Discursos Bento XVI 14186

AO SENHOR MAKASE NYAPHISI NOVO EMBAIXADOR DO REINO DO LESOTO JUNTO DA SANTA SÉ Quinta-feira, 14 de Dezembro de 2006

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Senhor Embaixador


É-me grato dar-lhes as boas-vindas no início da sua missão e aceitar as Cartas que o acreditam como Embaixador Extraordinário e Plenipotenciário do Reino do Lesoto junto da Santa Sé. Agradeço-lhe as suas amáveis palavras e as saudações que me transmitiu da parte do Rei Letsie III. Peço-lhe a gentileza de comunicar a Sua Majestade os meus respeitosos bons votos e a certeza das minhas orações pelo bem-estar de todo o povo da sua nação.

Como observou, Vossa Excelência está a começar o seu mandato pouco tempo depois da celebração do quadragésimo aniversário da independência do seu país. Enquanto apresento as minhas renovadas congratulações por este significativo marco miliário na história do Lesoto, gostaria de confirmar a assistência e o encorajamento da Santa Sé ao seu governo, no momento em que o mesmo procura fortalecer os fundamentos da democracia e promover a paz e a estabilidade em toda a região. A este propósito, a recente decisão de adoptar uma nova bandeira, que simboliza uma nação "em paz consigo mesma e com os seus vizinhos", expressa um louvável compromisso em prol destas nobres finalidades. Além disso, estou consciente de que ao longo dos últimos quarenta anos, o próprio povo do Lesoto teve várias oportunidades de demonstrar a sua capacidade de rápida recuperação, assim como a sua admirável determinação para percorrer o caminho da paz e da democracia, independentemente de todas as pressões contrárias.

Infelizmente, os graves desafios da pobreza e da falta de alimentos que o seu povo está a enfrentar no momento presente levantam sérios obstáculos para o alcance das finalidades por parte do seu país. A actividade económica possui uma índole moral, e uma vez que cada indivíduo é responsável por todos os outros, as nações mais abastadas têm o dever de promover o desenvolvimento de todos, na solidariedade e na justiça (cf. Compêndio da Doutrina Social da Igreja, n. 333). Num mundo em que as comunicações e o comércio adquiriram uma dimensão planetária, este dever é ainda mais evidente, e os meios para o desatender tornam-se mais facilmente disponíveis. Como é do conhecimento do Senhor Embaixador, a Santa Sé está comprometida em contribuir para os esforços envidados pela comunidade internacional, em vista de alcançar as Finalidades de Desenvolvimento do Milénio, bem como para todas as iniciativas que visam uma distribuição mais equitativa dos recursos e das oportunidades em benefício do crescimento económico. Ao mesmo tempo, ela continua a exortar os governos receptores da assistência, a serem assíduos na promoção da responsabilidade, da honestidade e do compromisso na aplicação da lei, como condições necessárias para garantir que a ajuda recebida será utilizada em benefício das pessoas mais necessitadas (cf. Ecclesia in Africa ). A este respeito, é com satisfação que ouvi as palavras de Vossa Excelência, relativas à alta prioridade que o Reino do Lesoto tem atribuído à luta contra a corrupção, e transmito-lhe todo o encorajamento neste esforço tão digno.

O flagelo da Sida, que aflige tantos milhões de pessoas no continente africano, provocou sofrimentos inauditos para o povo do seu país. Peço-lhe que tenha a certeza da profunda solicitude da Igreja católica em vista de realizar tudo o que pode para dar alívio a todas as pessoas atingidas por esta enfermidade cruel e também às suas famílias. Nos rostos dos doentes e dos moribundos, os cristãos reconhecem o rosto de Cristo, e é a Ele que servimos quando oferecemos a nossa ajuda e a nossa consolação aos aflitos (cf.
Mt 25,31-40). Ao mesmo tempo, é vitalmente importante transmitir a mensagem de que a fidelidade no matrimónio e a abstinência fora dele vêm a ser a melhor forma de evitar a infecção e de impedir a propagação do vírus. Com efeito, os valores que derivam de uma compreensão autêntica do matrimónio e da família constituem o único fundamento seguro para uma sociedade estável.

A este propósito, desejo assegurar a Vossa Excelência a prontidão da comunidade católica no Lesoto, a continuar a desempenhar o papel que lhe compete na educação das gerações dos cidadãos nos valores que sustêm e promovem um ambiente social sadio. Como o Concílio Vaticano II nos recorda, as escolas católicas visam fomentar a formação humana dos seus estudantes numa "atmosfera animada por um espírito de liberdade e de caridade, fundado no Evangelho" (Gravissimum educationis GE 8). Elas esforçam-se por formar e orientar os ideais dos jovens de maneira a torná-los capazes de assumir as suas responsabilidades de adultos com generosidade e integridade, para o bem de toda a sociedade. Bem sei que o governo do Lesoto aprecia a obra levada a cabo pelos educadores católicos e continuará a oferecer-lhes o encorajamento de que têm necessidade para se dedicarem a esta nobre tarefa, em nome de Cristo nosso Senhor.

Senhor Embaixador, rezo a fim de que a missão diplomática que começa hoje possa fortalecer ulteriormente as já fecundas relações existentes entre a Santa Sé e o seu país. Asseguro-lhe que os vários departamentos da Cúria Romana estarão sempre prontos a oferecer-lhe ajuda e apoio no cumprimento dos seus deveres. Enquanto formulo os meus sinceros bons votos, invoco sobre Vossa Excelência, a sua família e todo o povo do Lesoto, as abundantes Bênçãos de Deus.



DURANTE A APRESENTAÇÃO DAS CARTAS CREDENCIAIS DE SEIS NOVOS EMBAIXADORES JUNTO DA SANTA SÉ Quinta-feira, 14 de Dezembro de 2006

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Excelências

É com alegria que vos recebo para a apresentação das Cartas que vos acreditam como Embaixadores extraordinários e plenipotenciários dos vossos países: Dinamarca, Quirguistão, Moçambique, Uganda, Síria e Lesoto.

Ao agradecer-vos as palavras gentis que me dirigistes da parte dos vossos Chefes de Estado, ficar-vos-ia grato por lhes transmitirdes em retribuição as minhas saudações cordiais e os meus deferentes votos pelas suas pessoas e pelo alto cargo ao serviço da nação.

Por vosso intermédio, gostaria de saudar todas as Autoridades civis e religiosas dos vossos países, assim como todos os vossos compatriotas, com um pensamento particular pelas comunidades católicas, que trabalham entre os seus irmãos e em colaboração com eles.

O ano que está para terminar viu numerosos conflitos em diferentes Continentes. Como diplomatas, estais sem dúvida alguma preocupados pelas situações e pelos focos de tensão que não cessam de se desenvolver, em desvantagem das populações locais, causando grande número de vítimas inocentes. Por seu lado, a Santa Sé partilha também esta preocupação, que arrisca de pôr em perigo a sobrevivência de determinadas populações e faz pesar sobre os mais pobres o peso do sofrimento e da falta dos bens mais fundamentais.

Para impedir tais fenómenos, as Autoridades e todas as pessoas que têm responsabilidades na sociedade civil devem colocar-se cada vez mais à escuta do seu povo, procurando soluções apropriadas para responder às situações de sofrimento e de pobreza, e para uma partilha o mais equitativa possível, no seio de cada nação e a nível da comunidade internacional.

De facto, compete aos Responsáveis da sociedade procurar fazer com que não existam num país ou numa região situações de insatisfação graves, a nível político, económico ou social, que deixaria que as pessoas pensassem que são postas à margem da sociedade, dos lugares de decisão e de gestão, e que não têm o direito de beneficiar dos frutos do produto nacional. Tais injustiças são fonte de desordens e geram uma espécie de desencadeamento da violência.

A busca da paz, da justiça e do bom entendimento entre todos deve ser um dos objectivos prioritários, que exige que quem exerce responsabilidades esteja atento às realidades concretas do país, dedicando-se a suprimir tudo o que se opõe à igualdade e à solidariedade, sobretudo a corrupção e a falta de partilha dos recursos.

Por conseguinte, isto exige que todos os que desempenham um cargo de autoridade numa Nação tenham a preocupação de considerar o seu compromisso político e social como um serviço às pessoas e não como a busca de benefícios para um pequeno grupo, em desvantagem do bem comum. Sei que é necessária uma certa coragem para se manter firme no meio das dificuldades, tendo como objectivo o bem dos indivíduos e da comunidade nacional.

Contudo, na vida política, a coragem é uma virtude indispensável para não se deixar guiar por ideologias de parte, nem por grupos de pressão, nem pelo desejo do poder. Como recorda a Doutrina social da Igreja, o bem das pessoas e dos povos deve permanecer sempre o critério primordial das decisões na vida social.

No momento em que iniciais a vossa missão junto da Santa Sé, desejo apresentar-vos, Senhora e Senhores Embaixadores, os meus votos cordiais pelo bom êxito do vosso trabalho. Que o Altíssimo vos acompanhe a vós, os vossos familiares, os colaboradores e todos os habitantes dos vossos países, e cumule cada um com a abundância das suas bênçãos.



DURANTE O ENCONTRO COM OS ESTUDANTES UNIVERSITÁRIOS DE ROMA Quinta-feira, 14 de Dezembro de 2006

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Queridos amigos

Também no corrente ano tenho a grata oportunidade de me encontrar com o mundo universitário romano, e de vos transmitir os bons votos para o Santo Natal, já iminente. Saúdo o Cardeal Camillo Ruini, que presidiu à Celebração eucarística e vos orientou na reflexão sobre os textos litúrgicos. Além disso, agradeço ao Reitor da Universidade "Roma 3" e à jovem estudante, que se fizeram porta-vozes da vossa qualificada assembleia. Dirijo a minha carinhosa saudação a todos e a cada um de vós.

Encontramo-nos na proximidade do Natal, que é a festa dos dons, como eu recordava no domingo passado, ao visitar a nova paróquia romana, dedicada a Santa Maria Estrela da Evangelização. Os dons de Natal recordam-nos o dom por excelência, que o Filho de Deus nos ofereceu de si mesmo a nós, na Encarnação. Por isso, o Natal é oportunamente sublinhado com os numerosos dons, que durante estes dias as pessoas oferecem umas às outras. Porém, é importante que não se esqueçam do Dom principal, do qual os outros dons constituem apenas um símbolo.

O Natal é o dia em que Deus se entregou a si mesmo à humanidade, e esta sua oferenda torna-se, por assim dizer, perfeita na Eucaristia. Sob a aparência de um pequeno pedaço de pão pude dizer às crianças da mencionada paróquia romana, que se preparam para a primeira Comunhão e para a Crisma é o próprio Jesus que se entrega e quer entrar no nosso coração.

Vós, queridos jovens, no corrente ano estais a reflectir precisamente sobre o tema da Eucaristia, seguindo o itinerário espiritual e pastoral predisposto pela Diocese de Roma. O Mistério eucarístico constitui o ponto de convergência privilegiado entre os diversos âmbitos da existência cristã, inclusive o da investigação espiritual. Encontrado na liturgia e contemplado na adoração, Jesus-Eucaristia é como que um "prisma" através do qual é possível penetrar melhor a realidade, tanto nas perspectivas ascética e mística, como nos planos intelectual e especulativo, e também a níveis histórico e moral.

Na Eucaristia, Cristo está realmente presente, e a Santa Missa é um vivo memorial da sua Páscoa. O Santíssimo Sacramento é o centro qualitativo do cosmo e da história. Por isso, constitui um inesgotável manancial de pensamento e de acção para quem quer que se ponha em busca da verdade e queira cooperar com ela. É, por assim dizer, um "concentrado" de verdade e de amor. Ilumina não somente o conhecimento, mas também e sobretudo o agir do homem, o seu viver "segundo a verdade na caridade" (
Ep 4,15), como afirma São Paulo, no compromisso quotidiano de se comportar como o próprio Jesus se comportava. Por conseguinte, a Eucaristia alimenta na pessoa que se nutre assiduamente e com fé, uma fecunda unidade entre a contemplação e a acção.

Estimados amigos, nós entramos no mistério do Natal, já próximo, através da "porta" da Eucaristia: na gruta de Belém adoramos o mesmo Senhor que no Sacramento eucarístico desejou tornar-se alimento espiritual, para transformar o mundo a partir de dentro, a partir do coração do homem. Sei que para muitos de vós, estudantes universitários de Roma, já constitui uma tradição no início do ano académico, realizar uma peregrinação diocesana até Assis, e sei que também recentemente participastes em grande número.

Pois bem, São Francisco e Santa Clara não foram porventura, ambos, "conquistados" pelo Mistério eucarístico? Na Eucaristia, eles experimentaram o amor de Deus, aquele mesmo amor que a Encarnação levou o Criador do mundo a fazer-se pequenino, aliás, o menor e o servo de todos. Prezados amigos, enquanto vos preparais para o Santo Natal, nutri os mesmos sentimentos destes grandes Santos, tão queridos para o povo italiano. Como eles, também vós fixai o vosso olhar no Menino envolvido em panos e colocado numa manjedoura (cf. Lc 2,7 Lc 2,12 Lc 2,16).

Colocai-vos na escola da Virgem Maria, a primeira que contemplou a humanidade do Verbo encarnado, a humanidade da Sabedoria Divina. No Menino Jesus, com quem mantinha diálogos infinitos e silenciosos, Ela reconhecia o Rosto humano de Deus, de tal forma que a misteriosa Sabedoria do Filho ficou impressa na mente e no coração da Mãe. Por isso, Maria tornou-se a "Sede da Sabedoria", e com este título é venerada de maneira particular pela Comunidade académica romana.

À Sedes Sapientiae é dedicado um Ícone singular, que de Roma já visitou vários países, peregrinando através das instituições universitárias. Hoje, ele está aqui presente, porque passa da delegação proveniente da Bulgária para a delegação oriunda da Albânia. Saúdo com carinho as representações destas duas nações e formulo votos a fim de que, per Mariam, as suas respectivas comunidades académicas possam progredir na busca da verdade e do bem, à luz da Sabedoria Divina. Dirijo estes bons votos cordiais a cada um de vós aqui presentes, acompanhando-os com uma especial Bênção, que de bom grado faço extensiva a todos os vossos entes queridos.

Feliz Natal!


DURANTE O ENCONTRO COM SUA BEATITUDE ANTONIOS NAGUIB, PATRIARCA DE ALEXANDRIA DOS COPTAS (EGIPTO) Sexta-feira, 15 de Dezembro de 2006

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Beatitude
Venerados Irmãos no Episcopado
Queridos Filhos
da Igreja copto-católica

Após a sua eleição para a Sede Patriarcal de Alexandria dos Copto-católicos, Beatitude, a sua primeira visita oficial ao Sucessor de Pedro constitui um momento de graça para a Igreja.

Agradeço-lhe as palavras que acabou de me dirigir relativas ao seu Patriarcado e a sua oração pelo meu ministério. Alegro-me por me encontrar aqui consigo, circundado pelos Bispos do seu patriarcado, pelos sacerdotes e pelos fiéis, para celebrar a "communio ecclesiastica" que tive a graça de lhe conceder a 6 de Abril passado. Saúdo-o muito calorosamente, a si, que veio participar neste grande momento de comunhão fraterna e de unidade da Igreja copto-católica com a Sé Apostólica. Aproveito a ocasião para saudar Sua Beatitude o Cardeal Stéphanos II, Patriarca emérito, que acolho com alegria, o qual consagrou a sua vida ao serviço de Deus e da Igreja copto-católica.

É na celebração da Divina Liturgia que se manifesta o melhor da comunhão em Cristo, que nos torna irmãos. É nela que se exprime em plenitude a comunhão entre todos os católicos, à volta do Sucessor de Pedro. Vossa Beatitude é o Pai e o Chefe da Igreja copto-católica de Alexandria, sede prestigiosa honrada durante os primeiros cinco séculos como o primeiro patriarcado depois de Roma. A sua comunidade patriarcal é portadora de uma rica tradição espiritual, litúrgica e teológica a tradição alexandrina cujos tesouros fazem parte do património da Igreja: ela beneficiou da pregação do evangelista Marcos, intérprete do Apóstolo Pedro; um vínculo particular de fraternidade liga também o vosso Patriarcado à Sé de Pedro. Por conseguinte, desejo garantir-lhe a minha oração e o meu apoio "para o cargo particular" que o Concílio ecuménico Vaticano II confiou às Igrejas católicas orientais: "promover a unidade de todos os cristãos, especialmente orientais" (Orientalium ecclesiarum
OE 24), sobretudo com os vossos irmãos da Igreja copto-ortodoxa. De igual modo, desempenhais um papel importante no diálogo inter-religioso, para desenvolver a fraternidade e a estima entre cristãos e muçulmanos, e entre todos os homens.

Vossa Beatitude, tornando-se Patriarca, conservou o seu nome, Antonios, que recorda a grande corrente do monaquismo, que nasceu no Egipto e que a tradição liga à obra de Santo António, e depois à de São Pacómio. Graças ao contributo ocidental de São Bento, o monaquismo tornou-se uma árvore gigante que deu frutos abundantes e magníficos em todo o mundo. Ao recordar a Igreja copta, não podemos deixar de pensar nos escribas, nos exegetas e nos filósofos, como Clemente de Alexandria e Orígenes, assim como nos grandes patriarcas, confessores e doutores da Igreja, como Atanásio e Cirilo, cujos nomes ilustres assinalam ao longo dos séculos a fé de um povo fervoroso. Vós seguis incessantemente os seus passos, desenvolvendo a pesquisa teológica e espiritual própria da vossa tradição.

No mundo actual, a vossa missão é de grande importância para os fiéis e para todos os homens, aos quais o amor de Cristo nos impele a anunciar a Boa Nova. Congratulo-me, em particular, pela atenção prestada à educação humana, espiritual, moral e intelectual da juventude através de uma rede escolar e catequética de qualidade, que constitui um serviço a toda a sociedade. Faço sentidos votos por que este compromisso educativo seja cada vez mais reconhecido, a fim de que os valores fundamentais sejam transmitidos, com a preocupação pela identidade própria das escolas católicas; os jovens de hoje poderão desta forma tornar-se homens e mulheres responsáveis nas suas famílias e na sociedade, e desejosos de construir uma solidariedade maior e uma fraternidade mais fervorosa entre todos os componentes da nação. Transmiti aos jovens toda a minha estima e o meu afecto, recordando-lhes que a Igreja e toda a sociedade precisam do seu entusiasmo e da sua esperança.

Convido-vos a intensificar a formação dos sacerdotes e dos numerosos jovens que desejam consagrar-se ao Senhor. A vitalidade das comunidades cristãs no mundo de hoje precisa de pastores segundo o coração de Deus, que sejam verdadeiras testemunhas do Verbo de Deus e guias para ajudar os fiéis a enraizar, sempre mais profundamente, a sua vida e missão em Cristo!

Conheço o lugar que a vida consagrada ocupa na sua Igreja. Que a pobreza, a castidade e a obediência vividas segundo os conselhos evangélicos sejam um testemunho e uma chamada à santidade para o mundo de hoje! Possam os membros dos Institutos consagrados prosseguir as suas missões, sobretudo junto dos jovens e das pessoas mais desamparadas da sociedade.

No final do nosso encontro, dirijo-lhe, Beatitude, os votos fraternos por que o Espírito Santo o esclareça no exercício do seu cargo, o conforte nas dificuldades e lhe obtenha a alegria de ver crescer em fervor e em número a sua Igreja patriarcal. No início do seu ministério, desejo recordar a todos as palavras de Cristo aos discípulos: "Não temais, pequeno rebanho, porque aprouve ao vosso Pai dar-vos o Reino" (Lc 12,32). Enquanto dirijo através de vós as minhas calorosas saudações ao povo egípcio, a todos confio à intercessão da Virgem Maria e de todos os santos coptas. Concedo-vos de todo o coração, assim como aos Bispos e a todos os fiéis do seu patriarcado, uma afectuosa Bênção Apostólica.




AOS PARTICIPANTES NO CONGRESSO INTERNACIONAL PROMOVIDO POR OCASIÃO DO V CENTENÁRIO DOS MUSEUS DO VATICANO Terça-feira, 16 de Dezembro de 2006

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Senhor Cardeal
Venerados Irmãos no Episcopado
Ilustres Senhores e Senhoras

É para mim uma honra e um prazer receber no dia de hoje uma tão qualificada representação de responsáveis das maiores instituições museais do mundo inteiro. Dirijo a cada um de vós a minha mais cordial saudação, acompanhada pela sincera gratidão para a vossa hodierna visita.

Em primeiro lugar, saúdo o Presidente do Governatorato do Estado da Cidade do Vaticano, o Arcebispo D. Giovanni Lajolo, a quem estou grato também por se ter feito intérprete dos sentimentos de todos os presentes. Saúdo o Senhor Cardeal, os Bispos, as personalidades e os especialistas provenientes de todos os continentes.

Dirijo um agradecimento particular ao Director dos Museus do Vaticano e aos seus colaboradores, assim como a quantos prepararam e organizaram este Congresso, que conclui um calendário repleto de iniciativas comemorativas do V Centenário dos Museus do Vaticano.

As múltiplas manifestações, que se realizaram ao longo do ano inteiro, não tendiam somente a comemorar acontecimentos relativos ao passado, mas também a criar novas oportunidades de aprofundamento para os numerosíssimos visitantes que, todos os dias, frequentam os Museus. Desta forma, pôs-se em evidência quanto interesse suscita uma realidade museal tão estratificada ao longo do tempo.

Por conseguinte, congratulo-me por este Congresso, cuja atenção esteve centrada numa temática de indubitável interesse: a identidade e o papel do museu hoje, e as suas futuras perspectivas. Precisamente porque dedicada ao estudo da função e das finalidades da instituição do "museu" na sociedade contemporânea, a iniciativa do Congresso não previa simplesmente uma resenha de relatórios apresentados por parte de especialistas.

Quisestes sobretudo confrontar-vos através de estudos teóricos, intervenções específicas, intercâmbios de experiências e um diálogo franco, para ressaltar elementos que permitam delinear melhor a função, que poderíamos definir "educativa", do museu no contexto da hodierna sociedade globalizada. Desde sempre, a Igreja apoia e promove o mundo da arte, considerando a sua linguagem como um privilegiado veículo de progresso humano e espiritual.

Vale a pena recordar também nesta circunstância a inscrição que o meu venerado Predecessor Bento XIV mandou colocar na porta de entrada do Museu Cristão: "Ad augendum Urbis splendorem et asserendam religionis veritatem A fim de promover o esplendor da cidade de Roma e afirmar a verdade da religião cristã".

O desenvolvimento dos Museus do Vaticano ao longo dos tempos demonstra que estas finalidades estiveram sempre bem presentes no compromisso assumidos pelos Sumos Pontífices. Quando recebi, no mês passado, os funcionários desta importante Instituição observei que no seu "código genético" está inscrita a seguinte verdade: a grande civilização clássica e a civilização judaico-cristã não se opõem uma à outra, mas convergem no único desígnio de Deus. Então, acrescentei que se trata de uma lógica própria de todo o Museu, que nesta perspectiva se manifesta verdadeiramente como um conjunto unitário, na complicada subdivisão dos seus departamentos.

Em última análise, poder-se-ia dizer que os Museus do Vaticano podem representar uma extraordinária oportunidade de evangelização porque, através das várias obras ali expostas, oferecem aos visitantes um testemunho eloquente do entrelaçamento contínuo existente entre o divino e o humano na vida e na história dos povos. O ingente número de pessoas que os visitam todos os dias demonstra o interesse crescente por estas obras-primas artísticas e estes testemunhos históricos, que constituem uma maravilhosa síntese de Evangelho e cultura.

Precisamente a partir da experiência dos Museus do Vaticano, revela-se muito apropriada a opção realizada pelos organizadores do Congresso, que se propuseram não se limitar a analisar as instituições museais no seu ordenamento actual. Aliás, eles pediram aos participantes que se interroguem sobre o papel que os Museus poderão desempenhar no futuro, a função que são chamados a assumir na época contemporânea, caracterizada por rápidas mudanças sociais e na qual a rede das comunicações impregnato do o tecido da humanidade.

Indubitavelmente, como se pôde observar durante a realização dos trabalhos, hoje em dia a função do Museu mudou de maneira sensível: de privilégio que era, o Museu passou a ser direito; de centro reservado aos artistas, aos especialistas e somente aos homens de cultura, tornou-se nos nossos dias cada vez mais "casa" de todos, correspondendo deste modo a uma difundida exigência formativa da sociedade. Além disso, reserva-se justamente uma atenção especial às novas gerações, que nos Museus podem reconhecer as raízes da sua história e da sua cultura.

Sem dúvida, cada oportunidade para favorecer a integração e o encontro entre os indivíduos e os povos há-de ser encorajada. Nesta perspectiva também os Museus, mesmo tendo em consideração as mudadas condições sociais, podem tornar-se lugares de mediação artística, elos de união entre o passado, o presente e o futuro, encruzilhada de homens e de mulheres provenientes dos vários continentes, além de canteiros de pesquisa e centros de enriquecimento cultural e espiritual.

Graças a Deus o diálogo, cada vez mais almejado entre as diversas culturas e religiões, não pode deixar de facilitar o conhecimento recíproco e tornar mais profícuos os esforços em vista de construir um futuro conjunto de progresso solidário e de paz para toda a humanidade. Os Museus só poderão contribuir para difundir a cultura da paz se, conservando a sua natureza de templos da memória histórica, se tornarem também lugares de diálogo e de amizade entre todos.

Ilustres Senhores e Senhoras, renovo a cada um de vós o meu cordial agradecimento pela vossa visita hodierna e faço votos a fim de que o vosso trabalho diário contribua para transmitir às gerações vindouras o amor por aquela beleza que, como já escrevia Dostoievski, "salvará o mundo" (O idiota, p. III, cap. V, Milão 1998, pág. 645). Com estes sentimentos, enquanto formulo fervorosos votos para as iminentes Festividades de Natal, invoco sobre todos vós e as vossas famílias a abundância das Bênçãos de Deus.




À DELEGAÇÃO DA "B'NAI B'RITH INTERNATIONAL" POR OCASIÃO DA VISITA AO VATICANO Segunda-feira, 18 de Dezembro de 2006

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Queridos amigos

É-me grato saudar esta delegação da B'nai B'rith International, por ocasião da vossa visita ao Vaticano. A seguir à promulgação da Declaração Nostra aetate, do Concílio Vaticano II em 1965, os líderes da B'nai B'rith já visitaram a Santa Sé em numerosas circunstâncias. Hoje, no espírito de compreensão, de respeito e de apreço mútuo que está a desenvolver-se entre as nossas comunidades, dou-vos as boas-vindas e, através de vós, também a todos aqueles que representais.

Muito já se alcançou ao longo das últimas quatro décadas de relações judaico-católicas, e devemos estar gratos a Deus pela notável transformação que teve lugar com base no nosso património espiritual conjunto. É esta rica herança de fé que torna as nossas comunidades capazes não só de entrar em diálogo, mas também de participar nos trabalhos comuns para o bem da família humana. O nosso mundo agitado tem necessidade do testemunho de pessoas de boa vontade, inspiradas pela verdade revelada na primeira página das Escrituras, segundo a qual todos os homens e todas as mulheres foram criados à imagem de Deus (cf.
Gn 1,26-27) e, desta maneira, possuem uma dignidade e um valor inalienáveis.

Os judeus e os cristãos são chamados a trabalhar em conjunto para a purificação do mundo, mediante a promoção dos valores espirituais e morais, fundamentados nas nossas convicções de fé. Se dermos um claro exemplo de cooperação fecunda, a nossa voz de correspondência às necessidades da família humana poderá ser ainda mais convincente.

Por ocasião da vossa visita, reitero a minha esperança e a minha oração infalíveis pela paz na Terra Santa. A paz só poderá instaurar-se, se nascer em igual medida da solicitude de judeus, cristãos e muçulmanos, expressa mediante o diálogo inter-religioso genuíno e gestos concretos de reconciliação. Todos os fiéis devem enfrentar o desafio de demonstrar que não são o ódio e a violência, mas sim a compreensão e a cooperação pacífica que abrem a porta para aquele futuro de justiça e de paz, que constitui a promessa e a dádiva do próprio Deus.

Ao longo deste período santo, desejo invocar cordialmente sobre vós e as vossas famílias a abundância das Bênçãos divinas.

Shalom alechem




AOS JOVENS DA ACÇÃO CATÓLICA ITALIANA RECEBIDOS NA SALA DO CONSISTÓRIO Quinta-feira, 21 de Dezembro de 2006

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Queridos jovens
da Acção Católica Italiana!

Também este ano quisestes visitar o Papa, na imediata proximidade do Santo Natal. Acolho-vos com afecto e agradeço-vos de coração a vossa presença, portadora como sempre de alegria e de entusiasmo. Em vós, saúdo todos os jovens da ACR (Acção Católica Jovens), espalhados nas dioceses italianas e que vós representais aqui. Saúdo de coração o vosso Assistente-Geral, D. Francesco Lambiasi, e o Presidente, Prof. Luigi Alici, juntamente com todos os vossos educadores.

Dissestes-me que neste ano o vosso caminho formativo percorre a via da beleza na busca da verdade. Por isso, escolhestes um slogan simples e eficaz: "Bello, vero!" [Bonito, é verdade?]. O Natal é o grande mistério da Verdade e da Beleza de Deus que vem no meio de nós para a salvação de todos. O nascimento de Jesus não é uma fábula: é uma história que aconteceu realmente em Belém há dois mil anos. A fé faz-nos reconhecer naquele pequeno Menino, nascido da Virgem Maria, o verdadeiro Filho de Deus, que por amor a nós se fez homem. "Rei do céu, nasce numa gruta com o frio e o gelo", assim narra o hino natalício "Tu desces das estrelas", conhecido no mundo inteiro.

No rosto do pequeno Jesus contemplamos o rosto de Deus que não se revela na força ou no poder, mas na fragilidade e na débil constituição de um menino. Este "Menino divino", envolvido em faixas e colocado na manjedoura com materna atenção da Mãe, Maria, revela toda a bondade e a infinita beleza de Deus. Mostra a fidelidade e a ternura do amor infinito com o qual Deus circunda cada um de nós. Por isso festejamos o Natal, ao reviver a mesma experiência dos pastores de Belém. Juntamente com tantos pais e mães que se empenham todos os dias, ao enfrentar contínuos sacrifícios, juntamente com os pequenos, os doentes, os pobres, façamos festa porque com o nascimento de Jesus, o Pai celeste respondeu ao desejo de verdade, de perdão e de paz do nosso coração. E respondeu com um amor tão grande que nos surpreende: ninguém jamais teria podido imaginá-lo, se Jesus não no-lo tivesse revelado!

A admiração que experimentamos diante do encanto do Natal reflecte-se de qualquer modo na maravilha de todos os nascimentos e convida-nos a reconhecer o Menino Jesus em todas as crianças, que são a alegria da Igreja e a esperança do mundo. O Recém-nascido que vem ao mundo em Belém é o mesmo Jesus que caminhava pelas estradas da Galileia e que doou a vida por nós sobre a Cruz; é o mesmo Jesus que ressuscitou e, após a sua ascensão ao Céu, continua a guiar a sua Igreja com a força do seu Espírito. Esta é a verdade bonita e grande da nossa fé cristã!

Queridos jovens da ACR! O Papa vos quer bem, confia em vós e vos confia hoje a tarefa de ser amigos e testemunhas de Jesus, que veio no meio de nós em Belém. Porventura não é bonito fazê-lo conhecer cada vez mais entre os vossos amigos, nas cidades, nas paróquias e nas vossas famílias? A Igreja tem necessidade de vós para estar próxima de todas as crianças e jovens que vivem na Itália. Testemunhai que Jesus nada subtrai da vossa alegria, mas torna-vos mais humanos, mais verdadeiros, mais bonitos. Obrigado de novo pela vossa visita. Abençoo-vos com afecto, juntamente com as vossas pessoas queridas, os educadores, os assistentes e com todos os amigos da ACR.

Bom Natal!





Discursos Bento XVI 14186