Discursos Bento XVI 40641

CELEBRAÇÃO DAS VÉSPERAS COM OS BISPOS, SACERDOTES, RELIGIOSOS, RELIGIOSAS E SEMINARISTAS E ORAÇÃO JUNTO AO TÚMULO DO BEATO ALOJZIJE VIKTOR STEPINAC

Catedral da Assunção da Beata Virgem Maria e Santo Estêvão Domingo, 5 de Junho de 2011

50611
Amados Irmãos no episcopado e no presbiterado,
Queridos irmãos e irmãs!

Dou graças ao Senhor por este encontro, na oração, que me permite viver um particular momento de comunhão convosco, Bispos, sacerdotes, pessoas consagradas, seminaristas, noviços e noviças. A todos vos saúdo com estima e agradeço pelo testemunho que prestais à Igreja, como fizeram ao longo dos séculos tantos Pastores e Mártires nesta terra, desde São Domnio até ao Beato Cardeal Stepinac, o amado Cardeal Kuharic e muitos outros. Agradeço ao Cardeal Josip Bozanic as amáveis palavras que me dirigiu. Nesta tarde, em devota oração, queremos fazer memória do Beato Aloísio Stepinac, Pastor intrépido, exemplo de zelo apostólico e de firmeza cristã, cuja vida heróica ainda hoje ilumina os fiéis das dioceses croatas, sustentando a sua fé e vida eclesial. Os méritos deste inesquecível Pastor brotam essencialmente da sua fé: na sua vida, manteve sempre o olhar fixo em Jesus, configurando-se de tal modo com Ele que se tornou uma imagem viva de Cristo, mesmo dos seus sofrimentos. Devido precisamente à sua firme consciência cristã, soube resistir a todo o totalitarismo, tornando-se defensor dos judeus, dos ortodoxos e de todos os perseguidos no tempo da ditadura nazista e fascista e depois, no período do comunismo, «advogado» dos seus fiéis, especialmente dos numerosos sacerdotes perseguidos e assassinados. Sim, tornou-se «advogado» de Deus sobre esta terra, já que defendeu tenazmente a verdade e o direito do homem viver com Deus.

«Com uma só oferta, [Cristo] tornou perfeitos para sempre os que são santificados» (
He 10,14). Esta afirmação da Carta aos Hebreus, há pouco proclamada, convida-nos a considerar a figura do beato Cardeal Stepinac segundo a «forma» de Cristo e do seu sacrifício. De facto, o martírio cristão é a medida mais alta de santidade, mas é-o sempre e só graças a Cristo, por seu dom como resposta à sua oferta que recebemos na Eucaristia. O Beato Aloísio Stepinac correspondeu-lhe com o seu sacerdócio, com o episcopado, com o sacrifício da vida: um único «sim» unido ao de Cristo. O seu martírio marca o apogeu das violências perpetradas contra a Igreja durante a terrível estação da perseguição comunista. Os católicos croatas, de modo particular o clero, foram objecto de vexações e abusos sistemáticos, que visavam destruir a Igreja Católica a começar da sua Autoridade local mais alta. Aquele período, particularmente duro, caracterizou-se por uma geração de Bispos, sacerdotes e religiosos dispostos a morrer para não atraiçoar Cristo, a Igreja e o Papa. O povo viu que os sacerdotes nunca perderam a fé, a esperança, a caridade, e deste modo permaneceram sempre unidos. Esta unidade explica o que é humanamente inexplicável, ou seja, que um regime tão duro não tenha podido dobrar a Igreja.

Também hoje a Igreja na Croácia é chamada a estar unida para enfrentar os desafios do contexto social em mudança, individuando com audácia missionária novos caminhos de evangelização especialmente ao serviço das jovens gerações. Amados Irmãos no episcopado, queria encorajar-vos em primeiro lugar a vós na realização da vossa missão. Quanto mais agirdes em fecundo acordo entre vós e em comunhão com o sucessor de Pedro, tanto mais podereis enfrentar as dificuldades do nosso tempo. Além disso, é importante que sobretudo os Bispos e os sacerdotes trabalhem sempre ao serviço da reconciliação entre os cristãos divididos e entre cristãos e muçulmanos, seguindo os passos de Cristo, que é a nossa paz. Relativamente aos sacerdotes, não deixeis de oferecer-lhes claras indicações espirituais, doutrinais e pastorais. De facto, a comunidade eclesial apresenta no seu próprio seio legítimas diversidades, mas só pode prestar um testemunho fiel ao Senhor na comunhão dos seus membros. Isto requer de vós o serviço da vigilância, que haveis de prestar no diálogo e com grande amizade, mas também com clareza e firmeza. Amados Irmãos, aderir a Cristo significa «observar a sua palavra» em todas as circunstâncias (cf. Jn 14,23).

A propósito disto, assim falava o Beato Cardeal Stepinac: «Um dos males maiores do nosso tempo é a mediocridade nas questões de fé. Não tenhamos ilusões… Ou somos católicos ou não o somos. Se o somos, é preciso que isto se manifeste em cada âmbito da nossa vida» (Homilia na Solenidade de São Pedro e São Paulo, 29 de Junho de 1943). A doutrina moral da Igreja, hoje frequentemente incompreendida, não se pode desvincular do Evangelho. Compete precisamente aos Pastores propô-la com autoridade aos fiéis, para os ajudarem a avaliar as suas responsabilidades pessoais, a harmonia entre as suas decisões e as exigências da fé. Deste modo se irá progredindo naquela «viragem cultural» que é necessária para promover uma cultura da vida e uma sociedade à medida do homem.

Queridos sacerdotes, especialmente vós párocos, conheço a importância e a multiplicidade dos vossos compromissos, num tempo em que começa fazer-se sentir intensamente a escassez de presbíteros. Exorto-vos a não desanimar, a permanecer vigilantes na oração e na vida espiritual para realizardes com fruto o vosso ministério: ensinar, santificar e guiar a quantos estão confiados aos vossos cuidados. Acolhei com magnanimidade quem bate à porta do vosso coração, oferecendo a cada um os dons que a bondade divina vos confiou. Perseverai na comunhão com o vosso Bispo e na mútua colaboração. Alimentai o vosso compromisso nas fontes da Escritura, dos Sacramentos, do louvor constante de Deus, abertos e dóceis à acção do Espírito Santo; sereis assim agentes eficazes da nova evangelização, que sois chamados a realizar juntamente com os leigos, de modo coordenado e sem confusão entre aquilo que depende do ministério ordenado e o que pertence ao sacerdócio universal dos baptizados. Tende a peito o cuidado das vocações ao sacerdócio: esforçai-vos, com o vosso entusiasmo e a vossa fidelidade, por transmitir um vivo desejo de responder, generosamente e sem hesitação, a Cristo, que chama a conformar-se mais intimamente com Ele, Cabeça e Pastor.

Queridos consagrados e consagradas, a Igreja muito espera de vós, que tendes a missão de testemunhar em cada época «a forma de vida que Jesus, supremo consagrado e missionário do Pai para o seu Reino, abraçou e propôs aos discípulos que O seguiam» (Exort. ap. Vita consecrata, 22). Que Deus seja sempre a vossa única riqueza: deixai-vos plasmar por Ele, para tornar visível ao homem actual, sedento de valores autênticos, a santidade, a verdade, o amor do Pai celeste. Sustentados pela graça do Espírito, falai ao povo com a eloquência duma vida transfigurada pela novidade da Páscoa. Deste modo a vossa vida inteira tornar-se-á sinal e serviço da consagração que cada baptizado recebeu quando foi incorporado em Cristo.

A vós, jovens que vos preparais para o sacerdócio ou para a vida consagrada, desejo repetir que o Mestre divino está constantemente em acção no mundo e diz a cada um daqueles que escolheu: «Segue-Me» (Mt 9,9). É um chamamento que exige a confirmação diária com uma resposta de amor. Esteja sempre pronto o vosso coração. O testemunho heróico do Beato Aloísio Stepinac inspire uma renovação das vocações entre os jovens croatas. E vós, amados Irmãos no episcopado e no presbiterado, não deixeis de oferecer aos jovens dos seminários e dos noviciados uma formação equilibrada, que os prepare para um ministério bem inserido na sociedade do nosso tempo, graças à profundidade da sua vida espiritual e à seriedade dos seus estudos.

Amada Igreja na Croácia, assume com humildade e coragem a tarefa de seres a consciência moral da sociedade, «sal da terra» e «luz do mundo» (cf. Mt 5,13-14). Permanece sempre fiel a Cristo e à mensagem do Evangelho, numa sociedade que procura relativizar e secularizar todos os âmbitos da vida. Sê a morada da alegria na fé e na esperança. Caríssimos, que o Beato Cardeal Aloísio Stepinac e todos os Santos da vossa terra intercedam pelo vosso povo, e a Mãe do Salvador vos proteja! Com grande afecto, concedo a vós e à Igreja inteira que está na Croácia a minha Bênção Apostólica. Amen. Sejam louvados Jesus e Maria!



CERIMÓNIA DE DESPEDIDA Aeroporto Internacional de Zagreb Pleso Domingo, 5 de Junho de 2011

50621

Senhor Presidente,
Ilustres Autoridades,
Amados Irmãos no Episcopado,
Irmãos e irmãs no Senhor!

A minha visita à vossa terra está a chegar ao fim. Embora breve, foi rica de encontros, que me fizeram sentir parte de vós, da vossa história, e deram-me ocasião para confirmar na fé em Jesus Cristo, único Salvador, a Igreja peregrina na Croácia. Esta fé, que chegou até vós através do testemunho corajoso e fiel de tantos irmãos e irmãs vossos – alguns dos quais não hesitaram em morrer por Cristo e o seu Evangelho –, encontrei-a aqui viva e sincera. Louvamos a Deus pelos abundantes dons de graça que largamente dispõe no caminho diário dos seus filhos. Desejo agradecer a quantos colaboraram na organização desta minha Visita e para o seu regular desenvolvimento.

Levo vivas na mente e no coração as impressões destes dias. Unânime e sentida foi, na manhã de hoje, a participação na Santa Missa por ocasião da Jornada Nacional das Famílias. O encontro de ontem no Teatro Nacional permitiu-me partilhar algumas reflexões com os representantes da sociedade civil e das comunidades religiosas. Depois, durante a intensa vigília de oração, os jovens mostraram-me o rosto luminoso da Croácia, voltado para o futuro, iluminado por uma fé viva, como a chama de uma lâmpada preciosa, recebida dos pais e que requer ser guardada e alimentada ao longo do caminho. A oração junto do túmulo do Beato Cardeal Stepinac fez-nos recordar de modo especial todos aqueles que sofreram, e sofrem também hoje, por causa da sua fé no Evangelho. Continuamos a invocar a intercessão desta intrépida testemunha do Senhor ressuscitado, para que cada sacrifício, cada prova, oferecidos a Deus por amor d’Ele e dos irmãos, possa ser grão de trigo que, caído na terra, morre para dar fruto.

Foi para mim motivo de alegria constatar quão viva esteja ainda actualmente a antiga tradição cristã do vosso povo. Pude experimentá-lo sobretudo no caloroso acolhimento que as pessoas me reservaram, como fizeram nas três visitas do Beato João Paulo II, reconhecendo a visita do Sucessor de São Pedro que vem confirmar os irmãos na fé. Esta vitalidade eclesial, que se há-de manter e reforçar, não deixará de produzir os seus efeitos positivos na sociedade inteira, graças à colaboração – que espero sempre serena e profícua – entre a Igreja e as instituições públicas. Neste tempo, em que parecem faltar pontos firmes e fidedignos de referência, possam os cristãos, todos «juntos em Cristo», pedra angular, continuar a ser como que a alma da nação, ajudando-a a desenvolver-se e a progredir.

No momento de regressar a Roma, entrego-vos todos nas mãos de Deus. Que Ele, dador de todo o bem e providência infinita, abençoe esta terra e o povo croata, e conceda paz e prosperidade a cada família. A Virgem Maria vele sobre o caminho histórico da vossa pátria e sobre o da Europa inteira, e vos acompanhe também a minha Bênção Apostólica, que com grande afecto vos deixo.





AO SENHOR STEFAN GORDA, NOVO EMBAIXADOR DA REPÚBLICA DA MOLDOVA Quinta-feira, 9 de Junho de 2011

9611 POR OCASIÃO DA APRESENTAÇÃO DAS CARTAS CREDENCIAIS

Sala Clementina

. Senhor Embaixador

Sinto-me feliz por o receber esta manhã, no momento em que apresenta as Cartas que o acreditam como Embaixador Extraordinário e Plenipotenciário da República da Moldova junto da Santa Sé. Agradeço-lhe as gentis palavras que me dirigiu. Retribuo, agradecendo-lhe a amabilidade de expressar a Sua Ex.cia o Sr. Marian Lupu, Presidente interino da República da Moldova, os votos cordiais que formulo pela sua pessoa, assim como por todo o povo moldavo.

Em 2011 celebra-se o vigésimo aniversário da independência do seu país. Agora é possível ver o que foi feito e o que falta construir. No seu discurso, Vossa Excelência ressaltou justamente as provas que a sua nação teve que enfrentar e a intensa esperança que reina entre a população para regular os problemas económicos e os da unidade nacional. É evidente que a unidade na paz e na serenidade é um factor que favorece o desenvolvimento económico e social mas este desenvolvimento tem também um efeito positivo para a realização da unidade. Rezo a fim de que sejam encontradas soluções duradouras para o bem de todos através de uma justa mediação política e da salvaguarda das diferentes identidades. O seu povo escreveu páginas gloriosas na história do continente europeu. Que este passado inspire o vosso presente!

O seu país deseja ir em frente. Estabeleceu prioridades económicas que bem se compreendem e que são necessárias, mas elas devem respeitar igualmente os interesses da soberania nacional e contribuir para o bem-estar de todos os componentes da vossa sociedade, procurando evitar as derivas que favorecem apenas alguns em desvantagem dos demais. A fim de contribuir para a consecução deste objectivo, o seu país deseja estabelecer relações estreitas com a União Europeia. É positivo que a Moldova tenha o desejo de entrar na casa comum europeia, mas esta busca legítima só pode ser feita no respeito dos valores positivos do seu país. Ela não deve ser determinada só pela economia e pelo bem-estar material. A ideologização destes dois elementos no passado indicam os escombros que devem ser evitados. Pois eles podem levar à abdicação unilateral dos valores seculares da sua cultura. Esta adesão, que é um elemento importante, só será autêntico se a União Europeia reconhecer a contribuição específica que a Moldova pode oferecer a fim de alcançar juntos um futuro rico de identidade de cada Nação. Devido à sua tradição e à sua fé cristã, a Moldova pode ajudar corajosamente a União Europeia a redescobrir o que ela já não quer ver ou até chega a negar. Por outro lado, a paz, a justiça e a prosperidade da Moldova que certamente serão o resultado da realização das suas aspirações europeias não serão efectivas se não forem vividas por cada um dos seus concidadãos na busca do bem comum e numa preocupação ética permanente. Entre estes valores essenciais, encontram-se os valores religiosos.

As relações diplomáticas entre a Moldova e a Santa Sé estabelecidas há 18 anos são harmoniosas e por isto me congratulo. E são-no devido à fé cristã que vive na vossa Nação e nos seus habitantes, e presto homenagem a toda a Igreja ortodoxa. Ela sempre partilhou com a Igreja católica a necessidade de defender os valores religiosos e culturais contra o materialismo imperante e contra o relativismo que põe em questão a contribuição cristã para a vida e para a sociedade. Que as relações fraternas entre os fiéis ortodoxos e católicos sejam aprofundadas. Estas relações de respeito e de amizade recíprocas são um testemunho de amor que indica que além das divisões e das suas consequências, os corações podem abrir-se à reconciliação, à solidariedade e à fraternidade.

Os fiéis da Igreja católica na Moldova são pouco numerosos. Saúdo-os, através de Vossa Excelência, e de modo especial o Bispo de Chisinau. Dou graças pelo reconhecimento jurídico do qual goza a Igreja católica na Moldova, pela sua organização progressiva e pela construção de novas igrejas, entre as quais a catedral. Estes factos demonstram a excelência do diálogo e da colaboração entre as Instituições civis e a Igreja católica. Todos sabemos que alguns problemas herdados de um passado recente, ainda estão por resolver. Procurar curar e fazer cicatrizar estas chagas é outra forma de contribuir positivamente para a unidade do país e para o seu progresso. Que as Autoridades civis tenham a coragem de encontrar soluções satisfatórias justas e equitativas para o património eclesiástico confiscado, a fim de permitir que a Igreja católica disponha dos meios para cumprir a sua missão, não só no campo religioso mas também no âmbito da educação, da saúde e da caridade.

A Igreja não pede que lhe sejam concedidos privilégios particulares. Ela deseja ser fiel à sua finalidade própria e servir todas as pessoas, sem distinção, segundo a sua missão confiada por Cristo. A feliz integração dos católicos no seu país, a excelência das relações com a Igreja ortodoxa demonstram a sua boa vontade. Por outro lado, numerosos moldavos estabeleceram-se em nações europeias de tradição católica. Nelas procuram certamente uma estabilidade económica, mas nelas estabelecem também vínculos com os católicos, aprofundando deste modo ainda mais boas relações entre as duas Igrejas. Estes dois factores são encorajadores para encontrar ulteriores soluções para fortalecer ainda mais a harmonia entre o Estado e a Igreja católica. O meu pensamento dirige-se de modo particular aos jovens moldavos. Rezo por eles e desejo encorajá-los. Expresso-vos a minha alegria por saber que uma centena poderá participar pela primeira vez na Jornada Mundial da Juventude, no próximo mês de Agosto em Madrid. E, em Outubro próximo, a Igreja católica organizará a sua primeira Semana Social. A perspectiva destes dois acontecimentos enche-me de satisfação. Eles devem suscitar o orgulho do seu país.

No momento em que Vossa Excelência inaugura oficialmente as suas funções junto da Santa Sé, formulo os meus melhores votos pelo feliz cumprimento da sua missão. Tenha a certeza que encontrará sempre junto dos meus colaboradores a atenção e a compreensão cordiais que a sua nobre função merece assim como o afecto do Sucessor de Pedro pelo seu país. Ao invocar a intercessão da Virgem Maria, rezo ao Senhor que derrame abundantes Bênçãos sobre Vossa Excelência, a sua família e colaboradores, assim como sobre o povo moldavo e seus dirigentes.




AO SENHOR NARCISO NTUGU ABESO OYANA NOVO EMBAIXADOR DA GUINÉ EQUATORIAL JUNTO DA SANTA SÉ Quinta-feira, 9 de Junho de 2011

9621
Sala Clementina



Senhor Embaixador!

É-me grato receber das mãos de Vossa Excelência as Cartas que o acreditam como Embaixador Extraordinário e Plenipotenciário da Guiné Equatorial junto da Santa Sé, dando-lhe ao mesmo tempo as minhas mais cordiais boas-vindas neste acto solene.

Agradeço as amáveis saudações que me transmitiu por parte do Senhor Presidente da República. Ao retribuir com prazer este gesto de deferência, rezo ao Todo-Poderoso a fim de que a Missão diplomática que Vossa Excelência começa hoje fortaleça ulteriormente o caminho da sadia independência e do respeito recíproco entre a Igreja e o Estado na sua amada Nação, com a qual a Santa Sé mantém estreitas relações e segue com solícita atenção, da qual a recente nomeação do novo Bispo de Ebebiyín é sinal eloquente.

Senhor Embaixador, como revelam as suas amáveis palavras, que me fizeram sentir mais próximo da sua Pátria, os seus compatriotas cultivam sentimentos de afecto pelo Sucessor de Pedro, todos repletos de uma sentida e fiel devoção, fruto do vigor e do cuidado com os quais a semente evangélica foi lançada na sua nobre terra, para se enraizar profundamente nela e produzir uma excelente colheita a nível quer espiritual quer material.

No aperfeiçoamento da sociedade e na organização de novas estruturas capazes de lhe proporcionar uma composição mais flexível não faltarão aos filhos e às filhas da Guiné Equatorial a presença encorajadora da Igreja, que infunde a luz da fé em Cristo, indica ao homem a sua autêntica vocação e o ajuda a trabalhar sem rejeitar tudo o que o dignifica e enobrece. Isto permite alimentar a firme esperança de que os seus compatriotas, fortalecidos por esta mesma fé, não vacilarão nos seus propósitos de participar activa e sabiamente na edificação de uma serena e harmoniosa convivência. Neste clima, o ser humano realizar-se-á plenamente de acordo com a sua altíssima dignidade e com os direitos fundamentais, e germinarão abundantemente valores essenciais como a tutela da vida, a assistência médica, o desenvolvimento da educação e da solidariedade, assim como a salvaguarda do meio ambiente e a distribuição equitativa da riqueza. Tudo isto é condição indispensável para reanimar um verdadeiro progresso social, que alcance todos, especialmente os mais pobres e carentes, e ao qual todos podem contribuir com o próprio apoio adequado, livre e responsável.

Neste sentido, não tenho dúvida de que as Autoridades do seu amado país, que Vossa Excelência representa, conseguirão encaminhar e interpretar as genuínas aspirações dos seus compatriotas, reflexo do seu património histórico, moral e cultural, e para cujo desenvolvimento e a sucessiva consolidação na consciência das pessoas e na própria sociedade a constante, desinteressada e intensa obra da Igreja desempenha também um papel extremamente significativo.

A este respeito, não se pode deixar de notar com viva satisfação os esforços levados a cabo para recuperar e reestruturar numerosos lugares de culto, assim como as iniciativas empreendidas para melhorar as condições de vida dos cidadãos, especialmente daqueles que têm grande dificuldade para viver de maneira digna. Por conseguinte, encorajo todos a percorrer com entusiasmo este caminho, remediando às carências sociais, económicas e culturais existentes. Por sua vez, a comunidade cristã, no âmbito da sua própria missão, avançará com um empenho renovado e generoso, pondo à disposição do povo guineense a sua ampla e fecunda experiência no campo da promoção do matrimónio e da família, da saúde, da formação das novas gerações e do exercício da caridade e beneficência. Não poderia ser de outra forma, pois a Igreja não ignora que tudo o que favorece a concórdia e a fraternidade, a erradicação da pobreza, o incremento da justiça e do diálogo, assim como a consolidação da compreensão recíproca, abre horizontes luminosos de futuro e enobrece o ser humano, o qual, nunca se pode esquecer, é imagem de Deus.

Senhor Embaixador, ao pedir ao Todo-Poderoso que a alta responsabilidade que lhe foi confiada seja coroada por abundantes sucessos, garanto-lhe que a Cúria Romana e os seus vários departamentos estarão sempre prontos para o ajudar no desempenho da sua função. Sobre Vossa Excelência, os seus familiares e colaboradores, assim como sobre todo o povo da Guiné Equatorial, invoco fervorosamente abundantes Bênçãos do céu.




AO SENHOR HENRY LLEWELLYN LAWRENCE, NOVO EMBAIXADOR DE BELIZE JUNTO DA SANTA SÉ Quinta-feira, 9 de Junho de 2011

9631
POR OCASIÃO DA APRESENTAÇÃO DAS CARTAS CREDENCIAIS

Sala Clementina




Senhor Embaixador

Tenho o prazer de recebê-lo no Vaticano e de aceitar as Cartas Credenciais com as quais foi nomeado Embaixador Extraordinário e Plenipotenciário de Belize junto da Santa Sé. Agradeço-lhe ter-me transmitido as cordiais saudações do Governador-Geral, Senhor Colville Young, e peço que lhe expresse os meus bons votos de felicidades, assim como a todo o povo da sua Nação.

A Santa Sé aprecia as relações diplomáticas com Belize como instrumento importante para alcançar a cooperação recíproca para o bem-estar moral e material de todos os seus cidadãos. Com a cooperação de homens e mulheres de boa vontade em toda a América Central, a Igreja trabalha para promover a paz e a prosperidade entre todos os povos da região, mesmo em circunstâncias difíceis, baseando-se nos valores eternos do Evangelho, que sempre ajudaram o povo da região. Com solicitude especial para com os pobres e os frágeis, a Igreja chama a atenção sobre a dignidade do homem e trabalha para promover e reforçar tal dignidade através das suas numerosas actividades sociais, caritativas e em prol do desenvolvimento. O compromisso nesta tarefa não é motivada apenas pelo amor pela pessoa humana, mas sobretudo pelo amor profundo a Deus, «à luz do qual se compreendem plenamente a identidade, o sentido e a finalidade da pessoa» (Dia Mundial da Paz de 2011, n. 1).

Historicamente, a Igreja católica em Belize goza de relações cordiais com as autoridades civis, numa atmosfera destinada à realização da missão que lhe foi confiada pelo Senhor. Esta atmosfera é amplamente devida aos alicerces sobre os quais foi edificado Belize, uma base que suporta os valores cristãos tradicionais e reconhece o valor perene de direitos humanos autênticos e de liberdades políticas e civis fundamentais, que promovem o respeito pela pessoa humana, a harmonia social e o progresso da sociedade na sua totalidade. Entre as leis aprovadas neste país encontram-se os direitos à liberdade religiosa e à liberdade de culto. Como tive ocasião de observar recentemente, «o direito à liberdade religiosa está enraizado na própria dignidade da pessoa humana, cuja natureza transcendente não deve ser ignorada ou descuidada» (Ibid., n. 2). A liberdade de religião e a liberdade de culto permitem aos crentes progredir como indivíduos e contribuir positiva e plenamente na vida do país em todas as esferas da actividade humana. Senhor Embaixador, neste sentido, possa o seu país ser um exemplo para os seus vizinhos e para os que procuram debelar as consequências destes direitos e dos seus valores correspondentes.

A Igreja católica em Belize está empenhada na sociedade de várias maneiras, inclusive na educação dos jovens, em colaboração com o Estado. Em princípio, a educação prepara os indivíduos e obtém deles o melhor de modo que, por sua vez, possam contribuir de bom grado para a sociedade na sua globalidade em termos económico, cultural e social. A educação religiosa, especialmente a católica, oferece a própria contribuição para o bem-estar do seu povo, para «ajudar as novas gerações a reconhecer no outro o próprio irmão e a própria irmã, com os quais caminhar juntos e colaborar para que todos se sintam membros vivos da mesma família humana» (Ibid., 4). A educação dá frutos quando está baseada nas virtudes já enraizadas na família «célula primária da sociedade humana» e «âmbito primário de formação para relações harmoniosas a todos os níveis de convivência humana, nacional e internacional» (Ibidem). Possuindo uma sólida base de fé e virtude, inteligência e boa vontade, os jovens de Belize estarão melhor preparados para assumir a guia cívica e social, e para proporcionar um futuro estável, justo e pacífico à Nação.

Senhor Embaixador, com estes sentimentos ofereço-lhe os melhores votos para a sua nova missão e garanto-lhe a disponibilidade da Cúria Romana em apoiá-lo no seu alto cargo. Sobre Vossa Excelência e sobre todo o povo de Belize, invoco as abundantes Bênçãos de Deus todo-poderoso.






AO SENHOR HUSSAN EDIN AALA NOVO EMBAIXADOR DA REPÚBLICA ÁRABE DA SÍRIA JUNTO DA SANTA SÉ Sala Clementina Quinta-feira, 9 de Junho de 2011

9641

Senhor Embaixador

É com prazer que o recebo esta manhã no momento em que apresenta as Cartas que o acreditam como Embaixador Extraordinário e Plenipotenciário da República Árabe da Síria junto da Santa Sé. Vossa Excelência fez-se intérprete das saudações de Sua Excelência o Senhor Presidente da República, e ficar-lhe-ia grato se lhe transmitisse a minha gratidão. Através de Vossa Excelência, desejaria saudar igualmente todo o povo sírio, desejando que ele possa viver em paz e fraternidade.

Como Vossa Excelência ressaltou, a Síria é um lugar querido e significativo para os cristãos, desde as origens da Igreja. Depois do encontro de Cristo ressuscitado, no caminho de Damasco, com Paulo, que se tornará o Apóstolo das Nações, foram numerosos os grandes santos que constelaram a história religiosa do seu país. São também numerosos os testemunhos arqueológicos de igrejas, mosteiros, mosaicos dos primeiros séculos da era cristã que nos remetem às origens da Igreja. A Síria foi tradicionalmente um exemplo de tolerância, de convivência e de relacionamentos harmoniosos entre cristãos e muçulmanos, e hoje as relações ecuménicas e inter-religiosas são boas. Faço ardentes votos por que esta convivência entre todos os componentes culturais e religiosos da Nação sejam continuados e desenvolvidos para o bem de todos, reforçando deste modo uma unidade fundada na justiça e na solidariedade.

Todavia, esta unidade não pode ser edificada de modo duradouro se não houver o reconhecimento da centralidade e da dignidade da pessoa humana. De facto, «tendo sido criado à imagem de Deus, o ser humano possui a dignidade de pessoa; não é apenas algo, mas alguém, capaz de se conhecer, de se possuir, de se doar livremente e de entrar em comunhão com outras pessoas» (Mensagem para o Dia mundial da paz, 2007, n. 2). Portanto, o caminho rumo à unidade e à estabilidade de cada nação passa pelo reconhecimento da dignidade inalienável de todas as pessoas humanas. Por conseguinte, ela deve estar no centro das instituições, das leis e da acção das sociedades. Portanto, é de importância essencial privilegiar o bem comum, deixando de lado os interesses pessoais ou de parte. Por outro lado, o caminho da escuta, do diálogo e da colaboração deve ser reconhecido como o meio mediante o qual os diversos componentes da sociedade podem confrontar os seus pontos de vista e alcançar um consentimento acerca da verdade relativa a valores ou finalidades particulares. Isto originará grandes benefícios para as pessoas individualmente e para as comunidades (cf. Discurso à ONU, 18 de Abril de 2008).

Nesta perspectiva, os acontecimentos que se verificaram nos últimos meses em certos países da área do Mediterrâneo, entre os quais a Síria, manifestam o desejo de um futuro melhor no âmbito da economia, da justiça, da liberdade e da participação na vida pública. Estes acontecimentos mostram também a urgente necessidade de reformas verdadeiras na vida política, económica e social. Todavia, é muito desejável que estas evoluções não se realizem em termos de intolerância, de discriminação ou de conflito, e ainda menos de violência, mas em termos de respeito absoluto da verdade, da coexistência, dos direitos legítimos das pessoas e das colectividades, assim como da reconciliação. Tais princípios devem guiar as Autoridades, tendo em consideração as aspirações da sociedade civil, assim como as instâncias internacionais.

Senhor Embaixador, é de bom grado que friso aqui o papel positivo dos cristãos no seu país, que como cidadãos estão comprometidos na construção de uma sociedade na qual todos devem encontrar o seu lugar. Não posso deixar de mencionar aqui o serviço prestado pela Igreja católica nos campos social e educativo, apreciado por todos. Permita que eu saúde de modo muito especial os fiéis das comunidades católicas, com os seus Bispos, e que os encoraje a desenvolver vínculos de fraternidade com todos. As relações vividas quotidianamente com os seus compatriotas muçulmanos ressaltam a importância do diálogo inter-religioso e a possibilidade de trabalhar juntos, de diversas formas, em vista do bem comum. Que o impulso dado pela recente Assembleia especial para o Médio Oriente do Sínodo dos Bispos dê frutos abundantes no seu país, em benefício de toda a população e de uma autêntica reconciliação entre os povos!

Para incrementar a paz na região, deve ser encontrada uma solução global. Ela não pode lesar os interesses das partes em questão e há-de ser o fruto de um compromisso e não de escolhas unilaterais impostas com a força. Esta nada resolve, assim como as soluções parciais ou unilaterais, que são insuficientes. Conscientes dos sofrimentos de todas as populações, é preciso proceder mediante uma abordagem deliberadamente global que não exclua ninguém da busca de uma solução negociada e tenha em consideração as aspirações e os interesses legítimos dos diversos povos envolvidos. De igual modo, a situação que o Médio Oriente vive há numerosos anos levou-vos a acolher um grande número de refugiados, provenientes sobretudo do Iraque, e entre eles numerosos cristãos. Agradeço profundamente ao povo sírio a sua generosidade.

No momento em que inicia a sua nobre missão de representação junto da Santa Sé, dirijo-lhe, Senhor Embaixador, os meus melhores votos pelo bom êxito da sua missão. Tenha a certeza de que encontrará sempre junto dos meus colaboradores o acolhimento e a compreensão de que poderá precisar. Sobre Vossa Excelência, sua família e colaboradores, bem como sobre todos os habitantes da Síria, invoco de coração a abundância das Bênçãos divinas.






Discursos Bento XVI 40641