Discursos Bento XVI 20811

SAUDAÇÃO ÀS VÁRIAS COMISSÕES ORGANIZADORAS DA JMJ Sábado 20 de Agosto de 2011

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Nunciatura Apostólica de Madrid


Queridos amigos!

Apraz-me receber-vos aqui, na Nunciatura Apostólica, para vos agradecer vivamente tudo o que levastes a cabo para a organização desta Jornada Mundial da Juventude.

Sei que, desde que se tornou pública a notícia de que a arquidiocese de Madrid tinha sido escolhida como sede desta iniciativa, o Senhor Cardeal António Maria Rouco Varela pôs em marcha os trabalhos da Comissão Organizadora Local; nesta, com profundo sentido eclesial e extraordinário afecto pelo Vigário de Cristo, colaboraram os responsáveis das diversas áreas que se encontram envolvidas num acontecimento desta grandeza, coordenados por Monsenhor César Augusto Franco Martínez. Só o amor à Igreja e o anseio de evangelizar os jovens explicam um compromisso tão generoso em tempo e energias, que há-de dar um fruto apostólico abundante. Durante meses e meses, destes o melhor de vós mesmos ao serviço da missão da Igreja. Deus vos pagará cem por um; e não só a vós, mas também às vossas famílias e instituições que, com abnegação, sustentaram a vossa esmerada dedicação. Se, como disse Jesus, nem um copo de água dado em seu nome ficará sem recompensa, quanto mais a entrega diária e permanente à organização de um acontecimento eclesial de tão grande destaque como este que estamos vivendo. Obrigado a cada um de vós!

De igual modo, quero manifestar a minha gratidão aos membros da Comissão Mista, formada pela Arquidiocese de Madrid e as Administrações do Estado, da Comunidade de Madrid e da Prefeitura da Cidade, que, também desde o início da preparação desta Jornada Mundial de Juventude, se constituiu tendo em vista as centenas de milhares de jovens peregrinos que chegaram a Madrid, cidade aberta, bela e solidária. Certamente, sem esta solícita colaboração, não se teria podido realizar um evento de tamanha complexidade e importância. A este respeito, sei que as diversas entidades se colocaram à disposição da Comissão Organizadora Local, sem regatear esforços e num clima de amável cooperação, que honra esta nobre Nação e o conhecido espírito de hospitalidade dos espanhóis.

A eficácia desta comissão mostra que não só é possível a colaboração entre a Igreja e as instituições civis, mas também que, quando se orientam para o serviço de uma iniciativa de tão longo alcance como a que nos ocupa, se vê a verdade do princípio que o bem integra a todos na unidade. Por isso quero exprimir aos representantes das respectivas Administrações, que trabalharam denodadamente para o bom êxito desta Jornada Mundial, o meu mais sentido e cordial agradecimento em nome da Igreja e dos jovens que gozam nestes dias do vosso solícito acolhimento.

Para todos vós, vossas famílias e instituições invoco do Senhor a abundância dos seus dons. Muito obrigado.



VISITA À FUNDAÇÃO INSTITUTO SÃO JOSÉ, Madrid, Sábado 20 de Agosto de 2011

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Senhor Cardeal Arcebispo de Madrid,
Queridos Irmãos no Episcopado,
Queridos sacerdotes e religiosos
da Ordem Hospitaleira de São João de Deus,
Distintas Autoridades,
Queridos jovens, familiares e
voluntários aqui presentes!

De coração vos agradeço a amável saudação e o cordial acolhimento que me dispensastes.

Nesta noite, antes da Vigília de oração com os jovens de todo o mundo que vieram a Madrid para participar nesta Jornada Mundial da Juventude, temos a ocasião de passar alguns momentos juntos e poder-vos assim manifestar a solidariedade e o apreço do Papa por cada um de vós, pelas vossas famílias e por todas as pessoa que vos acompanham e cuidam nesta Fundação do Instituto São José.

A juventude, como recordei outras vezes, é a idade em que a vida se revela à pessoa em toda a riqueza e plenitude das suas potencialidades, incitando à busca de metas mais altas que dêem sentido à mesma. Por isso, quando o sofrimento assoma ao horizonte duma vida jovem, ficamos desconcertados e talvez nos interroguemos: Poderá a vida continuar a ser grande, quando irrompe nela o sofrimento? A este respeito, escrevi na minha encíclica sobre a esperança cristã: «A grandeza da humanidade determina-se essencialmente na relação com o sofrimento e com quem sofre. (…) Uma sociedade que não consegue aceitar os que sofrem e não é capaz de contribuir, mediante a compaixão, para fazer com que o sofrimento seja compartilhado e assumido mesmo interiormente é uma sociedade cruel e desumana» (Spe salvi ). Estas palavras reflectem uma larga tradição de humanidade que brota da oferta que Cristo faz de Si mesmo na Cruz por nós e pela nossa redenção. Jesus e, seguindo os seus passos, a sua Mãe Dolorosa e os santos são as testemunhas que nos ensinam a viver o drama do sofrimento para o nosso bem e a salvação do mundo.

Estas testemunhas falam-nos, antes de mais nada, da dignidade de cada vida humana, criada à imagem de Deus. Nenhuma aflição é capaz de apagar esta efígie divina gravada no mais fundo do homem. E não só: desde que o Filho de Deus quis abraçar livremente a dor e a morte, a imagem de Deus é-nos oferecida também no rosto de quem padece. Esta predilecção especial do Senhor por quem sofre leva-nos a contemplar o outro com olhos puros, para lhe dar, além das coisas exteriores que precisa, aquele olhar de amor que necessita. Mas isso, só é possível realizá-lo como fruto de um encontro pessoal com Cristo. Bem conscientes disto sois vós, religiosos, familiares, profissionais da saúde e voluntários que viveis e trabalhais diariamente com estes jovens. A vossa vida e dedicação proclamam a grandeza a que é chamado o homem: compadecer-se e acompanhar quem sofre, como o fez o próprio Deus. E, no vosso maravilhoso trabalho, ressoam também estas palavras evangélicas: «Sempre que fizestes isto a um destes meus irmãos mais pequeninos, a Mim mesmo o fizestes» (
Mt 25,40).

Por outro lado, vós sois também testemunhas do bem imenso que constitui a vida destes jovens para quem está ao seu lado e para a humanidade inteira. De maneira misteriosa mas muito real, a sua presença suscita em nossos corações, frequentemente endurecidos, uma ternura que nos abre à salvação. Sem dúvida, a vida destes jovens muda o coração dos homens e, por isso, damos graças ao Senhor por tê-los conhecido.

Queridos amigos, a nossa sociedade – onde demasiadas vezes se põe em dúvida a dignidade inestimável da vida, de cada vida – precisa de vós: vós contribuís decididamente para edificar a civilização do amor. Mais ainda, sois protagonistas desta civilização. E, como filhos da Igreja, ofereceis ao Senhor as vossas vidas, com as suas penas e as suas alegrias, colaborando com Ele e entrando, de algum modo, «a fazer parte do tesouro de compaixão de que o género humano necessita» (Spe salvi ).

Com íntimo afecto e por intercessão de São José, de São João de Deus e de São Bento Menni, confio-vos de todo o coração a Deus nosso Senhor: Seja Ele a vossa força e o vosso prémio. Como sinal do seu amor, concedo-vos, a vós e a todos os vossos familiares e amigos, a Bênção Apostólica. Muito obrigado.


VIGÍLIA DE ORAÇÃO COM OS JOVENS - HOMILIA Aeroporto Cuatro Vientos de Madrid Sábado, 20 de Agosto de 2011

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Queridos amigos!

Saúdo-vos a todos, e de modo particular aos jovens que me formularam as perguntas, agradecendo-lhes a sinceridade com que expuseram as suas inquietações, que exprimem de certo modo o anseio de todos vós por alcançar algo de grande na vida, algo que vos dê plenitude e felicidade.

Mas, como pode um jovem ser fiel à fé cristã e continuar a aspirar a grandes ideais na sociedade actual? No evangelho que escutámos, Jesus dá-nos uma resposta a esta importante questão: «Assim como o Pai Me tem amor, assim Eu vos amo a vós. Permanecei no meu amor» (
Jn 15,9).

Sim, queridos amigos, Deus ama-nos. Esta é a grande verdade da nossa vida e que dá sentido a tudo o mais. Não somos fruto do acaso nem da irracionalidade, mas, na origem da nossa existência, há um projecto de amor de Deus. Assim permanecer no seu amor significa viver radicados na fé, porque esta não é a simples aceitação dumas verdades abstractas, mas uma relação íntima com Cristo que nos leva a abrir o nosso coração a este mistério de amor e a viver como pessoas que se sabem amadas por Deus.

Se permanecerdes no amor de Cristo, radicados na fé, encontrareis, mesmo no meio de contrariedades e sofrimentos, a fonte do júbilo e a alegria. A fé não se opõe aos vossos ideais mais altos; pelo contrário, exalta-os e aperfeiçoa-os. Queridos jovens, não vos conformeis com nada menos do que a Verdade e o Amor, não vos conformeis com nada menos do que Cristo.

Precisamente agora, quando a cultura relativista dominante renuncia e menospreza a busca da verdade, que é a aspiração mais alta do espírito humano, devemos propor, com coragem e humildade, o valor universal de Cristo como Salvador de todos os homens e fonte de esperança para a nossa vida. Ele, que tomou sobre si as nossas aflições, conhece bem o mistério do sofrimento humano e mostra a sua presença amorosa em todos aqueles que sofrem. Estes, por sua vez, unidos à paixão de Cristo, participam intimamente da Sua obra de redenção. Além disso, a nossa atenção desinteressada pelos doentes e aos desamparados, sempre será um testemunho humilde e silencioso do rosto compassivo de Deus.

Nesta vigília de oração, convido-vos a pedir a Deus que vos ajude a descobrir a vossa vocação na sociedade e na Igreja e a perseverar nela com alegria e fidelidade. Vale acolher dentro de nós o chamado de Cristo e seguir com coragem e generosidade o caminho que Ele nos proponha.

A muitos, o Senhor chama ao matrimónio, no qual um homem e uma mulher, formando uma só carne (cf. Gn 3,24), se realizam numa profunda vida de comunhão. É um horizonte de vida ao mesmo tempo luminoso e exigente; um projecto de amor verdadeiro, que se renova e consolida cada dia, partilhando alegrias e dificuldades, e que se caracteriza por uma entrega da totalidade da pessoa. Por isso, reconhecer a beleza e bondade do matrimónio significa estar conscientes de que o âmbito adequado à grandeza e dignidade do amor matrimonial só pode ser um âmbito de fidelidade e indissolubilidade e também de abertura ao dom divino da vida.

A outros, diversamente, Cristo chama-os a segui-Lo mais de perto no sacerdócio ou na vida consagrada. Como é belo saber que Jesus vem à tua procura, fixa o seu olhar em ti e, com a sua voz inconfundível, diz também a ti: «Segue-Me» (cf. Mc 2,14).

Queridos jovens, para descobrir e seguir fielmente a forma de vida a que o Senhor chama cada um de vós, é indispensável permanecer no seu amor como amigos. E, como se mantém a amizade se não com o trato frequente, o diálogo, o estar juntos e o partilhar anseios ou penas? Dizia Santa Teresa de Ávila que a oração não é outra coisa senão «tratar de amizade – estando muitas vezes tratando a sós – com Quem sabemos que nos ama» (Livro da Vida, 8).

Convido-vos, pois, a ficardes agora em adoração a Cristo, realmente presente na Eucaristia; a dialogar com Ele, a expor na sua presença as vossas questões e a escutá-Lo. Queridos amigos, rezo por vos com toda a minha alma; suplico-vos que rezeis também por mim. Peçamos-Lhe, ao Senhor, nesta noite que, atraídos pela beleza do seu amor, vivamos sempre fielmente como seus discípulos. Amen.

Queridos amigos! Obrigado pela vossa alegria e pela vossa resistência! A vossa força é mais poderosa que a chuva. Obrigado! O Senhor, com a chuva, mandou-nos muitas bênçãos. Também nisto, sois um exemplo.

Saudação em francês

Queridos jovens francófonos, sede orgulhosos por ter recebido o dom da fé. Será ela a iluminar o vosso caminho em cada instante. Apoiai-vos igualmente sobre a fé dos vossos familiares, sobre a fé da Igreja! Pela fé, estamos fundados em Cristo; encontrai-vos com outros para a aprofundar, participai na Eucaristia, mistério por excelência da fé. Só Cristo pode dar resposta às aspirações que trazeis dentro de vós. Deixai-vos agarrar por Deus, para que a vossa presença na Igreja lhe dê um novo vigor!

Saudação em inglês

Queridos jovens, nestes momentos de silêncio diante do Santíssimo Sacramento, elevemos as nossas mentes e os nossos corações até Jesus Cristo, o Senhor das nossas vidas e do futuro. Que ele derrame sobre nós o Seu Espírito e sobre toda a Igreja para que sejamos um sinal luminoso de liberdade, reconciliação e paz para o mundo inteiro.

Saudação em alemão

Queridos jovens cristãos de língua alemã, no profundo do nosso coração desejamos aquilo que é grande e belo na vida! Não deixeis que os vossos desejos e anelos caiam no esquecimento, mas tornai-os firmes em Jesus Cristo. Ele mesmo é o fundamento que sustenta e o ponto de referência seguro para uma vida plena.

Saudação em italiano

Dirijo-me agora aos jovens de língua italiana. Queridos amigos, esta Vigília ficará como uma experiência inesquecível da vossa vida. Guardai a chama que Deus acendeu em vossos corações nesta noite: fazei com que não se apague, alimentai-a cada dia, partilhai-a com os vossos coetâneos que vivem na escuridão e procuram uma luz para o seu caminho. Obrigado! Até amanhã de manhã!

Saudação em português

Meus queridos amigos, convido cada um e cada uma de vós a estabelecer um diálogo pessoal com Cristo, expondo-Lhe as próprias dúvidas e sobretudo escutando-O. O Senhor está aqui e chama-te! Jovens amigos, vale a pena ouvir dentro de nós a Palavra de Jesus e caminhar seguindo os seus passos. Pedi ao Senhor que vos ajude a descobrir a vossa vocação na vida e na Igreja, e a perseverar nela com alegria e fidelidade, sabendo que Ele nunca vos abandona nem atraiçoa! Ele está connosco até ao fim do mundo

Saudação em polaco

Queridos jovens amigos vindos da Polónia! Esta nossa vigília de oração está permeada pela presença de Cristo. Seguros do seu amor e com a chama da vossa fé, aproximai-vos d’Ele. Encher-vos-á da sua vida. Edificai a vossa vida sobre Cristo e o seu evangelho. De coração, vos abençoo.

* * *

Queridos jovens!

Tivemos uma aventura juntos. Firmes na fé em Cristo, resististes à chuva. Antes de ir embora, quero desejar-vos a todos uma boa noite. Que possais descansar bem. Obrigado pelo sacrifício que estais fazendo e, não duvido, que estais oferecendo generosamente ao Senhor. Vemo-nos amanhã. Agradeço-vos pelo exemplo maravilhoso que destes. Como aconteceu nesta noite, com Cristo podereis sempre enfrentar as provas da vida. Não o esqueçais! Obrigado a todos!



ENCONTRO COM OS VOLUNTÁRIOS DA 26ª JMJ Pavilhão 9 da nova Feira de Madri-IFEMA Domingo, 21 de Agosto de 2011

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Queridos Voluntários!

Concluídas as actividades desta inesquecível Jornada Mundial da Juventude, quis deter-me aqui, antes de regressar a Roma, para vos agradecer vivamente pelo vosso inestimável serviço. É um dever de justiça e uma necessidade do coração. Um dever de justiça, porque, graças à vossa colaboração, os jovens peregrinos puderam encontra um amável acolhimento e uma ajuda para todas as suas necessidades. Com o vosso serviço, conferistes à Jornada Mundial a fisionomia da amabilidade, da simpatia e da dedicação aos outros.

Mas o meu agradecimento é também uma necessidade do coração, porque estivestes atentos não só aos peregrinos mas também ao Papa, a mim. Em todos os momentos em que participei, lá vos encontrei: uns visivelmente e outros em segundo plano, possibilitando a ordem que se requeria para tudo correr pelo melhor. E também não posso esquecer o esforço da preparação destes dias. Quantos sacrifícios, quanta solicitude! Todos vós, cada um como sabia e podia, pouco a pouco fostes tecendo com o vosso trabalho e oração a maravilhosa tela multicolor desta Jornada. Muito obrigado pela vossa dedicação. Agradeço-vos este profundo sinal de amor.

Muitos de vós tiveram de renunciar à participação directa nos actos celebrativos, ocupados como estáveis com outras tarefas da sua organização. Mas esta renúncia constituiu uma forma bela e evangélica de participar na Jornada: a da entrega aos outros, de que fala Jesus. De certo modo, tornastes realidade estas palavras do Senhor; «Se alguém quiser ser o primeiro, há-de ser o último de todos e o servo de todos» (
Mc 9,35). Tenho a certeza de que esta experiência como voluntário vos enriqueceu a todos na vossa vida cristã, que é fundamentalmente um serviço de amor. O Senhor transformará a vossa fadiga acumulada, as preocupações e a pressão de muitos momentos, em frutos de virtudes cristãs: paciência, mansidão, alegria de se dar aos outros, disponibilidade para cumprir a vontade de Deus. Amar é servir, e o serviço aumenta o amor. Penso que este seja um dos frutos mais belos da vossa contribuição para a Jornada Mundial da Juventude. Mas esta colheita não beneficia apenas a vós, mas à Igreja inteira que, com mistério de comunhão, se enriquece com o contributo de cada um dos seus membros.

Agora, ao voltardes para a vossa vida de todos os dias, animo-vos a guardardes no vosso coração esta experiência feliz e a crescerdes cada vez mais na entrega de vós mesmos a Deus e aos homens. É possível que, em tantos de vós, se tenha levantado, débil ou poderosamente, esta pergunta muito simples: O que Deus quer de mim? Qual é o desígnio de Deus para a minha vida? Não poderia eu gastar a minha vida inteira na missão de anunciar ao mundo a grandeza do seu amor através do sacerdócio, da vida consagrada ou do matrimónio? Se vos veio esta inquietação, deixai-vos conduzir pelo Senhor e oferecei-vos como voluntário ao serviço d’Aquele que «não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate por todos» (Mc 10,45). E a vossa vida alcançará uma plenitude que nem suspeitais. Talvez alguém esteja a pensar: O Papa veio para nos agradecer, e deixa-nos com um pedido! Sim, é mesmo assim! Esta é a missão do Papa, Sucessor de Pedro. Não esqueçais que Pedro, na sua primeira carta, recorda aos cristãos o preço com que forma resgatados: o do sangue de Cristo (cf. 1P 1,18-19). Quem avalia a sua vida a partir desta perspectiva sabe que ao amor de Cristo só se pode responder com amor; e é isto mesmo que vos pede o Papa agora na despedida: que respondais com amor a Quem por amor Se entregou por vós. De novo obrigado, e que Deus sempre vos acompanhe!



CERIMÓNIA DE DESPEDIDA Aeroporto Internacional de Barajas de Madrid Domingo, 21 de Agosto de 2011

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Majestades,
Distintas Autoridade Nacionais, Autonómicas e Locais,
Senhor Cardeal Arcebispo de Madrid e Presidente da Conferência Episcopal Espanhola,
Senhores Cardeais e Irmãos no Episcopado,
Meus Amigos:

Chegou o momento de nos despedirmos. Estes dias, que passei em Madrid com uma representação tão numerosa de jovens da Espanha e do mundo inteiro, ficarão profundamente gravados na minha memória e no meu coração.

Majestade, o Papa sentiu-se muito bem na Espanha. Também os jovens, protagonistas desta Jornada Mundial da Juventude, foram muito bem acolhidos aqui e em tantas cidades e localidades espanholas, que puderam visitar nos dias anteriores da referida Jornada.

Obrigado a Vossa Majestade pelas suas cordiais palavras e por ter querido acompanhar-me tanto na recepção como agora ao despedir-me. Obrigado às Autoridades nacionais, autonómicas e locais, que manifestaram com a sua cooperação uma fina sensibilidade por este acontecimento internacional. Obrigado aos milhares de voluntários que tornaram possível o bom andamento de todas as actividades deste encontro: os diversos momentos literários, musicais, culturais e religiosos do «Festival Jovem», as catequeses dos Bispos e os actos centrais celebrados com o Sucessor de Pedro. Obrigado às Forças de Segurança e da Ordem, bem como a quantos colaboraram prestando os mais variados serviços: desde o cuidado da música e da liturgia, até ao transporte, aos cuidados sanitários e ao abastecimento.

A Espanha é uma grande nação, que, numa convivência salutarmente aberta, plural e respeitadora, sabe e pode progredir sem renunciar à sua alma profundamente religiosa e católica. Manifestou-o uma vez mais nestes dias, ao aplicar a sua capacidade técnica e humana num empreendimento de tanta importância e futuro, como é este que facilita à juventude mergulhar as suas raízes em Jesus Cristo, o Salvador.

Uma palavra de particular gratidão é devida aos organizadores da Jornada: ao Cardeal Presidente do Pontifício Conselho para os Leigos e a todo o pessoal desse Dicastério; ao Cardeal Arcebispo de Madrid, António Maria Rouco Varela, juntamente com os seus Bispos Auxiliares e toda a arquidiocese; nomeadamente ao Coordenador Geral da Jornada, Monsenhor César Augusto Franco Martínez e aos seus colaboradores, tantos e tão generosos. Os Bispos trabalharam com solicitude e abnegação nas suas dioceses para uma perfeita preparação da Jornada, juntamente com os sacerdotes, pessoas consagradas e fiéis leigos. Para todos vai o meu reconhecimento, juntamente com a minha súplica ao Senhor para que abençoe os seus trabalhos apostólicos.

E não poso deixar de agradecer com todo o coração aos jovens por terem vindo a esta Jornada, pela sua participação alegre, entusiasta e vigorosa. Digo-lhes: obrigado e parabéns pelo testemunho que destes em Madrid e no resto das cidades espanholas onde estivestes. Convido-vos agora a difundir por todos os cantos do mundo a feliz e profunda experiência de fé que vivestes neste nobre País. Transmiti a vossa alegria especialmente a quantos quiseram vir e pelas mais diversas circunstâncias não o puderam fazer, a tantos que rezaram por vós e a quantos a própria celebração da Jornada tocou o coração. Com a vossa solidariedade e testemunho, ajudai os vossos amigos e companheiros a descobrirem que amar Cristo é viver em plenitude.

Deixo a Espanha feliz e agradecido a todos, mas sobretudo a Deus, Nosso Senhor, que me permitiu celebrar esta Jornada repleta de graça e emoção, carregada de dinamismo e esperança. Sim, a festa da fé que compartilhamos permite-nos olhar em frente com muita confiança na Providência, que guia a Igreja pelos mares da história; por isso permanece jovem e cheia de vitalidade, mesmo enfrentando árduas situações. Isto é obra do Espírito Santo, que torna presente Jesus Cristo nos corações de jovens de cada época e, deste modo, lhe mostra a grandeza da vocação divina de todo o ser humano. Pudemos comprovar também como a graça de Cristo derruba os muros e franqueia as fronteiras que o pecado levanta entre os povos e as gerações, para fazer de todos os homens uma só família que se reconhece unida no único Pai comum, e que cultiva com o seu trabalho e respeito tudo o que Ele nos deu na criação.

Os jovens respondem com prontidão quando se lhes propõe, com sinceridade e verdade, o encontro com Jesus Cristo, único Redentor da humanidade. Agora regressam às suas casas como missionários do Evangelho, «enraizados e edificados em Cristo, firmes na fé» e terão necessidade de ajuda no seu caminho. Por isso confio, de modo particular aos Bispos, sacerdotes, religiosos e educadores cristãos, o cuidado da juventude que deseja responder com entusiasmo ao chamado do Senhor. Não há que desanimar com as contrariedades que, de diversos modos, se apresentam nalguns países. Mais forte do que todas elas é o anseio de Deus, que o Criador colocou no coração dos jovens, e o poder do Alto, que concede fortaleza divina aos que seguem o Mestre e a quantos buscam n’Ele alimento para a vida. Não tenhais medo de apresentar aos jovens a mensagem de Jesus Cristo em toda a sua integridade e convidá-los para os sacramentos, pelos quais nos torna participantes da sua própria vida.

Majestade, antes de regressar a Roma, quero assegurar aos espanhóis de que os tenho muito presente na minha oração, rezando especialmente pelos esposos e as famílias que afrontam dificuldades de diversa natureza, pelos necessitados e enfermos, pelos avós e as crianças, e também por aqueles que não encontram trabalho. Rezo igualmente pelos jovens da Espanha. Estou convencido que, animados pela fé em Cristo, darão o melhor de si mesmos, para que este grande País enfrente os desafios da hora actual, e continue avançando pelos caminhos da concórdia, da solidariedade, da justiça e da liberdade. Com estes desejos, confio a todos os filhos desta terra nobre à intercessão da Virgem Maria, nossa Mãe do Céu, e de coração os abençoo com afecto. Que a alegria do Senhor inunde sempre os vossos corações. Muito obrigado!



SAUDAÇÃO NO INÍCIO DA MISSA CELEBRADA COM SEUS EX-ALUNOS NA CONCLUSÃO DO "RATZINGER SCHÜLERKREIS" Capela do Centro Mariápolis, 28 de Agosto de 2011

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Castel Gandolfo, 28 de Agosto de 2011




Amados irmãos e irmãs!

Hoje respondemos à primeira leitura, tirada do profeta Jeremias, com o Salmo 62: a minha alma tem sede de ti, do Deus vivo; como terra deserta, árida, espera por ti, o Deus vivo.

Neste tempo de ausência de Deus, quando a terra das almas é árida e o povo ainda não sabe de onde provém a água viva, peçamos ao Senhor que se mostre. Queremos pedir-lhe que, a quantos procuram a água viva noutras partes, mostre que essa água é Ele mesmo, e que Ele não permita que a vida dos homens, a sua sede daquilo que é grande, da plenitude, afogue e sufoque no transitório.

Desejamos perdir-Lhe, sobretudo pelos jovens, que a sede d’Ele se torne viva neles e que reconheçam onde se encontra a resposta.

E nós, que O conseguimos conhecer desde a nossa juventude, podemos pedir perdão, porque levamos tão pouco a luz do seu rosto aos homens, transparece tão pouco em nós a certeza de que «Ele é, Ele está presente e Ele é a realidade grande, plena, que todos esperamos». Queremos pedir-Lhe que nos perdoe, que nos renove com a água viva do seu Espírito e nos conceda celebrar dignamente os sagrados Mistérios.




SAUDAÇÃO NO FINAL DO CONCERTO QUE LHE FOI OFERECIDO PELO CARDEAL DOMENICO BARTOLUCCI, 31 de Agosto de 2011

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Pátio do Palácio Pontifício de Castel Gandolfo
Quarta-feira, 31 de Agosto de 2011



Senhores Cardeais
Venerados Irmãos no Episcopado e no Sacerdócio
Prezados Amigos

Esta tarde mergulhamos na música sacra, aquela música que, de modo totalmente particular, nasce da fé e é capaz de manifestar e transmitir a fé. Então, obrigado aos maravilhosos executores: aos dois Sopranos, ao Barítono, ao Maestro Baiocchi, ao «Rossini Chamber Choir» de Pesaro e à Orquesta Filarmónica das Marcas, assim como aos organizadores e às Autoridades que tornaram possível este acontecimento. No meio das actividades quotidianas, oferecestes-nos um momento de meditação e de oração, levando-nos a intuir as harmonias do Céu. Dirijo um agradecimento afectuoso e especial ao autor das peças que ouvimos, o Maestro Cardeal Domenico Bartolucci. Obrigado, Eminência, por me ter oferecido este concerto e por ter composto, para esta ocasião, a peça Benedictus a mim dedicada como prece e acção de graças ao Senhor pelo meu Ministério.

O Maestro Cardeal Bartolucci não tem necessidade de apresentações. Eu só gostaria de mencionar três aspectos da sua vida, que o caracterizam de maneira evidente — para além do seu orgulhoso espírito florentino — ou seja: a fé, o sacerdócio e a música.

Estimado Cardeal Bartolucci, a fé constitui a luz que sempre orientou e guiou a sua vida, que abriu o seu coração para responder com generosidade ao chamamento do Senhor; e foi a partir dela que brotou também o seu modo de compor. Sem dúvida, o Senhor Cardeal recebeu uma sólida formação musical na Catedral florentina, no Conservatório de Florença e no Pontifício Instituto de Música Sacra, com grandes didatas, entre os quais Vito Frazzi, Raffaele Casimiri e Ildebrando Pizzetti. Todavia, a música é para o Senhor Cardeal uma linguagem privilegiada para transmitir a fé da Igreja e para ajudar no caminho de fé quantos ouvem as suas obras; também através da música Vossa Eminência exerceu o seu ministério sacerdotal. O seu modo de compor insere-se no sulco dos grandes autores de música sacra, em particular da Capela Sistina, da qual foi Director durante muitos anos: a valorização do precioso tesouro que é o canto gregoriano e o uso sábio da polifonia, fiel à tradição mas aberto inclusive a novas sonoridades.

Estimado Maestro, esta tarde, com a sua música, fez-nos dirigir o espírito para Maria com a oração mais querida à tradição cristã, mas fez-nos também remontar ao início do nosso caminho de fé, à liturgia do Baptismo, ao momento em que nos tornamos cristãos: um convite a dessedentar-nos sempre na única água que sacia a sede, o Deus vivo, e a comprometer-nos todos os dias a rejeitar o mal e a renovar a nossa fé, reconfirmando: «Creio»!

«Christus circumdedit me», Cristo envolveu-me e envolve-me: este motete resume a sua vida, o seu ministério e a sua música, prezado Senhor Cardeal. Então, renovo o meu agradecimento a Vossa Eminência, aos dois Sopranos, ao Barítono, ao Director e aos conjuntos corais e orquestrais e, de bom grado, concedo-vos a Bênção Apostólica. Obrigado!



AOS BISPOS DA CONFERÊNCIA EPISCOPAL DA ÍNDIA POR OCASIÃO DA VISITA «AD LIMINA APOSTOLORUM», 8 de Setembro de 2011

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Sala do Consistório, Palácio Pontifício de Castel Gandolfo
Quinta-feira, 8 de Setembro de 2011



Eminência
Dilectos Irmãos Bispos

Dou-vos calorosas e fraternas boas-vindas, por ocasião da vossa visita ad limina Apostolorum, mais uma oportunidade para aprofundar a comunhão que já existe entre a Igreja na Índia e a Sé de Pedro, e uma ocasião para regozijar na universalidade da Igreja. Desejo agradecer ao Cardeal Oswald Gracias as suas amáveis palavras proferidas em vosso nome e no nome de quantos foram confiados aos vossos cuidados pastorais. Transmito as minhas cordiais saudações também aos sacerdotes, aos religiosos, às religiosas e aos leigos aos quais presidis. Peço-vos que lhes assegureis as minhas orações e a minha solicitude.

A Igreja na Índia é abençoada com um grande número de instituições, que tencionam ser expressão do amor de Deus pela humanidade, através da caridade e do exemplo do clero, dos religiosos, das religiosas e dos fiéis leigos que as administram. Mediante as suas paróquias, escolas e orfanatos, assim como através dos seus hospitais, clínicas e dispensários, a Igreja oferece uma contribuição inestimável para o bem-estar não apenas dos católicos, mas também da sociedade em geral. Entre tais instituições na vossa região, ocupam um lugar especial as escolas, que constituem um testemunho predominante do vosso compromisso no campo da educação e formação dos vossos amados jovens. Os esforços levados a cabo por parte de toda a comunidade cristã, em vista de preparar os jovens cidadãos do vosso nobre país para edificar uma sociedade mais justa e próspera, é desde há muito tempo uma característica da Igreja nas vossas Dioceses e na Índia inteira. Enquanto ajudam a amadurecer as faculdades espirituais, intelectuais e morais dos seus estudantes, as escolas católicas deveriam continuar a desenvolver a sua capacidade de juízo sadio e introduzi-los na herança que já lhes foi transmitida pelas gerações precedentes e, assim, fomentar um sentido dos valores e preparar os seus alunos para uma vida feliz e produtiva (cf. Gravissimum educationis
GE 5). Encorajo-vos a continuar a prestar grande atenção à qualidade da instrução nas escolas presentes nas vossas Dioceses, assegurando que elas sejam genuinamente católicas e, por conseguinte, capazes de transmitir aquelas verdades e aqueles valores necessários para a salvação das almas e para a edificação da sociedade.

Naturalmente, as escolas católicas não são os únicos instrumentos mediante os quais a Igreja procura instruir e edificar o seu povo na verdade intelectual e moral. Como bem sabeis, todas as obras da Igreja têm em vista prestar glória a Deus e imbuir o seu povo com a verdade que a todos liberta (cf. Jn 8,32). Esta verdade salvífica, no fulcro do depósito da fé, deve permanecer o fundamento de todos os esforços envidados pela Igreja, e propostos aos outros sempre com respeito, mas também sem ceder a compromissos. A capacidade de apresentar a verdade com docilidade mas ao mesmo tempo com firmeza, constitui um dom a ser alimentado especialmente entre aqueles que ensinam nas instituições católicas de ensino superior e entre quantos são responsáveis por tarefas eclesiais de educação dos seminaristas, dos religiosos e dos fiéis leigos, tanto na teologia, como nos estudos catequéticos e na espiritualidade cristã. Quantos ensinam em nome da Igreja têm a especial obrigação de transmitir fielmente as riquezas da tradição, em conformidade com o Magistério e de maneira a corresponder às necessidades contemporâneas, uma vez que os estudantes têm o direito de receber a plenitude da herança intelectual e espiritual da Igreja. Dado que receberam os benefícios de uma formação sólida e que se dedicam à caridade na verdade, os clérigos, os religiosos e os líderes leigos da comunidade cristã serão mais capazes de contribuir para o crescimento da Igreja e o progresso da sociedade indiana. Assim, os diversos membros da Igreja darão testemunho do amor de Deus por toda a humanidade, entrando em contacto com o mundo, oferecendo um sólido testemunho cristão na amizade, no respeito e no amor, e procurando não condenar o mundo, mas oferecer-lhe a dádiva da salvação (cf. Jn 3,17). Encorajai quantos estão comprometidos no campo da educação, quer sejam sacerdotes, religiosos ou leigos, a aprofundar a sua fé em Jesus Cristo, crucificado e ressuscitado dos mortos. Tornai-os capazes de se comunicar com o seu próximo a fim de que, através da sua palavra e do seu exemplo, ele possa proclamar mais eficazmente Cristo como Caminho, Verdade e Vida (cf. Jn 14,6).

Um papel significativo de testemunha de Jesus Cristo é desempenhado no vosso país pelos religiosos e pelas religiosas, que são frequentemente heróis não celebrados da vitalidade da Igreja local. No entanto, acima e para além das suas labutas apostólicas, os religiosos e a vida que eles levam constituem um manancial de fecundidade espiritual para toda a comunidade cristã. Quando se abrem à graça de Deus, os religiosos e as religiosas estimulam os outros a responder com confiança, humildade e alegria ao convite do Senhor a segui-lo.

A este propósito, meus Irmãos Bispos, sei que estais conscientes dos numerosos factores que inibem o crescimento espiritual e vocacional, particularmente entre os jovens. No entanto, sabemos que somente Jesus corresponde às nossas mais profundas aspirações e dá um verdadeiro significado à nossa vida. Só nele os nossos corações podem verdadeiramente encontrar descanso. Por conseguinte, continuai a falar aos jovens e a encorajá-los a considerar seriamente a vida consagrada ou sacerdotal; falai com os pais a respeito do seu papel indispensável no encorajamento e no incentivo de tais vocações; e conduzi o vosso povo em oração rumo ao Senhor da messe, a fim de que Ele envie muitos outros trabalhadores para a sua messe (cf. Mt 9,38).

Amados Irmãos Bispos, é com estes pensamentos que vos renovo os meus sentimentos de afecto e estima. Confio todos vós à intercessão de Maria, Mãe da Igreja. Enquanto vos asseguro as minhas preces, por vós e por quantos estão confiados aos vossos cuidados pastorais, é-me grato conceder-vos a Bênção apostólica, como um penhor de graça e de paz no Senhor.




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