Discursos Bento XVI 19211

ENCONTRO COM OS SACERDOTES, OS SEMINARISTAS, OS RELIGIOSOS, AS RELIGIOSAS E FIÉIS LEIGOS Sábado, 19 de Novembro de 2011

19211
Pátio do Seminário S. Gall - Ouidah



Venerados Cardeais,
Prezado D. N’Koué, responsável pela formação sacerdotal,
Amados irmãos no episcopado e no sacerdócio,
Caríssimos religiosos e religiosas,
Queridos seminaristas,
Amados fiéis leigos!

Obrigado, D. N’Koué, pelas suas significativas palavras; obrigado, queridos seminaristas, pelas vossas, tão acolhedoras e deferentes. É para mim uma grande alegria encontrar-me no meio de vós aqui, em Ouidah, e mais concretamente neste Seminário posto sob a protecção de Santa Joana d’Arc e dedicado a São Galo, homem de virtudes esplêndidas, monge desejoso de perfeição e pastor cheio de bondade e humildade. Que há de mais nobre para servir de modelo que a sua figura, ou então a de D. Louis Parisot, apóstolo incansável dos pobres e impulsionador do clero local, a do Padre Thomas Moulero, primeiro sacerdote do antigo Daomé, e a do Cardeal Bernardin Gantin, filho ilustre da vossa terra e humilde servidor da Igreja?

Aproveito a ocasião do nosso encontro desta manhã para vos exprimir directamente a minha gratidão pelo vosso serviço pastoral. Dou graças a Deus pelo vosso zelo, não obstante as condições difíceis em que por vezes sois chamados a dar testemunho do seu amor. Dou-Lhe graças por tantos homens e mulheres que anunciaram o Evangelho na terra do Benim e na África inteira.

Em breve, assinarei a Exortação Apostólica pós-sinodal Africae munus, que trata de paz, justiça e reconciliação. Estes três valores impõem-se como um ideal evangélico fundamental na vida baptismal e exigem uma sã aceitação da vossa identidade de sacerdotes, de pessoas consagradas e de fiéis leigos.

Amados sacerdotes, a responsabilidade de promover a paz, a justiça e a reconciliação diz-vos respeito de modo muito particular. De facto, em virtude da Ordem Sacra recebida e dos Sacramentos celebrados, sois chamados a ser homens de comunhão. Tal como o cristal não retém a luz, mas reflecte-a dando-a novamente, assim também o sacerdote deve deixar transparecer aquilo que celebra e aquilo que recebe. Por isso, animo-vos a deixar transparecer Cristo na vossa vida, graças a uma autêntica comunhão com o Bispo, a uma bondade real com os vossos irmãos no sacerdócio, a uma profunda solicitude por cada baptizado e a uma grande atenção a toda a pessoa. Deixando-vos modelar por Cristo, nunca substituireis a beleza do vosso ser sacerdotal com realidades efémeras e por vezes nefastas que a mentalidade contemporânea tenta impor a todas as culturas. Exorto-vos, amados sacerdotes, a não subestimar a grandeza insondável da graça divina em vós depositada e que vos torna capazes de viver ao serviço da paz, da justiça e da reconciliação.

Caríssimos religiosos e religiosas, de vida activa ou contemplativa, a vida consagrada é um seguimento radical de Jesus. Que a vossa escolha incondicional de Cristo vos conduza a um amor sem fronteiras pelo próximo! A pobreza e a castidade tornam-vos verdadeiramente livres, para obedecer incondicionalmente ao único Amor que, quando vos conquista, impele-vos a espalhá-lo por todo o lado. Pobreza, obediência e castidade aprofundam em vós a sede de Deus e a fome da sua Palavra, que, crescendo, transformam-se em fome e sede de servir o próximo necessitado de justiça, paz e reconciliação. Fielmente vividos, os conselhos evangélicos transformam-vos em irmãos universais e em irmãs de todos e ajudam-vos a avançar com determinação pelo caminho da santidade. E lá chegareis, se, convictos de que para vós viver é Cristo (cf. Flp
Ph 1,21), fizerdes das vossas comunidades reflexos da glória de Deus e lugares onde a única dívida que se tem para com o outro é a do amor recíproco (cf. Rm 13,8). Através dos vossos carismas específicos, vividos com espírito de abertura à catolicidade da Igreja, podereis contribuir para uma expressão harmoniosa da imensidade dos dons divinos ao serviço de toda a humanidade.

Dirigindo-me agora a vós, queridos seminaristas, encorajo-vos a entrar na escola de Cristo, para adquirirdes as virtudes que vos ajudarão a viver o sacerdócio ministerial como o lugar da vossa santificação. Sem a lógica da santidade, o ministério não passa duma simples função social. A qualidade da vossa vida futura depende da qualidade da vossa relação pessoal com Deus em Jesus Cristo, dos vossos sacrifícios, da feliz integração das exigências da vossa formação actual. Diante dos desafios da existência humana, o sacerdote de hoje e de sempre – se quiser ser uma testemunha credível ao serviço da paz, da justiça e da reconciliação – deve ser um homem humilde e equilibrado, sábio e magnânimo. Com a minha experiência de 60 anos de vida sacerdotal, posso confiar-vos, queridos seminaristas, que nunca vos arrependereis dos tesouros intelectuais, espirituais e pastorais que tiverdes acumulado durante a vossa formação.

Quanto a vós, amados fiéis leigos, que sois chamados a ser o sal da terra e a luz do mundo no coração das realidades diárias da vida, exorto a renovardes, também vós, o vosso compromisso pela justiça, a paz e a reconciliação. Esta missão exige, em primeiro lugar, fé na família construída segundo o desígnio de Deus e fidelidade à própria essência do matrimónio cristão. Exige também que as vossas famílias se assemelhem a verdadeiras «igrejas domésticas». Graças à força da oração, «transforma-se e melhora gradualmente a vida pessoal e familiar, enriquece-se o diálogo, transmite-se a fé aos filhos, aumenta o gosto de estar juntos, e o lar doméstico une-se e consolida-se mais» (Mensagem para o Encontro Mundial das Famílias no México, 17 de Janeiro de 2009, n. 3). Fazendo reinar nas vossas famílias o amor e o perdão, contribuireis para a edificação duma Igreja bela e forte e para a instauração de maior justiça e paz na sociedade inteira. Neste sentido, encorajo-vos, queridos pais, a ter um profundo respeito pela vida e a testemunhar diante dos vossos filhos os valores humanos e espirituais. Apraz-me recordar aqui que, há 10 anos, o Papa João Paulo II fundou, em Cotonou, uma Secção para a África francófona integrada no Instituto que tem o seu nome, a fim de contribuir para a reflexão teológica e pastoral sobre o matrimónio e a família. Por fim, exorto especialmente os catequistas – esses valorosos missionários no coração das realidades mais humildes – a oferecerem, sempre com inabalável esperança e determinação, a sua ajuda peculiar e absolutamente necessária para a expansão da fé na fidelidade à doutrina da Igreja (cf. Conc. Ecum. Vat. II, Dec. Ad gentes AGD 17).

Ao concluir este meu encontro convosco, queria exortar-vos a todos a uma fé autêntica e viva, fundamento indefectível duma vida cristã santa e ao serviço da edificação de um mundo novo. O amor ao Deus revelado e sua Palavra, aos Sacramentos e à Igreja é um antídoto eficaz contra os sincretismos que transviam. Um tal amor favorece uma correcta integração dos valores autênticos das culturas na fé cristã; liberta do ocultismo e vence os espíritos maléficos, porque é movido pela própria força da Santíssima Trindade. Vivido profundamente, este amor é também um fermento de comunhão que quebra todas as barreiras, favorecendo assim a edificação duma Igreja onde não haja divisão entre os baptizados, porque todos são um só em Cristo Jesus (cf. Ga 3,28). Com grande confiança, conto com cada um de vós – sacerdotes, religiosos e religiosas, seminaristas e fiéis leigos – para fazer viver uma Igreja assim. Em penhor da minha proximidade espiritual e paterna e confiando-vos à Virgem Maria, invoco sobre todos vós, sobre as vossas famílias, sobre os jovens e os doentes, a abundância das bênçãos divinas.

(em língua fon) AKLUN? NI K?N F?NU T?N L? DO MI JI[O Senhor vos cumule com as suas graças]!





VISITA À BASÍLICA DA IMACULADA CONCEIÇÃO DE MARIA DE OUIDAH E ASSINATURA DA EXORTAÇÃO APOSTÓLICA PÓS-SINODAL

19321
Ouidah

Sábado, 19 de Novembro de 2011




[Venerados Cardeais,
Amados Irmãos no episcopado e no sacerdócio,
Queridos Irmãos e Irmãs!

Agradeço cordialmente ao Secretário Geral do Sínodo dos Bispos, D. Nikola Eterovic, pelas suas palavras de boas-vindas e de introdução a este acto, bem como a todos os membros do Conselho Especial para a África que contribuíram para recolher os resultados da Assembleia Sinodal tendo em vista a sua publicação na Exortação Apostólica pós-sinodal.

Hoje, com a assinatura da Exortação Africae munus, conclui-se a celebração do evento sinodal. O Sínodo deu um impulso à Igreja Católica na África que rezou, reflectiu e debateu sobre o tema da reconciliação, da justiça e da paz. Este processo ficou marcado por uma especial proximidade entre o Sucessor de Pedro e as Igrejas particulares na África. Bispos, mas também peritos, auditores, convidados especiais e delegados fraternos deslocaram-se a Roma para celebrar este importante acontecimento eclesial. Eu mesmo fui a Yaoundé para dar o Instrumentum laboris da Assembleia sinodal aos Presidentes das Conferências Episcopais, como sinal do meu interesse e da minha solicitude por todos os povos do continente africano e das ilhas vizinhas. E agora tenho a alegria de voltar à África, mais concretamente ao Benim, para entregar este Documento final dos trabalhos, no qual se recolhem as reflexões dos Padres sinodais apresentadas numa visão sintética como parte duma ampla visão pastoral.]

[A segunda Assembleia Especial para a África do Sínodo dos Bispos beneficiou da Exortação apostólica pós-sinodal Ecclesia in Africa, do Beato João Paulo II, na qual aparece fortemente sublinhada a urgência da evangelização do continente, que não se pode dissociar da promoção humana. Além disso, desenvolveu-se nela o conceito de Igreja-família de Deus. Este conceito produziu muitos frutos espirituais para a Igreja Católica e para a actividade de evangelização e de promoção humana que ela realizou a bem da sociedade africana no seu conjunto. De facto, a Igreja é chamada a reconhecer-se cada vez mais como uma família. Para os cristãos, trata-se da comunidade dos crentes que louva a Deus Uno e Trino, celebra os grandes mistérios da nossa fé e anima com a caridade as relações entre as pessoas, os grupos e as nações, independentemente das respectivas diferenças étnicas, culturais e religiosas. Neste serviço prestado a cada pessoa, a Igreja está aberta à colaboração com todas as componentes da sociedade, particularmente com os representantes das Igrejas e Comunidades eclesiais que ainda não estão em plena comunhão com a Igreja Católica, e também com os representantes das religiões não cristãs, sobretudo os das Religiões Tradicionais e do Islão.

Tendo presente este horizonte eclesial, a segunda Assembleia Especial para a África concentrou-se sobre o tema da reconciliação, da justiça e da paz. Trata-se de pontos importantes para o mundo em geral, mas revestem-se duma actualidade muito particular na África. Basta recordar as tensões, as violências, as guerras, as injustiças, os abusos de toda a espécie, velhos e novos, que caracterizaram este ano. O tema principal dizia respeito à reconciliação com Deus e com o próximo. Uma Igreja internamente reconciliada entre todos os seus membros poderá tornar-se sinal profético de reconciliação a nível da sociedade, de cada país e do continente inteiro. São Paulo escreve: «Tudo isto vem de Deus, que nos reconciliou consigo por meio de Cristo e nos confiou o ministério da reconciliação» (
2Co 5,18). O fundamento desta reconciliação encontra-se na própria natureza da Igreja, que, «em Cristo, é como que o sacramento, ou sinal, e o instrumento da íntima união com Deus e da unidade de todo o género humano» (Conc. Ecum. Vat. II, Const. Lumen gentium LG 1). Sobre esta base, a Igreja na África é chamada a promover a paz e a justiça. A Porta do Não-Regresso e a do Perdão recordam-nos este dever, incitando-nos a denunciar e combater toda a forma de escravatura.]

É preciso não cessar jamais de procurar os caminhos da paz. Esta é um dos bens mais preciosos. Para alcançá-la, é necessário ter a coragem da reconciliação que nasce do perdão, da vontade de recomeçar a vida comunitária, da visão solidária do futuro, da perseverança para superar as dificuldades. Os homens, reconciliados e em paz com Deus e o próximo, podem trabalhar por uma justiça maior no seio da sociedade. É preciso não esquecer que a justiça primeira é, segundo o Evangelho, cumprir a vontade de Deus. Desta opção de base, derivam inúmeras iniciativas que visam promover a justiça na África e o bem de todos os habitantes do continente, principalmente dos mais carenciados que precisam de emprego, escolas e hospitais.

África, terra de um Novo Pentecostes, tem confiança em Deus! Animada pelo Espírito de Jesus Cristo ressuscitado, torna-te a grande família de Deus, generosa com todos os teus filhos e filhas, agentes de reconciliação, de paz e de justiça. África, Boa Nova para a Igreja, torna-te isto mesmo para o mundo inteiro! Obrigado!



ENCONTRO COM AS CRIANÇAS Paróquia de S. Rita - Cotonou Sábado, 19 de Novembro de 2011

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Queridas crianças

Agradeço a D. René-Marie Ehuzu, Bispo de Porto Novo e Responsável pela Pastoral Social da Conferência Episcopal do Benim, pelas suas palavras de boas-vindas. Digo obrigado também ao Reverendo Pároco e a Aïcha pelo que me disseram em nome de todos vós. Depois deste belo momento de adoração, é com grande alegria que vos saúdo. Obrigado por terdes vindo tantos!

Deus, nosso Pai, reuniu-nos ao redor do seu Filho e nosso Irmão, Jesus Cristo, presente na Hóstia consagrada durante a Missa. É um grande mistério diante do qual se adora e crê. Jesus, que tanto nos ama, está verdadeiramente presente nos sacrários de todas as igrejas do mundo, nos sacrários das igrejas dos vossos bairros e das vossas paróquias. Convido-vos a visitá-Lo muitas vezes, para Lhe exprimirdes o vosso amor.

Alguns de vós já fizeram a Primeira Comunhão; outros estão a preparar-se. O dia da minha Primeira Comunhão foi um dos mais belos da minha vida. Porventura não se passou o mesmo convosco? E porquê? Não foi tanto por causa das roupas lindas, nem dos presentes, nem sequer da refeição de festa; mas sobretudo porque, naquele dia, recebemos pela primeira vez Jesus Cristo. Quando recebo a comunhão, Jesus vem habitar em mim; devo acolhê-Lo com amor e escutá-Lo com atenção. No íntimo do meu coração, posso dizer-Lhe por exemplo: «Jesus, eu sei que me amais. Dai-me o vosso amor para que eu Vos ame e ame os outros com o vosso amor. Confio-Vos as minhas alegrias, as minhas penas e o meu futuro». Não hesiteis, queridas crianças, em falar de Jesus aos outros. Ele é um tesouro que é preciso saber partilhar com generosidade. Na história da Igreja, o amor de Jesus encheu de coragem e força muitos cristãos, incluindo crianças como vós. Assim São Kizito, um rapaz ugandês, foi morto porque queria viver segundo o Baptismo que tinha recebido. Kizito rezava; compreendera que Deus não é apenas uma pessoa importante, mas que Ele é tudo.

E o que é a oração? É um grito de amor lançado para Deus, nosso Pai, com a vontade de imitar Jesus nosso Irmão. Jesus retirava-Se sozinho para rezar. Como Jesus, posso também eu encontrar cada dia um lugar calmo onde me recolho diante duma cruz ou duma imagem sagrada para falar a Jesus e escutá-Lo. Posso também servir-me do Evangelho. Depois guardo no meu coração uma passagem que me toca e pode orientar durante o dia. Ficar assim algum tempo com Jesus, permite-Lhe encher-me do seu amor, da sua luz e da sua vida. Este amor que recebo na oração, sou chamado, por minha vez, a dá-lo aos meus pais, aos meus amigos, a todos aqueles com quem vivo, mesmo àqueles que não gostam de mim e àqueles de quem não gosto muito. Queridas crianças, Jesus ama-vos. Pedi também aos vossos pais que rezem convosco. Às vezes, é preciso insistir um pouco; não hesiteis em fazê-lo. Deus é tão importante!

Que a Virgem Maria, Mãe de Deus, vos ensine a amá-Lo cada vez mais através da oração, do perdão e da caridade. Confio-vos todos a Ela, bem como os vossos familiares e educadores. Olhai! Tiro um terço do meu bolso. O terço é uma espécie de instrumento que se pode usar para rezar. Rezar o terço é simples. Talvez já o saibais fazer, senão pedi aos vossos pais que vos ensinem. Aliás, no fim do nosso encontro, cada um de vós receberá um terço. Com ele na mão, podereis rezar pelo Papa – fazei-o, por favor –, pela Igreja e por todas as intenções importantes. E agora, antes de vos abençoar a todos com grande afecto, rezemos juntos uma Ave Maria pelas crianças do mundo inteiro, especialmente por aquelas que sofrem por causa da doença, da fome e da guerra. Rezemos então: Ave Maria




ENCONTRO COM OS BISPOS DO BENIM Sábado, 19 de Novembro de 2011

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Cotonou





Venerados Cardeais,
Prezado D. Ganyé, Presidente da Conferência Episcopal do Benim,
Amados Irmãos no episcopado!

É para mim uma grande alegria encontrar-vos juntos nesta tarde, vós que sois os pastores da Igreja Católica no Benim. Agradeço ao Presidente da vossa Conferência Episcopal,D. Antoine Ganyé, Arcebispo de Cotonou, as palavras fraternas que acaba de pronunciar em vosso nome. Convosco, sinto-me feliz por poder dar graças ao Senhor, no momento em que celebrais o sesquicentenário dos primórdios da evangelização do vosso país. De facto, foi em 18 de Abril de 1861 que os primeiros missionários da Sociedade das Missões Africanas desembarcaram em Ouidah, começando assim um nova página do anúncio do Evangelho na África Ocidental. A todos os missionários – bispos, sacerdotes, religiosos e religiosas, leigos – vindos doutras terras ou originários deste país, que se seguiram desde então até hoje, a Igreja está particularmente agradecida. Ofereceram generosamente a sua vida, às vezes de forma heróica, para que o amor de Deus fosse anunciado a todos.

A celebração deste Jubileu deve ser, para as vossas comunidades e cada um dos seus membros, ocasião para uma profunda renovação espiritual. E compete a vós, como pastores do povo de Deus, discernir os seus contornos à luz da Palavra de Deus. O Ano da Fé, que quis promulgar por ocasião do cinquentenário da abertura do Concílio Vaticano II, será certamente uma ocasião propícia para permitir aos fiéis redescobrir e aprofundar a sua fé na pessoa do Salvador dos homens. Na realidade, porque aceitaram colocar Cristo no centro da sua vida é que tem havido, desde há 150 anos, homens e mulheres com a coragem de tudo sacrificar pelo serviço do Evangelho. Hoje, esta mesma diligência deve estar no coração da vida da Igreja inteira. É o rosto crucificado e glorioso de Cristo que nos deve guiar a todos, para darmos ao mundo testemunho do seu amor. Esta atitude requer uma conversão constante para dar nova força à dimensão profética do nosso anúncio. Àqueles que receberam a missão de guiar o povo de Deus, incumbe suscitar e ajudar a discernir os sinais da presença de Deus no coração das pessoas e dos acontecimentos. Que todos os fiéis possam viver o encontro pessoal e comunitário com Cristo, para se tornar seus mensageiros. Este encontro com Cristo deve estar firmemente radicado no acolhimento e na meditação da Palavra de Deus. Com efeito, a Escritura deve ocupar um lugar central na vida da Igreja e de cada cristão. Por isso encorajo-vos a fazer da sua descoberta uma fonte de renovação constante, para que unifique a vida diária dos fiéis e esteja cada vez mais no coração de cada actividade eclesial.

A Igreja não pode guardar para si mesma esta Palavra de Deus; anunciá-la ao mundo é a sua vocação. Este ano jubilar deve ser para Igreja no Benim uma ocasião privilegiada para dar novo vigor à sua consciência missionária. O zelo apostólico que deve animar todos os fiéis deriva directamente do seu Baptismo e, por conseguinte, não podem subtrair-se à responsabilidade de confessar a sua fé em Cristo e no seu Evangelho, por todo o lado onde se encontram e na sua vida diária. Os bispos e os sacerdotes, por sua vez, são chamados a despertar esta consciência nas famílias, nas paróquias, nas comunidades e nos diversos movimentos eclesiais. Uma vez mais queria pôr em destaque e exaltar o papel essencial desempenhado pelos catequistas na actividade missionária das vossas dioceses. Por outro lado, como sublinhei na Exortação apostólica pós-sinodal Verbum Domini, «aIgreja não pode de modo algum limitar-se a uma pastoral de “manutenção” para aqueles que já conhecem o Evangelho de Cristo. O ardor missionário é um sinal claro da maturidade de uma comunidade eclesial» (n. 95). Portanto a Igreja deve ir ao encontro de todos. Encorajo-vos a continuar os vossos esforços por uma partilha do pessoal missionário com as dioceses mais carenciadas, seja no vosso país seja noutros países de África seja em continentes mais distantes. Não tenhais medo de suscitar vocações missionárias de sacerdotes, de religiosos e religiosas e de leigos.

Para que o mundo acredite nesta Palavra que a Igreja anuncia, é indispensável que os discípulos de Cristo estejam unidos entre si (cf.
Jn 17,21). Guias e pastores do vosso povo, sois chamados a ter uma consciência viva da fraternidade sacramental que vos une e da única missão que vos está confiada, para serdes efectivamente sinais e promotores de unidade nas vossas dioceses. Com os vossos sacerdotes, deve prevalecer uma atitude de escuta, de solicitude pessoal e paterna, para que eles, cientes do bem que lhes quereis, vivam com serenidade e sinceridade a sua vocação sacerdotal, a irradiem jubilosamente em seu redor e cumpram fielmente as suas obrigações. Convido-vos, portanto, a ajudar os sacerdotes e os fiéis a descobrirem, eles também, a beleza do sacerdócio e do ministério sacerdotal. As dificuldades encontradas, que às vezes podem ser sérias, não devem jamais ser motivo para desesperar, mas pelo contrário devem tornar-se incentivo para suscitar nos sacerdotes e nos bispos uma vida espiritual profunda que encha o seu coração de um amor cada vez maior por Cristo e de um zelo transbordante pela santificação do povo de Deus. Um reforço dos laços de fraternidade e amizade entre todos será também um apoio importante, que permite avançar na busca de um crescimento espiritual e humano.

Amados irmãos no episcopado, a formação dos futuros sacerdotes das vossas dioceses é uma realidade que tendes particularmente a peito. Encorajo-vos vivamente a fazer dela uma das vossas prioridades pastorais. É indispensável que uma sólida formação humana, intelectual e espiritual permita aos jovens atingir um equilíbrio pessoal, psicológico e afectivo que os prepare para assumirem as realidades da vida sacerdotal, nomeadamente no domínio relacional. Aliás, como disse na carta que recentemente dirigi a todos os seminaristas, «o elemento mais importante no caminho para o sacerdócio e ao longo de toda a vida sacerdotal é a relação pessoal com Deus em Jesus Cristo. sacerdote (…) é o mensageiro de Deus no meio dos homens; quer conduzir a Deus, e assim fazer crescer também a verdadeira comunhão dos homens entre si» (n. 1). Nesta perspectiva, os seminaristas devem aprender a viver em contacto constante com Deus. Entretanto, a escolha dos formadores é uma responsabilidade importante que compete aos bispos; convido-vos a exercê-la com prudência e discernimento. Os formadores, para além de possuir as qualidade humanas e intelectuais necessárias, devem ter a peito o seu próprio progresso no caminho da santidade e o dos jovens que têm por missão ajudar na busca da vontade de Deus acerca da sua vida.

O ministério episcopal, a que o Senhor vos chamou, tem as suas alegrias e as suas penas. No nosso encontro desta tarde, queria deixar a cada um de vós uma mensagem de esperança. Ao longo dos últimos 150 anos, o Senhor fez grandes coisas no meio do povo do Benim; tende a certeza de que Ele continua a acompanhar-vos dia após dia no vosso compromisso ao serviço da evangelização. Sede sempre pastores segundo o coração de Deus, autênticos servidores do Evangelho. É isto que os homens e mulheres do nosso tempo esperam de vós.

Amados irmãos no episcopado, no final do nosso encontro, quero dizer-vos que é grande a minha alegria por ter voltado à terra africana e concretamente ao Benim, nesta dupla circunstância da celebração do sesquicentenário da evangelização do vosso país e da entrega da Exortação Apostólica pós-sinodal Africae munus. Quero agradecer-vos e, por vosso intermédio, a todo o povo do Benim pelo caloroso acolhimento – eu diria simplesmente pelo «acolhimento africano» – que me reservastes. Confio à Virgem Maria, Nossa Senhora da África, cada uma das vossas dioceses, bem como vós mesmos e o vosso ministério episcopal. Que Ela vele sobre o povo inteiro do Benim. E de todo o coração concedo a vós, e também aos sacerdotes, aos religiosos e religiosas, aos catequistas e a todos os fiéis das vossas dioceses, uma afectuosa Bênção Apostólica.




ENTREGA DA EXORTAÇÃO APOSTÓLICA PÓS-SINODAL AOS BISPOS DA ÁFRICA "Stade de l’amitié" - Cotonou Domingo, 20 de Novembro de 2011

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Venerados Cardeais,
Amados Irmãos no episcopado e no sacerdócio,
Queridos Irmãos e Irmãs!

Durante esta solene celebração litúrgica, demos graças ao Senhor pelo dom da segunda Assembleia Especial para a África do Sínodo dos Bispos, celebrada em Outubro de 2009, sobre o tema A Igreja na África ao serviço da reconciliação, da justiça e da paz: «Vós sois o sal da terra… Vós sois a luz do mundo» (
Mt 5,13 Mt 5,14). Agradeço a todos os Padres sinodais pela sua contribuição para os trabalhos desta Assembleia sinodal. A minha gratidão estende-se igualmente ao Secretário Geral do Sínodo dos Bispos, D. Nikola Eterovic, pelo trabalho realizado e pelas palavras que me dirigiu em vosso nome.

Depois de ter assinado, ontem, a Exortação apostólica pós-sinodal Africae munus, tenho hoje a alegria de poder entregá-la a todas as Igrejas particulares na pessoa de cada um de vós, os Presidentes das Conferências Episcopais da África – tanto nacionais como regionais – e os Presidentes dos Sínodos das Igrejas Orientais Católicas. Depois da recepção deste documento, têm início, a nível local, as fases de assimilação e aplicação dos dados teológicos, eclesiológicos, espirituais e pastorais contidos nesta Exortação. Este texto pretende promover, estimular e consolidar as diversas iniciativas locais já existentes, mas quer também inspirar outras para a Igreja Católica na África.

[Uma das primeiras tarefas da Igreja permanece o anúncio de Jesus Cristo e do seu Evangelho ad gentes, isto é, a evangelização das pessoas que, duma maneira ou doutra, estão afastadas da Igreja. Espero que esta Exortação vos possa guiar no anúncio da Boa Nova de Jesus na África. Não se trata apenas duma mensagem ou duma palavra; mas é sobretudo abertura e adesão a uma Pessoa: Jesus Cristo, o Verbo encarnado. Só Ele possui palavras de vida eterna (cf. Jn 6,68). A exemplo de Cristo, todos os cristãos são chamados a irradiar a misericórdia do Pai e a luz do Espírito Santo. A evangelização pressupõe e inclui também a reconciliação, e promove a paz e a justiça.]

Amada Igreja na África, torna-te cada vez mais o sal da terra, desta terra que Jesus Cristo abençoou com a sua presença quando, nela, encontrou refúgio. Sê o sal da terra africana, abençoada pelo sangue de tantos mártires, homens, mulheres e crianças, testemunhas da fé cristã até ao dom supremo da própria vida. Torna-te luz do mundo, luz da África que muitas vezes, no meio das provações, procura o caminho da paz e da justiça para todos os seus habitantes. A tua luz é Jesus Cristo, «Luz do mundo» (Jn 8,12). Que Deus te abençoe, África bem amada!



CERIMÓNIA DE DESPEDIDA Aeroporto Internacional "Card. Bernardin Gantin" de Cotonou Domingo, 20 de Novembro de 2011

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Excelentíssimo Senhor Presidente,
Venerados Cardeais e Bispos,
Ilustres Autoridades presentes,
Queridos amigos!

A minha viagem apostólica à terra africana está a terminar. Sinto-me agradecido a Deus por estes dias passados, jubilosa e cordialmente, convosco. Agradeço-lhe, Senhor Presidente, pelas suas amáveis palavras e os múltiplos esforços feitos para tornar aprazível a minha estadia. Agradeço também às diversas autoridades deste país e a todos os voluntários que contribuíram, generosamente, para o bom êxito destes dias. Não esqueço a população inteira do Benim, que me recebeu com caloroso entusiasmo. A minha gratidão estende-se igualmente aos membros da Igreja Católica, aos vários Presidentes das Conferências Episcopais nacionais e regionais, que viajaram até cá, e naturalmente, de maneira muito particular, aos Bispos do Benim.

Desejei visitar uma vez mais o continente africano, pelo qual sinto uma estima e um afecto particular, porque estou intimamente convencido de que é uma terra de esperança – como aliás já o disse várias vezes. Aqui encontram-se valores autênticos, capazes de servir de inspiração para o mundo, que nada mais pedem senão poder desenvolver-se com a ajuda de Deus e a determinação dos africanos. Para isto pode contribuir validamente a Exortação Apostólica pós-sinodal Africae munus, pelas perspectivas pastorais que abre e as interessantes iniciativas que há-de suscitar. Confio-a a todos os fiéis africanos, que saberão estudá-la com atenção e concretizá-la na sua vida diária. O Cardeal Gantin, ilustre filho do Benim cuja estatura foi de tal modo reconhecida que este aeroporto tem o seu nome, participou comigo em numerosos Sínodos, tendo sabido prestar-lhes uma contribuição essencial e apreciada. Possa ele acompanhar a actuação deste documento.

Durante esta visita, pude encontrar diversas componentes da sociedade do Benim e membros da Igreja. Estes numerosos encontros, muito diversos na sua natureza, testemunham a possibilidade duma coexistência harmoniosa no seio da nação e entre a Igreja e o Estado. A boa vontade e o respeito mútuo não só favorecem o diálogo, mas são essenciais para construir a unidade entre as pessoas, as etnias e os povos. Aliás, a primeira das três palavras do vosso lema nacional é «Fraternidade». Viver juntos como irmãos, apesar das legítimas diferenças, não é uma utopia. Porque é que um país africano não poderia apontar ao resto do mundo a estrada a seguir para se viver uma autêntica fraternidade na justiça, fundada na grandeza da família e do trabalho? Que os africanos possam viver reconciliados na paz e na justiça. Tais são os votos que formulo, com confiada esperança, antes de deixar o Benim e o continente africano.

Senhor Presidente, renovo-lhe os meus sinceros agradecimentos que estendo a todos os seus concidadãos, aos bispos do Benim e a todos os fiéis da nação. Desejo também encorajar o continente inteiro a ser cada vez mais sal da terra e luz do mundo. Pela intercessão de Nossa Senhora da África, peço a Deus que vos abençoe a todos.

(em língua fon) AC? MAWU T?N NI K?N DO BENIN TO ? BI JI [Deus abençoe o Benim]!






AOS PARTICIPANTES NO ENCONTRO PROMOVIDO PELA CÁRITAS ITALIANA NO 40º ANIVERSÁRIO DE FUNDAÇÃO Basilica Vaticana

Quita-feira, 24 de Novembro de 2011




Venerados Irmãos
Estimados irmãos e irmãs!

É com alegria que vos recebo por ocasião do 40° aniversário da instituição da Cáritas italiana. Saúdo-vos com carinho, unindo-me à acção de graças de todo o Episcopado italiano pelo vosso serviço precioso. Saúdo cordialmente o Cardeal Angelo Bagnasco, Presidente da Conferência Episcopal Italiana, agradecendo-lhe as palavra que me dirigiu em nome de todos. Saúdo D. Giuseppe Merisi, Presidente da Cáritas, os Bispos encarregados das diversas Conferências Episcopais regionais ao serviço da caridade, o Director da Cáritas italiana, os Directores das Cáritas diocesanas e todos os seus colaboradores.

Viestes junto do túmulo de Pedro para confirmar a vossa fé e renovar o impulso na vossa missão. O Servo de Deus Paulo VI, no primeiro encontro nacional com a Cáritas, em 1972, assim afirmava: «Para além do aspecto puramente material da vossa actividade, deve sobressair a sua função pedagógica predominante» (Insegnamenti X [1972], 989). Com efeito, a vós é confiada uma tarefa educativa importante em relação às comunidades, às famílias e à sociedade civil nas quais a Igreja é chamada a ser luz (cf. Ph 2,15). Trata-se de assumir a responsabilidade de educar para a vida boa do Evangelho, que é tal se incluir o testemunho da caridade de maneira orgânica. São as palavras do apóstolo Paulo que iluminam esta perspectiva: «Quanto a nós, é pelo Espírito que aguardamos da fé a justiça esperada. Pois em Jesus Cristo nem a circuncisão nem a incircuncisão têm valor, mas sim a fé que actua pela caridade» (Ga 5,5-6). Este é o distintivo cristão: a fé que se torna activa na caridade. Cada um de vós é chamado a oferecer a sua contribuição a fim de que o amor com que somos desde sempre e para sempre amados por Deus se torne laboriosidade da vida, força de serviço, consciência da responsabilidade. «O amor de Cristo nos constrange» (2Co 5,14), escreve são Paulo. É esta perspectiva que deveis tornar cada vez mais presente nas Igrejas particulares em que viveis.

Caros amigos, nunca renuncieis a esta tarefa educativa, mesmo quando o caminho se faz árduo e o esforço não parece dar resultados. Vivei-o na fidelidade à Igreja e no respeito pela identidade das vossas Instituições, utilizando os instrumentos que a história vos transmitiu e aqueles que a «fantasia da caridade» — como dizia o beato João Paulo II — vos sugerir para o porvir. Nas quatro décadas transcorridas, pudestes aprofundar, experimentar e praticar um método de trabalho assente em três atenções relacionadas entre si e sinérgicas: ouvir, observar e discernir, pondo-o ao serviço da vossa missão: a animação caritativa no interior das comunidades e nos territórios. Trata-se de um estilo que torna possível agir pastoralmente, mas também manter um diálogo profundo e profícuo com os vários âmbitos da vida eclesial, com as associações, os movimentos e o diversificado mundo do voluntariado organizado.

Ouvir para conhecer, sem dúvida, mas ao mesmo tempo para se fazer próximo, para ajudar as comunidades cristãs a cuidar daqueles que têm necessidade de sentir o calor de Deus através das mãos abertas e disponíveis dos discípulos de Jesus. Isto é importante: que as pessoas sofredoras possam sentir o calor de Deus, e que o possam sentir mediante as nossas mãos e os nossos corações abertos. Deste modo, as Cáritas devem ser como que «sentinelas» (cf. Is 21,11-12), capazes de reparar e fazer reparar, de antecipar e prevenir, de sustentar e propor vias de solução no sulco seguro do Evangelho e da doutrina social da Igreja. O individualismo dos nossos dias, a presumível suficiência da técnica e o relativismo que influencia todos exigem que se desafiem pessoas e comunidades a formas mais elevadas de escuta, a capacidades de abertura do olhar e do coração para as necessidades e os recursos, a formas comunitárias de discernimento sobre o modo de ser e de se comportar num mundo em profunda transformação.

Folheando as páginas do Evangelho, permanecemos surpreendidos pelos gestos de Jesus: gestos que transmitem a Graça, educativos para a fé e o seguimento; gestos de cura e de hospitalidade, de misericórdia e de esperança, de futuro e de compaixão; gestos que encetam ou aperfeiçoam uma chamada a segui-lo e que levam ao reconhecimento do Senhor como única razão do presente e do futuro. A modalidade dos gestos e dos sinais assemelha-se à função pedagógica da Cáritas. Com efeito, através de sinais concretos, vós falais, evangelizais e educais. Uma obra de caridade fala de Deus, anuncia uma esperança e induz a fazer perguntas. Faço votos a fim de que saibais cultivar da melhor forma a qualidade das obras que soubestes inventar. Tornai-as, por assim dizer, «falantes», preocupando-vos sobretudo com a motivação interior que as anima, e com a qualidade do testemunho que delas promana. São obras que nascem da fé. São obras de Igreja, expressão da atenção a quantos têm mais dificuldade. São obras pedagógicas, porque ajudam os mais pobres a crescer na sua dignidade, as comunidades cristãs a caminhar no seguimento de Cristo e a sociedade civil a assumir conscientemente as obrigações que lhe são próprias. Recordemos aquilo que ensina o Concílio Vaticano II: «Satisfaçam-se antes de mais nada as exigências da justiça; e não se ofereça como dom da caridade aquilo que já é devido a título de justiça» (Apostolicam actuositatem AA 8). O serviço humilde e concreto que a Igreja oferece não quer substituir, nem muito menos entorpecer a consciência colectiva e civil. Ela está ao seu lado com espírito de colaboração sincera, na devida autonomia e na plena consciência da subsidiariedade.


Discursos Bento XVI 19211