre os homens. 13 Mas quando os judeus de Tessalônica ficaram sabendo que a palavra­ de Deus fora anunciada por Paulo também em Beréia, foram lá para agitar e confundir o povo. 14 Imediatamente os irmãos fizeram Paulo partir para o litoral, enquanto Silas e Ti­móteo permaneceram no local. 15 Os que acompanhavam Paulo o conduziram até Atenas. Depois voltaram, com instruções para que Silas e Timóteo se juntassem a ele o mais depressa possível.

 Em Atenas. Discurso no Areópago 

16 Enquanto esperava Silas e Timóteo, em Atenas, Paulo ficou revoltado ao ver aquela cidade entregue à idolatria. 17 Por isso, discutia na sinagoga com os judeus e com os que adoravam Deus. E todos os dias discutia em praça pública com os que lá se encontravam. 18 Também alguns filósofos epicureus e estóicos começaram a conversar com ele. Alguns diziam: “Que estará querendo dizer esse tagarela?” Outros diziam: “Parece ser um pregador de divindades estrangeiras”. Isso, porque Paulo, no anúncio, falava de “Jesus” e da “Ressurreição”. 19 Tomando Paulo consigo, o levaram ao Areópago, dizendo: “Podemos saber qual é a nova doutrina que estás expondo? 20 De fato, as coisas que dizes soam estranhas para nós. Queremos saber o que significam”. 21 Com efeito, todos os atenienses e os estrangeiros residentes passavam o tempo a contar ou a ouvir as últimas novidades.
22
De pé, no meio do Areópago, Paulo tomou a palavra: “Atenienses, em tudo eu vejo que sois extremamente religiosos. 23 Com efeito, observando, ao passar, as vossas imagens sagradas, encontrei até um altar com esta inscrição: ‘A um deus desconhecido’. Pois bem, aquilo que adorais sem conhecer, eu vos anuncio. 24 O Deus que fez o mundo e tudo o que nele existe, sendo Senhor do céu e da terra, não habita em templos feitos por mão humana. 25 Também não é servido por mãos humanas, como se precisasse de alguma coisa; pois é ele que dá a todos vida, respiração e tudo mais. 26 De um só homem ele fez toda a espécie humana, para habitar sobre toda a face da terra, tendo estabelecido o ritmo dos tempos e os limites de sua habitação. 27 Assim fez, para que buscassem a Deus e, talvez às apalpadelas, o encontrassem, a ele que na realidade não está longe de cada um de nós; 28 pois nele vivemos, nos movemos e existimos, como disseram alguns dentre vossos poetas:
‘Também nós somos a sua linhagem’.
29
Sendo, pois, a linhagem de Deus, não de­vemos pensar que a divindade seja semelhante a ouro, prata ou pedra, trabalhados pela arte e imaginação do homem. 30 Mas Deus, sem levar em conta os tempos da igno­rância, agora faz saber à humanidade que todos, em todo lugar, devem converter-se. 31 Pois ele estabeleceu um dia para julgar o mundo com justiça, pelo homem a quem designou. Mostrou a todos que ele é digno de fé, ressuscitando-o dos mortos”.
32
Quando ouviram falar da ressurreição dos mortos, alguns caçoavam. Outros diziam: “A respeito disso te ouviremos ainda uma ou­tra vez”. 33 Assim, Paulo saiu do meio deles. 34 Alguns, porém, aderiram a ele e abraçaram?a fé, entre os quais Dionísio, o areopagita, uma mulher chamada Dâmaris e outros com eles.

 Em Corinto

18 1 Paulo deixou Atenas e foi para Corinto. 2 Aí encontrou um judeu chamado Áquila, natural do Ponto, que acabava de chegar da Itália, com sua esposa Priscila, pois o imperador Cláudio tinha decretado que todos os judeus saíssem de Roma. Paulo entrou em contato com eles. 3 Como tinham a mesma profissão – eram fabricantes de tendas – passou a morar com eles e trabalhar ali. 4 Todos os sábados, Paulo discutia na sinagoga, procurando convencer judeus e gregos.
5
Desde que Silas e Timóteo chegaram da Ma­cedônia, Paulo dedicou-se inteiramente à Pa­lavra, testemunhando diante dos judeus que Jesus era o Cristo. 6 Mas, por causa de sua re­sis­tência e blasfêmias, ele sacudiu as vestes e?dis­se: “O vosso sangue caia sobre vossas cabeças.­ Eu não tenho culpa. De agora em diante, vou dirigir-me aos pagãos”. 7 Então, saindo dali, Paulo foi para a casa de um homem chamado Tício Justo, adorador de Deus, que morava ao lado da sinagoga. 8 Crispo, o chefe da sinagoga, acreditou no Senhor com toda a sua fa­mília; e muitos coríntios que escutavam Paulo­ abraçavam a fé e recebiam o batismo.
9
Certa noite, numa visão, o Senhor disse a Paulo: “Não tenhas medo; continua a falar e não te cales, 10 porque eu estou contigo. Ninguém te porá a mão para fazer mal. Nesta ci­dade há um povo numeroso que me perten­ce”. 11 Assim Paulo ficou um ano e meio entre eles, ensinando-lhes a palavra de Deus.
12
Então, sendo Galião procônsul na Acaia, os judeus uniram-se num protesto contra Paulo e o levaram diante do tribunal. 13 Diziam: “Este homem induz o povo a adorar a Deus num modo contrário à lei”. 14 Paulo ia tomar a palavra, quando Galião falou aos judeus: “Se fosse por causa de um delito ou de uma ação criminosa, seria justo que eu atendesse a vossa queixa. 15 Mas, como é questão de palavras, de nomes e da vossa lei, tratai disso vós mesmos. Eu não quero ser juiz nessas coisas”. 16 Galião mandou-os sair do tribunal. 17 Então todos agarraram Sóstenes, o chefe da sinagoga, e espancaram-no diante do tribunal. E Galião absolutamente não interveio.

 Volta a Antioquia e início da 3ª viagem 

18 Paulo permaneceu ainda vários dias em Corinto. Despedindo-se dos irmãos, embarcou­ para a Síria, em companhia de Priscila e Áqui­la. Em Cencréia, Paulo cortou os cabelos, pois tinha feito uma promessa. 19 Quando chegaram­ a Éfeso, Paulo os deixou e entrou sozinho na sinagoga, onde começou a discutir com os ju­deus. 20 Estes pediam que permanecesse mais tempo, mas Paulo recusou. 21 Todavia, ao despedir-se falou: “Voltarei de novo para junto de vós, se Deus quiser”. E partiu de Éfeso. 22 De­sembarcando em Cesaréia, foi saudar a Igreja, e depois desceu para Antioquia, 23 onde permaneceu algum tempo. Em seguida partiu­ de novo, percorrendo sucessivamente a Ga­lá­cia e a Frígia, confirmando todos os discípulos.

 Apolo em Éfeso

24 Um judeu chamado Apolo, natural de Ale­xandria, tinha chegado a Éfeso. Era homem eloqüente, versado nas Escrituras. 25 Tinha recebido instrução no caminho do Senhor e, com muito entusiasmo, falava e ensinava com exatidão a respeito de Jesus, embora só conhe­cesse o batismo de João. 26 Então, ele começou a falar com muita convicção na sina­goga. Ao escutá-lo, Priscila e Áquila acolheram-no e expuseram-lhe o caminho de Deus com maior exatidão. 27 Como ele estava querendo passar para a Acaia, os irmãos apoiaram-no e escreveram aos discípulos para que o acolhessem bem. A presença de Apolo aí foi muito útil aos que tinham abraçado a fé – pela graça \de Deus. 28 Pois ele refutava vigorosamente e em público os judeus, demonstrando pelas Escrituras que Jesus é o Cristo.

 Paulo e os discípulos de João Batista em Éfeso

19 1 Enquanto Apolo estava em Corinto, Paulo atravessou o planalto e chegou a Éfeso. Aí encontrou alguns discípulos e perguntou-lhes: 2 “Vós recebestes o Espírito Santo quando abraçastes a fé?” Eles responderam: “Nem sequer ouvimos dizer que existe Espírito Santo!” 3 Então Paulo perguntou: “Que batismo então recebestes?” Eles responderam: “O batismo de João.” 4 Paulo disse-lhes: “João administrava um batismo de conversão, dizendo ao povo que acreditasse naquele que viria depois dele, isto é, em Jesus”. 5 Tendo ou­vido isso, eles foram batizados no nome do Senhor Jesus. 6 Paulo impôs-lhes as mãos, e o Espírito Santo desceu sobre eles. Começaram então a falar em línguas e a profetizar. 7 Ao todo, eram uns doze homens.

 Dois anos em Éfeso. Os exorcistas judeus

8 Paulo foi então à sinagoga e, durante três meses, falava com toda liberdade, discutindo e persuadindo os ouvintes acerca do Reino de Deus. 9 Todavia, como alguns se obstinavam­ na incredulidade e falavam mal do Caminho diante da multidão, Paulo rompeu com eles, tomou os discípulos à parte e, diariamente, ensinava-lhes na escola de um homem chama­do Tiranos. 10 Isso durou dois anos, de modo que todos os habitantes da Ásia, judeus e gre­gos, puderam ouvir a palavra do Senhor.
11
Deus realizava milagres extraordinários pelas mãos de Paulo, 12 a tal ponto que pegavam­ lenços e aventais que tivessem tocado sua pele, para aplicá-los sobre os doentes, e as doenças os deixavam e os espíritos maus se retiravam.
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Alguns exorcistas judeus itinerantes começaram igualmente a invocar o nome do “Senhor Jesus” sobre os que tinham espíritos­ maus. Diziam: “Por esse Jesus que Paulo está pregando, eu vos ordeno: saí!” 14 Os que faziam isso eram os sete filhos de Ceva, um sumo sacerdote judeu. 15 Mas o espírito mau reagiu, dizendo: “Eu conheço Jesus e sei quem é Paulo; mas vós, quem sois?” 16 E o ho­mem que tinha o espírito mau lançou-se sobre eles e os dominou a uns e outros com tanta violência que fugiram daquela casa, sem roupa e cobertos de ferimentos. 17 E toda a população de Éfeso, judeus e gregos, ficou­ sabendo do fato. O temor se apossou de todos. Louvava-se a grandeza do nome do Se­nhor Jesus. 18 Muitos fiéis acorriam para acusar-se em voz alta de suas práticas mágicas, 19 e um bom número dos que praticavam ma­gia amontoaram seus livros e os queimaram em praça pública. O valor desses livros foi calculado em cinqüenta mil moedas de prata.­ 20 Assim, a palavra do Senhor crescia e se fir­mava com grande poder.

 Os ourives de Éfeso 

21 Depois desses acontecimentos, Paulo re­solveu, no Espírito, ir a Jerusalém, passando pela Macedônia e pela Acaia. Ele dizia: “Depois de ir até lá, eu devo ver também?Ro­ma”. 22 Paulo enviou à Macedônia dois de seus ajudantes, Timóteo e Erasto, e ficou ain­da por algum tempo na Ásia.
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Foi nessa época que estourou um grave tumulto a respeito do Caminho. 24 Um ourives chamado Demétrio fabricava miniaturas em prata do templo de Diana, proporcionando considerável lucro aos artesãos. 25 Ele reuniu esses artesãos, juntamente com outros que trabalhavam no ramo, e lhes disse: “Amigos, sabeis que o nosso bem-estar provém dessa nossa atividade. 26 Ora, como podeis ver e co­mo ouvis dizer, esse tal de Paulo, com a sua propaganda, desencaminha muita gente, não só em Éfeso, mas em quase toda a Ásia. Ele afir­ma que não são deuses os produtos de mãos humanas. 27 Não é só a nossa profissão que corre o risco de cair em descrédito, mas também o templo da grande deusa Diana aca­bará sendo desacreditado, e assim ficará despojada de majestade aquela que toda a Ásia e o mundo inteiro adoram”.
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Ao ouvir isso, ficaram furiosos e não pa­ra­vam de gritar: “Grande é a Diana dos efé­sios!” 29 O tumulto se espalhou pela cidade toda. A multidão se dirigiu em massa ao teatro, arras­tando os macedônios Gaio e Aris­tarco, compa­nheiros de Paulo na viagem. 30 Paulo queria ir até a assembléia, mas os dis­cípulos não o dei­xaram. 31 Também algumas pessoas importantes da província, que eram seus amigos, mandaram pedir que ele não se arriscasse a comparecer ao teatro. 32 En­quanto isso, um gritava uma coisa, outro­ o contrário, e a confusão era geral na assembléia. A maioria nem mesmo sabia por que estava reunida.
33
Ora, algumas pessoas da multidão convenceram um homem chamado Alexandre a falar;­ os judeus o empurravam para a frente. Com um sinal da mão, pediu silêncio, para dar ex­plicações à assembléia. 34 Mas, quando pe­r­ceberam que era judeu, todos se puseram a gritar numa só voz, por quase duas horas: “Grande é a Diana dos efésios!” 35 Por fim, o se­cretário conseguiu acalmar a multidão e disse: “Cidadãos de Éfeso, qual é a pessoa que não sabe que a cidade de Éfeso é a guardiã do templo da grande Diana e de sua estátua, que Júpiter mandou do céu? 36 Isso ninguém pode negar. Portanto, é bom que fiqueis calmos e nada façais de precipitado. 37 Estes homens que trouxestes até aqui não profanaram o templo, nem blasfemaram contra a nos­sa deusa. 38 Portanto, se Demétrio e os artesãos que estão com ele têm acusações para fazer contra alguém, sejam feitas audiências. Os procônsules estão à disposição. Que as partes apresentem suas acusações recíprocas. 39 E se houver qualquer outra questão, será resolvida­ em assembléia legal. 40 Do contrário, corremos­ o risco de sermos acusados de revolta por causa do que hoje aconteceu, pois não existe nenhum motivo para justificarmos esta aglomeração”. 41 Com estas palavras, ele dissolveu­ a assembléia.

 Na Macedônia e na Grécia 

20 1 Quando o tumulto acabou, Paulo mandou chamar os discípulos. Depois de animá-los, despediu-se deles e viajou para a Macedônia. 2 Percorrendo essas regiões, falou com freqüência aos fiéis para animá-los. E assim chegou à Grécia. 3 Depois que permane­ceu lá três meses, queria embarcar rumo à Síria, mas os judeus tinham armado uma conspiração contra ele; por isso, decidiu voltar através da Macedônia. 4 Seus companheiros eram: Sópatros, filho de Pirro, de Beréia; Aristarco e Segundo, ambos de Tessalônica; Gaio de Der­be e Timóteo; e Tíquico e Trófimo, da pro­víncia da Ásia. 5 Estes partiram antes de nós e nos esperavam em Trôade. 6 Nós zarpamos de Filipos, logo após os dias dos Pães sem Fermento, e os alcançamos cinco dias depois em Trôade. Ali permanecemos sete dias.

 Despedida em Trôade 

7 No primeiro dia da semana, estávamos reunidos para a fração do pão. Paulo, que de­via partir no dia seguinte, dirigia a palavra?aos fiéis e prolongou o discurso até a meia-noite. 8 Havia muitas lâmpadas na sala superior, onde estávamos reunidos. 9 Um jovem, chamado Êutico, sentado na beira da janela, acabou ador­mecendo durante o prolongado discurso de Paulo. Vencido finalmente pelo sono, caiu do­ terceiro andar para baixo. Quando o levan­taram, estava morto. 10 Então Paulo desceu, in­clinou-se sobre o jovem e, abraçando-o, disse:­ “Não vos preocupeis, ele está vivo”. 11 Depois subiu novamente, partiu o pão, comeu e ficou­ falando até de madrugada, e assim despediu-se. 12 Quanto ao jovem, levaram-no vivo e sen­tiram-se muito reconfortados.

 De Trôade a Mileto

13 Nós, entretanto, viajamos à frente, embarcando num navio para Assos, onde iríamos re­colher Paulo. Assim Paulo havia determina­do, sendo que ele nos alcançaria por terra. 14 Quando nos alcançou, em Assos, nós o reco­lhemos a bordo e prosseguimos para Mitilene. 15 Daí zarpamos no dia seguinte e chegamos à altura de Quio; um dia depois, aportamos em Samos e, depois de outro dia, chegamos a Mileto. 16 Paulo tinha decidido passar ao largo de Éfeso, a fim de não perder tempo na Ásia. Tinha pressa de estar em Jerusalém, se possível para o dia de Pentecostes.

 Discurso de despedida em Mileto 

17 De Mileto, Paulo mandou recado a Éfeso para convocar os presbíteros daquela Igreja. 18 Quando eles chegaram, Paulo disse-lhes: “Vós bem sabeis de que modo me comportei em relação a vós, durante todo o tempo, desde o primeiro dia em que cheguei à Ásia. 19 Servi ao Senhor com toda a humildade, com lágrimas e em meio a provações que sofri, por causa das ciladas dos judeus. 20 Nunca deixei de anunciar aquilo que pudesse ser de proveito para vós, nem de vos ensinar, publica­mente e de casa em casa. 21 Insisti com judeus e gregos para que se convertessem a Deus e acreditassem em Jesus, nosso Senhor. 22 E agora, prisioneiro do Espírito, vou para Jerusalém, sem saber o que aí me acontecerá. 23 Sei apenas que, de cidade em cidade, o Espírito Santo me adverte, dizendo que me aguardam cadeias e tribulações. 24 Mas de modo nenhum considero a minha vida preciosa para mim mes­mo, contanto que eu leve a bom termo a minha carreira e realize o ministério que recebi do Senhor Jesus: testemunhar a Boa-Nova da graça de Deus.
25
Agora, porém, tenho a certeza de que não vereis mais o meu rosto, vós todos entre os quais passei anunciando o Reino. 26 Portanto, hoje dou testemunho diante de todos vós: eu não sou responsável se alguém se perder, 27 pois não deixei de vos anunciar todo o plano de Deus a vosso respeito. 28 Cuidai de vós mesmos e de todo o rebanho sobre o qual o Espírito Santo vos estabeleceu como guardiães, como pastores da Igreja de Deus que ele adquiriu com o seu sangue. 29 Eu sei que, depois de minha partida, surgirão entre vós lobos ferozes, que não pouparão o rebanho. 30 Além disso, do vosso próprio meio aparecerão homens com doutrinas perversas, que arrastarão discípulos atrás de si. 31 Por isso, estai sempre atentos: lembrai-vos de que durante três anos, dia e noite, com lágrimas, não parei de exortar a cada um em particular.
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Agora entrego-vos a Deus e à sua palavra misericordiosa, que tem poder para edificar e dar a herança a todos os que foram santificados. 33 Não cobicei prata, ouro ou vestes de nin­guém. 34 Vós bem sabeis que estas minhas mãos providenciaram o que era necessário para mim e para os que estavam comigo. 35 Em tudo vos mostrei que, trabalhando desse mo­do, se deve ajudar aos fracos, recordando as palavras do Senhor Jesus, que disse: ‘Há mais felicidade em dar do que em receber’”.
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Tendo dito isto, Paulo ajoelhou-se e orou com todos eles. 37 Então todos começaram a chorar muito e, lançando-se ao pescoço de Paulo, o beijavam. 38 Estavam muito tristes, prin­cipalmente porque havia dito que eles nun­ca mais veriam seu rosto. E foram com ele até o navio.

 A volta a Jerusalém 

21 1 Quando chegou o momento de partirmos, como que arrancados dos braços deles, navegamos diretamente para a ilha de Cós. No dia seguinte, chegamos a Rodes, e daí fomos até Pátara, 2 onde encontramos um navio que fazia a travessia para a Fenícia;­ embarcamos e seguimos viagem. 3 Chegando à vista de Chipre, deixamo-la pela esquerda e continuamos a nossa viagem em direção­ à Síria. Desembarcamos em Tiro, onde o navio devia descarregar. 4 Encontramos os discípulos e ficamos aí sete dias. Movidos pelo Espírito, os discípulos diziam a Paulo que não subisse a Jerusalém. 5 Quando chegou o dia de ir embora, partimos. Todos quiseram acompanhar-nos, com suas mulheres e crianças, até fora da cidade. Na praia, nos ajoelhamos para orar. 6 Depois da despedida, embarcamos, e eles voltaram para casa.
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Continuando a nossa viagem por mar, de Tiro chegamos a Ptolemaida. Aí cumprimentamos os irmãos e ficamos um dia com eles. 8 No dia seguinte, partimos e chegamos a Ce­saréia. Aí fomos à casa de Filipe, o evangelista,­ que era um dos Sete, e nos hospedamos em sua casa. 9 Filipe tinha quatro filhas solteiras, que profetizavam. 10 E, enquanto passávamos alguns dias aí, desceu da Judéia um profeta chamado Ágabo. 11 Ele veio ao nosso encontro,­ pegou o cinto de Paulo e, amarrando os próprios pés e mãos, declarou: “Isto é o que diz?o Espírito Santo: o homem a quem pertence este cinto será amarrado deste modo pelos judeus, em Jerusalém, e será entregue às mãos dos pagãos”. 12 Quando ouvimos isso, nós e os irmãos da cidade insistimos para que Paulo não subisse a Jerusalém. 13 Mas Paulo respondeu: “O que estais fazendo, chorando e afligindo o meu coração? Eu estou pronto, não somente para ser preso, mas até para morrer em Je­rusalém pelo nome do Senhor Jesus”. 14 Não conseguimos convencê-lo. Então desistimos, dizendo: “Seja feita a vontade do Senhor”.
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Depois de alguns dias, terminamos os nos­sos preparativos e começamos a subir a Jerusalém. 16 Alguns discípulos de Cesaréia nos acompanharam e nos levaram, para hospedar-nos na casa do chamado Menásson, que era antigo discípulo, natural de Chipre.

 Reencontro de Paulo e Tiago 

17 Quando chegamos a Jerusalém, os irmãos nos receberam com alegria. 18 No dia seguinte,­ Paulo foi conosco à casa de Tiago, onde todos os anciãos estavam reunidos. 19 Depois de cumprimentá-los, ele expôs minuciosamente o que Deus fizera aos pagãos por meio do seu ministério. 20 Ouvindo isso, eles glorificavam a Deus. Mas, a seguir, disseram a Paulo: “Co­mo podes ver, irmão, há milhares de judeus que abraçaram a fé, e todos são fiéis obser­vantes da Lei. 21 Eles ouviram dizer a teu respeito que ensinas a todos os judeus que vivem­ no meio dos pagãos a abandonarem Moisés, e que lhes dizes para não circuncidarem seus filhos, nem continuarem a seguir as tradições. 22 Que vamos fazer? Certamente ficarão saben­do que tu estás aqui. 23 Portanto, faze o que vamos dizer-te. Estão aqui quatro homens que têm uma promessa para cumprir. 24 Leva-os contigo, purifica-te com eles, paga as suas des­pesas para que possam mandar cortar os cabe­los. Assim, todos saberão que os boatos a teu respeito não têm fundamento e que tu também­ és fiel na observância da Lei. 25 Quanto aos pagãos que abraçaram a fé, já escrevemos a eles sobre nossas decisões: abster-se de carnes­ imoladas aos ídolos, de sangue, de carnes sufocadas e de uniões ilícitas”. 26 Então Paulo levou os homens consigo. No dia seguinte, pu­rificou-se com eles e entrou no templo, co­municando o prazo em que devia ser oferecido­ o sacrifício de cada um deles, logo após os dias da purificação.

 Tumulto no templo e prisão de Paulo

27 Quando os sete dias estavam chegando ao fim, os judeus da Ásia perceberam que Paulo estava no templo. Amotinaram toda a multidão­ e o agarraram. 28 Gritavam: “Israelitas, socorro! Este é o homem que anda ensinando, a to­dos e por toda a parte, contra o nosso povo, contra a Lei e contra este Lugar. Além disso, ele trouxe gregos para dentro do templo, profanando este santo Lugar”. 29 De fato, antes eles tinham visto Trófimo, o efésio, junto com Paulo, na cidade, e julgavam que este o tivesse introduzido no templo. 30 A cidade toda fi­cou agitada. O povo se ajuntou. Apoderaram-se de Paulo e o arrastaram para fora do templo, e imediatamente as portas foram fechadas. 31 Já estavam prontos para matá-lo, quando chegou ao comandante da coorte esta notícia: “Jerusalém inteira está amotinada”. 32 O comandante destacou imediatamente soldados e oficiais, e investiu contra os manifestan­tes. Estes, vendo o comandante e os soldados,­ pararam de bater em Paulo. 33 Então o comandante aproximou-se, deteve Paulo e mandou que o prendessem com duas correntes; depois perguntou quem ele era e o que havia feito. 34 Na multidão, uns gritavam uma coisa e outros, outra. Não podendo, por causa do tumulto, obter informação segura, o comandante ordenou que conduzissem Paulo para a fortaleza. 35 Quando chegou junto aos degraus, teve de ser carregado pelos soldados, por causa da violência da multidão. 36 Pois o povo o seguia em massa, gritando: “Fora com ele!”

 Autodefesa de Paulo. 2º relato da conversão

37 Estando para ser recolhido à fortaleza, Paulo disse ao comandante: “Posso falar con­tigo?” Este admirou: “Sabes o grego? 38 Por acaso, não és tu o egípcio que, dias atrás, sub­verteu e arrastou ao deserto quatro mil sicários?” 39 Paulo respondeu: “Eu sou judeu, cidadão de Tarso, cidade importante da Ci­lícia. Agora, peço-te, deixa-me falar ao po­vo”. 40 O comandante permitiu. Paulo, de pé so­bre os degraus, com a mão fez sinal ao po­vo. Houve grande silêncio, e ele dirigiu-lhes a palavra, na língua dos judeus:


Atos (CNB) 15