Bento XVI Homilias 51107


CONSISTÓRIO ORDINÁRIO PÚBLICO PARA A CRIAÇÃO DE NOVOS CARDEAIS



Basílica Vaticana, Sábado, 24 de Novembro de 2007

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Senhores Cardeais
Venerados Irmãos
no Episcopado e no Sacerdócio
Queridos irmãos e irmãs!

Nesta Basílica Vaticana, coração do mundo cristão, renova-se hoje um significativo e solene acontecimento eclesial: o Consistório ordinário público para a criação de 23 novos Cardeais, com a imposição do barrete e a atribuição do título. É um acontecimento que suscita todas as vezes uma emoção especial, e não só naqueles que com estes ritos são admitidos a entrar no Colégio Cardinalício, mas em toda a Igreja, feliz por este eloquente sinal de unidade católica. A própria cerimónia na sua estrutura põe em realce o valor da tarefa que os novos Cardeais são chamados a desempenhar cooperando estreitamente com o Sucessor de Pedro, e convida o povo de Deus a rezar para que no seu serviço estes nossos Irmãos permaneçam sempre fiéis a Cristo até ao sacrifício da vida se for necessário, e se deixem guiar unicamente pelo seu Evangelho. Estreitamo-nos portanto com fé em redor deles e elevemos antes de tudo ao Senhor o nosso agradecimento orante.

Neste clima de alegria e de entendimento espiritual apresento com afecto a minha saudação a cada um de vós, queridos Irmãos, que a partir de hoje sois membros do Colégio Cardinalício, escolhidos para ser, segundo uma antiga instituição, os conselheiros e colaboradores mais próximos na chefia da Igreja. Saúdo e agradeço ao Arcebispo Leonardo Sandri, que em vosso nome me dirigiu gentis e devotas expressões, realçando ao mesmo tempo o significado e a importância do momento eclesial que estamos a viver. Além disso desejo dirigir um pensamento, que é devido, ao saudoso D. Ignacy Jez, que Deus de todas as graças chamou a si pouco antes da nomeação, para lhe oferecer outra coroa: a da glória eterna em Cristo. A minha saudação cordial dirige-se agora aos Senhores Cardeais presentes e também aos que não puderam estar fisicamente connosco, mas idealmente estão unidos a nós. A celebração do Consistório é sempre uma providencial ocasião para oferecer urbi et orbi, à cidade de Roma e ao mundo inteiro, o testemunho daquela singular unidade que estreita os Cardeais em volta do Papa, Bispo de Roma. Nesta circunstância tão solene é-me grato também dirigir uma saudação respeitosa e deferente às Representações governativas e às Personalidades aqui reunidas de todas as partes do mundo, assim como aos familiares, aos amigos, aos sacerdotes, aos religiosos e às religiosas e aos fiéis de cada uma das Igrejas locais das quais provem os neo-Purpurados. Por fim, saúdo todos os que se reuniram para os honrar e expressar em jubilosa alegria a sua estima e afecto.

Com a celebração de hoje, vós, queridos Irmãos, sois inseridos a pleno título na venerada Igreja de Roma, da qual o Sucessor de Pedro é o Pastor. No Colégio dos Cardeais revive assim o antigo presbyterium do Bispo de Roma, cujos componentes, enquanto desempenhavam funções pastorais e litúrgicas nas várias igrejas, não lhe deixavam faltar a sua preciosa colaboração no que dizia respeito ao cumprimento das tarefas relacionadas com o seu ministério apostólico universal. Os tempos mudaram e a grande família dos discípulos de Cristo hoje está disseminada em todos os continentes até aos recantos mais remotos da terra, fala praticamente todas as línguas do mundo e a ela pertencem povos de todas as culturas. A diversidade dos membros do Colégio Cardinalício, quer por proveniência geográfica quer cultural, põe em realce este crescimento providencial e evidencia ao mesmo tempo as mudadas exigências pastorais às quais o Papa deve responder. Portanto, a universalidade, a catolicidade da Igreja reflecte-se bem na composição do Colégio dos Cardeais: muitíssimos são Pastores de comunidades diocesanas, outros estão no serviço directo da Sé Apostólica, outros ainda prestaram beneméritos serviços em sectores pastorais específicos.

Cada um de vós, queridos e venerados Irmãos neo-Cardeais, representa portanto uma porção do articulado Corpo místico de Cristo que é a Igreja difundida em toda a parte. Sei bem quanta fadiga e sacrifício exige hoje a solicitude pelas almas, mas conheço a generosidade que apoia a vossa actividade apostólica quotidiana. Por isso, na circunstância que estamos a viver, é-me grato confirmar-vos o meu sincero apreço pelo serviço fielmente prestado em tantos anos de trabalho nos diversos âmbitos do ministério eclesial, serviço que agora, com a elevação à púrpura, sois chamados a cumprir com uma responsabilidade ainda maior, em estreitíssima comunhão com o Bispo de Roma. Penso agora com afecto nas comunidades confiadas aos vossos cuidados e, de maneira especial, às mais provadas pelo sofrimento, desafios e dificuldades de vários tipos. Entre elas, como não dirigir o olhar com apreensão e afecto, neste momento de alegria, para as queridas comunidades cristas que se encontram no Iraque? Estes nossos irmãos e irmãs na fé experimentam na própria carne as consequências dramáticas do perseverar de um conflito e vivem actualmente uma frágil e delicada situação política como nunca. Chamando a entrar no Colégio dos Cardeais o Patriarca da Igreja Caldeia pretendi expressar de modo concreto a minha proximidade espiritual e o meu afecto por aquelas populações. Juntos, queridos e venerados Irmãos, desejamos reafirmar a solidariedade da Igreja inteira para com os cristãos daquela amada terra e convidar a invocar de Deus misericordioso, para todos os povos envolvidos, o advento da desejada reconciliação e da paz.

Ouvimos há pouco a Palavra de Deus que nos ajuda a compreender melhor o momento solene que estamos a viver. No trecho evangélico Jesus acabou de recordar pela terceira vez o destino que o esperava em Jerusalém, mas prevalece o arrivismo dos discípulos sobre o receio que por um momento se tinha apoderado deles. Depois da confissão de Pedro em Cesareia e da discussão pelo caminho sobre qual deles fosse o maior, a ambição leva os filhos de Zebedeu a reivindicar para si próprios os lugares melhores no reino messiânico, no final dos tempos. Na corrida aos privilégios, os dois sabem bem o que desejam, assim como os outros dez, não obstante a sua "virtuosa" indignação. Mas na realidade não sabem o que estão a pedir. É Jesus quem lho faz compreender, falando em termos muitos diferentes acerca do "ministério" que os aguarda. Ele corrige a concepção grosseira do mérito, que eles tem, segundo a qual o homem pode adquirir direitos em relação a Deus.

Queridos e venerados Irmãos, o evangelista Marcos recorda-nos que todos os verdadeiros discípulos de Cristo podem aspirar por uma só coisa: partilhar a sua paixão, sem reivindicar recompensa alguma. O cristão é chamado a assumir a condição de "servo" seguindo as pegadas de Jesus, isto é, despendendo a vida pelos outros de modo gratuito e abnegado. Não a busca do poder e do sucesso, mas o dom humilde de si pelo bem da Igreja deve caracterizar cada um dos nossos gestos e palavras. A verdadeira grandeza crista, de facto, não consiste em dominar, mas em servir. Jesus repete hoje a cada um de nós que Ele "não veio para ser servido, mas para servir e dar a vida em resgate por muitos" (
Mc 10,45). Eis o ideal que deve orientar o vosso serviço. Queridos Irmãos, entrando a fazer parte do Colégio dos Cardeais, o Senhor pede-vos e confia-vos o serviço do amor: amor a Deus, amor à Igreja, amor aos irmãos com a máxima e incondicionada dedicação, usque ad sanguinis effusionem, como recita a fórmula para a imposição do barrete e como mostra a cor vermelha do vestuário que vestis.

Sede apóstolos de Deus que é Amor e testemunhas da esperança evangélica: é isto que o povo cristão espera de vós. A hodierna cerimónia ressalta a grande responsabilidade que pesa em relação a cada um de vós, venerados e queridos Irmãos, e que tem a sua confirmação nas palavras do apóstolo Pedro que há pouco escutamos: "Venerai Cristo Senhor nos vossos corações e estai sempre prontos a responder, para vossa defesa, com doçura e respeito, a todo aquele que vos perguntar a razão da vossa esperança" (1P 3,15). Esta responsabilidade não exime dos riscos mas, recorda ainda São Pedro, "melhor é padecer praticando o bem, se é essa a vontade de Deus, do que fazendo o mal" (1P 3,17). Cristo pede que confesseis diante dos homens a sua verdade, que abraceis e partilheis a sua causa; e que realizeis tudo isto "com doçura e respeito, com uma consciência recta" (cf. 1P 3,15-16), isto é, com aquela humildade interior que é fruto da cooperação com a graça de Deus.

Queridos irmãos e irmãs, amanha, nesta mesma Basílica, terei a alegria de celebrar a Eucaristia, na solenidade de Cristo Rei do Universo, juntamente com os novos Cardeais, e a eles entregarei o anel. Será uma ocasião importante e oportuna como nunca para reafirmar a nossa unidade em Cristo e para renovar a comum vontade de o servir com generosidade total. Acompanhai-os com a vossa oração, para que respondam ao dom recebido com dedicação plena e constante. A Maria, Rainha dos Apóstolos, dirigimo-nos agora com confiança. A sua presença espiritual, hoje, neste cenáculo singular, seja penhor para os novos Cardeais e para todos nós da constante efusão do Espírito Santo que guia a Igreja no seu caminho na história. Amém!





Domingo, 25 de Novembro de 2007: CONCELEBRAÇÃO EUCARÍSTICA COM OS NOVOS CARDEAIS - ENTREGA DO ANEL CARDINALÍCIO

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Basílica Vaticana

Solenidade de Nosso Senhor Jesus Cristo Rei do Universo



Senhores Cardeais
Venerados Irmãos
no Episcopado e no Sacerdócio
Ilustres Senhores e Senhoras
Queridos irmãos e irmãs!

Este ano a solenidade de Cristo Rei do Universo, coroamento do ano litúrgico, é enriquecida pelo acolhimento no Colégio Cardinalício de 23 novos membros que, segundo a tradição, convidei hoje a celebrar comigo a Eucaristia. A cada um deles dirijo a minha saudação cordial, fazendo-a extensiva com afecto fraterno a todos os Cardeais presentes. Depois, sinto-me feliz por saudar as Delegações que vieram de diversos Países e o Corpo Diplomático junto da Santa Sé; os numerosos Bispos e sacerdotes, os religiosos e as religiosas e todos os fiéis, especialmente os provenientes das Dioceses confiadas à guia pastoral de alguns novos Cardeais.

A celebração litúrgica de Cristo-Rei oferece à nossa celebração um quadro muito significativo, caracterizado e iluminado pelas Leituras bíblicas. Encontramo-nos como que diante de um majestoso afresco com três grandes cenários: no centro, a Crucifixão, segundo a narração do evangelista Lucas; num lado a unção real de David por parte dos anciãos de Israel; no outro, o hino cristológico com que São Paulo introduz a Carta aos Colossenses. O conjunto é dominado pela figura de Cristo, o único Senhor, diante do qual todos somos irmãos. Toda a hierarquia da Igreja, cada carisma e ministério, tudo e todos estamos ao serviço do seu senhorio.

Devemos partir do acontecimento central: a Cruz. Aqui Cristo manifesta a sua singular realeza. No Calvário confrontam-se duas atitudes opostas. Algumas personagens aos pés da cruz, e também um dos dois ladrões, dirigem-se com desprezo ao Crucificado: se tu és o Cristo, o Rei Messias dizem eles salva-te a ti mesmo e desce da cruz. Ao contrário, Jesus revela a própria glória permanecendo ali, na cruz, como Cordeiro imolado. Com ele declara-se imediatamente o outro ladrão, que implicitamente confessa a realeza do justo inocente e implora: "Recorda-te de mim, quando estiveres no teu reino" (
Lc 23,42). São Cirilo de Alexandria comenta: "Vê-lo crucifixo e chamá-lo rei. Crês que aquele que suporta escárnio e sofrimento chegará à glória divina" (Comentário a Lucas, Homilia 153). Segundo o evangelista João a glória divina já está presente, mesmo se escondida pelo desfiguramento da cruz. Mas também na linguagem de Lucas o futuro é antecipado para o presente quando Jesus promete ao bom ladrão: "Hoje estarás comigo no paraíso" (Lc 23,43). Santo Ambrósio observa: "Ele pedia ao Senhor para que se recordasse dele, quando estivesse no seu Reino, mas o Senhor respondeu-lhe: Em verdade, em verdade te digo, hoje estarás comigo no Paraíso. A vida é estar com Cristo, porque onde está Cristo ali está o Reino" (Exposição do Evangelho segundo LC 10,121). A acusação: "Este é o Rei dos Judeus", escrita numa tábua pregada no alto da cruz, torna-se assim a proclamação da verdade. Observa ainda Santo Ambrósio: "Justamente a inscrição está no cimo da cruz, porque mesmo estando o Senhor Jesus na cruz, contudo resplandecia do alto da cruz com uma majestade real" (ibid., 10, 113).

O cenário da crucifixão, nos quatro Evangelhos, constitui o momento da verdade, no qual se rasga o "véu do templo" e aparece o Santo dos Santos. Em Jesus crucificado acontece a máxima revelação de Deus possível neste mundo, porque Deus é amor, e a morte na cruz de Jesus é o maior acto de amor de toda a história. Pois bem, no anel cardinalício, que daqui a pouco entregarei aos novos membros do sagrado Colégio, está representada precisamente a crucifixão. Isto, queridos Irmãos neo-Cardeais, será sempre para vós um convite a recordar de que Rei sois servos, sobre qual trono Ele foi elevado e como foi fiel até ao fim para vencer o pecado e a morte com a força da misericórdia divina. A mãe Igreja, esposa de Cristo, doa-vos esta insígnia como memória do seu Esposo, que a amou e se entregou a si mesmo por ela (cf. Ep 5,25). Assim, colocando o anel cardinalício, sois constantemente chamados a dar a vida pela Igreja.

Se agora dirigirmos o olhar para a cena da unção real de David, apresentada pela primeira Leitura, chama a nossa atenção um aspecto importante da realeza, isto é, a sua dimensão "corporativa". Os anciãos de Israel vão a Hebron, estabelecem um pacto de aliança com David, declarando que se consideram unidos a ele e, com ele, querem formar uma só coisa. Se referirmos esta figura a Cristo, parece-me que esta mesma profissão de aliança se presta muito bem para ser feita vossa, queridos Irmãos Cardeais. Também vós, que formais o "senado" da Igreja, podeis dizer a Jesus: "Nós consideramo-nos os teus ossos e a tua carne" (2S 5,1). Pertencemos-Te, e contigo queremos formar uma só coisa. És Tu o pastor do Povo de Deus, Tu és a cabeça da Igreja (cf. 2S 5,2). Nesta solene Celebração eucarística desejamos renovar o nosso pacto contigo, a nossa amizade porque só nesta relação íntima e profunda contigo, Jesus nosso Rei e Senhor, têm sentido e valor a dignidade que nos foi conferida e a responsabilidade que ela exige.

Resta-nos agora para admirar a terceira parte do "tríptico" que a Palavra de Deus nos apresenta: o hino cristológico da Carta aos Colossenses. Antes de mais, fazemos nosso o sentimento de alegria e de gratidão do qual ele brota, pelo facto de que o reino de Cristo, o "destino dos santos na luz", não é algo que apenas se entrevê de longe, mas é realidade da qual fomos chamados a ser parte, na qual fomos "transferidos", graças à obra redentora do Filho de Deus (cf. Col 1,12-14). Esta acção de graças abre o ânimo de São Paulo à contemplação de Cristo e do seu mistério nas suas duas dimensões principais: a criação de todas as coisas e a sua reconciliação. No que se refere ao primeiro aspecto o senhorio de Cristo consiste no facto de que "por Ele e para Ele, todas as coisas foram criadas... e todas subsistem n'Ele" (Col 1,16). A segunda dimensão centraliza-se no mistério pascal: mediante a morte na cruz do Filho, Deus reconciliou consigo todas as criaturas, estabeleceu a paz entre o céu e a terra; ressuscitando-o dos mortos tornou-o primícias da nova criação, "plenitude" de qualquer realeza e "cabeça do corpo" místico que é a Igreja (cf. Col 1,18-20). Estamos de novo diante da cruz, evento central do mistério de Cristo. Na visão paulina a cruz está situada no âmbito de toda a economia da salvação, onde a realeza de Jesus se abre em toda a sua amplitude cósmica.

Este texto do Apóstolo expressa uma síntese de verdade e de fé tão poderosa que não podemos deixar de nos admirar profundamente. A Igreja é depositária do mistério de Cristo: e isto em toda a humildade e sem sombras de orgulho ou arrogância, porque se trata do máximo dom que recebeu sem merecimento algum e que é chamada a oferecer gratuitamente à humanidade de cada época, como horizonte de significado e de salvação. Não é filosofia, não é gnose, mesmo se inclui também a sabedoria e o conhecimento. É o mistério de Cristo: é o próprio Cristo, Logos encarnado, morto e ressuscitado, constituído Rei do universo. Como não sentir um arrebatamento de entusiasmo repleto de gratidão por termos sido admitidos a contemplar o esplendor desta revelação? Como não sentir ao mesmo tempo a alegria e a responsabilidade de servir este Rei, de testemunhar com a vida e com a palavra o seu senhorio? É esta, de modo particular, a nossa tarefa, venerados Irmãos Cardeais: anunciar ao mundo a verdade de Cristo, esperança para cada homem e para toda a família humana. No seguimento do Concílio Ecuménico Vaticano II, os meus venerados Predecessores, os Servos de Deus Paulo VI, João Paulo I e João Paulo II, foram autênticos arautos da realeza de Cristo no mundo contemporâneo. E para mim é motivo de conforto poder contar sempre convosco, quer colegial quer singularmente, para que também eu cumpra esta tarefa fundamental do ministério petrino.

Em conclusão, está estreitamente relacionado com esta missão um aspecto que gostaria de mencionar e confiar à vossa oração: a paz entre todos os discípulos de Cristo, como sinal da paz que Jesus veio instaurar no mundo. Ouvimos no hino cristológico a grande notícia: aprouve a Deus "pacificar" o universo mediante a cruz de Cristo (cf. Col 1,20)! Pois bem, a Igreja é aquela porção de humanidade na qual já se manifesta a realeza de Cristo, que tem como manifestação privilegiada a paz. É a nova Jerusalém, ainda imperfeita porque peregrina na história, mas capaz de antecipar, de qualquer modo, a Jerusalém celeste. Por fim, podemos referir-nos agora ao texto do Salmo responsorial, o 121: pertence aos chamados "cânticos das ascensões" e é o hino de alegria dos peregrinos que sobem à cidade santa, e chegando às suas portas lhe dirigem a saudação de paz: shalom! Segundo a etimologia popular Jerusalém era interpretada precisamente como "cidade da paz", aquela paz que o Messias, filho de David, teria instaurado na plenitude dos tempos. Em Jerusalém nós reconhecemos a figura da Igreja, sacramento de Cristo e do seu Reino.

Queridos Irmãos Cardeais, este Salmo expressa bem o fervoroso cântico de amor pela Igreja que vós certamente levais no coração. Dedicastes a vossa vida ao serviço da Igreja, e agora sois chamados a assumir nela uma tarefa da mais alta responsabilidade. Encontrem em vós plena adesão as palavras do Salmo: "Pedi a paz para Jerusalém"! (Ps 121,6). A oração pela paz e a unidade constitua a vossa primeira e principal missão, para que a Igreja seja "firme e compacta" (Ps 121,3), sinal e instrumento de unidade para todo o género humano (cf. Lumen gentium LG 1). Recomendo, aliás, todos juntos recomendamos esta vossa missão sob a protecção vigilante da Mãe da Igreja, Maria Santíssima. A ela, unida ao Filho no Calvário e elevada como Rainha à sua direita na glória, confiamos os novos Purpurados, o Colégio Cardinalício e toda a Comunidade católica, comprometida a semear nos sulcos da história o Reino de Cristo, Senhor da vida e Príncipe da paz.





Sábado, 1° de Dezembro de 2007: CELEBRAÇÃO DAS PRIMEIRAS VÉSPERAS DO ADVENTO

11207

Basílica Vaticana



Caros irmãos e irmãs

O Advento é, por excelência, o tempo da esperança. Cada ano, esta atitude fundamental do espírito desperta no coração dos cristãos que, enquanto se preparam para celebrar a grande festa do nascimento de Cristo Salvador, reavivam a expectativa da sua vinda gloriosa no fim dos tempos. A primeira parte do Advento insiste precisamente sobre a parusia, sobre a última vinda do Senhor. As antífonas destas primeiras Vésperas estão totalmente orientadas, com diversos matizes, para esta perspectiva. A breve Leitura, tirada da primeira Carta aos Tessalonicenses (cf.
1Th 5,23-24), faz referência explícita à vinda final de Cristo, recorrendo precisamente ao termo grego parusia (cf. 1Th 5,23). O Apóstolo exorta os cristãos a conservarem-se irrepreensíveis, mas sobretudo encoraja-os a terem confiança em Deus, que "é fiel" (1Th 5,24) e não deixará de realizar a santificação naqueles que corresponderem à sua graça.

Toda esta liturgia vespertina convida à esperança indicando, no horizonte da história, a luz do Salvador que há-de vir: "Nesse dia brilhará uma grande luz" (2ª ant.); "O Senhor virá em toda a sua glória" (3ª ant.); "O seu esplendor enche o universo" (Antífonas ao Magnificat). Esta luz, que promana do futuro de Deus, já se manifestou na plenitude dos tempos; por isso, a nossa esperança não está desprovida de um fundamento, mas alicerça-se num acontecimento que se insere na história e, ao mesmo tempo, excede a história: trata-se do acontecimento constituído por Jesus de Nazaré. O evangelista João aplica a Jesus o título de "luz": é um título que pertence a Deus. Com efeito, no Credo nós professamos que Jesus Cristo é "Deus de Deus, Luz de Luz".

Ao tema da esperança desejei dedicar a minha segunda Encíclica, que foi publicada ontem. É-me grato oferecê-la idealmente a toda a Igreja neste primeiro Domingo de Advento a fim de que, durante a preparação para o Santo Natal, as comunidades e os fiéis individualmente possam lê-la e meditá-la, para assim redescobrir a beleza e a profundidade da esperança cristã. Com efeito, ela está ligada inseparavelmente ao conhecimento do rosto de Deus, aquele rosto que Jesus, o Filho unigénito, nos revelou mediante a sua encarnação, através da sua vida terrena e da sua pregação e, sobretudo, com a sua morte e ressurreição. A esperança verdadeira e segura está fundamentada na fé em Deus Amor, Pai misericordioso, que "amou de tal modo o mundo, que lhe deu o seu único Filho" (Jn 3,16), a fim de que os homens e, juntamente com eles, todas as criaturas, possam ter vida em abundância (cf. Jn 10,10). Por conseguinte, o Advento é um tempo favorável para a redescoberta de uma esperança não vaga nem ilusória, mas certa e confiável, porque está "ancorada" em Cristo, Deus feito homem, rochedo da nossa salvação.

Desde o início, como sobressai do Novo Testamento e é acentuadamente assinalado pelas Cartas dos Apóstolos, uma nova esperança distinguia os cristãos daqueles que viviam a religiosidade pagã. Escrevendo aos Efésios, São Paulo recorda-lhes que, antes de abraçar a fé em Cristo, eles viviam "sem esperança e sem Deus neste mundo" (Ep 2,12). Esta expressão parece mais actual do que nunca, por causa do paganismo dos nossos dias: podemos referi-la de modo particular ao niilismo contemporâneo, que corroi a esperança no coração do homem, induzindo-o a pensar que dentro dele e ao seu redor reina o vazio: nada antes do nascimento, nada depois da morte. Na realidade, quando falta Deus, falta a esperança. Tudo perde a sua "consistência". É como se viesse a faltar a dimensão da profundidade e todas as coisas permanecem niveladas, desprovidas do seu relevo simbólico, da sua "saliência" em relação à simples materialidade. Está em jogo a relação entre a existência aqui e agora, e aquilo que denominamos "além": não se trata de um lugar aonde terminaremos depois da morte; ao contrário, é a realidade de Deus, a plenitude da vida para a qual cada ser humano está, por assim dizer, orientado. A esta expectativa do homem, Deus respondeu em Cristo com o dom da esperança.

O homem é a única criatura livre de dizer "sim" ou "não" à eternidade, ou seja, a Deus. O ser humano pode apagar em si mesmo a esperança, eliminando Deus da sua própria vida. Como é que isto se pode verificar? Como pode acontecer que a criatura "feita por Deus", intimamente orientada para Ele, a mais próxima do Eterno, possa privar-se desta riqueza? Deus conhece o coração do homem. Sabe que quem O rejeita não conheceu o seu verdadeiro rosto, e por isso não cessa de bater à nossa porta, como peregrino humilde em busca de hospitalidade. Eis por que motivo o Senhor concede um novo período à humanidade: a fim de que todos possam chegar a conhecê-lo! Este é também o sentido de um novo ano litúrgico que tem início: é uma dádiva de Deus, que deseja novamente revelar-se no mistério de Cristo, mediante a Palavra e os Sacramentos. Através da Igreja, deseja falar à humanidade e salvar os homens de hoje. E fá-lo, indo ao seu encontro para "procurar e salvar o que estava perdido" (Lc 19,10). Nesta perspectiva, a celebração do Advento é a resposta da Igreja Esposa à iniciativa sempre nova de Deus Esposo, "que é, que era e que há-de vir" (Ap 1,8). À humanidade que já não tem tempo para Ele, Deus oferece mais tempo, um novo espaço para que volte a entrar em si mesma, a fim de que se ponha novamente a caminho, para reencontrar o sentido da esperança.

Eis, então, a descoberta surpreendente: a minha, a nossa esperança é precedida pela expectativa que Deus cultiva a nosso respeito! Sim, Deus ama-nos e precisamente por este motivo espera que nós voltemos para Ele, que abramos o nosso coração ao seu amor, que coloquemos a nossa mão na sua e nos recordemos que somos seus filhos. Esta expectativa de Deus precede sempre a nossa esperança, exactamente como o seu amor nos alcança sempre primeiro (cf. 1Jn 4,10). Neste sentido, a esperança cristã chama-se "teologal": Deus é a sua fonte, o seu ponto de apoio e o seu termo. Que grande consolação há neste mistério! O meu Criador inseriu no meu espírito um reflexo do seu desejo de vida para todos. Cada um dos homens é chamado a esperar, correspondendo à expectativa que Deus tem acerca dele. De resto, a experiência demonstra-nos que é precisamente assim. O que é que faz progredir o mundo, a não ser a confiança que Deus tem no homem? É uma confiança que encontra o seu reflexo nos corações dos pequeninos e dos humildes quando, através das dificuldades e dos afãs, se comprometem todos os dias a fazer o melhor que podem, a realizar o pouco de bem que contudo aos olhos de Deus é muito: na família, no lugar de trabalho, na escola e nos vários âmbitos da sociedade. No coração do homem a esperança está inscrita de maneira indelével, porque Deus nosso Pai é vida, e é para a vida eterna e bem-aventurada que nós fomos criados.

Cada criança que nasce é sinal da confiança de Deus no homem e é uma confirmação, pelo menos implícita, da esperança que o homem nutre por um futuro aberto à eternidade de Deus. A esta esperança do homem, Deus respondeu nascendo no tempo como pequeno ser humano. Santo Agostinho escrevia: "Poderíamos pensar que a vossa Palavra se tinha afastado da união com o homem e desesperado de nos salvar, se não se tivesse feito homem e habitado entre nós" (Conf. X, 43, 69, cit. in Spe salvi, 29). Então, deixemo-nos orientar por Aquela que trouxe no coração e no ventre o Verbo encarnado. Ó Maria, Virgem da expectativa e Mãe da esperança, reaviva em toda a Igreja o espírito do Advento, para que a humanidade inteira volte a pôr-se a caminho rumo a Belém, onde veio e onde virá de novo para nos visitar o Sol que nasce do alto (cf. Lc 1,78), Cristo nosso Deus. Amém.





2 de Dezembro de 2007: VISITA PASTORAL AO HOSPITAL ROMANO "SÃO JOÃO BAPTISTA" DA SOBERANA ORDEM MILITAR DE MALTA

21207
1º Domingo de Advento,


Queridos irmãos e irmãs!

"Vamos com alegria para a casa do Senhor". Estas palavras, que repetimos no refrão do Salmo responsorial, interpretam bem os sentimentos que ocupam o nosso coração hoje, primeiro domingo do Advento. A razão pela qual podemos ir em frente com alegria, como nos exortou a fazer o apóstolo Paulo, consiste no facto de que a nossa salvação já está próxima. O Senhor vem! Com esta consciência empreendemos o itinerário do Advento, preparando-nos para celebrar com fé o extraordinário acontecimento do Natal do Senhor. Durante as próximas semanas, dia após dia, a liturgia oferecerá à nossa reflexão textos do Antigo Testamento, que recordam aquele desejo vivo e constante que manteve desperta no povo judaico a expectativa da vinda do Messias. Vigilantes na oração, procuremos também nós preparar o nosso coração para acolher o Salvador que virá para nos mostrar a sua misericórdia e para nos doar a salvação.

Precisamente porque é tempo de expectativa, o Advento é tempo de esperança e à esperança cristã quis dedicar a minha segunda Encíclica apresentada anteontem oficialmente: ela começa com as palavras dirigidas por São Paulo aos cristãos de Roma: "Spe salvi facti sumus na esperança é que fomos salvos" (
Rm 8,24). Na Encíclica escrevo entre outras coisas que "precisamos das esperanças menores ou maiores que, dia após dia, nos mantêm a caminho. Mas sem a grande esperança, que deve superar tudo o resto, aquelas não bastam. Esta grande esperança só pode ser Deus, que abraça o universo e nos pode propor e dar aquilo que, sozinhos, não podemos conseguir" (n. ). A certeza de que só Deus pode ser a nossa firme esperança anime todos nós, reunidos esta manhã nesta casa na qual se luta contra a doença, amparados pela solidariedade. E gostaria de aproveitar a minha visita ao vosso hospital, dirigido pela Associação dos Cavaleiros Italianos da Soberana Ordem Militar de Malta, para entregar idealmente a Encíclica à comunidade cristã de Roma e, em particular, a todos os que, como vós, estão em contacto directo com o sofrimento e com a doença. Porque precisamente sofrendo como doentes precisamos da esperança, da certeza de que há um Deus que não nos abandona, que nos leva pela mão e nos acompanha com amor. É um texto que vos convido a aprofundar, para nele encontrar as razões daquela "esperança fidedigna, graças à qual podemos enfrentar o nosso tempo presente:... o presente, ainda que custoso" (n. ).

Queridos irmãos e irmãs, "o Deus da esperança que nos enche de toda a alegria e paz na fé pelo poder do Espírito Santo, esteja convosco!". Com estes votos que o sacerdote dirige à assembleia no início da Santa Missa, saúdo-vos cordialmente. Saúdo, em primeiro lugar, o Cardeal Vigário Camillo Ruini e o Cardeal Pio Laghi, Patrono da Soberana Ordem Militar de Malta, os Prelados e os sacerdotes presentes, os capelães e as irmãs que prestam aqui o seu serviço. Saúdo com deferência Sua Alteza Eminentíssima Fra Andrew Bertie, Príncipe e Grão-Mestre da Soberana Ordem Militar de Malta, ao qual agradeço os sentimentos expressos em nome da Direcção, do pessoal administrativo, dos médicos e dos enfermeiros e de quantos prestam de diversos modos a sua obra no hospital. Faço a minha saudação extensiva às distintas Autoridades, com um particular pensamento para o Director, assim como para o Representante dos doentes, aos quais transmito o meu agradecimento pelas palavras que me dirigiram no início da Celebração.

Mas a saudação mais afectuosa dirige-se a vós, queridos doentes e aos vossos familiares, que convosco partilham ansiedades e esperanças. O Papa está espiritualmente próximo de vós e garante-vos a sua oração quotidiana; convida-vos a encontrar em Jesus apoio e conforto e a nunca perder a confiança. A liturgia do Advento repetir-nos-á ao longo das próximas semanas que não nos cansemos de o invocar; exortar-nos-á a ir ao seu encontro, sabendo que ele próprio nos visita constantemente. Na prova e na doença Deus visita-nos misteriosamente e, se nos abandonarmos à sua vontade, podemos experimentar o poder do seu amor. Os hospitais e as casas de cura, precisamente porque habitados por pessoas provadas pelo sofrimento, podem tornar-se lugares privilegiados onde testemunhar o amor cristão que alimenta a esperança e suscita propósitos de solidariedade fraterna. Na Colecta rezámos assim: "Ó Deus, suscita em nós a vontade de ir ao encontro do teu Cristo que há-de vir com as boas acções". Sim! Abramos o coração a cada pessoa, especialmente se está em dificuldade, porque fazendo o bem a quantos estão em necessidade dispomo-nos para acolher Jesus que neles nos vem visitar.

É o que vós, queridos irmãos e irmãs, procurais fazer neste hospital onde no centro das preocupações de todos está o acolhimento amoroso e qualificado dos doentes, a tutela da sua dignidade e o compromisso de melhorar a sua qualidade de vida. A Igreja, através dos séculos, tornou-se particularmente "próxima" de quantos sofrem. Deste espírito se fez partícipe a vossa benemérita Soberana Ordem Militar de Malta, que desde o início se dedicou à assistência dos peregrinos na Terra Santa mediante um Hospício-Enfermaria. Enquanto perseguia a finalidade da defesa cristã, a Soberana Ordem de Malta prodigalizava-se para curar os doentes, especialmente os pobres e marginalizados. Testemunho deste amor fraterno é também este hospital que, tendo surgido nos anos 70 do século passado, se tornou hoje um presídio de alto nível tecnológico e uma casa de solidariedade, onde ao lado do pessoal médico trabalham com generosa dedicação numerosos voluntários.

Queridos Cavaleiros da Soberana Ordem Militar de Malta, queridos médicos, enfermeiros e todos vós que aqui trabalhais, sois chamados a prestar um importante serviço aos doentes e à sociedade, um serviço que exige abnegação e espírito de sacrifício. Em cada doente, quem quer que ele seja, sabei reconhecer e servir o próprio Cristo; fazei-lhe sentir, com os vossos gestos e palavras, os sinais do seu amor misericordioso. Para compreender bem esta "missão", procurai, como nos recorda São Paulo na segunda Leitura, "revestir as armas da luz" (Rm 13,12), que são a Palavra de Deus, os dons do Espírito, a graça dos Sacramentos, as virtudes teologais e cardeais; lutai contra o mal e abandonai o pecado que torna tenebrosa a nossa existência. No início de um novo ano litúrgico, renovemos os nossos bons propósitos de vida evangélica. "Já é hora de despertardes do sono" (Rm 13,11), exorta o Apóstolo; ou seja, é tempo de converter-se, de despertar do sono do pecado, para se predispor confiantes a acolher "o Senhor que há-de vir". Por isso, o Advento é tempo de oração e de expectativa vigilante.

À "vigilância", que aliás é a palavra-chave de todo este período litúrgico, exorta-nos a página evangélica há pouco proclamada: "Vigiai, pois, porque não sabeis em que dia virá o vosso Senhor" (Mt 24,42). Jesus, que no Natal veio entre nós e voltará glorioso no fim dos tempos, não se cansa de nos visitar no fim dos tempos, não se cansa de nos visitar continuamente, nos acontecimentos de cada dia. Pede-nos e admoesta-nos que o esperemos vigilantes, porque a sua vinda não pode ser programada ou prognosticada, mas será improvisa e imprevisível. Só quem vigia não é colhido de surpresa. Que não vos aconteça, adverte Ele, o que aconteceu no tempo de Noé, quando os homens comiam e bebiam despreocupados, e foram colhidos impreparados pelo dilúvio (cf. Mt 24,37-38). O que nos quer fazer compreender o Senhor com esta admoestação, a não ser que não nos devemos deixar absorver pelas realidades e preocupações materiais até ao ponto de ser por elas seduzidos? Devemos viver sob o olhar do Senhor, na convicção de que Ele se pode tornar presente todos os dias.

"Vigiai, pois... ". Escutemos o convite de Jesus no Evangelho e preparemo-nos para reviver com fé o mistério do nascimento do Redentor, que encheu o universo de alegria; preparemo-nos para acolher o Senhor no seu incessante vir ao nosso encontro nos acontecimentos da vida, na alegria e no sofrimento, na saúde e na doença; preparemo-nos para o encontrar na sua vinda última e definitiva. A sua passagem é sempre fonte de paz e, se o sofrimento, herança da natureza humana, se torna por vezes quase insuportável, com o advento do Salvador "o sofrimento sem deixar de o ser torna-se apesar de tudo canto de louvor" (Enc. Spe salvi, ). Confortados por esta palavra, prossigamos a Celebração eucarística, invocando sobre os doentes, seus familiares e sobre quantos trabalham neste hospital e sobre toda a Ordem dos Cavaleiros de Malta a protecção materna de Maria, Virgem da expectativa e da esperança, como também da alegria, que já está neste mundo, porque quando sentimos a proximidade de Cristo vivo há remédio para o sofrimento, já está presente a sua alegria. Amém.





Bento XVI Homilias 51107