Discursos Bento XVI 61008

PALAVRAS NO FINAL DO CONCERTO DOS "WIENER PHILHARMONIKER" POR OCASIÃO DA XII ASSEMBLEIA GERAL ORDINÁRIA DO SÍNODO DOS BISPOS Basílica de São Paulo fora dos Muros

Segunda-feira, 13 de Outubro de 2008


Senhores Cardeais
783 Venerados Irmãos no Episcopado
e no Sacerdócio
Estimados irmãos e irmãs

Entre as várias iniciativas previstas para o Jubileu especial do Ano Paulino, insere-se também o concerto desta tarde, que se realizou na sugestiva moldura da Basílica de São Paulo fora dos Muros, onde há alguns dias foi solenemente inaugurada a Assembleia Ordinária do Sínodo dos Bispos. Naturalmente, dirijo a minha saudação e o meu cordial agradecimento a quantos promoveram e organizaram concretamente este bonito encontro vespertino com um evento musical de alto nível. Em primeiro lugar, tenho a obrigação de agradecer à Fundação Pro Musica et Arte Sacra as suas múltiplas iniciativas. Além disso, saúdo e agradeço aos componentes dos Wiener Philharmoniker, que nos propuseram uma magistral execução da sexta sinfonia de Anton Bruckner, impregnada de religiosidade e de profundo misticismo.

Com alegria repleta de gratidão, saúdo os Wiener Philharmoniker que, no dia de hoje sobadirecção de Christoph Eschenbach pela sétima vez no âmbito do Festival internacional de Música e Arte Sacra, infundem profundo júbilo nos seus ouvintes.

Queridos amigos, com a vossa profissionalidade e com a vossa capacidade artística, conseguis sempre sensibilizar o coração dos vossos ouvintes e fazer vibrar todas as cordas do sentimento humano, levando-os a ouvir a maravilhosa música de Bruckner. Com o vosso talento musical, vós transferis a atenção do humano para o divino. Por isso, digo-vos a todos um cordial Vergelt's Gott!

Na sexta sinfonia traduz-se a fé do seu autor, capaz de transmitir com as suas composições uma visão religiosa da vida e da história. Haurindo do barroco austríaco e da tradição schubertiana do canto popular, poderíamos dizer que Anton Bruckner levou às extremas consequências o processo romântico de interiorização. Ouvindo esta célebre composição na Basílica dedicada a São Paulo, é espontâneo pensar numa passagem da Primeira Carta aos Coríntios onde o Apóstolo, depois de ter falado da diversidade e da unidade dos carismas, compara a Igreja com o corpo humano, composto por membros muito diferentes entre si, mas todos indispensáveis para o bom funcionamento do mesmo (cf. cap. 12). De igual modo, a orquestra e o coro são constituídos por diferentes instrumentos e vozes que, em sintonia recíproca, oferecem uma melodia harmoniosa, agradável ao ouvido e ao espírito. Amados irmãos e irmãs, aproveitemos este ensinamento, que vemos confirmado na extraordinária execução musical que pudemos ouvir. Saúdo todos vós com carinho, e dirijo um pensamento especial aos Padres sinodais e às demais personalidades aqui presentes. Enfim, dirijo uma saudação fraterna ao Cardeal Cordero Lanza di Montezemolo, Arcipreste desta Basílica papal, que nos recebeu mais uma vez com grande cordialidade: gostaria de lhe agradecer, bem como aos seus colaboradores, as várias manifestações religiosas e culturais programadas para o Ano Paulino em curso. Esta Basílica romana, onde se encontram conservados os restos mortais do Apóstolo das nações, seja verdadeiramente um fulcro de iniciativas litúrgicas, espirituais e artísticas, destinadas a fazer redescobrir a sua obra missionária e o seu pensamento teológico. Invocando a intercessão deste insigne Santo e a salvaguarda maternal de Maria, Rainha dos Apóstolos, concedo de coração a todos os presentes a Bênção Apostólica que, de bom grado, faço extensiva aos vossos entes queridos.



XII ASSEMBLEIA GERAL ORDINÁRIA

DO SÍNODO DOS BISPOS

INTERVENÇÃO

NA DÉCIMA-QUARTA CONGREGAÇÃO GERAL Sala do Sínodo

Terça-feira, 14 de Outubro de 2008


Caros irmãos e irmãs

O trabalho para o meu livro sobre Jesus oferece amplamente a ocasião para ver todo o bem que nos provém da exegese moderna, mas também para reconhecer os seus problemas e riscos. O n. 12 da Dei Verbum oferece duas indicações metodológicas para um adequado trabalho exegético. Em primeiro lugar, confirma a necessidade do recurso ao método histórico-crítico, do qual descreve brevemente os elementos essenciais. Esta necessidade é a consequência do princípio cristão formulado em Jo 1, 14: Verbum caro factum est. O acontecimento histórico constitui uma dimensão constitutiva da fé cristã. A história da salvação não é mitologia, mas uma história verdadeira e, portanto, deve ser estudada com os métodos de uma séria investigação histórica.

784 Todavia, esta história possui mais uma dimensão, a da acção divina. Por conseguinte, a Dei Verbum fala de um segundo nível metodológico, necessário para uma correcta interpretação das palavras, que são palavras humanas e, ao mesmo tempo, Palavra divina. Seguindo uma regra fundamental de cada interpretação de um texto literário, o Concílio afirma que a Escritura deve ser interpretada no mesmo espírito com que foi escrita, e por conseguinte indica três elementos metodológicos fundamentais, com a finalidade de ter em consideração a dimensão divina, pneumatológica, a Bíblia, ou seja, deve-se: 1) interpretar o texto, tendo presente a unidade de toda a Escritura; hoje em dia, isto chama-se exegese canónica; na época do Concílio, este termo ainda não tinha sido cunhado, mas o Concílio diz a mesma coisa: é necessário ter presente a unidade de toda a Escritura; 2) além disso, há que recordar a tradição viva de toda a Igreja e, finalmente; 3) é preciso observar a analogia da fé. Somente quando se observam os dois níveis metodológicos, o histórico-crítico e o teológico, é possível falar de uma exegese teológica de uma exegese adequada a este Livro. Enquanto, a propósito do primeiro nível, a actual exegese académica realiza-se a um nível elevadíssimo, oferecendo-nos realmente uma ajuda, não se pode dizer a mesma coisa acerca do outro nível. Frequentemente este segundo nível, o plano constituído pelos três elementos teológicos indicados pela Dei Verbum, parece estar ausente. E isto tem consequências bastante graves.

A primeira consequência da ausência deste segundo nível metodológico é que a Bíblia se torna um livro exclusivamente do passado. Dele é possível haurir algumas consequências morais, pode-se aprender a história, mas o Livro como tal fala somente do passado, e a exegese deixa de ser realmente teológica, mas torna-se simples historiografia, história da literatura. Esta é a primeira consequência: a Bíblia permanece no passado, fala unicamente do passado. Há inclusive uma segunda consequência, ainda mais grave: quando a hermenêutica desaparece da fé indicada pela Dei Verbum, surge necessariamente um outro tipo de hermenêutica, uma hermenêutica secularizada, positivista, cuja chave fundamental é a convicção de que o Divino não se manifesta na história humana. Em conformidade com esta hermenêutica, quando se tem a impressão de que existe um elemento divino, é necessário explicar de onde provém esta impressão, reduzindo assim tudo ao elemento humano. Consequentemente, propõem-se interpretações que negam a historicidade dos elementos divinos. Hoje na Alemanha o chamado mainstream da exegese nega, por exemplo, que o Senhor instituiu a Sagrada Eucaristia, e afirma que o corpo de Jesus permaneceu no túmulo. A Ressurreição não seria um acontecimento histórico, mas sim uma visão teológica. Isto acontece porque falta uma hermenêutica da fé: assim, afirma-se uma hermenêutica filosófica profana, que nega a possibilidade do ingresso e da presença real do Divino na história. A consequência da ausência do segundo nível metodológico é que se criou um profundo abismo entre exegese científica e Lectio divina. É precisamente daqui que, às vezes, deriva uma forma de perplexidade, também na preparação das homilias. Onde a exegese não é teologia, a Escritura não pode ser a alma da teologia e, vice-versa, onde a teologia não é essencialmente interpretação da Escritura na Igreja, esta mesma teologia deixa de ter o seu fundamento.

Por isso, para a vida e para a missão da Igreja, e para o futuro da fé, é absolutamente necessário ultrapassar este dualismo entre exegese e teologia. A teologia bíblica e a teologia sistemática são duas dimensões de uma única realidade, que denominamos teologia. Por conseguinte, parece-me desejável que numa das proposições se fale da necessidade de ter presentes na exegese os dois níveis metodológicos indicados pelo n. 12 da Dei Verbum, onde se discorre sobre a necessidade de desenvolver uma exegese não somente histórica, mas também teológica. Portanto, será necessário ampliar a formação dos futuros exegetas neste sentido, em vista de abrir realmente os tesouros da Escritura ao mundo de hoje e a todos nós.




AOS BISPOS DO EQUADOR EM VISITA «AD LIMINA APOSTOLORUM» Quinta-feira, 16 de Outubro de 2008

Queridos Irmãos no Episcopado!

1. É com grande alegria que vos recebo por ocasião da vossa visita ad limina, que aguardei com anseio, a qual me oferece a oportunidade de realizar o mandato que o Senhor dirigiu ao Apóstolo Pedro de confirmar os irmãos na fé (cf. Lc 22,32). Antes de mais, permiti que vos manifeste o meu profundo pesar pelo falecimento do Cardeal António José González Zumárraga, Arcebispo Emérito de Quito, o qual com tanta abnegação e fidelidade serviu a Igreja até ao fim dos seus dias. Peço ao Senhor pelo seu descanso eterno e para que faça florescer o fecundo labor realizado por este Pastor tão exemplar.

Agradeço as amáveis palavras que me dirigiu D. António Arregui Yarza, Arcebispo de Guayaquil e Presidente da Conferência Episcopal, com as quais expressou os vossos sentimentos de afecto e comunhão, assim como os principais anseios que animam a vossa missão de sucessores dos Apóstolos. Também eu, movido pela solicitude de Pastor da Igreja universal, me sinto muito próximo das vossas preocupações e animo-vos a prosseguir com esperança a generosa entrega ao serviço das Comunidades diocesanas que vos estão confiadas.

2. Vejo com satisfação que uma das iniciativas pastorais que considerais mais urgentes para a Igreja no Equador é a realização da "grande missão" convocada pelo Episcopado Latino-Americano em Aparecida (cf. Documento conclusivo, 362), e que foi confirmada no Terceiro Congresso Americano Missionário, celebrado em Quito no passado mês de Agosto. A chamada que o Senhor Jesus dirigiu aos seus discípulos, convidando-os a pregar a sua mensagem de salvação e a fazer discípulos de todas as nações (cf. Mt 28,16-20), deve ser para toda a comunidade eclesial um motivo constante de meditação e a razão de ser de toda a acção pastoral. Também hoje, como em todas as épocas e lugares, os homens têm necessidade de um encontro pessoal com Cristo, no qual possam experimentar a beleza da sua vida e a verdade da sua mensagem.

Para fazer frente aos numerosos desafios da vossa missão, e num ambiente cultural e social que parece esquecer as raízes espirituais mais profundas da sua identidade, convido-vos a abrir-vos com docilidade à acção do Espírito Santo, para que, estimulados pela sua força divina, se renove o fervor missionário do início da pregação evangélica, assim como do primeiro anúncio do Evangelho nas vossas terras. Para essa finalidade, é necessário fazer um generoso esforço de difusão da Palavra de Deus, de modo que ninguém permaneça sem este imprescindível alimento espiritual, fonte de vida e de luz. A leitura e a meditação da Sagrada Escritura, em particular na comunidade, levará à intensificação da vida cristã, assim como a um renovado impulso apostólico para todos os fiéis.

3. Por outro lado, estais plenamente conscientes de que este esforço missionário se baseia de modo especial nos sacerdotes. Como pais e irmãos, cheios de amor e de reconhecimento pelos vossos presbíteros, deveis acompanhá-los com a oração, afecto e proximidade, garantindo-lhes também uma adequada formação permanente que os ajude a manter vibrante a sua vida sacerdotal. De igual modo, continuai a estimular os religiosos no seu testemunho de vida consagrada, que tantos frutos de santidade e de evangelização deram nessas terras, e animai-os a fim de que, fiéis ao seu carisma e em plena comunhão com os Pastores, prossigam o seu abnegado serviço à Igreja.

Ao mesmo tempo, e face à escassez de clero em muitas regiões do vosso país, estais decididamente comprometidos a envolver todos os grupos, movimentos e pessoas das vossas dioceses numa ampla e generosa pastoral vocacional, semeando nos jovens a paixão pela figura de Jesus e dos grandes ideais do Evangelho. Este esforço deve ser acompanhado do máximo cuidado na selecção e na preparação intelectual, humana e espiritual dos seminaristas. Deste modo, fiéis aos ensinamentos do Magistério e com a consciência clara de ser ministros de Cristo Bom Pastor, poderão assumir com prazer e responsabilidade as exigências do futuro ministério.

785 4. Nesta importante etapa da história, a Igreja no Equador precisa de um laicado maduro e comprometido que, com uma sólida formação doutrinal e uma profunda vida interior, viva a sua vocação específica: iluminar com a luz de Cristo todas as realidades humanas, sociais, culturais e políticas (cf. Lumen gentium LG 31).

A este propósito desejo agradecer o esforço que fazeis, não sem grandes sacrifícios, para chamar a atenção da sociedade para aqueles valores que tornam a vida humana mais justa e solidária. Mesmo se a actividade da Igreja não se deve confundir com a política (cf. Deus caritas est ), deve oferecer ao conjunto da comunidade humana a sua contribuição através da reflexão e dos juízos morais, inclusive sobre as questões políticas que se referem de modo especial à dignidade da pessoa (cf. Gaudium et spes GS 76). Entre eles deve destacar-se, também devido à sua importância para o futuro do vosso Povo, a promoção e a estabilidade da família, fundada no vínculo do amor entre um homem e uma mulher, a defesa da vida humana desde o primeiro momento da sua concepção até ao seu fim natural, assim como a responsabilidade dos pais na educação moral dos seus filhos, com a qual se transmite às novas gerações os grandes valores humanos e cristãos que forjaram a identidade dos vossos povos.

Exorto-vos veementemente também a que presteis uma atenção especial à acção caritativa das vossas Igrejas, na qual se torne presente o amor misericordioso de Cristo, sobretudo às pessoas necessitadas, aos idosos, às crianças, aos emigrantes, assim como às mulheres abandonadas ou maltratadas.

5. Queridos Irmãos, a recente canonização de Santa Narcisa de Jesus Morán, ressalta a fecundidade espiritual das vossas comunidades. Que o exemplo e a intercessão desta jovem santa equatoriana conceda uma renovada vitalidade e maior zelo a todas as vossas Igrejas particulares, para que cheias de fé e de esperança se dediquem à tarefa apaixonante de semear o Evangelho no coração de todos os homens e mulheres desta terra abençoada.

No final deste encontro, confirmo-vos o meu apoio para a vossa tarefa pastoral e peço-vos que leveis a saudação e a proximidade do Papa aos vossos sacerdotes, diáconos e seminaristas, aos missionários, religiosos e religiosas e a todos os fiéis leigos. Com estes fervorosos votos, e invocando a protecção da Virgem Maria, concedo-vos com afecto a Bênção Apostólica.




AOS PARTICIPANTES NO CONGRESSO PROMOVIDO PELA PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE LATERANENSE POR OCASIÃO DO 10º ANIVERSÁRIO DA CARTA ENCÍCLICA «FIDES ET RATIO» Sala Clementina

Quinta-feira, 16 de Outubro de 2008




Senhores Cardeais
Venerados Irmãos no Episcopado
e no Sacerdócio
Gentis Senhoras
Ilustres Senhores

786 É com prazer que me encontro convosco por ocasião do Congresso oportunamente promovido no 10º aniversário da Encíclica Fides et ratio. Agradeço antes de tudo a D. Rino Fisichella as amáveis palavras que me dirigiu, introduzindo o encontro hodierno. Alegro-me pelo facto de que os dias de estudo do vosso Congresso contam com a colaboração concreta entre a Universidade Lateranense, a Pontifícia Academia das Ciências e a Conferência Mundial das Instituições Universitárias Católicas de Filosofia. Uma semelhante colaboração é sempre desejável, sobretudo quando somos chamados a explicar a razão da nossa própria fé diante dos desafios cada vez mais complicados que empenham os fiéis no mundo contemporâneo.

À distância de dez anos, um olhar atento à Encíclica Fides et ratio permite compreender com admiração a sua actualidade duradoura: revela-se aí a clarividente profundidade do meu inesquecível Predecessor. Com efeito, a Encíclica caracteriza-se pela sua grande abertura diante da razão, principalmente num período em que se supõe a sua debilidade. João Paulo II sublinha, ao contrário, a importância de unir a fé e a razão na sua relação recíproca, mas no respeito do campo de autonomia que é próprio de cada uma delas. Com este magistério, a Igreja fez-se intérprete de uma exigência emergente no actual contexto cultural. Desejei defender a força da razão e a sua capacidade de alcançar a verdade, apresentando mais uma vez a fé como uma peculiar forma de conhecimento, graças à qual nos abrimos à verdade da Revelação (cf. Fides et ratio
FR 13). Lê-se na Encíclica que é necessário ter confiança nas capacidades da razão humana e não propor metas demasiado modestas: "É a fé que impele a razão a sair de todo o isolamento e a arriscar de bom grado por tudo aquilo que é belo, bom e verdadeiro. Assim, a fé faz-se defensora convicta e convincente da razão" (n. 56). De resto, a passagem do tempo manifesta quais foram as metas que a razão, impelida pela paixão pela verdade, soube alcançar. Quem poderia negar a contribuição que os grandes sistemas filosóficos ofereceram para a autoconsciência do homem e para o progresso das várias culturas? Elas, além disso, tornam-se fecundas quando se abrem à verdade, permitindo que quantos nela participam alcancem objectivos que tornam cada vez mais humana a vivência social. A busca da verdade dá os seus frutos principalmente quando é sustentada pelo amor à verdade. Agostinho escrevia: "Aquilo que se possui com a mente, obtém-se conhecendo-o, mas nenhum bem é conhecido perfeitamente se não se ama de modo perfeito" (De diversis quaestionibus, 35, 2).

Todavia, não podemos esconder que se verificou a passagem de um pensamento predominantemente especulativo para um pensamento mais experimental. A investigação orientou-se sobretudo para a observação da natureza, na tentativa de descobrir os seus segredos. O desejo de conhecer a natureza transformou-se, sucessivamente, na vontade de a reproduzir. Esta mudança não se realizou sem dor: a evolução dos conceitos impediu a relação entre a fides e a ratio, com a consequência de levar ambas a seguirem caminhos diferentes. A conquista científica e tecnológica, com que a fides é cada vez mais impelida a confrontar-se, modificou o antigo conceito de ratio; de qualquer maneira, marginalizou a razão, que buscava a verdade última das realidades para dar espaço a uma razão saciada, para descobrir a verdade contingente das leis da natureza. A investigação científica certamente tem o seu valor positivo. A descoberta e o incremento das ciências matemáticas, físicas e químicas, bem como as ciências aplicadas são fruto da razão e exprimem a inteligência com a qual o homem consegue penetrar as profundezas da criação. A fé, por sua vez, não teme o progresso da ciência nem os desenvolvimentos para os quais levam as suas conquistas, quando estas têm como finalidade o homem, o seu bem-estar e o progresso de toda a humanidade. Como recordava o autor anónimo da Carta a Diogneto: "Não é a árvore da ciência que mata, mas a desobediência. Não há vida sem ciência, nem ciência segura sem vida verdadeira" (XII, 2. 4).

Todavia, acontece que nem sempre os cientistas orientam as suas pesquisas para estas finalidades. O lucro fácil ou, pior ainda, a arrogância de se substituir ao Criador desempenha às vezes um papel determinante. Esta é uma fórmula de hybris da razão, que pode assumir características perigosas para a própria humanidade. Além disso, a ciência não é capaz de elaborar princípios éticos; ela pode acolhê-los unicamente em si mesma e reconhecê-los como necessários para debelar as suas eventuais patalogias. A filosofia e a teologia tornam-se, neste contexto, ajudas indispensáveis com que é necessário confrontar-se para evitar que a ciência caminhe sozinha por uma vereda sinuosa, repleta de imprevistos e não desprovida de perigos. Isto não significa de modo algum limitar a pesquisa científica ou impedir que a técnica produza instrumentos de desenvolvimento; trata-se, principalmente, de manter vigilante o sentido de responsabilidade que a razão e a fé possuem em relação à ciência, para que permaneça no sulco do seu serviço ao homem.

A lição de santo Agostinho é sempre cheia de significado, também no contexto actual: "O que alcança interroga-se o santo Bispo de Hipona quem sabe usar bem a razão, senão a verdade? Não é a verdade que se alcança a si própria com o raciocínio, mas é ela que buscam quantos usam a razão... Confessa que não és tu a verdade, porque ela não busca a si mesma; tu, ao contrário, alcançaste-a não já passando de um lugar para outro, mas procurando-a com a disposição da mente" (De vera religione, 39, 72). Isto é: de qualquer parte que se proceda à busca da verdade, ela permanece como um dado que é oferecido e que pode ser reconhecido já presente na natureza. Com efeito, a inteligibilidade da criação não é fruto do esforço do cientista, mas condição que se lhe oferece para lhe permitir descobrir a verdade presente nela. "O raciocínio não cria estas verdades continua a sua reflexão Santo Agostinho mas descobre-as. Por isso, elas subsistem por si só antes de serem descobertas, e uma vez descobertas, renovam-se" (Ibid., 39, 73). Em síntese, a razão deve completar o seu percurso, fortalecido pela sua autonomia e pela sua rica tradição de pensamento.

De resto, a razão sente e descobre que, além daquilo que já alcançou e conquistou, existe uma verdade que jamais poderá descobrir se começar a partir dela mesma, mas que poderá receber como dádiva gratuita. A verdade da Revelação não se sobrepõe àquela verdade alcançada pela razão; pelo contrário, purifica a razão e eleva-a, permitindo-lhe assim dilatar os seus próprios espaços para se inserir num campo de pesquisa insondável, como o próprio mistério. A verdade revelada, na "plenitude dos tempos" (Ga 4,4), adquiu o rosto de uma pessoa, Jesus de Nazaré, que oferece a resposta última e definitiva à exigência de sentido de cada homem. A verdade de Cristo, uma vez que diz respeito a cada pessoa que se põe em busca da alegria, da felicidade e do sentido, ultrapassa enormemente todas as outras verdades que a razão pode encontrar. Por conseguinte, é em volta do mistério que a fides e a ratio encontram a possibilidade concreta de um percurso conjunto.

Nestes dias está a realizar-se o Sínodo dos Bispos sobre o tema "A Palavra de Deus na vida e na missão da Igreja". Como deixar de ver a coincidência providencial deste momento com o vosso Congresso. A paixão pela verdade impele-nos a entrar novamente em nós mesmos para compreender no homem interior o profundo sentido da nossa vida. Uma verdadeira filosofia deverá conduzir cada pessoa pela mão, levando-a a descobrir como é fundamental para a sua própria dignidade conhecer a verdade da Revelação. Diante desta exigência de sentido, que não dá trégua enquanto não termina em Jesus Cristo, a Palavra de Deus revela a sua índole de resposta definitiva. Uma Palavra de revelação que se torna vida e exige ser acolhida como nascente inesgotável de verdade.

Enquanto formulo votos a fim de que cada um sinta sempre em si mesmo esta paixão pela verdade, e que faça tudo aquilo que estiver ao seu alcance para satisfazer as exigências de tal paixão, desejo assegurar-vos que sigo com apreço e simpatia o vosso compromisso, acompanhando a vossa investigação inclusive com as minhas orações. Enquanto corroboro estes sentimentos concedo-vos de bom grado, a vós aqui presentes e aos vossos entes queridos, a Bênção Apostólica.



PALAVRAS POR OCASIÃO DA PROJECÇÃO DO FILME "TESTEMUNHO" QUE RECORDA A FIGURA DO SEU PREDECESSOR JOÃO PAULO II Quinta-feira, 16 de Outubro de 2008

Senhores Cardeais
Queridos Irmãos
787 no Episcopado e no Sacerdócio
Gentis Senhoras, ilustres Senhores!

A projecção a que acabamos de assistir, faz-nos ir com o pensamento àquele fim de tarde de 16 de Outubro de há 30 anos, que permaneceu impressa no coração de todos. Como hoje, e quase à mesma hora, o novo Papa dirigindo-se aos numerosos fiéis reunidos na Praça de São Pedro disse: "Se eu errar vós corrigir-me-eis". Era o primeiro encontro do recém-eleito Bispo de Roma, que veio como disse de longe, com a Cidade e com o mundo. O Cardeal Karol Wojtyla, Arcebipo de Cracóvia, escolheu chamar-se João Paulo II, pondo-se assim em continuidade com o seu Predecessor, o Papa Albino Luciani, que tinha guiado a Igreja só por 33 dias.

Poderíamos dizer que o Pontificado do Papa João Paulo II se encerra em duas expressões. A primeira "Abri as portas a Cristo! Não tenhais medo" foi vibrante, e impressionou e despertou a opinião pública e ressoará nos seus lábios muitas vezes ainda durante os anos seguintes; a outra "Deixai-me ir para a Casa do Pai" o Papa pronunciou-a debilmente no leito da morte, ao completar-se uma longa e frutuosa peregrinação terrena. Foram muitas as pessoas que ouviram as primeiras, as últimas foram recolhidas só por alguns íntimos, entre os quais o fiel secretário Pe. Stanislaw, agora Arcebispo Metropolitano de Cracóvia. No livro "Uma vida com Karol", que se tornou um filme com o título "Testemunho", ele quis narrar a sua longa familiaridade com este grande Pontífice, primeiro em Cracóvia e depois em Roma, repercorrendo momentos de alegria e de tristeza, de esperança e de audácia apostólica. Revelando episódios inéditos, o filme deixa transparecer a simplicidade humana, a coragem decidida e por fim o sofrimento do Papa Wojtyla, enfrentado até ao fim com a tenacidade do montanhês e a paciência do humilde servo do Evangelho.

Esta comovedora narração cinematográfica junta-se às muitíssimas publicações sobre este Pontífice, que marcou a história da Igreja e do mundo na última parte do século XX e no início do terceiro milénio. Graças a este filme, constituído quer por materiais documentais quer por reconstruções narrativas e dados históricos, o espectador que não conheceu João Paulo II tem a ocasião de intuir o seu ânimo e a sua paixão evangélica. A nós, que o conhecemos, o filme oferece a oportunidade de reviver com profunda emoção alguns momentos da sua vida com interpretações originais que retomam o conteúdo do livro enriquecido por elementos novos. O filme dá-nos também a ocasião para conhecer melhor a pátria de Wojtyla, a Polónia, e as suas tradições culturais e religiosas; permite-nos repercorrer acontecimentos eclesiais e civis famosos e episódios desconhecidos por muitos. Tudo é narrado vimo-lo com o afecto de quem partilhou estes acontecimentos de perto, à sombra do protagonista.

Então como não dirigir um agradecimento especial a quem contribuiu para a realização desta nova obra cinematográfica? O meu sincero agradecimento dirige-se antes de tudo ao Cardeal Stanislaw Dziwisz, ao qual estou grato por este livro e por esta realização. Faz-nos viver realmente aqueles dias e rever o nosso querido Papa João Paulo II que certamente neste momento, do Céu, está connosco. Agradeço ao regista Pawel Pitera e aos demais colaboradores seria muito longo mencioná-los todos que cuidaram com grande mestria o livro e a sua adaptação cinematográfica. Saúdo com afecto também todos os que se reuniram aqui esta tarde, começando pelos Senhores Cardeais, Bispos, sacerdotes, religiosos e religiosas, até aos numerosíssimos leigos e leigas que admiraram e amaram o meu grande Predecessor. Desejamos aceitar, neste momento, sobretudo o seu convite a não ter medo. Seguindo o seu exemplo, também nós queremos prestar com coragem o nosso testemunho a Cristo. Com estes votos, renovo o meu agradecimento a quantos cuidaram deste filme e colaboraram para a realização desta tarde. A todos concedo a minha Bênção.


PRIMEIRAS VÉSPERAS DO XXIX DOMINGO "PER ANNUM" POR OCASIÃO DA PARTICIPAÇÃO DO PATRIARCA ECUMÉNICO BARTOLOMEU I À XII ASSEMBLEIA GERAL DO SÍNODO DOS BISPOS 18 de Outubro de 2008

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AO PATRIARCA ECUMÉNICO BARTOLOMEU I Capela Sistina
Sábado, 18 de Outubro de 2008


Santidade!

De todo o coração digo "Obrigado" a Vossa Santidade pelas suas palavras. O aplauso dos Padres era mais que expressão de gentileza, era verdadeiramente expressão de uma profunda alegria espiritual e de uma experiência viva da nossa comunhão. Neste momento vivemos realmente o "Sínodo": estivemos juntos a caminho na terra da Palavra divina sob a guia de Vossa Santidade e apreciámos a beleza, com a grande alegria de sermos ouvintes da Palavra de Deus, de sermos confrontados com este dom da sua Palavra.

Quanto Vossa Santidade disse era profundamente alimentado pelo espírito dos Padres, da Sagrada Liturgia e precisamente por isso também fortemente inserido no nosso tempo, com um grande realismo cristão que nos mostra os desafios. Vimos que ir ao centro da Sagrada Escritura, encontrar realmente a Palavra nas palavras, penetrar a palavra de Deus abre também os olhos para o nosso mundo, para a realidade de hoje.

Esta era também uma experiência jubilosa uma experiência de unidade talvez não perfeita, mas verdadeira e profunda. Pensei: os vossos pais, que Vossa Santidade citou amplamente, são também os nossos pais, e os nossos são também os vossos: se temos Pais comuns, como poderíamos não ser irmãos? Obrigado, Santidade. As suas palavras acompanhar-nos-ão no trabalho da próxima semana, iluminar-nos-ão e estaremos também na próxima semana e além dela em caminho comum.

Obrigado, Santidade.



VISITA PASTORAL AO PONTIFÍCIO SANTUÁRIO DE NOSSA SENHORA DO ROSÁRIO EM POMPEIA (ITÁLIA)


RECITAÇÃO DO SANTO ROSÁRIO - PALAVRAS 19 de Outubro de 2008

19118
Pontifício Santuário de Pompeia
Domingo, 19 de Outubro de 2008




Venerados Irmãos
no Episcopado e no Sacerdócio
Queridos religiosos e religiosas
Estimados irmãos e irmãs!

Antes de entrar no Santuário para recitar juntamente convosco o santo Rosário, detive-me brevemente diante do túmulo do beato Bartolo Longo, e rezando perguntei-me: "De onde tirou este grande apóstolo de Maria a energia e a constância necessárias para realizar uma obra tão imponente, conhecida em todo o mundo? Não é precisamente do Rosário, por ele acolhido como um verdadeiro dom do coração de Nossa Senhora?". Sim, foi verdadeiramente assim! Disto dá testemunho a experiência dos santos: esta popular oração mariana é um meio espiritual precioso para crescer na intimidade com Jesus, e para aprender, na escola da Virgem Santa, a realizar sempre a vontade divina. É contemplação dos mistérios de Cristo em união espiritual com Maria, como ressaltava o servo de Deus Paulo VI na Exortação Apostólica Marialis cultus (n. 46), e como depois o meu venerado predecessor João Paulo II ilustrou amplamente na Carta apostólica Rosarium Virginis Mariae, que hoje idealmente entrego à Comunidade de Pompeia e a cada um de vós. Vós que viveis e trabalhais aqui em Pompeia, especialmente vós, queridos sacerdotes, religiosas, religiosos e leigos comprometidos nesta singular porção de Igreja, sois todos chamados a fazer vosso o carisma do beato Bartolo Longo e a tornar-vos, na medida e nos modos que Deus concede a cada um, autênticos apóstolos do Rosário.

Mas para ser apóstolos do Rosário, é preciso fazer experiência em primeira pessoa da beleza e da profundidade desta oração, simples e acessível a todos. É necessário antes de tudo deixar-se guiar pela mão da Virgem Maria e contemplar o rosto de Cristo: rosto jubiloso, luminoso, doloroso e glorioso. Quem, como Maria e juntamente com Ela, guarda e medita assiduamente os mistérios de Jesus, assimila cada vez mais os seus sentimentos e conforma-se com Ele. Apraz-me, a este propósito, citar uma bonita consideração do beato Bartolo Longo: "Como dois amigos escreve ele praticando frequentemente juntos, costumam conformar-se também nos costumes, assim nós, conversando familiarmente com Jesus e com a Virgem, ao meditar os Mistérios do Rosário, e formando juntos uma mesma vida com a Comunhão, podemos tornar-nos, na medida em que for capaz a nossa pequenez, semelhantes a eles, e aprender destes excelsos exemplos o viver humilde, pobre, escondido, paciente, perfeito" (I Quindici Sabati del Santissimo Rosario, 27ª ed., Pompei, 1916, p. 27: cit. em Rosarium Virginis Mariae
RVM 15).

O Rosário é escola de contemplação e de silêncio. À primeira vista, poderia parecer uma oração que acumula palavras, portanto dificilmente conciliável com o silêncio que é justamente recomendado para a meditação e a contemplação. Na realidade, esta repetição ritmada da Ave-Maria não perturba o silêncio interior, aliás, exige-o e alimenta-o. Analogamente a quanto acontece para os Salmos quando se reza a Liturgia das Horas, o silêncio sobressai através das palavras e das frases, não como um vazio, mas como uma presença de sentido último que transcende as próprias palavras e juntamente com elas fala ao coração. Assim, recitando as Ave-Marias é preciso prestar atenção para que as nossas vozes não "se sobreponham" à de Deus, o qual fala sempre através do silêncio, como "o sussurrar de uma brisa leve" (1R 19,12). Como é importante então cuidar este silêncio cheio de Deus quer na recitação pessoal quer na comunitária! Mesmo quando é rezado, como hoje, por grandes assembleias e como fazeis todos os dias neste Santuário, é necessário que se sinta o Rosário como oração contemplativa, e isto não pode acontecer se falta um clima de silêncio interior.

789 Gostaria de acrescentar outra reflexão, relativa à Palavra de Deus no Rosário, particularmente oportuna neste período no qual está a decorrer no Vaticano o Sínodo dos Bispos sobre o tema: "A Palavra de Deus na vida e na missão da Igreja". Se a contemplação cristã não pode prescindir da Palavra de Deus, também o Rosário, para ser oração contemplativa, deve emergir sempre do silêncio do coração como resposta à Palavra, a exemplo de Maria. Considerando bem, o Rosário está totalmente imbuído de elementos tirados da Escritura. Há antes de mais a enunciação do mistério, feita preferivelmente, como hoje, com palavras tiradas da Bíblia. Segue-se o Pai-Nosso: dando à oração a orientação "vertical", abre o ânimo de quem recita o Rosário para a justa atitude filial, segundo o convite do Senhor: "Quando rezais dizeis: Pai..." (Lc 11,2). A primeira parte da Ave-Maria, também ela tirada do Evangelho, faz-nos ouvir todas as vezes as palavras com que Deus se dirigiu à Virgem Maria através do Anjo, e as de bênção da prima Isabel. A segunda parte da Ave-Maria ressoa como a resposta dos filhos que, dirigindo-se suplicantes à Mãe, mais não fazem do que expressar a própria adesão ao desígnio salvífico, revelado por Deus. Assim o pensamento de quem reza permanece sempre ancorado na Escritura e nos mistérios que nela são apresentados.

Recordando por fim que hoje celebramos o Dia Missionário Mundial, apraz-me recordar a dimensão apostólica do Rosário, uma dimensão que o beato Bartolo Longo viveu intensamente tirando dele inspiração para empreender nesta terra tantas obras de caridade e de promoção humana e social. Além disso, ele quis este Santuário aberto ao mundo inteiro, como centro de irradiação da oração do Rosário e lugar de intercessão pela paz entre os povos. Queridos amigos, estas duas finalidades: desejo confirmar e recomendar novamente ao vosso compromisso espiritual e pastoral o apostolado da caridade e a oração pela paz. A exemplo e com o apoio do venerado Fundador, não vos canseis de trabalhar com paixão nesta parte da vinha do Senhor que Nossa Senhora mostrou preferir.

Queridos irmãos e irmãs, chegou o momento de me despedir de vós e deste bonito Santuário. Agradeço-vos o acolhimento caloroso e sobretudo as vossas orações. Agradeço ao Arcebispo-Prelado e Delegado Pontifício, aos seus colaboradores e a quantos trabalharam para preparar o melhor possível a minha visita. Devo deixar-vos, mas o meu coração permanece próximo desta terra e desta comunidade. Confio-vos a todos à Bem-Aventurada Virgem do Santo Rosário, e concedo de coração a cada um a Bênção Apostólica.


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Saudação antes de deixar o Santuário

Queridos irmãos e irmãs!

Chegou o momento de me despedir, mas como disse, permaneço sempre com o coração próximo de vós, próximo deste santuário lindíssimo, a esta gente cheia de fé, de entusiasmo e de caridade. Obrigado! Permaneçamos fiéis a Nossa Senhora e assim permaneçamos fiéis à caridade e à paz. Abençoo-vos a todos no nome de Deus Omnipotente, Pai, Filho e Espírito Santo. Adeus! Obrigado!





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