Bento XVI Homilias 24122


Segunda-feira, 31 de Dezembro de 2012: PRIMEIRAS VÉSPERAS DA SOLENIDADE DE MARIA SANTÍSSIMA MÃE DE DEUS E RECITAÇÃO DO "TE DEUM"

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Basílica Vaticana





Senhores Cardeais
Venerados Irmãos no Episcopado e no Presbiterado
Ilustres Autoridades
Amados irmãos e irmãs

Estou grato a todos vós que quisestes participar nesta liturgia da última hora do ano do Senhor de 2012. Esta «hora» traz consigo uma intensidade particular e torna-se, de certa maneira, uma síntese de todas as horas do ano que está prestes a findar. Saúdo cordialmente os Senhores Cardeais, os Bispos, os Presbíteros, as pessoas consagradas e os fiéis leigos, especialmente quantos representam a comunidade eclesial de Roma. De modo particular, saúdo as Autoridades presentes, a começar pelo Presidente da Câmara Municipal da Cidade, e agradeço-lhes terem desejado compartilhar connosco este momento de oração e de acção de graças a Deus.

O Te Deum que elevamos ao Senhor esta tarde, no final de um ano solar, é um hino de acção de graças que inicia com o louvor — «Nós vos louvamos, ó Deus, nós vos proclamamos Senhor» — termina com uma profissão de fé — «Vós sois a nossa esperança, não seremos eternamente confusos». Qualquer que tenha sido o andamento do ano, fácil ou difícil, estéril ou rico de frutos, nós damos graças a Deus. Com efeito, no Te Deum está contida uma sabedoria profunda, aquela sabedoria que nos leva a dizer que, apesar de tudo, existe o bem no mundo, e este bem está destinado a vencer graças a Deus, o Deus de Jesus Cristo encarnado, morto e ressuscitado. Sem dúvida, às vezes é difícil compreender esta realidade profunda, uma vez que o mal faz mais ruído do que o bem; um homicídio atroz, violências difundidas e graves injustiças fazem notícia; ao contrário, os gestos de amor e de serviço, o cansaço quotidiano suportado com fidelidade e paciência permanecem muitas vezes na sombra, não sobressaem. Também por este motivo, não podemos deter-nos apenas nas notícias, se quisermos compreender o mundo e a vida; devemos ser capazes de parar no silêncio, na meditação, na reflexão calma e prolongada; devemos saber parar para pensar. Deste modo, a nossa alma pode encontrar a cura para as inevitáveis feridas da vida diária, pode penetrar profundamente nos acontecimentos que se verificam na nossa vida e no mundo, e chegar àquela sabedoria que permite avaliar as coisas com um novo olhar. Sobretudo no recolhimento da consciência, onde Deus nos fala, aprendemos a considerar verdadeiramente as nossas próprias acções e também o mal presente em nós e ao nosso redor, para empreender um caminho de conversão que nos torne mais sábios e melhores, mais capazes de gerar solidariedade e comunhão, de vencer o mal com o bem. O cristão é um homem de esperança, também e sobretudo diante da escuridão que muitas vezes existe no mundo e que não depende do desígnio de Deus, mas das escolhas erradas do homem, porque sabe que a força da fé pode mover as montanhas (cf.
Mt 17,20): o Senhor pode iluminar até as trevas mais densas.

O Ano da fé, que a Igreja está a viver, quer suscitar no coração de cada crente uma maior consciência de que o encontro com Cristo é a nascente da vida verdadeira e de uma esperança sólida. A fé em Jesus permite uma renovação constante no bem e a capacidade de sair das areias movediças do pecado e de começar de novo. Na Palavra que se fez carne é possível, sempre novamente, encontrar a identidade autêntica do homem, que se descobre destinatário do amor infinito de Deus e chamado à comunhão pessoal com Ele. Esta verdade, que Jesus Cristo veio revelar, é a certeza que nos impele a olhar com confiança para o ano que estamos prestes a começar.

A Igreja, que recebeu do seu Senhor a missão de evangelizar, sabe bem que o Evangelho está destinado a todos os homens, de modo particular às novas gerações, para saciar aquela sede de verdade que cada um traz no coração e que muitas vezes é ofuscada pelas numerosas ocupações da vida. Este compromisso apostólico é tanto mais necessário quando a fé corre o risco de ser obscurecida em contextos culturais que impedem a sua radicação pessoal e a sua presença social. Também Roma é uma cidade onde a fé cristã deve ser anunciada sempre de novo e testemunhada de maneira credível. Por um lado, o número crescente de fiéis de outras religiões, a dificuldade que as comunidades paroquiais enfrentam para se aproximar dos jovens e a difusão de estilos de vida caracterizados pelo individualismo e pelo relativismo ético; por outro lado, a busca da parte de muitas pessoas de um sentido para a sua existência e de uma esperança que não desiluda, não podem deixar-nos indiferentes. Como o apóstolo Paulo (cf. Rm 1,14-15), cada fiel desta cidade há-de sentir-se devedor do Evangelho a todos os demais habitantes!

Precisamente por isso, já há vários anos, a nossa Diocese está comprometida em acentuar a dimensão missionária da pastoral ordinária, a fim de que os crentes, sustentados especialmente pela Eucaristia dominical, possam tornar-se discípulos e testemunhas coerentes de Jesus Cristo. A esta coerência de vida são chamados de modo totalmente particular os pais cristãos, que são para os seus filhos os primeiros educadores da fé. A complexidade da vida numa cidade grande como Roma e uma cultura que parece muitas vezes indiferente em relação a Deus, exigem que os pais e as mães não sejam deixados sozinhos nesta tarefa tão decisiva, aliás, que sejam ajudados e acompanhados na sua vida espiritual. A este propósito, encorajo quantos trabalham na pastoral familiar a pôr em prática as orientações pastorais evidenciadas durante o último Congresso diocesano, dedicado à pastoral baptismal e pós-baptismal. É necessário um compromisso generoso para desenvolver os itinerários de formação espiritual que depois do Baptismo das crianças acompanhem os pais a manter acesa a chama da fé, oferecendo-lhes sugestões concretas a fim de que, desde a idade mais terna, lhes seja anunciado o Evangelho de Jesus. A criação de grupos de famílias, nos quais se ouça a Palavra de Deus e se compartilhem experiências de vida cristã, ajuda a fortalecer o sentido de pertença à comunidade eclesial e a crescer na amizade com o Senhor. É igualmente importante construir uma relação de amizade cordial também com os fiéis que, depois de ter baptizado o próprio filho, distraídos pelas incumbências da vida diária, não demonstram grande interesse em viver esta experiência: assim, eles poderão experimentar o afecto da Igreja que, como uma mãe atenciosa, se põe ao seu lado para favorecer a sua vida espiritual.

Para poder anunciar o Evangelho e permitir a quantos ainda não conhecem Jesus, ou que o abandonaram, de ultrapassar novamente a porta da fé e viver a comunhão com Deus, é indispensável conhecer de maneira aprofundada o significado das verdades contidas na Profissão de fé. Então, o compromisso em prol de uma formação sistemática dos agentes no campo da pastoral, que já há vários anos se verifica nas diversas Prefeituras da Diocese de Roma, é um caminho precioso que deve ser seguido com empenhamento também no futuro, para formar leigos que saibam fazer-se eco do Evangelho em cada lar e ambiente, inclusive através dos centros de escuta que produziram muitos frutos na época da Missão da Cidade. A este respeito, os «Diálogos na Catedral», que desde há vários anos se realizam na Basílica de São João de Latrão, constituem uma experiência muito oportuna para encontrar a Cidade e dialogar com quantos, à procura de Deus e da verdade, se questionam sobre as grandes interrogações da existência humana.

Como já nos séculos passados, também hoje a Igreja de Roma está chamada a anunciar e testemunhar incansavelmente a riqueza do Evangelho de Cristo, também ajudando aqueles que vivem situações de pobreza e de marginalização, assim como as famílias em dificuldade, de modo especial quando devem assistir pessoas enfermas e deficientes. Espero profundamente que as instituições nos vários níveis não deixem faltar a sua obra, a fim de que todos os cidadãos tenham acesso ao que lhes é essencial para viver dignamente.

Caros amigos, na última tarde deste ano que já está a findar e diante do limiar do novo ano, louvemos o Senhor! Manifestemos «Àquele que é, que era e que há-de vir» (Ap 1,8) o arrependimento e o pedido de perdão pelas faltas cometidas, assim como a acção de graças sinceras pelos inúmeros benefícios concedidos pela Bondade divina. De modo particular, demos graças pelo benefício e pela verdade que chegaram até nós através de Jesus Cristo. Nele está depositada a plenitude de todos os tempos humanos. Nele está conservado o futuro de cada homem. Nele realiza-se o cumprimento das esperanças da Igreja e do mundo. Amém!





Terça-feira, 1° de Janeiro de 2013: SOLENIDADE DE MARIA SANTÍSSIMA MÃE DE DEUS - XLVI DIA MUNDIAL DA PAZ

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Basílica Vaticana




Queridos irmãos e irmãs!


«Que Deus nos dê a sua graça e a sua bênção, e sua face resplandeça sobre nós». Assim aclamamos com as palavras do Salmo 66, depois de termos escutado, na primeira leitura a antiga bênção sacerdotal sobre o povo da aliança. É particularmente significativo que, no início de cada ano novo Deus projete sobre nós, seu povo, o brilho do seu santo Nome, o Nome que é pronunciado três vezes na fórmula solene da bênção bíblica. Não menos significativo é o fato de que seja dado ao Verbo de Deus - que «se fez carne e habitou entre nós», como «a luz de verdade que ilumina todo ser humano» (
Jn 1,9 Jn 1,14) -, oito dias depois seu natal - como nos narra o Evangelho de hoje - o nome de Jesus (cf. Lc 2,21).

É nesse nome que nós estamos aqui reunidos. Saúdo cordialmente todos os presentes, a começar pelos ilustres Embaixadores do Corpo Diplomático acreditado junto da Santa Sé. Saúdo com afeto o Cardeal Bertone, meu Secretário de Estado e ao Cardeal Turkson, com todos os membros do Conselho Pontifício Justiça e Paz; sou-lhes particularmente grato por seus esforços na difusão da Mensagem para o Dia Mundial da Paz, que este ano tem como tema “Bem-aventurados os obreiros da paz”.

Embora o mundo, infelizmente, ainda esteja marcado com «focos de tensão e conflito causados por crescentes desigualdades entre ricos e pobres, pelo predomínio duma mentalidade egoísta e individualista que se exprime inclusivamente por um capitalismo financeiro desregrado», além de diversas formas de terrorismo e criminalidade, estou convencido de que «as inúmeras obras de paz, de que é rico o mundo, testemunham a vocação natural da humanidade à paz. Em cada pessoa, o desejo de paz é uma aspiração essencial e coincide, de certo modo, com o anelo por uma vida humana plena, feliz e bem sucedida. Por outras palavras, o desejo de paz corresponde a um princípio moral fundamental, ou seja, ao dever-direito de um desenvolvimento integral, social, comunitário, e isto faz parte dos desígnios que Deus tem para o homem. Na verdade, o homem é feito para a paz, que é dom de Deus. Tudo isso me sugeriu buscar inspiração, para esta Mensagem, às palavras de Jesus Cristo: “Bem-aventurados os obreiros da paz, porque serão chamados filhos de Deus” (Mt 5,9)» (Mensagem, 1). Esta bem-aventurança «diz que a paz é, simultaneamente, dom messiânico e obra humana.... é paz com Deus, vivendo conforme à sua vontade; é paz interior consigo mesmo, e paz exterior com o próximo e com toda a criação» (Ibid., 2 e 3). Sim, a paz é bem por excelência que deve ser invocado como um dom de Deus e, ao mesmo tempo, que deve ser construído com todo o esforço.

Podemos perguntar-nos: qual é o fundamento, a origem, a raiz dessa paz? Como podemos sentir em nós a paz, apesar dos problemas, da escuridão e das angústias? A resposta nos é dada pelas leituras da liturgia de hoje. Os textos bíblicos, a começar pelo Evangelho de Lucas, há pouco proclamado, nos propõe a contemplação da paz interior de Maria, a Mãe de Jesus. Durante os dias em que «deu à luz o seu filho primogênito» (Lc 2,7), Maria deve de afrontar muitos acontecimentos imprevistos: não só o nascimento do Filho, mas antes a árdua viagem de Nazaré à Belém; não encontrar um lugar no alojamento; a procura de um abrigo improvisado no meio da noite; e depois o cântico dos anjos, a visita inesperada dos pastores. Maria, no entanto, não se perturba com todos estes fatos, não se agita, não se abala com acontecimentos que lhe superam; Ela simplesmente considera, em silêncio, tudo quanto acontece, guardando na sua memória e no seu coração, refletindo com calma e serenidade. É esta é a paz interior que queremos ter em meio aos acontecimentos às vezes tumultuosos e confusos da história, acontecimentos cujo sentido muitas vezes não conseguimos compreender e que nos deixam abalados.

A passagem do Evangelho termina com uma menção à circuncisão de Jesus. Conforme a Lei de Moisés, oito dias após o nascimento, o menino devia ser circuncidado, e nesse momento lhe era dado o nome. O próprio Deus, através de seu mensageiro, dissera a Maria - e também a José – que o nome a ser dado para a criança era “Jesus” (cf. Mt 1,21 Lc 1,31), e assim aconteceu. Aquele nome que Deus já tinha estabelecido antes mesmo que o Menino fosse concebido, lhe é dado oficialmente no momento da circuncisão. E isto marca definitivamente a identidade de Maria: ela é “a mãe de Jesus”, ou seja a mãe do Salvador, do Cristo, do Senhor. Jesus não é um homem como qualquer outro, mas é o Verbo de Deus, uma das Pessoas divinas, o Filho de Deus: por isso a Igreja deu a Maria o título de Theotokos, ou seja, “Mãe de Deus”.

A primeira leitura nos recorda que a paz é um dom de Deus e está ligada ao esplendor da face de Deus, de acordo com o texto do Livro dos Números, que transmite a bênção usada pelos sacerdotes do povo de Israel nas assembléias litúrgicas. Uma bênção que por três vezes repete o santo Nome de Deus, o nome impronunciável, ligando a cada repetição o santo Nome a dois verbos que indicam uma ação em favor do homem: «O Senhor te abençoe e te guarde. O Senhor faça brilhar sobre ti a sua face, e se compadeça de ti. O Senhor volte para ti o seu rosto e te dê a paz» (Nb 6,24-26). A paz é, portanto, o ponto culminante dessas seis ações de Deus em nosso favor, em que Ele nos dirige o esplendor da sua face.

Para a Sagrada Escritura, a contemplar a face de Deus é a felicidade suprema: «o cobristes de alegria em vossa face», diz o salmista (Ps 21,7). Da contemplação da face de Deus nascem alegria, paz e segurança. Mas o que significa concretamente contemplar a face do Senhor, tal como se entende no Novo Testamento? Significa conhecê-Lo diretamente, tanto quanto é possível nesta vida, através de Jesus Cristo, no qual Deus se revelou. Deleitar-se com o esplendor da face de Deus significa penetrar no mistério de seu Nome manifestado a nós por Jesus, compreender algo da sua vida íntima e da sua vontade, para que possamos viver de acordo com seu designio de amor para a humanidade. O apóstolo Paulo expressa justamente isso na segunda leitura, da Carta aos Gálatas (Ga 4,4-7), afirmando que do Espírito, que no íntimo dos nossos corações, clama: «Abá! Ó Pai». É o clamor que brota da contemplação da verdadeira face de Deus, da revelação do mistério do Nome. Jesus diz: «Manifestei o teu nome aos homens» (Jn 17,6). O Filho de Deus feito carne nos deu a conhecer o Pai, nos fez perceber no seu rosto humano visível a face invisível do Pai; através do dom do Espírito Santo derramado em nossos corações, nos fez conhecer que n’Ele nós também somos filhos de Deus, como diz São Paulo na passagem que escutamos: «Porque sois filhos, Deus enviou aos nossos corações o Espírito do seu Filho, que clama: Abá! Ó Pai» (Ga 4,6).

Queridos irmãos e irmãs, eis o fundamento da nossa paz: a certeza de contemplar em Jesus Cristo o esplendor da face de Deus, de ser filhos no Filho e ter, assim, na estrada da vida, a mesma segurança que a criança sente nos braços de um Pai bom e onipotente. O esplendor da face do Senhor sobre nós, que nos dá a paz, é a manifestação da sua paternidade; o Senhor dirige sobre nós a sua face, se mostra como Pai e nos dá a paz. Aqui está o princípio daquela paz profunda - «paz com Deus» - que está intimamente ligada à fé e à graça, como escreve São Paulo aos cristãos de Roma (Rm 5,2). Nada pode tirar daqueles que creem esta paz, nem mesmo as dificuldades e os sofrimentos da vida. De fato, os sofrimentos, as provações e a escuridão não corroem, mas aumentam a nossa esperança, uma esperança que não decepciona, porque "o amor de Deus foi derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado" (Rm 5,5).

Que a Virgem Maria, que hoje veneramos com o título de Mãe de Deus, nos ajude a contemplar a face de Jesus, Príncipe da Paz. Que Ela nos ajude e nos acompanhe neste novo ano; que Ela obtenha para nós e para o mundo inteiro o dom da paz. Amém!





Domingo, 6 de Janeiro de 2013: SANTA MISSA NA SOLENIDADE DA EPIFANIA DO SENHOR

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Basílica Vaticana





Amados irmãos e irmãs!

Para a Igreja crente e orante, os Magos do Oriente, que, guiados pela estrela, encontraram o caminho para o presépio de Belém, são apenas o princípio duma grande procissão que permeia a história. Por isso, a liturgia lê o Evangelho que fala do caminho dos Magos juntamente com as estupendas visões proféticas de Isaías 60 e do Salmo 72 que ilustram, com imagens ousadas, a peregrinação dos povos para Jerusalém. Assim como os pastores – os primeiros convidados para irem até junto do Menino recém-nascido deitado na manjedoura – personificam os pobres de Israel e, em geral, as almas simples que interiormente vivem muito perto de Jesus, assim também os homens vindos do Oriente personificam o mundo dos povos, a Igreja dos gentios: os homens que, ao longo de todos os séculos, se encaminham para o Menino de Belém, n’Ele honram o Filho de Deus e se prostram diante d’Ele. A Igreja chama a esta festa «Epifania» – a manifestação do Divino. Se considerarmos o facto de que desde então homens de todas as proveniências, de todos os continentes, das mais diversas culturas e das diferentes formas de pensamento e de vida se puseram, e estão, a caminho de Cristo, podemos verdadeiramente dizer que esta peregrinação e este encontro com Deus na figura do Menino é uma Epifania da bondade de Deus e do seu amor pelos homens (cf.
Tt 3,4).

Seguindo uma tradição iniciada pelo Beato Papa João Paulo II, celebramos a festa da Epifania também como dia da Ordenação episcopal de quatro sacerdotes que daqui em diante irão colaborar, em diferentes funções, com o Ministério do Papa em prol da unidade da única Igreja de Jesus Cristo na pluralidade das Igrejas particulares. A conexão entre esta Ordenação episcopal e o tema da peregrinação dos povos para Jesus Cristo é evidente. O Bispo tem a missão não apenas de se incorporar nesta peregrinação juntamente com os demais, mas de ir à frente e indicar a estrada. Nesta liturgia, porém, queria reflectir convosco sobre uma questão ainda mais concreta. Com base na história narrada por Mateus, podemos certamente fazer uma ideia aproximada do tipo de homens que, seguindo o sinal da estrela, se puseram a caminho para encontrar aquele Rei que teria fundado uma nova espécie de realeza, e não só para Israel mas para a humanidade inteira. Que tipo de homens seriam então eles? E perguntemo-nos também se a partir deles, não obstante a diferença dos tempos e das funções, seja possível vislumbrar algo do que é o Bispo e de como deve ele cumprir a sua missão.

Os homens que então partiram rumo ao desconhecido eram, em definitiva, pessoas de coração inquieto; homens inquietos movidos pela busca de Deus e da salvação do mundo; homens à espera, que não se contentavam com seus rendimentos assegurados e com uma posição social provavelmente considerável, mas andavam à procura da realidade maior. Talvez fossem homens eruditos, que tinham grande conhecimento dos astros e, provavelmente, dispunham também duma formação filosófica; mas não era apenas saber muitas coisas que queriam; queriam sobretudo saber o essencial, queriam saber como se consegue ser pessoa humana. E, por isso, queriam saber se Deus existe, onde está e como é; se Se preocupa connosco e como podemos encontrá-Lo. Queriam não apenas saber; queriam conhecer a verdade acerca de nós mesmos, de Deus e do mundo. A sua peregrinação exterior era expressão deste estar interiormente a caminho, da peregrinação interior do seu coração. Eram homens que buscavam a Deus e, em última instância, caminhavam para Ele; eram indagadores de Deus.

Chegamos assim à questão: Como deve ser um homem a quem se impõem as mãos para a Ordenação episcopal na Igreja de Jesus Cristo? Podemos dizer: deve ser sobretudo um homem cujo interesse se dirige para Deus, porque só então é que ele se interessa verdadeiramente também pelos homens. E, vice-versa, podemos dizer: um Bispo deve ser um homem que tem a peito os outros homens, que se deixa tocar pelas vicissitudes humanas. Deve ser um homem para os outros; mas só poderá sê-lo realmente, se for um homem conquistado por Deus: se, para ele, a inquietação por Deus se tornou uma inquietação pela sua criatura, o homem. Como os Magos do Oriente, também um Bispo não deve ser alguém que se limita a exercer o seu ofício, sem se importar com mais nada; mas deve deixar-se absorver pela inquietação de Deus com os homens. Deve, por assim dizer, pensar e sentir em sintonia com Deus. Não é apenas o homem que tem em si a inquietação constitutiva por Deus, mas esta inquietação é uma participação na inquietação de Deus por nós. Foi por estar inquieto connosco que Deus veio atrás de nós até à manjedoura; mais: até à cruz. «A buscar-me Vos cansastes, pela Cruz me resgatastes: tanta dor não seja em vão!»: reza a Igreja no Dies irae. A inquietação do homem por Deus e, a partir dela, a inquietação de Deus pelo homem não devem dar tréguas ao Bispo. É isto que queremos dizer, ao afirmar que o Bispo deve ser sobretudo um homem de fé; porque a fé nada mais é do que ser interiormente tocado por Deus, condição esta que nos leva pelo caminho da vida. A fé atrai-nos para dentro de um estado em que somos arrebatados pela inquietação de Deus e faz de nós peregrinos que estão interiormente a caminho para o verdadeiro Rei do mundo e para a sua promessa de justiça, de verdade e de amor. Nesta peregrinação, o Bispo deve ir à frente, deve ser aquele que indica aos homens a estrada para a fé, a esperança e o amor.

A peregrinação interior da fé para Deus realiza-se sobretudo na oração. Santo Agostinho disse certa vez que a oração, em última análise, nada mais seria do que a actualização e a radicalização do nosso desejo de Deus. No lugar da palavra «desejo», poderíamos colocar também a palavra «inquietação» e dizer que a oração quer arrancar-nos da nossa falsa comodidade, da nossa clausura nas realidades materiais, visíveis, para nos transmitir a inquietação por Deus, tornando-nos assim abertos e inquietos uns para com os outros. O Bispo, como peregrino de Deus, deve ser sobretudo um homem que reza, deve estar em permanente contacto interior com Deus; a sua alma deve estar aberta de par em par a Deus. As dificuldades suas e dos outros bem como as suas alegrias e as dos demais deve levá-las a Deus e assim, a seu modo, estabelecer o contacto entre Deus e o mundo na comunhão com Cristo, para que a luz de Cristo brilhe no mundo.

Voltemos aos Magos do Oriente. Eles eram também e sobretudo homens que tinham coragem; tinham a coragem e a humildade da fé. Era preciso coragem a fim de acolher o sinal da estrela como uma ordem para partir, para sair rumo ao desconhecido, ao incerto, por caminhos onde havia inúmeros perigos à espreita. Podemos imaginar que a decisão destes homens tenha provocado sarcasmo: o sarcasmo dos ditos realistas que podiam apenas zombar das fantasias destes homens. Quem partia baseado em promessas tão incertas, arriscando tudo, só podia aparecer como ridículo. Mas, para estes homens tocados interiormente por Deus, era mais importante o caminho segundo as indicações divinas do que a opinião alheia. Para eles, a busca da verdade era mais importante que a zombaria do mundo, aparentemente inteligente.

Vendo tal situação, como não pensar na missão do Bispo neste nosso tempo? A humildade da fé, do crer juntamente com a fé da Igreja de todos os tempos, há-de encontrar-se, vezes sem conta, em conflito com a inteligência dominante daqueles que se atêm àquilo que aparentemente é seguro. Quem vive e anuncia a fé da Igreja encontra-se em desacordo também em muitos aspectos, com as opiniões dominantes precisamente no nosso tempo. O agnosticismo, hoje largamente imperante, tem os seus dogmas e é extremamente intolerante com tudo o que o põe em questão, ou põe em questão os seus critérios. Por isso, a coragem de contradizer as orientações dominantes é hoje particularmente premente para um Bispo. Ele tem de ser valoroso; e esta valentia ou fortaleza não consiste em ferir com violência, na agressividade, mas em deixar-se ferir e fazer frente aos critérios das opiniões dominantes. A coragem de permanecer firme na verdade é inevitavelmente exigida àqueles que o Senhor envia como cordeiros para o meio de lobos. «Aquele que teme o Senhor nada temerá», dizBen Sirá (Si 34,14). O temor de Deus liberta do medo dos homens; faz-nos livres!

Neste contexto, recordo um episódio dos primórdios do cristianismo que São Lucas narra nosActos dos Apóstolos. Depois do discurso de Gamaliel, que desaconselha a violência contra a comunidade nascente dos crentes em Jesus, o Sinédrio convocou os Apóstolos e fê-los flagelar. Depois proibiu-os de pregar em nome de Jesus e pô-los em liberdade. São Lucas continua: Os Apóstolos «saíram da sala do Sinédrio cheios de alegria por terem sido considerados dignos de sofrer vexames por causa do Nome de Jesus. E todos os dias (...) não cessavam de ensinar e de anunciar a Boa-Nova de Jesus, o Messias» (Ac 5,41-42). Também os sucessores dos Apóstolos devem esperar ser, repetidamente e de forma moderna, flagelados, se não cessam de anunciar alto e bom som a Boa-Nova de Jesus Cristo; hão-de então alegrar-se por terem sido considerados dignos de sofrer ultrajes por Ele. Naturalmente queremos, como os Apóstolos, convencer as pessoas e, neste sentido, obter a sua aprovação; naturalmente não provocamos, antes, pelo contrário, convidamos todos a entrarem na alegria da verdade que indica a estrada. Contudo o critério ao qual nos submetemos não é a aprovação das opiniões dominantes; o critério é o próprio Senhor. Se defendemos a sua causa, conquistaremos incessantemente, pela graça de Deus, pessoas para o caminho do Evangelho; mas inevitavelmente também seremos flagelados por aqueles cujas vidas estão em contraste com o Evangelho, e então poderemos ficar agradecidos por sermos considerados dignos de participar na Paixão de Cristo.

Os Magos seguiram a estrela e assim chegaram a Jesus, à grande Luz que, vindo ao mundo, ilumina todo o homem (cf. Jn 1,9). Como peregrinos da fé, os Magos tornaram-se eles mesmos estrelas que brilham no céu da história e nos indicam a estrada. Os santos são as verdadeiras constelações de Deus, que iluminam as noites deste mundo e nos guiam. São Paulo, na Carta aos Filipenses, disse aos seus fiéis que devem brilhar como astros no mundo (cf. Ph 2,15).

Queridos amigos, isto diz respeito também a nós. Isto diz respeito sobretudo a vós que ides agora ser ordenados Bispos da Igreja de Jesus Cristo. Se viverdes com Cristo, ligados a Ele novamente no Sacramento, então também vós vos tornareis sábios; então tornar-vos-eis astros que vão à frente dos homens e indicam-lhes o caminho certo da vida. Neste momento, todos nós aqui rezamos por vós, pedindo que o Senhor vos encha com a luz da fé e do amor, que a inquietação de Deus pelo homem vos toque, que todos possam experimentar a sua proximidade e receber o dom da sua alegria. Rezamos por vós, para que o Senhor sempre vos dê a coragem e a humildade da fé. Rezamos a Maria, que mostrou aos Magos o novo Rei do mundo (cf. Mt 2,11), para que, como Mãe amorosa, mostre Jesus Cristo também a vós e vos ajude a serdes indicadores da estrada que leva a Ele. Amen.



Domingo, 13 de Janeiro de 2013: CELEBRAÇÃO DO BATISMO DO SENHOR E ADMINISTRAÇÃO DO BATISMO

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Capela Sistina



Estimados irmãos e irmãs

A alegria brotada da celebração do Santo Natal encontra hoje o seu cumprimento na festa do Baptismo do Senhor. A este júbilo acrescenta-se mais um motivo, para nós que nos encontramos aqui reunidos: no sacramento do Baptismo, que daqui a pouco administrarei a estes recém-nascidos manifesta-se efectivamente a presença viva e concreta do Espírito Santo que, enriquecendo a Igreja com novos filhos, a vivifica e a faz crescer, e isto não pode deixar de nos alegrar. Desejo dirigir uma saudação especial a vós, queridos pais, padrinhos e madrinhas, que hoje dais testemunho da vossa fé, pedindo o Baptismo para estas crianças, a fim de que sejam geradas para a vida nova em Cristo e comecem a fazer parte da comunidade dos crentes.

A narração evangélica do baptismo de Jesus, que hoje ouvimos segundo o evangelho de são Lucas, indica o caminho de abaixamento e de humildade, que o Filho de Deus escolheu livremente para aderir ao desígnio do Pai, para ser obediente à sua vontade de amor ao homem em tudo, até ao sacrifício na cruz. Já adulto, Jesus dá início ao seu ministério público, indo ao rio Jordão para receber de João um baptismo de penitência e de conversão. Acontece aquilo que aos nossos olhos parece paradoxal. Tem Jesus necessidade de penitência e de conversão? Com certeza que não! E no entanto, precisamente Aquele que é sem pecado põe-se entre os pecadores para se fazer baptizar, para cumprir este gesto de penitência; o Santo de Deus une-se a quantos se reconhecem necessitados de perdão e pedem a Deus o dom da conversão, isto é, a graça de voltar para Ele com todo o coração, para ser totalmente seus. Jesus quer pôr-se da parte dos pecadores, tornando-se solidários para com eles, manifestando a proximidade de Deus. Jesus mostra-se solidário connosco, com a nossa dificuldade de nos convertermos, de abandonarmos os nossos egoísmos, de nos separarmos dos nossos pecados, para nos dizer que se O aceitarmos na nossa vida, Ele é capaz de nos elevar e de nos conduzir à altura de Deus Pai. E esta solidariedade de Jesus não é, por assim dizer, um simples exercício da mente e da vontade. Jesus imergiu-se realmente na nossa condição humana, viveu-a até ao fundo, excepto no pecado, e é capaz de compreender a sua debilidade e fragilidade. Por isso, Ele compadece-se, escolhe «padecer com» os homens, fazer-se penitente juntamente connosco. Esta é a obra de Deus, que Jesus deseja realizar: a missão divina de curar quem está ferido e medicar quantos estão doentes, de assumir sobre si mesmo os pecados do mundo.

O que acontece, no momento em que Jesus se faz baptizar por João? Diante deste gesto de amor humilde por parte do Filho de Deus, abrem-se os Céus e manifesta-se visivelmente o Espírito Santo sob a forma de uma pomba, enquanto uma voz do alto exprime a complacência do Pai, que reconhece o seu Filho unigénito, o Amado. Trata-se de uma verdadeira manifestação da Santíssima Trindade, que dá testemunho da divindade de Jesus, do seu ser o Messias prometido, Aquele que Deus enviou para libertar o seu povo, a fim de que seja salvo (cf.
Is 40,2). Realiza-se assim a profecia de Isaías, que ouvimos na primeira Leitura: o Senhor Deus vem poderosamente para destruir as obras do pecado, e o seu braço exerce o domínio para desarmar o Maligno; todavia, tenhamos presente que este braço está estendido na cruz e que o poder de Cristo é a força daquele que sofre por nós: trata-se do poder de Deus, diferente do poder do mundo; assim Deus vem com o poder para destruir o pecado. Verdadeiramente, Jesus age como o Bom Pastor que apascenta a grei e a reúne, a fim de que não se perca (cf. Is 40,10-11), e oferece a sua própria vida para que ela tenha vida. É através da sua morte redentora que o homem é libertado do domínio do pecado e reconciliado com o Pai; é pela sua ressurreição que o homem é salvo da morte eterna, tornando-se vitorioso sobre o Maligno.

Caros irmãos e irmãs, o que acontece no Baptismo que daqui a pouco administrarei aos vossos filhos? Acontece precisamente isto: serão unidos de modo profundo e para sempre com Jesus, imersos no mistério desta sua força, deste seu poder, ou seja no mistério da sua morte, que é fonte de vida, para participar na sua ressurreição, para renascer para uma vida nova. Eis o prodígio que hoje se repete também para os vossos filhos: recebendo o Baptismo, eles renascem como filhos de Deus, partícipes da relação filial que Jesus tem com o seu Pai, capazes de se dirigir a Deus chamando-lhe com plena confidência e confiança: «Abá, Pai!». O Céu abriu-se também sobre os vossos filhos, e Deus diz: estes são os meus filhos, filhos do meu agrado. Inseridos nesta relação e livres do pecado original, eles passam a ser membros vivos do único corpo que é a Igreja e tornam-se capazes de viver em plenitude a sua vocação à santidade, de modo a poder herdar a vida eterna, que nos foi alcançada pela ressurreição de Jesus.

Queridos pais, quando pedis o Baptismo para os vossos filhos, vós manifestais e testemunhais a vossa fé, a alegria de ser cristãos e de pertencer à Igreja. É a alegria que brota da consciência de ter recebido um grandioso dom de Deus, precisamente a fé, uma dádiva que ninguém de nós pôde merecer, mas que nos foi concedida gratuitamente, e à qual nós respondemos com o nosso «sim». Trata-se da alegria de nos reconhecermos como filhos de Deus, de nos descobrirmos confiados às suas mãos, de nos sentirmos acolhidos num abraço de amor, do mesmo modo como uma mãe sustém e abraça o seu filho. Esta alegria, que guia o caminho de cada cristão, fundamenta-se numa relação pessoal com Jesus, uma relação que orienta toda a existência humana. Com efeito, é Ele que confere sentido à nossa vida, Aquele em quem vale a pena manter fixo o nosso olhar, para sermos iluminados pela sua Verdade e para podermos viver em plenitude. Por isso, o caminho da fé que hoje tem início para estas crianças funda-se numa certeza, na experiência de que nada existe de maior do que conhecer Cristo e comunicar aos outros a amizade com Ele; somente nesta amizade se descerram realmente as grandes potencialidades da condição humana e podemos experimentar o que é belo, o que liberta (cf. Homilia na Santa Messa para o início do Pontificado, 24 de Abril de 2005). Quem fez esta experiência não está disposto a renunciar à própria fé por nada neste mundo.

E vós, dilectos padrinhos e madrinhas, tendes a importante tarefa de sustentar e contribuir para a obra educativa dos pais, acompanhando-os na transmissão das verdades da fé e no testemunho dos valores do Evangelho, para fazer crescer estas crianças numa amizade cada vez mais profunda com o Senhor. Sabei oferecer-lhes sempre o vosso bom exemplo, através do exercício das virtudes cristãs. Não é fácil manifestar abertamente e sem comprometimentos aquilo em que acreditamos, de modo especial no contexto em que vivemos, perante uma sociedade que considera muitas vezes fora de moda e fora do tempo quantos vivem da fé em Jesus. Na onda desta mentalidade, pode haver inclusive entre os cristãos o risco de entender a relação com Jesus como limitadora, como algo que mortifica a própria realização pessoal; «Deus é visto como o limite da nossa liberdade, um limite a ser eliminado, a fim de que o homem possa ser totalmente ele mesmo» (A infância de Jesus, 101). Mas não é assim! Esta visão demonstra que nada entendeu da relação com Deus, pois é precisamente na medida em que se procede pelo caminho da fé, que se compreende como Jesus exerce sobre nós a acção libertadora do amor de Deus, que nos faz sair do nosso egoísmo, do facto de permanecermos fechados em nós mesmos, para nos levar a uma vida plena, em comunhão com Deus e aberta aos outros. «“Deus é amor, e quem permanece no amor permanece em Deus e Deus nele” (1Jn 4,16). Estas palavras da primeira Carta de João exprimem, com clareza singular, o centro da fé cristã: a imagem cristã de Deus e também a consequente imagem do homem e do seu caminho» (Encíclica Deus caritas est ).

A água, com a qual estas crianças serão assinaladas em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo, mergulhá-las-á naquela «fonte» de vida que é o próprio Deus e que as tornará seus verdadeiros filhos. E a semente das virtudes teologais infundidas por Deus, a fé, a esperança e a caridade, semente que hoje é lançada no seu coração pelo poder do Espírito Santo, deverá ser alimentada sempre pela Palavra de Deus e pelos Sacramentos, de maneira que estas virtudes do cristão possam crescer e alcançar a plena maturidade, a ponto de fazer de cada um deles uma verdadeira testemunha do Senhor. Enquanto invocamos sobre estas crianças a efusão do Espírito Santo, confiemos-las à salvaguarda da Virgem Santa; que Ela as conserve sempre com a sua presença materna e as acompanhe em cada momento da sua vida. Amém!






Bento XVI Homilias 24122