Discursos Bento XVI 76

76 Neste contexto, o Bispo deve fomentar e consolidar a comunhão, de maneira que os fiéis se sintam chamados com mais intensidade à vida comunitária, fazendo com que a Igreja seja "a casa e a escola da comunhão" (Novo millennio ineunte NM 43). Desta forma, a Igreja será capaz de responder às esperanças do mundo com o testemunho da experiência cristã de unidade. Encorajo-vos, portanto, nesta tarefa tão delicada, na qual nunca devemos esquecer a comunhão cristã de bens.

O vosso ministério pastoral deve dirigir-se a todos, tanto aos fiéis que participam activamente na vida da comunidade diocesana como às pessoas que se afastaram e que procuram o sentido da própria vida. Por isso, convido-vos a prosseguir com coragem a função de ensinar e de anunciar aos homens o Evangelho de Cristo (cf. Christus Dominus CD 11). O Bispo, ao propor a Palavra de Deus para iluminar a consciência dos fiéis, deve fazê-lo com uma linguagem e uma forma apropriada ao nosso tempo, que responda "às dificuldades e problemas que mais preocupam e angustiam os homens" (ibid., 13). Na sociedade actual, que dá provas tão visíveis de secularismo, não devemos desanimar nem desencorajar-nos nos projectos pastorais. Recordai-vos de que o Espírito vos dá as forças necessárias. Tende confiança nele, que é "Senhor e doador da vida".

Os sacerdotes são os colaboradores estreitos no vosso ministério pastoral. Eles participam na vossa importantíssima missão e, além disso, na celebração de "todos os sacramentos... os presbíteros unem-se hierarquicamente de diversos modos com o Bispo, e assim o tornam de algum modo presente em todas as assembleias dos fiéis" (Presbyterorum Ordinis PO 5). Deveis dedicar aos sacerdotes os melhores desvelos e energias. Por isso estimulo-vos a estar sempre próximos de cada um, a manter com eles um relacionamento de amizade sacerdotal, segundo o estilo do Bom Pastor. Ajudai-os a serem homens de oração assídua, tanto no silêncio contemplativo que nos afasta do ruído e da dispersão das múltiplas actividades, como na celebração devota e diária da Eucaristia e da Liturgia das Horas, que a Igreja lhes recomendou para o bem de todo o Corpo de Cristo. A oração sacerdotal é uma exigência do seu ministério pastoral, porque para a comunidade é imprescindível o testemunho do sacerdote orante, que proclama a transcendência e se submerge no mistério de Deus. Preocupai-vos com a situação particular de cada sacerdote estimulando-o a prosseguir com alegria e esperança o caminho da santidade sacerdotal, oferecendo-lhe a ajuda que necessitar e incrementando também a fraternidade entre eles. Que a ninguém faltem os meios necessários para viver dignamente a sua sublime vocação e ministério. Cuidai também com particular esmero da formação dos seminaristas e promovei com entusiasmo a pastoral vocacional.

Face a um panorama em mudança e complexo como o actual, a virtude da esperança está submetida a duras provas na comunidade dos crentes. Por este motivo, devemos ser apóstolos esperançosos, que confiam com alegria nas promessas de Deus. Ele nunca abandona o seu povo, mas chama-o à conversão para que o seu Reino se torne realidade. Reino de Deus não significa apenas que Deus existe e vive, mas que está presente e age no mundo. Trata-se da realidade mais íntima e decisiva em cada acto da vida humana, em todos os momentos da história. O projecto e realização dos programas pastorais devem reflectir, portanto, esta confiança na presença amorosa de Deus no mundo. Isto ajudará os leigos católicos a serem capazes de enfrentar o crescente secularismo e a participar de modo responsável nos assuntos temporais, iluminados pela Doutrina Social da Igreja.

Queridos Irmãos, mais uma vez vos garanto a minha comunhão profunda na oração, com uma firme esperança no futuro das vossas dioceses, nas quais se manifesta uma grande vitalidade. O Senhor conceda a alegria de O servir, guiando em Seu nome as Igrejas diocesanas que vos foram confiadas. Nossa Senhora de Guadalupe, Rainha e Mãe do México, vos acompanhe e proteja sempre. Concedo a vós e aos vossos fiéis diocesanos com grande afecto a Bênção Apostólica.

PALAVRAS DE AGRADECIMENTO

AOS FUNCIONÁRIOS

DAS VILAS PONTIFÍCIAS Sexta-feira, 23 de Setembro de 2005

Queridos irmãos e irmãs

A minha permanência durante o Verão em Castel Gandolfo está quase para terminar e sinto-me feliz por vos receber neste encontro que me oferece a possibilidade de vos manifestar o meu cordial reconhecimento pelo trabalho que diligentemente desempenhastes.

Saúdo o Director Geral das Vilas Pontíficias, Dr. Saverio Petrillo, agradecendo as gentis palavras que me dirigiu. Com ele, saúdo os outros funcionários e todo o pessoal. Antes de regressar ao Vaticano desejo agradecer-vos, porque também com o contributo de cada um de vós pude transcorrer um período sereno e repousante. Levo comigo óptimas recordações e sem dúvida isto será também para mim um "Vaticano II".

Gostaria de dirigir ainda uma saudação aos vossos familiares, que gentilmente quiseram acompanhar-vos, com os seus filhos, formando assim uma grande família.

A Deus, fonte de todos os bens, peço que abençoe a vós e às vossas famílias. Seja Deus o vosso amparo em cada momento, recorrei sempre à sua ajuda e não vos canseis de lhe prestar, todos os dias da vossa existência, um testemunho de fidelidade coerente.

77 Garanto-vos a minha recordação na oração, invocando sobre vós e sobre os vossos queridos a protecção de São Pio de Pietrelcina, do qual hoje fazemos memória.

O amor pela Eucaristia e pelo Crucificado e o espírito de docilidade à Igreja, que animaram toda a sua vicissitude humana, vos sirvam de estímulo para viver cada vez mais unidos a Cristo.

E agora, desejando-vos todos os bens a que aspirais, assim como às pessoas que vos são queridas, concedo-vos uma especial Bênção Apostólica.



À COMUNIDADE MUNICIPAL

DE CASTEL GANDOLFO Segunda-feira, 26 de Outubro de 2005


Queridos irmãos e irmãs

A minha permanência aqui, em Castel Gandolfo, está a chegar ao fim. Antes de regressar ao Vaticano, sinto a necessidade de expressar a minha gratidão àqueles que, durante estes meses de Verão, me ouviram e se comprometeram para me assegurar uma estadia tranquila. Portanto, sinto-me feliz por me encontrar convosco e saúdo-vos a todos com afecto.

Em primeiro lugar, desejo transmitir a minha cordial saudação à comunidade cristã de Castel Gandolfo e a toda a Diocese de Albano, que precisamente nestes dias está a celebrar o seu Congresso diocesano. Saúdo de modo particular o Bispo, D. Marcello Semeraro, o Pároco de Castel Gandolfo e as Comunidades religiosas masculinas e femininas. Formulo votos por que todos trabalhem sempre unidos, para difundir em toda a parte o amor e a alegria de Cristo.

Além disso, saúdo o Senhor Presidente da Câmara Municipal e agradeço-lhe a amabilidade que me quis demonstrar, assim como os sentimentos que me manifestou, também em nome da Administração e do Conselho municipal. A minha saudação faz-se extensiva à Comunidade da Cidade, que senti muito próxima de mim neste período. Ela é sempre generosa para com os peregrinos que, como nos anos precedentes com o amado João Paulo II, também neste Verão vieram visitar o Papa em grande número. A tradicional hospitalidade dos habitantes de Castel Gandolfo é bem conhecida. Obrigado!

Dirijo o meu grato pensamento inclusive aos médicos e aos agentes dos vários Serviços do Governatorato. Depois, saúdo os funcionários e os agentes das Forças da Ordem italianas que, em colaboração com a Gendarmaria Vaticana e com a Pontifícia Guarda Suíça, me garantiram, bem como aos meus colaboradores, uma permanência tranquila e segura nesta bonita localidade. Manifesto a cada um a minha estima e o meu apreço, enquanto me recordo com afecto das suas famílias e dos seus entes queridos.

Prezados amigos, antes de me despedir, asseguro-vos que continuarei a rezar ao Senhor para que vos abençoe, assim como os vossos familiares, o vosso trabalho, os projectos e as expectativas de toda a Comunidade de Castel Gandolfo. Sobre todos e cada um de vós, invoco a protecção materna de Maria. Com estes sentimentos, concedo-vos a todos, bem como a quantos vós representais, a Bênção Apostólica como sinal da minha benevolência constante.




AO QUARTO GRUPO DE BISPOS DA CONFERÊNCIA EPISCOPAL DO MÉXICO POR OCASIÃO DA VISITA «AD LIMINA APOSTOLORUM» 29 de Setembro de 2005


78 Queridos Irmãos no Episcopado!

Apraz-me receber-vos por ocasião da visita ad Limina, saudar-vos a todos juntos e estimular-vos na esperança, tão necessária para o ministério que generosamente exerceis nas respectivas arquidioceses e dioceses das províncias eclesiásticas de Acapulco, Antequera e Yucatán.

Agradeço as palavras que me dirigiu o Senhor Cardeal Juan Sandoval Íñiguez, Arcebispo de Guadalajara, expressando a vossa adesão e afecto sincero. Nisto reflectis também o profundo espírito religioso do povo mexicano e o grande apreço das vossas comunidades pelo Papa. Levai-lhes a minha grata saudação, recordando que os tenho muito presentes na oração.

Com a peregrinação aos túmulos dos Apóstolos Pedro e Paulo tivestes a oportunidade de fortalecer os vínculos que unem o vosso ministério à missão confiada por Cristo aos Doze e de vos inspirar no seu exemplo de abnegada dedicação à evangelização de todos os povos. Neste e nos outros encontros com a Cúria Romana tornam-se evidentes e efectivas a comunhão com a Sé de Pedro e a solicitude de todos os Bispos pela Igreja universal (cf. Lumen gentium
LG 23).

"O Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida para resgatar a humanidade" (Mt 20,28). Com estas palavras, o Senhor ensinou-nos como exercer a nossa missão. Da comunhão íntima com Ele brota espontaneamente a participação no seu amor pelos homens, tornando leve o que é pesado. Ela dá alegria ao serviço e torna-o fecundo. Portanto, é fundamental no nosso ministério a união pessoal com Cristo. Ele ensina-nos que a vida plena não consiste no sucesso (cf. Mt 16,25), mas no amor e na entrega ao próximo. Além disso, quem trabalha para Cristo sabe que "um é o que semeia e outro o que ceifa" (Jn 4,37).

O múnus episcopal de ensinar consiste na transmissão do Evangelho de Cristo, com os seus valores morais e religiosos, considerando as diversas realidades e aspirações que surgem na sociedade contemporânea, cuja situação os Pastores devem conhecer bem. "É importante fazer um grande esforço para explicar adequadamente os motivos da posição da Igreja, sublinhando sobretudo que não se trata de impor aos não-crentes uma perspectiva de fé, mas de interpretar e defender valores radicados na própria natureza do ser humano" (Novo millennio ineunte NM 51).

Ao mesmo tempo, os Pastores da Igreja no México devem prestar especial atenção, como se fazia nas primeiras comunidades cristãs, aos grupos mais desprotegidos e aos pobres. Eles continuam a ser uma grande camada da população nacional, por vezes vítimas de estruturas insuficientes e inaceitáveis. Segundo o Evangelho, a resposta adequada é promover a solidariedade e a paz, que tornem realmente possível a justiça. Por isso a Igreja procura colaborar eficazmente para erradicar qualquer forma de marginalização, orientando os cristãos para a prática da justiça e do amor.

Neste sentido, estimulai quantos dispõem de mais recursos a compartilhá-los, como nos exorta o próprio Cristo, com os irmãos mais necessitados (cf. Mt 25,35-40). É necessário não só aliviar as necessidades mais graves, mas também procurar as suas raízes, propondo medidas que dêem às estruturas sociais, políticas e económicas uma configuração mais equitativa e solidária. Assim, a caridade estará ao serviço da cultura, da política e da família, convertendo-se na base do autêntico progresso humano e comunitário (cf. Novo millennio ineunte NM 51).

O povo mexicano, rico pela sua cultura, história, tradições e religiosidade, caracteriza-se pela alegria e um profundo sentido de festa. Esta é uma das demonstrações de júbilo cristão já desde a primeira evangelização, que dá grande expressividade às celebrações e manifestações da religiosidade popular. Compete aos Pastores orientar esta peculiaridade comum nos fiéis mexicanos para uma fé sólida e madura, capaz de modelar um comportamento de vida coerente com o que se professa com alegria. Deverá também estimular o impulso missionário dos mexicanos, que respondem ao mandamento do Senhor: "Ide, pois, fazei discípulos de todos os povos" (Mt 28,19 cf. Ecclesia in America ).

No México, onde com frequência se manifesta o "génio" da mulher, que garante uma sensibilidade aguda pelo ser humano (cf. Mulieris dignitatem MD 30) na família, nas comunidades eclesiais, na assistência social e noutros campos da vida civil, verifica-se por vezes o paradoxo de uma exaltação teórica e de uma depreciação prática ou discriminante das mulheres. Por isso, seguindo o exemplo da delicadeza e do respeito que Jesus demonstrou para com elas, continua a ser um desafio do nosso tempo mudar a mentalidade, para que sejam tratadas com plena dignidade em todos os ambientes e se proteja também a sua insubstituível missão de mães e primeiras educadoras dos filhos.

Além disso, hoje, uma tarefa importante é a pastoral dos jovens. Eles, com as suas perguntas e preocupações e também com a alegria da sua fé, continuam a ser para nós um estímulo no nosso ministério. Existe em muitos o falso conceito de que comprometer-se ou tomar decisões definitivas faz perder a liberdade. Em contrapartida, seria bom recordar-lhes que o homem se torna livre quando se compromete incondicionalmente com a verdade e com o bem. Só assim é possível encontrar um sentido para a vida e construir algo grandioso e duradouro se Jesus Cristo estiver no centro da sua existência.

79 Convido-vos mais uma vez, queridos Irmãos, a caminhar e a trabalhar em harmonia num espírito de comunhão, que tem o seu ápice e a sua fonte inexaurível na Eucaristia. O México conheceu a graça de celebrar de modo solene este grande Sacramento durante o recente Congresso Eucarístico Internacional de Guadalajara. Tenho a certeza de que este acontecimento eclesial deixou marcas profundas no povo fiel, que convém preservar como um tesouro de fé celebrada e compartilhada.
Sede promotores e modelos de comunhão. Assim como a Igreja é una, também o episcopado é um, sendo o Papa, como afirma o Concílio Vaticano II "perpétuo e visível fundamento da unidade, não só dos Bispos mas também da multidão dos fiéis" (Lumen gentium
LG 23). A comunhão reveste, de igual modo, grande importância pastoral, porque as iniciativas apostólicas superam cada vez mais os limites diocesanos e exigem maior colaboração, projectos comuns e coordenação num País tão extenso. Nisto se acentua a mobilidade da população e o incremento de grandes núcleos urbanos, que requerem uma evangelização metódica e pormenorizada (cf. Ecclesia in America ).

Queridos Irmãos, antes de concluir este encontro garanto-vos a minha profunda comunhão na oração juntamente com a minha firme esperança na renovação espiritual das vossas dioceses. Recomendo todos estes propósitos e também o vosso ministério pastoral à intercessão materna de Nossa Senhora de Guadalupe. Levai a minha saudação afectuosa aos vossos sacerdotes, aos religiosos e religiosas, aos agentes de pastoral e a todos os fiéis diocesanos. Concedo a vós e a todos eles, com grande afecto, a Bênção Apostólica.




DURANTE A VISITA AO HOSPITAL PEDIÁTRICO "BAMBINO GESÙ" DE ROMA Sexta-feira, 30 de Setembro de 2005


Senhores Administradores do Hospital
e distintas Autoridades
Queridas crianças!

No final desta minha visita, sinto-me feliz por me encontrar convosco agredecendo-vos o vosso cordial acolhimento. Estou reconhecido ao Senhor Presidente deste Hospital Pediátrico "Bambino Gesù" pelas palavras que me dirigiu em nome de todos vós, palavras de fé e de verdadeira caridade cristã. Saúdo os Presidentes da Região e da Província, o Presidente da Câmara Municipal de Roma e as outras Autoridades aqui reunidas. A minha gratidão dirige-se depois aos Administradores, aos Directores e aos Coordenadores dos Departamentos do Hospital, assim como aos médicos, aos enfermeiros e a quantos aqui trabalham. Dirijo-me com afecto sobretudo a vós, queridas crianças, e aos vossos familiares que vos assistem com muito carinho. Um obrigado de coração ao vosso representante, que me ofereceu uma gentil homenagem em nome de toda a família do "Bambino Gesù". Estou próximo de cada um de vós e desejo fazer-vos sentir o conforto e a bênção de Deus. Desejo expressar os mesmos votos a quantos se encontram nas sucursais de Palidoro e de Santa Marinella, que de igual modo sinto muito próximos.

Para esta primeira visita a um hospital, escolhi o "Bambino Gesù" por dois motivos: em primeiro lugar, porque esta Instituição pertence à Santa Sé, e é seguida com solicitude pelo Cardeal Secretário de Estado, que está aqui presente. Passando por algumas secções, deparando-me com tantas crianças que sofrem, pensei espontaneamente em Jesus que amava ternamente as criancinhas e queria que as deixassem ir a Ele. Sim, como Jesus, também a Igreja manifesta uma especial predilecção pela infância, especialmente quando se trata de crianças que sofrem. Eis então o segundo motivo pelo qual vim entre vós: para testemunhar também eu o amor de Jesus pelas crianças, um amor que se efunde espontâneo do coração e que o espírito cristão aumenta e fortalece. O Senhor disse: "Sempre que fizestes isto a um destes Meus irmãos mais pequeninos, a Mim mesmo o fizestes" (cf. Mt 25,40 Mt 25,45). Em cada pessoa que sofre, muito mais quando é pequenina e indefesa, é Jesus que nos acolhe e espera o nosso amor.

Por isso é importante, queridos amigos, o trabalho que aqui desempenhais. Penso nas intervenções de vanguarda que fazem do "Bambino Gesù" um hospital famoso; mas penso também e sobretudo no trabalho ordinário, de todos os dias: na recepção, na hospitalização, na cura zelosa dos pequenos doentes e são tantos! que se dirigem às vossas estruturas de assistência à saúde. Isto exige grande disponibilidade, uma busca constante para multiplicar os recursos disponíveis; requer atenção, espírito de sacrifício, paciência e amor abnegado, para fazer com que as mães e os pais possam encontrar aqui um lugar onde se respira esperança e serenidade também nos momentos de apreensão mais aguda.

Deixai que eu diga mais uma palavra precisamente sobre a qualidade do acolhimento e dos cuidados que devem ser dados ao doente. Aqui, é vossa preocupação garantir um tratamento excelente não só sob o perfil da saúde, mas também sob o aspecto humano. Procurais dar uma família a quem está hospitalizado e aos seus acompanhantes, e isto exige a contribuição de todos: dos dirigentes, dos médicos, dos enfermeiros e de quantos trabalham nas várias secções, dos funcionários e das numerosas e beneméritas Organizações de voluntários, que quotidianamente oferecem o seu serviço precioso. Este estilo, que é válido para todas as Casas de cura, deve distinguir de modo especial as que se inspiram nos princípios evangélicos. Para as crianças, depois, não deve ser poupado recurso algum. Portanto, no centro de qualquer projecto e programa esteja sempre o bem do doente, o bem da criança enferma.

80 Queridos amigos, obrigado pela vossa colaboração nesta obra de alto valor humano, que representa também um apostolado eficaz como nunca. Eu rezo por vós, sabendo que esta vossa missão não é fácil. Mas estou certo de que tudo resultará menos difícil se, dedicando as vossas energias a todos os pequenos hóspedes, soubestes reconhecer no seu rosto o de Jesus. Detendo-me na Capela, encontrei-me com os sacerdotes, as religiosas e quantos acompanham o vosso trabalho com a sua dedicação, em particular garantindo uma oportuna animação espiritual. Seja precisamente a Igreja o coração do Hospital: de Jesus realmente presente na Eucaristia, do doce Médico dos corpos e das almas, hauri a força espiritual para confortar e curar todos os que estão aqui hospitalizados.

Por fim, permiti que faça uma reflexão meramente pastoral, como Bispo de Roma. O Hospital "Bambino Gesù", além de ser uma concreta e imediata obra de ajuda da Santa Sé às crianças doentes, representa um lugar de vanguarda da acção evangelizadora da Comunidade cristã na nossa Cidade. Aqui pode-se oferecer um testemunho concreto e eficaz do Evangelho em contacto com a humanidade que sofre; aqui proclama-se com os factos o poder de Cristo que, com o seu espírito, cura e transforma a existência humana. Rezemos para que, juntamente com as curas, seja comunicado aos pequeninos hóspedes o amor de Jesus. Maria Santíssima, Salus infirmorum Saúde dos enfermos, que sentimos ainda mais próxima como Mãe do Menino Jesus e de todas as crianças, proteja-vos, queridos doentes, as vossas famílias, os dirigentes, os médicos e toda a Comunidade do Hospital. Concedo a todos com afecto a Bênção Apostólica.



                                                            Outubro 2005




AOS RELIGIOSOS PAULINOS E AOS COLABORADORES DA FAMÍLIA PAULINA Sábado, 1 de Outubro de 2005

Queridos Irmãos e Irmãs!

Hoje, vós representais toda a Família Paulina, que veio visitar o Sucessor de Pedro. Sinto-me muito feliz por vos receber e agradeço-vos a vossa cordial visita. Saúdo o Superior-Geral da Sociedade de São Paulo e expresso-lhe vivo reconhecimento pelas gentis palavras com que apresentou o espírito da actividade evangelizadora, que juntos procurais desempenhar.

Saúdo os Conselheiros Gerais e os outros Superiores, os numerosos Irmãos e colaboradores, e faço o meu cordial pensamento extensivo a toda a vossa Instituição nos seus diversos ramos, masculinos e femininos. A todos e a cada um chegue o meu apreço pelo serviço que prestais à propagação do Evangelho mediante os modernos meios de comunicação social, segundo o exemplo e os ensinamentos do Fundador, o beato Giacomo Alberione. Em particular, estão hoje aqui presentes quantos trabalham no âmbito italiano: penso em primeiro lugar na revista Família Cristã e nos outros periódicos, penso nas Edições São Paulo e nas vossas muito conhecidas Livrarias espalhadas em toda a Itália, assim como no sector dos audiovisuais e das mais modernas fronteiras da comunicação. O vosso é um apostolado de vanguarda num campo vasto e complexo, que oferece tantas oportunidades e comporta, ao mesmo tempo, não poucos problemas; uma actividade múltipla que exige preparação e competências específicas, com uma constante actualização, se se deseja responder efectivamente aos desafios do mundo actual, sentido cada vez mais como "aldeia global".

Queridos amigos, proclamar o Evangelho servindo-se dos modernos meios de comunicação é precisamente isto que o periódico Família Cristã deseja realizar, entrando nas casas de tantos italianos na pátria e no estrangeiro paralelamente com a necessária e obrigatória formação profissional, exige antes de mais uma firme adesão pessoal ao Divino Mestre. Teve sempre a consciência da importância desta exigência ascética o Fundador que, precisamente por isso, colocou no próprio coração de cada obra e casa da vossa Instituição a Eucaristia, a escuta da Palavra e um profundo espírito de oração. Muito apaixonado de Deus, Pe. Alberione pedia aos seus discípulos, sacerdotes e leigos, que cultivassem uma forte vida interior, rica de equilíbrio e de discernimento. Indicava a todos como modelo o apóstolo Paulo, que no areópago de Atenas, guiado pelo Espírito Santo, soube adaptar o anúncio ao contexto cultural no qual se encontrava mas, ao mesmo tempo, não deixou de apresentar com franqueza corajosa a novidade absoluta que é Cristo (cf. Ac 17,22-32). O recente Capítulo Geral da Sociedade de São Paulo repropôs a todos os paulinos como indicação programática a exortação de Pe. Alberione a "ser São Paulo hoje". Cada um de vós faça seu o espírito e o estilo que distingue o Apóstolo dos povos, actualizando também nesta nossa época pós-moderna a sua obra missionária. Fazei-o, partilhando com o Sucessor de Pedro e com os Pastores das Igrejas particulares o anseio incessante por fazer chegar ao coração de muitos dos nossos contemporâneos a mensagem salvífica do Redentor.

Os meus venerados Predecessores não deixaram de expressar, em várias ocasiões, a sua estima e o seu afecto para com a benemérita Família Paulina, encorajando-a e estimulando-a a caminhar na fidelidade ao carisma que a distingue e que constitui uma riqueza para toda a comunidade eclesial. Uno de bom grado, à sua palavra, a minha, fazendo votos por que a vossa Família religiosa saiba realizar cada vez mais a sua missão, que é a de viver e dar ao mundo de hoje Cristo Mestre, Caminho, Verdade e Vida com as formas e as linguagens da actual comunicação. A partir do Concílio Vaticano II foi aumentando na Igreja a autoconsciência do valor e do grande interesse que os instrumentos da comunicação revestem para a difusão do Evangelho e para a formação das consciências. Por conseguinte, exorto-vos a renovar o compromisso, que vos é próprio, de serdes uma presença educativa ao serviço da comunidade cristã, para que, nas suas diversas subdivisões, seja capaz de desenvolver uma capacidade comunicativa sempre melhor, à imagem do Senhor Jesus, no qual a comunicação entre Deus e a humanidade alcançou a sua perfeição (cf. Carta Apost. O rápido desenvolvimento, 5).

Mais uma vez, obrigado pela vossa visita. Garanto a cada um de vós o meu afecto e rezo ao Senhor para que prossigais com fidelidade a obra iniciada pelo beato Alberione com a sua protecção e com a dos outros Beatos e Beatas da Família Paulina. Vos guie e vos acompanhe sobretudo Maria Santíssima, modelo de como se recebe a Palavra divina para a doar integralmente ao mundo. Com estes sentimentos, abençoo de coração a vós aqui presentes, as vossas famílias, todos os leitores de Família Cristã e quantos são alcançados pelas vossas numerosas actividades sociais e pastorais.



ABERTURA DA CONGREGAÇÃO GERAL DA XI ASSEMBLEIA

GERAL ORDINÁRIA DO SÍNODO DOS BISPOS

MEDITAÇÃO

APÓS O CANTO DA HORA TÉRCIA Segunda-feira, 3 de Outubro de 2005

Caros Irmãos

81 Este texto da Hora Tércia de hoje implica cinco imperativos e uma promessa. Procuremos entender um pouco melhor o que o Apóstolo pretende dizer-nos com estas palavras.

O primeiro imperativo é muito frequente nas Cartas de São Paulo, aliás poder-se-ia dizer que é quase o "cantus firmus" do seu pensamento: "gaudete".

Numa vida tão atormentada como era a sua, uma vida cheia de perseguições, de fome, de sofrimentos de todos os tipos, uma palavra clara, porém, permanece sempre presente: "gaudete".

Nasce aqui a pergunta: é possível quase ordenar a alegria? A alegria, queremos dizer, ou vem ou não vem, mas não pode ser imposta como um dever. E aqui ajuda-nos pensar no texto das cartas paulinas mais conhecido sobre a alegria, o do "Domingo Gaudete", no centro da Liturgia do Advento: "gaudete, iterum dico gaudete quia Dominus prope est".

Aqui ouvimos o motivo pelo qual Paulo em todos os seus sofrimentos, em todas as tribulações, podia não apenas dizer aos outros "gaudete": ele o podia dizer porque a alegria estava presente nele mesmo: "Gaudete, Dominus enim prope est".

Se o amado, o amor, o maior dom da minha vida está perto de mim, se posso estar convencido de que aquele que me ama está perto de mim, mesmo em situações de tribulações, permanece no fundo do coração a alegria que é maior do que todos os sofrimentos.

O apóstolo pode dizer "gaudete" porque o Senhor está perto de cada um de nós. E assim, este imperativo, na realidade, é um convite para sentir a presença do Senhor que está perto de nós. É uma sensibilização pela presença do Senhor. O Apóstolo pretende chamar a nossa atenção para essa presença escondida mas muito real de Cristo perto de cada um de nós. Para cada um de nós são verdadeiras as palavras do Apocalipse: eu bato à tua porta, escuta-me, abre-me.

É portanto também um convite para ser sensíveis a esta presença do Senhor que bate à minha porta. Não ser surdos a Ele, pois os ouvidos do nosso coração estão de tal modo cheios de rumores do mundo que não podemos ouvir esta silenciosa presença que bate às nossas portas. Reflictamos, ao mesmo tempo, se estamos realmente disponíveis para abrir as portas do nosso coração; ou talvez neste coração cheio de tantas outras coisas não haja espaço para o Senhor e, por enquanto, não temos tempo para o Senhor. E assim, insensíveis, surdos à sua presença, cheios de outras coisas, não ouvimos o essencial: Ele bate à porta, está perto de nós e assim está perto a verdadeira alegria, que é mais forte do que todas as tristezas do mundo, e da nossa vida.

Rezemos, portanto, no contexto deste primeiro imperativo: Senhor, faz-nos sensíveis à Tua presença, ajuda-nos a ouvir, a não ser surdos a Ti, ajuda-nos a ter um coração livre, aberto a Ti.
O segundo imperativo "perfecti estote", assim se lê no texto latino, parece coincidir resumidamente com a palavra do Sermão da Montanha: "perfecti estote sicut Pater vester caelestis perfectus est".

Esta palavra convida-nos a ser aquilo que somos: imagens de Deus, seres criados em relação ao Senhor, "espelho" no qual se reflecte a luz do Senhor. Não viver o cristianismo literalmente, não ouvir a Sagrada Escritura literalmente é muito difícil, historicamente discutível, mas ir além do texto, da realidade presente, em direcção ao Senhor que nos fala e, desse modo, em união com Deus.

82 Mas, se virmos o texto grego encontramos um outro verbo, "catartizesthe", e esta palavra quer dizer refazer, consertar um instrumento, restituí-lo à plena funcionalidade. O exemplo mais frequente para os apóstolos é refazer uma rede para os pescadores que não está mais naquela situação justa, que possui tantas lacunas a ponto de não servir mais, refazer a rede, para que possa novamente ser uma rede para pescar, retornar à perfeição de instrumento para este trabalho. Um outro exemplo: um instrumento musical de cordas que, possuindo uma corda quebrada, a música, portanto, não pode soar como deveria. Desse modo, neste imperativo, a nossa alma parece uma rede apostólica que frequentemente não funciona a contento porque está lacerada pelas nossas próprias intenções; ou como um instrumento musical do qual infelizmente alguma corda está quebrada, e portanto a música de Deus que deveria soar do profundo da nossa alma não pode repercutir bem. Refazer este instrumento, conhecer as lacerações, as destruições, as negligências, tudo o que está descuidado, e fazer que este instrumento seja perfeito, seja completo para que sirva àquilo para o que foi criado pelo Senhor.

E assim, este imperativo pode ser também um convite a um regular exame de consciência, para se verificar como está este instrumento, até que ponto está descuidado, não funciona mais, para procurar retornar à sua integridade. É também um convite ao Sacramento da Reconciliação, no qual o próprio Deus refaz este instrumento e nos dá de novo a integridade, a perfeição, a funcionalidade, para que nesta alma se possa ressoar o louvor de Deus.

A seguir, "exortamini invicem". A correcção fraterna é uma obra de misericórdia. Nenhum de nós vê bem a si mesmo, vê bem as suas faltas. E assim, é um acto de amor, para servir de complemento um ao outro, para ajudar-nos a vermo-nos melhor, a nos corrigir. Penso que exactamente uma das funções da colegialidade é a de nos ajudarmos, no sentido do imperativo precedente, de conhecer as lacunas que nós mesmos não queremos ver "ab occultis meis munda me" diz o Salmo de ajudar-nos para que nos tornemos abertos e possamos ver estas coisas.

Naturalmente, esta grande obra de misericórdia, ajudarmo-nos uns aos outros para que cada um de nós possa realmente encontrar a própria integridade, a própria funcionalidade como instrumentos de Deus, exige muita humildade e amor. Somente se vier de um coração humilde que não se coloca acima do outro, não se considera melhor do que o outro mas apenas um humilde instrumento para se ajudar reciprocamente. Somente se se sente esta profunda e verdadeira humildade, se se sente que estas palavras vêm do amor em comum, do afecto colegial no qual queremos servir a Deus em unidade, podemos, neste sentido, ajudar-nos com um grande acto de amor. Também aqui o texto grego acrescenta alguma particularidade; a palavra grega é "paracaleisthe", é a mesma raiz de onde vem também a palavra "paracletos, paracleis", consolar. Não somente corrigir mas igualmente consolar, compartilhar os sofrimentos do outro, ajudá-lo nas dificuldades. E ainda isto me parece um grande acto de verdadeiro afecto colegial.

Nas diversas situações difíceis que nascem hoje na nossa pastoral, alguém pode encontrar-se realmente um pouco desesperado, não vê como possa continuar. Nesse momento precisa da consolação, precisa que alguém esteja com ele na sua solidão interior e cumpra a obra do Espírito Santo, do Consolador: a de dar coragem, de juntos nos sustentarmos, nos apoiarmos, ajudados pelo próprio Espírito Santo que é o Consolador, o nosso Advogado que nos ajuda. Portanto, é um convite para fazermos nós mesmos "ad invicem" a obra do Espírito Santo Paráclito.

"Idem sapite": ouçamos por detrás o sentido latino da palavra "sapor", "sabor". Tende o mesmo sabor pelas coisas, tende a mesma visão fundamental da realidade, com todas as diferenças que não são apenas legítimas mas igualmente necessárias, porém tende "eundem saporem", tende a mesma sensibilidade. O texto grego diz "froneite", a mesma coisa. Isto é, substancialmente o mesmo pensamento. Como poderemos ter em substância um pensamento comum que nos ajude a guiar juntos a Santa Igreja senão partilhando a fé que não é inventada por nenhum de nós, mas é a fé da Igreja, o fundamento comum que nos leva aonde estamos e trabalhamos? Portanto, é um convite a inserirmo-nos sempre de novo neste pensamento comum, nesta fé que nos precede. "Ne respicias peccata nostra, sed fidem Ecclesiae tuae": é a fé da Igreja que o Senhor procura em nós e que também é perdão dos pecados. Ter esta mesma fé comum. Podemos, devemos viver esta fé, cada um na sua originalidade, mas sempre sabendo que esta fé nos precede. E devemos comunicar a todos os demais a fé comum. Este elemento faz-nos passar imediatamente ao último imperativo, que nos dá a paz profunda entre nós.

E a este ponto podemos pensar também "touto froneite" num outro texto da Carta aos Filipenses, no início do grande Hino sobre o Senhor, onde o Apóstolo nos diz: tende os mesmos sentimentos de Cristo, entrai na "fronesis", no "fronein", no pensamento de Cristo. Portanto, podemos ter juntamente a fé da Igreja, pois com esta fé entramos nos pensamentos, nos sentimentos do Senhor. Pensar juntamente com Cristo.

Este é o último aprofundamento desta advertência do Apóstolo: pensar com o pensamento de Cristo. E que podemos fazê-lo lendo a Sagrada Escritura nas quais os pensamentos de Cristo são Palavra, falam connosco. Neste sentido, devemos exercitar a "Lectio Divina", ouvir nas Escrituras o pensamento de Cristo, aprender a pensar com Cristo, a pensar o pensamento de Cristo e assim ter os sentimentos de Cristo, sermos capazes de dar aos outros também o pensamento de Cristo, os sentimentos de Cristo.

E assim, o último imperativo, "pacem habete", "eireneuete" é quase um resumo dos quatro imperativos precedentes, estando assim em união com Deus que é a nossa paz, com Cristo que nos disse: "pacem dabo vobis". Estamos na paz interior, porque estar no pensamento de Cristo une o nosso ser. As dificuldades, os contrastes da nossa alma unem-se, unem-se ao original, àquele do qual somos imagem com o pensamento de Cristo. Assim nasce a paz interior e somente se estamos fundados numa profunda paz interior podemos ser pessoas de paz também no mundo, para os demais.

Desse modo, a pergunta, esta promessa, está condicionada aos outros imperativos? Isto é, somente na medida em que nós podemos realizar os imperativos, este Deus da paz está connosco? Como é a relação entre imperativo e promessa?

Eu diria que é bilateral, isto é, a promessa precede os imperativos e torna realizáveis os imperativos e acompanha a realização dos imperativos. Isto é, antes de tudo, o que fazemos, o Deus do amor e da paz já se abriu a nós, está connosco. Na Revelação começada no Antigo Testamento Deus veio ao nosso encontro com o seu amor e com a sua paz.

83 E, finalmente, na Encarnação fez-se Deus connosco, Emanuel, é connosco este Deus da paz que se fez carne com a nossa carne, sangue do nosso sangue. É homem connosco e envolve todo o ser humano.
E, na crucifixão e na descida à morte, fez-se totalmente um connosco, precede-nos com o seu amor, envolve antes de tudo o nosso agir. E esta é a nossa grande consolação. Deus nos precede.

Já fez tudo! Deu-nos paz, perdão e amor. Está connosco. E precisamente porque está connosco, porque no Baptismo recebemos a sua graça, na Crisma, o Espírito Santo, no Sacramento da Ordem recebemos a sua missão, podemos agora agir, cooperar com esta sua presença que nos precede. Todo este nosso agir do qual falam os cinco imperativos é um cooperar, um colaborar com o Deus da paz que está connosco.

Vale ainda, por outro lado, na medida em que realmente entramos naquela presença que Ele deu, neste dom já presente no nosso ser. Cresce naturalmente a sua presença, o seu ser em nós.
E pedimos ao Senhor que nos ensine a colaborar com a sua precedente graça e de estar assim realmente sempre connosco. Amém!




Discursos Bento XVI 76