Bento XVI Homilias 25132

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Basílica Vaticana

Solenidade de Nosso Senhor Jesus Cristo Rei do Universo




Senhores Cardeais,

Venerados Irmãos no Episcopado e no Sacerdócio,
Amados irmãos e irmãs!

A solenidade de Jesus Cristo Rei do universo, que hoje coroa o Ano Litúrgico, vê-se enriquecida com a recepção no Colégio Cardinalício de seis novos membros, que convidei, como é tradição, para concelebrar comigo a Eucaristia nesta manhã. A cada um deles dirijo a minha saudação mais cordial, agradecendo ao Cardeal James Michael Harvey as amáveis palavras que em nome de todos me dirigiu. Saúdo os outros Purpurados e todos os Prelados presentes, bem como as ilustres Autoridades, os Senhores Embaixadores, os sacerdotes, os religiosos e todos os fiéis, especialmente quantos vieram das dioceses que estão confiadas ao cuidado pastoral dos novos Cardeais.

Neste último domingo do Ano Litúrgico, a Igreja convida-nos a celebrar Jesus Cristo como Rei do universo; chama-nos a dirigir o olhar em direcção ao futuro, ou melhor em profundidade, para a meta última da história, que será o reino definitivo e eterno de Cristo. Estava com o Pai no início, quando o mundo foi criado, e manifestará plenamente o seu domínio no fim dos tempos, quando julgar todos os homens. As três leituras de hoje falam-nos desse reino. No texto evangélico que ouvimos, tirado do Evangelho de São João, Jesus encontra-Se numa situação humilhante – a de acusado – diante do poder romano. Foi preso, insultado, escarnecido, e agora os seus inimigos esperam obter a sua condenação ao suplício da cruz. Apresentaram-No a Pilatos como alguém que aspira ao poder político, como o pretenso rei dos judeus. O procurador romano faz a própria investigação e interroga Jesus: «Tu és rei dos judeus?» (
Jn 18,33). Na resposta a esta pergunta, Jesus esclarece a natureza do seu reino e da própria messianidade, que não é poder terreno, mas amor que serve; afirma que o seu reino de modo algum se confunde com qualquer reino político: «A minha realeza não é deste mundo (...) o meu reino não é de cá» (v. Jn 18,36).

É claro que Jesus não tem nenhuma ambição política. Depois da multiplicação dos pães, o povo, entusiasmado com o milagre, queria pegar n’Ele e fazê-Lo rei, para derrubar o poder romano e assim estabelecer um novo reino político, que seria considerado como o reino de Deus tão esperado. Mas Jesus sabe que o reino de Deus é de género totalmente diverso; não se baseia sobre as armas e a violência. E é justamente a multiplicação dos pães que se torna, por um lado, sinal da sua messianidade, mas, por outro, assinala uma viragem decisiva na sua actividade: a partir daquele momento aparece cada vez mais claro o caminho para a Cruz; nesta, no supremo acto de amor, resplandecerá o reino prometido, o reino de Deus. Mas a multidão não entende, fica decepcionada, e Jesus retira-Se para o monte sozinho para rezar, para falar com o Pai (cf. Jn 6,1-15). Na narração da Paixão, vemos como os próprios discípulos, apesar de terem partilhado a vida com Jesus e ouvido as suas palavras, pensavam num reino político, instaurado mesmo com o uso da força. No Getsêmani, Pedro desembainhara a sua espada e começou a combater, mas Jesus deteve-o (cf. Jn 18,10-11); não quer ser defendido com as armas, mas deseja cumprir a vontade do Pai até ao fim e estabelecer o seu reino, não com as armas e a violência, mas com a aparente fragilidade do amor que dá a vida. O reino de Deus é um reino completamente diferente dos reinos terrenos.

Por isso, diante de um homem indefeso, frágil, humilhado como se apresenta Jesus, um homem de poder como Pilatos fica surpreendido – surpreendido, porque ouve falar de um reino, de servidores – e faz uma pergunta, a seu ver paradoxal: «Logo, Tu és rei!». Que tipo de rei pode ser um homem naquelas condições!? Mas Jesus responde afirmativamente: «É como dizes: Eu sou rei! Para isto nasci, para isto vim ao mundo: para dar testemunho da Verdade. Todo aquele que vive da Verdade escuta a minha voz» (Jn 18,37). Jesus fala de rei, de reino, referindo-Se não ao domínio mas à verdade. Pilatos não entende: poderá haver um poder que não se obtenha com meios humanos? Um poder que não corresponda à lógica do domínio e da força? Jesus veio para revelar e trazer uma nova realeza: a realeza de Deus. Veio para dar testemunho da verdade de um Deus que é amor (cf. 1Jn 4,8 1Jn 4,16) e que deseja estabelecer um reino de justiça, de amor e de paz (cf. Prefácio). Quem está aberto ao amor, escuta este testemunho e acolhe-o com fé, para entrar no reino de Deus.

Encontramos esta perspectiva na primeira leitura que ouvimos. O profeta Daniel prediz o poder de um personagem misterioso colocado entre o céu e a terra: «Vi aproximar-se, sobre as nuvens do céu, um ser semelhante a um filho de homem. Avançou até ao Ancião, diante do qual o conduziram. Foram-lhe dadas as soberanias, a glória e a realeza. Todos os povos, todas as nações e as gentes de todas as línguas o serviram. O seu império é um império eterno que não passará jamais, e o seu reino nunca será destruído» (Da 7,13-14). São palavras que prevêem um rei que domina de mar a mar até aos confins da terra, com um poder absoluto, que nunca será destruído. Esta visão do profeta, uma visão messiânica, é esclarecida e realiza-se em Cristo: o poder do verdadeiro Messias – poder que não mais desaparece e nunca será destruído – não é o poder dos reinos da terra que surgem e caem, mas o poder da verdade e do amor. Assim entendemos como a realeza, anunciada por Jesus nas parábolas e revelada aberta e explicitamente diante do Procurador romano, é a realeza da verdade, a única que dá a todas as coisas a sua luz e grandeza.

Na segunda leitura, o autor do Apocalipse afirma que também nós participamos na realeza de Cristo. Na aclamação dirigida «Àquele que nos ama e nos purificou dos nossos pecados com o seu sangue», declara que Ele «fez de nós um reino, sacerdotes para Deus e seu Pai» (Ap 1,5-6). Aqui está claro também que se trata de um reino fundado na relação com Deus, com a verdade, e não de um reino político. Com o seu sacrifício, Jesus abriu-nos a estrada para uma relação profunda com Deus: n’Ele tornamo-nos verdadeiros filhos adoptivos, participando assim da sua realeza sobre o mundo. Portanto, ser discípulos de Jesus significa não se deixar fascinar pela lógica mundana do poder, mas levar ao mundo a luz da verdade e do amor de Deus. Depois o autor do Apocalipse estende o olhar até à segunda vinda de Jesus – quando Ele voltar para julgar os homens e estabelecer para sempre o reino divino – e recorda-nos que a conversão, como resposta à graça divina, é a condição para a instauração desse reino (cf. Ap 1,7). É um vigoroso convite dirigido a todos e cada um: converter-se sem cessar ao reino de Deus, ao domínio de Deus, da Verdade, na nossa vida. Pedimo-lo diariamente na oração do «Pai nosso» com as palavras «Venha a nós o vosso reino», que equivale a dizer a Jesus: Senhor, fazei que sejamos vossos, vivei em nós, reuni a humanidade dispersa e atribulada, para que em Vós tudo se submeta ao Pai da misericórdia e do amor.

A vós, amados e venerados Irmãos Cardeais – penso de modo particular àqueles que foram criados ontem –, se confia esta responsabilidade impelente: dar testemunho do reino de Deus, da verdade. Isso significa fazer sobressair sempre a prioridade de Deus e da sua vontade face aos interesses do mundo e dos seus poderes. Fazei-vos imitadores de Jesus, que diante de Pilatos, na situação humilhante descrita pelo Evangelho, manifestou a sua glória: a glória de amar até ao fim, dando a própria vida pelas pessoas amadas. Esta é a revelação do reino de Jesus. E por isso, com um só coração e uma só alma, rezemos: «Adveniat regnum tuum». Amen.



Sábado, 1º de Dezembro de 2012: I DOMINGO DE ADVENTO - PRIMEIRAS VÉSPERAS

ENCONTRO COM OS UNIVERSITÁRIOS DOS ATENEUS ROMANOS E DAS UNIVERSIDADES PONTIFÍCIAS

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Basílica Vaticana




«Aquele que vos chama é fiel» (
1Th 5,24).

Queridos amigos universitários!

As palavras do Apóstolo levam-nos a captar o verdadeiro significado do Ano litúrgico, que esta tarde começamos juntos com a recitação das Primeiras Vésperas de Advento. Todo o caminho do ano da Igreja se orienta para a descoberta e a vivência da fidelidade do Deus de Jesus Cristo que na gruta de Belém se apresentará a nós, mais uma vez, no rosto de um menino. Toda a história da salvação é um percurso de amor, de misericórdia e de benevolência: da criação à libertação do povo de Israel da escravidão do Egipto, do dom da Lei no Sinai ao regresso à pátria da escravidão babilónica. O Deus de Abraão, de Isaac e de Jacob foi sempre o Deus próximo, que nunca abandonou o seu povo. Várias vezes suportou a sua infidelidade e esperou com paciência a vinda, sempre na liberdade de um amor que precede e ampara o amado, atento à sua dignidade e às suas expectativas mais profundas.

Deus não se fechou no seu céu, mas inclinou-se sobre as vicissitudes do homem: um mistério grande que chega a superar qualquer expectativa possível. Deus entra no tempo do homem do modo mais impensado: fazendo-se menino e percorrendo as etapas da vida humana, para que toda a nossa existência, espírito, alma e corpo — como nos recordou são Paulo — possa conservar-se irrepreensível e ser elevada às alturas de Deus. E faz tudo isto pelo seu amor fiel pela humanidade. Quando é verdadeiro o amor tende por sua natureza para o bem do próximo, para o maior bem possível, e não se limita a respeitar simplesmente os compromissos de amizade assumidos, mas vai além, sem cálculos nem medidas. Foi precisamente isto que realizou o Deus vivo e verdadeiro, cujo mistério profundo nos é revelado nas palavras de são João: «Deus é amor» (1Jn 4,8 1Jn 4,16). Este Deus em Jesus de Nazaré assume em si toda a humanidade, toda a história humana, e confere-lhe uma mudança nova, decisiva, rumo a um novo ser pessoa humana, caracterizado pelo ser gerado por Deus e por tender para Ele (cf. A infância de Jesus, p. 19).

Queridos jovens, ilustres Reitores e Professores, é para mim motivo de grande alegria partilhar estas reflexões convosco que aqui representais o mundo universitário romano, no qual confluem, mesmo se nas suas identidades específicas, as Universidades estatais e particulares de Roma e as Instituições pontifícias, que há muitos anos caminham juntas dando testemunho vivo de um diálogo e colaboração recíprocos entre os diversos saberes e a teologia. Saúdo e agradeço ao Cardeal Prefeito da Congregação para a Educação Católica, ao Reitor da Universidade de Roma «Foro Italico» e à vossa representante, as palavras que me dirigiram em nome de todos. Saúdo com sentida cordialidade o Cardeal Vigário e o Ministro da Educação, da Universidade e da Pesquisa, assim como as diversas autoridades académicas presentes.

Saúdo com especial afecto a vós, queridos jovens universitários dos Ateneus romanos, que renovastes a vossa profissão de fé no Túmulo do apóstolo Pedro. Estais a viver o tempo da preparação para as grandes escolhas da vossa vida e para o serviço na Igreja e na sociedade. Esta tarde podeis experimentar que não estais sozinhos: convosco estão os professores, os capelães universitários e os animadores dos colégios. Convosco está o Papa! E, sobretudo, estais inseridos na grande comunidade académica romana, na qual é possível caminhar na oração, na pesquisa, no confronto, no testemunho do Evangelho. É um dom precioso para a vossa vida; sabei vê-lo como um sinal da fidelidade de Deus, que vos oferece ocasiões para conformar a vossa existência com a de Deus, para vos deixardes santificar por Ele até à perfeição (cf 1Th 5,23). O ano litúrgico que iniciámos com estas Vésperas será também para vós o caminho no qual mais uma vez reviver o mistério desta fidelidade de Deus, sobre a qual estais chamados a fundar a vossa vida como sobre uma rocha firme. Celebrando e vivendo com toda a Igreja este itinerário de fé, experimentareis que Jesus Cristo é o único Senhor do cosmos e da história, sem o qual qualquer construção humana corre o risco de se tornar vã. A liturgia, vivida no seu verdadeiro espírito, é sempre a escola fundamental para viver a fé cristã, uma fé «teologal», que vos envolve em todo o vosso ser — espírito, alma e corpo — para que vos torneis pedras vivas na construção da Igreja e colaboradores da nova evangelização. De modo particular, na Eucaristia, o Deus vivo torna-se tão próximo, que se faz alimento que ampara o caminho, presença que transforma com o fogo do seu amor.

Queridos amigos, vivemos num contexto no qual com frequência encontramos a indiferença em relação a Deus. Mas penso que no fundo de quantos — também entre os vossos coetâneos — vivem a distância de Deus, há uma profunda nostalgia de infinito, de transcendência. A vós compete testemunhar nas salas universitárias o Deus próximo, que se manifesta também na busca da verdade, alma de cada compromisso intelectual. A este propósito expresso a minha satisfação e encorajamento pelo programa de pastoral universitária com o título: «O Pai viu-o de longe. O hoje do homem, o hoje de Deus», proposto pela Repartição de pastoral universitária do Vicariato de Roma. A fé é a porta que Deus abre na vossa vida para vos conduzir ao encontro com Cristo, no qual o hoje do homem se encontra com o hoje de Deus. A fé cristã não é adesão a um deus genérico e indefinido, mas ao Deus vivo que em Jesus Cristo, Verbo feito homem, entrou na nossa história e se revelou como o Redentor do homem. Crer significa confiar a própria vida Àquele que é o único que lhe pode dar plenitude no tempo e abri-la a uma esperança além do tempo.

Reflectir sobre a fé, neste Ano da fé, é o convite que desejo dirigir a toda a comunidade académica de Roma. O diálogo contínuo entre as Universidades estatais ou particulares e as pontifícias deixa esperar numa presença cada vez mais significativa da Igreja no âmbito da cultura não só romana, mas italiana e internacional. As Semanas culturais e o Simpósio internacional dos professores que terá lugar em Junho próximo, serão um exemplo desta experiência, que espero se possa realizar em todas as cidades universitárias nas quais estão presentes ateneus estatais, particulares e pontifícios.

Queridos amigos, «aquele que vos chama é fiel e fará tudo isto» (1Th 5,24); fará de vós anunciadores da sua presença. Na oração desta tarde encaminhemo-nos idealmente para a gruta de Belém a fim de saborear a verdadeira alegria do Natal: a alegria de acolher no centro da nossa vida, a exemplo da Virgem Maria e de São José, aquele Menino que nos recorda que os olhos de Deus estão abertos para o mundo e para cada homem (cf. Za 12,4). Os olhos de Deus estão abertos para nós porque Ele é fiel ao seu amor! Só esta certeza pode guiar a humanidade para metas de paz e de prosperidade, neste momento histórico, delicado e complexo. Também a próxima Jornada Mundial da Juventude no Rio de Janeiro será para vós jovens universitários uma grande ocasião para manifestar a fecundidade histórica da fidelidade de Deus, oferecendo o vosso testemunho e o vosso compromisso pela renovação moral e social do mundo. A entrega do Ícone de Maria Sedes Sapientiae à delegação universitária brasileira por parte da Capelania universitária de Roma Tre, que este ano celebra o seu vigésimo aniversário, é um sinal deste vosso compromisso comum, jovens universitários de Roma.

A Maria, Sede da Sabedoria, confio todos vós e os vossos queridos; o estudo, o ensino, a vida dos Ateneus; especialmente o itinerário de formação e de testemunho neste Ano da fé. As lâmpadas que levareis às vossas capelanias sejam sempre alimentadas pela vossa fé humilde mas cheia de adoração, para que cada um de vós seja uma luz de esperança e de paz no ambiente universitário. Amém!



16 de Dezembro de 2012: VISITA À PARÓQUIA ROMANA DE SÃO PATRÍCIO NO BAIRRO COLLE PRENESTINO

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III Domingo de Advento "Gaudete"




Amados irmãos e irmãs da Paróquia de São Patrício

Estou muito feliz por me encontrar no meio de vós e por celebrar a Sagrada Eucaristia convosco e para vós. Antes de tudo, gostaria de vos transmitir alguns pensamentos, à luz da Palavra de Deus que há pouco ouvimos. Neste terceiro Domingo de Advento, chamado Domingo «Gaudete», a Liturgia convida-nos à alegria. O Advento é um tempo de compromisso e de conversão, para preparar a vinda do Senhor, mas hoje a Igreja faz-nos antegozar o júbilo do Natal já próximo. Com efeito, o Advento é também tempo de alegria, porque desperta nos corações dos fiéis a expectativa do Salvador, e esperar a vinda de uma pessoa amada é sempre motivo de alegria. Este aspecto jubiloso está presente nas primeiras Leituras bíblicas deste Domingo. O Evangelho, ao contrário, corresponde a uma outra dimensão característica do Advento: a da conversão em vista da manifestação do Salvador, anunciado por João Baptista.

A primeira Leitura, que há pouco ouvimos, constitui um convite insistente à alegria. O trecho começa com esta expressão: «Alegra-te, filha de Sião! ... Exulta e rejubila-te com todo o teu coração, filha de Jerusalém!» (
So 3,14), que é semelhante à do anúncio do anjo a Maria: «Ave, cheia de graça!» (Lc 1,26). O motivo essencial pelo qual a filha de Sião pode exultar é expresso na afirmação que há pouco ouvimos: «O Senhor, está no meio de ti» (So 3,15 So 3,17); literalmente, seria «está no teu ventre», com uma clara referência à permanência de Deus na Arca da Aliança, colocada sempre no meio do povo de Israel. O profeta quer dizer-nos que já não há qualquer motivo de desconfiança, de desânimo e de tristeza, independentemente da situação que devemos enfrentar, porque estamos certos da presença do Senhor, a única que é suficiente para tranquilizar e rejubilar os corações. Além disso, o profeta Sofonias deixa entender que esta alegria é recíproca: somos convidados a alegrar-nos, mas também o Senhor se rejubila pela sua relação connosco; com efeito, o profeta escreve: «Ele rejubila-se por causa de ti, e renova-te o seu amor. Exulta de alegria por ti» (v. So 3,17). A alegria que é prometida neste texto profético encontra o seu cumprimento em Jesus, que se encontra no seio de Maria, a «Filha de Sião», e assim estabelece a sua morada no meio de nós (cf. Jn 1,14). Com efeito, vindo ao mundo Ele doa-nos a sua alegria, como Ele mesmo confia aos seus discípulos: «Disse-vos essas coisas para que a minha alegria esteja em vós, e a vossa alegria seja completa» (Jn 15,11). Jesus traz aos homens a salvação, uma nova relação com Deus que vence o mal e a morte, e traz a verdadeira alegria mediante esta presença do Senhor que vem iluminar o nosso caminho, que muitas vezes é oprimido pelas trevas e pelo egoísmo. E podemos ponderar se realmente estamos conscientes da presença do Senhor no meio de nós, que não é um Deus distante mas um Deus connosco, um Deus no meio de nós, que está connosco aqui na Sagrada Eucaristia, que está connosco na Igreja viva. E nós temos que ser portadores desta presença de Deus. E assim Deus alegra-se por nós e também nós podemos rejubilar: Deus existe, Deus é bom, Deus está próximo.

Na segunda Leitura, que há pouco ouvimos, são Paulo convida os cristãos de Filipos a alegrar-se no Senhor. Podemos alegrar-nos? E por que motivo é necessário rejubilar? A resposta de são Paulo é: porque «o Senhor está próximo!» (Ph 4,5). Daqui a poucos dias celebraremos o Natal, a festividade da vinda de Deus, que se fez menino e nosso irmão para permanecer connosco e compartilhar a nossa condição humana. Devemos alegrar-nos por esta sua proximidade, por esta sua presença, procurando compreender cada vez mais que realmente Ele está próximo, e para assim sermos penetrados pela realidade da bondade de Deus, da alegria que Cristo está connosco. O apóstolo Paulo diz com força, numa outra sua Carta, que nada pode separar-nos do amor de Deus, que se manifestou em Cristo. Unicamente o pecado nos afasta dele, mas este é um facto de separação que nós mesmos introduzimos na nossa relação com o Senhor. Porém, mesmo quando nos afastamos, Ele não deixa de nos amar e continua a permanecer próximo de nós com a sua misericórdia, com a sua disponibilidade a perdoar e a acolher-nos no seu amor. Por isso, assim continua são Paulo, nunca devemos angustiar-nos, pois podemos expor sempre ao Senhor os nossos pedidos, as nossas necessidades e as nossas preocupações «com orações e súplicas» (v. Ph 4,6). E este é já um grande motivo de alegria: saber que é sempre possível pedir ao Senhor, e que Ele, o Senhor, nos atende, que Deus não está distante mas ouve realmente, que Ele nos conhece, e saber que nunca rejeita as nossas preces, embora não responda sempre do modo como nós desejamos, mas responde. E o apóstolo acrescenta: orai «com acções de graças» (Ibidem Ph 4,6). O júbilo que o Senhor nos comunica deve encontrar em nós o amor reconhecido. Efectivamente, a alegria só é completa quando reconhecemos a sua misericórdia, quando nos tornamos atentos aos sinais da sua bondade, se realmente sentirmos que esta bondade de Deus está connosco, e se lhe agradecermos aquilo que recebemos dele todos os dias. Quem acolhe os dons de Deus de modo egoísta não encontra a verdadeira alegria: ao contrário, aqueles que encontram nas dádivas recebidas de Deus ocasiões para o amar com gratidão sincera e para transmitir aos demais o seu amor, têm o coração verdadeiramente repleto de alegria. Recordemo-lo!

Depois das duas Cartas, analisemos o Evangelho. O Evangelho hodierno diz-nos que para acolher o Senhor que vem devemos preparar-nos, prestando muita atenção à nossa conduta de vida. Às várias pessoas que lhe perguntam o que devem fazer a fim de estar prontas para a vinda do Messias (cf. Lc 3,10 Lc 3,12 Lc 3,14), João Baptista responde que Deus não exige nada de extraordinário, mas que cada um viva em conformidade com critérios de solidariedade e de justiça; sem elas não é possível preparar-se para o encontro com o Senhor. Por conseguinte, perguntemos também nós ao Senhor o que espera e o que deseja que façamos, e comecemos a compreender que Ele não exige gestos extraordinários, mas que levemos uma vida comum em rectidão e bondade. Finalmente, João Baptista indica quem devemos seguir com fidelidade e coragem. Antes de tudo, nega que ele mesmo é o Messias, e depois proclama com determinação: «Eu baptizo-vos com a água, mas eis que virá Outro, mais poderoso do que eu, a quem não sou digno de lhe desatar a correia das sandálias» (v. Lc 3,16). Aqui observamos a grande humildade de João, ao reconhecer que a sua missão consiste em preparar o caminho para Jesus. Afirmando «Eu baptizo-vos com a água», quer dar a entender que a sua unção é simbólica. Com efeito, ele não pode eliminar nem perdoar os pecados: baptizando com a água, ele só pode indicar que é necessário mudar de vida. Ao mesmo tempo, João anuncia a vinda do «mais poderoso», que «vos baptizará no Espírito Santo e no fogo» (Ibidem Lc 3,16). E, como ouvimos, este grande profeta recorre a imagens vigorosas para convidar à conversão, e não o faz com a finalidade de incutir temor, mas fá-lo sobretudo para estimular a receber bem o Amor de Deus, o Único que pode purificar verdadeiramente a vida. Deus faz-se homem como nós, para nos outorgar uma esperança que é certeza: se o seguirmos, se vivermos com coerência a nossa existência cristã, Ele atrair-nos-á a si, levar-nos-á à comunhão consigo; e, no nosso coração, haverá a alegria verdadeira e a paz autêntica, inclusive no meio das dificuldades, também nos momentos de fragilidade.

Estimados amigos! Estou feliz por rezar convosco ao Senhor, que se torna presente na Eucaristia para permanecer sempre connosco. Saúdo cordialmente o Cardeal Vigário, o Bispo Auxiliar do Sector, o vosso Pároco, Pe. Fabio Fasciani, a quem agradeço as amáveis palavras com as quais me explicou a situação da paróquia, a riqueza espiritual da vida paroquial, e saúdo ainda todos os Sacerdotes aqui presentes. Saúdo quantos trabalham no âmbito da paróquia: os catequistas, os membros do coro e dos vários grupos paroquiais, assim como os seguidores do Caminho Neocatecumenal, aqui comprometidos no campo da missão. Vejo com alegria muitas crianças que seguem a palavra de Deus a diversos níveis, preparando-se para a Comunhão, para a Crisma e para o pós-Crisma, para a vida. Bem-vindos! Estou feliz por ver aqui uma Igreja viva! Dirijo o meu pensamento às Oblatas de Nossa Senhora do Rosário, presentes no território da paróquia, bem como a todos os habitantes do bairro, especialmente aos idosos, aos doentes e às pessoas em dificuldades. Nesta Santa Missa rezo por todos e cada um.

A vossa paróquia, que se formou no bairro do Colle Prenestino entre o final dos anos 60 e os meados dos anos 80, depois das dificuldades iniciais, devidas à falta de estruturas e de serviços, dotou-se de uma nova e bonita igreja, inaugurada em 2007, após uma longa espera. Portanto, este edifício sagrado seja um espaço privilegiado para crescer no conhecimento e no amor por Aquele que, daqui a poucos dias, receberemos na alegria da Natividade como Redentor do mundo e nosso Salvador. Não deixeis de vir encontrá-lo com frequência, para sentir ainda mais a sua presença que fortalece. Alegro-me pelo sentido de pertença à comunidade paroquial que, ao longo destes anos, amadureceu e se consolidou cada vez mais. Encorajo-vos a fim de que aumente cada vez mais a co-responsabilidade pastoral numa perspectiva de comunhão autêntica entre todas as realidades presentes, chamadas a viver a complementaridade na diversidade. De modo particular, desejo evocar a todos vós a importância e a centralidade da Eucaristia na vida pessoal e comunitária. A Santa Missa seja o centro do vosso Domingo, que deve ser redescoberto e vivido como dia de Deus e da comunidade, dia no qual louvar e celebrar Aquele que morreu e ressuscitou pela nossa salvação e que nos pede para viver juntos na alegria de uma comunidade aberta e pronta para acolher cada pessoa sozinha ou em dificuldade. Do mesmo modo, exorto-vos a aproximar-vos com regularidade do sacramento da Reconciliação, sobretudo neste tempo de Advento.

Sei quanto levais a cabo na preparação dos adolescentes e dos jovens para os Sacramentos da vida cristã. O Ano da fé, que agora vivemos, deve tornar-se uma ocasião para fazer crescer e consolidar a experiência da catequese, de modo a permitir que todo o bairro conheça e aprofunde o Credo da Igreja e encontre o Senhor como uma Pessoa viva. Dirijo um pensamento especial às famílias, com os bons votos de que possam realizar plenamente a própria vocação ao amor com generosidade e perseverança. E desejo dirigir uma especial palavra de carinho e de amizade também a vós, caríssimos adolescentes e jovens que me ouvis, bem como aos vossos coetâneos que vivem nesta paróquia. Senti-vos autênticos protagonistas da nova evangelização, colocando as vossas energias vigorosas, o vosso entusiasmo e as vossas capacidades ao serviço de Deus e do próximo, no seio da comunidade.

Caros irmãos e irmãs, como já dissemos no início desta celebração, a liturgia deste dia exorta-nos à alegria e à conversão. Abramos o nosso espírito a este convite; corramos ao encontro do Senhor que vem, invocando e imitando são Patrício, grande evangelizador, e a Virgem Maria que, silenciosa e orante, esperou e preparou a Natividade do Redentor. Amém!



24 de Dezembro de 2012: MISSA DA NOITE DE NATAL

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Basílica Vaticana




Amados irmãos e irmãs!

A beleza deste Evangelho não cessa de tocar o nosso coração: uma beleza que é esplendor da verdade. Não cessa de nos comover o facto de Deus Se ter feito menino, para que nós pudéssemos amá-Lo, para que ousássemos amá-Lo, e, como menino, Se coloca confiadamente nas nossas mãos. Como se dissesse: Sei que o meu esplendor te assusta, que à vista da minha grandeza procuras impor-te a ti mesmo. Por isso venho a ti como menino, para que Me possas acolher e amar.

Sempre de novo me toca também a palavra do evangelista, dita quase de fugida, segundo a qual não havia lugar para eles na hospedaria. Inevitavelmente se põe a questão de saber como reagiria eu, se Maria e José batessem à minha porta. Haveria lugar para eles? E recordamos então que esta notícia, aparentemente casual, da falta de lugar na hospedaria que obriga a Sagrada Família a ir para o estábulo, foi aprofundada e referida na sua essência pelo evangelista João nestes termos: «Veio para o que era Seu, e os Seus não O acolheram» (
Jn 1,11). Deste modo, a grande questão moral sobre o modo como nos comportamos com os prófugos, os refugiados, os imigrantes ganha um sentido ainda mais fundamental: Temos verdadeiramente lugar para Deus, quando Ele tenta entrar em nós? Temos tempo e espaço para Ele? Porventura não é ao próprio Deus que rejeitamos? Isto começa pelo facto de não termos tempo para Deus. Quanto mais rapidamente nos podemos mover, quanto mais eficazes se tornam os meios que nos fazem poupar tempo, tanto menos tempo temos disponível. E Deus? O que diz respeito a Ele nunca parece uma questão urgente. O nosso tempo já está completamente preenchido. Mas vejamos o caso ainda mais em profundidade. Deus tem verdadeiramente um lugar no nosso pensamento? A metodologia do nosso pensamento está configurada de modo que, no fundo, Ele não deva existir. Mesmo quando parece bater à porta do nosso pensamento, temos de arranjar qualquer raciocínio para O afastar; o pensamento, para ser considerado «sério», deve ser configurado de modo que a «hipótese Deus» se torne supérflua. E também nos nossos sentimentos e vontade não há espaço para Ele. Queremo-nos a nós mesmos, queremos as coisas que se conseguem tocar, a felicidade que se pode experimentar, o sucesso dos nossos projectos pessoais e das nossas intenções. Estamos completamente «cheios» de nós mesmos, de tal modo que não resta qualquer espaço para Deus. E por isso não há espaço sequer para os outros, para as crianças, para os pobres, para os estrangeiros. A partir duma frase simples como esta sobre o lugar inexistente na hospedaria, podemos dar-nos conta da grande necessidade que há desta exortação de São Paulo: «Transformai-vos pela renovação da vossa mente» (Rm 12,2). Paulo fala da renovação, da abertura do nosso intelecto (nous); fala, em geral, do modo como vemos o mundo e a nós mesmos. A conversão, de que temos necessidade, deve chegar verdadeiramente até às profundezas da nossa relação com a realidade. Peçamos ao Senhor para que nos tornemos vigilantes quanto à sua presença, para que ouçamos como Ele bate, de modo suave mas insistente, à porta do nosso ser e da nossa vontade. Peçamos para que se crie, no nosso íntimo, um espaço para Ele e possamos, deste modo, reconhecê-Lo também naqueles sob cujas vestes vem ter connosco: nas crianças, nos doentes e abandonados, nos marginalizados e pobres deste mundo.

Na narração do Natal, há ainda outro ponto que gostava de reflectir juntamente convosco: o hino de louvor que os anjos entoam depois de anunciar o Salvador recém-nascido: «Glória a Deus nas alturas, e paz na terra aos homens do seu agrado». Deus é glorioso. Deus é pura luz, esplendor da verdade e do amor. Ele é bom. É o verdadeiro bem, o bem por excelência. Os anjos que O rodeiam transmitem, primeiro, a pura e simples alegria pela percepção da glória de Deus. O seu canto é uma irradiação da alegria que os inunda. Nas suas palavras, sentimos, por assim dizer, algo dos sons melodiosos do céu. No canto, não está subjacente qualquer pergunta sobre a finalidade; há simplesmente o facto de transbordarem da felicidade que deriva da percepção do puro esplendor da verdade e do amor de Deus. Queremos deixar-nos tocar por esta alegria: existe a verdade; existe a pura bondade; existe a luz pura. Deus é bom; Ele é o poder supremo que está acima de todos os poderes. Nesta noite, deveremos simplesmente alegrar-nos por este facto, juntamente com os anjos e os pastores.

E, com a glória de Deus nas alturas, está relacionada a paz na terra entre os homens. Onde não se dá glória a Deus, onde Ele é esquecido ou até mesmo negado, também não há paz. Hoje, porém, há correntes generalizadas de pensamento que afirmam o contrário: as religiões, mormente o monoteísmo, seriam a causa da violência e das guerras no mundo; primeiro seria preciso libertar a humanidade das religiões, para se criar então a paz; o monoteísmo, a fé no único Deus, seria prepotência, causa de intolerância, porque pretenderia, fundamentado na sua própria natureza, impor-se a todos com a pretensão da verdade única. É verdade que, na história, o monoteísmo serviu de pretexto para a intolerância e a violência. É verdade que uma religião pode adoecer e chegar a contrapor-se à sua natureza mais profunda, quando o homem pensa que deve ele mesmo deitar mão à causa de Deus, fazendo assim de Deus uma sua propriedade privada. Contra estas deturpações do sagrado, devemos estar vigilantes. Se é incontestável algum mau uso da religião na história, não é verdade que o «não» a Deus restabeleceria a paz. Se a luz de Deus se apaga, apaga-se também a dignidade divina do homem. Então, este deixa de ser a imagem de Deus, que devemos honrar em todos e cada um, no fraco, no estrangeiro, no pobre. Então deixamos de ser, todos, irmãos e irmãs, filhos do único Pai que, a partir do Pai, se encontram interligados uns aos outros. Os tipos de violência arrogante que aparecem então com o homem a desprezar e a esmagar o homem, vimo-los, em toda a sua crueldade, no século passado. Só quando a luz de Deus brilha sobre o homem e no homem, só quando cada homem é querido, conhecido e amado por Deus, só então, por mais miserável que seja a sua situação, a sua dignidade é inviolável. Na Noite Santa, o próprio Deus Se fez homem, como anunciara o profeta Isaías: o menino nascido aqui é «Emmanuel – Deus-connosco» (cf. Is 7,14). E verdadeiramente, no decurso de todos estes séculos, não houve apenas casos de mau uso da religião; mas, da fé no Deus que Se fez homem, nunca cessou de brotar forças de reconciliação e magnanimidade. Na escuridão do pecado e da violência, esta fé fez entrar um raio luminoso de paz e bondade que continua a brilhar.

Assim, Cristo é a nossa paz e anunciou a paz àqueles que estavam longe e àqueles que estavam perto (cf. Ep 2,14 Ep 2,17). Quanto não deveremos nós suplicar-Lhe nesta hora! Sim, Senhor, anunciai a paz também hoje a nós, tanto aos que estão longe como aos que estão perto. Fazei que também hoje das espadas se forjem foices (cf. Is 2,4), que, em vez dos armamentos para a guerra, apareçam ajudas para os enfermos. Iluminai a quantos acreditam que devem praticar violência em vosso nome, para que aprendam a compreender o absurdo da violência e a reconhecer o vosso verdadeiro rosto. Ajudai a tornarmo-nos homens «do vosso agrado»: homens segundo a vossa imagem e, por conseguinte, homens de paz.

Logo que os anjos se afastaram, os pastores disseram uns para os outros: Coragem! Vamos até lá, a Belém, e vejamos esta palavra que nos foi mandada (cf. Lc 2,15). Os pastores puseram-se apressadamente a caminho para Belém – diz-nos o evangelista (cf. Lc 2,16). Uma curiosidade santa os impelia, desejosos de verem numa manjedoura este menino, de quem o anjo tinha dito que era o Salvador, o Messias, o Senhor. A grande alegria, de que o anjo falara, apoderara-se dos seus corações e dava-lhes asas.

Vamos até lá, a Belém: diz-nos hoje a liturgia da Igreja. Trans-eamus – lê-se na Bíblia latina – «atravessar», ir até lá, ousar o passo que vai mais além, que faz a «travessia», saindo dos nossos hábitos de pensamento e de vida e ultrapassando o mundo meramente material para chegarmos ao essencial, ao além, rumo àquele Deus que, por sua vez, viera ao lado de cá, para nós. Queremos pedir ao Senhor que nos dê a capacidade de ultrapassar os nossos limites, o nosso mundo; que nos ajude a encontrá-Lo, sobretudo no momento em que Ele mesmo, na Santa Eucaristia, Se coloca nas nossas mãos e no nosso coração.

Vamos até lá, a Belém! Ao dizermos estas palavras uns aos outros, como fizeram os pastores, não devemos pensar apenas na grande travessia até junto do Deus vivo, mas também na cidade concreta de Belém, em todos os lugares onde o Senhor viveu, trabalhou e sofreu. Rezemos nesta hora pelas pessoas que actualmente vivem e sofrem lá. Rezemos para que lá haja paz. Rezemos para que Israelitas e Palestinianos possam conduzir a sua vida na paz do único Deus e na liberdade. Peçamos também pelos países vizinhos – o Líbano, a Síria, o Iraque, etc. – para que lá se consolide a paz. Que os cristãos possam conservar a sua casa naqueles países onde teve origem a nossa fé; que cristãos e muçulmanos construam, juntos, os seus países na paz de Deus.

Os pastores apressaram-se… Uma curiosidade santa e uma santa alegria os impelia. No nosso caso, talvez aconteça muito raramente que nos apressemos pelas coisas de Deus. Hoje, Deus não faz parte das realidades urgentes. As coisas de Deus – assim o pensamos e dizemos – podem esperar. E todavia Ele é a realidade mais importante, o Único que, em última análise, é verdadeiramente importante. Por que motivo não deveríamos também nós ser tomados pela curiosidade de ver mais de perto e conhecer o que Deus nos disse? Supliquemos-Lhe para que a curiosidade santa e a santa alegria dos pastores nos toquem nesta hora também a nós e assim vamos com alegria até lá, a Belém, para o Senhor que hoje vem de novo para nós. Amen.



Bento XVI Homilias 25132