Discursos Bento XVI 24610

VISITA AO CENTRO DOM ORIONE PARA A BÊNÇÃO DA IMAGEM DE NOSSA SENHORA 24 de Junho de 2010

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Bairro Monte Mario - Roma

Quinta-feira,



Prezados irmãos e irmãs!

Em primeiro lugar, gostaria de saudar cordialmente todos vós, aqui reunidos para o significativo evento hodierno. Nesta colina voltou a velar sobre a nossa Cidade a majestosa imagem de Nossa Senhora, abatida há alguns meses pela fúria do vento. Antes de tudo, saúdo o Cardeal Vigário Agostino Vallini e os Bispos presentes, Dirijo um pensamento especial a Pe. Flávio Peloso, reeleito para a guia da Obra Dom Orione, agradeço-lhe as amáveis palavras que me quis dirigir. Estendo esta saudação aos religiosos participantes no 13º Capítulo geral, àqueles que trabalham nesta Instituição ao serviço dos jovens e de quem sofre, e a toda a família espiritual orionita. Dirijo o meu pensamento especial ao Senhor Presidente da Câmara Municipal de Roma, senhor Gianni Alemanno: desejo manifestar-lhe antecipadamente o meu apreço pelo Concerto que o Capitólio me oferecerá na tarde de 29 de Junho; é um gesto que testemunha o afecto de toda a Cidade de Roma ao Papa. Saúdo também as demais autoridades civis e militares. Enfim, não posso deixar de agradecer de coração a quantos, de vários modos, contribuíram para restituir à imagem de Nossa Senhora o seu esplendor original.

Foi de bom grado que aceitei o convite a unir-me a vós para prestar homenagem a Maria, "Salus populi romani", representada nesta maravilhosa imagem, tão querida ao povo romano. Imagem que é memória de acontecimentos dramáticos e providenciais, escritos na história e na consciência da Cidade. Com efeito, ela foi colocada na colina de Monte Mário em 1953, como cumprimento de um voto popular pronunciado durante a segunda guerra mundial, quando as hostilidades e as armas faziam temer pelo destino de Roma. Então, das obras romanas de Dom Orione surgiu a iniciativa de uma angariação de assinaturas para um voto a Nossa Senhora, ao qual aderiram mais de um milhão de cidadãos. O Venerável Pio XII recolheu a devota iniciativa do povo, que se confiava a Maria, e o voto foi pronunciado no dia 4 de Junho de 1944, diante da imagem de Nossa Senhora do Divino Amor. Precisamente nesse dia teve lugar a libertação pacífica de Roma. Como não renovar também hoje, juntamente convosco, queridos amigos de Roma, aquele gesto de devoção a Maria "Salus populi romani", benzendo esta bonita imagem?

Os Orionitas quiseram-na grande, colocada no alto, sobranceira à cidade, para prestar homenagem à santidade excelsa da Mãe de Deus que, humilde na terra, "foi exaltada acima dos coros angélicos nos reinos celestes" (Gregório vii, A Adelaide da Hungria) e para ter dela, ao mesmo tempo, um sinal de presença familiar na vida quotidiana. Maria, Mãe de Deus e nossa Mãe, esteja sempre no ápice dos vossos pensamentos e dos vossos afectos, amável conforto das vossas almas, guia segura das vossas vontades e sustento dos vossos passos, inspiradora persuasiva da imitação de Jesus Cristo. A "Madonnina" – como os romanos gostam de lhe chamar – no gesto de olhar do alto para os lugares da vida familiar, civil e religiosa de Roma, proteja as famílias, suscite propósitos de bem, sujira a todos desejos celestes. "Olhar para o céu, rezar e depois ir em frente com coragem e trabalhar. Ave Maria e em frente!" – exortava São Luís Orione.

No seu voto a Nossa Senhora, além de prometer oração e devoção, os romanos comprometeram-se também em obras de caridade. Por sua vez, os Orionitas realizaram neste Centro de Monte Mário, antes ainda da imagem, o acolhimento de crianças mutiladas e de órfãos. O programa de São Luís Orione – "Somente a caridade salvará o mundo" – teve aqui uma concretização significativa e tornou-se um sinal de esperança para Roma, juntamente com a "Madonnina" posta sobre a colina. Estimados irmãos e irmãs, herdeiros espirituais do Santo da Caridade, Luís Orione! O Capítulo geral que há pouco terminou teve como tema esta expressão querida ao vosso Fundador, "Somente a caridade salvará o mundo". Abençoo o propósito e as decisões que foram tomadas para relançar aquele dinamismo espiritual e apostólico que sempre vos deve distinguir.

Dom Orione viveu de modo lúcido e apaixonado a tarefa da Igreja, de viver o amor para fazer entrar no mundo a luz de Deus (cf. Deus caritas est ). Deixou esta missão aos seus discípulos, como caminho espiritual e apostólico, convencido de que "a caridade abre os olhos para a fé e aquece os corações de amor a Deus". Caros Filhos da Providência Divina, continuai ao longo deste sulco carismático por ele traçado porque, como ele dizia, "a caridade é a melhor apologia da fé católica", "a caridade conquista, a caridade move, leva à fé e à esperança" (Actas, 26.11.1930, pág. 95). As obras de caridade, quer como actos pessoais, quer como serviços às pessoas frágeis, prestados em grandes instituições, nunca podem reduzir-se a um gesto filantrópico, mas hão-de permanecer sempre como uma expressão tangível do amor providente de Deus. Para fazer isto – recorda Dom Orione – é necessário ser "imbuído pela caridade suavíssima de nosso Senhor" (Escritos, 70, 231), mediante uma vida espiritual autêntica e santa. Só assim é possível passar das obras da caridade à caridade das obras, porque – acrescenta o vosso Fundador – "também as obras sem a caridade de Deus, que as valorize diante dele, de nada valem" (Às psmc, 19.6.1920, pág. 141).

Estimados irmãos e irmãs, agradeço-vos mais uma vez o vosso convite e a vossa hospitalidade. Acompanhe-vos todos os dias a salvaguarda maternal de Maria, que juntos invocamos para quantos trabalham neste Centro e para toda a população romana e, enquanto a cada um garanto a minha recordação orante, abençoo-vos a todos afectuosamente.


AOS MEMBROS DA REUNIÃO DAS OBRAS EM AJUDA ÀS IGREJAS ORIENTAIS (R.O.A.C.O.)

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Sala Clementina

Sexta-feira, 25 de Junho de 2010


Senhor Cardeal
Venerados Irmãos
no Episcopado e no Sacerdócio
Prezados Membros
e Amigos da ROACO

Recebo-vos com alegria para a sessão de Verão da Reunião das Obras em Ajuda às Igrejas Orientais e agradeço de coração ao Cardeal Leonardo Sandri, Prefeito da Congregação para as Igrejas Orientais, a saudação que me dirigiu. Retribuo-lhe com a recordação ao Senhor, extensiva ao Arcebispo Secretário, ao Subsecretário e aos Colaboradores do Dicastério, com um cordial pensamento ao Representante pontifício em Jerusalém, em Israel e na Palestina, ao Arcebispo maronita de Chipre e ao Padre Guardião da Terra Santa, aqui congregados com os Representantes das Agências católicas internacionais e da Bethlehem University. A todos exprimo a minha gratidão, assim como a de toda a Igreja, de modo particular dos pastores e dos fiéis orientais e latinos dos territórios confiados à Congregação oriental e de quantos emigraram da mãe-pátria.

Desejamos a todos na Terra Santa, no Iraque e no Médio Oriente o dom de uma paz estável e de uma convivência sólida. Elas nascem do respeito pelos direitos da pessoa, das famílias, das comunidades e dos povos, e da superação de toda a discriminação religiosa, cultural ou social. Confio a Deus, mas igualmente a vós, o apelo lançado em Chipre, a favor do Oriente cristão. Como instrumentos da caridade eclesial, espero que possais colaborar cada vez mais para a edificação da justiça na liberdade e na paz!

Encorajo os irmãos e as irmãs que, no Oriente, partilham o dom inestimável do Baptismo, a perseverar na fé e, não obstante os numerosos sacrifícios, a permanecer lá onde eles nasceram. Ao mesmo tempo, exorto os migrantes orientais a não esquecer as suas origens, especialmente religiosas. A sua fidelidade e coerência humana e cristã dependem disto. Desejo prestar uma homenagem particular aos cristãos que padecem a violência por causa do Evangelho, e confio-os ao Senhor. Conto sempre com os Responsáveis das Nações, a fim de que garantam de maneira real, sem distinção e em toda a parte, a profissão pública e comunitária das convicções de cada um.

No ano passado, nesta circunstância e em virtude do Ano sacerdotal, eu tinha pedido que se prestasse uma atenção especial aos ministros de Cristo e da Igreja. Frutos abundantes de santificação nasceram não só para os sacerdotes, mas também para todo o povo de Deus. Supliquemos o Espírito Santo para que Ele confirme estes sinais da benevolência divina com a dádiva de vocações das quais, tanto no Ocidente como no Oriente, há grande necessidade.

Sinto-me feliz por constatar que as Igrejas Orientais católicas colaboraram com zelo para o alcance das finalidades do Ano sacerdotal, e que as Obras de ajuda da ROACO quiseram apoiar também neste âmbito. Não tivestes em consideração unicamente a formação dos candidatos à Ordem sagrada, que constitui uma prioridade constante, mas também as exigências do clero activo no campo da pastoral, como por exemplo uma actualização espiritual e cultural, e ajude os sacerdotes principalmente na fase difícil mas, ao mesmo tempo, fecunda da enfermidade e da velhice. De tal modo, contribuís para irradiar na Igreja e na sociedade contemporânea o dom precioso e indispensável do serviço presbiteral. No mundo antigo, o Oriente era sede de grandes escolas de espiritualidade sacerdotal. A Igreja de Antioquia, para citar um exemplo, produziu santos extraordinários: sacerdotes extremamente eruditos, que não se puseram a si mesmos em primeira linha, mas sim Cristo e os Apóstolos. Dedicaram-se inteiramente ao anúncio da Palavra e à celebração dos mistérios divinos. Encontravam-se em condições de sensibilizar profundamente as pessoas na sua consciência e de chegar aonde, com meios meramente humanos, não se poderia chegar.

Estimados amigos, com o vosso compromisso contribuís principalmente para que os sacerdotes das Igrejas Orientais, no nosso tempo, possam fazer eco a esta herança espiritual. À rede das instituições escolares e sociais, que é justamente uma das vossas instâncias, isto dará um forte impulso, contanto que leve a uma sólida perspectiva pastoral. Quando os sacerdotes, no seu serviço, são orientados por motivos verdadeiramente espirituais, então também os leigos são fortalecidos no seu compromisso a ocupar-se das coisas temporais segundo a própria vocação cristã.

Agora temos a tarefa conjunta de nos prepararmos para a Assembleia Especial para o Médio Oriente do Sínodo dos Bispos. Dou graças a Deus por esta iniciativa, que já está a produzir os frutos benéficos de "comunhão e testemunho", para os quais o Sínodo foi inicialmente convocado. No ano passado em Castel Gandolfo, tive o prazer de anunciar esta Assembleia Especial, durante um encontro de oração e de reflexão fraterna com os Patriarcas e os Arcebispos-Mores das Igrejas Orientais. Durante a minha recente visita a Chipre, que recordo com imensa gratidão a Deus e àqueles que me receberam, entreguei o Instrumentum laboris desta Assembleia Especial aos representantes do Episcopado do Médio Oriente. Sinto-me feliz pela ampla cooperação oferecida até ao presente pelas Igrejas Orientais e pelo trabalho que, desde o início, a ROACO levou a cabo e continua a realizar em vista deste acontecimento histórico. Este esforço conjunto dará resultados fecundos, em virtude da presença de alguns dos vossos representantes nesta Assembleia episcopal e dos vossos relacionamentos permanentes com a Congregação para as Igrejas Orientais.

Caros amigos, peço-vos que contribuais com as vossas obras para manter viva, no meio dos cristãos do Oriente, "a esperança que não nos deixa confundidos" (cf.
Rm 5,5 cf. também Instrumentum laboris, Conclusão). No "pequenino rebanho" (Lc 12,32), por eles composto, já está em acção o futuro de Deus, e a "via estreita" que eles estão a percorrer é descrita pelo Evangelho como o "caminho que conduz à vida" (Mt 7,13-14). Gostaríamos de permanecer sempre ao seu lado! Confiante na intercessão da Santíssima Mãe de Deus e dos Santos Apóstolos Pedro e Paulo, confio ao Senhor os benfeitores, os amigos e os colaboradores vivos e defuntos, vinculados de diversas maneiras à ROACO, com uma lembrança particular a D. Padovese, falecido recentemente, enquanto concedo a cada um de vós, aos componentes e promotores das Agências internacionais, assim como a todas as amadas Igrejas Orientais católicas, a confortadora Bênção apostólica.


AOS SÓCIOS DO CÍRCULO DE SÃO PEDRO Sala do Consistório Sábado, 26 de Junho de 2010

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Queridos Sócios
do Círculo de São Pedro!

Sinto-me feliz por vos receber por ocasião deste agradável encontro, que me oferece a oportunidade de vos renovar o meu reconhecimento pela vossa obra generosa ao serviço da Santa Sé. Este momento tem lugar na iminência da Solenidade litúrgica dos Santos Pedro e Paulo e permite-nos, de certo modo, viver a alegria desta celebração tão significativa para a vossa benemérita Associação e para toda a Igreja. Saúdo-vos a todos com afecto, começando pelo vosso Presidente-Geral, Duque Leopoldo Torlonia, ao qual agradeço as gentis palavras que me dirigiu em nome de todos, e pelo vosso Assistente espiritual.

Concluímos há pouco o Ano sacerdotal, tempo de graça, durante o qual a Igreja reflectiu com especial atenção sobre a figura de São João Maria Vianney, o Santo Cura d'Ars, recordando o 150º aniversário da sua morte. Ele é um modelo de vida evangélica não só para os sacerdotes, mas também para os leigos, sobretudo para quantos, como vós, estão comprometidos no vasto campo da caridade. Um aspecto peculiar da vida deste humilde sacerdote foi de facto o desapego dos bens materiais. Ele nada possuía, distribuía tudo aos mais necessitados; para si não sentia necessidade de nada: considerava tudo supérfluo. Aprendeu o amor pelos pobres desde criança, vendo como eram acolhidos e assistidos pelos seus pais, em casa. Este amor levou-o, ao longo da sua vida sacerdotal, a distribuir aos outros tudo o que tinha. Deu vida também a uma casa de acolhimento à qual chamou "A providência", para meninas e jovens pobres: a elas dedicava todos os esforços para que recebessem uma sadia educação cristã. Que o seu exemplo seja para vós, queridos sócios do Círculo de São Pedro, um convite constante a abrir os braços a cada pessoa que precisa de um sinal visível de solidariedade. Continuai a ser este sinal concreto da caridade do Papa para com quantos se encontram em necessidade, quer em sentido material quer espiritual, assim como para com os peregrinos que chegam a Roma de todas as partes do mundo para visitar os túmulos dos Apóstolos e para se encontrar com o Sucessor de Pedro.

Como foi recordado há pouco, vós hoje estais aqui reunidos para me entregar o Óbolo de São Pedro, recolhido nas igrejas de Roma. Desejo expressar-vos a minha sentida gratidão por esta confirmação de participação na minha solicitude pelas pessoas mais necessitadas. Ele representa como que um ponto de convergência entre duas acções complementares, que se unem num único testemunho eloquente de caridade evangélica porque, por um lado, manifesta o afecto dos habitantes desta Cidade e dos peregrinos em relação ao Sucessor de Pedro e, por outro, expressa a solidariedade concreta da Santa Sé para com as numerosas realidades de mal-estar e de indigência que, infelizmente, persistem em Roma e em tantas partes do mundo. Aproximando asparóquias romanas e gerindo centros de assistência e de acolhimento na Capital, vós tendes a possibilidade de ver directamente as multíplices situações de pobreza ainda presentes; ao mesmo tempo, podeis também constatar como é intenso no povo o desejo de conhecer Cristo e de o amar nos irmãos.

Mediante este vosso compromisso de ir ao encontro das necessidades dos mais infelizes, vós difundis uma mensagem de esperança, que brota da fé e da adesão ao Senhor, tornando-vos assim arautos do seu Evangelho. Portanto, caridade e testemunho continuem a ser as linhas-guia do vosso apostolado. Encorajo-vos a prosseguir com alegria esta vossa acção, inspirando-vos incessantemente nos indefectíveis princípios cristãos e haurindo sempre renovado vigor na oração e no espírito de sacrifício – como recita o vosso mote – para levar abundantes frutos de bem, quer à Comunidade cristã quer à sociedade civil.

Confio as vossas aspirações, os propósitos e todas as actividades à protecção materna da Virgem Santa, Salus Populi Romani, para que guie os vossos passos, tornando-vos trabalhadores cada vez mais convictos de solidariedade e construtores de paz em todos os âmbitos onde desempenhais a vossa digna acção associativa. Com estes votos, invoco a intercessão celeste dos Santos Pedro e Paulo e de bom grado concedo a cada um de vós, às vossas famílias e a quantos encontrardes no vosso serviço quotidiano uma especial Bênção Apostólica.


À DELEGAÇÃO DO PATRIARCADO ECUMÉNICO DE CONSTANTINOPLA Segunda-feira, 28 de Junho de 2010

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Amados Irmãos em Cristo!

"Graça e paz voz sejam dadas da parte de Deus nosso Pai" (
Col 1,2). É com grande alegria e com afecto sincero que vos dou as boas-vindas, no Senhor, a esta Cidade de Roma, por ocasião da celebração anual do martírio dos Santos Pedro e Paulo. A sua festa, que a Igreja católica e as Igrejas ortodoxas celebram no mesmo dia, é uma das mais antigas do ano litúrgico, e dá testemunho de uma época em que as nossas comunidades viviam em plena comunhão umas com as outras. A vossa presença hoje aqui pela qual estou profundamente grato ao Patriarca de Constantinopla, Sua Santidade Bartolomeu I, e ao Santo Sínodo do Patriarcado ecuménico enche de alegria o coração de todos nós.

Dou graças ao Senhor pelo facto de os relacionamentos existentes entre nós se caracterizarem por sentimentos de confiança, estima e fraternidade recíprocas, como é amplamente demonstrado pelos numerosos encontros que já se realizaram ao longo do corrente ano.

Tudo isto dá espaço à esperança de que o diálogo católico-ortodoxo continuará a alcançar progressos significativos. Vossa Eminência está consciente de que a Comissão conjunta internacional para o diálogo teológico, da qual o senhor é Secretário conjunto, se encontra num ponto crucial, tendo começado no passado mês de Outubro em Pafos a discorrer sobre "O papel do Bispo de Roma na Comunhão da Igreja no primeiro milénio". Oremos com todo o nosso coração a fim de que, iluminados pelo Espírito Santo, os membros de tal Comissão continuem a percorrer este caminho durante a próxima sessão plenária, que terá lugar em Viena, dedicando-lhe o tempo necessário para um estudo aprofundado desta questão delicada e importante. Para mim, é um sinal encorajador, o facto de que o Patriarca ecuménico Bartolomeu I e o Santo Sínodo de Constantinopla compartilham a nossa firme convicção acerca da importância de tal diálogo, como Sua Santidade declarou de maneira tão clara na Carta encíclica patriarcal e sinodal, emanada na circunstância do Domingo ortodoxo, no dia 21 de Fevereiro de 2010.

Na próxima Assembleia Especial do Sínodo dos Bispos para o Médio Oriente, que convoquei para o mês de Outubro aqui em Roma, estou persuadido de que o tema da cooperação ecuménica entre os cristãos dessa região receberá grande atenção. Com efeito é salientado no Instrumentum laboris, que confiei aos Bispos católicos no Médio Oriente durante a minha recente visita a Chipre, onde fui recebido com grande cordialidade fraternal por Sua Beatitude Crisóstomo II, Arcebispo de Nova Justiniana e de todo o Chipre. As dificuldades que os cristãos no Médio Oriente devem experimentar são em grande medida comuns para todos: viver como minoria, desejar uma liberdade religiosa autêntica e aspirar à paz. É necessário o diálogo com as comunidades islâmicas e judaicas. Neste contexto, terei o grande prazer de dar as boas-vindas à Delegação fraterna, que o Patriarca ecuménico irá enviar para participar nos trabalhos da Assembleia sinodal.

Eminência, dilectos membros da Delegação, agradeço-vos a vossa visita. E peço-vos que transmitais as minhas saudações fraternais a Sua Santidade Bartolomeu I, ao Santo Sínodo, ao clero e a todos os fiéis do Patriarcado ecuménico. Através da intercessão dos Apóstolos Pedro e Paulo, que o Senhor nos conceda bênçãos abundantes, conservando-nos sempre no seu Amor.




AO SENHOR HABBEB MOHAMMED HADI AL-SADR NOVO EMBAIXADOR DO IRAQUE JUNTO DA SANTA SÉ Sexta-feira, 2 de Julho de 2010

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Excelência

É-me grato dar-lhe as boas-vindas, no início da sua missão, e aceitar as Cartas que o acreditam como Embaixador Extraordinário e Plenipotenciário da República do Iraque junto da Santa Sé. Agradeço-lhe as amáveis palavras e peço-lhe para transmitir ao Presidente Jalal Talabani os meus melhores votos, juntamente com a garantia das minhas orações pela paz e a prosperidade de todos os cidadãos do seu país.

A 7 de Março de 2010, o povo do Iraque manifestou claramente ao mundo o desejo de ver o fim da violência e de ter escolhido o caminho da democracia, através do qual aspira a viver em harmonia recíproca, numa sociedade justa, pluralista e inclusiva. Não obstante as tentativas de intimidação por parte dos que não partilham esta mesma visão, o povo demonstrou grande coragem e determinação, apresentando-se em grande número às urnas eleitorais. Há que esperar que a formação do novo Governo agora proceda rapidamente para satisfazer a vontade dos cidadãos de um Iraque mais estável e unido. Aqueles que foram eleitos para ofícios políticos terão a necessidade de demonstrar grande coragem e determinação, de forma a satisfazer as altas expectativas que foram postas neles. Pode ter a certeza de que a Santa Sé, que sempre apreciou as suas excelentes relações diplomáticas com o seu país, continuará a proporcionar toda a assistência que estiver ao seu alcance, para que o Iraque possa assumir o seu justo lugar como uma das principais nações da região, contribuindo grandemente para a comunidade internacional.

O novo Governo terá que dar prioridade às medidas destinadas a melhorar a segurança de todos os sectores da população, especialmente das várias minorias. O Senhor Embaixador falou das dificuldades enfrentadas pelos cristãos e apreciei o seu comentário acerca das medidas tomadas pelo Governo para lhes conceder maior protecção. A Santa Sé naturalmente compartilha a opinião que expressou sobre o facto de que os cristãos iraquianos deveriam permanecer na sua terra ancestral e que aqueles que se sentiram constrangidos a emigrar possam em breve considerar seguro o seu regresso. Desde dos primórdios da Igreja, os cristãos estiveram presentes na terra de Abraão, uma terra que faz parte do património comum do Judaísmo, do Cristianismo e do Islã. É de esperar com força que a sociedade iraquiana no futuro seja caracterizada pela coexistência pacífica, em harmonia com as aspirações daqueles que estão enraizados na fé de Abraão. Embora os cristãos constituam uma pequena minoria da população iraquiana, eles podem dar uma valiosa contribuição para o restabelecimento da economia do país através do apostolado nos campos da educação e da saúde, enquanto o seu envolvimento nos projectos humanitários oferece uma importante assistência necessária na construção da sociedade. Se quiserem desempenhar inteiramente o próprio papel, porém, os cristão iraquianos devem saber que é seguro permanecer ou regressar à sua casa e necessitam de ter a garantia que as suas propriedades lhe serão devolvidas e os seus direitos respeitados.

Nos últimos anos assistimos a muitos actos trágicos de violências cometidas contra membros inocentes da população, seja muçulmanos seja cristãos, actos que como Vossa Excelência apontou são contrários aos ensinamentos do Islão assim como do Cristianismo. Este sofrimento compartilhado pode constituir uma profunda ligação, reforçando a determinação recíproca de muçulmanos e cristãos a trabalhar pela paz e a reconciliação. A história demonstrou que alguns dos mais poderosos incentivos para superar as divisões provêm do exemplo daqueles homens e mulheres que, tendo escolhido o caminho corajoso do testemunho não violento dos valores mais altos, perderam a vida através de desprezíveis actos violentos. Quando as presentes dificuldades tiverem passado, os nomes do Arcebispo Paulos Faraj Rahho, Padre Ragheed Ganni e muitos outros viverão como um exemplo irradiante do amor que os conduziram a sacrificar a vida pelos outros. Possa o seu sacrifício, e o de tantos outros como eles, reforçar no seio do povo iraquiano a determinação moral que é necessária se as estruturas políticas em vista de uma maior justiça e estabilidade quiserem alcançar os efeitos desejados.

O senhor falou do empenho do seu Governo para respeitar os direitos humanos. De facto, é de extrema importância para uma sociedade sadia que a dignidade humana de cada um dos seus cidadãos seja respeitada quer no direito quer na prática, por outras palavras, que os direitos fundamentais de todos sejam reconhecidos, tutelados e promovidos. Só deste modo pode ser verdadeiramente satisfeito o bem comum, ou seja, aquelas condições sociais que permitem às pessoas, quer como grupos quer como indivíduos prosperar, alcançar plenamente a própria estatura moral e contribuir para o bem- estar dos outros (cf. Compêndio da Doutrina Social da Igreja, 164-170). Entre os direitos humanos que devem ser plenamente respeitados, se quisermos promover o bem comum de modo efectivo, os direitos da liberdade religiosa e do culto são proeminentes pois permitem aos cidadãos viver em conformidade com a própria dignidade transcendente como pessoas criadas à imagem do próprio Criador divino. Portanto, espero e rezo para que estes direitos sejam não só conservados na legislação, mas que possam permear o tecido da sociedade. Todos os iraquianos têm um papel a desempenhar na construção de um ambiente justo, moral e pacífico.

O Senhor Embaixador começa a sua missão nos meses que precedem uma especial iniciativa da Santa Sé para a ajuda às Igrejas locais em toda a região, nomeadamente a Assembleia Especial para o Médio Oriente dos Sínodos dos Bispos. Será uma oportunidade importante para examinar o papel e os testemunhos dos cristãos que vivem nas terras da Bíblia e dará também um impulso à importante tarefa do diálogo inter-religioso, que pode contribuir de modo significativo para o objectivo da coexistência pacífica no respeito e estima recíproca entre os seguidores de diferentes religiões. Espero sinceramente que o Iraque possa emergir das experiências difíceis do último decénio como um modelo de tolerância e cooperação entre muçulmanos, cristãos e outros, ao serviço dos necessitados.

Excelência, rezo para que a missão diplomática que começa hoje reforce os laços de amizade entre a Santa Sé e o seu país. Garanto-lhe que os vários departamentos da Cúria Romana estarão sempre prontos para lhe oferecer ajuda e apoio no cumprimento dos seus deveres. Com os meus mais sinceros votos invoco, sobre Vossa Excelência, a sua família e todo a povo da República do Iraque, abundantes bênçãos divinas.


À DELEGAÇÃO DE PROMOTORES DA JORNADA MUNDIAL DA JUVENTUDE 2011 A SER CELEBRADA EM MADRID Sala do Consistório Sexta-feira, 2 de Julho de 2010

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Eminência
Querido Irmão no Episcopado
Distintos Senhores e Senhoras
Amigos todos

Agradeço profundamente as amáveis palavras que o Senhor Cardeal Arcebispo de Madrid teve a bondade de me dirigir em nome do Padroado da Fundação "Madrid vivo", assim como de todos vós, neste caminho de preparação para a Jornada Mundial da Juventude, que será celebrada na capital da Espanha no mês de Agosto do próximo ano.

Numerosos jovens têm dirigido o olhar para esta bonita cidade, com a alegria de poder encontrar-se nela daqui a alguns meses, para ouvir juntos a Palavra de Cristo, sempre jovem, e poder compartilhar a fé que os une e o desejo que têm de construir um mundo melhor, inspirados nos valores do Evangelho.

Convido-vos todos a continuar a colaborar generosamente nesta bonita iniciativa, que não é um simples encontro de massa, mas uma ocasião privilegiada para que os jovens do vosso país e do mundo inteiro se deixem conquistar pelo amor de Jesus Cristo, Filho de Deus e de Maria, o amigo fiel, vencedor do pecado e da morte. Quem nele confia, jamais permanece desiludido mas, ao contrário, encontrará a força necessária para escolher o caminho recto na vida.

Recordar-me-ei de todos vós e das vossas famílias fervorosamente na oração, pedindo a Deus que abençoe os esforços que estais a envidar, a fim de que a próxima Jornada Mundial da Juventude produza frutos abundantes. Maria Santíssima vos acompanhe sempre com amor de Mãe. Muito obrigado!



VISITA PASTORAL A SULMONA


NO ENCONTRO COM OS JOVENS Catedral de Sulmona Domingo, 4 de Julho de 2010

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Queridos jovens!

Antes de mais desejo dizer-vos que me sinto muito feliz por me encontrar convosco! Agradeço a Deus esta possibilidade que me proporciona de estar um pouco convosco, como um pai de família, juntamente com o vosso Bispo e os vossos sacerdotes. Agradeço-vos o afecto que me manifestais com tanto entusiasmo! Mas agradeço-vos também quanto me dissestes, através dos vossos dois "porta-vozes", Francesca e Cristian. Fizestes-me algumas perguntas, com muita franqueza e, ao mesmo tempo, demonstrastes que tendes pontos firmes, convicções. E isto é muito importante. Sois jovens e moças que reflectem, que se interrogam e que têm também o sentido da verdade e do bem. Ou seja, sabeis usar a mente e o coração, e isto não é pouco! Aliás, diria que é o elemento principal neste mundo: aprender a usar bem a inteligência e a sabedoria que Deus nos concedeu! O povo desta vossa terra, no passado, não tinha muitos meios para estudar, e nem sequer para se afirmar na sociedade, mas possuía o que torna deveras ricos um homem e uma mulher: a fé e os valores morais. É isto que constrói as pessoas e a convivência civil!

Das vossas palavras sobressaem dois aspectos fundamentais: um positivo e outro negativo. O aspecto positivo é constituído pela vossa visão cristã da vida, por uma educação que evidentemente recebestes dos pais, dos avós, dos outros educadores: sacerdotes, professores, catequistas. O aspecto negativo consiste nas sombras que obscurecem o vosso horizonte: são problemas concretos, que tornam difícil olhar para o futuro com serenidade e optimismo; mas são também valores falsos e modelos ilusórios, que vos são propostos e que prometem encher a vida, mas ao contrário esvaziam-na. Então, o que fazer para que estas sombras não se tornem demasiado pesadas? Antes de mais, vejo que sois jovens com uma boa memória! Sim, admirei-me por terdes mencionado expressões que pronunciei em Sidney, na Austrália, durante a Jornada Mundial da Juventude de 2008. E depois recordastes que as JMJ nasceram há 25 anos. Mas sobretudo demonstrastes ter uma vossa memória histórica, ligada à vossa terra: falastes-me de uma personagem que nasceu há oito séculos, São Pedro Celestino V, e dissestes que ainda o considerais muito actual! Vede, queridos amigos, deste modo, vós tendes, como se costuma dizer, "uma marcha a mais". Sim, a memória histórica é verdadeiramente uma "marcha a mais" na vida, porque sem memória não há futuro. Outrora dizia-se que a história é mestra de vida! A actual cultura consumista tende, ao contrário, a nivelar o homem no presente, a fazer-lhe perder o sentido do passado, da história; mas fazendo assim priva-o também da capacidade de se compreender a si mesmo, de entender os problemas, e de construir o futuro. Por conseguinte, queridos jovens e queridas moças, desejo dizer-vos: o cristão é alguém que tem boa memória, que ama a história e procura conhecê-la.

Por isso vos agradeço, porque me falais de São Pedro de Morrone, Celestino V, e sois capazes de valorizar a sua experiência hoje, num mundo tão diverso, mas precisamente por isso, necessitado de redescobrir alguns valores que são sempre válidos, perenes, por exemplo a capacidade de ouvir a Deus no silêncio exterior e sobretudo interior. Há pouco perguntastes-me: como se pode reconhecer a chamada de Deus? Pois bem, o segredo da vocação consiste na capacidade e na alegria de distinguir, ouvir e seguir a sua voz. Mas para fazer isto, é necessário habituar o nosso coração a reconhecer o Senhor, a senti-lo como uma Pessoa que está próxima de mim e me ama. Como eu disse esta manhã, é importante aprender a viver momentos de silêncio interior nos próprios dias para sermos capazes de ouvir a voz do Senhor. Tende a certeza de que se se aprende a ouvir esta voz e a segui-la com generosidade, não se tem medo de nada, sabe-se e sente-se que Deus está com ele, com ela, que é Amigo, Pai e Irmão. Numa palavra: o segredo da vocação consiste na relação com Deus, na oração que cresce precisamente no silêncio interior, na capacidade de sentir que Deus está próximo. E isto é verdadeiro quer antes da escolha, isto é, no momento de decidir e de partir, quer depois, se quisermos ser fiéis e perseverar no caminho. São Pedro Celestino foi antes de tudo isto: um homem de escuta, de silêncio interior, um homem de oração, um homem de Deus. Queridos jovens encontrai, sempre um espaço nos vossos dias para Deus, para o ouvir e para lhe falar!

E aqui, gostaria de vos dizer uma segunda coisa: a verdadeira oração não é minimamente alheia à realidade. Se rezar vos alienar, vos tirar da vossa vida real, estai alerta: não é verdadeira oração! Ao contrário, o diálogo com Deus é garantia de verdade, de verdade consigo próprio e com os outros, e assim de liberdade. Estar com Deus, ouvir a sua Palavra, no Evangelho e na liturgia da Igreja, protege contra os enganos do orgulho e da presunção, das modas e dos conformismos, e dá força para ser deveras livre, também de certas tentações mascaradas de bondade. Perguntastes-me: como podemos estar "no" mundo sem ser "do" mundo? Respondo-vos: precisamente graças à oração. Não se trata de multiplicar as palavras já – o dizia Jesus – mas de estar na presença de Deus, fazendo próprias, na mente e no coração, as expressões do "Pai-Nosso", que abrange todos os problemas da nossa vida ou adorando a Eucaristia meditando o Evangelho no nosso quarto, ou participando com recolhimento na liturgia. Tudo isto não distrai da vida, mas ao contrário ajuda a sermos deveras nós mesmos em qualquer ambiente, fiéis à voz de Deus que fala à consciência, livres dos condicionamentos do momento! Aconteceu assim com São Celestino V: ele soube agir segundo a consciência em obediência a Deus, portanto sem receio e com grande coragem, também nos momentos difíceis, como aqueles ligados ao seu breve Pontificado, não temendo perder a própria dignidade, mas consciente de que ela consiste em estar na verdade. E o garante da verdade é Deus. Quem O segue não tem medo nem sequer de renunciar a si mesmo, à sua ideia porque "quem tem Deus, nada lhe falta", como dizia Santa Teresa de Ávila.

Queridos amigos! A fé e a oração não resolvem os problemas, mas permitem enfrentá-los com uma luz e uma força novas, de modo digno do homem e também de maneira mais serena e eficaz. Se olharmos para a história da Igreja veremos que é rica de figuras de Santos e Beatos que, precisamente partindo de um intenso e constante diálogo com Deus, iluminados pela fé, souberam encontrar soluções criativas, sempre novas, para responder a necessidades humanas concretas em todos os séculos: a saúde, a instrução, o trabalho, etc. A sua audácia era animada pelo Espírito Santo e por um amor forte e generoso pelos irmãos, especialmente pelos mais débeis e desfavorecidos. Queridos jovens! Deixai-vos conquistar totalmente por Cristo! Ponde-vos vós também, com determinação, no caminho da santidade, isto é, do estar em contacto, em conformidade com Deus – caminho que está aberto a todos – porque isto vos fará ser também mais criativos na busca de soluções para os problemas que encontrardes, e na sua procura juntos! Eis outro (sinal) distintivo do cristão: nunca é um individualista. Talvez me digais: mas se olharmos, por exemplo, para São Pedro Celestino, na escolha da vida eremítica não há porventura individualismo, fuga das responsabilidades? Certamente há esta tentação. Mas nas experiências aprovadas pela Igreja, a vida solitária de oração e de penitência está sempre ao serviço da comunidade, abre aos outros, nunca está em contraposição com as necessidades da comunidade. As ermidas e os mosteiros são oásis e nascentes de vida espiritual de onde todos podem beber. O monge não vive para si, mas para os outros, e é para o bem da Igreja e da sociedade que cultiva a vida contemplativa, para que a Igreja e a sociedade possam ser sempre irrigadas por energias novas, pela acção do Senhor. Queridos jovens! Amai as vossas Comunidades cristãs, não tenhais medo de vos comprometer a viver juntos a experiência de fé! Amai a Igreja: ela deu-vos a fé, fez-vos conhecer Cristo! Amai o vosso Bispo, os vossos Sacerdotes com todas as vossa debilidades: são presenças preciosas na vida!

O jovem rico do Evangelho, depois que Jesus lhe propôs que deixasse tudo para o seguir – como sabemos – foi-se embora triste, porque tinha grande afeição pelos seus bens (cf.
Mt 19,22). Ao contrário, em vós vejo a alegria! E também isto é um sinal de que sois cristãos: que para vós Jesus Cristo vale muito, mesmo sendo empenhativo segui-lo, tem mais valor do que qualquer outra coisa. Acreditastes que Deus é a pérola preciosa que dá valor a tudo o resto: à família, ao estudo, ao trabalho, ao amor humano... à própria vida. Compreendestes que Deus de nada vos priva, mas dá-vos o "cêntuplo" e torna eterna a vossa vida, porque Deus é Amor infinito: o único que sacia o nosso coração. Apraz-me recordar a experiência de Santo Agostinho, um jovem que procurou com grande dificuldade, por muito tempo, fora de Deus, algo que saciasse a sua sede de verdade e de felicidade. No final deste caminho de busca compreendeu que o nosso coração não encontra paz enquanto não encontra Deus, enquanto não repousa n'Ele (cf. Confissões, 1, 1). Queridos jovens! Conservai o vosso entusiasmo, a vossa alegria, que nasce do facto de ter encontrado o Senhor e sabei comunicá-la também aos vossos coetâneos! Agora tenho que partir e devo dizer-vos que lamento ter que vos deixar! Convosco sinto que a Igreja é jovem! Mas regresso contente, como um pai que está tranquilo porque viu que os filhos estão a crescer e estão a crescer bem. Caminhai, queridos jovens e queridas moças! Caminhai na via do Evangelho; amai a Igreja, nossa mãe; sede simples e puros de coração; sede mansos e fortes na verdade; sede humildes e generosos. Confio-vos a todos aos vossos santos Padroeiros, a São Pedro Celestino e sobretudo à Virgem Maria, e com grande afecto vos abençoo. Amém!




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