Bento XVI Homilias 19108


Domingo, 26 de Outubro de 2008: CAPELA PAPAL NA CONCLUSÃO DA XII ASSEMBLEIA GERAL ORDINÁRIA DO SÍNODO DOS BISPOS

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Basílica Vaticana



Irmãos no Episcopado e no Sacerdócio
Queridos irmãos e irmãs!

A Palavra do Senhor, que há pouco ressoou no Evangelho, recordou-nos que no amor se resume toda a Lei divina. O Evangelista Mateus narra que os fariseus, depois de Jesus ter respondido aos saduceus fechando-lhes a boca, reuniram-se para o pôr à prova (cf.
Mt 22,34-35). Um destes, um doutor da lei, perguntou-lhe: Mestre, na Lei, qual é o grande mandamento?" (Mt 22,36). A pergunta deixa transparecer a preocupação, presente na antiga tradição judaica, de encontrar um princípio unificador das várias formulações da vontade de Deus. Era uma pergunta difícil, considerando que na Lei de Moisés são contemplados 613 preceitos e proibições. Como discernir, entre todos eles, o maior? Mas Jesus não hesita, e responde imediatamente: "Amarás ao Senhor teu Deus com todo o teu coração, com toda a tua alma e com toda a tua mente. É este o maior e o primeiro mandamento" (Mt 22,37-38). Na sua resposta, Jesus cita o Shemá, a oração que o israelita piedoso recita várias vezes ao dia, sobretudo de manhã e à tarde (cf. Dt 6,4-9 Dt 11,13-21 Nb 15,37-41): a proclamação do amor íntegro e total devido a Deus, como único Senhor. O realce é dado à totalidade desta dedicação a Deus, enumerando as três características que definem o homem nas suas estruturas psicológicas profundas: coração, alma e mente. A palavra mente, diánoia, contém o elemento racional. Deus não é apenas objecto do amor, do compromisso, da vontade e do sentimento, mas também do intelecto, que portanto não deve ser excluído deste âmbito. É precisamente o nosso pensamento que se deve conformar com o pensamento de Deus. Mas depois Jesus acrescenta algo que, na realidade, não tinha sido perguntado pelo doutor da lei: "O segundo é semelhante ao primeiro: amarás o teu próximo como a ti mesmo" (Mt 22,39). O aspecto surpreendente da resposta de Jesus consiste no facto de que Ele estabelece uma relação de semelhança entre o primeiro e o segundo mandamento, definido também esta vez com uma fórmula bíblica tirada do código levítico de santidade (cf. Lv 19,18). E eis portanto que na conclusão do trecho os dois mandamentos são associados no papel de princípio-base no qual se baseia toda a Revelação bíblica: "Destes dois mandamentos dependem toda a Lei e os Profetas" (Mt 22,40).

A página evangélica sobre a qual estamos a meditar realça que ser discípulos de Cristo significa pôr em prática os seus ensinamentos, que se resumem no primeiro e maior mandamento da Lei divina, o mandamento do amor. Também a primeira Leitura, tirada do Livro do Êxodo, insiste sobre o dever do amor; um amor testemunhado concretamente nas relações entre as pessoas: devem ser relações de respeito, de colaboração, de ajuda generosa. O próximo a ser amado é também o estrangeiro, o órfão, a viúva e o indigente, aqueles cidadãos que não têm "defensor" algum. O autor sagrado desce a pormenores específicos, como no caso do objecto dado em penhor por um destes pobres (cf. Ex 20,25-26). Neste caso é o próprio Deus que faz de fiador na situação deste próximo.

Na segunda Leitura podemos ver uma aplicação concreta do máximo mandamento do amor numa das primeiras comunidades cristãs. São Paulo escreve aos Tessalonicenses, fazendo-lhes compreender que, apesar de os conhecer há pouco tempo, os aprecia e sente por eles afecto. Por isso indica-os como um "modelo para todos os crentes da Macedónia e da Acaia" (1Th 1,6-7). Não faltam certamente debilidades e dificuldades naquela comunidade fundada recentemente, mas é o amor que tudo supera, tudo renova, tudo vence: o amor de quem, consciente dos próprios limites, segue docilmente as palavras de Cristo, Mestre divino, transmitidas através de um seu fiel discípulo. "Vós vos tornastes imitadores nossos e do Senhor escreve São Paulo acolhendo a Palavra com a alegria do Espírito Santo, apesar das numerosas tribulações". "Partindo de vós, se divulgou a Palavra do Senhor, não apenas pela Macedónia e Acaia, mas propagou-se por toda a parte a fé que tendes em Deus" (1Th 1,6-8). Os ensinamentos que tiramos da experiência dos Tessalonicenses, experiência que na verdade irmana qualquer comunidade cristã autêntica, é que o amor pelo próximo nasce da escuta dócil da Palavra divina. É um amor que aceita também provações duras pela verdade da palavra divina e precisamente assim o verdadeiro amor cresce e a verdade resplandece em todo o seu esplendor. Como é então importante ouvir a Palavra e encarná-la na existência pessoal e comunitária!

Nesta celebração eucarística, que encerra os trabalhos sinodais, sentimos de modo singular o vínculo que existe entre a escuta amorosa da Palavra de Deus e o serviço abnegado aos irmãos. Quantas vezes, nos dias passados, sentimos experiências e reflexões que ressaltam a necessidade hoje emergente de uma escuta mais íntima de Deus, de um conhecimento mais verdadeiro da sua Palavra de salvação; de uma partilha mais sincera da fé que se alimenta constantemente na mesa da Palavra divina! Queridos e venerados Irmãos, obrigado pela contribuição que cada um de vós ofereceu ao aprofundamento do tema do Sínodo: "A Palavra de Deus na vida e na missão da Igreja". Saúdo-vos a todos com afecto: Dirijo uma saudação especial aos Senhores Cardeais Presidentes delegados do Sínodo e ao Secretário-Geral, ao qual agradeço a constante dedicação. Saúdo-vos a vós, queridos irmãos e irmãs, que viestes de todos os continentes trazendo a vossa experiência enriquecedora. Regressando a casa, transmiti a todos a saudação afectuosa do Bispo de Roma. Saúdo os Delegados fraternos, os Peritos, os Auditores e os Convidados especiais: os membros da Secretaria Geral do Sínodo, quantos se ocuparam das relações com a imprensa. Dirijo um pensamento especial aos Bispos da China Continental, que não puderam ser representados nesta Assembleia sinodal. Desejo fazer-me aqui intérprete e dar graças a Deus, do seu amor a Cristo, da sua comunhão com a Igreja universal e da sua fidelidade ao Sucessor do Apóstolo Pedro. Eles estão presentes na nossa oração, juntamente com todos os fiéis que estão confiados aos seus cuidados pastorais. Pedimos ao "Pastor supremo do rebanho" (1P 5,4) para que lhes dê alegria, força e zelo apostólico para guiar com sabedoria e com clarividência a comunidade católicanaChina, que nos é tão querida.

Todos nós, que participámos nos trabalhos sinodais, levamos connosco a consciência renovada que a tarefa prioritária da Igreja, no início deste novo milénio, é antes de tudo alimentar-se da Palavra de Deus, para tornar eficaz o compromisso da nova evangelização, do anúncio nos nossos tempos. Agora é necessário que esta experiência eclesial seja levada a todas as comunidades; é necessário que se compreenda a necessidade de traduzir em gestos de amor a palavra ouvida, porque só assim se torna credível o anúncio do Evangelho, apesar das fragilidades humanas que marcam as pessoas. Isto exige em primeiro lugar um conhecimento mais íntimo de Cristo e uma escuta sempre dócil da sua palavra.

Neste Ano Paulino, fazendo nossas as palavras do Apóstolo: "ai de mim se não evangelizar" (1Co 9,16), faço votos de coração para que em cada comunidade se sinta mais forte a convicção deste anseio de Paulo como vocação ao serviço do Evangelho para o mundo. Recordei no início dos trabalhos sinodais o apelo de Jesus: "a messe é grande" (Mt 9,37), apelo ao qual nunca nos devemos cansar de responder apesar das dificuldades que podemos encontrar. Muitas pessoas estão em busca, por vezes até sem se dar conta, do encontro com Cristo e com o seu Evangelho; muitos têm necessidade de reencontrar n'Ele o sentido da sua vida. Dar testemunho claro e partilhado de uma vida segundo a Palavra de Deus, confirmada por Jesus, torna-se portanto um critério indispensável para verificar a missão da Igreja.

As leituras que a liturgia oferece hoje à nossa meditação recordam-nos que a plenitude da Lei, como de todas as Escrituras divinas, é o amor. Portanto quem pensa que compreendeu as Escrituras, ou pelo menos uma parte delas, sem se comprometer a construir, mediante a sua inteligência, o dúplice amor de Deus e do próximo, na realidade demonstra que ainda está longe de ter compreendido o seu sentido profundo. Mas como pôr em prática este mandamento, como viver o amor de Deus e dos irmãos sem um contacto vivo e intenso com as Sagradas Escrituras? O Concílio Vaticano II afirma que "é necessário que os fiéis tenham amplo acesso à Sagrada Escritura" (Const. Dei Verbum DV 22), para que as pessoas, encontrando a verdade, possam crescer no amor autêntico. Trata-se de uma exigência hoje indispensável para a evangelização. E dado que com frequência o encontro com a Escritura corre o risco de não ser "um facto" de Igreja, mas exposto ao subjectivismo e à arbitrariedade, torna-se indispensável uma promoção pastoral robusta e crível do conhecimento da Sagrada Escritura, para anunciar, celebrar e viver a Palavra na comunidade cristã, dialogando com as culturas do nosso tempo, pondo-se ao serviço da verdade e não das ideologias actuais e fomentando o diálogo que Deus quer ter com todos os homens (cf. ibid., DV 21). Para esta finalidade deve ser dada a máxima atenção à preparação dos pastores, destinados depois à necessária acção de difundir a prática bíblica com subsídios oportunos. Devem ser encorajados os esforços em acto para suscitar o movimento bíblico entre os leigos, a formação dos animadores de grupos, com particular atenção aos jovens. Deve ser apoiado o esforço de fazer conhecer a fé através da Palavra de Deus também a quem está "afastado" e sobretudo a quantos estão em busca sincera do sentido da vida.

Deveriam ser acrescentadas muitas outras reflexões, mas limito-me a ressaltar por fim que o lugar privilegiado no qual ressoa a Palavra de Deus, que edifica a Igreja, como foi dito tantas vezes no Sínodo, é sem dúvida a liturgia. Nela sobressai que a Bíblia é o livro de um povo e para um povo; uma herança, um testamento entregue aos leitores, para que actualizem na sua vida a história da salvação testemunhada por escrito. Há portanto uma relação de recíproca pertença vital entre povo e Livro: a Bíblia permanece um Livro vivo com o povo, seu sujeito, que o lê; o povo não subsiste sem o Livro, porque nele se encontra a sua razão de ser, a sua vocação, a sua identidade. Esta pertença recíproca entre povo e Sagrada Escritura é celebrada em cada assembleia litúrgica, a qual, graças ao Espírito Santo, ouve Cristo, porque é Ele quem fala quando na Igreja se lê a Escritura e se acolhe a aliança que Deus renova com o seu povo. Portanto, Escritura e liturgia convergem no único fim de levar o povo ao diálogo com o Senhor e à obediência à vontade do Senhor. A Palavra que saiu da boca de Deus e testemunhada nas Escrituras volta para Ele em forma de resposta orante, de resposta vivida, de resposta que brota do amor (cf. Is 55,10-11).

Amados irmãos e irmãs, rezemos a fim de que da escuta renovada da Palavra de Deus, sob a acção do Espírito Santo, possa brotar uma autêntica renovação na Igreja universal e em cada comunidade cristã. Confiamos os frutos desta Assembleia sinodal à materna intercessão da Virgem Maria. A ela confio também a II Assembleia Especial do Sínodo para a África, que terá lugar em Roma em Outubro do próximo ano. É minha intenção ir no próximo mês de Março aos Camarões para entregar aos representantes das Conferências Episcopais da África o Instrumentum laboris dessa Assembleia sinodal. De lá, prosseguirei para Angola, para homenagear a uma das Igrejas sub-saharianas mais antigas. Maria Santíssima, que ofereceu a sua vida como "serva do Senhor", para que tudo se cumprisse em conformidade com a vontade divina (cf. Lc 1,38) e que exortou a fazer tudo quanto Jesus dissesse (cf. Jn 2,5), nos ensine a reconhecer na nossa vida a primazia da Palavra, a única que pode dar a salvação. Assim seja!





Segunda-feira, 3 de Novembro de 2008: SANTA MISSA EM SUFRÁGIO PELOS CARDEAIS E BISPOS FALECIDOS DURANTE O ÚLTIMO ANO

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Basílica Vaticana





Senhores Cardeais
Venerados Irmãos
no Episcopado e no Sacerdócio
Caros irmãos e irmãs

No dia seguinte à comemoração litúrgica de todos os fiéis defuntos, reunimo-nos no dia de hoje, segundo uma bonita tradição, para celebrar o Sacrifício eucarístico em sufrágio pelos nossos Irmãos Cardeais e Bispos que deixaram este mundo durante o último ano. A nossa oração é animada e confortada pelo mistério da comunhão dos santos, mistério este que nos dias passados pudemos contemplar novamente, com a intenção de o compreender, acolher e viver cada vez mais intensamente.

Nesta comunhão recordamos com grande afecto os Senhores Cardeais Stephen Fumio Hamao, Alfons Maria Stickler, Aloísio Lorscheider, Peter Porekuu Dery, Adolfo Antonio Suárez Rivera, Ernesto Corripio Ahumada, Alfonso López Trujillo, Bernardin Gantin, Antonio Innocenti e Antonio José González Zumárraga. Nós acreditamos e sentimos que eles estão vivos no Deus dos vivos. E juntamente com eles recordamos também cada um dos Arcebispos e Bispos que nos últimos doze meses passaram deste mundo para a Casa do Pai. Nós desejamos rezar por todos, deixando-nos assim iluminar na mente e no coração pela Palavra de Deus, que acabamos de ouvir.

A primeira leitura um trecho do Livro da Sabedoria (cf.
Sg 4,7-15) recordou-nos que a verdadeira velhice veneranda não é somente a idade avançada, mas a sabedoria e uma existência pura, sem malícia. E se o Senhor chama para si um justo antes do tempo, é porque tem um desígnio de predilecção para ele que nós desconhecemos: a morte prematura de uma pessoa que nos é querida torna-se assim um convite para não nos delongarmos a viver de modo medíocre, mas a tendermos depressa para a plenitude da vida. No texto da Sabedoria existe uma veia de paradoxo que encontramos também na perícope evangélica (cf. Mt 11,25-30). Em ambas as leituras sobressai um contraste entre o que se manifesta ao olhar superficial dos homens e aquilo que, ao contrário, é visto pelos olhos de Deus. O mundo considera afortunado quem vive prolongadamente, mas Deus, mais do que a idade, visa a rectidão do coração. O mundo dá crédito aos "sábios" e aos "doutos", enquanto Deus privilegia os "pequeninos". O ensinamento geral que deriva disto é que existem duas dimensões do real: uma mais profunda, verdadeira e eterna, a outra caracterizada pelo limite, pela provisoriedade e pela aparência. Pois bem, é importante ressaltar que estas duas dimensões não são postas em simples sucessão temporal, como se a vida autêntica começasse somente depois da morte. Na realidade, a vida verdadeira, a vida eterna, começa já neste mundo, apesar da precariedade das vicissitudes da história; a vida eterna começa na medida em que nos abrimos ao mistério de Deus e o acolhemos no meio de nós. Deus é o Senhor da vida e é n'Ele "que vivemos, nos movemos e existimos" (Ac 17,28), como São Paulo pôde dizer no areópago de Atenas.

Deus é a verdadeira sabedoria que não envelhece, é a riqueza autêntica que não acaba, é a felicidade pela qual o coração de cada homem aspira profundamente. Esta verdade, que atravessa os Livros sapienciais e volta a sobressair no Novo Testamento, encontra o seu cumprimento na existência e no ensinamento de Jesus. Na perspectiva da sabedoria evangélica, a própria morte é portadora de um ensinamento salutar, porque obriga a enfrentar abertamente a realidade; leva a reconhecer a caducidade daquilo que parece grande e forte aos olhos do mundo. Diante da morte, qualquer motivo de orgulho humano perde interesse e, ao contrário, salienta aquilo que vale seriamente. Tudo termina, neste mundo todos nós somos passageiros. Somente Deus tem a vida em si, só Ele é a vida. A nossa vida é participada, concedida "ab alio", e por isso o homem só pode alcançar a vida eterna graças à particular relação que o Criador lhe permitiu ter consigo mesmo. Mas Deus, vendo o afastamento de si por parte do homem, deu mais um passo, criou uma nova relação entre si mesmo e nós, da qual nos fala a segunda leitura da Liturgia de hoje. Ele, Cristo, "entregou a sua vida por nós" (1Jn 3,16).

Se Deus escreve São João nos amou gratuitamente, também nós podemos, e portanto devemos deixar-nos envolver por este movimento oblativo, e fazer de nós mesmos um dom gratuito pelos outros. Desta maneira, conhecemos Deus do mesmo modo como somos por Ele conhecidos; desta forma, permanecemos nele como Ele desejou permanecer em nós, e passamos da morte para a vida (cf. 1Jn 3,14), como Jesus Cristo, que derrotou a morte mediante a sua Ressurreição, graças ao poder glorioso do amor do Pai celestial.

Estimados irmãos e irmãs, esta Palavra de vida e de esperança é um profundo conforto para nós, face ao mistério da morte, especialmente quando atinge as pessoas que nos são mais queridas. O Senhor garante-nos no dia de hoje que os nossos saudosos Irmãos, pelos quais oramos de forma especial nesta Santa Missa, passaram da morte para a vida porque escolheram Cristo, acolheram o seu jugo suave (cf. Mt 11,29) e consagraram-se ao serviço dos irmãos. Por isso, mesmo que ainda tenham de expiar a sua parte de culpa devida à fragilidade humana que a todos nos marca, ajudando-nos a manter-nos humildes a fidelidade a Cristo permite-lhes entrar na liberdade dos filhos de Deus. Portanto, embora nos tenhamos entristecido porque tivemos que nos separar deles, e ainda nos amargura a sua falta, a fé enche-nos de íntimo alívio perante o pensamento de que, como aconteceu para o Senhor Jesus e sempre graças a Ele, a morte já não tem qualquer poder sobre eles (cf. Rm 6,9). Passando, nesta vida, através do Coração misericordioso de Cristo, eles entraram "num lugar de descanso" (Sg 4,7). E agora apraz-nos pensá-los em companhia dos santos, finalmente livres das amarguras desta vida, e também nós sentimos o desejo de podermos um dia unir-nos a uma companhia tão ditosa.

No Salmo responsorial repetimos estas palavras consoladoras: "A graça e a bondade hão-de acompanhar-me / todos os dias da minha vida. / A minha morada será a casa do Senhor / ao longo dos dias" (Ps 23,6 [22], 6). Sim, queremos esperar que o Bom Pastor tenha acolhido estes nossos Irmãos, pelos quais nós celebramos o Sacrifício divino, no crepúsculo da sua peregrinação terrena, e que os tenha introduzido na sua bem-aventurada intimidade. O óleo abençoado ao qual se faz referência no Salmo (Ps 23,5) foi imposto três vezes sobre a sua cabeça e uma vez sobre as suas mãos, o cálice (cf. ibidem Ps 23,5) glorioso de Jesus Sacerdote tornou-se também o seu cálice, que eles elevaram dia após dia, louvando o nome do Senhor. Agora, chegaram às pastagens do céu, onde os sinais deixam lugar à realidade.

Prezados irmãos e irmãs, unamos a nossa oração coral e elevemo-la ao Pai de toda a bondade e misericórdia a fim de que, por intercessão de Maria Santíssima, o encontro com o fogo do seu amor purifique depressa de toda a imperfeição estes nossos saudosos amigos, transformando-os em louvor da sua glória. E oremos para que também nós, peregrinos na terra, mantenhamos sempre orientados os olhos e o coração para a meta derradeira pela qual aspiramos, a casa do Pai, o Céu. E assim seja!




Sábado, 29 de Novembro de 2008: CELEBRAÇÃO DAS PRIMEIRAS VÉSPERAS DO I DOMINGO DE ADVENTO

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Basílica Vaticana





Caros irmãos e irmãs

Com esta liturgia vespertina, damos início ao itinerário de um novo ano litúrgico, entrando no primeiro dos tempos que o compõem: o Advento. Na leitura bíblica que acabamos de ouvir, tirada da Primeira Carta aos Tessalonissenses, o Apóstolo Paulo recorre precisamente a esta palavra: "vinda", que em grego é "parusia" e em latim, "adventus" (
1Th 5,23). Segundo a comum tradução deste texto, Paulo exorta os cristãos de Tessalonica a conservar-se irrepreensíveis "para a vinda" do Senhor. Mas no texto original lê-se "na vinda" (e? t? pa???s?a), como se o advento do Senhor fosse, mais que um ponto futuro do tempo, um lugar espiritual pelo qual caminhar já no presente, durante a espera, e dentro do qual precisamente ser conservados perfeitos em cada dimensão pessoal. Com efeito, é exactamente isto que nós vivemos na liturgia: celebrando os tempos litúrgicos, actualizando o mistério neste caso, a vinda do Senhor de forma a poder, por assim dizer, "caminhar nela" rumo à sua plena realização no fim dos tempos, mas haurindo já a sua virtude santificadora, dado que os últimos tempos já começaram com a morte e a ressurreição de Cristo.

A palavra que resume esta condição particular, em que se espera algo que deve manifestar-se, mas que ao mesmo tempo se entrevê e se antegoza, é "esperança". O Advento é por excelência a temporada da esperança, e nele a Igreja inteira é chamada a tornar-se esperança, para si mesma e para o mundo. Todo o organismo espiritual do Corpo místico adquire, por assim dizer, a "cor" da esperança. Todo o povo de Deus volta a colocar-se a caminho, atraído por este mistério: que o nosso deus é "o Deus que há-de vir" e que nos chama a ir ao seu encontro. De que modo? Em primeiro lugar, naquela forma universal da esperança e da expectativa, que é a oração, que encontra a sua expressão eminente nos Salmos, palavras humanas em que o próprio Deus pôs e põe continuamente nos lábios e nos corações dos fiéis a invocação da sua vinda. Por isso, reflictamos alguns instantes sobre dois Salmos que acabamos de recitar e que são consecutivos também no Livro bíblico: o 141 e o 142, segundo a numeração judaica.

"Por ti clamo, ó Senhor, vem depressa socorrer-me! / Escuta a minha voz, quando te invoco. / Suba junto de ti a minha oração como incenso, / e as minhas mãos erguidas, como oferenda da tarde" (Ps 141,1-2). Assim começa o primeiro salmo das primeiras Vésperas da primeira semana do Saltério: palavras que no início do Advento adquirem uma nova "cor", porque o Espírito Santo as faz ressoar em nós sempre de novo, na Igreja a caminho entre o tempo de Deus e o tempo dos homens. "Senhor, vem depressa socorrer-me!" (Ps 141,1). É o brado de uma pessoa que se sente em grave perigo, mas constitui também o grito da Igreja, entre as múltiplas insídias que a circundam, que ameaçam a sua santidade, a integridade irrepreensível da qual fala o Apóstolo Paulo, que ao contrário deve ser conservada para a vinda do Senhor. E nesta invocação ressoa também o clamor de todos os justos, de todos aqueles que desejam resistir ao mal, às seduções de um bem-estar iníquo, de prazeres ofensivos para a dignidade humana e à condição dos pobres. No início do Advento, a liturgia da Igreja faz novamente seu este grito, elevando-o a Deus "como incenso" (Ps 141,2). Com efeito, a oferta vespertina do incenso constitui um símbolo da oração, da efusão dos corações que se dirigem a Deus, ao Altíssimo, assim como "as mãos erguidas, como oferenda da tarde" (Ps 141,2). Na Igreja não se oferecem mais sacrifícios materiais, como acontecia também no templo de Jerusalém, mas eleva-se a oferenda espiritual da oração, em união à de Jesus Cristo, que ao mesmo tempo é Sacrifício e Sacerdote da nova e eterna Aliança. No grito do Corpo místico, reconhecemos a própria voz da Cabeça: o Filho de Deus, que assumiu sobre si as nossas provações e as nossas tentações, a fim de nos conceder a graça da sua vitória.

Esta identificação de Cristo com o Salmista é particularmente evidente no segundo Salmo (Ps 142). Aqui, cada palavra, cada invocação, faz pensar em Jesus na paixão, de modo particular na sua oração ao Pai no Getsémani. Na sua primeira vinda, com a encarnação, o Filho de Deus quis compartilhar de modo pleno a nossa condição humana. Naturalmente, não compartilhou o pecado, mas para a nossa salvação padeceu todas as consequências do pecado. Recitando o Salmo 142, a Igreja revive cada vez a graça desta compaixão, desta "vinda" do Filho de Deus na angústia humana, até tocar o seu fundo. Então, o grito de esperança do Advento exprime, desde o início e do modo mais vigoroso, toda a gravidade da nossa condição, a nossa extrema necessidade de salvação. Ou seja: nós esperamos o Senhor, não à maneira de uma bonita decoração num mundo já salvo, mas como único caminho de libertação de um perigo mortal. E nós sabemos que Ele mesmo, o Libertador, teve que sofrer e morrer para nos fazer sair desta prisão (cf. Ps 142,8).

Em síntese, estes dois Salmos tutelam-nos contra qualquer tentação de evasão e de fuga da realidade; preservam-nos de uma falsa esperança, que talvez queira entrar no Advento e proceder rumo ao Natal esquecendo a dramaticidade da nossa existência pessoal e colectiva. Com efeito, uma esperança confiável, não enganadora, não pode deixar de ser uma esperança "pascal", como no-lo recorda na tarde de todos os sábados o cântico da Carta aos Filipenses, com que louvamos Cristo encarnado, crucificado, ressuscitado e Senhor universal. Dirijamos-lhe o olhar e o coração, em união espiritual com a Virgem Maria, Nossa Senhora do Advento. Coloquemos a nossa mão na sua e entremos com alegria neste novo tempo de graça que Deus concede à sua Igreja, pelo bem de toda a humanidade. Como Maria e com a sua ajuda materna, tornemo-nos dóceis à acção do Espírito Santo, para que o Deus da paz nos santifique plenamente, e a Igreja se torne sinal e instrumento de esperança para todos os homens.

Amém!




30 de Novembro de 2008: VISITA PASTORAL À BASÍLICA DE SÃO LOURENÇO FORA DOS MUROS POR OCASIÃO DO 1750º ANIVERSÁRIO DO MARTÍRIO DO SANTO DIÁCONO

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I Domingo de Advento,


Queridos irmãos e irmãs!

Com este primeiro domingo de Advento, entramos naquele tempo de quatro semanas com o qual inicia um novo ano litúrgico e que imediatamente nos prepara para a festa do Natal, memória da encarnação de Cristo na história. Mas a mensagem espiritual do Advento é mais profunda e projecta-nos já para a vinda gloriosa do Senhor, no final da história. Adventus é a palavra latina que se poderia traduzir por "chegada", "vinda", "presença". Na linguagem do mundo antigo era uma palavra técnica que indicava a chegada de um funcionário, em particular a visita de reis ou de imperadores às províncias, mas também podia ser utilizada para o aparecimento de uma divindade, que saía da sua habitação escondida e assim manifestava o seu poder divino: a sua presença era celebrada solenemente no culto.

Adoptando a palavra Advento, os cristãos pretendiam expressar a relação especial que os unia a Cristo crucificado e ressuscitado. Ele é Rei que, tendo entrado nesta província chamada terra, nos fez o dom da sua visita e, depois, da sua ressurreição e ascensão connosco: sentimos esta sua misteriosa presença na assembleia litúrgica. Celebrando a Eucaristia, proclamamos de facto que Ele não se retirou do mundo e não nos deixou sozinhos e, mesmo se não o podemos ver nem tocar como acontece com as realidades materiais e sensíveis, contudo Ele está connosco e entre nós; aliás, está em nós, porque pode atrair a si e comunicar a própria vida a cada crente que lhe abre o coração. Advento significa portanto fazer memória da primeira vinda do Senhor na carne, significa reconhecer que Cristo presente entre nós se faz nosso companheiro de viagem na vida da Igreja que celebra o seu mistério. Esta consciência, queridos irmãos e irmãs, alimentada pela escuta da Palavra de Deus, deveria ajudar-nos a ver o mundo com olhos diferentes, a interpretar cada um dos acontecimentos da vida e da história como palavras que Deus nos dirige, como sinais do seu amor que nos garantem a sua proximidade em cada situação; nesta consciência, sobretudo, deveria preparar-nos para O acolher quando "vier de novo na glória para julgar os vivos e os mortos, e o seu reino não terá fim", como repetiremos daqui a pouco no Credo. Nesta perspectiva o Advento torna-se para todos os cristãos um tempo de expectativa e de esperança, um tempo privilegiado de escuta e de reflexão, sob a condição de que nos deixemos guiar pela liturgia que convida a ir ao encontro do Senhor que vem.

"Vinde, Senhor Jesus": esta fervorosa invocação da comunidade cristã do início deve tornar-se, queridos amigos, também a nossa aspiração constante, a aspiração da Igreja de todas as épocas, que anseia e se prepara para o encontro com o seu Senhor; iluminai-nos, dai-nos a paz, ajudai-nos a vencer a violência. Vinde, Senhor, rezamos precisamente nestas semanas. "Fazei, Senhor, resplandecer o vosso rosto e nós seremos salvos": rezámos assim, há pouco, com as palavras do Salmo responsorial. E o profeta Isaías revelou-nos, na primeira leitura, que o rosto do nosso Salvador é o de um pai terno e misericordioso, que se ocupa de nós em todas as circunstâncias, porque somos obra das suas mãos: "Vós, Senhor, sois nosso pai, desde sempre vos chamais nosso redentor" (
Is 63,16). O nosso Deus é um pai disposto a perdoar os pecadores arrependidos e a acolher todos os que confiam na sua misericórdia (cf. Is 64,4). Tínhamo-nos afastado d'Ele por causa do pecado caindo sob o domínio da morte, mas Ele teve piedade de nós e decidiu vir ao nosso encontro por sua inciativa, sem mérito algum da nossa parte, enviando o seu único Filho como nosso Redentor. Face a um mistério de amor tão grande, surge espontâneo o nosso agradecimento e torna-se mais confiante a nossa invocação: "Mostrai-nos, Senhor, a vossa misericórdia e doai-nos a vossa salvação" (cf. Aclamação ao Evangelho).

Queridos irmãos e irmãs, o pensamento da presença de Cristo e da sua vinda certa ao cumprir-se dos tempos, é significativo como nunca nesta vossa Basílica situada ao lado do cemitério monumental do "Verano", onde repousam, à espera da ressurreição, tantos nossos queridos defuntos. Quantas vezes neste templo se celebram liturgias fúnebres; quantas vezes ressoam cheias de conforto as palavras da liturgia: "Em Cristo, vosso Filho, nosso salvador, resplandece para nós a esperança da bem-aventurada ressurreição, e se a certeza de que temos que morrer nos entristece, conforta-nos a promessa da imortalidade futura"! (cf. Prefácio dos defuntos, I).

Mas esta vossa Basílica monumental, que nos conduz com o pensamento à primeira, mandada construir pelo imperador Constantino e depois transformada até assumir a actual fisionomia, fala sobretudo do glorioso martírio de São Lourenço, arquidiácono do Papa São Sisto II e seu fiduciário na administração dos bens da comunidade. Vim hoje celebrar a sagrada Eucaristia para me unir a vós em sua homenagem numa circunstância muito singular, por ocasião do Ano Jubilar Laurenciano, proclamado para celebrar os 1750 anos do nascimento para o céu do santo Diácono. A história confirma-nos quanto é glorioso o nome deste Santo, junto de cujo sepulcro estamos reunidos. A sua solicitude pelos pobres, o serviço generoso que prestou à Igreja de Roma no sector da assistência e da caridade, a fidelidade ao Papa, por ele vivida a ponto de o querer seguir na prova suprema do martírio e do heróico testemunho do sangue, prestado apenas poucos dias depois, são factos universalmente conhecidos. São Leão Magno, numa bonita homilia, comenta assim o atroz martírio deste "ilustre herói": "As chamas não puderam vencer a caridade de Cristo; e o fogo que o queimava fora era mais débil do que aquele que ardia dentro dele". E acrescenta: "O Senhor quis exaltar a tal ponto o seu glorioso nome em todo o mundo que do Oriente ao Ocidente, no esplendor vivíssimo da luz que irradiou dos maiores diáconos, a mesma glória concedida a Jerusalém por Estêvão também foi dada a Roma por mérito de Lourenço" (Homilia 85, 4: PL 54, 486).

Celebra-se este ano o cinquentenário da morte do Servo de Deus, Papa Pio XII, e isto traz-nos à memória um acontecimento particularmente dramático na história plurissecular da vossa Basílica, que se verificou durante a segunda guerra mundial, quando, exactamente a 19 de Julho de 1943, um violento bombardeamento causou danos gravíssimos ao edifício e a todo o bairro, semeando morte e destruição. Nunca poderá ser cancelado da memória da história o gesto generoso realizado naquela ocasião pelo meu venerado Predecessor, que correu imediatamente para socorrer e confortar a população duramente atingida, entre os destroços ainda fumegantes. Não me esqueço ainda que esta Basílica hospeda as urnas de outras duas grandes personalidades: de facto, no hipogeu estão colocados para a veneração dos fiéis os despojos mortais do Beato Pio IX, e no átrio está o túmulo de Alcide De Gasperi, guia sábio e equilibrado para a Itália nos anos difíceis da reconstrução pós-bélica e, ao mesmo tempo, insigne estadista capaz de olhar para a Europa com uma ampla visão cristã.

Enquanto estamos aqui reunidos em oração, é-me grato saudar com afecto todos vós, começando pelo Cardeal Vigário, pelo Mons. Vice-Gerente, que é também Abade Comendatário da Basílica, pelo Bispo Auxiliar do Sector Norte e pelo vosso Pároco, Pe. Bruno Mustacchio, ao qual agradeço as palavras gentis que me dirigiu no início da celebração litúrgica. Saúdo o Ministro-Geral da Ordem dos Capuchinhos e os Irmãos da Comunidade que desempenham o seu serviço com zelo e dedicação, acolhendo os numerosos peregrinos, assistindo com caridade os pobres e testemunhando a esperança em Cristo ressuscitado a quantos vêm visitar o cemitério do "Verano". Desejo garantir-vos o meu apreço e, sobretudo, a minha recordação na oração. Saúdo ainda os vários grupos comprometidos na animação da catequese, da liturgia, da caridade, os membros dos dois Coros Polifónicos, a Terceira Ordem Franciscana local e regional. Tomei conhecimento com prazer que há alguns anos tem sede aqui o "laboratório missionário diocesano" para educar as comunidades paroquiais na consciência missionária, e uno-me de bom grado a vós ao desejar que esta iniciativa da nossa Diocese contribua para suscitar uma corajosa acção pastoral missionária, que leve o anúncio do amor misericordioso de Deus a todos os recantos de Roma, envolvendo principalmente os jovens e as famílias. Por fim, gostaria de abranger com o pensamento os habitantes do bairro, sobretudo os idosos, os doentes, as pessoas sozinhas e em dificuldade. Recordo todos e cada um nesta Santa Missa.

Queridos irmãos e irmãs, neste início do Advento, qual melhor mensagem se pode ler em São Lourenço que a da santidade? Ele repete-nos que a santidade, isto é, ir ao encontro de Cristo que vem continuamente visitar-nos, não passa de moda, aliás, com o passar do tempo, resplandece de modo luminoso e manifesta a perene tensão do homem para Deus. Esta data jubilar seja portanto a ocasião para a vossa comunidade paroquial de uma renovada adesão a Cristo, de um aprofundamento maior do sentido de pertença ao seu Corpo místico que é a Igreja, e de um constante compromisso de evangelização através da caridade. Lourenço, testemunha heróica de Cristo crucificado e ressuscitado, seja para cada um exemplo de dócil adesão à vontade divina para que, como ouvimos o apóstolo Paulo recordar aos Coríntios, também nós vivamos de modo a sermos encontrados "irrepreensíveis" no dia do Senhor (cf. 1Co 1,7-9).

Preparar-nos para o advento de Cristo é também uma exortação que tiramos do Evangelho de hoje: "Vigiai", diz-nos Jesus na breve parábola do dono de casa que parte mas não se sabe quando regressará (cf. Mc 13,33-37). Vigiar significa seguir o Senhor, escolher o que Cristo escolheu, amar o que Ele amou, conformar a própria vida com a sua; vigiar exige que se transcorra cada momento do nosso tempo no horizonte do seu amor, sem nos deixarmos abater pelas inevitáveis dificuldades e problemas quotidianos. Assim fez São Lourenço, assim devemos fazer nós e peçamos ao Senhor que nos conceda a sua graça para que o Advento seja estímulo para que todos caminhem nesta direcção. Guiem-nos e acompanhem-nos com a sua intercessão a humilde Virgem de Nazaré, Maria, eleita por Deus para ser a Mãe do Redentor, Santo André, do qual hoje celebramos a festa, e São Lourenço, exemplo de intrépida fidelidade cristã até ao martírio. Amém!




Bento XVI Homilias 19108