Discursos Bento XVI 214

ADDRESS OF HIS HOLINESS BENEDICT XVI TO H.E. MR AMITAVA TRIPATHI NEW AMBASSADOR OF THE REPUBLIC OF INDIA TO THE HOLY SEE Clementine Hall

Thursday, 18 May 2006




Your Excellency,

215 I am pleased to welcome you to the Vatican as you present the Letters by which you are accredited Ambassador Extraordinary and Plenipotentiary of the Republic of India to the Holy See. I thank you most heartily for the greetings which you have brought me from the Indian Government and people, and I ask you kindly to convey my own greetings to President Abdul Kalam, together with the assurance of my prayers for the peace and prosperity of the nation and its citizens.

India’s ongoing efforts to build a democratic and free society are grounded in her conviction of the need to respect the variety of cultures, religions and ethnic groups which make up the nation and shape the aspirations of her sons and daughters. The Indian people are rightly proud of the stability of their political institutions, while at the same time recognizing the formidable challenges involved in promoting justice, combating all forms of violence and extremism, and establishing a climate of serene and respectful dialogue, cooperation and good will between the different components of their vast and diverse society. As the nation continues to enjoy significant economic growth, these democratic values should serve as the inspiration and the sure foundation for sound social policies aimed at enabling all citizens to share in this growth and to enjoy its benefits.

In this regard, I wish to assure you of the wish of India’s Catholic community to share fully in the life of the nation in a spirit of collaboration and concern for the common good. You have graciously acknowledged the contribution which the spiritual heirs of Saint Thomas the Apostle and Saint Francis Xavier have made to the growth of modern India, especially in the fields of education and human development. The Church sees these works as a fundamental part of her mission of proclaiming the innate dignity and rights of each human person made in the image and likeness of God, as well as an important service to the building of a just, peaceful and pluralistic society. When the gifts and talents of all citizens, men and women, young and old, wealthy and poor alike, are valued and developed, the way is opened to a future of prosperity and social harmony for the whole nation.

I very much appreciate your reference to India’s rich spiritual heritage and commitment to religious tolerance and respect. In view of this commitment, no citizen of India, especially the weak and the underprivileged, should ever have to experience discrimination for any reason, especially based on ethnic or religious background or social position. The recent re-establishment of the National Integration Council and the creation this year of the Ministry for Minority Affairs offer practical means of upholding constitutionally guaranteed equality of all religions and social groups. While protecting the right of each citizen to profess and practise his or her faith, they also facilitate efforts to build bridges between minority communities and Indian society as a whole, and thus foster national integration and the participation of all in the country’s development. The disturbing signs of religious intolerance which have troubled some regions of the nation, including the reprehensible attempt to legislate clearly discriminatory restrictions on the fundamental right of religious freedom, must be firmly rejected as not only unconstitutional, but also as contrary to the highest ideals of India’s founding fathers, who believed in a nation of peaceful coexistence and mutual tolerance between different religions and ethnic groups.

Here I cannot fail to express the Holy See’s appreciation of India’s desire to settle through negotiation and peaceful means the long-standing dispute with neighbouring Pakistan. Last year’s earthquake in Kashmir, with its tragic loss of life and widespread material destruction, showed the urgent need for joint efforts in responding to the emergency, providing relief to the victims and undertaking the immense work of rebuilding. Increased dialogue and cooperation should also prove helpful in meeting a number of other challenges in the region, including the threat of violence linked to political and religious extremism. As experience has shown, this troubling phenomenon, which is often the fruit of situations of poverty, lack of education, and scant respect for the rights of others, is best combated by concerted efforts to resolve these underlying social problems at their roots. Where the innate dignity and freedom of each man and woman is acknowledged, respected and promoted at every level of society, the foundations are laid for a future of justice, freedom and peace.

Your Excellency, as you undertake the mission of representing the Republic of India to the Holy See, please accept my personal good wishes for the success of your important work. Be assured that you may always count on the offices of the Roman Curia to assist and support you in the fulfillment of your high responsibilities. Upon you and your family, and upon all the beloved Indian people, I cordially invoke the abundant blessings of Almighty God.



AO SENHOR DOMINGOS DIAS PEREIRA MASCARENHAS

NOVO EMBAIXADOR DE CABO VERDE JUNTO DA SANTA SÉ 18 de Maio de 2006


Senhor Embaixador

É com prazer que recebo Vossa Excelência por ocasião da apresentação das Cartas que o acreditam como Embaixador extraordinário e plenipotenciário de Cabo Verde junto da Santa Sé.

Agradeço-lhe as deferentes palavras que acaba de me dirigir, assim como as saudações que me transmitiu da parte de Sua Excelência o Sr. Pedro Verona Rodriguez Pires, Presidente da República. Agradeço-lhe a amabilidade de retribuir com os meus votos fervorosos de bem-estar e prosperidade para a sua pessoa e para todo o povo cabo-verdiano.

Como Vossa Excelência ressaltou no seu discurso, a presença da Igreja nas ilhas de Cabo Verde remonta há vários séculos, fazendo com que a fé cristã fosse um componente essencial da cultura e do património espiritual da população. Assim, é importante que as relações entre a Igreja e o Estado se desenvolvam harmoniosamente no respeito da autonomia das duas partes, porque os dois, mesmo se em âmbitos diferentes, estão ao serviço da vocação pessoal e social das mesmas pessoas, na busca do bem comum. Senhor Embaixador, como sabe, a Igreja católica deseja contribuir para o desenvolvimento integral dos povos.

216 De facto, a pobreza na qual tantos homens e mulheres vivem não podem deixar de interpelar a consciência humana. Ela apresenta a todos a questão dramática da justiça. O subdesenvolvimento não é uma fatalidade. Deve ser enfrentado com determinação e perseverança. Pois, como recordou com frequência o Magistério da Igreja, o desenvolvimento não é apenas uma aspiração, mas um direito: "A colaboração no desenvolvimento de todos os homens e do homem todo é, de facto, um dever de todos para com todos" (Encíclica Sollicitudo rei socialis SRS 32).

Por conseguinte, é necessário que uma autêntica solidariedade favoreça relações mais equitativas entre as nações, assim como o seu desenvolvimento humano e espiritual. Com efeito, a solidariedade deve ser exercida não só no âmbito de cada sociedade, mas também entre os povos porque, para criar um espaço de paz e de estabilidade que permita o progresso económico e o equilíbrio político,é indispensável uma cooperação confiante e corajosa.

Por conseguinte, faço sentidos votos por que a solidariedade internacional, sobretudo em favor da África, conheça um renovado impulso, a fim de que esse continente, tão duramente provado, possa comprometer-se de modo decidido pelo caminho do seu progresso integral, da reconciliação e da paz.

Por outro lado, as numerosas dificuldades que o continente africano conhece contribuem para acentuar a expansão do fenómeno migratório e as graves questões que ele origina. Como Vossa Excelência ressaltou, Senhor Embaixador, um importante número de cabo-verdianos foi obrigado a emigrar para procurar melhores condições de vida. Sem dúvida, é dever dos países que recebem as pessoas imigradas praticar um acolhimento fraterno e legislar para favorecer a sua digna inserção na sociedade, respeitando a sua identidade legítima.

Mas, também é necessário considerar os desequilíbrios socioeconómicos, os riscos de uma mundialização sem regras, assim como situações de violência ou de violação dos direitos da pessoa que são factores importantes das migrações. A solidariedade internacional deveria permitir que todos, no seu país, vivam na dignidade e ponham em prática os dons que receberam do Criador.

Por seu intermédio, Senhor Embaixador, gostaria de dirigir também uma cordial saudação aos Bispos do seu país, assim como a toda a comunidade católica. A recente criação da diocese de Mindelo é um sinal da sua vitalidade. Por conseguinte, desejo aos católicos que continuem corajosamente o seu compromisso com todos os seus concidadãos, para construir uma sociedade cada vez mais justa e fraterna.

No momento em que Vossa Excelência inicia a sua missão junto da Santa Sé, apresento-lhe os meus melhores votos pela nobre tarefa que o espera. Junto dos meus colaboradores encontrará sempre o acolhimento atento e a compreensão cordial da qual poderá ter necessidade.

Sobre Vossa Excelência, sobre a sua família e colaboradores, sobre o povo cabo-verdiano e seus dirigentes, invoco de todo o coração a abundância das Bênçãos do Altíssimo.




AO SENHOR VALERIU BOBUTAC NOVO EMBAIXADOR DA REPÚBLICA MOLDOVA JUNTO DA SANTA SÉ POR OCASIÃO DA APRESENTAÇÃO DA CARTAS CREDENCIAIS Sala Clementina

Quinta-feira, 18 de Maio de 2006


Senhor Embaixador

217 É-me grato dar-lhe as boas-vindas ao Vaticano e aceitar as Cartas que o acreditam como Embaixador Extraordinário e Plenipotenciário da República da Moldova junto da Santa Sé. Agradeço-lhe as amáveis palavras e as saudações que que me transmitiu da parte do Presidente, Sua Ex.cia o Senhor Vladimir Voronin. Peço que tenha a amabilidade de lhe comunicar os meus sinceros bons votos e a certeza das minhas orações contínuas pelo bem-estar de toda a sua nação.

A Santa Sé valoriza enormemente os seus vínculos diplomáticos com o seu país, estabelecidos logo após a conquista da própria independência por parte da Moldova, em 1991, e agora desejo fortalecer ulteriormente as cordiais relações que se desenvolveram a partir daquela época.

Consciente dos desafios levantados pela realização de uma transição pacífica rumo à democracia e pela conquista de um lugar no seio da comunidade internacional para o Estado recém-independente, a Santa Sé continua a oferecer o seu encorajamento e a sua assistência de todas as formas possíveis. Embora constituam apenas uma pequena proporção da população, os católicos sentem-se orgulhosos do rico legado cultural da sua pátria e estão ansiosos por desempenhar o papel que lhes compete na vida nacional, contribuindo assim particularmente na área da assistência social. É necessário ressaltar o facto de que tal actividade deriva da própria natureza e missão da Igreja, que inclui o compromisso de promover a dignidade da pessoa humana e de ir ao encontro das necessidades daqueles que padecem todos os tipos de dificuldade. A Igreja está comprometida no pleno respeito pela liberdade de consciência e, como tal, encoraja os governos a progredirem em vista de garantir esta preciosa liberdade a todos os seus cidadãos. A este propósito, a certeza que Vossa Excelência oferece, em sintonia com a posição do seu governo, é muito gratificante. Através do Senhor Embaixador, quereria saudar todos os habitantes da Moldova, mas de modo particular a comunidade católica, que vive sob a liderança do Bispo de Chisinau, D. Anton Cosa.

Tendo em vista a sua solicitude pela paz e pela justiça, a Igreja tem naturalmente a peito o debate sobre o status da Transdnistria. Enquanto estou plenamente consciente da complexidade desta problemática, exorto o seu governo a perseverar na busca de uma solução pacífica e a trabalhar em harmonia com os organismos da União Europeia, do Conselho da Europa e de outras organizações internacionais, em ordem a resolver esta contenda. Rezo a fim de que o seu país possa continuar a progredir rumo a um objectivo de paz, que corresponda às mais excelsas aspirações e expectativas dos povos em todos os lugares.

O interesse demonstrado pelo seu governo, em vista de fazer com que progrida o diálogo com todos os Estados da Europa, é interpretado pela Santa Sé como um sinal de esperança para todo o Continente. Durante demasiado tempo, a Moldova sofreu em virtude da imposição de uma utopia utilitarista da "justiça sem liberdade". Em contrapartida, o Ocidente continua a estar exposto ao perigo de uma utopia alternativa da "liberdade sem verdade", derivante da falsa compreensão da "tolerância". Se quisermos que o bem comum dos cidadãos da Europa seja autenticamente servido, temos o dever de redescobrir a liberdade autentica que provém da comum herança de fé em Jesus Cristo, vivo na sua Igreja, manancial de esperança para toda a Europa (cf. Exortação Apostólica pós-sinodal Ecclesia in Europa, 98). A voz e a experiência do povo da Moldava tem necessidade de serem ouvidas no debate europeu, a fim de poder valorizar as lições das recentes experiências.

Desta maneira, um futuro mais luminoso poderá ser construído, fundamentando-se num compromisso em prol da verdade e, como afirmei no meu Discurso ao Corpo Diplomático no início do corrente ano (9 de Janeiro de 2006), esta é a alma da justiça, é o meio através do qual o direito à liberdade se estabelece e fortalece, abrindo o caminho para o perdão e a reconciliação.

Excelência, estou persuadido de que a missão diplomática que o Senhor Embaixador começa no dia de hoje haverá de consolidar os bons relacionamentos que já existem entre a República da Moldova e a Santa Sé. Enquanto lhe formulo os meus melhores votos pelos anos vindouros, gostaria de assegurar a Vossa Excelência que os vários Departamentos da Cúria Romana lhe oferecerão de bom grado a ajuda e a assistência necessárias para o cumprimento dos seus deveres. Sobre o Senhor Embaixador, a sua família e todo o povo da Moldova, invoco do íntimo do coração as abundantes Bênçãos de Deus.



À SENHORA ANNE MAREE PLUNKETT

NOVA EMBAIXADORA DA AUSTRÁLIA JUNTO DA SANTA SÉ Quinta-feira, 18 de Maio de 2006

Excelência

É com prazer que lhe dou as boas-vindas hoje, no momento em que aceito as Cartas mediante as quais Vossa Excelência é designada Embaixadora Extraordinária e Plenipotenciária da Austrália junto da Santa Sé. Agradeço-lhe as saudações que me comunicou da parte do Governador-Geral, do governo e do povo da Austrália. Peço que tenha a amabilidade de lhes transmitir o meu sincero sentido de apreço e que lhes assegure as minhas preces pelo bem-estar de toda a nação.

A determinação inabalável da Santa Sé na promoção da causa da paz encontra-se no âmago da sua actividade diplomática. Com convicção firme e com espírito de serviço, ela recorda a todas as pessoas que se quisermos que a paz seja autêntica e duradoura, devemos construí-la sobre o rochedo da verdade acerca de Deus e do homem. Por conseguinte, a aspiração irrefreável pela paz, presente no coração de cada pessoa independentemente das particulares identidades culturais somente poderá ser satisfeita, se for compreendida como fruto de uma ordem prevista e desejada pelo amor de Deus, plantada na sociedade humana pelo seu próprio Fundador, e respeitada pela humanidade na sua sede por uma justiça cada vez mais perfeita (cf. Mensagem para o Dia Mundial da Paz de 2006, n. 3).

218 A Senhora Embaixadora justamente recordou que o compromisso concreto em vista de garantir a aplicação da justiça e a promoção da paz é uma característica amplamente reconhecida do seu povo. Uma expressão tangível disto encontra-se na sua liderança nas operações de manutenção da paz, na sua ajuda generosa aos projectos assistenciais e na prontidão com que contribui em vista dos requisitos para a estabilidade e a segurança internacionais, necessárias para o progresso social e económico no mundo inteiro. As missões da Austrália nas Ilhas Salomão, em Timor Leste e no Afeganistão são altamente reconhecidas pela comunidade internacional, enquanto dão um nobre testemunho da verdade de que todos os povos são membros da mesma família humana, dado que recebem de Deus a dignidade essencial e comum, capaz de ultrapassar todos os limites sociais e culturais (cf. Centesimus annus CA 38).

A louvável decisão de trabalhar pela paz em escala internacional deve ser acompanhada por uma igual determinação em vista de alcançar a justiça a nível local. Bem sei que o seu governo tem abordado assiduamente as preocupações relativas à recepção dos refugiados, a fim de garantir que as considerações humanitárias sejam inseridas na promoção das políticas de imigração e devidamente controladas. A respeito das populações aborígenas da sua terra, ainda há muito a realizar. A sua condição social é causa de muito sofrimento. Encorajo a Senhora Embaixadora e o seu governo a continuar a abordar com compaixão e determinação as profundas causas latentes do seu flagelo. O compromisso em prol da verdade abre o caminho à reconciliação duradoura, por meio de um processo de purificação, de pedido e de concessão do perdão dois elementos indispensáveis para a paz. Deste modo, a nossa memória consegue ser purificada, os nossos corações serenados e o nosso futuro cumulado de esperança bem fundamentada na paz, que brota da verdade (cf. Discurso ao Corpo Diplomático acreditado junto da Santa Sé, 9 de Janeiro de 2006).

Excelência, no momento em que lhe dou as boas-vindas ao Vaticano, é com alegria que dirijo o meu pensamento à visita que, se Deus quiser, hei-de fazer a Sidney por ocasião da Jornada Mundial da Juventude de 2008. A este propósito, quero agradecer ao povo da Austrália, e de maneira especial ao Primeiro-Ministro e ao governo, o entusiasmo com que ele abraçou esta visita e a assistência concreta que já está a prestar à organização da mesma. Mais do que um acontecimento, a Jornada Mundial da Juventude constitui um período de profunda renovação eclesial, especialmente entre os jovens, cujos frutos há-de beneficiar toda a sociedade australiana.

Em países como o seu, Senhora Embaixadora, onde o inquietante processo de secularização se difunde amplamente, muitos jovens estão a compreender que é a ordem transcendente que orienta a vida inteira ao longo do caminho da liberdade e da felicidade autênticas. Contra a onda de relativismo moral que nada reconhecendo como definitivo aprisiona as pessoas numa sede fútil e insaciável de novidade, as gerações mais jovens estão a redescobrir a busca satisfatória da bondade e da verdade. Ao agir deste modo, elas esperam que os líderes eclesiais e civis dissipem qualquer eclipse do sentido de Deus e permitam que a luz da verdade resplandeça, dando um motivo para toda a vida e fazendo com que todos consigam alcançar a alegria e a felicidade.

É este mesmo respeito pela ordem transcendente que tem levado os Australianos a reconhecer a importância fundamental do matrimónio e de uma vida doméstica estável, no coração da sociedade, e a esperar que as forças políticas e sociais inclusive os meios de comunicação e as indústrias de diversão cheguem a reconhecer, apoiar e salvaguardar o valor insubstituível da família. Eles consideram que as pseudoformas de "matrimónio" deturpam o desígnio do Criador e debilitam a verdade acerca da natureza humana, confundindo a falsa compreensão da liberdade com a autêntica liberdade de escolher o dom definitivo do "sim" permanente, que os esposos prometem um ao outro. Por conseguinte, encorajo o povo da Austrália a continuar a enfrentar o desafio de forjar um estilo de vida, tanto individualmente como no seu conjunto, em harmonia com o plano amoroso de Deus por toda a humanidade.

Por sua vez, a Igreja Católica que está na Austrália continua a assistir o matrimónio e a vida familiar, promovendo os fundamentos cristãos da vida cívica. Ela encontra-se profundamente comprometida na formação espiritual e intelectual dos jovens, de forma especial através das suas escolas. Além disso, o seu apostolado caritativo inclui as comunidades de imigrantes e as pessoas que vivem nas margens da sociedade e, mediante a sua missão de serviço, ela enfrentará com generosidade os novos desafios sociais que vierem a surgir.

Excelência, estou convicto de que a sua nomeação fortalecerá ulteriormente os vínculos de amizade que já existem entre a Austrália e a Santa Sé. Ao assumir as suas novas responsabilidades, a Senhora Embaixadora há-de descobrir que os vários Departamentos da Cúria Romana estão sempre disponíveis a assisti-la no cumprimento dos seus deveres. Sobre Vossa Excelência, a sua família e os seus concidadãos, invoco cordialmente as abundantes Bênçãos de Deus Todo-Poderoso.



AOS MEMBROS DA CONFERÊNCIA

EPISCOPAL ITALIANA REUNIDOS PARA A 56ª ASSEMBLEIA Quinta-feira, 18 de Maio de 2006

Queridos Irmãos Bispos italianos

Sinto-me verdadeiramente feliz por me encontrar com todos vós esta manhã, reunidos na vossa Assembleia Geral. Saúdo o vosso Presidente, Cardeal Camillo Ruini, e agradeço-lhe as palavras cordiais que me dirigiu interpretando os sentimentos comuns. Saúdo os três Vice-Presidentes, o Secretário-Geral e cada um de vós, expressando-vos por minha vez o afecto do meu coração e a alegria da nossa comunhão recíproca.

O objecto principal desta vossa Assembleia debruça-se sobre a vida e o ministério dos sacerdotes, na perspectiva de uma Igreja que deseja propender cada vez mais para a sua fundamental missão evangelizadora. Vós continuais assim a obra iniciada na Assembleia de Novembro passado em Assis, na qual concentrastes a vossa atenção sobre os seminários e a formação para o ministério presbiteral. Na realidade, para nós, Bispos, é uma tarefa fundamental estar constantemente próximos dos nossos sacerdotes que através do Sacramento da Ordem participam no ministério apostólico que o Senhor nos confiou.

219 É preciso antes de tudo preocupar-se por uma atenta selecção dos candidatos ao sacerdócio, verificando as suas predisposições pessoais para assumir os compromissos relacionados com o futuro ministério; depois, cultivar a formação, não só nos anos do seminário mas também nas sucessivas fases da sua vida; ter a preocupação pelo bem-estar material e espiritual; exercer a nossa paternidade em relação a eles com espírito fraterno, nunca os deixar sozinhos nas fadigas do ministério, na doença e na velhice, nem nas inevitáveis provações da vida.

Queridos irmãos Bispos, quanto mais estivermos próximos dos nossos sacerdotes, tanto mais eles, por sua vez, terão para connosco o afecto e a confiança, desculparão os nossos limites pessoais, acolherão a nossa palavra e sentir-se-ão solidários connosco nas alegrias e nas dificuldades do ministério.

No centro do nosso relacionamento com os sacerdotes, como da nossa própria vida e da sua, está com todo o realce a relação com Cristo, a união íntima com Ele, a participação na missão que Ele recebeu do Pai. O mistério do nosso sacerdócio consiste naquela identificação com Ele em virtude da qual nós, débeis e pobres seres humanos, pelo Sacramento da Ordem podemos falar e agir em persona Christi capitis. Todo o percurso da nossa vida de sacerdotes só pode ter esta meta como objectivo: configurar-nos na realidade da existência e nos comportamentos quotidianos ao dom e ao mistério que recebemos. Devem guiar-nos e confortar-nos neste caminho as palavras de Jesus: "Já não vos chamo servos, visto que um servo não está ao corrente do que faz o seu senhor; mas a vós chamei-vos amigos, porque vos dei a conhecer tudo o que ouvi do meu Pai" (
Jn 15,15).

O Senhor entrega-se às nossas mãos, transmite-nos o seu mistério mais profundo e pessoal, quer que sejamos partícipes do seu poder de salvação. Mas evidentemente isto exige que nós, por nossa vez, sejamos verdadeiramente amigos do Senhor, que os nossos sentimentos se conformem com os seus sentimentos, o nosso querer com o dele (cf. Ph 2,5), e este é um caminho de todos os dias.
O horizonte da amizade no qual Jesus nos introduz é a humanidade inteira: de facto, Ele quer ser para todos o bom Pastor que dá a própria vida (cf. Jn 10,11), e ressalta-o com realce no sermão do Bom Pastor que veio para reunir todos, não só o povo eleito mas todos os filhos de Deus dispersos. Por isso, também a nossa solicitude pastoral não pode deixar de ser universal.

Certamente devemos preocupar-nos antes de mais por aqueles que, como nós, crêem e vivem com a Igreja é muito importante, mesmo nesta dimensão de universalidade, que vejamos antes de mais aqueles fiéis que vivem todos os dias o seu ser Igreja com humildade e amor e contudo não nos devemos cansar de sair, como nos pede o Senhor, "pelas estradas e caminhos" (cf. Lc 14,13), para convidar para o banquete que Deus preparou também àqueles que até agora não o conheceram, ou talvez tenham preferido ignorá-lo. Queridos irmãos Bispos italianos, uno-me a vós ao dizer um grande obrigado aos nossos sacerdotes pela sua contínua e muitas vezes escondida dedicação e ao pedir-lhes, com espírito fraterno, que confiem sempre no Senhor e que caminhem com generosidade e coragem pelo caminho que conduz à santidade, confortando e apoiando-nos também a nós, Bispos, no mesmo caminho.

Nesta Assembleia tratastes também o já próximo Congresso eclesial nacional que se realizará em Verona e no qual, se Deus quiser, terei também eu a alegria de intervir. Tendo por tema "Testemunhas de Jesus ressuscitado, esperança do mundo", o Congresso será um grande momento de comunhão para todos os componentes da Igreja na Itália. Será possível fazer o ponto da situação sobre o caminho percorrido nos últimos anos e sobretudo olhar o futuro, para enfrentar juntos a tarefa fundamental de manter sempre viva a grande tradição cristã, que é a principal riqueza da Itália.

Para esta finalidade é particularmente feliz a escolha de pôr no centro do Congresso Jesus ressuscitado, fonte e esperança para todos: a partir de Cristo, de facto, e só a partir d'Ele, da sua vitória sobre o pecado e sobre a morte, é possível responder à necessidade fundamental do homem, que é necessidade de Deus, não de um Deus distante e genérico mas do Deus que em Jesus Cristo se manifestou como o amor que salva. E também é possível projectar uma luz nova e libertadora sobre as grandes problemáticas do tempo presente. Mas esta prioridade de Deus antes de tudo nós precisamos de Deus é de grande importância.

Em Verona será portanto necessário concentrar-se antes de tudo sobre Cristo, porque em Cristo Deus é concreto, está presente, mostra-se, e portanto concentrar-se sobre a missão prioritária da Igreja de viver a sua presença e de tornar o mais possível visível a todos esta mesma presença.

Sobre estas bases examinareis justamente os vários âmbitos da existência quotidiana, dentro dos quais o testemunho dos crentes deve tornar operante a esperança que vem de Cristo ressuscitado: em concreto, a vida afectiva e a família, o trabalho e a festa, a doença e as várias formas de pobreza, a educação, a cultura e as comunicações sociais, as responsabilidades civis e políticas. De facto, não existe dimensão alguma do homem que Cristo não conheça. A vossa atenção, queridos irmãos Bispos, também na actual Assembleia se dirige de modo especial aos jovens.

É-me grato recordar convosco a experiência de Agosto passado em Colónia, quando os jovens italianos, acompanhados por muitos de vós e dos vossos sacerdotes, participaram em grande número e intensamente na Jornada Mundial da Juventude. Trata-se agora de orientar o itinerário que levará ao encontro de 2008 em Sidney, dando espaço ao entusiasmo e à vontade de participação dos jovens. Desta forma, eles poderão compreender cada vez melhor que a Igreja é a grande família na qual, vivendo a amizade de Cristo, nos tornamos verdadeiramente livres e amigos entre nós, superando as divisões e as barreiras que afastam a esperança.

220 Por fim, desejo partilhar convosco a solicitude que vos anima em relação ao bem da Itália. Como tive a ocasião de realçar na Encíclica Deus caritas est (nn. 28-29), a Igreja está muito consciente de que "a distinção entre o que pertence a César e o que é de Deus faz parte da estrutura fundamental do cristianismo (cf. Mt 22,21), isto é, entre o Estado e a Igreja, ou seja, a autonomia das realidades temporais, como ressaltou o Concílio Vaticano II na Gaudium et spes.

A Igreja não só reconhece e respeita esta distinção, mas alegra-se dela, como de um grande progresso da humanidade e de uma condição fundamental para a sua própria liberdade e cumprimento da sua universal missão de salvação entre todos os povos. Ao mesmo tempo, e precisamente em virtude da mesma missão de salvação, a Igreja não pode faltar à sua tarefa de purificar a razão, mediante a proposta da própria doutrina social, argumentada "a partir daquilo que é conforme com a natureza de cada ser humano", e despertar as forças morais e espirituais, abrindo a vontade às exigências autênticas do bem.

Por sua vez, uma laicidade sadia do Estado exige sem dúvida que as realidades temporais sejam regidas por normas que lhes são próprias, às quais pertencem por isso também aquelas orientações éticas que encontram o seu fundamento na própria essência do homem e, por isso, remetem em última análise para o Criador. Nas actuais circunstâncias, recordando o valor que têm para a vida não só privada mas também e sobretudo pública alguns princípios éticos fundamentais, radicados na grande herança cristã da Europa e em particular da Itália, não cometemos portanto violação alguma da laicidade do Estado, mas contribuimos antes para garantir e promover a dignidade da pessoa e o bem comum da sociedade.

Caríssimos Bispos italianos, com base nestes valores somos devedores de um claro testemunho a todos os nossos irmãos em humanidade: com ele não lhes impomos inúteis pesos mas ajudamo-los a progredir pelo caminho da vida e da liberdade autêntica. Garanto-vos a minha oração quotidiana, assim como pelas vossas Igrejas e por toda a amada Nação italiana e concedo com grande afecto a Bênção Apostólica a cada um de vós, aos vossos sacerdotes, a cada família italiana, especialmente a quem mais sofre e mais sente a necessidade da ajuda de Deus.



AOS PARTICIPANTES NO ENCONTRO

PROMOVIDO PELA FUNDAÇÃO "CENTESIMUS ANNUS PRO PONTIFICE" Sexta-feira, 19 de Maio de 2006



Senhor Cardeal
Venerados Irmãos no Episcopado
e no Presbiterado
Queridos irmãos e irmãs!

Estou feliz por vos encontrar pela primeira vez e apresento-vos as minhas cordiais saudações. Saúdo especialmente o Senhor Cardeal Attilio Nicora, Presidente da Administração do Património da Sé Apostólica, e também o Presidente da Fundação, Conde Lorenzo Rossi di Montelera, a quem agradeço as palavras que me dirigiu em vosso nome. Saúdo os Bispos presentes e os sacerdotes, vossos assistentes espirituais. A cada um de vós expresso estima e gratidão pelo serviço que prestais ao Sucessor de Pedro e pela generosidade com que sustentais a actividade apostólica.

O próprio nome da vossa Fundação indica com clareza as nobres finalidades que seguis. Centesimus Annus remete para a última grande Encíclica social de João Paulo II, com a qual o inesquecível Pontífice, ao resumir cem anos de Magistério neste campo, projectou a Igreja para o futuro, estimulando-a ao confronto com as res novae do terceiro milénio. Centesimus Annus, além disso, significa o vosso empenho para colaborar a fim de que nas diversas áreas culturais do mundo contemporâneo a doutrina social da Igreja desempenhe de modo límpido a sua tarefa para a difusão do Evangelho.


Discursos Bento XVI 214