Bento XVI Homilias 7110

Domingo, 7 de Novembro de 2010: SANTA MESSA DEDICADA AO ALTAR E À IGREJA DA SAGRADA FAMÍLIA

7110
Barcelona





Estimados irmãos e irmãs no Senhor

«Este é um dia de festa consagrado ao Senhor, nosso Deus; não haja aflição, nem lágrimas... a alegria do Senhor será a vossa força» (
Ne 8,9-10). Com estas palavras da primeira Leitura que acabou de ser proclamada saúdo todos vós aqui presentes para participar nesta celebração. Dirijo uma saudação afectuosa a Suas Majestades os Reis da Esapanha, que desejaram acompanhar-nos cordialmente. Dirijo a minha grata saudação ao Senhor Cardeal Lluís Martínez Sistach, Arcebispo de Barcelona, pelas suas palavras de boas-vindas e pelo seu convite para a dedicação desta igreja da Sagrada Família, admirável apogeu de técnica, arte e fé. Saúdo igualmente o Cardeal Ricardo María Carles Gordó, Arcebispo Emérito de Barcelona, os demais Senhores Cardeais e Irmãos no Episcopado, de modo especial o Bispo Auxiliar desta Igreja particular, assim como os numerosos sacerdotes, diáconos, seminaristas, religiosos e fiéis leigos que participam nesta solene cerimónia. Do mesmo modo, dirijo a minha deferente saudação às Autoridades nacionais, autónomas e locais, assim como aos membros das outras Comunidades cristãs, que se unem à nossa alegria e acção de graças a Deus.

Este dia é um ponto significativo numa vasta história de esperança, trabalho e generosidade, que dura há mais de um século. Neste momento, gostaria de recordar todos e cada um daqueles que tornaram possível a alegria que nos envolve hoje, dos promotores aos executores da obra; dos arquitectos e pedreiros da mesma, àqueles que ofereceram, de alguma forma, a sua contribuição inestimável para tornar possível a continuação deste edifício. E recordamos sobretudo aquele que foi a alma e o artífice deste projecto: Antoni Gaudí, arquitecto genial e cristão consequente, com a tocha da sua fé que ardeu até ao termo da sua vida, vivida em dignidade e austeridades absolutas. Este gesto é também, de certo modo, o ápice e a foz de uma história desta terra catalã que, sobretudo a partir dos finais do século XIX, ofereceu uma plêiade de santos e fundadores, de mártires e poetas cristãos. História de santidade, de criação artística e poética, nascidas a partir da fé, que hoje recolhemos e apresentamos como oferenda a Deus nesta Eucaristia.

A alegria que sinto de poder presidir a esta cerimónia aumentou quando tomei conhecimento de que este templo, desde as suas origens, esteve vinculado à figura de São José. Comoveu-me especialmente a segurança com que Gaudí, diante das inúmeras dificuldades que teve de enfrentar, exclamava cheio de confiança na Providência divina: «São José terminará o templo». Por isso, então, não deixa de ser significativo que seja dedicado por um Papa, cujo nome de baptismo é José.

O que fazemos, ao dedicar este templo? No coração do mundo, diante do olhar de Deus e dos homens, num gesto de fé humilde e jubiloso, levantamos uma imensa massa de matéria, fruto da natureza e de um esforço incomensurável da inteligência humana, construtora desta obra de arte. Ela constitui um sinal visível do Deus invisível, a cuja glória se elevam estas torres, setas que indicam o Absoluto da luz e daquele que é a Luz, a Altura e a própria Beleza.

Neste ambiente, Gaudí quis unir a inspiração que lhe chegava dos três grandes livros que o alimentavam como homem, como crente e como arquitecto: o livro da natureza, o livro da Sagrada Escritura e o livro da Liturgia. Assim, uniu a realidade do mundo e a história da salvação, tal como nos é narrada na Bíblia e actualizada na Liturgia. Introduziu pedras, árvores e vida humana no templo, para que toda a criação se transformasse em louvor divino, mas ao mesmo tempo tirou os retábulos, para pôr diante dos homens o mistério de Deus revelado no nascimento, na paixão, na morte e na ressurreição de Jesus Cristo. Deste modo, colaborou genialmente para a edificação da consciência humana ancorada no mundo, aberta a Deus, iluminada e santificada por Cristo. E realizou algo que é uma das tarefas mais importantes hoje: superar a ruptura entre consciência humana e consciência cristã, entre existência neste mundo temporal e abertura a uma vida eterna, entre beleza das coisas e Deus como Beleza. Foi isto que realizou Antoni Gaudí, não com palavras mas com pedras, traços, planos e cumes. E a beleza é a grande necessidade do homem; constitui a raiz da qual brota o tronco da nossa paz e os frutos da nossa esperança. A beleza é também reveladora de Deus porque, como Ele, a obra bela é pura gratuidade, convida à liberdade e extirpa do egoísmo.

Dedicamos este espaço sagrado a Deus, que se nos revelou e entregou em Cristo para ser definitivamente Deus com os homens. A Palavra revelada, a humanidade de Cristo e a sua Igreja são as três máximas expressões da sua manifestação e entrega aos homens. «Veja cada um como edifica... Ninguém pode pôr outro fundamento, diverso daquele que já foi posto, isto é, Jesus Cristo» (1Co 3,10-11), diz São Paulo na segunda Leitura. O Senhor Jesus é a pedra que suporta o peso do mundo, que mantém a coesão da Igreja e que recolhe na unidade final todas as conquistas da humanidade. Nele temos a Palavra e a presença de Deus, e é dele que a Igreja recebe a sua vida, a sua doutrina e a sua missão. A Igreja não tem consistência por si mesma, mas é chamada a ser sinal e instrumento de Cristo, em pura docilidade à sua autoridade e em serviço total ao seu mandato. O único Cristo funda a única Igreja; Ele é a rocha sobre a qual se alicerça a nossa fé. Ancorados nesta fé, procuremos juntos mostrar ao mundo o Rosto de Deus, que é amor e o Único que pode responder ao anseio de plenitude do homem. Eis a grande tarefa: mostrar a todos que Deus é Deus de paz e não de violência, de liberdade e não de coacção, de concórdia e não de discórdia. Neste sentido, penso que a dedicação deste templo da Sagrada Família, numa época em que o homem pretende edificar a sua vida de costas para Deus, como se já nada tivesse para lhe dizer, é um facto de grande significado. Com a sua obra, Gaudí mostra-nos que Deus é a verdadeira medida do homem. Que o segredo da originalidade autêntica está, como ele próprio dizia, em voltar à Origem, que é Deus. Ele mesmo, abrindo assim o seu espírito a Deus, foi capaz de criar nesta cidade um espaço de beleza, de fé e de esperança, que leva o homem ao encontro com Aquele que é a Verdade e a própria Beleza. Assim o arquitecto expressava os seus sentimentos: «Um templo [é] a única coisa digna de representar o sentimento de um povo, já que a religião é o que existe de mais elevado no homem».

Esta afirmação de Deus traz consigo a suprema afirmação e tutela da dignidade de cada homem e de todos os homens: «Não sabeis que sois o templo de Deus? (...) o templo de Deus, que sois vós, é sagrado» (1Co 3,16-17). Eis aqui unidas a verdade e a dignidade de Deus com a verdade e a dignidade do homem. Ao consagrar o altar deste templo, considerando Cristo como seu fundamento, apresentamos ao mundo Deus, que é amigo dos homens, e convidamos os homens a ser amigos de Deus. Como ensina o caso de Zaqueu, do qual se fala no Evangelho de hoje (cf. Lc 19,1-10), se o homem deixar que Deus entre na sua vida e no seu mundo, se permitir que Cristo viva no seu coração, não se arrependerá, mas há-de experimentar a alegria de compartilhar a sua própria vida, como objecto do seu amor infinito.

A iniciativa deste templo deve-se à Associação de Amigos de São José, que quiseram dedicá-lo à Sagrada Família de Nazaré. Desde sempre, o lar formado por Jesus, Maria e José é considerado como escola de amor, oração e trabalho. Os patrocinadores deste templo queriam mostrar ao mundo o amor, o trabalho e o serviço vividos diante de Deus, tal como os viveu a Sagrada Família de Nazaré. As condições de vida mudaram muito, e progrediram enormemente nos âmbitos técnicos, sociais e culturais. Não podemos contentar-nos com estes progressos. Juntamente com eles, devem estar sempre presentes os progressos morais, como a atenção, a tutela e a ajuda à família, porque o amor generoso e indissolúvel de um homem e de uma mulher constitui o âmbito eficaz e o fundamento da vida humana na sua gestação, na sua iluminação, no seu crescimento e no seu termo natural. Só onde existem o amor e a fidelidade, nasce e perdura a verdadeira liberdade. Por isso, a Igreja luta por adequadas medidas económicas e sociais, para que no lar e no trabalho a mulher encontre a sua plena realização; a fim de que o homem e a mulher que contraem matrimónio e formam uma família sejam decididamente apoiados pelo Estado; para que se defenda a vida dos filhos como sagrada e inviolável, desde o momento da sua concepção; a fim de que a natalidade seja dignificada, valorizada e apoiada jurídica, social e legislativamente. Por isso, a Igreja opõe-se a todas as formas de negação da vida humana e sustenta aquilo que promove a ordem natural no âmbito da instituição familiar.

Ao contemplar admirado este ambiente sagrado de beleza surpreendente, com uma longa história de fé, peço a Deus que nesta terra catalã se multipliquem e consolidem novos testemunhos de santidade, que prestem ao mundo o grande serviço que a Igreja pode e deve oferecer à humanidade: ser ícone da beleza divina, chama ardente de caridade, senda para que o mundo creia naquele que Deus enviou (cf. Jn 6,29).

Queridos irmãos, ao dedicar este esplêndido templo, suplico igualmente ao Senhor das nossas vidas que deste altar, que agora vai ser ungido con óleo santo e sobre o qual se consumará o sacrifício de amor de Cristo, brote um rio constante de graça e caridade sobre esta cidade de Barcelona e a sua população, bem como sobre o mundo inteiro. Que estas águas fecundas encham de fé e vitalidade apostólica esta Igreja arquidiocesana, os seus pastores e fiéis.

Finalmente, desejo confiar à amorosa salvaguarda da Mãe de Deus, Maria Santíssima, Rosa de Abril, Mãe das Mercês, todos vós que estais aqui, e todos aqueles que, com palavras e obras, silêncio e oração, tornaram possível este milagre arquitectónico. Que Ela apresente também ao seu Filho divino as alegrias e as dores de todos aqueles que no futuro vierem a este lugar sagrado para que, como reza a Igreja ao dedicar os templos, os pobres possam encontrar misericórdia, os oprimidos alcançar a liberdade verdadeira e todos os homens se revistam da dignidade de filhos de Deus. Amém!





CONSISTÓRIO ORDINÁRIO PÚBLICO PARA A CRIAÇÃO DE NOVOS CARDEAIS

Basílica Vaticana, Sábado, 20 de Novembro de 2010

20110





Senhores Cardeais
Venerados Irmãos
no Episcopado e no Sacerdócio
Estimados irmãos e irmãs

O Senhor concede-me a alegria de realizar, mais uma vez, este solene acto, mediante o qual o Colégio Cardinalício se enriquece de novos Membros, escolhidos das várias regiões do mundo: trata-se de Pastores que governam com zelo importantes Comunidades diocesanas, de Prelados designados para os Dicastérios da Cúria Romana, ou que serviram a Igreja e a Santa Sé com fidelidade exemplar. A partir de hoje, eles começam a fazer parte daquele coetus peculiaris, que presta ao Sucessor de Pedro uma colaboração mais imediata e assídua, ajudando-o no exercício do seu ministério universal. Transmito-lhes, em primeiro lugar, a minha carinhosa saudação, renovando a expressão da minha estima e do meu profundo apreço pelo testemunho que oferecem à Igreja e ao mundo. Em particular, saúdo o Arcebispo Angelo Amato e agradeço-lhe as amáveis expressões que me dirigiu. Depois, transmito as minhas cordiais boas-vindas às Delegações oficiais de vários países, às Representações de numerosas Dioceses e a quantos estão aqui congregados para participar neste acontecimento, durante o qual estes venerados e amados Irmãos recebem o sinal da dignidade cardinalícia com a imposição do barrete e a atribuição do Título de uma igreja de Roma.

O vínculo de especial comunhão e afecto, que une estes novos Cardeais ao Papa, torna-os cooperadores singulares e preciosos no alto mandato confiado por Cristo a Pedro, de apascentar as suas ovelhas (cf.
Jn 21,15-17), para reunir os povos com a solicitude da caridade de Cristo. Foi precisamente deste amor que nasceu a Igreja, chamada a viver e a caminhar segundo o mandamento do Senhor, em que se resumem toda a lei e os profetas. Estar unidos a Cristo na fé e em comunhão com Ele significa estar «arraigados e consolidados na caridade» (Ep 3,17), o tecido que une todos os membros do Corpo de Cristo.

A palavra de Deus que acaba de ser proclamada ajuda-nos a meditar precisamente sobre este aspecto tão fundamental. No trecho do Evangelho (cf. Mc 10,32-45) põe-se diante dos nossos olhos o ícone de Jesus como o Messias — prenunciado por Isaías (cf. cap. Is 53) — que não veio para ser servido, mas sim para servir: o seu estilo de vida torna-se a base das novas relações no interior da comunidade cristã e de um novo modo de exercer a autoridade. Jesus está a caminho rumo a Jerusalém e prenuncia pela terceira vez, indicando-o aos discípulos, o caminho através do qual tenciona completar a obra que lhe fora confiada pelo Pai: trata-se do caminho do humilde dom de si, até ao sacrifício da própria vida, a vereda da Paixão, a via da Cruz. No entanto, mesmo depois deste anúncio, como aconteceu com os precedentes, os discípulos revelam toda a sua dificuldade de compreender, de realizar o necessário «êxodo» de uma mentalidade mundana rumo à mentalidade de Deus. Neste caso, são os dois filhos de Zebedeu, Tiago e João, que pedem a Jesus para se sentarem nos primeiros lugares ao Seu lado na «glória», manifestando expectativas e desígnios de grandeza, de autoridade e de honra segundo o mundo. Jesus, que conhece o coração do homem, não se deixa perturbar por este pedido, mas põe imediatamente em evidência o seu profundo alcance: «Vós não sabeis o que pedis»; depois, leva os dois irmãos a compreender o que significa pôr-se no Seu seguimento.

Então, qual é o caminho que deve percorrer quem deseja ser discípulo? É a senda do Mestre, é a vereda da obediência total a Deus. Por isso, Jesus pergunta a Tiago e a João: estais dispostos a compartilhar a minha escolha, a cumprir até ao fundo a vontade do Pai? Estais dispostos a percorrer este caminho que passa pela humilhação, pelo sofrimento e pela morte por amor? Com a sua resposta decidida, «estamos», os discípulos demonstram mais uma vez que não entenderam o sentido real daquilo que o Mestre lhes apresenta. E de novo Jesus, com paciência, leva-os a dar mais um passo: nem sequer a experiência do cálice do sofrimento e do baptismo da morte dá direito aos primeiros lugares, porque eles estão reservados «àqueles para os quais foram preparados», estão nas mãos do Pai celeste; o homem não pode calcular, deve simplesmente abandonar-se a Deus, sem pretensões, conformando-se à sua vontade.

A indignação dos demais discípulos torna-se ocasião para ampliar o ensinamento a toda a comunidade. Antes de tudo, Jesus «chamou-os a Si»: é o gesto da vocação originária, para a qual os convida a voltar. É muito significativo este referir-se ao momento constitutivo da vocação dos Doze, ao «permanecer com Jesus» para ser enviados, porque recorda com clareza que cada ministério eclesial é sempre resposta a uma chamada de Deus, e nunca o fruto de um projecto pessoal ou de uma ambição individual, mas é um conformar a própria vontade à vontade do Pai que está nos Céus, como Cristo no Getsémani (cf. Lc 22,42). Na Igreja ninguém é senhor, mas todos são chamados, todos são enviados, todos são alcançados e orientados pela Graça divina. E esta é também a nossa segurança! Só voltando a ouvir a palavra de Jesus, que pede «vem e segue-me», só retornando à vocação originária é possível compreender a própria presença e missão na Igreja como discípulos autênticos.

O pedido de Tiago e João, e a indignação dos «outros dez» Apóstolos levantam uma interrogação central, à qual Jesus quer responder: quem é grande, quem é «primeiro» para Deus? Antes de tudo, o olhar dirige-se para o comportamento que correm o risco de assumir «aqueles que são considerados os governantes das nações»: «dominar e oprimir». Jesus indica aos discípulos um modo completamente diverso: «Mas entre vós não seja assim». A sua comunidade segue outra regra, outra lógica, outro modelo: «Todo aquele que quiser tornar-se grande entre vós, faça-se vosso servo. E quem quiser tornar-se o primeiro entre vós, faça-se escravo de todos». O critério da grandeza e do primado segundo Deus não é o domínio, mas o serviço; a diaconia é a lei fundamental do discípulo e da comunidade cristã, e deixa-nos entrever um pouco do «Senhorio de Deus». E Jesus indica também o ponto de referência: o Filho do homem, que veio para servir; ou seja, resume a sua missão sob a categoria do serviço, entendido não em sentido genérico, mas no sentido concreto da Cruz, do dom total da vida como «resgate», como redenção para muitos, e indica-o como condição para o seguimento. Trata-se de uma mensagem que é válida para os Apóstolos, para a Igreja inteira, principalmente para aqueles que desempenham tarefas de guia no meio do Povo de Deus. Não é a lógica do domínio, do poder segundo os critérios humanos, mas sim a lógica do inclinar-se para lavar os pés, a lógica do serviço, a lógica da Cruz, que se encontra na base de todo o exercício da autoridade. Em todas as épocas, a Igreja está comprometida a conformar-se com esta lógica e a dar testemunho da mesma, para fazer transparecer o verdadeiro «Senhorio de Deus», o do amor.

Venerados Irmãos eleitos à dignidade cardinalícia, a missão para a qual Deus vos chama no dia de hoje torna-vos capazes de um serviço eclesial ainda mais repleto de responsabilidade, exige uma vontade cada vez maior de assumir o estilo do Filho de Deus, que veio entre nós como Aquele que serve (cf. Lc 22,25-27). Trata-se de segui-lo na sua doação de amor humilde e total à Igreja, sua esposa, na Cruz: é no madeiro que o grão de trigo, que o Pai deixa cair no campo do mundo, morre para se tornar um fruto maduro. Para isto é necessário um arraigamento ainda mais profundo e sólido em Cristo. A relação íntima com Ele, que transforma cada vez mais a vida, de tal modo que podemos dizer com São Paulo: «Já não sou eu quem vivo; é Cristo que vive em mim» (Ga 2,20), constitui a exigência primária para que o nosso serviço seja tranquilo e jubiloso, e possa dar o fruto que o Senhor espera de nós.

Caros irmãos e irmãs, que hoje acompanhais os novos Cardeais: rezai por eles! Amanhã, nesta Basílica, durante a concelebração na solenidade de Cristo Rei do universo, terei a oportunidade de lhes entregar o anel. Será uma ulterior ocasião para «louvar o Senhor, que permanece fiel para sempre» (Ps 145), como pudemos reiterar no Salmo responsorial. O seu Espírito sustente os novos Purpurados no compromisso de serviço à Igreja, seguindo Cristo da Cruz, se for necessário, usque ad effusionem sanguinis, sempre prontos — como nos dizia São Pedro na leitura proclamada — a responder a quem quer que nos pergunte a razão da nossa esperança (cf. 1P 3,15). A Maria, Mãe da Igreja, confio os novos Cardeais e o seu serviço eclesial a fim de que, com ardor apostólico, eles possam proclamar a todos os povos o amor misericordioso de Deus. Amém!





Domingo, 21 de Novembro: CONCELEBRAÇÃO EUCARÍSTICA COM OS NOVOS CARDEAIS E ENTREGA DO ANEL CARDINALÍCIO

21110
Basílica Vaticana

Solenidade de Nosso Senhor Jesus Cristo Rei do Unievrso






Senhores Cardeais
Venerados Irmãos
no Episcopado e no Sacerdócio
Estimados irmãos e irmãs

Na solenidade de Cristo Rei do universo, temos a alegria de nos reunirmos ao redor do Altar do Senhor, juntamente com os 24 novos Cardeais, que ontem agreguei ao Colégio Cardinalício. Antes de tudo, dirijo-lhes a minha cordial saudação, que faço extensiva aos demais Purpurados e a todos os Prelados aqui presentes, assim como às ilustres Autoridades, aos Senhores Embaixadores, aos Sacerdotes, aos Religiosos e a todos os fiéis, vindos de várias regiões do mundo para esta feliz circunstância, que reveste um acentuado cariz de universalidade.

Muitos de vós puderam observar que também o precedente Consistório público para a criação de Cardeais, realizado em Novembro de 2007, foi celebrado na vigília da solenidade de Cristo-Rei. Transcorreram três anos e, portanto, segundo o ciclo litúrgico dominical, a Palavra de Deus vem ao nosso encontro através das mesmas Leituras bíblicas, próprias desta importante festividade. Ela insere-se no último domingo do ano litúrgico e apresenta-nos, no final do itinerário da fé, o semblante régio de Cristo, como o Pantocrator na abside de uma antiga basílica. Esta coincidência convida-nos a meditar profundamente sobre o ministério do Bispo de Roma e a ele ligado, dos Cardeais, à luz da singular Realeza de Jesus, nosso Senhor.

O primeiro serviço do Sucessor de Pedro é o da fé. No Novo Testamento, Pedro torna-se «pedra» da Igreja, enquanto portador do Credo: o «nós» da Igreja começa com o nome daquele que foi o primeiro a professar a fé em Cristo, tem início com a sua fé; uma fé primeiro imatura e ainda «demasiado humana», mas sucessivamente, depois da Páscoa, madura e capaz de seguir Cristo até ao dom de si; madura para crer que Jesus é verdadeiramente o Rei; que o é, precisamente porque permaneceu na Cruz, e de tal modo ofereceu a vida pelos pecadores. No Evangelho vê-se que todos pedem a Jesus que desça da cruz. Zombam dele, mas este é também um modo para se desculparem, como se dissessem: não é nossa culpa, se Tu estás ali na cruz; a culpa é somente tua, porque se Tu fosses verdadeiramente o Filho de Deus, o Rei dos judeus, Tu estarias ali, mas salvar-te-ias, descendo daquele patíbulo infame. Portanto, se ficas ali, quer dizer que estás errado e nós estamos certos. O drama que se desenvolve aos pés da cruz de Jesus é um drama universal; diz respeito a todos os homens diante de Deus que se revela por aquilo que é, ou seja, Amor. Em Jesus crucificado, a divindade é desfigurada, despojada de toda a glória visível, mas está presente e é real. Só a fé sabe reconhecê-la: a fé de Maria, que une no seu Coração também este fragmento do mosaico da vida do seu Filho; Ela ainda não consegue ver tudo, mas continua a confiar em Deus, repetindo mais uma vez com o mesmo abandono: «Eis a serva do Senhor» (
Lc 1,38). E além disso há a fé do bom ladrão: uma fé superficial, mas suficiente para lhe garantir a salvação: «Hoje estarás comigo no Paraíso». É decisivo aquele «comigo». Sim, é isto que o salva. Sem dúvida, o bom ladrão está na cruz como Jesus, mas sobretudo está na cruz com Jesus. E, contrariamente ao outro malfeitor e a todos os demais que o ridicularizam, não pede a Jesus que desça da cruz, nem que o faça descer. Ao contrário, diz: «Recorda-te de mim, quando entrares no teu reino». Vê-o na cruz desfigurado, irreconhecível, e no entanto confia-se a Ele como a um rei, aliás como ao Rei. O bom ladrão acredita naquilo que está escrito no letreiro acima da cabeça de Jesus: «Rei dos judeus»: crê e confia. Por isso já está, imediatamente, no «hoje» de Deus, no Paraíso, porque o Paraíso consiste nisto: estar com Jesus, estar com Deus.

Dilectos Irmãos, eis então que sobressai claramente a mensagem primária e fundamental que a Palavra de Deus nos diz hoje: a mim, Sucessor de Pedro, e também a vós, Cardeais. Chama-nos a estar com Jesus, como Maria, e não a pedir-lhe que desça da cruz, mas a permanecer ali com Ele. E isto, por causa do nosso ministério, temos que o fazer não apenas para nós mesmos, mas para a Igreja inteira, para todo o povo de Deus. Dos Evangelhos nós sabemos que a cruz foi o ponto crítico da fé de Simão Pedro e dos outros Apóstolos. É claro, e não podia ser de outra forma: eles eram homens e pensavam «segundo os homens»; não podiam tolerar a ideia de um Messias crucificado. A «conversão» de Pedro realiza-se plenamente, quando renuncia ao desejo de «salvar» Jesus e aceita ser salvo por Ele. Renuncia ao desejo de salvar Jesus da cruz e aceita ser salvo pela sua cruz. «Eu roguei por ti, para que a tua fé não desfaleça; e tu, por tua vez, confirma os teus irmãos» (Lc 22,32), diz o Senhor. O ministério de Pedro consiste inteiramente na sua fé, uma fé que Jesus reconhece imediatamente, desde o início, como genuína, como dádiva do Pai celestial; mas uma fé que deve passar através do escândalo da cruz, para se tornar autêntica, verdadeiramente «cristã», para se tornar a «rocha» sobre a qual Jesus possa construir a sua Igreja. A participação no Senhorio de Cristo verifica-se, de modo concreto, unicamente na partilha da sua humilhação, mediante a Cruz. Caros Irmãos, também o meu ministério e por conseguinte inclusive o vosso, consiste inteiramente na fé. Jesus pode construir sobre nós a sua Igreja, na medida em que encontrar em nós aquela fé verdadeira, pascal, aquela fé que não quer fazer com que Jesus desça da Cruz, mas que se confia a Ele na Cruz. Neste sentido, o lugar genuíno do Vigário de Cristo é a Cruz, é o persistir na obediência da Cruz.

Este ministério é difícil, porque não está em sintonia com o modo de pensar dos homens — com aquela lógica natural que, de resto, permanece sempre activa também em nós mesmos. No entanto, este é e permanece sempre o nosso serviço primário, o serviço da fé, que transforma a vida inteira: crer que Jesus é Deus, que é o Rei, precisamente porque chegou até àquele ponto, porque nos amou até ao extremo. E nós devemos testemunhar e anunciar esta realeza paradoxal como Ele — o Rei — fez, ou seja seguindo o seu próprio caminho e esforçando-nos por adoptar a sua lógica, a lógica da humildade e do serviço, do grão que morre para produzir o fruto. O Papa e os Cardeais são chamados a estar profundamente unidos, antes de tudo, neste ponto: todos juntos, sob a chefia do Sucessor de Pedro, devem permanecer no Senhorio de Cristo, pensando e agindo em conformidade com a lógica da Cruz — e isto nunca é fácil, nem óbvio. Nisto, temos que ser compactos, e somo-lo porque não nos une uma ideia, uma estratégia, mas sim o amor de Cristo e o seu Espírito Santo. A eficácia do nosso serviço à Igreja, Esposa de Cristo, depende essencialmente disto, da nossa fidelidade à realeza divina do Amor crucificado. Por isso, no anel que hoje vos entrego, selo do vosso pacto nupcial com a Igreja, está representada a imagem da Crucifixão. E pelo mesmo motivo, a cor do vosso hábito faz alusão ao sangue, símbolo da vida e do amor. O Sangue de Cristo que, segundo uma antiga iconografia, Maria recebe do lado trespassado do Filho morto na cruz; e que o Apóstolo João contempla, enquanto jorra juntamente com a água, segundo as Escrituras proféticas.

Prezados Irmãos, daqui deriva a nossa sabedoria: sapientia Crucis. Sobre isto ponderou profundamente Paulo, o primeiro que delineou um pensamento cristão orgânico, centrado precisamente no paradoxo da Cruz (cf. 1Co 1,18-25 1Co 2,1-8). Na Carta aos Colossenses — da qual a Liturgia de hoje propõe o hino cristológico — a reflexão paulina, fecundada pela graça do Espírito, já alcança um nível impressionante de síntese ao expressar um autêntico conceito de Deus e do mundo, da salvação pessoal e universal; e tudo está centrado em Cristo, Senhor dos corações, da história e do cosmos: «Porque aprouve a Deus fazer habitar nele toda a plenitude, e que por Ele todas as criaturas fossem reconciliadas consigo, pacificando pelo sangue da sua Cruz tudo quanto existe na terra e nos céus» (Col 1,19-20). Caros Irmãos, é isto que somos sempre chamados a anunciar ao mundo: Cristo «imagem do Deus invisível», Cristo «Primogénito de toda a criação» e «daqueles que ressuscitam dos mortos», para que — como escreve o Apóstolo — «Ele tenha a primazia sobre todas as coisas» (Col 1,15 Col 1,18). A primazia de Pedro e dos seus Sucessores está totalmente ao serviço desta primazia de Jesus Cristo, único Senhor; ao serviço do seu Reino, ou seja, do seu Senhorio de amor, a fim de que ela venha e se difunda, renove os homens e as coisas, transforme a terra e faça germinar nela a paz e a justiça.

No contexto deste desígnio, que transcende a história e ao mesmo tempo nela se revela e se resume, encontra lugar a Igreja, «corpo» cuja «Cabeça» é Cristo (cf. Col 1,18). Na Carta aos Efésios, São Paulo fala explicitamente do Senhorio de Cristo, colocando-o em relação com a Igreja. Ele formula uma oração de louvor à «grandeza do poder de Deus», que ressuscitou Cristo e que O constituiu Senhor universal, e depois conclui: «E Ele [Deus] sob os seus pés sujeitou todas as coisas, / e constituiu-o Cabeça de toda a Igreja, / que é o seu corpo, / a plenitude daquele que é o perfeito cumprimento de todas as coisas» (Ep 1,22-23). A própria palavra «plenitude», que compete a Cristo, Paulo atribui-a aqui à Igreja, mediante a participação: com efeito, o corpo participa da plenitude da Cabeça. Venerados Irmãos Cardeais — dirijo-me também a todos vós, que compartilhais connosco a graça de ser cristãos — eis no que consiste a nossa alegria: participar, na Igreja, na plenitude de Cristo através da obediência da Cruz, «participar na sorte dos santos na luz», o facto de termos sido «introduzidos» no Reino do Filho de Deus (cf. Col 1,12-13). Por isso, nós vivemos em acção de graças perene, e até através das provações não esmorecem a alegria e a paz que Cristo nos deixou, como garantia do seu Reino, que já se encontra no meio de nós, que esperamos com fé e esperança, e que antegozamos na caridade.





Quarta-feira, 24 de Novembro de 2010: RITO EXEQUIAL DO CARDEAL URBANO NAVARRETE, S.I.

24110
Basílica Vaticana, Altar da Cátedra






«Muitos dos que dormem no pó da terra acordarão» (
Da 12,2).

As palavras do profeta Daniel, que acabamos de ouvir na primeira Leitura, são um testemunho bíblico claro da fé na ressurreição dos mortos. A visão profética projecta-se para o tempo final: depois de um período de grande angústia, Deus salvará o seu povo. Contudo, a salvação será apenas para os que estão inscritos no «livro da vida». O horizonte descrito por Daniel é o do povo da Aliança que, nas dificuldades, nas provações, nas perseguições, tem que assumir uma posição perante Deus: manter-se firme na fé dos pais ou renegá-la. O profeta anuncia a dúplice sorte final que isto origina: uns despertaram para a «vida eterna», outros para a «infâmia eterna». É portanto posta em realce a justiça de Deus: ela não permite que quantos doaram a vida por Deus a percam definitivamente. É o ensinamento de Jesus: quem aceita pôr em primeiro lugar o Reino de Deus, quem sabe deixar casa, pai, mãe por ele, quem está disposto a perder a própria existência por este tesouro precioso, terá em herança a vida eterna (cf. Mt 19,29 Lc 9,24).

Senhores Cardeais, venerados Irmãos no Episcopado e no Sacerdócio, amados irmãos, na luz da fé em Cristo, nossa vida e ressurreição, celebramos hoje as exéquias do querido e venerado Cardeal Urbano Navarrete, que na segunda-feira passada, com noventa anos, terminou a sua longa e fecunda peregrinação terrena. Ele pertence, assim nos apraz pensar, à multidão de quantos despenderam abnegadamente a sua existência pelo Reino de Deus, e por isso esperamos que o seu nome seja agora inscrito no «livro da vida».

«Os que tiverem sido sensatos resplandecerão como a luminosidade do firmamento» (Da 12,3).

Com o ânimo comovido e grato, desejo neste momento recordar o saudoso Purpurado como «mestre de justiça». O estudo escrupuloso e o ensino apaixonado do direito canónico representaram um elemento central da sua vida. Educar especialmente as jovens gerações para a verdadeira justiça, a de Cristo, do Evangelho: eis o ministério que o Cardeal Navarrete desempenhou ao longo de toda a sua vida. A isto ele se dedicou generosamente, prodigalizando-se com humilde disponibilidade, nas diversas situações nas quais a obediência à providência de Deus o colocou: das salas universitárias, em particular como perito de direito matrimonial, ao cargo de decano da Faculdade de direito canónico da Pontifícia Universidade Gregoriana, à alta responsabilidade de Reitor do mesmo Ateneu. É-me grato relevar, também, a sua atenção a importantes acontecimentos eclesiais como o Sínodo diocesano de Roma, o Concílio Vaticano II; assim como a sua competente contribuição científica na revisão do Código de Direito Canónico e a proveitosa colaboração com vários Organismos da Cúria Romana, na qualidade de apreciado consultor.

Em relação à sua vocação sacerdotal e religiosa, o Cardeal Navarrete, numa recente entrevista, disse com simplicidade: «Nunca duvidei da minha opção. Nunca tive dúvida de que não fosse este o meu caminho, nem sequer nos momentos da contestação», nos momentos mais difíceis. Esta afirmação resume a fidelidade generosa deste servo da Igreja à chamada do Senhor, à vontade de Deus. Com o equilíbrio que o caracterizava, costumava dizer que eram três os princípios fundamentais que o guiavam no estudo: muito amor ao passado, à tradição, porque quem no campo científico, e particularmente eclesiástico, não ama o passado é como um filho sem pais; depois, a sensibilidade em relação aos problemas, às exigências, aos desafios do presente, onde Deus nos colocou; por fim, a capacidade de olhar e de se abrir ao futuro sem receio, mas com esperança, aquela que vem da fé. Uma visão profundamente cristã, que guiou o seu empenho por Deus, pela Igreja, pelo homem no ensino e nas obras.

«Mas Deus, que é rico em misericórdia... deu-nos a vida juntamente com Cristo» (Ep 2,4).

Iluminados pelas palavras de São Paulo, que ouvimos na segunda Leitura, dirigimos o olhar para o mistério da encarnação, paixão, morte e ressurreição de Cristo, onde repousa a nossa justiça autêntica, dom da misericórdia de Deus. A graça divina derramada com abundância sobre nós, através do sangue redentor de Cristo crucificado, lava-nos das culpas, liberta-nos da morte e abre-nos a porta da vida eterna. O Apóstolo repete com vigor: «Pela graça fostes salvos» (v. Ep 2,5), por um dom do amor superabundante do Pai que sacrificou o seu Filho. Em Cristo, o homem reencontra o caminho da salvação e também a história humana recebe o seu ponto de referência e o seu significado profundo. Neste horizonte de esperança, hoje pensamos no Cardeal Urbano Navarrete: ele adormeceu no Senhor no final de uma existência laboriosa, na qual professou incessantemente a fé neste mistério de amor, proclamando a todos com a palavra e a vida: «pela graça fostes salvos» (Ep 2,5).

«Pai, quero que aqueles que Me deste, onde Eu estiver, também eles estejam» (Jn 17,24).

Esta fervorosa vontade salvífica de Cristo ilumina o caminho depois da morte: Jesus deseja que aqueles que o Pai lhe deu estejam com Ele e contemplem a sua glória. Portanto, há um destino de felicidade, de união total com Deus, que segue a fidelidade com a qual permanecemos unidos a Jesus Cristo no nosso caminho terreno. Será entrar naquela comunhão dos Santos onde reinam a paz e a alegria de participar juntos na glória de Cristo.

A luminosa vontade de fé da vida eterna conforta-nos todas as vezes que damos a extrema saudação a um irmão defunto. O Cardeal Urbano Navarrete, filho espiritual de santo Inácio de Loyola, um dos discípulos fiéis que o Pai deu a Cristo «para que estivesse com Ele», esteve «com Jesus» durante a sua longa existência, conheceu o seu nome (cf. v. Jn 17,26). Amou-o vivendo em união íntima com Ele, especialmente nas prolongadas pausas de oração, onde recebia da nascente da salvação a força para ser fiel à vontade de Deus, em todas as circunstâncias, também nas mais adversas. Tinha aprendido isto desde criança, graças ao luminoso exemplo dos pais, especialmente do pai, os quais souberam criar em família um clima de profunda fé cristã, favorecendo nos seus filhos, dos quais três Jesuítas e duas Religiosas, a coragem de testemunhar a própria fé, nada antepondo ao amor de Cristo e fazendo tudo pela maior glória de Deus.

Queridos amigos, é este olhar de fé que sustentou a longa vida do nosso venerado Irmão, e foi esta fé que ele pregou. Queremos dirigir-nos a Deus rico de misericórdia, para que agora a fé do Cardeal Urbano Navarrete se torne visão, encontro face a face com Ele, em cujo amor soube reconhecer e procurar o cumprimento de qualquer lei. À intercessão da Mãe de Jesus e nossa Mãe, confiemos a sua alma. Estamos certos de que ela, Speculum iustitiae, o acolherá para o introduzir no Céu de Deus, onde poderá gozar eternamente da plenitude da paz. Amém.





Bento XVI Homilias 7110