Bento XVI Homilias 15812


Domingo, 2 de Setembro de 2012: SANTA MISSA COM SEUS EX-ALUNOS NO CENTRO MARIÁPOLIS DE CASTEL GANDOLFO

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Queridos irmãos e irmãs!


Ainda ressoam profundamente em mim as palavras com as quais, há três anos, o Cardeal Schönborn nos apresentou a exegese deste Evangelho: a misteriosa correlação do íntimo com o exterior e o que torna o homem impuro, o que o contamina e o que é puro. Por isso hoje, não quero fazer eu também a exegese deste mesmo Evangelho, ou fá-la-ei apenas superficialmente. Ao contrário, tentarei dizer uma palavra sobre as duas Leituras.

No Deuteronómio vemos a «alegria da lei»: lei não como vínculo, como algo que nos tira a liberdade, mas como prenda e dom. Quando os outros povos olharem para este grande povo — assim diz a leitura, assim diz Moisés — então dirão: Que povo sábio! Admiraremos a sabedoria deste povo, a equidade da lei e a proximidade do Deus que está ao seu lado e que lhe responde quando é chamado. É esta a alegria humilde de Israel: receber um dom de Deus. Ele é diverso do triunfalismo, do orgulho do que vem de si mesmos: Israel não se sente orgulhoso com a própria lei como Roma se podia sentir com o direito romano como dom à humanidade, e como a França talvez com o «Code Napoléon», como a Prússia do «Preußisches Landrecht», etc. — obras do direito que reconhecemos. Mas Israel sabe: esta lei não foi ele mesmo que a fez, não é fruto da sua genialidade, é dom. Deus mostrou-lhe o que é o direito. Deus deu-lhe a sabedoria. A lei é sabedoria. Sabedoria é a arte de ser homem, a arte de poder viver bem e de poder morrer bem. E só se pode viver e morrer bem. E pode-se viver e morrer bem só quando se recebeu a verdade e quando a verdade nos indica o caminho. Estar gratos pelo dom que nós não inventámos, mas que nos foi dado em dom, e viver na sabedoria; aprender, graças ao dom de Deus, a ser homens de modo recto.

Porém, o Evangelho mostra-nos que existe também um perigo — como se diz inclusive directamente no início do trecho hodierno do Deuteronómio: «Nada acrescentar, nada tirar». Ensina-nos que, com o passar do tempo, ao dom de Deus acrescentaram-se aplicações, obras e hábitos humanos que, crescendo, escondem aquilo que é próprio da sabedoria doada por Deus, tornando-se um verdadeiro vínculo que é preciso interromper, ou então que se leva à presunção: fomos nós que o inventámos!

Mas passemos a nós, à Igreja. Com efeito, segundo a nossa fé, a Igreja é o Israel que se tornou universal no qual, através do Senhor, todos se tornam filhos de Abraão; o Israel que se tornou universal, no qual persiste o núcleo essencial da lei, desprovido das contingências do tempo e do povo. Este núcleo é simplesmente o próprio Cristo, o amor de Deus por nós e o nosso amor por Ele e pelos homens. Ele é a Tora viva, é o dom de Deus por nós, no qual agora todos recebemos a sabedoria de Deus. No estar unidos a Cristo, no «com-caminhar» e no «com-viver» com Ele, nós mesmos aprendemos como ser homens de modo justo, recebemos a sabedoria que é verdade, sabemos viver e morrer, porque Ele mesmo é a vida e a verdade.

Portanto é oportuno que a Igreja, como Israel, esteja cheia de gratidão e de alegria. «Qual é o povo que pode dizer que Deus lhe está tão próximo? Qual o povo recebeu este dom?». Não fomos nós que o fizemos, foi-nos doado. Alegria e gratidão pelo facto de o podermos conhecer, de termos recebido a sabedoria do viver bem, e é isto que deveria caracterizar o cristão. Com efeito, no Cristianismo das origens era assim: o ser libertado das trevas do caminhar como que às apalpadelas, da ignorância — o que sou? por que sou? como devo ir em frente? — o facto de ter sido libertado, o estar na luz, na amplidão da verdade. Esta era a consciência fundamental. Uma gratidão que se irradiava ao redor e que assim unia os homens na Igreja de Jesus Cristo.

Mas também na Igreja existe o mesmo fenómeno: elementos humanos acrescentam-se e levam à presunção, ao chamado triunfalismo que se vangloria de si mesmo em vez de louvar a Deus, ou ao vínculo, que é necessário eliminar, interromper e esmagar. O que devemos fazer? O que devemos dizer? Penso que estamos precisamente nesta fase, na qual vemos na Igreja apenas aquilo que nós mesmos fizemos, e assim arruina-se a alegria da nossa fé; que já não cremos e não ousamos dizer: Ele indicou-nos quem é a verdade, o que é a verdade, mostrou-nos o que é o homem, doou-nos a justiça da vida recta. Só preocupamo-nos por nos elogiar a nós mesmos, e temos medo de nos fazermos vincular por regulamentos que nos impedem a liberdade e a novidade da vida.

Se lemos hoje, por exemplo, na Carta de Tiago: «Sois gerados por meio de uma palavra de verdade», quem de nós ousaria alegrar-se com a verdade que nos foi concedida? Vem-nos imediatamente a pergunta: mas como se pode ter a verdade? Isto é intolerância! Hoje, a ideia de verdade e de intolerância estão quase completamente fundidas entre si, e assim já não ousamos crer de modo algum na verdade ou falar da verdade. Parece que está distante, parece algo ao qual é melhor não recorrer. Ninguém pode dizer: tenho a verdade — esta é a objecção que se faz — e, justamente, ninguém pode ter a verdade. É a verdade que nos possui, é algo vivo! Nós não somos os seus detentores, mas somos arrebatados por ela. Se nos deixarmos guiar e mover por ela, permaneceremos nela; se estivermos com ela e nela, se formos peregrinos da verdade, então ela estará em nós e por nós. Penso que devemos aprender de novo este «não-ter-a-verdade». Como ninguém pode dizer: tenho filhos — não são uma nossa posse, são um dom, e como dádiva de Deus, são-nos dados para uma tarefa — assim não podemos dizer: tenho a verdade, mas foi a verdade que veio a nós e nos impele. Devemos aprender a fazer-nos mover por ela, a fazer-nos conduzir por ela. E então ela voltará a resplandecer: se ela mesma nos conduzir e nos compenetrar.

Estimados amigos, queremos pedir ao Senhor que nos faça este dom. Hoje, são Tiago diz-nos na Leitura: não deveis limitar-vos a ouvir a Palavra, mas deveis pô-la em prática. Trata-se de uma advertência acerca da intelectualização da fé e da teologia. É um receio que sinto nesta época, quando leio tantas coisas inteligentes: que se torne um jogo do intelecto, no qual «passamos a bola uns aos outros», no qual tudo é somente um mundo intelectual que não compenetra e forma a nossa vida, e que portanto não nos introduz na verdade. Creio que estas palavras de são Tiago se dirigem precisamente a nós como teólogos: não só ouvir, não apenas intelecto — fazer, deixar-se formar pela verdade, deixar-se orientar por ela! Oremos ao Senhor para que nos aconteça isto, e que assim a verdade tenha poder sobre nós, e que conquiste força no mundo através de nós.

A Igreja pôs a palavra do Deuteronómio — «Onde existe um povo cujo Deus está tão próximo, como o nosso Deus está próximo de nós, cada vez que O invocamos?» — no centro do Ofício divino do Corpus Domini, e assim conferiu-lhe um novo significado: qual é o povo cujo Deus está tão próximo, como o nosso Deus está próximo de nós? Na Eucaristia isto tornou-se realidade plena. Sem dúvida, não é apenas um aspecto exterior: alguém pode estar próximo do tabernáculo e, ao mesmo tempo, estar distante do Deus vivo. O que conta é a proximidade interior! Deus tornou-se tão próximo de nós, que Ele mesmo é um homem: isto deve desconcertar-nos e surpreender sempre! Ele está tão próximo, que é um de nós. Conhece o ser humano, o «sabor» do ser humano; conhece-o a partir de dentro, provou-o com as suas alegrias e os seus sofrimentos. Como homem, está próximo de mim, perto, «ao alcance da voz» — tão próximo que me ouve e que posso saber: Ele ouve-me e responde-me, embora talvez não como eu o imagine.

Deixemo-nos encher de novo desta alegria: qual é o povo cujo Deus está tão próximo, como o nosso Deus está próximo de nós? Tão próximo que é um de nós, que me toca a partir de dentro. Sim, que entra em mim na Sagrada Eucaristia. Um pensamento até desconcertante. Sobre este processo, uma vez São Boaventura utilizou, nas suas orações de Comunhão, uma formulação que impressiona, quase assusta. Ele diz: meu Senhor, como te passou pela mente, entrar na latrina imunda do meu corpo? Sim, Ele entra na nossa miséria, fá-lo com consciência e fá-lo para nos compenetrar, para nos purificar e para nos renovar a fim de que, através de nós, em nós, a verdade esteja no mundo e se realize a salvação. Peçamos perdão ao Senhor pela nossa indiferença, pela nossa miséria que nos faz pensar unicamente em nós mesmos, pelo nosso egoísmo que não procura a verdade, mas que segue o próprio hábito, e que talvez com frequência apresenta o Cristianismo só como um sistema de hábitos. Peçamos-lhe que Ele entre, poderosamente, nas nossas almas, que se faça presente em nós e através de nós — e que assim a alegria nasça também em nós: Deus está aqui, e ama-me, é a nossa salvação! Amém.





VIAGEM APOSTÓLICA AO LÍBANO (14-16 DE SETEMBRO DE 2012)


Domingo, 16 de Setembro de 2012SANTA MISSA E ENTREGA DA EXORTAÇÃO APOSTÓLICA PÓS-SINODAL PARA O MÉDIO ORIENTE

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Beirut City Center Waterfront





Amados irmãos e irmãs!

«Bendito seja Deus, Pai de nosso Senhor Jesus Cristo» (
Ep 1,3). Bendito seja Ele neste dia em que tenho a alegria de me encontrar convosco aqui, no Líbano, para entregar aos Bispos da região a Exortação apostólica pós-sinodal Ecclesia in Medio Oriente. Agradeço cordialmente a Sua Beatitude Béchara Boutros Raïas amáveis palavras de boas-vindas. Saúdo os outros Patriarcas e os Bispos das Igrejas orientais, os Bispos latinos das regiões vizinhas bem como os Cardeais e os Bispos vindos doutros países. Com grande afecto, saúdo a todos vós, queridos irmãos e irmãs do Líbano e também dos países de toda esta amada região do Médio Oriente, que viestes celebrar, com o sucessor de Pedro, Jesus Cristo crucificado, morto e ressuscitado. Dirijo também a minha deferente saudação ao Presidente da República e às Autoridades libanesas, aos Responsáveis e aos membros das outras tradições religiosas que quiseram estar aqui nesta manhã.

Neste domingo em que o Evangelho nos interpela sobre a verdadeira identidade de Jesus, sentimo-nos a caminhar com os discípulos na estrada que leva às aldeias da região de Cesareia de Filipe. «E quem dizeis vós que Eu sou?» (Mc 8,29): pergunta-lhes Jesus. O momento escolhido para lhes colocar esta questão não é sem significado. Jesus encontra-se num ponto de viragem decisiva da sua vida. Sobe para Jerusalém, para o lugar onde será realizado, através da cruz e ressurreição, o acontecimento central da nossa salvação. É também em Jerusalém que, depois de todos estes acontecimentos, vai nascer a Igreja. E, neste momento decisivo, Jesus começa por perguntar aos seus discípulos: «Quem dizem os homens que Eu sou?» (Mc 8,27), recebendo deles respostas muito variadas: João Batista, Elias, um profeta… Ainda hoje, como ao longo dos séculos, aqueles que, de diversas maneiras, se cruzaram com Jesus no seu caminho têm a sua resposta a dar. São abordagens que podem ajudar a encontrar o caminho da verdade. Mas as mesmas, embora não sejam necessariamente falsas, são insuficientes, porque não atingem o cerne da identidade de Jesus. Só alguém que aceite seguir pelo seu caminho, viver em comunhão com Ele na comunidade dos discípulos, é que pode ter um verdadeiro conhecimento. Tal é o caso de Pedro, que, desde há algum tempo, vive com Jesus e que agora responde: «Tu és o Messias» (Mc 8,29). Resposta certa, sem dúvida alguma; mas ainda insuficiente, dado que Jesus sente a necessidade de a especificar. Ele entrevê que as pessoas poderiam servir-se desta resposta para desígnios que não são os seus, para suscitar falsas esperanças temporais sobre Ele. Não se deixa bloquear nos simples atributos do libertador humano que muitos esperam.

Anunciando aos seus discípulos que terá de sofrer, ser condenado à morte e depois ressuscitar, Jesus quer fazer-lhes compreender quem Ele é verdadeiramente. Um Messias sofredor, um Messias servo, e não um libertador político omnipotente. Ele é o Servo obediente à vontade de seu Pai até ao ponto de perder a sua vida. É o que anunciava já o profeta Isaías na primeira leitura. Assim Jesus vai contra o que muitos esperavam d’Ele. A sua afirmação choca e desconcerta. E ouve-se o protesto de Pedro, que O censura, recusando para o seu Mestre o sofrimento e a morte. Jesus mostra-se severo com ele, e faz-lhe compreender que aquele que quiser ser seu discípulo deve aceitar ser servo, como Ele Se fez Servo.

Seguir Jesus significa tomar a própria cruz para O acompanhar pelo seu caminho, um caminho incómodo que não é o do poder nem da glória terrena, mas o que leva necessariamente a renunciar a si mesmo, a perder a sua vida por Cristo e pelo Evangelho, a fim de a salvar. É que nos foi dada a certeza de que este caminho leva à ressurreição, à vida verdadeira e definitiva com Deus. Decidir acompanhar Jesus Cristo que Se fez o Servo de todos exige uma intimidade cada vez maior com Ele, colocando-se atentamente à escuta da sua Palavra, a fim de tirar dela a inspiração para o nosso agir. Ao promulgar o Ano da Fé,que começará em 11 de Outubro próximo, quis que cada fiel pudesse comprometer-se de maneira renovada neste caminho da conversão do coração. Por isso, ao longo deste ano, encorajo-vos vivamente a aprofundar a vossa reflexão sobre a fé para a tornar mais consciente e fortalecer a vossa adesão a Jesus Cristo e ao seu Evangelho.

Irmãos e irmãs, o caminho por onde Jesus nos quer conduzir é um caminho de esperança para todos. A glória de Jesus revela-se no momento em que, na sua humanidade, Ele Se mostra mais frágil, especialmente na encarnação e na cruz. É assim que Deus manifesta o seu amor, fazendo-Se servo, dando-Se a nós. Porventura não é este um mistério extraordinário, por vezes difícil de admitir? O próprio apóstolo Pedro só o compreenderá mais tarde.

Na segunda leitura, São Tiago lembrou-nos como este seguimento de Jesus, para ser autêntico, exija actos concretos: «Pelas obras, te mostrarei a minha fé» (Jc 2,18). Servir é uma exigência imperativa para a Igreja, de modo que os cristãos são verdadeiros servos à imagem de Jesus. O serviço é um elemento constitutivo da identidade dos discípulos de Cristo (cf. Jn 13,15-17). A vocação da Igreja e do cristão é servir; e fazê-lo, como o próprio Senhor, gratuitamente e a todos sem distinção. Assim, servir a justiça e a paz, num mundo onde a violência não cessa de alongar o seu rasto de morte e destruição, é uma urgência de modo a comprometer-se em prol duma sociedade fraterna, para edificar a comunhão. Amados irmãos e irmãs, peço ao Senhor de modo particular que conceda a esta região do Médio Oriente servidores da paz e da reconciliação, para que todos possam viver pacífica e dignamente. É um testemunho essencial que os cristãos devem prestar aqui, em colaboração com todas as pessoas de boa vontade. Eu vos convido a todos a trabalhar pela paz; cada qual ao seu nível e no lugar onde se encontra.

Além disso o serviço deve estar no centro da vida da própria comunidade cristã. Todo o ministério, toda a função na Igreja é primariamente um serviço a Deus e aos irmãos. É este espírito que deve animar todos os baptizados, uns em relação aos outros, especialmente através dum compromisso efectivo a favor dos mais pobres, dos marginalizados, daqueles que sofrem, para que seja preservada a dignidade inalienável de toda a pessoa.

Queridos irmãos e irmãs que sofreis no corpo ou no coração, o vosso sofrimento não é inútil. Cristo Servo está perto de todos aqueles que sofrem. Está presente junto de vós. Oxalá encontreis no vosso caminho irmãos e irmãs que manifestem concretamente a presença amorosa de Cristo, que não vos pode abandonar. Permanecei cheios de esperança por causa de Cristo!

E vós todos, irmãos e irmãs, que viestes participar nesta celebração, procurai tornar-vos cada vez mais conformes ao Senhor Jesus, Ele que Se fez Servo de todos pela vida do mundo. Deus abençoe o Líbano, abençoe todos os povos desta amada região do Médio Oriente e lhes conceda o dom da sua paz. Amen.



Quinta-feira, 4 de Outubro de 2012: VISITA PASTORAL A LORETO NO 50° ANIVERSÁRIO DA VIAGEM DE JOÃO XXIII - SANTA MISSA

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Praça de Nossa Senhora de Loreto





Senhores Cardeais,
Venerados Irmãos no episcopado,
Queridos irmãos e irmãs!

No dia 4 de outubro de 1962, o Beato João XXIII veio em peregrinação a este Santuário para confiar à Virgem Maria o Concílio Ecumênico Vaticano II, que seria inaugurado uma semana depois. Naquela ocasião, ele, que alimentava uma filial e profunda devoção a Nossa Senhora, se dirigiu a ela com estas palavras: «Hoje, mais uma vez, e em nome de todo o episcopado, a Vós, dulcíssima Mãe, que sois invocada como Auxilium Episcoporum, pedimos por Nós, Bispo de Roma e por todos os Bispos do mundo que nos alcance a graça de entrar na sala conciliar da Basílica de São Pedro como entraram no Cenáculo os Apóstolos e os primeiros discípulos de Jesus: um só coração, uma pulsação única de amor a Cristo e pelas almas, um propósito único de viver e de nos imolarmos pela salvação de cada pessoa e dos povos. Assim, por vossa intercessão materna, nos anos e nos séculos futuros, possa se dizer que a graça de Deus precedeu, acompanhou e coroou o vigésimo primeiro Concílio Ecumênico, infundindo em todos os filhos da Santa Igreja novo fervor, ímpeto de generosidade, firmeza de propósitos» (AAS 54 [1962], 727).

À distância de cinqüenta anos, após ter sido chamado pela Divina Providência a suceder, na Cátedra de Pedro, aquele Papa inesquecível, também vim aqui em peregrinação para confiar à Mãe de Deus duas importantes iniciativas eclesiais: o Ano da Fé, que terá início daqui a uma semana, no dia 11 de outubro, no qüinquagésimo aniversário da abertura do Concílio Vaticano II, e a Assembléia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos, por mim convocada para o mês de outubro, com o tema «A Nova Evangelização para a transmissão da Fé Cristã». Queridos amigos! A todos vós dirijo a minha mais cordial saudação. Agradeço ao Arcebispo de Loreto, Dom Giovanni Tonucci, pelas calorosas expressões de boas-vindas. Saúdo os demais Bispos presentes, os Sacerdotes, os Padres Capuchinhos, aos quais está confiada a cura pastoral do santuário, e às Religiosas. Dirijo um deferente pensamento ao Prefeito, Dr. Paolo Niccoletti, a quem também agradeço por suas amáveis palavras, ao Representante do Governo e às Autoridades civis e militares presentes. Expresso o meu reconhecimento a todos aqueles que generosamente contribuíram com a realização desta minha Peregrinação.

Como recordei na Carta Apostólica de sua convocação, através do Ano da Fé “pretendo convidar os Irmãos Bispos de todo o mundo para que se unam ao Sucessor de Pedro, no tempo de graça espiritual que o Senhor nos oferece, a fim de comemorar o dom precioso da fé” (Porta fidei,8). E justamente aqui em Loreto temos a oportunidade de nos colocarmos na escola de Maria, d’ela que foi proclamada “Bem-aventurada” porque “acreditou” (
Lc 1,45). Este Santuário, construído ao redor de sua casa terrena, guarda a memória do momento no qual o Anjo do Senhor veio a Maria com o grande anúncio da Encarnação, e ela lhe deu sua resposta. Esta humilde habitação é um testemunho concreto e tangível do maior acontecimento da nossa história: a Encarnação; o Verbo se fez carne, e Maria, a serva do Senhor, é o canal privilegiado através do qual Deus habitou entre nós (cf. Jn 1,14). Maria ofereceu a sua carne, colocou-se inteiramente à disposição da vontade de Deus, tornando-se “lugar” de sua presença, “lugar” no qual habita o Filho de Deus. Aqui podemos repetir as palavras do Salmo com as quais, segundo a Carta aos Hebreus, Cristo iniciou a sua vida terrena dizendo ao Pai: «Tu não quiseste vítima e oferenda, mas formaste-me um corpo... Por isso eu disse: “Eu vim, ó Deus, para fazer a tua vontade”» (He 10,5 He 10,7). Maria disse palavras semelhantes diante do Anjo que lhe revela o plano de Deus sobre ela: «Eis aqui a serva do Senhor; faça-se em mim segundo a tua palavra» (Lc 1,38). A vontade de Maria coincide com a vontade do Filho no único projeto de amor do Pai e nele se unem céu e terra, Deus criador e sua criatura. Deus torna-se homem, Maria se faz “casa viva” do Senhor, templo onde mora o Altíssimo. O Beato João XXIII há cinqüenta anos, aqui em Loreto, convidava a contemplar este mistério, a “refletir sobre esta união do céu com a terra, que é a finalidade da Encarnação e da Redenção”, e continuava afirmando que o próprio Concílio tinha como objetivo estender sempre mais o alcance benéfico da Encarnação e Redenção de Cristo em todas as formas da vida social (cf. AAS 54 [1962], 724). É um convite que ressoa hoje com particular intensidade. Na crise atual que atinge não apenas a economia, mas vários setores da sociedade, a Encarnação do Filho de Deus nos fala de quanto o homem é importante para Deus e Deus para o homem. Sem Deus o homem acaba por deixar prevalecer o seu egoísmo sobre a solidariedade e sobre o amor, as coisas materiais sobre os valores, o ter sobre o ser. É preciso voltar para Deus para que o homem volte a ser homem. Com Deus mesmo nos momentos difíceis, de crise, o horizonte da esperança não desaparece: a Encarnação nos diz que jamais estamos sozinhos, Deus entrou em nossa humanidade e nos acompanha.

Mas o habitar do Filho de Deus na “casa viva”, no templo, que é Maria, nos leva a outro pensamento: onde Deus mora, devemos reconhecer que todos estamos “em casa”; onde Cristo mora, os seus irmãos e as suas irmãs não são mais estrangeiros. Maria, que é a mãe de Cristo é também nossa mãe, nos abre a porta da sua Casa, nos guia para entrarmos na vontade de seu Filho. É a fé, então, que nos dá uma casa neste mundo, que nos reúne em uma única família e que nos faz todos irmãos e irmãs. Contemplando Maria, devemos nos perguntar se também nós queremos ser abertos ao Senhor, se queremos oferecer a nossa vida para que seja uma morada para Ele; ou então, ao contrário, se tememos que a presença do Senhor possa ser um limite para nossa liberdade, e se queremos reservar para nós uma parte de nossa vida, de modo que possa pertencer apenas a nós. Mas é Deus mesmo que liberta nossa liberdade, que a liberta do fechamento em si mesma, de possuir, da sede de poder, de posse, de domínio, e a torna capaz de abrir-se à dimensão que a realiza no sentido pleno: o do dom de si, do amor, que se faz serviço e partilha.

A fé nos faz habitar, morar, mas nos faz também trilhar o caminho da vida. Também a Santa Casa de Loreto conserva um ensinamento importante. Como sabemos, ela foi colocada numa estrada. Isso poderia parecer deveras estranho: do nosso ponto de vista, de fato, a casa e a estrada parecem se excluir. Na realidade, justamente nesse aspecto particular, encontra-se uma mensagem singular desta Casa. Ela não é uma casa privada, não pertence a uma pessoa ou a uma família, mas é uma habitação aberta para todos, que está, por assim dizer, na estrada de todos nós. Então, aqui em Loreto, encontramos uma casa que nos faz permanecer, habitar, e que ao mesmo tempo nos faz caminhar: recorda-nos que somos todos peregrinos, que devemos estar sempre a caminho para outra habitação, para a casa definitiva, para a Cidade eterna, a morada de Deus com a humanidade redimida (cf. Ap 21,3).

Existe ainda um ponto importante do relato evangélico da Anunciação que quero destacar, um aspecto que jamais deixa de maravilharmos: Deus pede o “sim” do homem, criou um interlocutor livre, pede que sua criatura Lhe responda com plena liberdade. São Bernardo de Claraval, em um de seus Sermões mais célebres, quase “representa” a espera da parte de Deus e da humanidade pelo “sim” de Maria, dirigindo-se a ela com uma súplica: «O anjo espera a vossa resposta, porque chegou o tempo de voltar ao que o enviou... Ó Senhora, dai essa resposta, que a terra, os infernos, antes, que os céus esperam. Como o Rei e Senhor de todos desejava ver a vossa beleza, assim deseja ardentemente a vossa resposta afirmativa... Levantai-vos, correi, abri! Levantai-vos com a fé, apressai-vos com vossa oferta, abri com a vossa adesão!» (In laudibus Virginis Matris, Hom. IV, 8: Opera omnia, Edit. Cisterc. 4, 1966, p. 53s). Deus pede a livre adesão de Maria para se tornar homem. Certo, o “sim” da Virgem é fruto da Graça divina. Mas a graça não elimina a liberdade, ao contrário, a cria e a sustém. A fé não tolhe nada à criatura humana, mas permite a sua plena e definitiva realização.

Queridos irmãos e irmãs, nesta peregrinação que repercorre a do Beato João XXIII – e que se dá, providencialmente, no dia em que se celebra a memória de São Francisco de Assis, verdadeiro “Evangelho Vivo” – quero confiar à Santíssima Mãe de Deus todas as dificuldades que vive o nosso mundo na busca de serenidade e de paz; os problemas de tantas famílias que olham para o futuro com preocupação, os desejos dos jovens que se abrem à vida, os sofrimentos dos que esperam gestos e escolhas de solidariedade e de amor. Quero confiar à Mãe de Deus também este especial tempo de graça para a Igreja, que se abre diante de nós. Vós, Mãe do “sim”, que escutastes Jesus, falai-nos d’Ele, contai-nos sobre vossa estrada para segui-Lo no caminho da fé, ajudai-nos a anunciá-lo para que cada homem possa acolhê-lo e se tornar morada de Deus. Amém!



Domingo, 7 de Outubro de 2012: SANTA MISSA PARA A ABERTURA DO SÍNODO DOS BISPOS

E PROCLAMAÇÃO DE SÃO JOÃO DE ÁVILA E DE SANTA HILDEGARD DE BINGEN "DOUTORES DA IGREJA"

7102
Praça de São Pedro





Veneráveis Irmãos,
Queridos irmãos e irmãs,

Com esta solene concelebração inauguramos a XIII Assembléia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos, que tem como tema: A Nova Evangelização para a transmissão da fé cristã. Esta temática responde a uma orientação programática para a vida da Igreja, de todos os seus membros, das famílias, comunidades, e das suas instituições. Tal perspectiva se reforça pela coincidência com o início do Ano da Fé, que terá lugar na próxima quinta-feira, dia 11 de outubro, no 50º aniversário da abertura do Concílio Ecumênico Vaticano II. Dirijo a minha cordial saudação de boas-vindas, cheia de gratidão, a vós que viestes formar parte nesta Assembléia sinodal, em especial, ao Secretário-Geral do Sínodo dos Bispos e aos seus colaboradores. Estendo a minha saudação aos delegados fraternos de outras Igrejas e Comunidades Eclesiais, e a todos os presentes, convidando-os a acompanhar com a sua oração diária, os trabalhos que realizaremos nas próximas três semanas.

As leituras bíblicas, que compõem a Liturgia da Palavra deste domingo, nos oferecem dois pontos principais de reflexão: o primeiro sobre o matrimônio, que tratarei adiante; e o segundo sobre Jesus Cristo, que abordarei em seguida. Não temos tempo para comentar esta passagem da Carta aos Hebreus, mas devemos, no início desta Assembléia sinodal, aceitar o convite para fixar o olhar no Senhor Jesus, «coroado de glória e honra, por ter sofrido a morte» (
He 2,9). A Palavra de Deus nos coloca diante do crucificado glorioso, de modo que toda a nossa vida e, em particular, o compromisso desta assembléia sinodal, se desenrole presença d’Ele e à luz do seu mistério. A evangelização, em todo tempo e lugar, teve sempre como ponto central e último Jesus, o Cristo, o Filho de Deus (cf. Mc 1,1); e o Crucificado é por excelência o sinal distintivo de quem anuncia o Evangelho: sinal de amor e de paz, chamada à conversão e à reconciliação. Sejamos nós, Venerados Irmãos, os primeiros a ter o olhar do coração dirigido a Ele, deixando-nos purificar pela sua graça.

Queria agora refletir, brevemente, sobre a «nova evangelização», relacionando-a com a evangelização ordinária e com a missão ad gentes. A Igreja existe para evangelizar. Fiéis ao mandamento do Senhor Jesus Cristo, seus discípulos partiram pelo mundo inteiro para anunciar a Boa Nova, fundando, por toda a parte, comunidades cristãs. Com o passar do tempo, essas comunidades tornaram-se Igrejas bem organizadas, com numerosos fiéis. Em determinados períodos da história, a Divina Providência suscitou um renovado dinamismo na ação evangelizadora na Igreja. Basta pensar na evangelização dos povos anglo-saxões e eslavos, ou na transmissão do Evangelho no continente americano, e, em seguida, nos distintos períodos missionários junto dos povos da África, Ásia e Oceania. Sobre este pano de fundo dinâmico, apraz-me também dirigir o olhar para as duas figuras luminosas que acabo de proclamar Doutores da Igreja: São João de Ávila e Santa Hildegarda de Bingen. Também nos nossos tempos, o Espírito Santo suscitou na Igreja um novo impulso para proclamar a Boa Nova, um dinamismo espiritual e pastoral que encontrou a sua expressão mais universal e o seu impulso mais autorizado no Concílio Ecumênico Vaticano II. Este renovado dinamismo de evangelização produz uma influência benéfica sobre os dois "ramos" concretos que desenvolvem a partir dela, ou seja, por um lado, a missio ad gentes, isto é, a proclamação do Evangelho para aqueles que ainda não conhecem a Jesus Cristo e a Sua mensagem de salvação; e, por outro lado, a nova evangelização, destinada principalmente às pessoas que, embora batizadas, se distanciaram da Igreja e vivem sem levar em conta prática cristã. A Assembléia sinodal que se abre hoje é dedicada a essa nova evangelização, para ajudar essas pessoas a terem um novo encontro com o Senhor, o único que dá sentido profundo e paz para a nossa existência; para favorecer a redescoberta da fé, a fonte de graça que traz alegria e esperança na vida pessoal, familiar e social. Obviamente, esta orientação particular não deve diminuir nem o impulso missionário, em sentido próprio, nem as atividades ordinárias de evangelização nas nossas comunidades cristãs. Na verdade, os três aspectos da única realidade de evangelização e completam e se fecundam mutuamente.

Neste sentido, o tema do matrimônio, que nos ofereceu o Evangelho e a primeira leitura, merece uma atenção especial. A mensagem da Palavra de Deus pode ser resumida na expressão contida no livro do Gênesis e retomada pelo próprio Jesus: «Por isso, o homem deixará seu pai e sua mãe e se unirá à sua mulher, e eles serão uma só carne» (Gn 2,24 Mc 10,7-8). O que significa hoje para nós essa palavra? Parece-me que nos convida a nos tornarmos mais conscientes de uma realidade já conhecida, mas talvez não totalmente apreciada, ou seja, que o matrimônio se constitui, em si mesmo, um Evangelho, uma Boa Nova para o mundo de hoje, em particular para o mundo descristianizado. A união do homem e da mulher, o ser «uma só carne» na caridade, no amor fecundo e indissolúvel, é um sinal que fala de Deus com força, com uma eloqüência que hoje se torna ainda maior porque, infelizmente, por diversas razões, o matrimônio, justamente nas regiões de antiga tradição cristã, está passando por uma profunda crise. Não é uma coincidência. O matrimônio está ligado à fé, não num sentido genérico. O matrimônio se fundamenta, enquanto união do amor fiel e indissolúvel, na graça que vem do Deus Uno e Trino, que em Cristo nos amou com um amor fiel até a Cruz. Hoje, somos capazes de compreender toda a verdade desta afirmação, em contraste com a dolorosa realidade de muitos matrimônios que, infelizmente, acabam mal. Há uma clara correspondência entre a crise da fé e a crise do matrimônio. E, como a Igreja afirma e testemunha há muito tempo, o matrimônio é chamado a ser não apenas objeto, mas o sujeito da nova evangelização. Isso já se vê em muitas experiências ligadas a comunidades e movimentos, mas também se observa, cada vez mais, no tecido das dioceses e paróquias, como demonstrou o recente Encontro Mundial das Famílias.

A chamada universal à santidade é uma das idéias chave do renovado impulso que o Concílio Vaticano II deu à evangelização que, como tal, aplica-se a todos os cristãos (cf. Lumen gentium LG 39-42). Os santos são os verdadeiros protagonistas da evangelização em todas as suas expressões. Eles são, em particular, também os pioneiros e os impulsionadores da nova evangelização: pela sua intercessão e exemplo de vida, atentos à criatividade que vem do Espírito Santo, eles mostram às pessoas, indiferentes ou mesmo hostis, a beleza do Evangelho e da comunhão em Cristo; e convidam os fiéis, por assim dizer, tíbios, a viverem a alegria da fé, da esperança e da caridade; a redescobrirem o «gosto» da Palavra de Deus e dos Sacramentos, especialmente do Pão da Vida, a Eucaristia. Santos e santas florescem entre os missionários generosos que anunciam a Boa Nova aos não-cristãos, tradicionalmente nos países de missão e atualmente em todos os lugares onde vivem pessoas não cristãs. A santidade não conhece barreiras culturais, sociais, políticas ou religiosas. Sua linguagem - a do amor e da verdade - é entendida por todos os homens de boa vontade e lhes aproxima de Jesus Cristo, fonte inesgotável de vida nova.

Neste ponto, detenhamo-nos por um momento para admirar os dois santos que hoje foram agregados ao grupo seleto dos Doutores da Igreja. São João de Ávila viveu no século XVI. Profundo conhecedor das Sagradas Escrituras, era dotado de um ardente espírito missionário. Soube adentrar, com uma profundidade particular, nos mistérios da Redenção operada por Cristo para a humanidade. Homem de Deus, unia a oração constante à atividade apostólica. Dedicou-se à pregação e ao aumento da prática dos sacramentos, concentrando seus esforços para melhorar a formação dos futuros candidatos ao sacerdócio, dos religiosos, religiosas e dos leigos, em vista de uma fecunda reforma da Igreja.

Santa Hildegarda de Bingen, importante figura feminina do século XII, ofereceu a sua valiosa contribuição para o crescimento da Igreja do seu tempo, valorizando os dons recebidos de Deus e mostrando-se uma mulher de grande inteligência, sensibilidade profunda e de reconhecida autoridade espiritual. O Senhor dotou-a com um espírito profético e de fervorosa capacidade de discernir os sinais dos tempos. Hildegard nutria um grande amor pela a criação, cultivou a medicina, a poesia e a música. Acima de tudo, sempre manteve um amor grande e fiel a Cristo e à sua Igreja.

O olhar sobre o ideal da vida cristã, expressado na chamada à santidade, nos encoraja a ver com humildade a fragilidade de muitos cristãos, antes, o seu pecado, pessoal e comunitário, que se apresenta como um grande obstáculo para a evangelização; e nos encoraja a reconhecer a força de Deus que, na fé, vem ao encontro da fraqueza humana. Portanto, não se pode falar da nova evangelização sem uma disposição sincera de conversão. Deixar-se reconciliar com Deus e com o próximo (cf. 2Co 5,20) é a via mestra da nova evangelização. Só purificados, os cristãos podem encontrar o legítimo orgulho da sua dignidade de filhos de Deus, criados à Sua imagem e redimidos pelo sangue precioso de Jesus Cristo, e podem experimentar a sua alegria, para compartilhá-la com todos, com os de perto e os de longe.

Queridos irmãos e irmãs, confiamos a Deus o trabalho da Assembléia sinodal com o sentimento vivo da comunhão dos santos invocando, em particular, a intercessão dos grandes evangelizadores, dentre os quais queremos incluir com grande afeto, o Beato Papa João Paulo II, cujo longo pontificado foi também um exemplo da nova evangelização. Colocamo-nos sob a proteção da Virgem Maria, Estrela da nova evangelização. Com ela, invocamos uma especial efusão do Espírito Santo, que ilumine do alto a Assembléia sinodal e torne-a fecunda para o caminho da Igreja, hoje no nosso tempo.



Bento XVI Homilias 15812