Catecismo Igreja Catól. 441

III. Filho único de Deus


441 Filho de Deus, no Antigo Testamento, é um título dado aos anjos (44), ao povo eleito (45) aos filhos de Israel (46) e aos seus reis (47). Nestes casos, significa uma filiação adoptiva, que estabelece entre Deus e a sua criatura relações de particular intimidade. Quando o Rei-Messias prometido é chamado «filho de Deus» (48), isso não implica necessariamente, segundo o sentido literal de tais textos, que Ele seja mais que um simples ser humano. Os que assim designaram Jesus, enquanto Messias de Israel (49), talvez não tenham querido dizer mais (50).


442 Mas não é este o caso de Pedro, quando confessa Jesus como «Cristo, o Filho de Deus vivo» (51), porque Jesus responde-lhe solenemente: «não foram a carne nem o sangue que to revelaram, mas sim o meu Pai que está nos céus» (Mt 16,17). De igual modo, Paulo dirá, a propósito da sua conversão no caminho de Damasco: «Quando aprouve a Deus – que me escolheu desde o seio de minha mãe e me chamou pela sua graça – revelar o seu Filho em mim, para que O anuncie como Evangelho aos gentios...» (Ga 1,15-16). «E logo começou a proclamar nas sinagogas que Jesus era o Filho de Deus» (Ac 9,20). Será este, desde o princípio (52),o núcleo da fé apostólica (53), primeiramente professada por Pedro como fundamento da Igreja (54).


443 Se Pedro pôde reconhecer o carácter transcendente da filiação divina de Jesus-Messias, foi porque Este lha deixou perceber nitidamente. Diante do Sinédrio, à pergunta dos seus acusadores: «Então, tu és o Filho de Deus?» Jesus respondeu: «É como dizeis, sou» (Lc 22,70) (55). Já muito antes, Ele Se designara como «o Filho» que conhece o Pai (56), diferente dos «servos» que Deus anteriormente enviara ao seu povo (57), superior aos próprios anjos (58). Ele distinguiu a sua filiação da dos Seus discípulos, nunca dizendo «Pai nosso» (59), a não ser para lhes ordenar: «vós, quando rezardes, dizei assim: Pai nosso» (Mt 6,9); e sublinhou esta distinção: «o meu Pai e vosso Pai» (Jn 20,17).


444 Os evangelhos referem, em dois momentos solenes, no baptismo e na transfiguração de Cristo, a voz do Pai, que O designa como seu «filho muito-amado» (60). Jesus designa-Se a Si próprio como «o Filho único de Deus» (Jn 3,16), afirmando por este título a sua preexistência eterna (61). E exige a fé «no nome do Filho único de Deus» (Jn 3,18). Esta profissão de fé cristã aparece já na exclamação do centurião diante de Jesus crucificado: «Verdadeiramente, este homem era o Filho de Deus!» (Mc 15,39); porque somente no Mistério Pascal o crente pode dar pleno significado ao título de «Filho de Deus».


445 É depois da ressurreição que a filiação divina de Jesus aparece no poder da sua humanidade glorificada: «Segundo o Espírito santificante, pela sua ressurreição de entre os mortos, Ele foi estabelecido como Filho de Deus em poder» (Rm 1,4) (62). E os Apóstolos poderão confessar: «Nós vimos a sua glória, glória que Lhe vem do Pai como a Filho único, cheio de graça e de verdade» (Jn 1,14).

44. Cf. Dt 32,8 (LXX); Jb 1,6
45. Cf. Ex 4,22 Os 11,1 Jr 3,19, Si 36,14 Sg 18,13
46. Cf. Dt 14,1 Os 2,1
47. Cf. 2S 7,14 Ps 82,6
48. Cf. 1Ch 17,13 Ps 2,7
49. Cf. Mt 27,54
50. Cf. Lc 23,47
51. Cf. Mt 16,16
52. Cf. 1Th 1,10
53. Cf. Jn 20,31
54. Cf. Mt 16,18
55. Cf. Mt 26,64 Mc 14,62
56. Cf. Mt 11,27 Mt 21,37-38
57. Cf. Mt 21,34-36
58. Cf. Mt 24,36
59. Cf. Mt 5,48 Mt 6,8 Mt 7 Mt 21 Lc 11,13
60. Cf. Mt 3,17 Mt 17,5
61. Cf. Jn 10,36
62. Cf. Ac 13,33


IV. Senhor


446 Na tradução grega dos Livros do Antigo Testamento, o nome inefável sob o qual Deus Se revelou a Moisés (63), YHWH, é traduzido por « Kyrios» («Senhor»). Senhor torna-se, desde então, o nome mais habitual para designar a própria divindade do Deus de Israel. É neste sentido forte que o Novo Testamento utiliza o título de «Senhor», tanto para o Pai como também – e aí é que está a novidade – para Jesus, assim reconhecido como sendo Ele próprio Deus (64).


447 O próprio Jesus veladamente atribui a Si mesmo este título, quando discute com os fariseus sobre o sentido do Salmo 110 (65), e também, de modo explícito, ao dirigir-Se aos Apóstolos (66). Ao longo de toda a vida pública, os seus gestos de domínio sobre a natureza, sobre as doenças, sobre os demónios, sobre a morte e o pecado, demonstravam a sua soberania divina.


448 Muitíssimas vezes, nos evangelhos, aparecem pessoas que se dirigem a Jesus chamando-lhe «Senhor». Este título exprime o respeito e a confiança dos que se aproximam de Jesus e d'Ele esperam socorro e cura (67). Pronunciado sob a moção do Espírito Santo, exprime o reconhecimento do Mistério divino de Jesus (68). No encontro com Jesus ressuscitado, transforma-se em adoração: «Meu Senhor e meu Deus» (Jn 20,28). Assume então uma conotação de amor e afeição, que vai ficar como típica da tradição cristã: «E o Senhor!» (Jn 21,7).


449 Ao atribuir a Jesus o título divino de Senhor, as primeiras confissões de fé da Igreja afirmam, desde o princípio (69), que o poder, a honra e a glória, devidos a Deus Pai, também são devidos a Jesus (70), porque Ele é «de condição divina» (Ph 2,6) e o Pai manifestou esta soberania de Jesus ressuscitando-O de entre os mortos e exaltando-O na sua glória (71).


450 Desde o princípio da história cristã, a afirmação do senhorio de Jesus sobre o mundo e sobre a história (72) significa também o reconhecimento de que o homem não deve submeter a sua liberdade pessoal, de modo absoluto, a nenhum poder terreno, mas somente a Deus Pai e ao Senhor Jesus Cristo: César não é o «Senhor»(73). «A Igreja crê... que a chave, o centro e o fim de toda a história humana se encontra no seu Senhor e Mestre» (74).


451 A oração cristã é marcada pelo título de «Senhor», quer no convite à oração: «O Senhor esteja convosco», quer na conclusão da mesma: «Por nosso Senhor Jesus Cristo», quer ainda pelo grito cheio de confiança e de esperança: «Maran atha» («O Senhor vem!») ou «Marana tha» («Vem, Senhor!») (1Co 16,22): «Amen, vem, Senhor Jesus!» (Ap 22,20).


63. 63 Cf. Ex 3,14
64. Cf. 1Co 2,8
65. Cf. Mt 22,41-46 cf. também Ac 2,34-36 He 1,13
66. Cf. Jn 13,13
67. Cf. Mt 8,2 Mt 14,30 Mt 15,22: etc.
68. Cf. Lc 1,43 Lc 2,11
69. Cf. Ac 2,34-36
70. Cf. Rm 9,5 Tt 2,13, Ap 5,13
71. Cf. Rm 10,9 1Co 12,3 Ph 2,9-11
72. Cf. Ap 1,15
73. Cf. Mc 12,17 Ac 5,29
74. II Concílio do Vaticano, Const. past. Gaudium et spes, GS 10 AAS 58 (1966) 1033; cf. ibid. GS 45, AAS 58 (1966) 1066.


Resumindo:


452 O nome de Jesus significa «Deus salva». O menino nascido da Virgem Maria é chamado «Jesus», «porque salvará o seu povo dos seus pecados» (Mt 1,21); «não existe debaixo do céu outro nome dado aos homens, pelo qual possamos ser salvos» (Ac 4,12).


453 O nome de Cristo significa «Ungido», «Messias». Jesus é Cristo, porque «Deus O ungiu com o Espírito Santo e o poder» (Ac 10,38). Ele era «Aquele que estava para vir» (Lc 7,19), o objecto da «esperança de Israel» (75).


454 O nome de Filho de Deus significa a relação única e eterna de Jesus Cristo com Deus seu Pai: Ele é o Filho único do Pai (76) e, Ele próprio, Deus (77). Crer que Jesus Cristo é o Filho de Deus é condição necessária para ser cristão (78).


455 O nome de Senhor significa a soberania divina. Confessar ou invocar Jesus como Senhor é crer na sua divindade. «Ninguém pode dizer "Jesus é Senhor", a não ser pela acção do Espírito Santo» (1Co 12,3).

75. Cf. Ac 28,20
76. Cf. Jn 1,14 Jn 1,18 Jn 3,16 Jn 3,18.
77. Cf. Jn 1,1
78. Cf. Ac 8,37 1Jn 2,23



ARTIGO 3


«JESUS CRISTO FOI CONCEBIDO PELO PODER


DO ESPÍRITO SANTO E NASCEU DA VIRGEM MARIA»



PARÁGRAFO 1

O FILHO DE DEUS FEZ-SE HOMEM

I. Porque é que o Verbo encarnou?


456 Com o Credo Niceno-Constantinopolitano, respondemos confessando: «Por nós, homens, e para nossa salvação, desceu dos céus; e encarnou pelo Espírito Santo no seio da Virgem Maria e Se fez homem» (79).


457 O Verbo fez-Se carne para nos salvar, reconciliando-nos com Deus: «Foi Deus que nos amou e enviou o seu Filho como vítima de expiação pelos nossos pecados» (1Jn 4,10). «O Pai enviou o Filho como salvador do mundo» (1Jn 4,14). «E Ele veio para tirar os pecados» (1Jn 3,5):

«Enferma, a nossa natureza precisava de ser curada; decaída, precisava de ser elevada; morta, precisava de ser ressuscitada. Tínhamos perdido a posse do bem; era preciso que nos fosse restituído. Encerrados nas trevas, precisávamos de quem nos trouxesse a luz; cativos, esperávamos um salvador: prisioneiros, esperávamos um auxílio; escravos, precisávamos dum libertador. Seriam razões sem importância? Não seriam suficientes para comover a Deus, a ponto de O fazer descer até à nossa natureza humana para a visitar, já que a humanidade se encontrava em estado tão miserável e infeliz?» (80).


458 O Verbo fez-Se carne, para que assim conhecêssemos o amor de Deus: «Assim se manifestou o amor de Deus para connosco: Deus enviou ao mundo o seu Filho Unigénito, para que vivamos por Ele» (1Jn 4,9).«Porque Deus amou tanto o mundo, que entregou o seu Filho Unigénito, para que todo o homem que acredita n'Ele não pereça, mas tenha a vida eterna» (Jn 3,16).


459 O Verbo fez-Se carne, para ser o nosso modelo de santidade: «Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de Mim [...]» (Mt 11,29). «Eu sou o caminho, a verdade e a vida. Ninguém vai ao Pai senão por Mim» (Jn 14,6). E o Pai, na montanha da Transfiguração, ordena: «Escutai-o» (Mc 9,7) (81). De facto, Ele é o modelo das bem-aventuranças e a norma da Lei nova: «Amai-vos uns aos outros como Eu vos amei» (Jn 15,12). Este amor implica a oferta efectiva de nós mesmos, no seu seguimento (82).


460 O Verbo fez-Se carne, para nos tornar «participantes da natureza divina» (2P 1,4): «Pois foi por essa razão que o Verbo Se fez homem, e o Filho de Deus Se fez Filho do Homem: foi para que o homem, entrando em comunhão com o Verbo e recebendo assim a adopção divina, se tornasse filho de Deus» (83). «Porque o Filho de Deus fez-Se homem, para nos fazer deuses» (84). «Unigenitus [...] Dei Filias, suae divinitatis volens nos esse participes, naturam nostram assumpsit, ut homines deos faceret factos homo – O Filho Unigénito de Deus, querendo que fôssemos participantes da sua divindade, assumiu a nossa natureza para que, feito homem, fizesse os homens deuses» (85).

79. DS 150
80. São Gregório de Nissa, Oratio catechetica 15, 3: TD 7, 78 (PG 45, 48).
81. Cf. Dt 6,4-5
82. Cf. Mc 8,34
83. Santo Ireneo de Lião, Adversus haereses 3, 19, 1: SC 211,374 (PG 7,939)
84. Santo Atanasio, De Incarnatione, 54, 3: SC 199,458 (PG 25,192).
85. São Tomás de Aquino, Officium de festo corporis Christi, Ad Matutinas. In primo Nocturno, Lectio 1: Opera omnia, v. 29 (Parisiis 1876) p. 336.


II. A Encarnação


461 Retomando a expressão de São João («o Verbo fez-Se carne»: Jn 1,14), a Igreja chama «Encarnação» ao facto de o Filho de Deus ter assumido uma natureza humana, para nela levar a efeito a nossa salvação. Num hino que nos foi conservado por São Paulo, a Igreja canta este mistério:

«Tende em vós os mesmos sentimentos que havia em Cristo Jesus. Ele, que era de condição divina, não se valeu da sua igualdade com Deus, mas aniquilou-Se a Si próprio, assumindo a condição de servo, tornou-Se semelhante aos homens. Aparecendo como homem, humilhou-Se ainda mais, obedecendo até à morte, e morte de Cruz» (Ph 2,5-8) (86).

86. Cf. Cântico nas I Vésperas de Domingo: Liturgia Horarum, editio typica (Typis Polyglottis Vaticanis 1973-1974), v. 1, p. 545.629.718 e 808: v. 2, p. 844.937.1037 e 1129: v. 3. p. 548.669.793 e 916; v. 4, p. 496.617.741 e 864 [Ed. portuguesa: Liturgia das Horas (Gráfica de Coimbra 1983), v. I. p. 621.710.803 e 897: v. 2, p. 984, 1079, 1182 e 1278; v. 3. p. 685.800.918 e 1032; v. 4, p.633.748.866 e 980].

462 A Epístola aos Hebreus fala do mesmo mistério:

«É por isso que, ao entrar neste mundo, Cristo diz: "Não quiseste sacrifícios e oferendas, mas formaste-Me um corpo. Holocaustos e imolações pelo pecado não Te foram agradáveis. Então Eu disse: Eis-Me aqui [...] para fazer a tua vontade"» (
He 10,5-7, citando o Ps 40,7-9, os LXX).


463 A fé na verdadeira Encarnação do Filho de Deus é o sinal distintivo da fé cristã: «Nisto haveis de reconhecer o Espírito de Deus: todo o espírito que confessa a Jesus Cristo encarnado é de Deus» (1Jn 4,2). É esta a alegre convicção da Igreja desde o seu princípio, ao cantar «o grande mistério da piedade»: «Ele manifestou-Se na carne» (1Tm 3,16).



III. Verdadeiro Deus e verdadeiro homem


464 O acontecimento único e absolutamente singular da Encarnação do Filho de Deus não significa que Jesus Cristo seja em parte Deus e em parte homem, nem que seja o resultado de uma mistura confusa do divino com o humano. Ele fez-Se verdadeiro homem, permanecendo verdadeiro Deus. Jesus Cristo é verdadeiro Deus e verdadeiro homem. Esta verdade da fé, teve a Igreja de a defender e clarificar no decurso dos primeiros séculos, perante heresias que a falsificavam.


465 As primeiras heresias negaram menos a divindade de Cristo que a sua verdadeira humanidade (docetismo gnóstico). Desde os tempos apostólicos que a fé cristã insistiu sobre a verdadeira Encarnação do Filho de Deus «vindo na carne» (87). Mas, a partir do século III, a Igreja teve de afirmar, contra Paulo de Samossata, num concilio reunido em Antioquia, que Jesus Cristo é Filho de Deus por natureza e não por adopção. O primeiro Concílio ecuménico de Niceia, em 325, confessou no seu Credo que o Filho de Deus é «gerado, não criado, consubstancial ('homoúsios') ao Pai» (88); e condenou Ario, o qual afirmava que «o Filho de Deus saiu do nada» (89) e devia ser «duma substância diferente da do Pai» (90).


466 A heresia nestoriana via em Cristo uma pessoa humana unida à pessoa divina do Filho de Deus. Perante esta heresia, São Cirilo de Alexandria e o terceiro Concilio ecuménico, reunido em Éfeso em 431,confessaram que «o Verbo, unindo na sua pessoa uma carne animada por uma alma racional, Se fez homem» (91). A humanidade de Cristo não tem outro sujeito senão a pessoa divina do Filho de Deus, que a assumiu e a fez sua desde que foi concebida. Por isso, o Concílio de Éfeso proclamou, cm 431, que Maria se tornou, com toda a verdade. Mãe de Deus, por ter concebido humanamente o Filho de Deus em seu seio: «Mãe de Deus, não porque o Verbo de Deus dela tenha recebido a natureza divina, mas porque dela recebeu o corpo sagrado, dotado duma alma racional, unido ao qual, na sua pessoa, se diz que o Verbo nasceu segundo a carne» (92).


467 Os monofisitas afirmavam que a natureza humana tinha deixado de existir, como tal, em Cristo, sendo assumida pela sua pessoa divina de Filho de Deus. Confrontando-se com esta heresia, o quarto Concílio ecuménico, em Calcedónia, no ano de 451, confessou:

«Na sequência dos santos Padres, ensinamos unanimemente que se confesse um só e mesmo Filho, nosso Senhor Jesus Cristo, igualmente perfeito na divindade e perfeito na humanidade, sendo o mesmo verdadeiramente Deus e verdadeiramente homem, composto duma alma racional e dum corpo, consubstancial ao Pai pela sua divindade, consubstancial a nós pela sua humanidade, «semelhante a nós em tudo, menos no pecado» (93): gerado do Pai antes de todos os séculos segundo a divindade, e nestes últimos dias, por nós e pela nossa salvação, nascido da Virgem Mãe de Deus segundo a humanidade.

Um só e mesmo Cristo, Senhor, Filho Único, que devemos reconhecer em duas naturezas, sem confusão, sem mudança, sem divisão, sem separação. A diferença das naturezas não é abolida pela sua união; antes, as propriedades de cada uma são salvaguardadas e reunidas numa só pessoa e numa só hipóstase» (94).


468 Depois do Concílio de Calcedónia, alguns fizeram da natureza humana de Cristo uma espécie de sujeito pessoal. Contra eles, o quinto Concílio ecuménico, reunido em Constantinopla em 553, confessou a propósito de Cristo: «não há n'Ele senão uma só hipóstase (ou pessoa), que é nosso Senhor Jesus Cristo, um da santa Trindade» (95). Tudo na humanidade de Cristo deve, portanto, ser atribuído à sua pessoa divina como seu sujeito próprio (96); não só os milagres, mas também os sofrimentos (97) e a própria morte: «Aquele que foi crucificado na carne, nosso Senhor Jesus Cristo, é verdadeiro Deus, Senhor da glória e um da Santíssima Trindade» (98).


469 Assim, a Igreja confessa que Jesus é inseparavelmente verdadeiro Deus e verdadeiro homem. É verdadeiramente o Filho de Deus feito homem, nosso irmão, e isso sem deixar de ser Deus, nosso Senhor:

«Id quod fuit remansit, et quod non fuit assumpsit» – «Continuou a ser o que era e assumiu o que não era», como canta a Liturgia Romana (90). E a Liturgia de São João Crisóstomo proclama e canta: «Ó Filho único e Verbo de Deus, sendo imortal. Vos dignastes, para nossa salvação, encarnar no seio da Santa Mãe de Deus e sempre Virgem Maria, e sem mudança Vos fizestes homem e fostes crucificado! Ó Cristo Deus, que por Vossa morte esmagastes a morte, que sois um da Santíssima Trindade, glorificado com o Pai e o Espírito Santo, salvai-nos!» (100).

87. Cf.
1Jn 4,2-3 2Jn 1,7
88. Símbolo de Niceia: DS 125
89. Concílio de Nicéia, Epistula synodalis «Epeidê tês» ad Aegyptios: DS 130
90. Símbolo de Niceia: DS 126
91. Concílio de Éfeso, Epistula II Cyrilli Alexandrini ad Nestorium: DS 250.
92. Concílio de Éfeso, Epistola II Cyrilli Alexandrini ad Nestorium: DS 251.
93. Cf. He 4,15
94. Concílio de Calcedónia, Symbolum: DS 301-302
95. II Concílio de Constantinopla, Sess. 8ª, Canon 4: DS 424
96. Cf. Concílio de Éfeso, Anathematismi Cyrilli Alexandrini, 4: DS 255
97. Cf. II Concílio de Constantinopla, Sess. 8ª, Canon 3: DS 423
98. Cf. II Concílio de Constantinopla, Sess. 8ª, Canon 10: DS 432
99. Antífona do «Benedictus» no ofício da Solenidade de Santa Maria Mãe de Deus: Liturgia Horarum, editio typica, v. 1 (Typis Polyglottis Vaticanis 1973) p. 394 [a edição oficial portuguesa omite a versão deste texto: Liturgia das Horas (Gráfica de Coimbra 1983),v. 1, p. 438]: cf. São Leão Magno, Sermão 21. 2: CCL138, 87 (PL 54, 192).
100. Ofício das Horas Bizantino, Tropário «O monoghenis»: «Horológion tò méga (Romae 1876) p. 82.


IV. Como é que o Filho de Deus é homem


470 Uma vez que, na união misteriosa da Encarnação, «a natureza humana foi assumida, não absorvida» (101), a Igreja, no decorrer dos séculos, foi levada a confessar a plena realidade da alma humana, com as suas operações de inteligência e vontade, e do corpo humano de Cristo. Mas, paralelamente, a mesma Igreja teve de lembrar repetidamente que a natureza humana de Cristo pertence, como própria, à pessoa divina do Filho de Deus que a assumiu. Tudo o que Ele fez e faz nela, depende de «um da Trindade». Portanto, o Filho de Deus comunica à sua humanidade o seu próprio modo de existir pessoal na Santíssima Trindade. E assim, tanto na sua alma como no seu corpo, Cristo exprime humanamente os costumes divinos da Trindade (102):

«O Filho de Deus trabalhou com mãos humanas, pensou com uma inteligência humana, agiu com uma vontade humana, amou com um coração humano. Nascido da Virgem Maria, tornou-Se verdadeiramente um de nós, semelhante a nós em tudo, excepto no pecado» (103).

101. II Concílio do Vaticano, Const. past. Gaudium et spes,
GS 22, AAS 58 (1966) 1042.
102. Cf. Jn 14,9-10
103. II Concílio do Vaticano, Const. past. Gaudium et spes, GS 22, AAS 58 (1966) 1042-1043.


A ALMA E O CONHECIMENTO HUMANO DE CRISTO


471 Apolinário de Laodiceia afirmava que, em Cristo, o Verbo tinha ocupado o lugar da alma ou do espírito. Contra este erro, a Igreja confessou que o Filho eterno assumiu também uma alma racional humana (104).


472 Esta alma humana, que o Filho de Deus assumiu, é dotada de um verdadeiro conhecimento humano. Como tal, este não podia ser por si mesmo ilimitado. Exercia-se nas condições históricas da sua existência no espaço e no tempo. Foi por isso que o Filho de Deus, fazendo-Se homem, pôde aceitar «crescer em sabedoria, estatura e graça» (Lc 2,52) e também teve de Se informar sobre o que, na condição humana, deve aprender-se de modo experimental (105). Isso correspondia à realidade do seu abatimento voluntário na «condição de servo» (106).


473 Mas, ao mesmo tempo, este conhecimento verdadeiramente humano do Filho de Deus exprimia a vida divina da sua pessoa (107). «A natureza humana do Filho de Deus, não por si mesma, mas pela sua união com o Verbo, conhecia e manifestava em si tudo o que é próprio de Deus» (108). É o caso, em primeiro lugar, do conhecimento íntimo e imediato que o Filho de Deus feito homem tem do seu Pai (109). O Filho também mostrava, no seu conhecimento humano, a clarividência divina que tinha dos pensamentos secretos do coração dos homens (110).


474 Pela sua união com a Sabedoria divina na pessoa do Verbo Encarnado, o conhecimento humano de Cristo gozava, em plenitude, da ciência dos desígnios eternos que tinha vindo revelar (111). O que neste domínio Ele reconhece ignorar (112) declara, noutro ponto, não ter a missão de o revelar (113).

104. Cf. São Dâmaso I, Epistula «Hóti tê apostolikê kathédra»:
DS 149
105. Cf. Mc 6,38 Mc 8,27 Jn 11,34, etc.
106. Cf. Ph 2,7
107. Cf. São Gregório Magno, Ep. Sicut aqua: DS 475
108. São Máximo Confessor, Quaestiones et dubia, Q. I, 67: CCG10, 155 (66: PG 90. 840).
109. Cf. Mc 14,36, Mt 11,27 Jn 1,18 Jn 8,55; etc.
110. Cf. Mc 2,8 Jn 2,25 Jn 6,61 etc.
111. Cf. Mc 8,31 Mc 9,31 Mc 10,33-34 Mc 14,18-20 Mc 14,26-30.
112. Cf. Mc 13,32
113. Cf. Ac 1,7



A VONTADE HUMANA DE CRISTO


475 De igual modo, a Igreja confessou, no sexto Concilio ecuménico, que Cristo possui duas vontades e duas operações naturais, divinas e humanas, não opostas mas cooperantes, de maneira que o Verbo feito carne quis humanamente, em obediência ao Pai, tudo quanto decidiu divinamente com o Pai e o Espírito Santo para a nossa salvação (114). A vontade humana de Cristo «segue a sua vontade divina, sem fazer resistência nem oposição em relação a ela, antes estando subordinada a essa vontade omnipotente» (115).

114. Cf. III Concílio de Constantinopla (ano 681). Sess.18.ª, Definido de duabus in Christo voluntatibus et operatianibus:
DS 556-559.
115. III Concílio de Constantinopla (ano 681), Sess.18ª, Definitio de duabus in Christo voluntatibus et operationibus: DS 556.


O VERDADEIRO CORPO DE CRISTO


476 Uma vez que o Verbo Se fez carne, assumindo uma verdadeira natureza humana, o corpo de Cristo era circunscrito (116). Portanto, o rosto humano de Jesus pode ser «pintado» (117). No VII Concílio ecuménico (118), a Igreja reconheceu como legítimo que ele fosse representado em santas imagens.


477 Ao mesmo tempo, a Igreja sempre reconheceu que, no corpo de Jesus, «Deus que, por sua natureza, era invisível, tornou-Se visível aos nossos olhos» (119). Com efeito, as particularidades individuais do corpo de Cristo exprimem a pessoa divina do Filho de Deus. Este fez seus os traços do seu corpo humano, de tal modo que, pintados numa imagem sagrada, podem ser venerados porque o crente que venera a sua imagem, «venera nela a pessoa nela representada» (120).

116. Cf. Concílio de Latrão (ano 649). Canon 4:
DS 504.
117. Cf. Ga 3,1
118. Concílio de Nicéia (ano 787), Act. 7ª, Definitio de sacris imaginibus: DS 600-603.
119. Prefácio do Natal II: Missale Romanum, editio typica (Typis Polyglottis Vaticanis 1970), p. 396 [Missal Romano, Gráfica de Coimbra 1992, p. 458].
120. Concílio de Nicéia, Act.7ª, Definitio de sacris imaginibus: DS 601



O CORAÇÃO DO VERBO ENCARNADO


478 Jesus conheceu-nos e amou-nos, a todos e a cada um, durante a sua vida, a sua agonia e a sua paixão, entregando-Se por cada um de nós: «O Filho de Deus amou-me e entregou-Se por mim» (Ga 2,20). Amou-nos a todos com um coração humano. Por esse motivo, o Sagrado Coração de Jesus, trespassado pelos nossos pecados e para nossa salvação (121), «praecipuus consideratur index et symbolus... illius amoris, quo divinus Redemptor aeternum Patrem hominesque universos continenter adamat é considerado sinal e símbolo por excelência... daquele amor com que o divino Redentor ama sem cessar o eterno Pai e todos os homens» (122).

121. Cf. Jn 19,34
122. Pio XII, Enc. Haurietis aquas: DS 3924, cf. ID.. Enc. Mystici corporis: DS 3812


Resumindo:


479 No tempo estabelecido por Deus, o Filho Unigénito do Pai, a Palavra eterna, isto é, o Verbo e imagem substancial do Pai, encarnou. Sem perder a natureza divina, assumiu a natureza humana.


480 . Jesus Cristo é verdadeiro Deus e verdadeiro homem, na unidade da sua Pessoa divina; por essa razão, Ele é o único mediador entre Deus e os homens.


481 Jesus Cristo tem duas naturezas, a divina e a humana, não confundidas, mas unidas na única Pessoa do Filho de Deus.


482 Verdadeiro Deus e verdadeiro homem, Cristo tem uma inteligência e uma vontade humanas em perfeito acordo e submissão à inteligência e vontade divinas, que Ele tem em comum com o Pai e o Espírito Santo.


483 A encarnação é, pois, o mistério da união admirável da natureza divina e da natureza humana, na única Pessoa do Verbo.

PARÁGRAFO 2

«... CONCEBIDO PELO PODER DO ESPÍRITO SANTO,

NASCIDO DA VIRGEM MARIA»


I. Concebido pelo poder do Espírito Santo...


484 A Anunciação a Maria inaugura a «plenitude dos tempos» (Ga 4,4), isto é, o cumprimento das promessas e dos preparativos. Maria é convidada a conceber Aquele em quem habitará «corporalmente toda a plenitude da Divindade» (Col 2,9). A resposta divina ao seu «como será isto, se Eu não conheço homem?» (Lc 1,34) é dada pelo poder do Espírito: «O Espírito Santo virá sobre ti» (Lc 1,35).


485 A missão do Espírito Santo está sempre unida e ordenada à do Filho (123). O Espírito Santo, que é «o Senhor que dá a Vida», é enviado para santificar o seio da Virgem Maria e para a fecundar pelo poder divino, fazendo-a conceber o Filho eterno do Pai, numa humanidade originada da sua.


486 Tendo sido concebido como homem no seio da Virgem Maria, o Filho único do Pai é «Cristo», isto é, ungido pelo Espírito Santo (124), desde o princípio da sua existência humana, embora a sua manifestação só se venha a fazer progressivamente: aos pastores (125), aos magos 126), a João Baptista (127), aos discípulos (128). Toda a vida de Jesus Cristo manifestará, portanto, «como Deus O ungiu com o Espírito Santo e o poder» (Ac 10,38).

123. Cf. Jn 16,14-15
124. Cf. Mt 1,20 Lc 1,35
125. Cf. Lc 2,8-20
126. Cf. Mt 2,1-12
127. Cf. Jn 1,31-34
128. Cf. Jn 2,11



II. ...nascido da Virgem Maria


487 O que a fé católica crê, a respeito de Maria, funda-se no que crê a respeito de Cristo. Mas o que a mesma fé ensina sobre Maria esclarece, por sua vez, a sua fé em Cristo.


A PREDESTINAÇÃO DE MARIA


488 «Deus enviou o seu Filho» (GI 4, 4). Mas, para Lhe «formar um corpo» (129), quis a livre cooperação duma criatura. Para isso, desde toda a eternidade, Deus escolheu, para ser a Mãe do seu Filho, uma filha de Israel, uma jovem judia de Nazaré, na Galileia, «virgem que era noiva de um homem da casa de David, chamado José. O nome da virgem era Maria» (Lc 1,26-27):

«O Pai das misericórdias quis que a aceitação, por parte da que Ele predestinara para Mãe, precedesse a Encarnação, para que, assim como uma mulher contribuiu para a morte, também outra mulher contribuísse para a vida (130).


489 Ao longo da Antiga Aliança, a missão de Maria foi preparada pela missão de santas mulheres. Logo no princípio, temos Eva; apesar da sua desobediência, ela recebe a promessa duma descendência que sairá vitoriosa do Maligno(131) e de vir a ser a mãe de todos os vivos (132). Em virtude desta promessa, Sara concebe um filho, apesar da sua idade avançada (133). Contra toda a esperança humana, Deus escolheu o que era tido por incapaz e fraco (134) para mostrar a sua fidelidade à promessa feita: Ana, a mãe de Samuel (135), Débora, Rute, Judite e Ester e muitas outras mulheres. Maria «é a primeira entre os humildes e pobres do Senhor, que confiadamente esperam e recebem a salvação de Deus. Com ela, enfim, excelsa filha de Sião, passada a longa espera da promessa, cumprem-se os tempos e inaugura-se a nova economia da salvação» (136).

129. Cf.
He 10,5
130. Cf. II Concílio Vaticano, Const. dogm. Lumen Gentium, LG 56, AAS 57 (1965) 60; cf. ibid., LG 61: AAS 57 (1965) 63.
131. Cf. Gn 3,15
132. Cf. Gn 3,20
133. Cf. Gn 18,10-14 Gn 21,1-2
134. Cf. 1Co 1,27
135.Cf. 1S 1
136. Cf. II Concílio Vaticano, Const. dogm. Lumen Gentium, LG 55, AAS 57 (1965) 59-60.



A IMACULADA CONCEIÇÃO


490 Para vir a ser Mãe do Salvador, Maria «foi adornada por Deus com dons dignos de uma tão grande missão» (137). O anjo Gabriel, no momento da Anunciação, saúda-a como «cheia de graça»(138). Efectivamente, para poder dar o assentimento livre da sua fé ao anúncio da sua vocação, era necessário que Ela fosse totalmente movida pela graça de Deus.


491 Ao longo dos séculos, a Igreja tomou consciência de que Maria, «cumulada de graça» por Deus (139), tinha sido redimida desde a sua conceição. É o que confessa o dogma da Imaculada Conceição, procla­mado em 1854 pelo Papa Pio IX:

«Por uma graça e favor singular de Deus omnipotente e em previsão dos méritos de Jesus Cristo, Salvador do género humano, a bem-aventurada Virgem Maria foi preservada intacta de toda a mancha do pecado original no primeiro instante da sua conceição» (140).


492 Este esplendor de uma «santidade de todo singular», com que foi «enriquecida desde o primeiro instante da sua conceição» (141), vem-lhe totalmente de Cristo: foi «remida dum modo mais sublime, em atenção aos méritos de seu Filho» (142). Mais que toda e qualquer outra pessoa criada, o Pai a «encheu de toda a espécie de bênçãos espirituais, nos céus, em Cristo» (Ep 1,3). «N'Ele a escolheu antes da criação do mundo, para ser, na caridade, santa e irrepreensível na sua presença» (Ep 1,4).


493 Os Padres da tradição oriental chamam ã Mãe de Deus «a toda santa» («Panaghia»), celebram-na como «imune de toda a mancha de pecado, visto que o próprio Espírito Santo a modelou e dela fez uma nova criatura» (143). Pela graça de Deus, Maria manteve-se pura de todo o pecado pessoal ao longo de toda a vida.

137. Cf. II Concílio Vaticano, Const. dogm. Lumen Gentium,
LG 56, AAS 57 (1965) 60.
138. Cf. Lc 1,28
139. Cf. Lc 1,28
140. Pio IX, Bulla Ineffabilis Deus DS 2803
141. Cf. Cf. II Concílio Vaticano, Const. dogm. Lumen Gentium, LG 56, AAS 57 (1965) 60.
142. Cf. II Concílio Vaticano, Const. dogm. Lumen Gentium, LG 53, AAS 57 (1965) 58.
143. Cf. II Concílio Vaticano, Const. dogm. Lumen Gentium, LG 56, AAS 57 (1965) 60.



«FAÇA-SE EM MIM SEGUNDO A TUA PALAVRA...»


494 Ao anúncio de que dará à luz «o Filho do Altíssimo», sem conhecer homem, pela virtude do Espírito Santo (144), Maria respondeu pela «obediência da fé» (145), certa de que «a Deus nada é impossível»: «Eis a serva do Senhor, faça-se em mim segundo a tua palavra» (Lc 1,38). Assim, dando o seu consentimento à palavra de Deus, Maria tornou-se Mãe de Jesus. E aceitando de todo o coração, sem que nenhum pecado a retivesse, a vontade divina da salvação, entregou-se totalmente à pessoa e à obra do seu Filho para servir, na dependência d'Ele e com Ele, pela graça de Deus, o mistério da redenção (146).

«Como diz Santo Ireneu, "obedecendo, Ela tornou-se causa de salvação, para si e para todo o género humano" (147). Eis porque não poucos Padres afirmam, tal como ele, nas suas pregações, que "o nó da desobediência de Eva foi desatado pela obediência de Maria; e aquilo que a virgem Eva atou, com a sua incredulidade, desatou-o a Virgem Maria com a sua fé" (148); e, por comparação com Eva, chamam Maria a "Mãe dos vivos" e afirmam muitas vezes: "a morte veio por Eva, a vida veio por Maria"» (149).

144. Cf. Lc 1,28-37
145. Cf. Rm 1,5
146. Cf. II Concílio Vaticano, Const. dogm. Lumen Gentium, LG 56, AAS 57 (1965) 60-61.
147. Santo Irineu de Lião, Adversus haereses, 3, 22, 4: SC 211,440 (PG 7,959)
148. Cf. Santo Irineu de Lião, Adversus haereses, 3, 22, 4: SC 211,442-444 (PG 7,959-960)
149. Cf. II Concílio Vaticano, Const. dogm. Lumen Gentium, LG 56, AAS 57 (1965) 60-61.



Catecismo Igreja Catól. 441