Bento XVI Homilias 21207


Sexta-feira, 14 de Dezembro de 2007: SANTA MISSA DE SUFRÁGIO PELO CARDEAL ALFONS MARIA STICKLER

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Basílica Vaticana




Senhores Cardeais
Venerados Irmãos no Episcopado
e no Sacerdócio
Queridos Irmãos e Irmãs!

Reunidos em oração em volta dos seus despojos mortais, transmitamos ao querido Cardeal Alfons Maria Stickler a última saudação. Ele partilhou connosco muitos anos de trabalho na vinha do Senhor. Agora Deus chamou-o a Si após uma longa jornada terrena, para o acolher nos Seus braços paternos e misericordiosos. Enquanto nos estreitamos com afecto ao redor dos familiares, da Congregação salesiana na qual emitiu a primeira profissão a 15 de Agosto de 1928, e de todos os que o conheceram e estimaram, dirijamos confiantes o olhar para o Céu de onde nos vem a única luz que pode iluminar o mistério da vida e da morte. O tempo litúrgico do Advento, enquanto nos prepara para reviver o dom do Natal do Redentor, nos estimula também a projectar-nos com confiança para a sua última e definitiva vinda. Para este nosso irmão realizou-se a "bem-aventurada esperança" que, como repetimos todos os dias na celebração eucarística, aguardamos procurando viver na nossa peregrinação sobre a terra "livres do pecado e seguros de todas as inquietações".

O Apóstolo das Nações recordou-nos há pouco que se morrermos com Cristo, "também com Ele reviveremos; se perseverarmos, reinaremos com Ele, mas se O negarmos, Ele também nos negará" (
2Tm 2,11-12). O inteiro projecto de vida do cristão só pode ser modelado sobre Cristo; tudo com Ele, por Ele e n'Ele pela glória de Deus Pai. Porventura, não foi esta fundamental verdade que orientou a existência deste nosso irmão? Ele tinha escolhido como mote episcopal "Omnia et in omnibus Christus" e explicava, já no entardecer dos seus anos, como estas palavras tenham sido a guia de todas as suas escolhas e decisões. "Na base da minha actividade escreveu há alguns anos sempre esteve o ideal da fé e da vida cristã que está centrado em Cristo Redentor e depois Fundador da Igreja. Todos os meus esforços e estudos serviram para aprofundar sobretudo o saber religioso com plena fidelidade ao Papa". E acrescentou: "Como salesiano sigo três ideais que nos foram transmitidos por Dom Bosco: o amor pela Eucaristia, a devoção a Nossa Senhora e a fidelidade ao Santo Padre". Sabia bem que amar Cristo é amar a sua Igreja, que é sempre santa, como anota no testamento espiritual, "não obstante a nossa debilidade, às vezes escandalosa, de seus representantes e membros, no passado e no presente". Conhecia as contrariedades e os desafios com os quais os cristãos devem confrontar-se nesta nossa época, e concluia que somente um verdadeiro amor por Cristo pode torná-los corajosos e perseverantes na defesa das verdades da fé católica.

A este propósito, quantas vezes o Cardeal Alfons Maria Stickler terá lido e meditado a página evangélica que também hoje foi proclamada na nossa assembleia! O evangelista Mateus, que nos acompanhará ao longo de todo o ano litúrgico, nas oito bem-aventuranças colocadas na abertura do Sermão da Montanha, acrescenta outra: "Bem-aventurados sereis quando vos insultarem e perseguirem e, mentindo, disserem todo o género de calúnias contra vós, por Minha causa", e conclui: "Exultai e alegrai-vos, porque grande será a vossa recompensa nos Céus" (Mt 5,11-12). Todos nós, queridos irmãos e irmãs, que com o Baptismo fomos chamados a seguir e servir Jesus, sabemos que não podemos nem devemos esperar aplausos nem reconhecimentos nesta terra. A verdadeira recompensa do discípulo fiel está "nos céus": é o próprio Cristo. Jamais esqueçamos esta verdade! Não cedamos à tentação de procurar sucessos e apoios humanos mas sim contemos só e sempre com Aquele que veio ao mundo para nos salvar e sobre a cruz nos redimiu! Seja qual for o serviço que Deus nos chama a desempenhar na sua vinha, sempre seja animado por uma adesão humilde à sua vontade!

Assim, não obstante as fragilidades e debilidades, a orientação de toda a vicissitude humana do querido Cardeal Stickler emerge do seu testamento espiritual, onde escreveu: "Toda a minha vida foi um desígnio e uma realização superior, à qual eu não pude agir de outro modo com frequência nem com plena avaliação de causa a não ser consentir. Assim, toda a minha vida era e é obra da Divina Providência". Uma existência totalmente dedicada primeiro ao ensino e depois ao serviço à Santa Sé. Nascido em Neunkirchen, na Áustria inferior, a 23 de Agosto de 1910, Alfons Maria entrou jovem no noviciado da Congregação salesiana na Alemanha e, concluídos os estudos filosóficos e teológicos primeiro na Alemanha, depois na Áustria, e sucessivamente em Turim e Roma, foi ordenado Sacerdote há 70 anos, no dia 27 de Março de 1937 na Arquibasílica Lateranense. Ao completar o curso académico no Institutum Utriusque Iuris do Apollinare, começou a ensinar na Faculdade de Direito Canónico na Universidade Salesiana, em Turim e em Roma, para onde depois ela foi transferida. Nessa Universidade tornou-se, de 1953 a 1958, Decano da Faculdade de Direito Canónico e depois Magnífico Reitor (1958-1966) e Director do recém-fundado Institutum Altioris Latinitas até 1968. Foi para ele uma verdadeira surpresa a nomeação por parte do Servo de Deus Papa Paulo VI, em 1971, a Prefeito da Biblioteca Apostólica Vaticana, onde pôde desenvolver uma intensa actividade de estudo, da qual dão concreto testemunho vários volumes e ensaios de História do Direito canónico por ele editados. Participou de três Comissões do Concílio Vaticano II e foi Consultor de Congregações Romanas, membro da Comissão para o novo Código e do Pontifício Comité de Ciências Históricas, e também de muitas instituições culturais internacionais. A 8 de Setembro de 1983 foi chamado para ser pró-Bibliotecário da Santa Igreja Romana e a 1 de Novembro sucessivo, como observou no seu testamento, teve "em idade avançada a grande graça da plenitude do sacerdócio pelas mãos do próprio Santo Padre" João Paulo II, que no ano seguinte lhe confiou também o encargo de pró-Arquivista da Santa Igreja Romana e no dia 25 de Maio de 1985 quis condecorá-lo com a dignidade cardinalícia. Ao terminar o seu serviço activo à Santa Sé, este nosso amigo continuou a desempenhar a sua acção cultural e pastoral, ao mesmo tempo que se dedicava ainda mais à reflexão e à oração. Todos os dias, como fazia desde o primeiro ano de profissão religiosa, invocava o Espírito Santo com o hino Veni Sancte Spiritus, e por ele era persuadido de que se pôde ser útil em algo à Congregação e à Igreja "era devido ao Espírito Santo". Quarta-feira passada a morte introduziu-o no reino da paz e da luz eterna.

É o nosso fraterno desejo que possa agora gozar a merecida recompensa e contemplar o esplendor da Verdade eterna. Na primeira Leitura, o Profeta Daniel recordou que "os que tiverem sido sensatos resplandecerão como a luminosidade do firmamento e os que tiverem levado muitos aos caminhos da justiça brilharão como estrelas com um esplendor eterno" (Da 12,3). Que assim seja para este nosso estimado Irmão no sacerdócio e no episcopado! Que o acolha Maria Santíssima, sobre quem escreveu: "Nossa Senhora será no momento da minha morte a verdadeira mãe que doa o seu amor e a sua misericórdia também aos filhos menos fiéis". Que o acompanhem São João Bosco e os Santos e os Beatos salesianos. Nós, com afecto e reconhecimento, unimo-nos à invocação com a qual o Cardeal Stickler encerra o testamento espiritual: "Creio, espero, amo; perdoa a minha fraqueza na fé, na esperança e na caridade e conduz-me, ó Deus, ao reino do Teu amor. Amém".




16 de Dezembro de 2007: VISITA PASTORAL À PARÓQUIA ROMANA DE SANTA MARIA DO ROSÁRIO "AI MARTIRI PORTUENSI"

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III Domingo de Advento


Queridos irmãos e irmãs!

"Alegrai-vos sempre no Senhor, repito, alegrai-vos... O Senhor está perto" (
Ph 4,4-5). Com este convite à alegria tem início a antífona de entrada da Santa Missa neste terceiro domingo do Advento que, precisamente por isso é chamado domingo "Gaudete". Na verdade, todo o Advento é um convite a rejubilar porque "o Senhor vem", porque nos vem salvar. Ressoam confortadoras quase todos os dias, nestas semanas, as palavras do profeta Isaías dirigidas ao povo judeu exilado na Babilónia depois da destruição do templo de Jerusalém e desanimado por não saber se pode regressar à cidade santa em ruínas. "Mas aqueles que confiam no Senhor renovam as suas forças garante o profeta têm asas como águia, e voam velozmente, sem se cansar" (Is 40,31). [E ainda, "serão repletos de gozo e alegria, e deles fugirão a tristeza e os gemidos" (ibid. Is 35,10)]. A liturgia do Advento repete-nos constantemente que devemos despertar do sono dos hábitos e da mediocridade, devemos abandonar a tristeza e o desânimo; é preciso que fortaleçamos os nossos corações porque "o Senhor está próximo".

Hoje temos mais um motivo para nos alegrarmos, queridos irmãos da Paróquia de Santa Maria do Rosário "ai Martiri Portuensi", que é a dedicação da vossa igreja paroquial, que se encontra no mesmo lugar onde o meu amado predecessor, o Servo de Deus João Paulo II, a 8 de Novembro de 1998, celebrou a santa Missa por ocasião da sua visita pastoral à vossa comunidade. A solene liturgia da dedicação deste templo constitui uma ocasião de intenso júbilo espiritual para todo o Povo de Deus que vive neste bairro. Também eu me uno de bom grado à vossa alegria por terdes finalmente uma igreja acolhedora e funcional. O lugar em que ela foi construída recorda um passado de resplandecentes testemunhos cristãos. De facto, encontram-se precisamente aqui nas redondezas as catacumbas de Generosa, onde a tradição quer que tenham sido sepultados três irmãos Simplício, Faustino e Viatrice (Beatriz) vítimas da perseguição desencadeada no ano de 303, cujas relíquias são conservadas, em parte em Roma, na igreja de S. Nicolau "in Carcere" no Monte Savello, e em parte em Fulda, na Alemanha, cidade que desde o século VIII, graças a São Bonifácio que ali levou as relíquias, honra os Mártires Portuenses como seus co-Padroeiros. A este propósito, saúdo o representante do Bispo de Fulda, e também D. Carlo Liberati, Arcebispo-Prelado de Pompeia: Santuário mariano com que a vossa paróquia estabeleceu uma união espiritual.

A dedicação desta igreja paroquial adquire um significado verdadeiramente especial para vós que habitais neste bairro. Os jovens mártires que então morreram para dar testemunho a Cristo não são porventura um poderoso estímulo para vós, cristãos de hoje, a perseverar no seguimento fiel de Jesus Cristo? E a protecção da Virgem do Santo Rosário não vos pede acaso que sejais homens e mulheres de profunda fé e de oração como foi ela? Também hoje, embora de formas diversas, a mensagem salvífica de Cristo é contrastada e os cristãos, de outros modos mas não menos que outrora, são chamados a dizer a razão da sua esperança, a oferecer ao mundo o testemunho da Verdade do Único que salva e redime! Portanto, que esta nova igreja seja um espaço privilegiado para crescer no conhecimento e no amor d'Aquele que daqui a poucos dias acolheremos na alegria do seu Natal como Redentor do mundo e nosso Salvador.

Permiti agora que, aproveitando da dedicação desta nova bonita igreja, eu agradeça a quantos contribuíram para a construir. Sei quanto a Diocese de Roma se está a empenhar há já muitos anos para garantir a cada bairro de uma cidade em constante crescimento ambientes paroquiais adequados. Saúdo e agradeço, em primeiro lugar, ao Cardeal Vigário, e com ele ao Bispo Auxiliar Ernesto Mandara, Secretário da Obra Romana para a Preservação da Fé e para a Provisão de novas igrejas em Roma. Saúdo e agradeço em particular a vós, queridos paroquianos, que de vários modos vos comprometestes para a realização deste centro paroquial, que se vai juntar aos mais de cinquenta já activos graças ao notável esforço económico da Diocese, de tantos fiéis e cidadãos de boa vontade e à colaboração das instituições públicas. Neste domingo, que é precisamente dedicado ao apoio desta merecedora obra, peço a todos que prossigais neste compromisso com generosidade.

Gostaria depois de saudar o Bispo Auxiliar do Sector Oeste, D. Benedetto Tuzia, o vosso Pároco, Pe. Charles McCarthy, ao qual agradeço de coração as calorosas palavras que me quis dirigir no início da nossa solene celebração. Saúdo os sacerdotes seus colaboradores pertencentes à Fraternidade Sacerdotal dos Missionários de São Carlos Borromeu, à qual desde 1997 está confiado o cuidado pastoral desta paróquia, e representada aqui pelo Superior-Geral, Mons. Massimo Camisasca. Saúdo as Irmãs Oblatas do Divino Amor e as Missionárias de São Carlos que prestam com dedicação o seu serviço nesta comunidade, e todos os grupos de crianças, jovens, famílias e idosos que animam a vida da paróquia. Dirijo também uma saudação cordial aos vários movimentos eclesiais presentes, entre os quais a Juventude Ardente Mariana, Comunhão e Libertação, a Renovação Carismática Católica, a Fraternidade de Santa Maria dos Anjos e o grupo de voluntariado Santa Teresinha. Além disso, é-me grato encorajar quantos com a Cáritas paroquial procuram ir ao encontro das tantas exigências do bairro, sobretudo respondendo às expectativas dos mais pobres e necessitados. Por fim, saúdo as Autoridades presentes e as personalidades que quiseram participar nesta nossa assembleia litúrgica. Queridos amigos! Vivemos hoje um dia que coroa os esforços, as canseiras, os sacrifícios realizados e o compromisso das comunidades para se constituírem comunidade cristã madura, desejosa de ter um espaço reservado definitivamente ao culto de Deus. A hodierna celebração é rica como nunca de palavras e de símbolos que nos ajudam a compreender o valor profundo do que estamos a realizar. Portanto, colhamos brevemente o ensinamento que nos vem das leituras há pouco proclamadas.

A primeira leitura é tirada do profeta Neemias, um livro que nos narra a recomposição da comunidade judaica depois do exílio, depois da dispersão e da destruição de Jerusalém. É portanto o livro das novas origens de uma comunidade, e é cheio de esperança, mesmo se as dificuldades ainda são grandíssimas. No trecho acabado de ler estão no centro duas grandes figuras: um sacerdote, Esdras, e um leigo, Neemias, que são respectivamente a autoridade religiosa e a autoridade civil daquele tempo. O texto descreve o momento solene no qual se reconstitui oficialmente, depois da dispersão, a pequena comunidade judaica; é o momento da reproclamação pública da lei que é o fundamento de vida desta comunidade, e tudo se desenvolve num clima de grande intensidade espiritual. Alguns começam a chorar pela alegria de poder novamente, depois da tragédia da destruição de Jerusalém, ouvir em liberdade a palavra de Deus e recomeçar a história da salvação. E Neemias admoesta-os dizendo que aquele é um dia de festa e que, para ter força do Senhor, é preciso alegrar-se, expressar reconhecimento pelos dons de Deus. A palavra de Deus é força e alegria.

Não suscita também em nós, esta leitura veterotestamentária, muita emoção? Neste momento quantas recordações afluem à vossa mente! Quanta canseira para construir, ano após ano, a comunidade! Quantos sonhos, quantos projectos, quantas dificuldades! Mas agora é-nos dada a oportunidade de proclamar e ouvir a palavra de Deus numa bonita igreja, que favorece o recolhimento e suscita alegria, a alegria de saber que está presente não só a Palavra de Deus, mas o próprio Senhor; uma igreja que quer ser chamada constante a uma fé firme e ao compromisso de crescer como comunidade unida. Demos graças a Deus pelos seus dons e agradeçamos a todos os que foram artífices da construção desta igreja e da comunidade viva que nela se reúne.

Na segunda leitura, tirada do Apocalipse, é-nos narrada uma visão maravilhosa. O projecto de Deus para a sua Igreja e para toda a humanidade é uma cidade santa, Jerusalém, que desce do céu e resplandece de glória divina. O autor descreve-a como cidade maravilhosa, comparando-a às gemas mais preciosas, e por fim esclarece que ela se baseia na pessoa e na mensagem dos apóstolos. Ao dizer isto o evangelista João sugere-nos que a comunidade viva é a verdadeira nova Jerusalém, e que a comunidade viva é mais sagrada que o templo material que consagramos. E para construir este templo vivo, esta nova cidade de Deus nas nossas cidades, para construir este templo que sois vós são necessárias muitas orações, é preciso valorizar todas as oportunidades que oferecem a liturgia, a catequese, e as numerosas actividades pastorais, caritativas, missionárias e culturais que mantêm "jovem" a vossa promissora paróquia. A solicitude que demonstramos justamente pelo edifício material aspergindo-o com água benta, ungindo-o com óleo, espalhando incenso seja sinal e estímulo de uma solicitude mais intensa na defesa e promoção do templo das pessoas, por vós formado, queridos paroquianos.

Por fim, a página evangélica que acabamos de ouvir, narra este diálogo entre Jesus e os seus, em particular com Pedro: um diálogo todo centralizado na pessoa do Mestre divino. O povo intuiu nele alguma coisa; alguns pensam que é João Baptista redivivo, outros pensam que é Elias que regressou à terra, outros ainda que é o profeta Jeremias, em qualquer dos casos, para o povo ele pertence à categoria das grandes personalidades religiosas. Pedro, ao contrário, em nome dos discípulos que conhecem Jesus de perto, declara que Jesus é mais que um profeta, que uma grande personalidade religiosa da história: é o Messias é Cristo, o Filho do Deus vivo. E Cristo Senhor diz-lhe respondendo solenemente: Tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja. Pedro, o pobre homem com todas as suas debilidades e com a sua fé, torna-se a pedra, associado precisamente por esta sua fé em Jesus, é a rocha sobre a qual a Igreja está fundada. Desta forma, mais uma vez, vemos que é Jesus Cristo a verdadeira rocha indefectível sobre a qual se baseia a nossa fé, sobre a qual é construída toda a Igreja e assim também esta paróquia. E encontramos Jesus na escuta da Sagrada Escritura; está presente e faz-se nosso alimento na Eucaristia, vive na comunidade, na fé da comunidade paroquial. Portanto, tudo na igreja-edifício e na Igreja-comunidade fala de Jesus, tudo é relativo a Ele, tudo faz referência a Ele. E Jesus, o Senhor, reúne-nos na grande comunidade da Igreja de todos os tempos e de todos os lugares, em estreita comunhão com o Sucessor de Pedro como rocha da unidade. A acção dos Bispos e dos presbíteros, o compromisso apostólico e missionário de cada fiel é proclamar e testemunhar com as palavras e com a vida que Ele, o Filho de Deus feito homem, é o nosso único Salvador.

Pedimos a Jesus que guie a vossa comunidade e a faça crescer cada vez mais na fidelidade ao seu Evangelho; pedimos-lhe que suscite muitas e santas vocações sacerdotais, religiosas e missionárias; que torne todos os paroquianos disponíveis para seguir o exemplo dos santos Mártires Portuenses. Confiamos esta nossa oração nas mãos maternas de Maria, Rainha do Rosário. Que ela nos obtenha que se realize para nós, neste dia, a palavra conclusiva da primeira leitura: "A alegria do Senhor seja a nossa força" (cf. Ne 8,10). Só a alegria do Senhor e a força da fé n'Ele podem de facto tornar proveitoso o caminho da vossa paróquia. Assim seja!




25 de Dezembro de 2007: MISSA DA MEIA NOITE

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SOLENIDADE DO NATAL DO SENHOR

Basílica Vaticana





Amados irmãos e irmãs,

«Chegou o dia de Maria dar à luz, e teve o seu filho primogénito. Envolveu-O em panos e recostou-O numa manjedoura, por não terem lugar na hospedaria» (cf.
Lc 2,6-7). Estas frases não cessam de tocar os nossos corações. Chegou o momento que o Anjo tinha preanunciado em Nazaré: «Hás-de dar à luz um filho, ao qual porás o nome de Jesus. Ele será grande e chamar-Se-á Filho do Altíssimo» (cf. Lc 1,31-32). Chegou o momento que Israel aguardava há muitos séculos, durante tantas horas sombrias – o momento de algum modo esperado por toda a humanidade, ainda que sob figuras confusas: que Deus viesse cuidar de nós, que saísse do seu esconderijo, que o mundo fosse salvo e tudo se renovasse. Podemos imaginar com quanto cuidado interior, com quanto amor Se preparou Maria para aquela hora. A breve anotação «envolveu-O em panos» deixa-nos intuir algo da santa alegria e do zelo silencioso de tal preparação. Estavam prontos os panos, para que o Menino pudesse ser bem acolhido. Na hospedaria, porém, não havia lugar. De algum modo a humanidade espera Deus, a sua proximidade. Mas quando chega o momento, não tem lugar para Ele. Está tão ocupada consigo mesma, sente necessidade tão imperiosa de todo o espaço e de todo o tempo para as próprias coisas, que não resta nada para o outro: para o próximo, para o pobre, para Deus. E quanto mais ricos se tornam os homens, tanto mais preenchem tudo de si mesmos. Tanto menos pode entrar o outro.

João, no seu Evangelho, fixando-se no essencial, aprofundou a breve notícia de São Lucas sobre a situação de Belém: «Veio para o que era Seu, e os Seus não O acolheram» (Jn 1,11). Isto aplica-se antes de mais a Belém: o Filho de David vem à sua cidade, mas tem de nascer num curral, porque, na hospedaria, não há lugar para Ele. Aplica-se depois a Israel: o enviado chega junto dos Seus, mas não O querem. Na realidade aplica-se à humanidade inteira: Aquele por Quem o mundo foi feito, o Verbo criador primordial entra no mundo, mas não é ouvido, não é acolhido.

Em última análise, estas palavras aplicam-se a nós, a cada individuo e à sociedade no seu todo. Temos nós tempo para o próximo que necessita da nossa, da minha palavra, do meu afecto? Para o doente que precisa de ajuda? Para o prófugo ou o refugiado que procura asilo? Temos nós tempo e espaço para Deus? Pode Ele entrar na nossa vida? Encontra um espaço em nós, ou temos todos os espaços do nosso pensamento, da nossa acção, da nossa vida ocupados para nós mesmos?

Graças a Deus, a notícia negativa não é a única, nem a última que encontramos no Evangelho. Tal como encontramos em Lucas o amor de Maria, a mãe, e a fidelidade de São José, a vigilância dos pastores e a sua grande alegria, tal como encontramos em Mateus a visita dos doutos Magos, vindos de longe, assim também João nos diz: «Mas, a quantos O receberam, deu-lhes poder de se tornarem filhos de Deus» (Jn 1,12). Existem aqueles que O acolhem e deste modo, a começar do curral, do exterior, cresce silenciosamente a nova casa, a nova cidade, o novo mundo. A mensagem de Natal leva-nos a reconhecer a escuridão dum mundo fechado, e deste modo clarifica sem dúvida uma realidade que vemos diariamente. Mas isto diz-nos também que Deus não Se deixa fechar fora. Ele encontra um espaço, entrando nem que seja para o curral; existem homens que vêem a sua luz e a transmitem. Através da palavra do Evangelho, o Anjo fala-nos também a nós, e, na liturgia sagrada, a luz do Redentor entra na nossa vida. Quer sejamos pastores quer sejamos sábios, a luz e a sua mensagem convida-nos para nos pormos a caminho, sairmos da mesquinhez dos nossos desejos e interesses a fim de irmos ao encontro do Senhor e adorá-Lo. Adoramo-Lo abrindo o mundo à verdade, ao bem, a Cristo, ao serviço de quantos vivem marginalizados e nos quais Ele nos espera.

Nalgumas representações natalícias da Baixa Idade Média e princípios da Idade Moderna, o curral aparece como um palácio arruinado. Ainda se pode reconhecer a grandeza de outrora, mas agora foi à ruína, as paredes caíram: tornou-se, isso mesmo, um curral. Embora não tendo qualquer base histórica, esta interpretação, no seu aspecto metafórico, exprime contudo algo da verdade que se encerra no mistério do Natal. O trono de David, para o qual estava prometida uma duração eterna, encontra-se vazio. Outros dominam sobre a Terra Santa. José, o descendente de David, é um simples artesão; na realidade, o palácio tornou-se uma cabana. O próprio David começara por ser pastor. Quando Samuel o procurou para a unção, parecia impossível e absurdo que semelhante jovem-pastor pudesse tornar-se o portador da promessa de Israel. No curral de Belém, lá precisamente onde se verificara o ponto de partida, recomeça a realeza davídica de maneira nova: naquele Menino envolvido em panos e recostado numa manjedoura. O novo trono, donde este David atrairá a Si o mundo, é a Cruz. O novo trono – a Cruz – é o termo correlativo ao novo início no curral. Mas é assim mesmo que se constrói o verdadeiro palácio davídico, a verdadeira realeza. Este novo palácio é muito diverso do modo como os homens imaginam um palácio e o poder real: é a comunidade daqueles que se deixam atrair pelo amor de Cristo e, com Ele, se tornam um só corpo, uma humanidade nova. O poder que provém da Cruz, o poder da bondade que se dá: tal é a verdadeira realeza. O curral torna-se palácio: é precisamente a partir deste início que Jesus edifica a grande comunidade nova, cuja palavra-chave os Anjos cantam na hora do seu nascimento: «Glória a Deus nas alturas, e paz na terra aos homens que Ele ama», ou seja, homens que depõem a sua vontade na d’Ele, tornando-se assim homens de Deus, homens novos, mundo novo.

Gregório de Nissa, nas suas homilias natalícias, desenvolveu a mesma ideia a partir da mensagem de Natal do Evangelho de João: «Levantou a sua tenda no meio de nós» (Jn 1,14). Gregório aplica esta imagem da tenda ao nosso corpo, que ficou como tenda consumida e frágil; exposto por todo o lado à dor e ao sofrimento. E aplica-a ao universo inteiro lacerado e desfigurado pelo pecado. E que diria ele, se tivesse visto as condições em que hoje se encontra a terra por causa do abuso das energias e da sua exploração egoísta e sem respeito algum? Uma vez, de maneira quase profética, Anselmo de Cantuária descreveu antecipadamente aquilo que vemos hoje num mundo inquinado e ameaçado no seu futuro: «Tudo estava como que morto, tinha perdido a dignidade para que tinha sido feito, ou seja, para servir aqueles que louvam a Deus. Os elementos do mundo estavam oprimidos, tinham perdido o seu esplendor por causa do abuso de quantos os tornavam servos dos seus ídolos, para o quais não tinham sido criados» (PL 158, 955s). Assim, retomando a perspectiva de Gregório, o curral na mensagem de Natal representa a terra maltratada. Cristo não reconstrói um palácio qualquer. Veio para restituir à criação, ao universo a sua beleza e dignidade: é isto que tem início no Natal e faz rejubilar os Anjos. A terra é posta de novo em ordem pelo facto de ser aberta a Deus, de obter novamente a sua verdadeira luz, e, na sintonia entre querer humano e querer divino, na unificação das alturas com a realidade cá de baixo, recupera a sua beleza, a sua dignidade. Deste modo, o Natal é uma festa da criação reconstruída. É a partir deste contexto que os Padres interpretam o canto dos Anjos na Noite santa: é a expressão da alegria pelo facto de as alturas e a realidade cá de baixo, céu e terra se encontrarem novamente unidos; de o homem estar de novo unido a Deus. Segundo os Padres, faz parte do canto natalício dos Anjos que, agora, Anjos e homens possam cantar juntos e que, deste modo, a beleza do universo se exprima na beleza do canto de louvor. O canto litúrgico – sempre segundo os Padres – possui uma dignidade própria particular pelo facto de ser um cantar juntamente com os coros celestes. É o encontro com Jesus Cristo que nos torna capazes de ouvir o canto dos Anjos, criando assim a verdadeira música que decai quando perdemos este “cantar-com” e “ouvir-com”.

No curral de Belém, tocam-se céu e terra. O céu veio à terra. Por isso, de lá emana uma luz para todos os tempos; por isso lá se acende a alegria; por isso lá nasce o canto. Quero, no termo da nossa meditação natalícia, citar uma singular afirmação de Santo Agostinho. Ao interpretar a invocação da Oração do Senhor «Pai Nosso que estais nos céus», ele interroga-se: O que é isto, o céu? E onde é o céu? Segue-se uma resposta surpreendente: «…que estais nos céus – isto significa: nos santos e nos justos. Temos, é verdade, os céus, os corpos mais elevados do universo, mas sempre corpos são, os quais não podem estar senão num lugar. Na realidade, se se acreditasse que o lugar de Deus seria nos céus enquanto as partes mais altas do mundo, então as aves seriam mais felizardas do que nós, porque viveriam mais perto de Deus. Ora não está escrito: “O Senhor está perto de quantos habitam nas alturas ou nas montanhas”, mas sim “O Senhor está perto dos contritos de coração” (Ps 34,19/33, 19), expressão esta que se refere à humildade. Do mesmo modo que o pecador é chamado “terra”, por contraposição também o justo pode ser chamado “céu”» (Serm. in monte II 5, 17). O céu não pertence à geografia do espaço, mas à geografia do coração. E o coração de Deus, na Noite santa, inclinou-Se até ao curral: a humildade de Deus é o céu. E se formos ao encontro desta humildade, então tocamos o céu. Então a própria terra se torna nova. Com a humildade dos pastores, ponhamo-nos a caminho, nesta Noite santa, até junto do Menino no curral! Toquemos a humildade de Deus, o coração de Deus! Então a sua alegria tocar-nos-á a nós e tornará mais luminoso o mundo. Amen.




Segunda-feira, 31 de Dezembro: PRIMEIRAS VÉSPERAS DA SOLENIDADE DE MARIA SANTÍSSIMA MÃE DE DEUS E RECITAÇÃO DO "TE DEUM"

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Prezados irmãos e irmãs

Também neste ano, já na sua iminente conclusão, estamos reunidos na Basílica Vaticana para celebrar as primeiras Vésperas da Solenidade de Maria Santíssima, Mãe de Deus. A liturgia faz coincidir esta significativa festividade mariana com o final e o início do ano solar. À contemplação do mistério da maternidade divina une-se, por conseguinte, o cântico da nossa acção de graças pelo ano de 2007 que termina e pelo ano de 2008 que já vislumbramos. O tempo transcorre e a sua passagem inexorável leva-nos a dirigir o olhar com íntimo reconhecimento Àquele que é eterno, ao Senhor do tempo. Queridos irmãos e irmãs, demos-lhe graças em conjunto, em nome de toda a Comunidade diocesana de Roma. Transmito a minha saudação a cada um de vós. Em primeiro lugar, saúdo o Cardeal Vigário, os Bispos Auxiliares, os sacerdotes e as pessoas consagradas, assim como os numerosos fiéis leigos aqui congregados. Saúdo o Senhor Presidente da Câmara Municipal e as Autoridades presentes, enquanto torno o meu pensamento extensivo a toda a população de Roma e, de maneira especial, a quantos vivem em condições de dificuldade e de privação. Asseguro a todos a minha proximidade cordial, corroborada por uma lembrança constante na oração.

Na breve leitura que acabamos de ouvir, tirada da Carta aos Gálatas, falando sobre a libertação do homem realizada por Deus mediante o mistério da Encarnação, São Paulo refere-se de maneira discreta Àquela por meio de quem o Filho de Deus entrou no mundo: "Quando chegou a plenitude do tempo escreve ele Deus enviou o seu Filho, nascido de uma mulher" (
Ga 4,4). Nesta "mulher", a Igreja contempla os lineamentos de Maria de Nazaré, mulher singular porque é chamada a cumprir uma missão que a coloca numa relação profundamente estreita com Cristo: aliás, uma relação absolutamente única, porque Maria é a Mãe do Salvador. No entanto, com igual evidência podemos e devemos afirmar que Ela é também a nossa Mãe porque, vivendo a sua singularíssima relação materna com o Filho, compartilhou a sua missão por nós e pela salvação de todos os homens. Contemplando-a, a Igreja vislumbra nela os traços da sua própria fisionomia: Maria vive a fé e a caridade; Maria é uma criatura, também Ela salva pelo único Salvador; Maria colabora na iniciativa de salvação de toda a humanidade. Deste modo, Maria constitui para a Igreja a sua imagem mais genuína: Aquela em quem a Comunidade eclesial deve descobrir continuamente o sentido autêntico da sua vocação e do seu próprio mistério.

Sucessivamente, este breve mas intenso trecho paulino tem continuidade, mostrando como o facto do Filho ter assumido a natureza humana abriu a perspectiva de uma mudança radical da própria condição do homem. Ali, afirma-se que "Deus enviou o seu Filho... para resgatar aqueles que se encontravam sob o domínio da Lei, a fim de recebermos a adopção de filhos" (Ga 4,4-5). O Verbo encarnado transforma a existência humana a partir de dentro, comunicando-nos o seu ser Filho do Pai. Ele fez-se como nós, para nos fazer como Ele: filhos no Filho, portanto, homens livres da lei do pecado. Não é este porventura um motivo fundamental para elevar a Deus a nossa acção de graças? Uma acção de graças que não pode deixar de ser ainda mais motivada no final de um ano, considerando os numerosos benefícios e a sua assistência constante que pudemos experimentar no arco dos doze meses transcorridos. Eis por que motivo nesta noite cada uma das comunidades cristãs se reúne e entoa o cântico do Te Deum, tradicional hino de louvor e de acção de graças à Santíssima Trindade. Assim faremos também nós, no encerramento deste nosso encontro litúrgico, diante do Santíssimo Sacramento.

Cantando, havemos de rezar: "Te ergo, quaesumus, tuis famulis subveni, quos pretioso sanguine redemisti Socorrei os vossos filhos, nós vos suplicamos ó Senhor, que redimistes com o vosso sangue precioso". Hoje à noite, esta é a nossa oração: Socorrei, ó Senhor, com a vossa misericórdia os habitantes da nossa Cidade em que, assim como alhures, graves carências e pobrezas pesam sobre a vida das pessoas e das famílias, impedindo-as de olhar para o futuro com confiança; não poucos, sobretudo os jovens, são atraídos por uma falsa exaltação, ou melhor, pela profanação do corpo e pela banalização da sexualidade; além disso, como enumerar os múltiplos desafios que, ligados ao consumismo e ao secularismo, interpelam os fiéis e os homens de boa vontade? Para dizer tudo com uma palavra, também em Roma se sente aquele défice de esperança e de confiança na vida, que constitui o mal "obscuro" da sociedade ocidental moderna.

No entanto, se as deficiências são evidentes, contudo não faltam luzes nem motivos de esperança, sobre os quais implorar a especial bênção divina. Precisamente nesta perspectiva, quando entoarmos o Te Deum, rezaremos: "Salvum fac populum tuum, Domine, et benedic hereditati tuae Salvai o vosso povo, ó Senhor, olhai e protegei os vossos filhos que constituem a vossa herança". Ó Senhor, olhai e protegei de maneira particular a comunidade diocesana comprometida com vigor crescente nas fronteiras da educação, para responder àquela grande "emergência educativa" sobre a qual pude discorrer no dia 11 do passado mês de Junho, encontrando-me com os participantes no Congresso diocesano, ou seja, a dificuldade que se sente na transmissão às novas gerações dos valores-base da existência e de um comportamento recto (cf. ed. quot. de L'Osservatore Romano de 13 de Junho de 2007, pág. 4). Sem clamores e com confiança paciente, procuremos fazer face a esta emergência, acima de tudo no âmbito da família; e, indubitavelmente, é confortador constatar que o trabalho empreendido ao longo destes últimos anos por parte das paróquias, dos movimentos e das associações para a pastoral da família continua a desenvolver-se e a produzir os seus frutos.

Ó Senhor, protegei igualmente as iniciativas missionárias que interpelam o mundo juvenil: elas estão a aumentar e vêem um número já relevante de jovens assumir pessoalmente a responsabilidade e a alegria do anúncio e do testemunho do Evangelho. Neste contexto, como deixar de dar graças a Deus pelo precioso serviço pastoral oferecido ao mundo pelas Universidades romanas? Apesar das não poucas dificuldades, é oportuno dar início a algo de semelhante, inclusivamente no âmbito das escolas.

Abençoai, ó Senhor, os numerosos jovens e adultos que, ao longo das últimas décadas, se consagraram ao sacerdócio para a Diocese de Roma: actualmente, vinte e oito diáconos aguardam a Ordenação presbiteral, prevista para o próximo mês de Abril. Deste modo, rejuvenesce a idade média do clero e é possível enfrentar o incremento das necessidades pastorais, mas também ir ao encontro de outras dioceses. De maneira especial nas periferias, aumenta a necessidade de novos centros paroquiais, embora actualmente haja oito deles em fase de construção depois que eu mesmo, recentemente, tive o prazer de consagrar o último daqueles que já tinham sido concluídos: a Paróquia de Santa Maria do Rosário dos Mártires Portuenses. É bonito sentir intimamente o júbilo e a gratidão dos habitantes de um bairro, que entram pela primeira vez na sua nova igreja.

"In te, Domine, speravi: non confundar in aeternum Senhor, Vós sois a nossa esperança, não ficaremos confundidos para sempre". O hino majestoso do Te Deum termina com este brado de fé, de total confiança em Deus, com esta solene proclamação da nossa esperança. Cristo é a nossa esperança "confiável", e foi a este tema que consagrei a recente Carta Encíclica intitulada Spe salvi. No entanto, a nossa esperança é sempre, de maneira essencial, também esperança para os outros, e somente assim ela constitui verdadeiramente uma esperança também para cada um de nós (cf. n. ).

Estimados irmãos e irmãs da Igreja de Roma, peçamos ao Senhor que faça de cada um de nós um autêntico fermento de esperança nos vários ambientes, a fim de que se possa construir um porvir melhor para a cidade inteira. Estes são os meus bons votos para todos, na véspera de um novo ano, bons votos estes que confio à intercessão maternal de Maria, Mãe de Deus e Estrela da Esperança.

Amém!







Bento XVI Homilias 21207