Discursos Bento XVI 540

AOS PARTICIPANTES NA REUNIÃO DOS BISPOS NOMEADOS NO ÚLTIMO ANO


Castel Gandolfo, 22 de Setembro de 2007



Caríssimos Irmãos no Episcopado

É já uma tradição há muitos anos que os Bispos recém-nomeados se reúnam em Roma para um encontro que é vivido como uma peregrinação ao túmulo de São Pedro. Acolho-vos com particular afecto. A experiência que estais a fazer, além de vos estimular à reflexão sobre as responsabilidades e as tarefas de um Bispo, permite-vos reavivar nos vossos ânimos a consciência de que não estais sozinhos no governo da Igreja de Deus, mas tendes, juntamente com a ajuda da graça, o apoio do Papa e o dos vossos Irmãos. O estar no centro da catolicidade, nesta Igreja de Roma, abre os vossos ânimos para uma percepção mais viva da universalidade do Povo de Deus e faz crescer em vós a solicitude por toda a Igreja. Agradeço ao Cardeal Giovanni Battista Re as palavras com as quais interpretou os vossos sentimentos e dirijo um particular pensamento a D. Leonardo Sandri, Prefeito da Congregação para as Igrejas Orientais, enquanto saúdo cada um de vós, indo com o pensamento às vossas dioceses.

No dia da Ordenação episcopal, antes da imposição das mãos, a Igreja pede ao candidato que assuma alguns empenhos entre os quais, além daquele de anunciar com fidelidade o Evangelho e conservar a fé, também o de "perseverar na oração a Deus omnipotente para o bem do seu povo santo". Gostaria de deter-me convosco exactamente sobre o carácter apostólico e pastoral da oração do Bispo.

541 O evangelista Lucas escreve que Jesus escolheu os doze Apóstolos após ter passado toda a noite a rezar no monte (Lc 6,12); e o evangelista Marcos diz que os Doze foram escolhidos para "andarem com Ele e para os enviar a pregar" (Mc 3,14). Como os Apóstolos também nós, caríssimos Irmãos, enquanto seus sucessores, fomos chamados antes de tudo para estar com Cristo, para o conhecer mais profundamente e participar no seu mistério de amor e na sua relação plena de confiança com o Pai. Na oração íntima e pessoal o Bispo, como e mais que todos os fiéis, é chamado a crescer no espírito filial para com Deus, aprendendo do próprio Jesus a confidência, a confiança e a fidelidade, atitudes que lhe são próprias na relação com o Pai.

E os Apóstolos entenderam bem como a escuta na oração e o anúncio do que se escuta devem ter o primado sobre muitas coisas a fazer, porque decidiram: "entregar-nos-emos assiduamente à oração e ao serviço da palavra" (Ac 6,4). Este programa apostólico é muito actual. Hoje, no ministério de um Bispo, os aspectos organizativos ocupam muito tempo, os empenhos são múltiplos, as necessidades sempre tantas, mas o primeiro lugar na vida do sucessor dos Apóstolos deve ser reservado a Deus. Assim, ajudamos especialmente os nossos fiéis. São Gregório Magno na "Regra pastoral" já advertia que o pastor "de modo singular deve ser capaz de elevar-se sobre todos os demais pela oração e pela contemplação" (II, 5). Foi o que a tradição depois formulou com a notável expressão: "Contemplata aliis tradere" (cf. S. Tomás, Summa Theologiae, IIa-IIae, q. 188, art. 6).

Na Encíclica Deus caristas est, ao me referir à narração do episódio bíblico da escada de Jacob, quis evidenciar como exactamente através da oração o pastor se torna sensível às necessidades dos outros e misericordioso para com todos (cf. n. 7). E recordei o pensamento de São Gregório Magno, segundo o qual o pastor radicado na contemplação sabe acolher as necessidades dos demais, que na oração se tornam suas: "Per pietatis viscera in se infirmitatem caeterorum transferat" (Regra pastoral, ibid.). A oração educa ao amor e abre o coração à caridade pastoral para acolher todos os que recorrem ao Bispo. Ele, plasmado interiormente pelo Espírito Santo, consola com o bálsamo da graça divina, ilumina com a luz da Palavra, reconcilia e edifica na comunhão fraterna. Na vossa oração, queridos Irmãos, os vossos sacerdotes devem ter um lugar particular, a fim de que sejam sempre perseverantes na vocação e fiéis à missão presbiteral a eles confiada. É muito edificante para cada sacerdote saber que o Bispo, do qual recebeu o dom do sacerdócio ou que, de qualquer maneira, é o seu pai e amigo, lhe está próximo na oração, no afecto e sempre pronto a acolhê-lo, apoiá-lo e encorajá-lo. Do mesmo modo, nunca deve faltar na oração do Bispo a súplica pelas novas vocações. Elas devem ser pedidas com insistência a Deus, para que chame "aqueles que quiser" para o sagrado ministério.

O munus santificandi que recebestes empenha-vos também a ser animadores de oração na sociedade. Nas cidades em que viveis e trabalhais, frequentemente agitadas e rumorosas, onde o homem corre e se perde, onde se vive como se Deus não existisse, sabei criar lugares e ocasiões de oração, onde no silêncio, na escuta de Deus, mediante a lectio divina, na oração pessoal e comunitária, o homem possa encontrar Deus e fazer a experiência viva de Jesus Cristo que revela o autêntico rosto do Pai. Não vos canseis de empenhar-vos para que as paróquias e os Santuários, os ambientes de educação e sofrimento, mas também as famílias, se tornem lugares de comunhão com o Senhor. De modo especial gostaria de exortar-vos a fazer da Catedral uma exemplar casa de oração, sobretudo litúrgica, onde a comunidade diocesana reunida com o seu Bispo possa louvar e dar graças a Deus pela obra da salvação e interceder por todos os homens. Santo Inácio de Antioquia recorda-nos a força da oração comunitária: "Se a oração de um ou de dois tem tanta força, quanto mais a do Bispo e de toda a Igreja!" (Carta aos Ep 5).

Em suma, caríssimos Bispos, sois homens de oração! A "fecundidade espiritual do ministério do Bispo depende da intensidade da sua união com o Senhor. É a partir da oração que um Bispo deve haurir luz, força e conforto na sua actividade pastoral", como afirma o Directório para o ministério pastoral dos Bispos (Apostolorum successores ). Ao dirigir-vos a Deus por vós mesmos e pelos vossos fiéis tende a confiança dos filhos, a audácia do amigo, a perseverança de Abraão, que foi incansável na intercessão. Como Moisés, tende as mãos elevadas para o céu, enquanto os vossos fiéis combatem a boa batalha da fé. Como Maria, sabei louvar a Deus todos os dias para a salvação que ele actua na Igreja e no mundo, convictos de que a Deus nada é impossível (Lc 1,37).

Com estes sentimentos concedo a cada um de vós, aos vossos sacerdotes, aos religiosos e às religiosas, aos seminaristas e aos fiéis das vossas Dioceses uma especial Bênção Apostólica.


AO SENHOR JOSÉ CUADRA CHAMORRO NOVO EMBAIXADOR DA NICARÁGUA JUNTO DA SANTA SÉ Segunda-feira, 24 de Setembro de 2007


Senhor Embaixador

1. É com prazer que recebo das suas mãos as Cartas que o acreditam como Embaixador Extraordinário e Plenipotenciário da República da Nicarágua junto da Santa Sé e, ao agradecer-lhe as amáveis palavras que houve por bem dirigir-me, apresento-lhe as minhas mais cordiais boas-vindas a este solene acto com o qual inicia a missão que lhe foi confiada pelo seu Governo, a qual já exerceu de 1997 a 1998.

Peço-lhe que faça chegar ao Senhor Daniel Ortega Saavedra, Presidente da República, os meus melhores votos de paz, bem-estar e prosperidade para a sua querida Nação, tão duramente provada pelo recente furacão "Félix". Como já fiz nessa ocasião, elevo de novo a minha oração ao Todo-Poderoso pelas vítimas humanas e expresso a minha proximidade espiritual aos numerosos danificados que perderam as suas casas ou os seus instrumentros de trabalho. É desejável que, além da ajuda interna, recebam generosas contribuições da parte da comunidade internacional.


2. A Nicarágua, como muitos outros Países, deve enfrentar diversos problemas de tipo económico, social e político. Encontrar os meios para os resolver não é tarefa fácil, pois é preciso contar sempre não só com a boa disposição e colaboração dos cidadãos, mas também com a de todos os responsáveis dos diferentes órgãos políticos e empresariais. Portanto, é indispensável a união de esforços e vontades para tornar possível uma acção decidida dos governantes face aos desafios de um mundo globalizado, os quais é preciso enfrentar com espírito de solidariedade autêntica.

542 Esta virtude cristã e também humana dizia o meu predecessor João Paulo II deve inspirar a acção dos indivíduos, dos governos, dos organismos e instituições internacionais, assim como de todos os membros da sociedade civil, que se devem sentir comprometidos em trabalhar por um autêntico progresso dos povos e das nações, tendo como objectivo o bem de todos e de cada um, como ensina a doutrina social da católica (cf. Sollicitudo rei socialis SRS 40-41).

3. Nas suas palavras, Senhor Embaixador, referiu-se às prioridades indicadas pelo seu Governo, como aperfeiçoar a chamada "Hambre cero", combater o problema das drogas, incrementar a alfabetização e eliminar a pobreza. Para alcançar estes objectivos e reduzir assim a desigualdade entre os que têm tudo e os que carecem dos bens básicos como a educação, a saúde e a habitação, é fundamental a transparência e a honradez na gestão pública que, face a qualquer forma de corrupção, favorecem a credibilidade das autoridades perante os cidadãos e são determinantes para um progresso justo.

Face a estes objectivos, os responsáveis das entidades civis encontram na Igreja na Nicarágua, não obstante a escassez dos seus recursos mas com a firmeza dos princípios inspirados no Evangelho, uma colaboração sincera para a busca de soluções justas. Devem reconhecer-se também os seus esforços por fazer crescer a consciência e a responsabilidade dos cidadãos fomentando a sua participação e compromisso para atender às necessidades de quantos com frequência estão submergidos pela pobreza e pela marginalização.

Os Bispos do seu País, partindo das estruturas nacionais e diocesanas, e fiéis à sua missão estritamente pastoral, oferecem a sua disponibilidade para manter um diálogo e uma comunicação constante e sincera com o Governo, contribuindo para que proporcionem as condições fundamentais que favoreçam uma verdadeira reconciliação, instaurando um clima de paz e de autêntica justiça social. Sem dúvida, "o dever imediato de realizar uma ordem justa na sociedade é uma tarefa que compete mais aos leigos" (Deus caritas est ), os quais devem desenvolver a sua actividade política como "caridade social". Neste sentido me pronunciei aos Núncios Apostólicos da América Latina, durante o encontro com eles, a 17 de Fevereiro passado (cf. Discurso).

4. A Santa Sé deseja expressar também o seu reconhecimento à Nicarágua pela sua posição nos foros multilaterais sobre temas sociais, especialmente o respeito pela vida, perante não poucas pressões internas e internacionais. Neste sentido deve-se considerar um aspecto muito positivo que, no ano passado, a Assembleia Nacional aprovasse a derrogação do aborto terapêutico. Em relação a isto, é imprescindível incrementar a ajuda do Estado e da própria sociedade às mulheres que têm graves problemas com a sua gravidez.

Juntamente com o fundamental tema da vida, entrevê-se uma urgente necessidade de resgatar e promover os valores humanos e morais, face às formas de violência, inclusive nos seus lares, com frequência fruto da desintegração da família ou da degradação dos costumes. A Igreja na Nicarágua está muito consciente desta triste realidade e procura enfrentá-la com os seus ensinamentos e programas pastorais, mas é necessária também a intervenção das instituições públicas com programas educativos apropriados no que se refere à organização da vida social.

5. Senhor Embaixador, no final deste encontro desejo formular-lhe os meus melhores votos pelo feliz desempenho das suas funções, que ajudem a fortalecer os vínculos tradicionais de bons relacionamentos e cooperação entre a Nicarágua e a Santa Sé. Peço-lhe que transmita a minha saudação ao Senhor Presidente da República, enquanto tenho presente na minha oração, por intercessão da Irmã María Romero, a primeira e tão querida Beata do seu País, todo o povo nicaraguense. Peço ao Altíssimo que o assista sempre na missão que hoje inicia, e invoco abundantes bênçãos sobre vossa Excelência e os seus colaboradores, assim como sobre os governantes e cidadãos da Nicarágua.



AOS BISPOS DA UCRÂNIA POR OCASIÃO

DA VISITA «AD LIMINA APOSTOLORUM» DOS PRELADOS DE RITO LATINO Segunda-feira, 24 de Setembro de 2007

Senhores Cardeais,
Caros e venerados Irmãos
no Episcopado

543 Sinto-me particularmente feliz por vos receber e dirijo-vos a minha cordial saudação de boas-vindas, no início da Visita ad Limina dos Bispos de rito latino. Com grande prazer saúdo os Bispos greco-católicos, que aceitaram o meu convite para presenciar este encontro. Hoje estão idealmente reunidos em volta do Sucessor de Pedro todos os Pastores da amada Igreja que vive na Ucrânia. Trata-se de um gesto de comunhão eclesial, eloquente testemunho do amor fraterno que Jesus deixou aos seus discípulos como sinal distintivo. Façamos nossas as palavras do Salmista: "Como é bom, como é agradável viverem os irmãos em unidade!" E ainda: àqueles que vivem no seu amor, o Senhor "dá a sua bênção, a vida para sempre" (Ps 133,1-3). Com esta consciência e com sentimentos de estima e de viva cordialidade agradeço a cada um de vós o trabalho pastoral que quotidianamente desempenhais ao serviço do povo de Deus.

Sei com quanto empenho vos esforçais para proclamar e testemunhar o Evangelho na querida terra da Ucrânia, encontrando às vezes não poucas dificuldades, mas apoiados sempre pela consciência de que Cristo guia com mão firme o seu rebanho, aquele rebanho que Ele mesmo confiou às vossas mãos de seus ministros. O Papa e os colaboradores da Cúria Romana estão-vos próximos e seguem com afecto o caminho de cada uma das vossas Igrejas locais, prontos em todas as circunstâncias a oferecer-vos o seu contributo, na plena consciência de ser chamados pelo Senhor a servir a unidade e a comunhão da Igreja.

Do mistério da Igreja o encontro hodierno realça a beleza e a riqueza. A Igreja recorda o Concílio Vaticano II é "comunidade de fé, de esperança e de amor, querida por Cristo, Mediador único, como organismo visível na terra... Esta Igreja como sociedade constituída e organizada neste mundo, subsiste na Igreja Católica governada pelo sucessor de Pedro e pelos Bispos em comunhão com ele" (cf. Lumen gentium LG 8). Na variedade dos seus ritos e das suas históricas tradições, a única Igreja Católica anuncia e testemunha em todos os cantos da terra o mesmo Jesus Cristo, Palavra de salvação para cada homem e por todo o homem. Por isso o segredo da eficácia de cada nosso projecto pastoral e apostólico é, antes de tudo, a fidelidade a Cristo. A nós, Pastores, como a todos os fiéis, é pedido para viver uma íntima e constante familiaridade com Ele na oração e na dócil escuta da sua palavra: esta é a única estrada a percorrer para nos tornarmos em todos os ambientes sinais do seu amor e instrumentos da sua paz e da sua concórdia.

Estou certo de que, animados por este espírito, não é difícil para vós, queridos e venerados Irmãos, intensificar uma cordial colaboração entre Bispos latinos e Bispos greco-católicos, para o bem de todo o povo cristão. Tendes assim modo de coordenar os vossos planos pastorais e as vossas actividades apostólicas oferecendo sempre o testemunho daquela comunhão eclesial, que é também condição indispensável para o diálogo ecuménico com os nossos irmãos ortodoxos e das outras Igrejas. Em particular, permito-me apresentar à vossa atenção a proposta de pelo menos um encontro anual, no qual se reúnam em conjunto os Bispos de rito latino e os de rito greco-católico, para uma oportuna sintonia entre todos com a finalidade de tornar a acção pastoral cada vez mais harmoniosa e eficaz. Estou convicto de que a fraterna cooperação entre os Pastores será para todos os fiéis encorajamento e estímulo para crescer na unidade e no entusiasmo apostólico e favorecerá também um proveitoso diálogo ecuménico.

Queridos e venerados Irmãos, obrigado mais uma vez por terdes aceite o meu convite a participar nesta fraterna reunião. Sobre cada um de vós e sobre as vossas comunidades invoco a protecção materna de Nossa Senhora, que hoje a liturgia latina venera como Bem-Aventurada Virgem das Mercês. Ela vos apoie no ministério quotidiano e o torne fecundo de frutos espirituais; Ela vos console e vos conforte nas dificuldades e na hora da provação; obtenha a alegria de uma comunhão cada vez mais profunda com o seu divino Filho e torne ainda mais firme a fraternidade entre vós, sucessores dos Apóstolos. A Maria, confiemos de modo especial a visita ad Limina dos Bispos de rito latino que tem início hoje e os projectos pastorais de todas as vossas comunidades. Com estes votos, enquanto invoco uma abundante efusão de graças e de confortos celestes sobre as vossas pessoas e respectivas actividades eclesiais, concedo a cada um, de coração, uma especial Bênção que de bom grado estendo aos fiéis confiados ao vosso ministério episcopal, como também ao inteiro amado povo da Ucrânia.


NO FINAL DO CONCERTO EM HOMENAGEM AO PAPA PAULO VI NO 110º ANIVERSÁRIO DO NASCIMENTO Castel Gandolfo, 26 de Setembro de 2007

Senhores Cardeais
Venerados Irmãos no Episcopado
Queridos irmãos e irmãs!

Transcorremos juntos uma sugestiva noite musical, que nos deu a oportunidade de ouvir de novo trechos certamente conhecidos, mas sempre capazes de suscitar novas e profundas emoções espirituais. É significativa a circunstância que motivou este acontecimento, isto é, o 110º aniversário do nascimento do Servo de Deus Paulo VI, em Concesio, a 26 de Setembro de 1897, precisamente como hoje.

Com sentimentos de profunda gratidão, dirijo a minha saudação a todos vós, que participastes neste acto comemorativo de um grande Pontífice, que marcou a história do século XX. Um obrigado de coração a quem se fez promotor, a quem organizou e a quem executou com apreciada maestria este concerto. Saúdo com afecto os Senhores Cardeais presentes, em particular o Cardeal Giovanni Battista Re, conterrâneo do Papa Montini. Dirijo uma saudação especial ao Bispo Auxiliar de Bréscia, D. Francesco Beschi, ao qual agradeço as palavras que há pouco me dirigiu, aos outros Prelados, aos sacerdotes e a todos vós.

544 Faço extensivo o meu deferente pensamento às várias Personalidades, que nos honraram com a sua presença, com uma menção especial para o Senhor Ministro da Justiça, os Presidentes das Câmaras Municipais de Bréscia e de Bérgamo, para as outras Autoridades civis e militares, assim como para os Representantes das Instituições que contribuíram de modo particular para esta significativa manifestação. Desejo principalmente fazer-me intérprete dos sentimentos comuns, manifestando um agradecido apreço aos solistas e a todos os componentes da Orquestra do Festival Pianístico Internacional Arturo Benedetti Michelangeli de Bréscia e Bérgamo, dirigida pelo conhecido Maestro Agostino Orizio. Eles, com extraordinário talento e eficiência, executaram trechos musicais de Vivaldi, Bach e Mozart, ajudando o nosso espírito a compreender na linguagem musical a profunda harmonia da beleza divina.

Esta noite escutar trechos musicais célebres deu-nos a ocasião de recordar um ilustre Papa, Paulo VI, que prestou à Igreja e ao mundo um serviço muito precioso em tempos não fáceis e em condições sociais caracterizadas por profundas mudanças culturais e religiosas. Prestamos homenagem ao espírito de sabedoria evangélica com que este meu amado Predecessor soube guiar a Igreja durante e depois do Concílio Vaticano II. Ele sentiu, com profética intuição, as esperanças e as preocupações dos homens daquela época; esforçou-se por valorizar as experiências positivas procurando iluminar com a luz da verdade e do amor de Cristo, o único Redentor da humanidade.

O amor que sentia pela humanidade com os seus progressos, as descobertas maravilhosas, as vantagens e as facilitações da ciência e da técnica, não lhe impediu contudo de ressaltar as contradições, os erros e os riscos de um progresso científico e tecnológico desprendido de uma firme referência aos valores éticos e espirituais. Portanto, o seu ensinamento permanece ainda hoje actual, e constitui uma fonte na qual se inspirar para melhor compreender os textos conciliares e analisar os acontecimentos eclesiais que caracterizaram a segunda parte do século XX.

Paulo VI foi prudente e corajoso na orientação da Igreja com um realismo e um optimismo evangélico, alimentados por uma fé indómita. Ele desejou o advento da "civilização do amor", convicto de que a caridade evangélica constitui o elemento indispensável para construir uma autêntcia fraternidade universal. Só reconhecendo Deus como Pai, que em Cristo revelou a todos o seu amor, os homens podem tornar-se realmente irmãos. Só Cristo, verdadeiro Deus e verdadeiro homem, pode converter o coração humano e torná-lo capaz de contribuir para realizar uma sociedade justa e solidária. Rezemos para que o seu exemplo e os seus ensinamentos sejam para nós encorajamento e estímulo a amar cada vez mais Cristo e a Igreja, animados por aquela indómita esperança que amparou o Papa Montini até ao final da sua existência. Com estes sentimentos, agradeço de novo a quantos prepararam, animaram e realizaram este encontro musical e, invocando sobre os presentes a constante protecção do Senhor, concedo de coração a todos a Bênção Apostólica.




AOS MEMBROS DO EPISCOPADO DE RITO LATINO DA UCRÂNIA POR OCASIÃO DA VISITA "AD LIMINA APOSTOLORUM" Palácio Pontifício de Castel Gandolfo

Quinta-feira, 27 de Setembro de 2007


Senhor Cardeal
Venerados Irmãos no Episcopado

"Graça e paz vos sejam dadas da parte de Deus, nosso Pai" (Col 1,2)! Com esta saudação apostólica dirijo-me a vós, membros do Episcopado de rito latino da Ucrânia. A cada um desejo a graça e a paz do Senhor, que são o segredo da nossa missão de Bispos ao serviço do homem. No final da visita ad Limina que me deu a oportunidade de vos encontrar pessoalmente, de conhecer melhor a realidade de cada uma das vossas Dioceses e de partilhar convosco as esperanças e os problemas que marcam o seu caminho quotidiano dou graças a Deus por quanto, no seu amor misericordioso, Ele está a realizar através do vosso ministério pastoral. Dirijo uma saudação particular ao Cardeal Marian Jaworski e agradeço as suas palavras que interpretaram o pensamento de todos vós. Percebi na sua intervenção o grande desejo que nutris de consolidar entre vós a unidade e a colaboração para enfrentar unidos os grandes desafios sociais, culturais e espirituais do momento presente. Não vos canseis de encontrar soluções possíveis, também no diálogo com as Autoridades locais, com o principal objectivo de cuidar espiritualmente do rebanho que o Senhor vos confiou. Com muita consideração tomei conhecimento do esforço catequético, litúrgico, apostólico e caritativo das vossas Dioceses: um programa que tende também a consolidar o anélito à catolicidade que faz todos os baptizados sentirem-se membros do único Corpo de Cristo.

A vossa obra pastoral, venerados Irmãos, realiza-se num território no qual convivem católicos de rito latino e de rito greco-católico, juntamente com outros crentes que encontram a razão da própria vida no único Senhor Jesus Cristo. Também entre católicos nem sempre a colaboração é fácil, sendo normal que se manifestem sensibilidades diferentes, dada ainda a diversidade das respectivas tradições. Mas como não pensar que o facto de que coexistam duas Comunidades diferentes nas suas tradições mas plenamente católicas, ambas orientadas a servir o único Kyrios e a anunciar o Evangelho, é uma oportunidade providencial? A unidade dos católicos, na diversidade dos ritos, e o esforço de manifestá-la em todos os ambientes, mostra o rosto autêntico da Igreja Católica e constitui um sinal muito eloquente também para outros cristãos e para a sociedade inteira. Da vossa análise emerge uma série de problemáticas, cuja solução exige uma indispensável sinergia das forças, para um renovado anúncio do Evangelho. Os longos anos da dominação ateia e comunista deixaram evidentes traços nas gerações actuais. Também eles são desafios que vos interpelam, queridos Irmãos, e que estão justamente no centro das vossas preocupações e programações pastorais.

"Ut unum sint"! A oração de Cristo no cenáculo ressoa constantemente na Igreja como convite a buscar, sem descanso, a unidade. Se se consolidar a comunhão dentro das comunidades católicas será mais fácil conduzir um proveitoso diálogo entre a Igreja Católica e as outras Igrejas e Comunidades eclesiais. A exigência ecuménica é muito sentida por vós, que há séculos viveis juntamente com os nossos irmãos ortodoxos e com eles procurais tecer um diálogo quotidiano que abraça muitos aspectos da vida. As dificuldades, os obstáculos, e até os eventuais insucessos não diminuam o vosso entusiasmo em ir em frente. Com paciência e humildade, caridade, verdade e abertura de ânimo, o caminho a percorrer torna-se menos árduo, sobretudo se não falta a perspectiva de fundo, a convicção, isto é, que todos os discípulos de Cristo são chamados a percorrer as suas pegadas, deixando-se guiar com docilidade pelo seu Espírito, que está sempre a actuar na Igreja.

545 Queridos Irmãos, seriam muitos os assuntos abordados nos nossos encontros pessoais, sobre os quais gostaria de voltar a fim de vos encorajar a prosseguir a estrada empreendida. Penso por exemplo na exigência fundamental de formar de maneira adequada os sacerdotes, a fim de que possam realizar do melhor modo a sua missão; também o cuidado pelas vocações, que constitui uma prioridade pastoral para garantir trabalhadores à messe do Senhor. Na grande maioria, os sacerdotes são testemunhas de autêntica abnegação, de jubilosa generosidade, de humilde adaptação às precárias situações nas quais se encontram a actuar, às vezes até com dificuldades económicas. Deus os conserve e proteja sempre! Amai-os, porque para vós são colaboradores insubstituíveis, apoiai-os e encorajai-os, rezai com e por eles. Sede para eles pais amorosos a quem recorrer com confiança. Conheço os vossos esforços com várias iniciativas para promover as vocações. Cuidai para que nos seminários seja dada aos aspirantes ao sacerdócio uma formação harmoniosa e completa. Acompanhai com paterna solicitude os jovens sacerdotes nos primeiros passos do seu ministério e não descuidai da formação permanente dos presbíteros. Notei com satisfação a presença e o empenho dos consagrados e das consagradas: um autêntico dom para o crescimento espiritual de cada comunidade. O zelo pelas vocações pressupõe naturalmente uma válida pastoral familiar. A formação de um laicado que saiba testemunhar a razão da fé torna-se nestes nossos tempos ainda mais necessária e representa um dos objectivos pastorais a perseguir com empenho.

Queridos e venerados Irmãos, às vezes o conjunto das situações, com as relativas dificuldades, poderia fazer parecer o vosso trabalho árduo e verdadeiramente acima das forças humanas. Não temeis, o Senhor está sempre convosco! Portanto, permanecei unidos a Ele na oração e na escuta da sua palavra. A Maria, a Virgem Mãe de Deus e da Igreja, confio-vos a vós e as vossas Comunidades, para que vos proteja e vos guie sempre com mão materna, enquanto vos concedo com afecto a Bênção Apostólica.


ÀS VÁRIAS COMUNIDADES DE CASTEL GANDOLFO, NO ENCONTRO DE DESPEDIDA Sexta-feira, 28 de Setembro de 2007

Prezados irmãos e irmãs

Antes de deixar Castel Gandolfo, desejo dirigir uma palavra de gratidão cordial a cada um de vós que, de vários modos, contribuístes para tornar saudável e distensiva esta minha permanência de Verão. Em primeiro lugar, saúdo o Pároco de Castel Gandolfo e a Comunidade paroquial, assim como as várias Comunidades religiosas masculinas e femininas que aqui vivem e trabalham. A cada um, gostaria de dizer: o Papa conta com o vosso apoio espiritual, enquanto vos acompanha com a sua oração para que possais aderir, com generosidade constante, à exigente vocação à perfeição evangélica, para servir o Senhor e os irmãos com alegria e dedicação.

Agora quereria, de maneira especial, agradecer ao Senhor Presidente da Câmara e aos representantes da Administração Municipal de Castel Gandolfo. Obrigado de coração pela vossa visita. Nestes meses senti a vossa proximidade, e sei com quanto cuidado vos ocupastes de mim e de quantos vivem no Palácio Apostólico. Todos conhecem o estilo de hospitalidade cordial que caracteriza a vossa Cidade e os seus habitantes; uma hospitalidade que não é reservada unicamente ao Papa, mas também aos numerosos peregrinos que vêm visitá-lo, sobretudo aos domingos, para o tradicional encontro do Angelus. Queridos amigos, peço-vos que vos façais intérpretes dos meus gratos sentimentos junto de toda a comunidade municipal, que em várias ocasiões tive a oportunidade de encontrar. Obrigado a todos!

Além disso, certamente não pode faltar uma palavra de gratidão sincera ao pessoal médico e aos adidos aos vários Serviços do Governatorato, que nestes meses trabalharam cada qual no seu sector com competência e abnegação. Prezados amigos, conheço a vossa disponibilidade e os sacrifícios que comportam as várias tarefas que sois chamados a desempenhar. O Senhor vos recompense por tudo.

Sinto também a necessidade de renovar os meus sentimentos de apreço e de reconhecimento aos funcionários e aos agentes das várias Forças da Ordem italianas que, com a tradicional solicitude, acompanharam o Corpo da Gendarmaria do Vaticano e o Corpo da Guarda Suíça Pontifícia.

Obrigado pela vossa presença discreta e eficaz, que facilitou aos peregrinos e aos visitantes o acesso ordenado e seguro no Palácio Apostólico.

Enfim, como deixar de recordar os oficiais e os aviadores do 31º Batalhão da Aeronáutica Militar? Queridos amigos, vós desempenhais uma tarefa mais qualificada e útil do que nunca, acompanhando-me, bem como os meus colaboradores, nas transferências de helicóptero e de avião. Estou-vos deveras reconhecido por este vosso útil serviço.

Estimados irmãos e irmãs, gostaria de parar para falar com cada um de vós e para vos agradecer pessoalmente a contribuição que, com atenção e generosidade, ofereceis em vista do bom funcionamento da actividade do Papa, aqui em Castel Gandolfo. Trata-se muitas vezes de serviços escondidos, que vos obrigam a horários cansativos, e permanecer longe de casa durante muitas horas. Deste modo, também as vossas famílias estão comprometidas nos sacrifícios que deveis enfrentar. Por isso, quero assegurar-vos novamente o meu profundo reconhecimento, que estendo aos vossos familiares. Trago todos vós no meu coração e confio-vos todos à salvaguarda materna da Bem-Aventurada Virgem Maria, enquanto vos abençoo cordialmente, assim como as pessoas que vos são queridas.



546                                                          Outubro 2007


AO SENHOR ANTONIO ZANARDI LANDI NOVO EMBAIXADOR DA ITÁLIA JUNTO DA SANTA SÉ Quinta-feira, 4 de Outubro de 2007

Senhor Embaixador!

Acolho de bom grado as Cartas com as quais o Presidente da República italiana o acredita como Embaixador Extraordinário e Plenipotenciário junto da Santa Sé. Nesta feliz circunstância, que se tornou ainda mais significativa pela data festiva de São Francisco de Assis, Padroeiro da Itália, sinto-me feliz por lhe apresentar as minhas cordiais boas-vindas. Como Vossa Excelência realçou, vínculos estreitos de colaboração caracterizam as relações entre a Santa Sé e a Nação italiana. A este propósito, são numerosas as manifestações; basta mencionar o testemunho coral de acolhimento, de apoio espiritual e de amizade que os italianos reservam ao Sumo Pontífice nos encontros e nas suas visitas a Roma e noutras cidades da Península. Nesta proximidade expressa-se concretamente aquele vínculo particular que há tempos une a Itália ao Sucessor do apóstolo Pedro, o qual tem a sua sede precisamente no âmbito deste País, não sem um misterioso e providencial desígnio de Deus.

Senhor Embaixador, desejo agradecer-lhe por me ter trazido a saudação do Senhor Presidente da República, ao qual estou grato pelos deferentes sentimentos que em diversas circunstâncias teve a oportunidade de me expressar. Retribuo a sua saudação, unindo os votos de que o Povo italiano, fiel aos princípios que inspiraram o seu caminho no passado, saiba também neste tempo, marcado por amplas e profundas mudanças, continuar a progredir pelo caminho do progresso autêntico. A Itália poderá assim oferecer à Comunidade internacional uma preciosa contribuição, promovendo aqueles valores humanos e cristãos, que constituem um irrenunciável património ideal e que deram vida à sua cultura e à sua história civil e religiosa. Por seu lado a Igreja Católica não cessará de oferecer à sociedade civil, como já no passado, a sua contribuição específica, promovendo e elevando o que de verdadeiro, bom e belo se encontra nela, iluminando todos os sectores da actividade humana com os meios que são conformes ao Evangelho e em harmonia com o bem de todos, segundo a diversidade dos tempos e das situações.

De facto, realiza-se desta forma aquele princípio enunciado pelo Concílio Vaticano II, segundo o qual "a comunidade política e a Igreja são independentes e autónomas uma da outra no próprio campo. As duas, mesmo se de modos diversos, estão ao serviço da vocação pessoal e social das próprias pessoas humanas" (Gaudium et spes GS 75). Este princípio, que é autorizadamente apresentado também pela Constituição da República Italiana (cf. art. 7), funda as relações entre a Santa Sé e o Estado Italiano, como reafirmado também no Acordo que em 1984 modificou a Concordata Lateranense. Nela são assim reconfirmadas quer a independência e a soberania do Estado e da Igreja, quer a colaboração recíproca para a promoção do homem e do bem de toda a comunidade nacional. Ao perseguir este objectivo, a Igreja não se propõe finalidades de poder, nem pretende privilégios nem aspira por posições de vantagem económica e social. A sua única finalidade é servir o homem, inspirando-se, como norma suprema de comportamento, nas palavras e no exemplo de Jesus Cristo que "passou fazendo o bem e curando todos" (Ac 10,38). Portanto, a Igreja Católica pede para ser considerada pela sua específica natureza e para poder desempenhar livremente a sua peculiar missão pelo bem não só dos próprios fiéis, mas de todos os Italianos.

Precisamente por isto, como afirmei no ano passado por ocasião do Congresso eclesial em Verona, "a Igreja não é nem pretende ser uma entidade política. Ao mesmo tempo tem um interesse profundo pelo bem da comunidade política, cuja alma é a justiça, e oferece-lhe a nível duplo a sua contribuição específica". E acrescentei que "a fé cristã purifica a razão e ajuda-a a ser, ela mesma, melhor: portanto, com a sua doutrina social, argumentada a partir do que é conforme com a natureza de cada ser humano, a Igreja contribui para fazer com que o que é justo possa ser eficazmente reconhecido e depois também realizado.

Para esta finalidade são claramente indispensáveis as energias morais e espirituais que consintam antepor as exigências da justiça aos interesses pessoais, ou de uma categoria social, ou também de um Estado: neste aspecto a Igreja tem um espaço bastante amplo, para radicar estas energias nas consciências, alimentá-las e enrobustecê-las" (Insegnamenti, Bento XVI, II, 2 [2006], p. 475). Formulo de coração votos por que a colaboração entre todas as componentes da estimada Nação que Vossa Excelência representa, contribua não só para guardar ciosamente a herança cultural e espiritual que a distinguem e que faz parte integrante da sua história, mas seja ainda mais estímulo para procurar novos caminhos para enfrentar de maneira adequada os grandes desafios que marcam a época pós-moderna. Entre estes, limito-me a citar a defesa da vida do homem em cada uma das suas fases, a tutela de todos os direitos da pessoa e da família, a construção de um mundo solidário, o respeito da criação, o diálogo intercultural e inter-religioso.

A este propósito, Vossa Excelência, Senhor Embaixador, já ressaltou como a harmonia das relações entre Estado e Igreja tenha permitido a consecução de importantes objectivos ao promover um humanismo integral. Certamente, permanece muito para fazer, e o 60º aniversário da Declaração dos Direitos do Homem, que será celebrado no próximo ano, poderá constituir uma ocasião útil para a Itália e oferecer a própria contribuição para a criação, em campo internacional, de uma justa ordem em cujo centro esteja sempre o respeito pelo homem, pela sua dignidade e pelos seus direitos inalienáveis. A isto fiz referência na Mensagem para a Celebração do Dia Mundial da Paz deste ano dizendo: "Olha-se para esta Declaração como para uma espécie de compromisso moral assumido pela humanidade inteira. Isto possui uma sua profunda verdade sobretudo se os direitos descritos na Declaração são considerados com o seu fundamento não só na decisão da assembleia que os aprovou, mas na própria natureza do homem e na sua dignidade inalienável de pessoa criada por Deus".

Observei depois que "é importante que os Órgãos internacionais não percam de vista o fundamento natural dos direitos do homem. Isto subtraí-los-á ao risco, infelizmente sempre latente, de cair numa interpretação apenas positivista. Se isto se verificasse, os órgãos internacionais resultariam carentes da autoridade necessária para desempenhar o papel de defensores dos direitos fundamentais da pessoa humana e dos povos, principal justificação do seu próprio existir e agir" (n. 13).

A Itália, em virtude da sua recente eleição como membro do Conselho para os Direitos Humanos e ainda mais pela sua peculiar tradição de humanidade e generosidade, não pode deixar de se sentir comprometida numa obra incansável de construção da paz e da defesa da dignidade da pessoa humana e de todos os seus direitos inalienáveis, incluindo o da liberdade religiosa.


Discursos Bento XVI 540