Bento XVI Homilias 9411


Domingo, 16 de Outubro de 2011: SANTA MISSA PARA A NOVA EVANGELIZAÇÃO

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Basílica Vaticana





Venerados Irmãos
Estimados irmãos e irmãs

É com alegria que celebro hoje a Santa Missa para vós, que estais comprometidos em muitas partes do mundo, nas fronteiras da nova evangelização. Esta Liturgia é o encerramento do encontro que ontem vos chamou a confrontar-vos nos âmbitos de tal missão e a ouvir alguns testemunhos significativos. Eu mesmo quis apresentar-vos alguns pensamentos, enquanto hoje parto para vós o pão da Palavra e da Eucaristia, na certeza — compartilhada por todos nós — que sem Cristo, Palavra e Pão de vida, nada podemos fazer (cf.
Jn 15,5). Estou feliz por este encontro se inserir no contexto do mês de Outubro, precisamente uma semana antes do Dia Missionário Mundial: isto evoca a justa dimensão universal da nova evangelização, em harmonia com a da missão ad gentes.

Dirijo uma saudação cordial a todos vós, que aceitastes o convite do Pontifício Conselho para a Promoção da Nova Evangelização. Em particular, saúdo e agradeço ao Presidente deste Dicastério, de recente instituição, D. Salvatore Fisichella, bem como aos seus colaboradores.

Comentemos agora as Leituras bíblicas, nas quais hoje o Senhor nos fala. A primeira, tirada do Livro de Isaías, diz-nos que Deus é um só, é único; não existem outros deuses fora do Senhor, e até o poderoso Ciro, imperador dos persas, faz parte de um desígnio maior, que só Deus conhece e faz progredir. Esta Leitura apresenta-nos o sentido teológico da história: as revoluções epocais, o suceder-se das grandes potências encontram-se sob o domínio supremo de Deus; nenhum poder terreno pode colocar-se no seu lugar. A teologia da história é um aspecto importante, essencial da nova evangelização, porque os homens do nosso tempo, depois da nefasta época dos impérios totalitários do século XX, têm necessidade de reencontrar um olhar abrangente sobre o mundo e o tempo, um olhar verdadeiramente livre, pacífico, aquele olhar que o Concílio Vaticano II transmitiu nos seus Documentos, e que os meus Predecessores, o Servo de Deus Paulo VI e o Beato João Paulo II, explicaram com o seu Magistério.

A segunda Leitura é o início da Primeira Carta aos Tessalonicenses, e já isto é muito sugestivo, porque se trata da carta mais antiga que chegou até nós do maior evangelizador de todos os tempos, o apóstolo Paulo. Ele diz-nos, antes de tudo, que não se evangeliza de maneira isolada: com efeito, também ele tinha como colaboradores Silvano e Timóteo (cf. 1Th 1,1), além de muitos outros. E imediatamente acrescenta outro elemento muito importante: que o anúncio deve ser precedido, acompanhado e seguido pela oração. Com efeito, escreve: «Damos graças a Deus por todos vós, lembrando-nos sem cessar de vós nas nossas orações» (v. 1Th 1,2). Depois, o apóstolo diz que está bem consciente de que os membros da comunidade não foram escolhidos por ele, mas por Deus: «fostes escolhidos por Ele» — afirma (cf. v. 1Th 1,4). Cada missionário do Evangelho deve ter sempre presente esta verdade: é o Senhor que sensibiliza os corações com a sua Palavra e com o seu Espírito, chamando as pessoas à fé e à comunhão na Igreja. Enfim, Paulo deixa-nos um ensinamento muito precioso, tirado da sua própria experiência: Ele escreve: «O nosso Evangelho não vos foi pregado somente com palavras, mas também com poder, com o Espírito Santo e com convicção» (v. 1Th 1,5). Para ser eficaz, a evangelização tem necessidade da força do Espírito, que anime o anúncio e infunda em quem o traz, aquela «plena convicção» de que o apóstolo fala. Este termo «convicção», «plena convicção», no original grego, é pleroforía: uma palavra que não exprime tanto o aspecto subjectivo, psicológico, quanto sobretudo a plenitude, a fidelidade, a integridade — neste caso, do anúncio de Cristo. Anúncio que, para ser completo e fiel, deve ser acompanhado por sinais e gestos, como a pregação de Jesus. Portanto, Palavra, Espírito e convicção — assim entendida — são inseparáveis e concorrem para fazer com que a mensagem evangélica se difunda com eficácia.

Meditemos agora sobre o trecho do Evangelho. Trata-se do texto sobre a legitimidade do tributo a pagar a César, que contém a célebre resposta de Jesus: «Dai, pois, a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus» (Mt 22,21). Mas antes de chegar a este ponto há uma passagem que se pode referir a quantos têm a missão de evangelizar. Com efeito, os interlocutores de Jesus — discípulos dos fariseus e herodianos — dirigem-se a Ele com uma apreciação, dizendo: «Sabemos que és sincero e que ensinas o caminho de Deus segundo a verdade, sem te preocupares com ninguém» (v. Mt 22,16). É precisamente esta afirmação, embora suscitada pela hipocrisia, que deve chamar a nossa atenção. Os discípulos dos fariseus e os herodianos não acreditam naquilo que dizem. Afirmam-no como uma captatio benevolentiae, para se fazerem ouvir, mas o seu coração está muito distante daquela verdade; aliás, eles querem fazer cair Jesus numa armadilha, para O poder acusar. Para nós, ao contrário, aquela expressão é preciosa e verdadeira: com efeito, Jesus é sincero e ensina o caminho de Deus segundo a verdade, sem se preocupar com ninguém. Ele mesmo é aquele «caminho de Deus», que nós somos chamados a percorrer. Aqui podemos evocar as palavras do próprio Jesus, no Evangelho de João: «Eu sou o caminho, a verdade e a vida» (Jn 14,6). A este propósito, é iluminador o comentário de santo Agostinho: «Era necessário que Jesus dissesse: “Eu sou o caminho, a verdade e a vida” porque, uma vez que se conhecia o caminho, ainda era preciso conhecer a meta. O caminho conduzia para a verdade, levava para a vida... E nós, para onde vamos, senão para Ele, e por que via caminhamos, senão através dele?» (In Ioh 69, 2). Os novos evangelizadores são os primeiros que são chamados a percorrer este Caminho, que é Cristo, para fazer conhecer aos outros a beleza do Evangelho que dá a vida. E por esta senda nunca caminhamos sozinhos, mas em companhia: uma experiência de comunhão e de fraternidade é oferecida a quantos encontramos, para lhes comunicar a nossa experiência de Cristo e da sua Igreja. Assim, o testemunho unido ao anúncio pode abrir o coração de quantos procuram a verdade, a fim de que possam alcançar o sentido da própria vida.

Uma breve reflexão também sobre a questão central do tributo a César. Jesus responde com um surpreendente realismo político, vinculado ao teocentrismo da tradição profética. O tributo a César deve ser pago, porque a efígie na moeda é sua; mas o homem, cada homem, traz em si mesmo outra imagem, a de Deus, e portanto é a Ele, e somente a Ele que cada um é devedor da própria existência. Os Padres da Igreja, inspirando-se no facto de que Jesus faz referência à efígie do imperador, gravada na moeda do tributo, interpretaram este trecho à luz do conceito fundamental de homem-imagem de Deus, contido no primeiro capítulo do Livro do Génesis. Um autor anónimo escreve: «A imagem de Deus não está gravada no ouro, mas no género humano. A moeda de César é ouro, a de Deus é a humanidade... Portanto, concede a tua riqueza material a César, mas conserva para Deus a inocência singular da tua consciência, onde Deus é contemplado... Com efeito, César pediu que a sua imagem fosse gravada em cada moeda, mas Deus escolheu o homem, que Ele mesmo criou, para reflectir a sua glória» (Anónimo, Obra incompleta sobre Mateus, Homilia 42). E santo Agostinho recorreu várias vezes a esta referência nas suas homilias: «Se César reclama a própria imagem impressa na moeda — afirma — não exigirá Deus do homem a imagem divina esculpida nele?» (En. in Ps., Salmo 94, 2). E ainda: «Do mesmo modo que se devolve a moeda a César, assim se restitui a Deus a alma iluminada e impressa pela luz do seu rosto... Com efeito, Cristo habita no homem interior» (Ibid. , Salmo 4,8).

Esta palavra de Jesus é rica de conteúdo antropológico, e não pode ser reduzida unicamente ao âmbito político. Portanto, a Igreja não se limita a recordar aos homens a justa distinção entre a esfera da autoridade de César e a de Deus, entre o âmbito político e o religioso. A missão da Igreja, como também a de Cristo, consiste essencialmente em falar de Deus, fazer memória da sua soberania, recordando a todos, especialmente aos cristãos que perderam a própria identidade, o direito de Deus sobre aquilo que lhe pertence, ou seja, a nossa vida.

Precisamente para dar um renovado impulso à missão de toda a Igreja, de conduzir os homens para fora do deserto em que muitas vezes se encontram, rumo ao lugar da vida, da amizade com Cristo que nos dá a vida em plenitude, gostaria de anunciar nesta Celebração eucarística que decidi proclamar um «Ano da Fé», que poderei explicar mediante uma especial Carta apostólica. Este «Ano da Fé» começará no dia 11 de Outubro de 2012, no 50° aniversário da inauguração do Concílio Vaticano II, e terminará a 24 de Novembro de 2013, Solenidade de Cristo Rei do Universo. Será um momento de graça e de compromisso para uma conversão a Deus cada vez mais completa, para fortalecer a nossa fé n’Ele e para O anunciar com alegria ao homem do nosso tempo.

Amados irmãos e irmãs, vós estais entre os protagonistas da nova evangelização, que a Igreja empreendeu e faz progredir, não sem dificuldades, mas com o mesmo entusiasmo dos primeiros cristãos. Em conclusão, faço minhas as expressões do apóstolo Paulo, que ouvimos: dou graças a Deus por todos vós, e asseguro-vos que vos conservo nas minhas orações, recordando o vosso compromisso na fé, a vossa diligência na caridade e a vossa esperança constante em nosso Senhor Jesus Cristo. A Virgem Maria, que não teve medo de responder «sim» à Palavra do Senhor e, depois de a ter concebido no seu seio, se pôs a caminho cheia de alegria e de esperança, seja sempre o vosso modelo e a vossa guia. Aprendei da Mãe do Senhor e nossa Mãe, a ser humildes e ao mesmo tempo corajosos; simples e prudentes; mansos e fortes, não com o vigor do mundo, mas com a força da verdade. Amém!



Quinta-feira, 3 de Novembro de 2011: CAPELA PAPAL EM SUFRÁGIO PELOS CARDEAIS E BISPOS FALECIDOS DURANTE O ANO

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Basílica Vaticana, Altar da Cátedra



Venerados Irmãos
Prezados irmãos e irmãs

No dia seguinte à Comemoração litúrgica de todos os fiéis defuntos, reunimo-nos ao redor do altar do Senhor para oferecer o seu Sacrifício em sufrágio pelos Cardeais e Bispos que, ao longo do último ano, concluíram a sua peregrinação terrena. Recordamos, com profundo afecto, os venerados membros do Colégio cardinalício que nos deixaram: Urbano Navarrete, S.J., Michele Giordano, Varkey Vithayathil, C.SS.R., Giovanni Saldarini, Agustín García-Gasco Vicente, Georg Maximilian Sterzinsky, Kazimierz Swiatek, Virgilio Noè, Aloysius Matthew Ambrozic e Andrzej Maria Deskur. Juntamente com eles, apresentemos ao trono do Altíssimo as almas dos saudosos Irmãos no Episcopado. Para todos e para cada um, elevemos a nossa oração, animados pela fé na vida eterna e no mistério da comunhão dos santos. Uma fé cheia de esperança, iluminada também pela Palavra de Deus que ouvimos.

O trecho tirado do Livro do profeta Oseias faz-nos pensar imediatamente na ressurreição de Jesus, no mistério da sua morte e do seu despertar para a vida imortal. Este trecho de Oseias — a primeira metade do capítulo VI — estava profundamente gravado no coração e na mente de Jesus. Com efeito — nos Evangelhos — ele cita várias vezes o versículo 6: «porque eu quero o amor, mais que os sacrifícios / e o conhecimento de Deus, mais que os holocaustos». Entretanto, Jesus não cita o versículo 2, mas fá-lo seu e realiza-o no mistério pascal: «Dar-nos-á de novo a vida em dois dias; ao terceiro dia levantar-nos-á, e nós viveremos na sua presença». À luz desta palavra, o Senhor Jesus foi ao encontro da paixão, empreendendo com determinação o caminho da Cruz; Ele falava abertamente aos seus discípulos sobre aquilo que devia acontecer-lhe em Jerusalém, e o oráculo do profeta Oseias ressoava nas suas próprias palavras: «O Filho do homem será entregue nas mãos dos homens, e matá-lo-ão; mas Ele ressuscitará três dias depois da sua morte» (
Mc 9,31).

O evangelista observa que os discípulos «não entendiam estas palavras, e tinham medo de lho perguntar» (v. Mc 9,32). Também nós, diante da morte, não podemos deixar de experimentar os sentimentos e os pensamentos ditados pela nossa condição humana. E sempre nos surpreende e nos supera um Deus que se faz tão próximo de nós, que não se detém sequer diante do abismo da morte, aliás atravessa-o, permanecendo por dois dias no sepulcro. Mas é precisamente aqui que se concretiza o mistério do «terceiro dia». Cristo assume até ao fundo a nossa carne mortal, a fim de que ela seja investida pelo poder glorioso de Deus, pelo vento do Espírito vivificador, que o transforma e regenera. É o baptismo da paixão (cf. Lc 12,50), que Jesus recebeu por nós, e sobre o qual são Paulo escreve na Carta aos Romanos. A expressão que o Apóstolo utiliza — «baptizados na sua morte» (Rm 6,3) — nunca cessa de nos surpreender, tal é a concisão com que resume o mistério vertiginoso. A morte de Cristo é fonte de vida, porque nela Deus derramou todo o seu amor, como numa cascata imensa, que faz pensar na imagem contida no Salmo 41: «Uma vaga traz a outra / no fragor das águas revoltas, todos os vagalhões das vossas torrentes / passaram sobre mim» (v. Ps 41,8). O abismo da morte é preenchido por outro abismo, ainda maior, que é aquele do amor de Deus, de tal forma que a morte já não tem qualquer poder sobre Jesus Cristo (cf. Rm 8,9), nem sobre quantos, pela fé e pelo Baptismo, estão associados a Ele: «Se morremos com Cristo — diz são Paulo — cremos que viveremos também com Ele» (Rm 6,8). Este «viver com Jesus» é o cumprimento da esperança profetizada por Oseias: «...e nós viveremos na sua presença» (Os 6,2).

Na realidade, é unicamente em Cristo que tal esperança encontra o seu fundamento real. Antes, ela corria o risco de se reduzir a uma ilusão, a um símbolo inspirado pelo ritmo das estações: «Como a chuva do Outono, como a chuva da Primavera» (Os 6,3). Na época do profeta Oseias, a fé dos israelitas ameaçava de ser contaminada com as religiões naturalistas da terra de Canaã, mas esta fé não é capaz de salvar ninguém da morte. Pelo contrário, a intervenção de Deus no drama da história humana não obedece a qualquer ciclo natural, pois obedece unicamente à sua graça e à sua fidelidade. A vida nova e eterna é fruto da árvore da Cruz, uma árvore que floresce e frutifica pela luz e pela força que provêm do sol de Deus. Sem a Cruz de Cristo, toda a energia da natureza permanece impotente diante do vigor negativo do pecado. Era necessária uma força benéfica maior do que aquela que faz progredir os ciclos da natureza, um Bem maior do que o da própria criação: um Amor que procede do próprio «Coração» de Deus e que, enquanto revela o sentido último da criação, o renova e orienta para a sua meta originária e derradeira.

Tudo isto teve lugar naqueles «três dias», quando o «grão de trigo» caiu na terra, e ali permaneceu durante o tempo necessário para cumular a medida da justiça e da misericórdia de Deus, e finalmente produziu «muito fruto», não permanecendo só, mas como primícias de uma multidão de irmãos (cf. Jn 12,24 Rm 8,29). Pois bem, graças a Cristo, graças à obra levada a cabo nele pela Santíssima Trindade, as imagens tiradas da natureza já não são símbolos, mitos ilusórios, mas falam-nos de uma realidade. Como fundamento da esperança encontra-se a vontade do Pai e do Filho, que ouvimos no Evangelho desta Liturgia: «Pai, quero que aqueles que Me deste, onde Eu estiver, também eles estejam comigo» (Jn 17,24). E entre aqueles que o Pai concedeu a Jesus, encontram-se inclusive os venerados Irmãos pelos quais nós oferecemos esta Eucaristia: eles «conheceram» Deus mediante Jesus, conheceram o seu Nome, e o amor do Pai e do Filho e do Espírito Santo permaneceu neles (cf. Jn 12,25-26), abrindo a sua vida para o Céu, para a eternidade. Demos graças a Deus por esta dádiva inestimável. E, por intercessão de Maria Santíssima, oremos a fim de que este mistério de comunhão, que preencheu toda a sua existência, se realize plenamente em cada um deles.





Sexta-feira, 4 de Novembro de 2011: CELEBRAÇÃO DAS VÉSPERAS PARA A INAUGURAÇÃO DO ANO ACADÉMICO NAS PONTIFÍCIAS UNIVERSIDADES ROMANAS

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Basílica Vaticana, Altar da Cátedra



Venerados Irmãos
Prezados irmãos e irmãs

É uma alegria para mim, celebrar estas Vésperas convosco, que formais a grande comunidade das Pontifícias Universidades romanas. Saúdo o Cardeal Zenon Grocholewski, e agradeço-lhe as amáveis palavras que me dirigiu e sobretudo o serviço que desempenha como Prefeito da Congregação para a Educação Católica, coadjuvado pelo Secretário e pelos demais Colaboradores. A eles e a todos os Reitores, Professores e Estudantes, dirijo a minha mais cordial saudação.

Há setenta anos, o Venerável Pio XII, com o Motu proprio «Cum nobis» (cf. AAS 33 [1941], 479-481) instituía a Pontifícia Obra para as Vocações Sacerdotais, com as finalidades de promover as vocações presbiterais, difundir o conhecimento da dignidade e da necessidade do ministério ordenado e encorajar a oração dos fiéis, para obter do Senhor numerosos e dignos sacerdotes. Por ocasião de tal aniversário, esta tarde gostaria de vos propor algumas reflexões precisamente a respeito do ministério sacerdotal. O Motu proprio «Cum nobis» representou o início de um vasto movimento de iniciativas de oração e de actividades pastorais. Foi uma resposta clara e generosa ao apelo do Senhor: «A messe é grande, mas os trabalhadores são poucos! Pedi, pois, ao Senhor da messe que envie trabalhadores para a sua messe» (
Mt 9,37-38). Depois da instituição da Pontifícia Obra, outras desenvolveram-se em toda a parte. Entre elas, gostaria de recordar o «Serra International», fundado por alguns empresários dos Estados Unidos e intitulado a Padre Junípero Serra, Frei franciscano espanhol, que tem por finalidade animar e sustentar as vocações para o sacerdócio e assistir economicamente os seminaristas. Aos membros do Serra, que celebram o sexagésimo aniversário do reconhecimento por parte da Santa Sé, dirijo um pensamento cordial. A Pontifícia Obra para as Vocações Sacerdotais foi instituída na celebração litúrgica de São Carlos Borromeu, venerado padroeiro dos Seminários. A ele peçamos também nesta celebração que interceda pelo despertar, pela boa formação e pelo crescimento das vocações para o sacerdócio.

Também a Palavra de Deus, que ouvimos no trecho da Primeira Carta de Pedro, convida a meditar sobre a missão dos Pastores na comunidade cristã. Desde os alvores da Igreja era evidente o relevo conferido aos guias das primeiras comunidades, estabelecidas pelos Apóstolos para o anúncio da Palavra de Deus através da pregação e para celebrar o sacrifício de Cristo, a Eucaristia. Pedro dirige um encorajamento apaixonado: «Eis a exortação que dirijo aos anciãos que estão entre vós; porque também eu sou ancião como eles, fui testemunha dos sofrimentos de Cristo e com eles participarei daquela glória que se há-de manifestar» (1P 5,1). São Pedro dirige este apelo em virtude da sua relação pessoal com Cristo, culminada nas vicissitudes dramáticas da Paixão e na experiência do encontro com Ele, Ressuscitado dos mortos. Além disso, Pedro conta com a solidariedade recíproca dos Pastores no ministério, ressaltando a sua pertença e a deles à única ordem apostólica: com efeito, diz que é «ancião como eles»; o termo grego é sumpresbyteros. Apascentar o rebanho de Cristo constitui vocação e tarefa que lhes é comum e que os torna particularmente ligados entre si, porque estão unidos a Cristo mediante um vínculo especial. Com efeito, o Senhor Jesus comparou-se várias vezes com um pastor solícito, atento a cada uma das suas ovelhas. Ele disse de si mesmo: «Eu sou o Bom Pastor» (Jn 10,11). E S. Tomás de Aquino comenta: «Não obstante os chefes da Igreja sejam todos pastores, todavia Ele diz que o é de maneira singular: “Eu sou o Bom Pastor”, com a finalidade de introduzir com docilidade a virtude da caridade. De facto, não podemos ser bons pastores, se não nos tornamos um só com Cristo e com os seus membros mediante a caridade. A caridade é o primeiro dever do bom pastor» — assim diz S. Tomás de Aquino no seu Comentário ao Evangelho de São João (Exposição sobre João, cap. 10, lect. 3).

É grande a visão que o apóstolo Pedro tem da chamada ao ministério de guia da comunidade, concebida em continuidade com a eleição singular recebida pelos Doze. A vocação apostólica vive graças à relação pessoal com Cristo, alimentada pela oração assídua e animada pela paixão de comunicar a mensagem recebida e a mesma experiência de fé dos Apóstolos. Jesus chamou os Doze a fim de que permanecessem com Ele e para os enviar a anunciar a sua mensagem (cf. Mc 3,14). Existem algumas condições para que na vida do presbítero haja uma consonância crescente com Cristo. Gostaria de ressaltar três delas, que sobressaem da Leitura que há pouco ouvimos: a aspiração a colaborar com Jesus na propagação do Reino de Deus, a gratuidade do compromisso pastoral e a atitude do serviço.

Antes de tudo, na chamada ao ministério sacerdotal há o encontro com Jesus e o facto de nos sentirmos fascinados, impressionados pelas suas palavras, pelos seus gestos e pela sua Pessoa. É o facto de distinguirmos, no meio de muitas vozes, a sua voz, respondendo como Pedro: «Tu tens as palavras da vida eterna. E nós cremos e sabemos que tu és o Santo de Deus!» (Jn 6,68-69). É como se fôssemos alcançados pela irradiação de Bem e de Amor que promana dele, sentindo-nos envolvidos e partícipes na mesma, a ponto de desejarmos permanecer com Ele como os dois discípulos de Emaús — «Fica connosco, já é tarde» (Lc 24,29) e de transmitirmos ao mundo o anúncio do Evangelho. Deus Pai enviou o Filho eterno ao mundo para realizar o seu plano de salvação. Jesus Cristo constituiu a Igreja para que se ampliassem no tempo os efeitos benéficos da redenção. A vocação dos sacerdotes tem a sua raiz nesta obra do Pai, levada a cabo em Cristo, através do Espírito Santo. Então, o ministro do Evangelho é aquele que se deixa arrebatar por Cristo, que sabe «permanecer» com Ele, que entra em sintonia, em íntima amizade com Ele, a fim de que tudo se realize «como agrada a Deus» (1P 5,2), segundo a sua vontade de amor, com grande liberdade interior e com profunda alegria do coração.

Em segundo lugar, somos chamados a ser administradores dos Mistérios de Deus, «não por interesse sórdido, mas com dedicação», diz são Pedro na Leitura destas Vésperas (Ibidem). Nunca podemos esquecer que entramos no sacerdócio através do Sacramento, da Ordenação, e isto significa precisamente abrir-nos à obra de Deus, escolhendo quotidianamente doar-nos a nós mesmos por Ele e pelos irmãos, segundo a máxima evangélica: «Recebestes de graça, dai também de graça!» (Mt 10,8). A chamada do Senhor ao ministério não é fruto de méritos particulares, mas sim dádiva a acolher e a ser correspondida, dedicando-nos não tanto a um programa pessoal, mas ao desígnio de Deus, de modo generoso e abnegado, a fim de que Ele disponha de nós em conformidade com a sua vontade, mesmo que ela não corresponda às nossas aspirações de auto-realização. Amar juntamente com Aquele que nos amou primeiro e que se entregou inteiramente. É o facto de estarmos disponíveis a deixar-nos env0lver no seu acto de amor pleno e total ao Pai e a cada homem, consumado no Calvário. Nunca podemos esquecer — como sacerdotes — que a única ascensão legítima rumo ao ministério de Pastor não é a do sucesso, mas a da Cruz.

Nesta lógica, ser sacerdote quer dizer ser servo, também com a exemplaridade da própria vida. «Fazei-vos modelos do vosso rebanho», é o convite do apóstolo Pedro (1P 5,3). Os presbíteros são dispensadores dos meios de salvação, dos sacramentos, de maneira especial da Eucaristia e da Penitência, e não dispõem deles a seu próprio arbítrio, mas são seus servos humildes para o bem do Povo de Deus. Então, é uma vida profundamente marcada por este serviço: pelo cuidado atento do rebanho, pela celebração fiel da liturgia e pela solicitude imediata por todos os irmãos, especialmente pelos mais pobres e necessitados. Ao viver esta «caridade pastoral», segundo o modelo de Cristo e com Cristo, onde quer que o Senhor o chame, cada sacerdote poderá realizar-se plenamente a si mesmo e a própria vocação.

Caros irmãos e irmãs, ofereci algumas reflexões sobre o ministério sacerdotal. Mas também as pessoas consagradas e os leigos — penso de maneira particular nas numerosas religiosas e leigas que estudam nas Universidades Eclesiásticas de Roma, assim como em quantos prestam o seu serviço como docentes ou funcionários nos mencionados Ateneus — poderão encontrar elementos úteis para viver mais intensamente o período que transcorrem na Cidade Eterna. Com efeito, é importante para todos, aprender cada vez mais a «permanecer» com o Senhor diariamente, no encontro pessoal com Ele para nos deixarmos fascinar e arrebatar pelo seu amor e sermos anunciadores do seu Evangelho; é importante procurar seguir na vida, com generosidade, não o nosso próprio projecto, mas aquele que Deus tem para cada um, conformando a própria vontade com a do Senhor; é importante preparar-se, também através de um estudo sério e comprometido, a servir o Povo de Deus nas tarefas que forem confiadas.

Estimados amigos, vivei bem, nesta íntima comunhão com o Senhor, este tempo de formação: é um dom precioso que Deus vos oferece, especialmente aqui em Roma, onde se respira, de modo totalmente singular, a catolicidade da Igreja. São Carlos Borromeu obtenha a graça da fidelidade a todos aqueles que frequentam as Faculdades Eclesiásticas romanas. A todos vós, por intercessão da Virgem Maria, Sedes Sapientiae, o Senhor conceda um ano académico proveitoso.

Amém!



VIAGEM APOSTÓLICA AO BENIM 18-20 DE NOVEMBRO DE 2011


Cotonou, Domingo, 20 de Novembro de 2011: SANTA MISSA E ENTREGA DA EXORTAÇÃO APOSTÓLICA PÓS-SINODAL AOS BISPOS DA ÁFRICA

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"Stade de l’amitié" - Cotonou



Amados Irmãos no episcopado e no sacerdócio,
Queridos Irmãos e Irmãs!

Seguindo os passos do meu predecessor, o Beato João Paulo II, é uma grande alegria para mim visitar pela segunda vez este querido continente africano, vindo ter convosco ao Benim para vos dirigir uma mensagem de esperança e de paz. Quero, antes de mais nada, agradecer de todo o coração a D. Antoine Ganyé, Arcebispo de Cotonou, pelas suas palavras de boas-vindas e saudar os bispos do Benim, bem como todos os cardeais e bispos vindos de vários países da África e doutros continentes. E a todos vós, irmãos e irmãs bem amados, que viestes participar nesta Missa celebrada pelo Sucessor de Pedro, dirijo a minha saudação mais calorosa. Penso naturalmente nos habitantes do Benim, mas também nos fiéis dos países francófonos vizinhos: Togo, Burquina-Faso, Níger e outros. A nossa celebração eucarística nesta solenidade de Nosso Senhor Jesus Cristo Rei do Universo dá-nos ocasião de agradecer a Deus pelos cento e cinquenta anos passados do início da evangelização do Benim e também pela segunda Assembleia Especial para a África do Sínodo dos Bispos que teve lugar em Roma há diversos meses.

O texto evangélico, que acabamos de ouvir, diz-nos que Jesus, o Filho do Homem, o juiz supremo das nossas vidas, quis assumir o rosto daqueles que têm fome e sede, dos estrangeiros, dos que estão nus, doentes ou presos… enfim, de todas as pessoas que sofrem ou são marginalizadas. E, por conseguinte, o comportamento que tivermos com eles será considerado o modo como nos comportamos com o próprio Jesus. Não vejamos nisto uma mera fórmula literária, nem uma simples imagem; toda a vida de Jesus é uma ilustração disso mesmo. Ele, o Filho de Deus, tornou-Se homem, partilhou a nossa vida mesmo nos detalhes mais concretos, fazendo-Se servo do mais pequenino dos seus irmãos. Ele que não tinha onde repousar a cabeça, seria condenado a morrer numa cruz. Este é o Rei que celebramos!

Isto pode, sem dúvida, parecer-nos desconcertante! Ainda hoje, como há 2000 anos, habituados a ver os sinais da realeza no sucesso, na força, no dinheiro ou no poder, temos dificuldade em aceitar um tal rei, um rei que Se faz servo dos mais pequeninos, dos mais humildes; um rei cujo trono é uma cruz. E todavia – como ensinam as Escrituras – é assim que se manifesta a glória de Cristo; é na humildade da sua vida terrena que Ele encontra o poder de julgar o mundo. Para Ele, reinar é servir! E aquilo que nos pede é segui-Lo por este caminho: servir, estar atento ao clamor do pobre, do fraco, do marginalizado. A pessoa baptizada sabe que a sua decisão de seguir Cristo pode acarretar-lhe grandes sacrifícios, às vezes até mesmo o da própria vida. Mas, como nos recordou São Paulo, Cristo venceu a morte e arrasta-nos atrás de Si na sua ressurreição; introduz-nos num mundo novo, um mundo de liberdade e felicidade. Ainda hoje temos muitos vínculos com o mundo velho, muitos medos que nos mantêm prisioneiros, impedindo-nos de viver livres e felizes. Deixemos que Cristo nos liberte deste mundo velho. A nossa fé n’Ele, vencedor de todos os nossos medos e misérias, faz-nos entrar num mundo novo: um mundo onde a justiça e a verdade não são objecto de burla, um mundo de liberdade interior e de paz connosco, com os outros e com Deus. Tal é o dom que Deus nos fez no nosso Baptismo.

«Vinde, benditos de meu Pai, recebei como herança o Reino, que vos está preparado desde a criação do mundo» (
Mt 25,34). Acolhamos esta palavra de bênção que o Filho do Homem, no dia do Juízo, há-de dirigir aos homens e mulheres que tiverem reconhecido a sua presença nos mais humildes dos seus irmãos, com um coração livre e repleto do amor do Senhor. Amados irmãos e irmãs, esta passagem do Evangelho é verdadeiramente uma palavra de esperança, porque o Rei do universo Se fez solidário connosco, servo dos mais pequeninos e dos mais humildes. Daqui queria fazer chegar uma palavra amiga a todas as pessoas que sofrem, aos doentes, a quantos estão infectados pela sida ou por outras doenças, a todos os esquecidos da sociedade: Tende coragem! O Papa pensa em vós e recorda-vos na oração. Tende coragem! Jesus quis identificar-Se com os pequeninos, com os doentes; quis partilhar o vosso sofrimento e, em vós, reconhecer irmãos e irmãs para os libertar de todo o mal, de todo o sofrimento! Cada doente, cada pobre merece o nosso respeito e o nosso amor, porque, através dele, Deus indica-nos o caminho para o céu.

Hoje convido-vos também a alegrar-vos comigo. Com efeito, há 150 anos que a cruz de Cristo foi implantada na vossa terra, que o Evangelho foi anunciado nela pela primeira vez. Neste dia, damos graças a Deus pela obra realizada pelos missionários, pelos «obreiros apostólicos» originários da nação ou vindos doutros lugares: bispos, sacerdotes, religiosos, religiosas, catequistas… todos aqueles que, ontem como hoje, permitiram a difusão da fé em Jesus Cristo no continente africano. Queria aqui fazer memória do venerado Cardeal Bernardin Gantin, exemplo de fé e de sabedoria para o Benim e para o continente africano inteiro.

Amados irmãos e irmãs, todos aqueles que receberam o dom maravilhoso da fé, este dom do encontro com o Senhor ressuscitado, sentem também a necessidade de o anunciar aos demais. A Igreja existe para anunciar esta Boa Nova. E este dever permanece urgente. Depois de 150 anos, são numerosos aqueles que ainda não ouviram a mensagem da salvação de Cristo; aqueles que se mostram reticentes em abrir o próprio coração à Palavra de Deus; aqueles cuja fé é débil, e cuja mentalidade, costumes, estilo de vida ignoram a realidade do Evangelho, pensando que a busca dum bem-estar egoísta, do lucro fácil ou do poder seja o fim último da vida humana. Com entusiasmo, sede testemunhas ardorosas da fé que recebestes! Fazei brilhar por todo lado o rosto amável do Salvador, em particular diante dos jovens que, num mundo difícil, andam à procura de razões de viver e de esperar.

A Igreja no Benim recebeu muito dos missionários; deve, por sua vez, levar esta mensagem de esperança aos povos que não conhecem, ou deixaram de conhecer, o Senhor Jesus. Amados irmãos e irmãs, convido-vos a sentir esta ânsia pela evangelização, no vosso país e no meio dos povos do vosso continente e do mundo inteiro. Isto mesmo no-lo recorda, com insistência, o recente Sínodo dos Bispos para a África! Sendo um homem de esperança, o cristão não pode desinteressar-se dos seus irmãos e irmãs. Isto estaria claramente em contradição com o comportamento de Jesus. O cristão é um construtor incansável de comunhão, de paz e de solidariedade – dons estes, que nos foram concedidos pelo próprio Jesus. Permanecendo fiéis a isto, colaboramos na realização do plano de salvação que Deus tem para a humanidade.

Por isso, amados irmãos e irmãs, convido-vos a reforçar a vossa fé em Jesus Cristo, com uma autêntica conversão à sua pessoa. Só Ele nos dá a vida verdadeira, e pode libertar-nos de todos os nossos medos e entorpecimentos, de todas as nossas angústias. Reencontrai as raízes da vossa vida no Baptismo que recebestes e que faz de vós filhos de Deus. Que Jesus Cristo vos conceda a todos a força de viver como cristãos, procurando transmitir generosamente às novas gerações aquilo que vós mesmos recebestes dos vossos Pais na fé. AKLUN? NI K?N F?NU T?N L? DO MI JI [O Senhor vos cumule das suas graças]!

On this feast day, we rejoice together in the reign of Christ the King over the whole world. He is the one who removes all that hinders reconciliation, justice and peace. We are reminded that true royalty does not consist in a show of power, but in the humility of service; not in the oppression of the weak, but in the ability to protect them and to lead them to life in abundance (cf. Jn 10,10). Christ reigns from the Cross and, with his arms open wide, he embraces all the peoples of the world and draws them into unity. Through the Cross, he breaks down the walls of division, he reconciles us with each other and with the Father. We pray today for the people of Africa, that all may be able to live in justice, peace and the joy of the Kingdom of God (cf. Rm 14,17). With these sentiments I affectionately greet all the English-speaking faithful who have come from Ghana and Nigeria and neighbouring countries. May God bless all of you!

[Neste dia de festa, compartilhamos a nossa alegria pelo domínio de Cristo Rei sobre toda a terra. É Ele que remove tudo o que dificulta a reconciliação, a justiça e a paz. Sabemos que a verdadeira realeza não consiste numa demonstração de força, mas na humildade do serviço; nem na opressão dos fracos, mas na capacidade de os proteger e conduzir à vida em abundância (cf. Jn 10,10). Cristo reina a partir da Cruz e, com os seus braços abertos, abraça todos os povos da terra, atraindo-os para a unidade. Pela Cruz, abate os muros da divisão, reconcilia-nos uns com os outros e com o Pai. Hoje rezamos pelos povos da África, para que todos sejam capazes de viver na justiça, na paz e na alegria do Reino de Deus (cf. Rm 14,17). Com estes sentimentos, saúdo afectuosamente todos os fiéis de língua inglesa vindos do Gana, da Nigéria e dos países limítrofes. Que Deus vos abençoe a todos!]

Queridos irmãos e irmãs da África lusófona que me ouvis, a todos dirijo a minha saudação e convido a renovar a vossa decisão de pertencer a Cristo e de servir o seu Reino de reconciliação, de justiça e de paz. O seu Reino pode ser posto em perigo no nosso coração. Aqui Deus cruza-se com a nossa liberdade. Nós – e só nós – podemos impedi-Lo de reinar sobre nós mesmos e, em consequência, tornar difícil a sua realeza sobre a família, a sociedade e a história. Por causa de Cristo, tantos homens e mulheres se opuseram, vitoriosamente, às tentações do mundo para viver fielmente a sua fé, às vezes mesmo até ao martírio. A seu exemplo, amados pastores e fiéis, sede sal e luz de Cristo na terra africana! Amen.





Bento XVI Homilias 9411