Discursos Bento XVI 826

À SENHORA ELÍN FLYGENRING NOVA EMBAIXADORA DA REPÚBLICA DA ISLÂNDIA JUNTO DA SANTA SÉ POR OCASIÃO DA APRESENTAÇÃO DA CARTAS CREDENCIAIS Quinta-feira, 18 de Dezembro de 2008



Excelência

É com prazer que lhe dou as boas-vindas ao Vaticano, no momento em que Vossa Excelência apresenta as Cartas Credenciais mediante as quais é nomeada Embaixadora Extraordinária e Plenipotenciária da República da Islândia junto da Santa Sé. Estou-lhe grato pelas amáveis saudações e sentimentos de boa vontade que me expressou. Pedir-lhe-ia que tivesse a amabilidade de transmitir a Sua Excelência o Senhor Presidente Ólafur Ragnar Grímsson, às autoridades civis e a todo o povo da Islândia, os meus sinceros bons votos.

A sua presença aqui hoje, Senhora Embaixadora, é mais um marco miliário no comum itinerário de compreensão e de cooperação entre a Islândia e a Santa Sé, que juntos começamos a percorrer desde o estabelecimento de relações diplomáticas formais, em 1976. A visita que o meu venerado predecessor, Papa João Paulo II, realizou ao seu país em 1989 constituiu uma eloquente expressão da proximidade de tais relações. Com efeito, a recepção cordial que ele recebeu e o afecto das suas palavras e dos seus gestos foram, num certo sentido, uma renovação simbólica da estima recíproca e do desejo de continuar a trabalhar numa colaboração respeitosa. A Islândia e a Santa Sé possuem muitas áreas de interesse conjunto no cenário internacional, entre as quais quereria mencionar a assistência à saúde e meio ambiente, a liberdade de consciência e de religião, a promoção da paz e do diálogo, bem como a busca de uma ordem internacional cada vez mais justa e equitativa. Estou convicto de que a responsabilidade que Vossa Excelência agora assume há-de continuar a consolidar a promoção destes e de outros valores comuns.

A missão de Vossa Excelência pode também haurir inspiração daquele especial acontecimento na vida e na identidade da sua nação, quando o Cristianismo foi aceite pelo povo da Islândia no seu Parlamento nacional há mais de mil anos. Os cristãos no seu país podem considerar com gratidão aquele momento e evocar as verdades, os princípios e os valores conservados nas instituições, nas leis e nos costumes da sua sociedade, que continuam a nutrir e a educar a população. Quando nomeou São Thorlac como o Santo Padroeiro da Islândia, o meu venerado predecessor, Papa João Paulo II, ressaltou justamente a presença formativa da fé nessa terra. Eu pessoalmente tive a oportunidade de apreciar esta herança, quando Sua Excelência o Primeiro-Ministro Geir H. Haarde teve a gentileza de que oferecer uma cópia da nova tradução islandesa da Bíblia, durante a sua visita ao Vaticano. Espero ardentemente que o povo da Islândia, quer como indivíduos quer como uma nação, continue a inspirar-se nesta rica tradição. Rezo ainda para que ela os ilumine, na defesa e na promoção dos direitos humanos na pátria e no estrangeiro, encorajando ao mesmo tempo o respeito por todas as religiões e pelo legítimo exercício da liberdade.

Não obstante sejam numericamente uma comunidade exígua, os católicos na Islândia estão comprometidos no serviço religioso e humano em benefício de todos os seus irmãos e irmãs, tanto cidadãos locais como imigrantes. Esta tarefa tornou-se mais fácil, graças ao relacionamento que se tem desenvolvido ao longo dos anos entre a Igreja luterano-evangélica da Islândia e a Igreja católica. Como tais, as democracias consolidadas procuram educar as pessoas à tolerância e à aceitação mútua, no diálogo respeitoso e na colaboração para o bem comum. Os efeitos positivos deste clima social e político são enriquecidos, quando os cristãos recebem e põem em prática o dom da caridade, que se expressa através do diálogo e da colaboração concreta. Faço votos por que no seu país os membros da Igreja católica e todos aqueles que se põem em busca da unidade entre os cristãos e do maior bem da sociedade em geral, continuem a crescer no conhecimento, no respeito e na cooperação recíprocos. Enquanto eles procuram promover em conjunto uma sociedade cada vez mais digna e humana, rezo a fim de que sejam enriquecidos pelo dom do amor, conscientes de que "o amor, na sua pureza e gratuidade, é o melhor testemunho do Deus em quem acreditamos e pelo qual somos impelidos a amar" (Deus caritas est ).

827 No cenário global, a Santa Sé aprecia o interesse que o seu país tem demonstrado em vista de favorecer um maior envolvimento por parte da comunidade internacional na promoção da paz através da defesa dos direitos humanos e da aplicação da lei, na luta contra a pobreza e de maneira especial na salvaguarda do meio ambiente. A experiência do seu país e a sua capacidade tecnológica no recurso a energias alternativas podem ser de grande utilidade para outras populações e contribuir para o desejo que os homens têm de ser melhores administradores da criação de Deus. De igual modo, não posso deixar de elogiar a solicitude manifestada pela Islândia por aqueles que sofrem por causa dos efeitos da guerra e do subdesenvolvimento, levando a sua população a abrir-se com generosidade à recepção dos refugiados e, entre outras mais iniciativas, desejosa de ver o comércio internacional estabelecer-se num fundamento mais equitativo.

No seu discurso, a Senhora Embaixadora mencionou as dificuldades experimentadas pelos seus concidadãos, como resultado das recentes adversidades financeiras. A população do mundo inteiro está a considerar com apreensão o presente período de instabilidade económica internacional. A Santa Sé está preocupada com os seus efeitos negativos sobre os países e os indivíduos, e acompanha com particular atenção as propostas para consolidar as instituições financeiras nacionais e internacionais sobre fundamentos mais prudentes e moralmente responsáveis. Oro para que os líderes políticos e económicos sejam orientados nas suas decisões pela sabedoria, a clarividência e o apreço pelo bem comum. Estou convicto de que o povo da Islândia, conhecido pela sua determinação e coragem, há-de superar este período de turbulência e que, com os favores do Senhor, através de decisões políticas sábias e com a ajuda dos numerosos filhos e filhas da nação, profissionalmente qualificados e competentes, eles voltarão a gozar mais uma vez da estabilidade económica.

Excelência, peço-lhe que receba estas reflexões como uma expressão da atenta consideração e apreço da Santa Sé pelo seu país. Formulo-lhe votos de todo o bem na sua missão e exorto-a a contar com a cooperação dos diferentes Departamentos da Cúria Romana. Uma vez mais, é-me grato renovar os meus bons votos a Sua Excelência o Senhor Presidente Ólafur Ragnar Grímsson, assim como ao Governo e ao povo do seu país. Deus Omnipotente derrame sobre a nação abundantes e duradouras bênçãos de bem-estar, estabilidade e paz!




AO SENHOR PAUL DÜHR NOVO EMBAIXADOR DO GRÃO-DUCADO DO LUXEMBURGO JUNTO DA SANTA SÉ Sala Clementina

Quinta-feira, 18 de Dezembro de 2008


Senhor Embaixador

Sinto-me feliz por receber Vossa Excelência nesta circunstância solene da apresentação das Cartas que o acreditam como Embaixador extraordinário e plenipotenciário do Gão-Ducado do Luxemburgo junto da Santa Sé. Agradeço-lhe, Senhor Embaixador, as palavras cordiais que me dirigiu. Ser-lhe-ia grato por se dignar expressar a Sua Alteza Real o Grão-Duque Henri os meus cordiais votos pela sua pessoa e pela família grã-ducal assim como pelo bem-estar e bom êxito do povo luxemburguês. Peço a Deus que acompanhe os esforços e as iniciativas de todas as pessoas que têm a preocupação pelo bem comum.

Neste final de ano, terminam as celebrações que ressaltaram o 1350º aniversário do nascimento de São Willibrord, o segundo padroeiro da sua nação. Missionário infatigável no meio das maiores vicissitudes políticas, em particular, foi graças a ele que a semente do Evangelho foi lançada na sua terra, cresceu, deu frutos e deixou uma marca profunda na história do seu País. Ainda hoje a comunidade católica participa activamente na vida social e política da sua nação procurando dar uma contribuição útil para o bem-estar de toda a população e participar eficazmente na resolução dos problemas que atingem o caminho dos homens.

É sobretudo um dever que compete a todos proteger a dignidade do homem das agressões de que são vítimas devido a situações de pobreza que existem até no seio de nações mais desenvolvidas como a sua. Esta atenção deve ser prestada a diversos níveis: através de acções de proximidade, mas também em escala nacional, sem esquecer a cooperação internacional. Que a crise financeira actual que suscita tantas preocupações não desvie o seu país dos esforços que ele emprega para a solidariedade e para a ajuda ao desenvolvimento. Faço votos por que o seu País saiba igualmente reafirmar junto das outras nações desenvolvidas com as quais mantém relações estreitas, que os países ricos não podem esquecer as suas responsabilidades, em primeiro lugar, a favor do destino das populações mais pobres. A prosperidade da qual a sua nação felizmente goza confere-lhe um dever de exemplaridade.

O contexto económico convida paradoxalmente a procurar o verdadeiro tesouro da existência e a estar atentos aos equilíbrios que permitem uma vida social harmoniosa. Entre todos os elementos que para esta finalidade contribuem, encontra-se o de não faltar ao respeito do domingo. Além do seu significado religioso, a singularidade deste dia recorda a cada cidadão a sua nobre dignidade e que o seu trabalho não é servil. Este dia é oferecido a todos para que o homem não seja reduzido a uma simples força de trabalho ou a um consumidor, mas para que possa repousar e consagrar tempo às realidades mais importantes da vida humana: a vida familiar, o encontro gratuito com os outros, as actividades do espírito e o culto prestado a Deus. É fundamental não perder, numa vã e perigosa corrida ao lucro, o que é não só uma aquisição social, mas sobretudo a característica de uma sabedoria humana profunda.

Senhor Embaixador, gostaria também de aproveitar a ocasião para expressar a minha profunda preocupação em relação ao texto de lei sobre a eutanásia e o suicídio assistido, actualmente em debate no Parlamento. Esse texto, acompanhado além disso e de modo contraditório por outro projecto que contém disposições legislativas úteis para desenvolver as curas paliativas a fim de tornar o sofrimento mais suportável na fase final da doença e proporcionar ao doente um acompanhamento humano apropriado, legitima concretamente a possibilidade de pôr fim à vida. Os responsáveis políticos, cujo dever grave é servir o bem do homem, assim como os médicos e as famílias, devem recordar-se que "a decisão deliberada de privar um ser humano inocente da sua vida é sempre má sob o ponto de vista moral e nunca pode ser lícita" (Enc. Evangelium vitae EV 57). Na realidade, o amor e a verdadeira compaixão indicam outro caminho. O pedido que sai do coração do homem no seu confronto supremo com o sofrimento e com a morte, sobretudo quando é tentado a abandonar-se ao desespero e se desorienta a ponto de desejar desaparecer, é sobretudo um pedido de acompanhamento e um apelo a mais solidariedade e apoio na provação. Este apelo pode parecer exigente, mas ele só é digno do ser humano e abre a solidariedades novas e mais profundas que, definitivamente, enriquecem e fortalecem os vínculos familiares e sociais. Todos os homens de boa vontade estão convidados a cooperar neste caminho de humanização e a Igreja, por seu lado, deseja comprometer nele todos os seus recursos de atenção e de serviço. Fiel às raízes cristãs e humanistas da sua nação e à preocupação constante de promover o bem comum, que o povo luxemburguês, em todos os seus componentes, tenha sempre a preocupação de reafirmar a grandeza e o carácter inviolável da vida humana!

828 Senhor Embaixador, ao concluir, sinto-me feliz por saudar por seu intermédio D. Fernand Franck, Arcebispo de Luxemburgo, os sacerdotes, os diáconos e todos os fiéis que formam a comunidade católica do Grão-Ducado. Como ressaltei, sei que eles têm a preocupação de construir, com todos os demais cidadãos, um caminho social no qual cada um possa encontrar a possibilidade de um desenvolvimento pessoal e colectivo. Que Deus confirme estas boas intenções!

No momento em que Vossa Excelência inicia oficialmente a sua função junto da Santa Sé, formulo os meus melhores votos pelo feliz cumprimento de sua missão. Tenha a certeza, Senhor Embaixador, de que encontrará sempre junto dos meus colaboradores atenção e compreensão cordiais. Ao invocar a intercessão da Virgem Maria e da São Willibrord, peço ao Senhor que conceda generosas bênçãos sobre vossa Excelência, sobre a sua família e colaboradores, assim como sobre os dirigentes e o povo luxemburguês.



AO SENHOR RAJAONARIVONY NARISOA

NOVO EMBAIXADOR DE MADAGÁSCAR JUNTO DA SANTA SÉ Sala Clementina

Quinta-feira, 18 de Dezembro de 2008


Senhor Embaixador

É com prazer que recebo hoje Vossa Excelência e que lhe dou as boas-vindas no momento em que me apresenta as Cartas que o acreditam como Embaixador extraordinário e plenipotenciário da República de Madagáscar junto da Santa Sé. Agradeço a Sua Excelência o Sr. Marc Ravalomana, Presidente da República, os seus votos cordiais e, em retribuição, peço-lhe que lhe transmita as minhas deferentes saudações pela sua pessoa e pela nobre missão ao serviço dos seus concidadãos. Gostaria também de saudar através de Vossa Excelência todo o querido povo malgaxe.

Sensibilizaram-me, Senhor Embaixador, as palavras gentis que me dirigiu e agradeço-lhe. A "Grande Ilha" este ano não foi poupada pelas calamidades naturais. Ciclones destruíram numerosas habitações, pontes e estradas, os arrozais e os rebanhos sofreram graves danos. Morreram muitas pessoas, outras ficaram feridas e outras ainda perderam os seus bens. Desejo garantir ao povo malgaxe a minha proximidade na preocupação e na oração. Que Deus, na sua bondade, tenha piedade do seu povo e ouça a voz de quantos o invocam (cf. Sl Ps 5,3) e imploram socorro! E com o salmista, digo: "Levanta-te, Iahweh! Ergue a tua mão! Não te esqueças dos infelizes!" (Ps 9,12). Neste contexto, é motivo de alegria que o Prémio da Fundação São Mateus em memória do Cardeal François-Xavier Van Thuân, Solidariedade e Desenvolvimento 2008, tenha sido conferido, a 13 de Novembro passado por ocasião da celebração do sexagésimo aniversário da Declaração Universal dos Direitos do Homem, ao projecto akamasoa de pequenas casas destinadas aos sem-tecto de Antananarive.

Há dois anos, em 2006, o Presidente da República apresentou e começou a realizar o "Madagascar Action Plan" e o "Fihavanana" (Fraternidade Solidária) destinados ao desenvolvimento do País, sobretudo nas zonas rurais, a construir estradas e a proteger a natureza, assim como a favorecer a harmonia social e a paz. São promovidas também a escolarização, as medidas em favor da diminuição da mortalidade infantil e a luta contra as grandes pandemias. Faço votos por que em Madagáscar estes projectos e realizações encontrem o apoio renovado da comunidade internacional que continuará a demonstrar a sua grande generosidade e evitará usar como pretexto a crise financeira que atingiu as economias mundiais e nacionais para reduzir ou suprimir as suas ajudas.

Excelência, em Julho do próximo ano o seu País hospedará a cimeira da União Africana, e no ano seguinte hospedará a cimeira Francófona. Estes dois acontecimentos orientarão a atenção internacional para Madagáscar e permitir-lhe-ão trabalhar em favor da concórdia entre os povos e da paz, sobretudo no continente africano atormentado por numerosos conflitos internos ou entre Estados, e por dramas humanos que afligem uma população indefesa, obrigada com muita frequência a lutar pela sobrevivência humana e material. Estes encontros internacionais, que devem ser encorajados, favorecem não só o diálogo entre os diferentes parceiros, mas também e sobretudo, abrem as portas a diversos tipos de cooperação que permitem intercambiar de modo recíproco, na dignidade, bens e valores que enriquecerão as respectivas populações e que diminuirão, pouco a pouco, os desequilíbrios socioeconómicos que existem entre o norte e o sul do planeta. Quando estes bens e valores forem plenamente usados em conformidade com o desígnio do Senhor será toda a humanidade que beneficiará disto. Por fim, estes encontros internacionais farão conhecer ao mundo que Madagáscar deseja, como disse o meu venerado Predecessor ao Embaixador malgaxe que precedeu Vossa Excelência, comprometer-se "cada vez mais no caminho do bom governo e do respeito dos direitos do homem" (Discurso de 13 de Dezembro de 2002), combatendo entre outras coisas a violência dissimulada da corrupção e da desigualdade entre os ricos e os pobres, e promovendo cada vez mais os nobres valores tradicionais do seu País.

Como sabe, Senhor Embaixador, a Igreja católica deseja dar a contribuição que lhe é própria. Ela está presente em Madagáscar há séculos e é maioritariamente malgaxe. Os católicos malgaxes, leigos e membros da hierarquia eclesiástica, partilham os sofrimentos e as esperanças da população. Colaboram, de acordo com os seus meios, para o bem comum e para o desenvolvimento do povo malgaxe. Desejam contribuir para a edificação de uma sociedade fundada na justiça e na paz. A sua intenção é servir do melhor modo a Igreja e o povo do qual são filhos nesta sua nação. Portanto, interessam-se pelo conjunto da vida nacional e pelas leis que a regem assim como pelos projectos de lei que deveriam aperfeiçoar a vida quotidiana do cidadão. A longa e rica tradição eclesial é uma contribuição positiva na lenta construção da nação. A Igreja não procura interferir num campo que não lhe compete e que é de ordem estrictamente política, mas deseja simplesmente, em virtude da sua própria natureza, participar na edificação e na consolidação da vida nacional.

Senhor Embaixador, peço-lhe que transmita as minhas saudações à comunidade católica do seu País. Ela participa no desenvolvimento e no crescimento da nação inteira e Vossa Excelência conhece o papel que ela desempenha nos âmbitos da educação e da saúde, sobretudo a favor das pessoas mais desfavorecidas, a quem ela procura dar alívio. A Igreja deu grandes figuras que se distinguiram pela sua caridade e amor por Madagáscar. Penso de modo particular na beata Victória Rasoamanarivo e no venerável Frei Raphaël-Louis Rafiringa, cuja causa progride. Tenho a certeza de que as jovens gerações encontrarão neles modelos sempre actuais para serem seguidos e imitados.

829 No momento em que inicia oficialmente a sua missão de representação junto da Santa Sé, apresento-lhe, Excelência, os meus votos cordiais pelo êxito da sua nobre tarefa e desejo garantir-lhe que encontrará sempre um bom acolhimento e compreensão atenta junto dos meus colaboradores, para que as relações harmoniosas que existem entre a República do Madagáscar e a Santa Sé possam prosseguir e aprofundar-se.

Sobre Vossa Excelência, família e colaboradores, assim como sobre os Responsáveis pela Nação e todo povo malgaxe, invoco de coração a abundância das Bênçãos de Deus.



AO SENHOR OSCAR AYUSO

NOVO EMBAIXADOR DE BELIZE JUNTO DA SANTA SÉ Sala Clementina

Quinta-feira, 18 de Dezembro de 2008




Excelência

Estou feliz por recebê-lo no Vaticano e por receber as Cartas que acreditam Vossa Excelência como Embaixador e Ministro Plenipotenciário de Belize. Estou-lhe grato pelas saudações que me transmitiu da parte do Governador-Geral e do Primeiro-Ministro, e peço-lhe para lhes transmitir as minhas cordiais saudações e bons votos, juntamente com a garantia das minhas orações por vós e pelos vossos concidadãos.

Apraz-me muito a sua gentil referência à contribuição feita pela Igreja para o desenvolvimento da sua nação, especialmente através dos seus bem-estabelecidos apostolados educacionais e sociais. A história da frutuosa cooperação com as autoridades civis e as respeitosas relações com outros grupos religiosos, com efeito, permitiu que a Igreja levasse a cabo a sua própria missão religiosa e cultural em Belize. O apoio tradicional dado pelo Estado às escolas católicas e à educação religiosa dos jovens, não só beneficiou a Igreja, mas também ajudou a fortalecer o tecido da sociedade no seu conjunto.

Em todos os lados os jovens têm direito a uma sólida educação que lhes permita completar as dimensões intelectual, humana e religiosa da vida dentro de uma síntese coerente (cf. Gravissimum educationis GE 1). O povo belizenho está justamente orgulhoso da sua história rica, da diversidade das suas tradições culturais e religiosas, e do espírito de respeito recíproco e cooperação que durante muito tempo caracterizou as relações entre os vários grupos no interior da sociedade. Este impressionante legado não pode ser dado por certo, ao contrário, precisa de ser constantemente adequado e conscientemente transmitido às gerações mais jovens, a todos os níveis da educação e da vida comunitária.

Esta tarefa, hoje particularmente urgente, quando os valores que tradicionalmente moldaram a vida nacional e a identidade belizenha estão a ser desafiados pela importação de certos modelos culturais que, tragicamente, minam precisamente as energias e dons que os jovens oferecem à sociedade: o seu idealismo, generosidade, alegria, esperança e entusiasmo. Mediante a fomentação de um clima de cinismo e alienação, eles facilitam a expansão de uma contracultura da violência e evasão da realidade, e a busca de falsas utopias através do abuso de alcool e drogas. O fenómeno recente, que se demonstrou destrutivo de tantas vidas e esperanças, é fonte de particular preocupação para todos aqueles comprometidos no bem-estar, não só dos jovens, mas da sociedade na sua totalidade. A Igreja, por seu lado, deseja contribuir para resolver estes desafios ajudando os jovens a distinguir, à luz do Evangelho, as verdades últimas que são o fundamento de uma vida autêntica e verdadeiramente realizada e, a base para uma comunidade social pacífica e humana.

Essencial para o futuro de qualquer sociedade são as famílias. Na minha Mensagem para o Dia Mundial da Paz de 2008, sublinhei o papel único da família como "um fundamento da sociedade inclusivamente porque permite fazer decisivas experiências de paz" (n. 3). Famílias fortes têm sido por tanto tempo uma insígnia da vossa vida nacional, e a comunidade católica em Belize está empenhada a trabalhar com todas as pessoas de boa vontade para resolver responsavelmente os crescentes desafios às instituições do matrimónio e da família, especialmente através do encorajamento da natureza do matrimónio baseado numa união permanente da vida de um homem e uma mulher, protegendo os direitos específicos da família, e respeitando a inviolável dignidade de toda a vida humana, desde o momento da concepção até à morte natural. Este testemunho, dirigido à informação da opinião pública e à promoção de políticas familiares sábias e clarividentes, procura contribuir para o bem comum através da defesa de uma instituição que foi, e continua a ser, "um recurso essencial ao serviço pela paz" e ao progresso social (cf. ibid., 5).

No interior da comunidade global a sua nação procurou consolidar os seus laços com outros países e comprometer-se em programas de cooperação internacional. Com base na sua história passada, na sua relativamente recente experiência de independência e na estabilidade da sua vida política, Belize pode servir como encorajamento e ponto de referência, não só para o Caribe e para a América Central, mas para as jovens democracias noutras partes do mundo. Através desta solidariedade, pessoas de boa vontade podem unir os seus esforços para criar uma ordem social envolvendo os valores da liberdade, do diálogo respeitoso e da cooperação no serviço para o bem comum, na salvaguarda da dignidade humana e na promoção de um interesse activo pelos pobres e os desavantajados.

830 Com estes sentimentos, Senhor Embaixador, ofereço-lhe os meus melhores bons votos pela missão que iniciou ao serviço do seu país, e asseguro-lhe a disponibilidade dos vários departamentos da Santa Sé para o ajudar no cumprimento das suas responsabilidades. Estou convicto de que a sua representação ajudará a fortalecer as relações existentes entre a Santa Sé e Belize. Sobre Vossa Excelência e a sua família, e sobre o amado povo da sua nação, invoco cordialmente as Bênçãos de Deus de alegria e de paz.



À SENHORA RAFIÂA LIMAN BAOUENDI

NOVA EMBAIXADORA DA TUNÍSIA JUNTO DA SANTA SÉ Sala Clementina

Quinta-feira, 18 de Dezembro de 2008




Senhora Embaixadora

É com prazer que a recebo no momento em que apresenta as Cartas que a acreditam como Embaixadora extraordinária e plenipotenciária da Tunísia junto da Santa Sé. Agradeço-lhe as amáveis palavras que me dirigiu assim como as saudações de Sua Excelência o Sr. Zine El Abidine Ben Ali, Presidente da República. Ficar-lhe-ia grato pela amabilidade de lhe transmitir os meus agradecimentos assim como os meus votos cordiais pela sua pessoa e por todo o povo tunisino.

O progresso económico e social é uma necessidade para permitir que todas as pessoas e famílias gozem do bem-estar necessário para o seu pleno desenvolvimento. Alegro-me portanto por saber que durante os últimos anos o seu País conheceu um progreso sensível nestes âmbitos. Na difícil situação económica que o mundo actualmente está a atravessar, é necessário realizar uma solidariedade autêntica, quer no interior de cada país quer entre as nações, a fim de que os mais pobres não sejam ainda mais penalizados. Com efeito, um crescimento económico obtido em detrimento dos seres humanos, de povos inteiros e de grupos sociais, condenados à indigência e à exclusão, não é aceitável (Cf. Compêndio da Doutrina Social da Igreja, n. 332).

Por outro lado, o progresso económico deve caminhar a passo com o progresso da formação humana e espiritual das pessoas. De facto, a vida do homem não pode ser reduzida a uma dimensão material. Congratulo-me pelos esforços feitos pela Tunísia para a educação da juventude. Face às dificuldades e às incertezas da vida, ou ainda por vezes face a um certo afastamento dos pontos de referência que dão sentido à existência, é necessário que as jovens gerações recebam uma educação sólida que as ajude a enfrentar as rápidas transformações das sociedades. Uma atenção particular às diversidades culturais e religiosas, permitir-lhe-á integrar-se melhor num mundo que se caracteriza cada vez mais por uma mistura de culturas e de religiões, assim como contribuir para a edificação de um mundo mais fraterno e solidário.

De facto, o diálogo entre as culturas e entre as religiões é, nos nossos dias, uma necessidade inevitável, a fim de poder agir juntos a favor da paz e da estabilidade do mundo assim como de promover o respeito autêntico pela pessoa e pelos direitos fundamentais do homem. Por outro lado, o reconhecimento do lugar central da pessoa e da dignidade de cada ser humano, assim como o respeito pela vida que é um dom de Deus e portanto é sagrado, são uma base comum para construir um mundo mais harmonioso e acolhedor das legítimas diversidades. A edificação de uma sociedade na qual todos sejam reconhecidos na sua dignidade exige também o respeito pela liberdade de religião para cada um. Pois a expressão das convicções religiosas autênticas é a manifestação mais verdadeira da liberdade humana.

A posição que a Tunísia ocupa no Magreb convida a desempenhar um papel importante a nível internacional, sobretudo no Mediterrâneo e em África. O estabelecimento de relações de boa vizinhança entre as nações há-de contribuir para uma tomada de consciência mais clara da pertença comum à única família humana. A cooperação e os intercâmbios entre as nações devem portanto ser encorajadas não só para garantir a todos o direito ao desenvolvimento, mas também para estabelecer uma autêntica comunidade de irmãos e de irmãs, chamados a formar uma grande família. Para esta finalidade, além de uma lógica estreita de relações de mercado, a vida social deve basear-se sobre o fundamento sólido de valores espirituais e éticos comuns para responder às exigências do bem de todos e preservar os direitos dos mais débeis.

Senhora Embaixadora, a Igreja católica manifesta a sua presença na sociedade tunisina sobretudo mediante as suas instituições educativas ou também no campo da saúde ou da atenção que dedica às pessoas deficientes. Mediante o seu compromisso ao serviço da população, sem distinção de origem ou de religião, ela pretende contribuir, à sua maneira, para o bem comum. O respeito e benevolência manifestadas em relação às suas instituições eclesiais são um sinal da confiança de que elas gozam da parte das Autoridades e da população. Por isto me alegro.

Com efeito, como Vossa Excelência sabe, a comunidade católica da Tunísia, que amavelmente saudará da minha parte, enraíza-se numa antiga tradição que marcou a vida cultural e espiritual do seu País. Santos e santas como Cipriano, Perpétua e Felícita e muitos outros testemunharam o único Deus até à doação da sua vida. Portanto, convido os católicos, em profunda comunhão com o seu Bispo, a manifestar fervorosamente em seu redor, à imagem dos seus Pais na fé, o amor de Deus que lhes dá alento e a ser testemunhas radiosas da esperança que os anima.
831 No momento em que inicia a sua missão junto da Santa Sé, apresento-lhe, Senhora Embaixadora, os meus melhores votos pela sua feliz realização, a fim de que prossigam e se desenvolvam relações harmoniosas entre a Santa Sé e a Tunísia, e garanto-lhe que encontrará sempre acolhimento atento junto dos meus colaboradores.

Sobre Vossa Excelência, sobre a sua família e colaboradores, assim como sobre os Responsáveis e todos os habitantes da Tunísia, invoco de todo o coração a abundância das Bênçãos do Todo-Poderoso.



AO SENHOR AMANZHOL ZHANKULIYEV

NOVO EMBAIXADOR DA REPÚBLICA DO CAZAQUISTÃO JUNTO DA SANTA SÉ Sala Clementina

Quinta-feira, 18 de Dezembro de 2008




Senhor Embaixador

Acolho com prazer Vossa Excelência no Vaticano para a apresentação das Cartas que o acreditam como Embaixador extraordinário e plenipotenciário da República do Cazaquistão junto da Santa Sé e agradeço-lhe vivamente por me ter transmitido a gentil mensagem de Sua Ex.cia o Sr. Nursultan Nazarbayev, Presidente da República. Ficar-lhe-ia grato por se dignar expressar-lhe em retribuição os meus melhores votos pela sua pessoa, assim como pelos responsáveis da vida civil e religiosa e por todo o povo cazaquistanês.

O Cazaquistão ocupa uma posição geográfica que o põe em contacto com grandes conjuntos geopolíticos: a Europa, a Rússia, a China e com países maioritariamente muçulmanos. A sua população diversificada inclui povos com línguas e tradições culturais diferentes. Estes dois elementos, associados às riquezas naturais que o seu País possui, são um dom de Deus que convém gerir bem. Este dom oferece grandes possibilidades e abre perspectivas que podem interessar o futuro do homem e contribuir para a afirmação da sua dignidade. O seu Presidente quis fazer da sua terra um lugar de encontro e de diálogo, uma espécie de laboratório no qual se procura viver uma convivência respeitadora da diversidade cultural e religiosa, um espaço que poderia demonstrar aos outros povos e nações que é possível que os homens vivam dignamente, em paz, no respeito pela crença e pelas peculiaridades de cada um. Encorajo mais uma vez todas as iniciativas tomadas dentro e fora das vossas fronteiras em favor do diálogo entre os homens, entre as culturas e as religiões. O mundo tem sede de paz e Deus deseja que ele cresça e se desenvolva em harmonia. Neste sentido, congratulo-me com os progressos corajosos e abertos de diálogo empreendidos pelo seu País, que darão frutos na sua nação, e consolidarão a estabilidade regional.

Vossa Excelência, Senhor Embaixador, conhece o papel positivo que as religiões podem desempenhar na sociedade respeitando-se reciprocamente e colaborando juntas para objectivos comuns. É sem dúvida competência do Estado garantir a plena liberdade religiosa, mas compete-lhe também aprender a respeitar o religioso evitando interferir em matéria de fé e na consciência de cidadão. Para todos os Estados, é grande a tentação de deixar indeterminadas as definições dos campos políticos e religiosos arriscando assim de não reconhecer o que não é da sua competência. Portanto, cada Estado é chamado a permanecer vigilante a fim de evitar os efeitos negativos da interferência no campo religioso e do seu uso abusivo, assim como de respeitar a esfera religiosa individual que pede unicamente para se expressar simples e livremente sem impedimentos. São numerosos os que observam com atenção o Cazaquistão e o seu modo novo de criar as relações entre o religioso e o estadual para dele aprender. Trata-se de uma oportunidade única oferecida ao seu País, que é preciso aproveitar do melhor modo e não perdê-la. A Santa Sé apoia todas as iniciativas e actividades em favor da paz e da amizade entre nações pois elas favorecem o respeito recíproco e o desenvolvimento do homem.

A natureza humana, querida por Deus santo e nobre, não está livre de desconfianças e o coração do homem está manchado pelo seu egoísmo e pela sua mentira, assim como pela sua falta de atracção pela solidariedade e compaixão. As diversas tradições religiosas, que coabitam na sua nação, saberão propor orientações positivas para contribuir com êxito para a sua construção e desenvolvimento. Elas não deixarão de ajudar os seus fiéis a conformarem-se com a vontade de Deus e a trabalharem pelo bem comum. A solidariedade é fundamental nas relações interpessoais e inter-estatais. O seu País, que o Altíssimo dotou abundantemente de riquezas humanas e naturais, saberá encontrar caminhos para fazer com que delas tirem o maior proveito os seus concidadãos e as nações que, com menos recursos, ainda precisam de ajudas diversas. A justa repartição dos bens torna-se um imperativo não só porque favorece a estabilidade política, nacional e internacional, mas porque responde à vontade divina de criar os homens irmãos uns dos outros.

A comunidade católica, que Vossa Excelência terá a amabilidade de saudar em meu nome, está presente no seu País há muito tempo e atravessou várias vicissitudes históricas. Ela permaneceu fiel graças à abnegação dos seus sacerdotes, religiosos e religiosas, e graças à chama da fé que permaneceu acesa no segredo do coração dos fiéis (cf. Visita ad Limina dos Bispos da Ásia Central, 2 de Outubro de 2008). Estes católicos cazaquistaneses desejam viver sinceramente a sua fé e poder continuar a praticá-la serenamente, sem dúvida, para a sua perfeição pessoal, mas também para o enriquecimento espiritual do seu país devido à sua própria contribuição religiosa. A comunidade católica participa, com a sua presença, oração e obras, na estabilidade e na concórdia religiosa do conjunto da nobre sociedade cazaquistanesa. O Acordo entre a Santa Sé e a República do Cazaquistão, assinado e entrado em vigor faz agora dez anos, garante os direitos e os deveres dos católicos do seu país e os direitos e obrigações do Estado para com eles. No seu discurso de saudação, Vossa Excelência qualificou exemplares as nossas relações bilaterais porque, como disse, elas baseiam-se na "intercompreensão total e na confiança". Justamente Vossa Excelência o ressaltou e por isto me congratulo de bom grado. Deus abençoe esta confiança recíproca e a fortaleça cada vez mais!

No momento em que inicia a sua nobre missão, Senhor Embaixador, na certeza de que encontrará sempre um acolhimento atento junto dos meus colaboradores, apresento-lhe os meus melhores votos pelo seu feliz cumprimento e por que se prossigam e desenvolvam as relações harmoniosas entre a Santa Sé e a República do Cazaquistão. Sobre Vossa Excelência, a sua família e todo o pessoal da Embaixada, assim como sobre o Presidente da República, sobre os outros Responsáveis e todos os habitantes da sua nação, invoco a abundância das Bênçãos divinas!





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