Discursos Bento XVI 24517

A UMA DELEGAÇÃO DA EX-REPÚBLICA JUGOSLAVA DA MACEDÓNIA Quinta-feira, 24 de Maio de 2007

24517
Senhor Presidente do Parlamento
Ilustres Membros do Governo
Venerados Irmãos Representantes
da Igreja Ortodoxa
e da Igreja Católica

Ainda conservo viva a recordação do recente encontro durante o qual Sua Excelência o Senhor Primeiro-Ministro me transmitiu a cordial saudação do Primeiro-Magistrado do vosso país.

Recordo também com prazer os intercâmbios epistolares que se lhe seguiram, como testemunho das relações amistosas e positivas já existentes entre a Sé Apostólica e a República que aqui vós representais dignamente. Esta colaboração inclui tanto aspectos civis como religiosos, e faço votos ardentes a fim de que possa intensificar-se cada vez mais.

Também o encontro hodierno, que se realiza por ocasião da tradicional celebração da memória litúrgica dos Santos Cirilo e Metódio, insere-se neste contexto de mútua estima e amizade. Mestres na fé dos povos eslavos, estes dois grandes Apóstolos do Evangelho são invocados como intercessores e protectores de todos os católicos da Europa, desejosos de conservar inalterado o património espiritual que eles nos legaram e construir em conjunto um futuro de progresso e de paz para todos.

Ao dirigir-vos as minhas cordiais boas-vindas, faço meus os votos que vós manifestastes, ou seja, a fim de que que não se compartilhe apenas o património espiritual de que vós sois herdeiros, mas que à vossa identidade peculiar seja reservada a devida e por vós esperada consideração por parte dos outros povos europeus que vos estão próximos por tradição e por cultura. Estes Santos co-Padroeiros da Europa, aos quais vos referis com pleno direito, traçaram um caminho humano e espiritual, que faz da vossa Terra um lugar de encontro entre diversas exigências culturais e religiosas. A composição pacífica das aspirações dos povos que ali habitam projecta no continente europeu um cenário de diálogo eficaz e fecundo, que a Santa Sé observa de modo favorável.

Faço votos a fim de que possais conservar sempre com fidelidade a herança dos vossos dois Santos Protectores, de tal forma que a vossa voz, tanto no campo civil como no religioso, possa ser ouvida e tida na justa consideração. Enquanto invoco de Deus a serenidade e a paz para a vossa Pátria, é de bom grado que nesta circunstância singular renovo a cada um de vós a expressão da benevolência amistosa da Sé Apostólica. Acompanho estes meus cordiais sentimentos com a certeza da minha estima e amizade pessoal. Mais uma vez, formulo sinceros bons votos, enquanto os corroboro com a oração que elevo a Deus por vós aqui presentes, pelas Autoridades e pelo povo da Macedónia.





À SENHORA AYESHA RIYAZ NOVA EMBAIXADORA DA REPÚBLICA ISLÂMICA DO PAQUISTÃO POR OCASIÃO DA APRESENTAÇÃO DAS CARTAS CREDENCIAIS

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Sexta-feira, 1 de Junho de 2007


Excelência

É com prazer que lhe dou as boas-vindas ao Vaticano e aceito as Cartas Credenciais mediante as quais Vossa Excelência é designada Embaixadora Extraordinária e Plenipotenciária da República Islâmica do Paquistão junto da Santa Sé. Pedir-lhe-ia que transmitisse as minhas saudações a Sua Excelência o Senhor Presidente Pervez Musharraf, bem como ao governo e ao povo da sua nação. Estou convicto de que o espírito de cooperação que distinguiu as nossas relações diplomáticas ao longo de mais de cinco décadas continuará a promover os valores fundamentais necessários para fomentar a dignidade inerente da pessoa humana. Pedir-lhe-ia também que comunicasse as minhas saudações afectuosas aos fiéis católicos do Paquistão e aos seus Bispos, assegurando-lhes as minhas ardentes orações pelo seu bem-estar.

Vossa Excelência salientou justamente a nossa finalidade comum de promover a paz e a justiça no mundo, a fim de assegurar um futuro melhor para a humanidade. Isto somente pode ser alcançado, se houver uma cooperação genuína entre os povos, as religiões e as nações. A este propósito, a Santa Sé aprecia o compromisso assumido pelo Paquistão, de trabalhar em conjunto com a comunidade internacional para criar uma maior estabilidade na sua região e assim proteger as vidas inocentes contra as ameaças do terrorismo e da violência. O caminho para a segurança nacional e internacional é longo e difícil. Ele exige grande paciência e determinação. Apesar dos obstáculos que se encontram ao longo da estrada, deveriam ser encorajados e promovidos todos os esforços em vista de conservar aberta o caminho para a paz, a estabilidade e a esperança.

O povo do Paquistão conhece muito bem o sofrimento causado pela violência e pelo desrespeito da lei que, como Vossa Excelência observou correctamente, levam à desestabilização. Os princípios da democracia asseguram a liberdade de expressar publicamente, e de várias maneiras, as próprias opiniões políticas. Este direito deveria ser exercido sempre de modo responsável, de tal maneira que a ordem civil seja mantida e a harmonia social salvaguardada e fomentada. Sei que o seu governo está consciente do dever de analisar as raízes da desordem política e da agitação no interior do seu país, e de fortalecer as suas instituições democráticas. Desta forma, revigora-se a solidariedade nacional e encorajam-se os caminhos pacíficos de reconciliação das diferenças.

Um dos passos que o seu país deu neste sentido é exemplificado pelas recentes reformas eleitorais, que têm em vista facilitar a plena participação de todos os cidadãos, inclusive daqueles que pertencem aos grupos minoritários. Gostaria também de recordar as recentes decisões legislativas tomadas no Paquistão, destinadas a eliminar as formas injustas de preconceito e de discriminação contra as mulheres. O Paquistão reservou sempre um lugar excelso à educação. A boa escolarização não apenas se preocupa com o desenvolvimento cognitivo das crianças, mas inclusive com o espiritual. Orientados pelos seus professores rumo à descoberta da unicidade de cada ser humano como criatura de Deus, os jovens conseguirão reconhecer a dignidade comum de todos os homens e mulheres, de igual maneira daqueles que pertencem a culturas e religiões que são diferentes das suas. Deste modo, a vida civil de uma nação amadurece, fazendo com que todos os cidadãos gozem dos frutos da tolerância genuína e do respeito mútuo.

Uma sólida sociedade democrática depende da sua capacidade de fomentar e de proteger a liberdade religiosa um direito fundamental inerente à própria dignidade da pessoa humana. Por conseguinte, é essencial salvaguardar os cidadãos que pertencem às minorias religiosas, contra os vários actos de violência. Esta salvaguarda não somente está em sintonia com a dignidade do homem, mas também contribui para o bem comum. Numa época em que as ameaças contra a liberdade religiosa estão a tornar-se mais insistentes no mundo inteiro, encorajo o Paquistão a aumentar os seus esforços a fim de assegurar a liberdade para as pessoas poderem viver, seguir o culto e realizar obras de caridade segundo as indicações da própria consciência, e imunes contra qualquer intimidação. Com efeito, existe um vínculo inseparável que une o amor e o culto ao Deus Altíssimo, ao amor e serviço ao nosso próximo (cf. Deus caritas est ). O Paquistão pôs em acção o testemunho desta caridade, a seguir ao trágico terremoto que assolou a sua nação no ano de 2005, quando numerosas organizações, entre as quais também a Igreja católica, ofereceram a sua contribuição para aliviar os sofrimentos das pessoas atingidas por esta catástrofe natural. A Igreja Católica continua a desempenhar um papel importante, oferecendo educação, assistência médica e desempenhando outros serviços caritativos em favor de todos os seus cidadãos, independentemente da sua filiação religiosa.

Desejo concluir, manifestando o meu profundo respeito e admiração pela herança religiosa que tem inspirado o desenvolvimento humano do seu país, e que continua a animar as suas aspirações a uma paz mais vasta e ao entendimento recíproco. Tanto os cristãos como os muçulmanos adoram um único Deus, o Altíssimo, Criador do céu e da terra. É este credo que nos impele a unir mentes e corações, trabalhando incansavelmente pela paz, pela justiça e por um porvir melhor para a humanidade.

Tenha a certeza, Senhora Embaixadora, que os vários Departamentos da Cúria Romana estão prontos a oferecer os respectivos serviços para o ajudar a alcançar estas nobres finalidades. No momento em que Vossa Excelência assume as obrigações que lhe são confiadas, faço extensiva à Senhora Embaixadora os meus sinceros bons votos a fim de que o seu serviço público produza muito fruto. Sobre a sua pessoa, os seus familiares e os seus compatriotas, invoco do íntimo do coração as abundantes Bênçãos de Deus Todo-Poderoso.




AO SENHOR STEFÁN LÁRUS STEFÁNSSON NOVO EMBAIXADOR DA ISLÂNDIA JUNTO DA SANTA SÉ Sexta-feira, 1 de Junho de 2007

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Excelência

É-me particularmente grato dar-lhe as boas-vindas ao Vaticano e aceitar as Cartas Credenciais com que Vossa Excelência é nomeado Embaixador Extraordinário e Plenipotenciário da Islândia junto da Santa Sé. Pedir-lhe-ia que tivesse a amabilidade de transmitir a Sua Excelência o Senhor Presidente Ólafur Ragnar Grímsson, bem como ao governo e ao povo do seu país, a minha gratidão pelos seus bons votos, que retribuo calorosamente, enquanto lhes asseguro as minhas preces pelo bem-estar espiritual da nação.

As relações diplomáticas da Igreja fazem parte da sua missão de serviço em prol da comunidade internacional. Este seu compromisso com a sociedade civil está alicerçado na sua convicção de que a esperança de edificar um mundo mais justo deve reconhecer a vocação sobrenatural do homem. É de Deus que os homens e as mulheres recebem a sua dignidade essencial e, juntamente com ela, a capacidade e o apelo a dirigir os seus passos rumo à verdade e à bondade (cf. Carta Encíclica Fides et ratio
FR 5). No contexto desta vasta perspectiva, podemos contrastar a tendência pragmática, hoje em dia tão predominante, que deseja comprometer-se somente com os sintomas da fragmentação social e a da confusão moral. Onde se põe em evidência a dimensão transcendente da humanidade, os corações e as mentes dos homens aproximam-se de Deus e da verdadeira essência da vida humana a verdade, a beleza, os valores morais, as outras pessoas e o próprio ser (cf. ibid., n. FR 83), levando-os ao fundamento seguro e à visão da esperança para a sociedade.

Como Vossa Excelência observou, uma parte integrante da história da Islândia é constituída pelo Evangelho de Jesus Cristo, inclusive na sua dimensão missionária. Durante mais de mil anos, a Cristandade forjou a cultura islandesa. Nos tempos mais recentes, estas raízes espirituais encontraram um certo grau de ressonância nas suas relações com a Europa. Esta identidade cultural e moral conjunta, formada pelos valores universais da Cristandade, não é simplesmente de importância histórica. Tratando-se de algo constituinte, ela pode permanecer como um "fermento" de civilização. A este propósito, aprecio o reconhecimento aberto do seu governo pelo papel fundamental da Cristandade na vida da sua nação. Quando o discernimento moral público não é desvirtuado do seu significado por um secularismo que negligencia a verdade e, ao mesmo tempo, ressalta as meras opiniões, tanto os líderes civis como os chefes religiosos podem promover os valores e os ideais absolutos, inerentes à dignidade de cada pessoa humana. Desta maneira, em conjunto, eles podem oferecer aos nossos jovens um futuro de felicidade e de realização.

A significativa contribuição da Islândia para a segurança e o desenvolvimento social da família humana no mundo inteiro é muito superior ao seu tamanho e ao número dos seus cidadãos. O compromisso da sua nação no apoio às operações de manutenção da paz e nos programas de assistência é prontamente reconhecido pela Santa Sé e estimado pela comunidade internacional. Embora sejam bem conhecidas a sua condição de membro fundador da NATO-OTAN e a sua longa história de participação na Organização das Nações Unidas, talvez seja menos conhecido o trabalho efectivo da Islândia à Crisis Response Unit. Este serviço bem respeitado constitui um exemplo saliente, no campo das relações internacionais, de homens e mulheres iluminados pelo esplendor da verdade ao longo do caminho da paz (cf. Mensagem para o Dia Mundial da Paz, 2006, n. 3). Tais iniciativas demonstram oportunamente como é possível realizar o desejo de resolver os conflitos de maneira pacífica e a determinação de governar segundo a justiça, a integridade e o serviço ao bem comum.

A preservação do meio ambiente e a promoção do desenvolvimento sustentável são considerados cada vez mais como questões de grave solicitude para todos. Na medida em que amadurecem as reflexões e os estudos sobre a ecologia, torna-se cada vez mais evidente que existe um vínculo inseparável entre a paz com a criação e a paz entre os povos. A plena compreensão deste relacionamento encontra-se na ordem natural e moral com que Deus criou o homem e encheu toda a terra (cf. Mensagem para o Dia Mundial da Paz, 2007, nn. 8-9).

A estreita ligação entre estas duas ecologias é acentuadamente evidenciada, quando se abordam questões relativas aos recursos alimentares e à provisão energética. A comunidade internacional reconhece que os recursos do mundo são limitados. Contudo, o dever de implementar políticas para prevenir a destruição do capital natural nem sempre é observado. Qualquer exploração do meio ambiente ou armazenamento irresponsável dos recursos terrestres ou marinhos reflecte um conceito desumano de desenvolvimento, cujas consequências atingem em maior medida os países mais pobres. Profundamente consciente de tais problemáticas, a Islândia tem justamente salientado a relação entre as Finalidades de Desenvolvimento do Milénio e a salvaguarda do meio ambiente e a utilização sustentável dos recursos enquanto, de maneira louvável, continua a chamar a atenção para o facto de que a vasta maioria daqueles que ganham a vida através da pesca são famílias no mundo em desenvolvimento.

Senhor Embaixador, embora sejam pouco numerosos, os membros da Igreja Católica no seu país alcançam toda a sociedade islandesa. Manifestando o credo da Igreja no "nexo indivisível entre o amor a Deus e o amor ao próximo" (Deus caritas est ), eles empreendem obras de caridade a partir das suas pequenas mas vibrantes comunidades paroquiais. Um exemplo disto, particularmente bonito, encontra-se no convento carmelita de vida contemplativa, em Hafnarfjordur, onde as Irmãs rezam quotidianamente pelas necessidades dos Islandeses.

Excelência, estou convicto de que a missão que o Senhor começa hoje há-de contribuir para fortalecer ainda mais os cordiais laços de entendimento e de cooperação entre a Islândia e a Santa Sé. Tenha a certeza de que os vários Departamentos da Cúria Romana estão prontos a assisti-lo no cumprimento das suas obrigações. Sobre Vossa Excelência, a sua família e os seus concidadãos, invoco as copiosas Bênçãos de Deus Omnipotente.



AO SENHOR JÜRI SEILENTHAL NOVO EMBAIXADOR DA ESTÓNIA JUNTO DA SANTA SÉ Sexta-feira, 1 de Junho de 2007

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Senhor Embaixador

Estou muito feliz por lhe dar as boas-vindas ao Vaticano e aceitar as Cartas Credenciais, através das quais Vossa Excelência é nomeado Embaixador Extraordinário e Plenipotenciário da República da Estónia junto da Santa Sé. Agradeço-lhe as cordiais saudações que Vossa Excelência me transmitiu da parte do Senhor Presidente Ilves e peço-lhe que tenha a cortesia de lhe comunicar os meus respeitosos cumprimentos, juntamente com os meus sinceros bons votos pela prosperidade e pelo bem-estar do povo estoniano.

Nos últimos anos, ao dar continuidade à exigente tarefa de reforma social e económica nacional, a Estónia procurou fortalecer também os seus laços com a Europa e com a comunidade internacional. A participação da sua nação na União Europeia representa, como Vossa Excelência salientou, não apenas o restabelecimento dos vínculos que se prolongam nos séculos, mas também a confirmação de uma grande herança política e espiritual que forjou a alma da sua nação. Hoje a Europa, absorvida no processo de uma rápida transformação, alcançou progressos significativos na edificação de uma casa comum, assinalada pelo crescimento económico, pelo desenvolvimento de novos modelos de unidade no respeito pelas diferenças e pela dedicação à cooperação na causa da justiça e da paz. A Estónia tem muito a contribuir para a Europa do futuro, de modo não indiferente graças à sua realização, tão arduamente alcançada, do valor da liberdade e dos sacrifícios que a liberdade comporta.

A grande revolução que atingiu a Europa Oriental na última década do século passado testemunhou, efectivamente, as inatas e irreprimíveis aspirações à liberdade, presentes nos indivíduos e nos povos, assim como a inseparabilidade entre a liberdade autêntica e a busca da verdade, entre o respeito pela dignidade transcendente de cada pessoa humana e o compromisso no respeito e na solidariedade recíproca. Estes valores, que constituem um legado precioso na história milenária da Estónia, devem ser constantemente reconquistados e receber uma expressão concreta em todos os campos da vida política e social, na convicção de que podem assegurar uma amplitude de visão e despertar as energias espirituais necessárias para a criação de um porvir de esperança. Nos últimos anos, a sua nação experimentou directamente o tremendo desafio de formar uma sociedade que seja genuinamente livre mas, ao mesmo tempo, fiel às tradições que a definem. A Europa tem necessidade deste testemunho, que certamente ajudará o continente no seu conjunto a "reconhecer e reclamar com fidelidade criativa" os seus valores fundamentais, valores estes que foram decididamente formados pela mensagem cristã (cf. Ecclesia in Europa, 109) e constituem um elemento inalienável da sua verdadeira identidade.

Estou grato às amáveis palavras de Vossa Excelência a respeito da Igreja na Estónia, e asseguro-lhe que os católicos da sua nação desejam desempenhar o papel que lhes cabe, num espírito de cooperação respeitosa com os demais fiéis cristãos, na vida da nação. A Igreja propõe o seu ensinamento na convicção de que a verdade do Evangelho lança luz sobre a realidade da situação humana e inspira a sabedoria de que os indivíduos e as comunidades precisam para conseguir discernir e aceitar as exigências da lei moral, que lhes oferecem o fundamento necessário e duradouro para terem relações justas e harmoniosas no seio da sociedade. De maneira especial, a Igreja está comprometida na promoção da santidade do matrimónio, da função fulcral da missão da família, da educação das crianças e do respeito pelo dom divino da vida, desde a concepção até à morte natural. Dado que a saúde de qualquer sociedade depende, de forma não indiferente, da saúde das suas famílias (cf. Sacramentum caritatis, 29) confio que este testemunho há-de contribuir para a consolidação da família e da vida comunitária e, juntamente com políticas sociais sábias e clarividentes, ajudará a revitalizar a longa história estoniana de famílias vigorosas e unidas.

Pois é acima de tudo no seio da família, que os jovens são formados na bondade, na generosidade, no perdão e na solicitude fraterna pelo próximo, enquanto nela recebem um sentido de responsabilidade pessoal para a edificação de um mundo de liberdade, de solidariedade e de esperança.

Senhor Embaixador, é com estes sentimentos que transmito os meus sinceros bons votos pelo trabalho que Vossa Excelência está a encetar ao serviço da sua nação, e asseguro-lhe a disponibilidade constante dos Departamentos da Santa Sé a coadjuvá-lo no cumprimento dos seus deveres. Sobre Vossa Excelência, a sua família e todo o querido povo estoniano, invoco cordialmente as abundantes Bênçãos divinas da alegria e da paz.



À SENHORA DOMITILLE BARANCIRA NOVA EMBAIXADORA DO BURUNDI JUNTO DA SANTA SÉ Sexta-feira, 1 de Junho de 2007

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Senhora Embaixadora

1. É com prazer que recebo Vossa Excelência por ocasião da apresentação das cartas que a acreditam como Embaixadora extraordinária e plenipotenciária da República do Burundi junto da Santa Sé.

Sensibilizaram-me as palavras cordiais que acaba de me dirigir e agradeço-lhe sentidamente. Elas dão testemunho do interesse manifestado pelas Autoridades do seu país pelo desenvolvimento de relações de estima e de concórdia entre o Burundi e a Sé Apostólica. Por seu intermédio, apraz-me apresentar a Sua Excelência o Sr. Pierre Nkurunziza, Presidente da República do Burundi, os votos que formulo pela sua pessoa e pela realização da sua alta missão, ao serviço da nação. Saúdo também com afecto todos os habitantes do seu país, sem esquecer os sofrimentos da população, que foi duramente provada por tantos anos de guerra, que ainda hoje sofre as consequências e que também foi atingida periodicamente pela seca e por inundações. Desejo garantir a minha constante solicitude por eles. Rezo a Deus para que ampare todos os burundianos no compromisso corajoso e generoso que os anima para edificar juntos uma sociedade cada vez mais fraterna e solidária, que constitua também mais amplamente um sinal concreto e um apelo vigoroso à consolidação da paz e da estabilidade na região dos Grandes Lagos!

2. Como Vossa Excelência ressaltou, a Igreja Católica nunca deixou de manifestar a sua proximidade ao povo burundiano partilhando as suas alegrias e provações e pagando ela mesma um pesado tributo à causa da paz e da reconciliação no país. Sensibiliza-me a homenagem que prestais a D. Michael A. Courtney, Núncio Apostólico, assassinado a 29 de Dezembro de 2003 depois de ter encontrado as Autoridades religiosas, políticas e militares na Diocese de Bururi. Recordando este Arcebispo bom e fiel, servidor da paz e da fraternidade entre os povos, formulo votos por que as Autoridades do país não poupem os seus esforços para que seja esclarecido este assassínio e para que os responsáveis compareçam perante a justiça.

3. Entre os instrumentos propostos para a consolidação da paz no seu país, foi considerada uma organização de uma Comissão Verdade e Reconciliação (C.V.R.). Para não decepcionar as expectativas, que nesta matéria são grandes, é necessário que todos se preparem para este trabalho de purificação, delicado e fundamental, com a máxima atenção, abertura de espírito e de coração. Assim, numa busca paciente e obstinada da verdade, será possível que cada qual contribua para curar as feridas da guerra com o bálsamo do perdão, que não exclui a justiça, e de encaminhar o país pela via da paz e do desenvolvimento integral. A Igreja no Burundi está pronta para assumir uma parte activa neste processo, sobretudo com a celebração do Sínodo diocesano, com o diálogo, a participação em acções comuns, para contribuir de modo activo ao estabelecimento de uma paz duradoura e de uma reconciliação sincera. Sem este trabalho em profundidade, será indubitavelmente difícil para muitas pessoas encarar o futuro com esperança.

Outros sinais encorajadores manifestam a vontade comum de trabalhar activamente pela paz e pela reconciliação. Convém sobretudo mencionar as negociações em curso entre o Governo e o Palipehutu-FNL, em vista da concretização do Acordo de cessar-fogo assinado a 7 de Setembro de 2006. Alegrando-me por esta vontade de diálogo, convido todas as partes em causa a respeitar os seus compromissos e a ter acima de tudo a coragem da paz, sem a qual não pode haver verdadeiro desenvolvimento.

4. Vossa Excelência recordou o empenho de todos os burundianos no caminho da consolidação da paz social e do relançamento económico. Neste esforço complexo de longo alcance, que visa a reconstrução material e moral do país, o Burundi não está só nem pode ser deixado só. A comunidade internacional não deixou de oferecer a sua ajuda moral e o seu apoio económico. A mesa redonda dos doadores para o desenvolvimento, realizado em Bujumbura a 24 e 25 de Maio passado, manifestou de modo eloquente este compromisso das delegações presentes a recolher os fundos necessários para garantir o financiamento do Programa das acções prioritárias, em particular o melhoramento do bom governo e da segurança, a promoção de um crescimento económico duradouro cada vez mais equitativo, o desenvolvimento do capital humano, assim como a luta contra a Sida. É motivo de júbilo a entrada do Burundi na Comunidade da África oriental, e da escolha do seu país para sede do Secretariado executivo da Conferência internacioanl sobre a região dos Grandes Lagos. Esta prova de confiança exige que o Burundi responda a esta honra mostrando um sentido exemplar de responsabilidade na adopção e na realização do Pacto sobre a paz, a estabilidade e o desenvolvimento na região dos Grandes Lagos, assinado em Nairobi a 15 de Dezembro passado. Não duvido de que será feito o possível para que os compromissos assumidos sejam respeitados e para que todos os burundianos possam encarar o futuro com serenidade e tornar-se artífices do seu desenvolvimento.

Se todos os habitantes do país estão chamados a contribuir na medida das suas capacidades para a retomada económica e social do Burundi, é justo que eles possam partilhar dos frutos. A fim de permitir que as categorias sociais mais vulneráveis e as mais expostas à violência, aos actos de banditismo, às doenças penso sobretudo nas crianças, nas mulheres, nos refugiados possam usufruir plenamente dos frutos do desenvolvimento, é principalmente necessário que os responsáveis da vida pública tenham acesso a uma tomada de consciência cada vez maior e mais autêntica dos valores morais. Estes valores universais, como o sentido do bem comum, o acolhimento fraterno do estrangeiro, o respeito da dignidade de toda a vida humana, da solidariedade, aos quais a Igreja Católica confere muita importância, constituem um património precioso, que deve tornar-se uma fonte de esperança no futuro e o alicerce que permite fundar a vida social sobre bases garantidas.

5. Saúdo, por seu intermédio, a comunidade católica burundiana e os seus Bispos, encorajando-os a partilhar a esperança que têm no seu coração. A Igreja Católica local e a Santa Sé, cuja contribuição activa para o crescimento e o desenvolvimento do país não necessita de demonstrações, em particular nos campos da educação, da saúde e da paz, deseja que as relações entre a Igreja e o Estado, numa República laica como é o Burundi, sejam cada vez mais marcadas pelo respeito recíproco e pela colaboração activa para o bem de todo o país. Possam os fiéis, juntamente com os seus Pastores numa colaboração sincera com os seus compatriotas, trabalhar fervorosamente para o desenvolvimento solidário do seu país!

6. No momento em que inicia a sua missão, apresento-lhe, Senhora Embaixadora, os meus melhores votos pela nobre tarefa que a aguarda. Tenha a certeza de que encontrará aqui, junto dos meus colaboradores, o acolhimento atento e compreensivo de que poderá precisar.
Invoco sobre Vossa Excelência, sobre a sua família, sobre o povo burundiano e seus dirigentes, a abundância das Bênçãos divinas.




AO SENHOR AHMED HAMID ELFAKI HAMID NOVO EMBAIXADOR DO SUDÃO JUNTO DA SANTA SÉ Sexta-feira, 1 de Junho de 2007

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Senhor Embaixador

1. É com prazer que recebo Vossa Excelência por ocasião da apresentação das Cartas que o acreditam como Embaixador extraordinário e plenipotenciário da República do Sudão junto da Santa Sé.

Expresso-lhe a minha gratidão por me ter transmitido as saudações de Sua Excelência o Presidente Omer Hassan Ahmed El-Bashir, do Governo e do povo sudanês. Ao receber estes votos de paz e fraternidade, invoco o Todo-Poderoso para que ilumine as consciências e apoie os esforços e as iniciativas de todas as pessoas que desejam progredir de modo corajoso e decisivo pelo caminho da consolidação da paz duradoura no seu país e da fraternidade plenamente vivida entre as diferentes componentes da sociedade.

2. Na minha mensagem Urbi et Orbi para a festa da Páscoa de 2007, quis fazer-me eco dos gritos de desespero das pessoas que, em numerosos países do mundo, seja qual for a sua origem étnica ou religiosa, sofrem a ausência da paz, são submetidas a todos os tipos de violência, ao desprezo da vida, à violação dos seus direitos mais fundamentais, à exploração sob todas as formas, à ausência de liberdade e de segurança. As preocupações que então recordei juntam-se, como Vossa Excelência ressaltou, à preocupação das Autoridades do seu país e da Comunidade internacional, sobretudo perante a situação dramática que persiste desde 2003 na região do Darfur, com as suas consequências a nível regional.

Neste conflito destruidor que atinge antes de tudo as populações civis, todos sabem que solução alguma viável para a consecução da paz fundada na justiça pode ser realizada pela força das armas, mas ao contrário ela exige a cultura do diálogo e da negociação, em vista de chegar a uma solução política do conflito, no respeito das minorias culturais, étnicas e religiosas. Nunca é demasiado tarde para fazer corajosamente as opções necessárias e por vezes constrangedoras destinadas a pôr fim a uma situação de crise, sob condição de que todas as partes se comprometam sinceramente e com determinação na sua resolução e que as declarações de princípio sejam acompanhadas por decisões construtivas, em particular sobre as disposições humanitárias urgentes. Portanto, faço apelo a todas as pessoas que têm uma responsabilidade em matéria, para que prossigam os seus esforços e tomem as decisões necessárias. Os diferentes Acordos que Vossa Excelência recordou, como o recente Acordo de reconciliação assinado entre o Sudão e o Chade, sob a égide da Arábia Saudita, obriga as partes a uma colaboração com a União Africana e as Nações Unidas para a estabilização do Darfur e da vizinha região do Chade, são apelos positivos para abandonar as estratégias de confronto, a fim de encontrar soluções viáveis e pontos de apoio estáveis. Assim, a paz e a estabilidade desejadas por todos poderão ser alcançadas penso sobretudo no processo de paz em curso no sul do país com efeitos benéficos a nível nacional, continental e também mundial.

3. Vossa Excelência, Senhor Embaixador, recordou que a paz é um dom de Deus Todo-Poderoso, o Deus criador de todos os homens e de todas as coisas, no qual a unidade da família tem a sua origem. Ela constitui uma aspiração muito profunda ancorada no coração de cada pessoa, e todos se deveriam sentir cada vez mais responsáveis por fazê-la germinar, vigiando por que se enraize na justiça, dê frutos de reconciliação e sirva ao desenvolvimento integral de todos os membros de uma nação sem excepções.

A paz constitui também um desafio a enfrentar pelo seu país, rico na multiplicidade cultural, na diversidade étnica e na coexistência de várias religiões. A diversidade nacional pode, se for considerada positivamente como uma oportunidade, concorrer de modo eficaz para a estabilização da paz e da segurança no país, servir a integração de todas as comunidades presentes no território e o desenvolvimento integral das pessoas, e permitir que a expressão das suas diferenças, num diálogo franco e sincero, sirva o bem comum.

Por fim, a paz apresenta-se como uma tarefa a realizar e um serviço do povo. Compete sobretudo às Autoridades do Estado vigiar activamente, no seio da Nação, pela expressão desta diversidade, não poupando os seus esforços para promover relações cada vez mais fraternas entre os membros da comunidade nacional, eliminar todas as formas de discriminação ou de supremacia de um grupo sobre outro, e garantir o respeito e os direitos das minorias. Assim, a paz mostrar-se-á "não como uma simples ausência de guerra, mas como a harmonia dos cidadãos numa sociedade governada pela justiça, na qual se realiza, na medida do possível, também o bem de todos" (Mensagem para a celebração do Dia Mundial da Paz de 2006, n. 6).

4. Para que todos os homens sejam capazes de estabelecer relações fraternas e sinceras, e que edifiquem uma sociedade cada vez mais justa e equitativa, a contribuição das diferentes tradições religiosas presentes no seu país, com a riqueza do seu património de valores humanos, morais e espirituais, assume uma importância totalmente inflexível. A edificação da paz exige a conversão dos corações. Portanto, parece-me que é necessário que "as relações confiantes que se desenvolveram entre cristãos e muçulmanos há anos, sejam não só prosseguidas, mas se desenvolvam num espírito de diálogo sincero e respeitador dos valores religiosos que temos em comum e que, com lealdade, respeite as diferenças" (Discurso aos Embaixadores dos países muçulmanos, 25 de Setembro de 2006). Para viver de modo cada vez mais pacífico esta missão específica ao serviço do bem de toda a comunidade nacional, é fundamental que as pessoas e as comunidades tenham publicamente a liberdade de professar a sua fé e de praticar a sua religião. A experiência mostra que a faculdade de agir segundo a consciência iluminada, a capacidade dada de procurar em primeiro lugar a verdade na justiça e a possibilidade de viver em conformidade com a sua crença, no respeito das outras tradições religiosas, são elementos necessários para a consolidação da paz e para o estabelecimento da justiça, condições fundamentais para um desenvolvimento duradouro e fecundo e de uma existência pacífica e digna para os cidadãos.

5. Vossa Excelência, Senhor Embaixador, aprecia a missão específica das comunidades católicas e dos seus bispos, em comunhão com o Sucessor de Pedro, para o restabelecimento da paz, o entendimento entre as nações e a afirmação dos valores espirituais entre os povos. Desejo, por seu intermédio, expressar o meu afecto e a minha proximidade espiritual à Conferência Episcopal e a todos os católicos do Sudão. Através deles, saúdo igualmente a acção de todos os órgãos católicos, nacionais ou internacionais, que trabalham no país ao serviço do progresso integral de todos os habitantes sem distinções. Conheço a sua coragem e partilho os sofrimentos que numerosos anos de conflitos lhes fazem viver. A sua fé convida-os a trabalhar dia após dia com os homens de boa vontade contra todas as formas de intolerância e de exclusão, que podem ter consequências devastadoras para a unidade da sociedade. Não duvido de que a possibilidade de ser consultados e incluídos de modo mais activo na elaboração de soluções viáveis para construir a paz permitir-lhes-á assumir melhor a missão específica no seio do povo sudanês! Graças a Cristo, que é a sua esperança inabalável nas provações que o seu país vive, eles serão, com todos os seus compatriotas, os artífices generosos e audaciosos da paz.

6. No momento em que inicia a sua missão junto da Santa Sé, apresento-lhe os meus melhores votos. Tenha a certeza de que encontrará sempre aqui um acolhimento atento e uma compreensão cordial junto dos meus colaboradores.

Sobre Vossa Excelência, os seus familiares, os responsáveis da Nação e sobre todo o povo sudanês, invoco de todo o coração a abundância das Bênçãos do Altíssimo.







Discursos Bento XVI 24517