Discursos Bento XVI 11612

À PONTIFÍCIA ACADEMIA ECLESIÁSTICA Segunda-feira, 11 de Junho de 2012

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Venerado Irmão no Episcopado,
Amados Sacerdotes


Agradeço, antes de mais nada, a D. Beniamino Stella as amáveis palavras que me dirigiu em nome de todos os presentes, bem como o precioso serviço que realiza. Com grande afecto, saúdo toda a comunidade da Pontifícia Academia Eclesiástica. Com alegria, vos acolho este ano também, no momento em que terminam os cursos de estudos e, para alguns de vós, se aproxima o dia da partir para o serviço nas Representações Pontifícias espalhadas por todo o mundo. O Papa conta convosco também, para ser assistido no cumprimento do seu ministério universal. Convido-vos a não ter medo, preparando-vos com diligência e solicitude para a missão que vos espera, confiando na fidelidade d’Aquele que desde sempre vos conhece e chamou à comunhão com o seu Filho Jesus Cristo (cf.
1Co 1,9).

A fidelidade de Deus é a chave e a fonte da nossa fidelidade. Hoje queria chamar a vossa atenção precisamente para esta virtude, que bem exprime o vínculo muito especial que se cria entre o Papa e os seus colaboradores imediatos, tanto na Cúria Romana como nas Representações Pontifícias: um vínculo que, para muitos, se radica no carácter sacerdotal de que estão investidos e se especifica depois na missão peculiar, que é confiada a cada um, ao serviço do Sucessor de Pedro.

No contexto bíblico, a fidelidade é primariamente um atributo divino: Deus dá-Se a conhecer como Aquele que é fiel para sempre à aliança concluída com o seu povo, não obstante a infidelidade deste. Fiel como é, Deus garante que levará a cumprimento o seu desígnio de amor, e por isso Ele é também credível e verdadeiro. Este comportamento divino é que cria no homem a possibilidade de, por sua vez, ser fiel. Aplicada ao homem, a virtude da fidelidade está profundamente ligada ao dom sobrenatural da fé, tornando-se expressão daquela solidez própria de quem fundou toda a sua vida em Deus. De facto, a única garantia da nossa estabilidade está na fé (cf. Is 7,9), e só a partir dela podemos, por nossa vez, ser verdadeiramente fiéis: primeiro a Deus, depois à sua família, a Igreja, que é mãe e mestra, e nela à nossa vocação, à história na qual o Senhor nos colocou.

Nesta perspectiva, encorajo-vos, queridos amigos, a viver o vínculo pessoal com o Vigário de Cristo como parte da vossa espiritualidade. Trata-se, sem dúvida, de um elemento próprio de todo o católico, e mais ainda de todo o sacerdote. No entanto, para aqueles que trabalham na Santa Sé, este vínculo assume um carácter particular, já que colocam ao serviço do Sucessor de Pedro boa parte das suas energias, do seu tempo e do seu ministério diário. É uma responsabilidade séria, mas também um dom especial, que, com o passar do tempo, vai desenvolvendo um vínculo afectivo com o Papa, feito de íntima confidência, um natural idem sentire, bem expresso precisamente pela palavra «fidelidade».

E da fidelidade a Pedro, que vos envia, deriva também uma fidelidade particular para com aqueles a quem sois enviados: na verdade requer-se dos Representantes do Romano Pontífice e seus colaboradores que se façam intérpretes da sua solicitude por todas as Igrejas, bem como da solidariedade e carinho com que ele segue o caminho de cada povo. Assim, tereis de cultivar uma relação de profunda estima e benevolência, – diria – de verdadeira amizade, para com as Igrejas e as comunidades às quais fordes enviados. Também relativamente a elas, tendes um dever de fidelidade, que se concretiza na perseverante dedicação ao trabalho diário, na presença junto delas nos momentos alegres e tristes, por vezes mesmo dramáticos da sua história, na aquisição de um conhecimento profundo da sua cultura, do caminho eclesial, no saber apreciar aquilo que a graça de Deus tem vindo a operar em cada povo e nação.

Esta é uma preciosa ajuda para o ministério petrino, que o Servo de Deus Paulo VI exprimia assim: «Juntamente com a entrega do poder das chaves ao seu Vigário e com a sua constituição como pedra e fundamento da sua Igreja, o Pastor eterno atribui-lhe ainda o mandato de “confirmar os seus irmãos”: realiza isto não só guiando-os e mantendo-os unidos no seu nome, mas também apoiando-os e confortando-os, certamente com a sua palavra, mas de algum modo também com a sua presença» (Carta apostólica Sollicitudo omnium Ecclesiarum, 24 de Junho de 1969: AAS 61 (1969), 473-474).

Desta forma, encorajareis e estimulareis também as Igrejas particulares a crescerem na fidelidade ao Romano Pontífice e a encontrarem no princípio da comunhão com a Igreja universal uma orientação segura para a sua peregrinação na história. E, por último mas não menos importante, ajudareis o próprio Sucessor de Pedro a ser fiel à missão recebida de Cristo, permitindo-lhe conhecer mais de perto o rebanho que lhe está confiado e fazer-lhe chegar mais eficazmente a sua palavra, a sua solidariedade, o seu afecto. Neste momento, penso com gratidão na ajuda que diariamente recebo dos numerosos colaboradores da Cúria Romana e das Representações Pontifícias, bem como no apoio que recebo da oração de inumeráveis irmãos e irmãs de todo o mundo.

Queridos amigos, na medida em que fordes fiéis, sereis também credíveis. Aliás sabemos que a fidelidade que se vive na Igreja e na Santa Sé não é uma lealdade «cega», pois é iluminada pela fé n’Aquele que disse: «Tu és Pedro e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja» (Mt 16,18). Comprometamo-nos todos neste caminho para, um dia, podermos ouvir dirigidas a nós as palavras da parábola evangélica: «Servo bom e fiel, entra na alegria do teu Senhor» (cf. Mt 25,21).

Com estes sentimentos, renovo ao Presidente D. Beniamino, aos seus Colaboradores, às Irmãs Franciscanas Missionárias do Menino Jesus e a toda a comunidade da Pontifícia Academia Eclesiástica a minha cordial saudação, enquanto de coração vos abençoo.



AOS CAPELÃES E AGENTES PASTORAIS DAS CAPELANIAS DA AVIAÇÃO CIVIL Segunda-feira, 11 de Junho de 2012

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Senhor Cardeal,
Amados capelães e agentes pastorais da aviação civil,
Queridos irmãos e irmãs

Com alegria, vos recebo na abertura do XV Seminário Mundial dos Capelães Católicos e Membros das Capelanias da Aviação Civil, promovido pelo Pontifício Conselho para a Pastoral dos Migrantes e Itinerantes, sobre o tema «A Nova Evangelização no mundo da Aviação Civil». Saúdo cordialmente o presidente do dicastério, Cardeal António Maria Vegliò, e agradeço-lhe as palavras que me dirigiu. Saúdo com afecto a todos vós que participais nestes dias de oração, estudo e partilha, para reafirmar e aprofundar as motivações espirituais que vos impelem a continuar, com renovado zelo e entusiasmo, o vosso peculiar serviço eclesial.

Soube com prazer que, neste Seminário, pretendeis reflectir, com a ajuda de oradores de renome, sobre novos métodos e novas expressões da obra de evangelização no âmbito em que desempenhais o vosso ministério. Queridos amigos, mantende viva consciência de ser chamados a tornar presente, nos aeroportos do mundo, a própria missão da Igreja, que é levar Deus ao homem e guiar o homem ao encontro de Deus. E os aeroportos são lugares que reflectem cada vez mais a realidade globalizada do nosso tempo. Neles se cruzam pessoas diversas por nacionalidade, cultura, religião, condição social e idade, mas encontram-se também variadas e não fáceis situações humanas, que requerem sempre maior atenção; penso, por exemplo, naqueles que vivem uma expectativa cheia de angústia na tentativa de transitar sem os documentos necessários, como emigrantes ou requerentes de asilo; penso nas dificuldades causadas pelas medidas para contrastar os actos terroristas. Depois, nas comunidades aeroportuárias, também se espelha a crise de fé que toca muitas pessoas; os conteúdos da doutrina cristã e os valores que esta ensina deixaram de ser considerados pontos de referência, mesmo em países com uma longa tradição de vida eclesial. É neste contexto humano e espiritual que sois chamados a proclamar com renovado vigor a Boa Nova, mediante a palavra, a vossa presença, o vosso exemplo e o vosso testemunho, bem cientes de que as pessoas sabem, mesmo nos encontros casuais, reconhecer um homem de Deus e que, frequentemente, uma pequena semente num terreno acolhedor pode germinar e produzir frutos abundantes.

Além disso, nos aeroportos, tendes a possibilidade de entrar diariamente em contacto com tantas pessoas, homens e mulheres, que trabalham num ambiente onde tanto a mobilidade contínua como a tecnologia em constante evolução ameaçam de obscurecer o carácter central que deve ter o ser humano; muitas vezes a atenção maior é reservada à eficiência e à produtividade, à custa do amor ao próximo e da solidariedade, que, pelo contrário, devem caracterizar sempre as relações humanas. Também nisto é importante e preciosa a vossa presença: é um testemunho vivo de um Deus que está perto do homem; e é um apelo a não tratar jamais com indiferença quem se encontra, mas demonstrar disponibilidade e amor. Encorajo-vos a ser sinal luminoso desta caridade de Cristo, que traz serenidade e paz.

Queridos amigos, procurai que toda a pessoa, independentemente da sua nacionalidade ou condição social, encontre em vós um coração acolhedor, capaz de escutar e compreender. Que todos possam experimentar, através da vossa vida cristã e sacerdotal, o amor que vem de Deus, para que cada pessoa seja levada a uma relação renovada e profunda com Cristo, que não deixa de falar a quantos se abrem a Ele com confiança, especialmente na oração. Daí a importância das capelas nos aeroportos como lugares de silêncio e de restauração espiritual.

Neste vosso serviço pastoral, tendes por modelo e padroeira a Santíssima Virgem, que venerais com o título de Nossa Senhora de Loreto, padroeira de todos os que viajam de avião, inspirando-se na tradição que atribui aos anjos o transporte da Casa de Maria de Nazaré a Loreto. Mas existe outro «voo», de significado muito maior para a humanidade inteira, que a Santa Casa testemunhou: o voo do arcanjo Gabriel, que trouxe a Maria o feliz anúncio de que iria tornar-se Mãe do Filho do Altíssimo (cf.
Lc 1,26-32). Assim, o Eterno entrou no tempo, Deus fez-Se homem e veio habitar no meio de nós (Jn 1,14). É a manifestação do amor infinito de Deus pela sua criatura. Quando éramos ainda pecadores, Deus enviou o seu Filho, Jesus Cristo, para nos redimir com a sua morte e ressurreição. Ele não permaneceu no «alto dos céus», mas entrou nas alegrias e angústias dos homens do seu tempo e de todos os tempos, partilhando a sua sorte e restituindo-lhes a esperança.

Esta é a missão da Igreja: anunciar Jesus Cristo, único Salvador do mundo; «missão – como dizia o Servo de Deus Papa Paulo VI – que as amplas e profundas mudanças da sociedade actual tornam ainda mais urgente» (Exort. ap. Evangelii nuntiandi, 14). Na verdade, em nossos dias, «sentimos a urgência de promover, com novo vigor e novas modalidades, a obra de evangelização num mundo onde a queda das fronteiras e os novos processos de globalização deixaram as pessoas e os povos ainda mais próximos, tanto pela expansão dos meios de comunicação, como pela frequência e a facilidade com que indivíduos e grupos se podem deslocar» (Mensagem para o Dia Mundial do Migrante e do Refugiado 2012).

Queridos irmãos, que o encontro diário com o Senhor Jesus na Celebração Eucarística e na oração pessoal vos dê o entusiasmo e a força de serdes arautos da novidade evangélica, que transforma os corações e faz novas todas as coisas. Asseguro a recordação de todos vós na minha oração, a fim que possais ser instrumentos eficazes para ajudar as pessoas confiadas aos vossos cuidados pastorais a atravessar a «porta fidei», acompanhando-as no encontro com Cristo vivo e operante no meio de nós. Com estes votos, de bom grado vos concedo a Bênção Apostólica, que estendo a quantos compartilham o vosso ministério, bem como àqueles que fazem parte do vasto mundo da aviação civil.




CONGRESSO ECLESIAL DA DIOCESE DE ROMA - "LECTIO DIVINA" Basílica de São João de Latrão Segunda-feira, 11 de Junho de 2012

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Eminência
Estimados Irmãos no Sacerdócio e no Episcopado
Prezados irmãos e irmãs!

Para mim é uma grande alegria estar aqui, na Catedral de Roma com os representantes da minha Diocese, e agradeço de coração ao Cardeal Vigário as suas gentis palavras.

Já ouvimos que as últimas palavras do Senhor nesta terra aos seus discípulos foram estas: «Ide, fazei discípulos de todos os povos e baptizai-os no nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo» (cf.
Mt 28,19). Fazei discípulos e baptizai. Por que motivo não é suficiente, para o discipulado, conhecer as doutrinas de Jesus, conhecer os valores cristãos? Por que é necessário ser baptizado? Este é o tema da nossa reflexão, para compreender a realidade, a profundidade do Sacramento do Baptismo.

Uma primeira porta abre-se, se lermos atentamente estas palavras do Senhor. A escolha da palavra «no nome do Pai», no texto grego, é muito importante: o Senhor diz «eis» e não «en», ou seja, não «em nome» da Trindade — como nós dizemos que um vice-prefeito fala «em nome» do prefeito, um embaixador fala «em nome» do governo: não. Ele diz: «eis to onoma», isto é, uma imersão no nome da Trindade, um estar inserido no nome da Trindade, um impregnar-se do ser de Deus e do nosso ser, um estar imerso no Deus Trindade, Pai, Filho e Espírito Santo, do mesmo modo como no matrimónio, por exemplo, duas pessoas se tornam uma só carne, se tornam uma nova e única realidade, com um novo e único nome.

O Senhor ajudou-nos a compreender ainda melhor esta realidade no seu diálogo com os saduceus a propósito da ressurreição. Os saduceus reconheciam do cânone do Antigo Testamento unicamente os cinco Livros de Moisés, e neles não aparece a ressurreição; por isso, negavam-na. Precisamente a partir destes cinco Livros, o Senhor demonstra a realidade da ressurreição e diz: «Não sabeis vós que Deus se chama Deus de Abraão, de Isaac e de Jacob?» (cf. Mt 22,31-32). Portanto, Deus toma estes três e precisamente no Seu nome eles tornam-se o nome de Deus. Para compreender quem é este Deus é necessário ver estas pessoas que se tornaram o nome de Deus, um nome de Deus, que estão imersos em Deus. E assim vemos que quem está no nome de Deus, quem está imerso em Deus, é vivo, porque Deus — diz o Senhor — é um Deus não dos mortos mas dos vivos, e se é Deus destes, é Deus dos vivos; os vivos são vivos porque estão na memória, na vida de Deus. E é precisamente isto que acontece no nosso ser baptizados: somos inseridos no nome de Deus, de tal maneira que pertencemos a este nome, e o Seu nome torna-se o nosso nome, e também nós poderemos, com o nosso testemunho — como os três do Antigo Testamento — ser testemunhas de Deus, sinal de quem é este Deus, nome deste Deus.

Por conseguinte, ser baptizado quer dizer estar unido a Deus; numa existência única e nova nós pertencemos a Deus, estamos imersos no próprio Deus. Pensando nisto, podemos ver imediatamente algumas consequências.

A primeira, é que Deus já não está muito distante de nós, não é uma realidade a debater — se existe ou não existe — mas nós estamos em Deus, e Deus está em nós. A prioridade, a centralidade de Deus na nossa vida constitui uma primeira consequência do Baptismo. À pergunta: «Deus existe?», a resposta é: «Existe, e está connosco; centra na nossa vida esta proximidade de Deus, este estar no próprio Deus, que não é uma estrela distante, mas é o ambiente da minha vida». Esta seria a primeira consequência e, portanto, deveria dizer-nos que nós mesmos devemos ter em consideração esta presença de Deus, viver realmente na sua presença.

Uma segunda consequência daquilo que eu disse é que nós não nos fazemos cristãos. Tornar-se cristão não é algo que deriva de uma minha decisão: «Agora faço-me cristão». Sem dúvida, também a minha decisão é necessária, mas é sobretudo uma acção de Deus comigo: não sou eu que me faço cristão, mas eu sou assumido por Deus, guiado pela mão por Deus e assim, dizendo «sim» a esta acção de Deus, torno-me cristão. Tornar-se cristão, num certo sentido, é passivo: eu não me faço cristão, mas é Deus quem me faz um homem seu, é Deus quem me toma pela mão e realiza a minha vida numa nova dimensão. Do mesmo modo como não sou eu que me faço viver a mim mesmo, mas é a vida que me é dada; nasci não porque me fiz homem, mas nasci porque o ser homem me foi doado. Assim também o ser cristão me é doado, é um passivo para mim, que se torna um activo na nossa, na minha vida. E este facto do passivo, de não nos fazermos cristãos sozinhos, mas de termos sido feitos cristãos por Deus, já inclui um pouco o mistério da Cruz: só morrendo para o meu egoísmo, saindo de mim mesmo, posso ser cristão.

Um terceiro elemento que se abre imediatamente nesta visão é que, naturalmente, estando imerso em Deus, estou unido aos irmãos e às irmãs, porque todos os outros estão em Deus, e se eu sou arrebatado do meu isolamento, se eu estou imerso em Deus, estou imerso na comunhão com os outros. Ser baptizado nunca é um «meu» acto solitário, mas é sempre necessariamente um estar unido com todos os demais, um estar em unidade e solidariedade com todo o Corpo de Cristo, com toda a comunidades dos seus irmãos e irmãs. O facto de o Baptismo me inserir em comunidade, interrompe o meu isolamento. Devemos tê-lo presente no nosso ser cristãos.

E finalmente, voltemos à Palavra de Cristo aos saduceus: «Deus é o Deus de Abraão, de Isaac e de Jacob» (cf. Mt 22,32), e portanto eles não estão mortos; se são de Deus, estão vivos. Quer dizer que com o Baptismo, com a imersão no nome de Deus, estamos também nós já imersos na vida imortal, somos vivos para sempre. Por outras palavras, o Baptismo é uma primeira etapa da Ressurreição: imersos em Deus, já nos encontramos imersos na vida indestrutível, começa a Ressurreição. Como Abraão, Isaac e Jacob, por serem «nome de Deus», estão vivos, assim também nós, inseridos no nome de Deus, somos vivos na vida imortal. O Baptismo é o primeiro passo da Ressurreição, é entrar na vida indestrutível de Deus.

Assim, num primeiro momento, com a fórmula baptismal de são Mateus, com a última palavra de Cristo, já vimos um pouco o essencial do Baptismo. Agora vemos o rito sacramental, para podermos compreender ainda mais precisamente o que é o Baptismo.

Este rito, como o rito de quase todos os Sacramentos, é composto por dois elementos: matéria — água — e palavra. Isto é muito importante. O cristianismo não é algo apenas espiritual, algo unicamente subjectivo, do sentimento, da vontade, de ideias, mas constitui uma realidade cósmica. Deus é o Criador de toda a matéria, a matéria entra no cristianismo, e só neste grande contexto de matéria e de espírito somos cristãos. Por conseguinte, é muito importante que a matéria faça parte da nossa fé, que o corpo faça parte da nossa fé; a fé não é puramente espiritual, mas é Deus que assim nos insere em toda a realidade do cosmos e transforma o cosmos, que o atrai para Si. E com este elemento material — a água — sobrevém não apenas um elemento fundamental do cosmos, uma matéria fundamental criada por Deus, mas também todo o simbolismo das religiões, porque em todas as religiões a água tem um significado. O caminho das religiões, aquela procura de Deus de diversas maneiras — mesmo erradas, mas sempre busca de Deus — é assumida no Sacramento. As demais religiões, com o seu caminho rumo a Deus, estão presentes, são assumidas, e é assim que se faz a síntese do mundo; toda a procura de Deus que se expressa nos símbolos das religiões, e sobretudo — naturalmente — o simbolismo do Antigo Testamento que assim, com todas as suas experiências de salvação e de bondade de Deus, se torna presente. Voltaremos a meditar sobre este aspecto.

O outro elemento é a palavra, e esta palavra apresenta-se em três elementos: renúncias, promessas e invocações. Portanto, é importante que estas palavras não sejam só palavras, mas constituam um caminho de vida. Nelas realiza-se uma decisão; nestas palavras está presente todo o nosso caminho baptismal — tanto pré-baptismal, como pós-baptismal; por conseguinte, com estas palavras, e também com estes símbolos, o Baptismo abrange toda a nossa vida. Esta realidade das promessas, das renúncias e das invocações é uma realidade que permanece por toda a nossa vida, porque estamos sempre no caminho baptismal, no caminho catecumenal, através destas palavras e da realização destas palavras. O Sacramento do Baptismo não é o gesto de uma hora, mas constitui uma realidade de toda a nossa vida, é um caminho de toda a nossa existência. Na realidade, por detrás encontra-se também a doutrina dos dois caminhos, que era fundamental no primeiro cristianismo: um caminho ao qual dizemos «não», e outro caminho al qual dizemos «sim».

Comecemos pela primeira parte, as renúncias. São três, e realço sobretudo a segunda: «Renunciais às seduções do mal, para não vos deixardes dominar pelo pecado?». Que são estas seduções do mal? Na Igreja antiga, e ainda durante séculos, aqui havia esta expressão: «Renunciais à pompa do diabo?», e hoje sabemos o que se entendia com esta expressão: «pompa do diabo». A pompa do diabo eram sobretudo os grandes espectáculos cruentos, nos quais a crueldade se torna divertimento, matar homens se torna algo espectacular: espectáculo, a vida e a morte de um homem. estes espectáculos cruentos, este divertimento do mal é a «pompa do diabo», onde se manifesta com beleza aparente e, na realidade, aparece com toda a sua crueldade. Mas para além deste significado imediato da palavra «pompa do diabo», devia-se falar de um tipo de cultura, de um way of life, de um estilo de vida no qual não conta a verdade mas a aparência, não se procura a verdade mas o efeito, a sensação, e sob o pretexto da verdade, na realidade, destroem-se homens, deseja-se destruir e criar-se só a si mesmo como vencedor. Portanto, esta renúncia era muito real: era a renúncia a um tipo de cultura que é uma anticultura, contra Cristo e contra Deus. Decidia-se contra uma cultura que, no Evangelho de São João, é chamada «kosmos houtos», «este mundo». Com «este mundo», naturalmente, João e Jesus não falam da Criação de Deus, do homem como tal, mas falam de uma determinada criatura que é predominante e que se impõe como se este fosse o mundo, e como se este fosse o modo de viver que se impõe. Agora deixo a cada um de vós a reflexão sobre esta «pompa do diabo», sobre esta cultura à qual dizemos «não». Ser baptizado significa exacta e substancialmente, um emancipar-se, um libertar-se desta cultura. Conhecemos também nos dias de hoje um tipo de cultura na qual a verdade não conta; não obstante, aparentemente, se deseje fazer manifestar-se toda a verdade, só contam a sensação e o espírito de calúnia e de destruição. Uma cultura que não procura o bem e cujo moralismo é, na realidade, uma máscara para confundir, criar confusão e destruição. Contra esta cultura, na qual a mentira se apresenta nas vestes da verdade e da informação, contra esta cultura que procura unicamente o bem-estar material e nega Deus, digamos «não». Conhecemos bem, inclusive graças a numerosos Salmos, este contraste de uma cultura na qual uma pessoa parece intocável por todos os males do mundo, pondo-se acima de todos, acima de Deus, enquanto na realidade é uma cultura do mal, um domínio do mal. E assim, a decisão do Baptismo, esta parte do caminho catecumenal que dura por toda a nossa vida, é precisamente este «não», dito e realizado de novo cada dia, também com os sacrifícios que com dificuldade contrastam a cultura em muitas partes predominante, mesmo que se impusesse como se fosse o mundo, este mundo: não é verdade! E existem também muitas pessoas que aspiram realmente à verdade.

Assim, passemos à primeira renúncia: «Renunciais ao pecado para viver na liberdade dos filhos de Deus?». Hoje liberdade e vida cristã, observância dos mandamentos de Deus, caminham em direcções opostas; ser cristão seria como uma escravidão; liberdade é emancipar-se da fé cristã, emancipar-se — no final de contas — de Deus. A palavra pecado parece para muitos quase ridícula, porque dizem: «Como! Não podemos ofender a Deus! Deus é tão grande, o que interessa a Deus, se eu faço um pequeno erro? Não podemos ofender a Deus, o seu interesse é demasiado grande para ser ofendido por nós». Parece verdade, mas não é assim. Deus fez-se vulnerável. Em Cristo crucificado vemos que Deus se fez vulnerável, fez-se vulnerável até à morte. Deus interessa-se por nós porque nos ama, e o amor de Deus é vulnerabilidade, o amor de Deus é interesse pelo homem, o amor de Deus quer dizer que a nossa primeira preocupação deve ser não ferir, não destruir o seu amor, não fazer nada contra o seu amor porque, caso contrário, viveremos também contra nós mesmos e contra a nossa liberdade. E, na realidade, esta liberdade aparente na emancipação de Deus torna-se imediatamente escravidão de muitas ditaduras do tempo, que devem ser seguidas para ser consideradas à altura do tempo.

E finalmente: «Renunciais a Satanás?». Isto diz-nos que existe um «sim» a Deus e um «não» ao poder do Maligno, que coordena todas estas actividades e quer fazer-se deus deste mundo, como diz ainda são João. Mas não é Deus, é unicamente o adversário, e nós não nos submetemos ao seu poder; nós dizemos «não» porque dizemos «sim», um «sim» fundamental, o «sim» do amor e da verdade. Estas três renúncias, no rito do Baptismo, na antiguidade, eram acompanhadas por três imersões: imersão na água como símbolo da morte, de um «não» que realmente é a morte de um tipo de vida e ressurreição para uma outra vida. Voltaremos a meditar sobre isto. Depois, a confissão em três perguntas: «Acreditais em Deus Pai Todo-Poderoso, Criador; em Cristo, e finalmente no Espírito Santo e na Igreja?». Esta fórmula, estas três partes, foram desenvolvidas a partir da Palavra do Senhor, ou seja, «baptizar no nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo»; estas palavras são concretizadas e aprofundadas: o que quer dizer Pai, o que quer dizer Filho — toda a fé em Cristo, toda a realidade do Deus que se fez homem — e que quer dizer acreditar que se é baptizado no Espírito Santo, isto é, toda a acção de Deus na história, na Igreja, na comunhão dos Santos. Deste modo, a fórmula positiva do Baptismo é também um diálogo: não é simplesmente uma fórmula. Sobretudo a profissão da fé não é simplesmente algo a compreender, uma realidade intelectual, uma coisa a memorizar — sem dúvida, é também isto — mas diz respeito inclusive ao intelecto, refere-se principalmente ao nosso viver. E isto parece-me muito importante. Não é algo intelectual, uma simples fórmula. É um diálogo de Deus connosco, uma obra de Deus connosco e uma nossa resposta, é um caminho. A verdade de Cristo só se pode compreender se se entende o seu caminho. Só se aceitarmos Cristo como caminho começaremos realmente a percorrer a senda de Cristo e poderemos compreender também a verdade de Cristo. A verdade não vivida não se abre; só a verdade vivida, a verdade aceite como modo de viver, como caminho se abre inclusive como verdade em toda a sua riqueza e profundidade. Portanto, esta fórmula é um caminho, é expressão de uma nossa conversão, de uma obra de Deus. E nós queremos realmente ter isto presente em toda a nossa vida: que estamos em comunhão de caminho com Deus, com Cristo. E deste modo estamos em comunhão com a verdade: vivendo a verdade, a verdade torna-se vida, e levando esta vida encontramos também a verdade.

Agora passemos ao elemento material: a água. É muito importante considerar dois significados da água. Por um lado, a água faz pensar no mar, principalmente no mar Vermelho, na morte no mar Vermelho. No mar representa-se a força da morte, a necessidade de morrer para alcançar uma vida nova. Isto parece-me muito importante. O Baptismo não é unicamente uma cerimónia, um ritual introduzido há tempos, e também não é um lavacro, uma acção cosmética. É muito mais do que um lavacro: é morte e vida, é morte de uma determinada existência e renascimento, ressurreição para uma vida nova. Esta é a profundidade do ser cristão: não é só algo que se acrescenta, mas constitui um novo nascimento. Depois de termos atravessado o mar Vermelho, somos novos. Assim o mar, em todas as experiências do Antigo Testamento, tornou-se para os cristãos símbolo da Cruz. Porque só através da morte, de uma renúncia radical na qual se morre a um certo tipo de vida, pode realizar-se o renascimento e pode realmente existir uma vida nova. Este é uma parte do simbolismo da água: simboliza — sobretudo nas imersões da antiguidade — o mar Vermelho, a morte, a Cruz. Só da Cruz é possível alcançar uma vida nova, e isto realiza-se todos os dias. Sem esta morte sempre renovada, não podemos renovar a vitalidade verdadeira da vida nova de Cristo.

Mas o outro símbolo é o da fonte. A água é origem de toda a vida; além do simbolismo da morte existe inclusive o simbolismo da vida nova. Cada vida provém também da água, da água que deriva de Cristo como a verdadeira vida nova que nos acompanha rumo à eternidade.

No final permanece a questão — apenas uma breve palavra — do Baptismo das crianças. É justo fazê-lo, ou seria mais necessário percorrer primeiro o caminho catecumenal para alcançar um Baptismo autenticamente realizado? E outra pergunta que se apresenta sempre é a seguinte: «Mas podemos impor a uma criança qual religião ela quer viver ou não? Não devemos deixar àquela criança a escolha?». Estas perguntas demonstram que já não vemos na fé cristã a vida nova, a vida verdadeira, mas vemos uma escolha entre outras, e também um peso que não se deveria impor sem obter o assentimento da parte do sujeito. A realidade é diferente. A própria vida é-nos doada sem que nós possamos escolher se queremos viver ou não; a ninguém pode ser perguntado: «Queres nascer ou não?». A própria vida é-nos doada necessariamente sem consentimento prévio, nos é concedida assim e não podemos decidir antes «sim ou não, quero viver ou não». E, na realidade, a pergunta verdadeira é: «É justo doar a vida neste mundo, sem ter recebido o consentimento — queres viver ou não? Pode-se realmente antecipar a vida, doar a vida sem que o sujeito tenha tido a possibilidade de decidir?». Eu diria: só é possível e justo se, com a vida, podemos oferecer também a garantia de que a vida, com todos os problemas do mundo, é boa, que é bom viver, que existe uma garantia de que esta vida é boa, é protegida por Deus e que é um dom autêntico. Só a antecipação do sentido justifica a antecipação da vida. E por isso o Baptismo como garantia do bem de Deus, como antecipação do sentido, do «sim» de Deus que protege esta vida, justifica também a antecipação da vida. Por conseguinte, o Baptismo das crianças não é contrário à liberdade; é precisamente necessário oferecê-lo, para justificar também o dom — diversamente questionável — da vida. Só a vida que está nas mãos de Deus, nas mãos de Cristo, imersa no nome do Deus trinitário, é certamente um bem que se pode oferecer sem escrúpulos. E assim estamos gratos a Deus que nos concedeu esta dádiva, que se doou a Si mesmo a nós. E o nosso desafio consiste em viver este dom, em vivê-lo realmente, num caminho pós-baptismal, tanto as renúncias como o «sim», sempre no grande «sim» de Deus, e deste modo viver bem. Obrigado!



AOS PARTICIPANTES NA ASSEMBLEIA DA REUNIÃO DAS OBRAS PARA A AJUDA ÀS IGREJAS ORIENTAIS (ROACO) Quinta-feira, 21 de Junho de 2012

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Sala Clementina


Senhor Cardeal, Beatitudes
Venerados Irmãos no episcopado e no sacerdócio
Queridos Membros e Amigos da ROACO

Sinto-me feliz por vos receber e saudar neste encontro habitual. Saúdo o Cardeal Prefeito da Congregação para as Igrejas Orientais e Presidente da ROACO e agradeço-lhe as cordiais expressões que me dirigiu. Transmito um agradecimento ao Arcebispo Secretário, ao Subsecretário, aos Colaboradores e a todos os presentes, renovando a minha gratidão às Obras aqui representadas, às Igrejas dos continentes europeu e americano que as apoiam, assim como aos numerosos benfeitores. Garanto a minha oração ao Senhor, na certeza consoladora de que Ele «ama quem doa com alegria» (cf.
2Co 9,7).

Antes de mais, desejo fazer votos para que persevereis naquele «movimento de caridade que, por mandato do Papa, a Congregação acompanha a fim de que, de maneira ordenada e equitativa a Terra Santa e as outras regiões orientais recebam a necessária ajuda espiritual e material para fazer face à vida eclesial ordinária e às necessidades particulares» (Discurso à Congregação para as Igrejas Orientais, 9 de Junho de 2007). Há cinco anos, ao visitar a Congregação para as Igrejas Orientais, expressei-me com estas palavras e agora desejo reafirmar tal exortação para realçar as necessidades urgentes do momento actual.

De facto, a conjuntura económica e social hodierna, tão delicada devido à dimensão global que assumiu, parece não dar trégua às áreas do mundo economicamente avançadas e numa medida ainda mais preocupante alastra-se nas mais desfavorecidas, penalizando seriamente o seu presente e futuro. O Oriente, mãe-pátria de tradições cristãs antigas, é atingido de modo particular por este processo, que gera insegurança e instabilidade, inclusive a nível eclesial e no âmbito ecuménico e inter-religioso. Trata-se de factores que alimentam as feridas endémicas da história e contribuem para tornar mais frágeis o diálogo, a paz, a convivência entre os povos, assim como o respeito autêntico pelos direitos humanos, especialmente o da liberdade religiosa pessoal e comunitária. Este direito deve ser garantido na sua profissão pública, não só em termos cultuais, mas também pastorais, educativos, assistenciais e sociais, todos aspectos indispensáveis para o seu exercício efectivo.

Aos representantes da Terra Santa, começando pelo Delegado Apostólico, D. Antonio Franco, pelo Vigário do Patriarca Latino de Jerusalém e pelo Padre Guardião, que fazem permanentemente parte da ROACO, este ano uniram-se os Arcebispos-Mores da Igreja Sírio-malabar da Índia, Sua Beatitude o Cardeal George Alencherry, e da Igreja Greco-católica da Ucrânia, Sua Beatitude Sviatoslav Shevchuk, o Núncio Apostólico na Síria, D. Mario Zenari, e o Bispo Presidente da Cáritas síria. Isto permite alargar ainda mais o olhar da Igreja de Roma para a dimensão universal que a caracteriza de modo profundo e constitui um dos aspectos essenciais do seu mistério. É também uma ocasião para reafirmar a minha proximidade aos grandes sofrimentos dos irmãos e irmãs da Síria, em particular dos pequenos inocentes e mais indefesos. A nossa oração, compromisso e fraternidade concreta em Cristo, como óleo de consolação, os ajudem a não perderem a luz da esperança nestes momentos de obscuridade e obtenham de Deus a sabedoria do coração para quem deles é responsável, a fim de que cessem o derramamento de sangue e a violência, que causam unicamente dor e morte, abrindo espaço à reconciliação, à concórdia e à paz. Não se poupem esforços, inclusive por parte da comunidade internacional, para que a Síria possa sair da actual situação de violência e crise, que dura já há muito tempo e corre o risco de se tornar um conflito generalizado, o qual teria consequências muito negativas para o país e para a inteira região. Lanço também um urgente e preocupado apelo a fim de que, diante da necessidade extrema da população, seja garantida a devida assistência humanitária, inclusive a tantas pessoas que tiveram que deixar as próprias casas, refugiando-se nos países vizinhos: o valor da vida humana é um bem precioso que deve ser tutelado sempre.

Queridos amigos da ROACO, o Ano da fé, que proclamei no cinquentenário do início do Concílio Ecuménico Vaticano II, oferecerá orientações fecundas para as Obras de ajuda às Igrejas Orientais, que representam um testemunho providencial de quanto nos diz a Palavra de Deus: a fé sem obras diminui e morre (cf. Tg Jc 2,17). Sede sempre sinais eloquentes da caridade que brota do coração de Cristo e apresenta ao mundo a Igreja na sua identidade e missão mais verdadeiras, pondo-a ao serviço de Deus, que é Amor. A são Luís Gonzaga, celebrado pela hodierna liturgia latina, peço que apoie a nossa acção de graças ao Espírito Santo e reze connosco para que o Senhor suscite também no nosso tempo exemplares agentes de caridade para com o próximo. A intercessão da Santíssima Mãe de Deus acompanhe sempre as Igrejas Orientais na mãe-pátria e na diáspora, levando a toda a parte encorajamento e esperança para um serviço renovado ao Evangelho. Que Ela vigie também sobre a próxima Viagem que, se Deus quiser, realizarei ao Líbano para confirmar a Assembleia Especial para o Médio Oriente do Sínodo dos Bispos. Desejo antecipar desde já à Igreja e à Nação libanesas o meu abraço de pai e irmão, enquanto concedo de coração a minha afectuosa Bênção Apostólica às vossas Organizações, aos presentes e aos vossos entes queridos, assim como às comunidades que vos foram confiadas.




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