Dicionário Bíblico 387

BELZEBU

387 Significa "senhor do esterco", isto é, dos sacrifícios oferecidos aos ídolos. É o nome do deus cananeu, chamado no AT Baal-Zebub ("senhor das moscas"), divindade da cidade filistéia de Acaron. No NT "Belzebu"era o nome que os fariseus davam ao príncipe dos demônios (Mc 3,22 Mt 12,24s).

BÊNÇÃO

Pode ser entendida como louvor do homem que bendiz a Deus por suas obras ou benefícios recebidos. Tal tipo de bênção (bendição) é freqüente nos Salmos. Bênção é também a ação de Deus em relação ao homem, enquanto objeto de seus benefícios, como a vida, a fecundidade, a paz e o bem-estar em geral (cf. Ps 131 Ps 134). Na Bíblia a bênção pode ser pronunciada pelo homem. Assim, os sacerdotes abençoam diariamente os israelitas (cf. Nb 6,23-27 e nota); os patriarcas abençoam os filhos antes de morrer (Gn 9,26s; Gn 27,27-29 Gn 49 Dt 33). O homem pode ser também intermediário da bênção divina, como Abraão, escolhido para nele ser abençoada toda a humanidade (Gn 12,1-3).

No Antigo Oriente as fórmulas de bênção ou de maldição eram consideradas eficazes, no sentido de que realizavam o que diziam, sobretudo quando escritas (cf. Nb 5,23). Por isso, os códigos de leis e tratados de aliança eram concluídos com fórmulas de bênção e maldição (cf. Lv 26 Dt 28 e notas). Sua finalidade era impedir o desprezo das leis ou a violação dos tratados e promover a fiel observância dos mesmos.

A vontade de Deus é que a bênção tome o lugar da maldição (Ez 34,24-30 Za 8,13 Is 44,3 Is 53,1-12). Isto se deu em Jesus: fazendo-se por nós maldito, cobriu-nos de bênçãos divinas (Ga 3,10-11 1P 2,22-24 cf. Rm 8,3 2Co 5,21).


BERSABÉIA

O nome hebraico significa "poço dos sete"ou "poço do juramento". É uma antiga cidade cananéia do sul da Palestina, onde se prestava culto ao Deus Eterno (Am 5,5 Am 8,14). O santuário foi venerado por Abraão (Gn 21,21-23), Isaac (Gn 26,23-33) e Jacó (Gn 46,1-4). Ali os filhos de Samuel foram juízes (1S 8,2). Bersabéia marca o extremo sul do limite de Israel (2S 3,10).

BETÂNIA

Subúrbio de Jerusalém, vizinho de Betfagé, na estrada romana que na encosta do monte das Oliveiras descia pelo deserto até Jericó. No vilarejo, existente até hoje ("túmulo de Lázaro"), moravam Lázaro, Marta e Maria (Lc 10,38 Jn 11,1) e Simão o Leproso (Mt 26,6); lá passou Jesus na entrada em Jerusalém (Mt 21,17 Jn 12,1-8) e na Ascensão (Lc 24,50).

Uma outra Betânia, lugar de atividade de João Batista, ficava na margem oriental do Jordão (Jn 1,28); sua localização é discutida: ou no sul do vale do rio Jordão, na altura de Jericó, ou no norte, na altura de Betsã.

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BETEL

Em hebraico "casa de Deus". Nome de um antigo santuário cananeu, antes chamado Luza. Tornou-se famoso, pois ali Abraão prestou culto a Deus (Gn 12,8 Gn 13,3s) e Jacó teve a visão da escada que unia a terra ao céu (Gn 28,10-22 Gn 31,13 Gn 35,1-16). O rei Jeroboão I, após a divisão do reino de Salomão, mandou colocar em Betel a estátua de um bezerro de ouro (1R 12,26-30). Por isso os profetas passaram a chamar o lugar de Bet-Áven, "casa da iniqüidade"ou da nulidade, isto é, dos ídolos (cf. Os 4,15).

BÍBLIA

Nome dado ao conjunto dos livros inspirados do AT e do NT, originariamente escritos em hebraico, aramaico e grego. O termo vem do grego tá Biblia, "os livros". Estes livros são o patrimônio espiritual do judaísmo e das igrejas cristãs.

A Bíblia foi escrita ao longo de mil anos, mas sua inspiração é atestada só pelo final do I século, em 2Tm 3,16s e 2P 1,21. Mas bem cedo se recomendava sua leitura (Ex 24,7 Dt 17,19 Jos 1,8 Is 34,16 Jn 5,39 Ac 8,28 Rm 15,4 2Co 1,13 Ep 3,3s). Sendo um livro inspirado, deve ser lido com piedade e humildade (Si 32,15 Mt 11,15 Mt 13,11 1Co 2,12-14 2Tm 3,7 2Tm 3,16). Sendo um livro antigo, escrito por um povo de cultura diferente da nossa, que trata dos planos de Deus a respeito dos homens, a Bíblia carece de interpretação (Sg 9,16-18 Mt 13,11 Mc 4,34 Lc 24,45 Ac 8,30s; 1Co 12,30 2P 1,20 2P 3,15s. Sendo um livro assumido pela Igreja como fonte de revelação, necessita também de sua interpretação oficial (Ml 2,7 Mt 16,18 Mt 28,19s; Lc 10,16 Jn 14,16 Jn 14,26 Jn 16,13 Jn 20,22s; Ep 2,20 1Tm 3,13). Ver "Revelação" e "Como ler a Bíblia com proveito", Introdução Geral desta Bíblia.


BISPO

755 As Igrejas judeu-cristãs parece que eram governadas por um colégio de presbíteros ou anciãos, ao estilo das sinagogas (Ac 11,29-30 Ac 14,23 Ac 15,2 Ac 15,4 Ac 15,6 Ac 15,22s, Ac 20,17 1P 5,1-4 Jc 5,14). Tiago, em Jerusalém, aparece como o presbítero dum colégio de presbíteros ou anciãos (Ac 12,17 Ac 15,13 Ac 21,18 Ga 1,18-19 Ga 2,9 Ga 2,12).

Nas Igrejas de origem pagã, fundadas por Paulo, aparecem os episcopoi, "epíscopos"ou "bispos", palavra que significa "vigilantes", "inspetores" (Ac 20,28 comparar 1Tm 3,2 e Tt 1,7 com 1Tm 5,17 e Tt 1,5 Tt 1,7). Paulo ordenou alguns dos seus discípulos como "inspetores apostólicos" (2Tm 1,6 Tt 1,5 1Tm 4,14 2Co 8,15-24).

Existia a hierarquia constituída pela imposição das mãos (1Tm 4,14 2Tm 1,6-7) e a "pneumática", sujeita aos apóstolos (1Co 12,4-11 1Co 12,28-29 1Co 14,26-40).

Portanto, no séc. I, sob a dependência dos apóstolos, as Igrejas tiveram diversas formas de governo. No séc. II, como no-lo testemunham os documentos da Tradição, aparece o episcopado monárquico. A doutrina católica sobre o episcopado foi recentemente exposta pelo Concílio Vaticano II (LG 18-19). Ver as notas de Ac 20,28 e 1Tm 3,2.


BITÍNIA

Região no noroeste da Ásia Menor, no litoral do mar Negro. Com o Ponto formava uma província romana. Durante a segunda viagem missionária Paulo e Timóteo pretendiam visitar esta região, mas foram impedidos pelo Espírito (Ac 16,6-10).

BLASFÊMIA

473 É o ultraje dirigido a Deus, a própria pretensão de ocupar o seu lugar, ou de falar em seu nome sem autorização (Dt 18,20-22). Na Bíblia, é condenada a blasfêmia e o blasfemador considerado digno de morte (Ex 20,7 Lv 24,13 Lv 24,22 Mt 27,39-44 Ap 13,6 Ap 16,11). Pessoas justas foram acusadas de blasfêmia para serem condenadas à morte: Nabot, proprietário de um sítio cobiçado pelo rei Acab (1R 21,1-16); Jesus Cristo (Mc 14,60-64); Estêvão, o primeiro mártir cristão (Ac 7,54-60).

BOAS OBRAS

3902 Exortação para praticá-las: Pr 21,3 Mi 6,8 Mt 3,10 Mt 5,16 Mt 7,17 Mt 7,21 Jc 2,14-22. Prêmio prometido: Pr 11,18 Qo 35,13 Is 3,10 Mt 6,6 Mt 16,27 Mt 20,8 Mt 25,14-26 Rm 2,6s; 1Co 3,8 1Co 15,28. São os "frutos do Espírito Santo" (Jn 15,1-6 Ga 5,5-25 Rm 6,20-23 Mt 7,16-20), esperados por Cristo (Mc 11,12-25 Mt 21,18-19 Lc 13,6-9). Ver "Justiça".


BODE EXPIATÓRIO

3160 É o macho caprino que no Dia da Expiação levava simbolicamente os pecados do povo para o deserto (Lv 16,7-20), onde segundo a crença popular morava o espírito mau de Azazel (cf. Lv 11,8 e nota: Mt 12,43).

Ao lado da idéia da necessidade de sacrifícios para expiar pecados aparece outra, na qual se dispensa o derramamento de sangue para perdoar pecados (Ex 34,6-7 Ez 18,21-23 Mt 6,12-14s; He 7,26-27 1Jn 1,9 Ap 21,22. Ver "Expiação" e "Sacrifícios".



CAIFÁS

617 Exerceu a função de Sumo Sacerdote durante a atividade de João Batista (Lc 3,2) e o processo contra Jesus (Mt 26,3 Mt 26,57 Jn 11,49 Jn 18,24-28), entre 18 e 36 dC. Era o genro de Anás (18,13).

CAIM

618 Ver "Abel".

CÁLICE

Ver "Eucaristia".

CALVÁRIO

623 Ver "Gólgota".


CAMINHO

2689 Além do seu sentido normal, o termo é usado em sentido metafórico como vida do homem, sua conduta e seus hábitos. Indica também o modo de agir de Deus para com o homem ("os caminhos de Deus"), ou as normas que ele traçou para o agir humano, isto é, os mandamentos. No NT a doutrina cristã é chamada "caminho" (Ac 9,2 Ac 16,17 Ac 19,23 Ac 22,4 Ac 24,14).

CANÁ

624 Cidade da Galiléia onde teve lugar o casamento ao qual foram convidados Jesus e os apóstolos (Jn 2,2) e onde foi curado o filho do oficial da corte (4,46). Era a terra natal de Natanael (21,2). Nas bodas de Caná, Cristo se manifesta como o Esposo da Igreja, no terceiro dia após seu batismo (Jn 2,1-11 Mt 22,1-14 Jn 3,29-30). A intercessão de Maria mostra a sua participação no milagre, mas também a independência de Cristo (Jn 2,3-5 Mc 3,20-35 Lc 11,27-28 Lc 2,49).

A Hora de Jesus é a sua glorificação. Os milagres são a antecipação desta glória. São sete os milagres, "sinais", manifestadores de diversos aspectos do Cristo joanino (Jn 2,1-11 Jn 4,46-50 Jn 5,1-15 Jn 6,1-15 Jn 6,16-21 Jn 9,1-41 Jn 11,33-44).

Jesus, a nova videira, muda em vinho a água das purificações rituais, pois é o seu sangue e a sua palavra o que purifica os homens (Jn 15,1-8 Mt 26,26-29 Is 5,1-4 Is 24,8-11 Mc 7,3-4 1Jn 1,7 Ap 1,5 Ap 7,14 Ap 22,14).


CANANEU

635 Habitante de Canaã, terra prometida por Deus e conquistada pelos israelitas, situada entre o vale do rio Jordão e a costa do Mediterrâneo. No NT o termo aparece como nome de um partido político, chamado também dos zelotes. O apóstolo Simão era membro deste partido (Mc 10,4-11).

CÂNON

Lista dos livros do AT e NT inspirados por Deus e, conseqüentemente, normativos para a fé e vida moral dos fiéis. O cânon dos livros inspirados formou-se definitivamente já na era apostólica. Mas houve dúvidas sobre determinados livros do AT e do NT, sobretudo entre o II e o IV séculos, devido à proliferação de livros apócrifos. Tais livros são chamados deuterocanônicos, porque foram reconhecidos como canônicos pela Igreja universal num segundo momento. Os deuterocanônicos do NT são: Hebreus, 2Pedro, Judas, Tiago, 2-3João e Apocalipse; os do AT são: Tobias, Judite, Sabedoria, Eclesiástico, Baruc e 1-2Macabeus. Estes últimos não constam nas Bíblias editadas pelas Igrejas protestantes, que os consideram apócrifos. A Igreja Católica pronunciou-se definitivamente sobre o cânon no Concílio de Trento (1546).

CANÔNICO

Em sentido ativo, diz-se da Sagrada Escritura, enquanto é critério de verdade, norma de fé e de costumes. Em sentido passivo é o livro que está incluído no cânon ou lista oficial dos livros reconhecidos pela Igreja como inspirados. Distinguem-se livros protocanônicos sobre cuja inspiração houve desde o início consenso em toda a Igreja, e livros deuterocanônicos, de cuja inspiração em determinadas igrejas locais duvidou-se durante algum tempo. Ver "Cânon".


CARIDADE

Não deve ser confundida com o simples dar esmolas. No AT a caridade ao próximo se restringia sobretudo ao povo israelita (cf. Lv 19,18 Si 12,1-17 e notas). Ver "Amor"e "Eucaristia".

CARISMA

Termo grego que significa um dom gratuito. É um dom especial do Espírito, dado ao cristão para o bem comum do próximo e a edificação da Igreja (Rm 12,8 1Co 12,4-10 Ep 4,11-13). Paulo fala longamente na 1Co 12-15 dos carismas, cuja importância foi muito grande para a difusão do cristianismo. Menciona, entre outros, os dons da sabedoria, da cura, dos milagres, da pregação e do ensino. O mais importante de todos é a caridade.

CARMELO

Nome de uma cidade ao sul de Judá (Jos 15,55 1S 25,7 1S 25,40). Nome também de uma serra de 20 km de comprimento, entre o mar Mediterrâneo e a planície de Jezrael (1R 18,42-46). Ali residiam as primeiras comunidades de profetas sob a direção de Elias e Eliseu (1R 18 2R 2).


CARNE-ESPÍRITO

1290 A antropologia bíblica não conhece a dicotomia grega: corpo-alma. O homem é visto como uma unidade vivente. O termo "carne"é usado simbolicamente para indicar muitas vezes a transitoriedade e a fraqueza do ser humano, mortal e pecador (Gn 3,3 Jr 17,15 Jb 10,4 Mt 26,40s; 2Co 12,7-10 Is 40,3-8 Jn 17,2). O próprio Verbo de Deus assumiu esta carne frágil e mortal (Jn 1,14 1Tm 3,16).

Enquanto indica o ser humano na sua fragilidade, "carne"pode estar em oposição ao espírito (Is 31,3 Ps 56,5 2Ch 32,8). Neste último sentido, nas epístolas de Paulo "carne"significa o homem natural, sem a graça, na sua fraqueza e tendência ao mal (Rm 9,6-13 Ga 6,12-15 Ph 3,2-5 Ep 2,11-13 Rm 8,12-15), em contraste com o espírito, força que recebe o homem purificado pelo batismo (Rm 7,14-25 Rm 13,11-14 Ep 2,1-6 Col 2,13-23). O cristão é aquele que não vive mais na "carne"mas no "espírito" (Rm 8,9). Por isso o cristão deve crucificar a carne com suas concupiscências (Rm 8,5-13 Ga 5,22-25 Col 1,24-29).

Oespírito, alento vital, sopro ou vento, indica a ação de Deus no ser humano (Gn 2,7 Gn 6,17 Gn 7,22 Rm 8,14-16 1Co 2,10-13 Ga 5,13-25 Ga 6,8-10), opõe-se à carne, em sentido mais religioso que físico.


CASTIDADE

663 Ver "Virgindade".

CATIVEIRO

Houve dois cativeiros ou exílios na história do povo eleito. Em 722 aC foi deportada para a Assíria a população do reino do Norte, invadido e destruído pelos assírios (2R 17). Em 587 aC foi deportada para a Babilônia boa parte da população do reino do Sul, quando Nabucodonosor destruiu Jerusalém (2R 25). Durante o cativeiro da Babilônia os exilados foram confortados pelas palavras do profeta Ezequiel e de um profeta anônimo (Is 40-55). Eles reavivaram as esperanças de um retorno à pátria, o que aconteceu com o edito de Ciro (538 aC), o rei dos persas, que conquistou a Babilônia (Esd 1,1-4). A dura provação do exílio contribuiu para uma profunda revisão das crenças e renovação espiritual de Israel. O cativeiro da Babilônia é o símbolo do homem decaído e libertado pela graça de Jesus Cristo (He 2,14s).

CELIBATO

É o estado de uma pessoa que se mantém solteira, aconselhado por Cristo em vista do Reino de Deus (Mc 10,28-30 Lc 18,26-30 Mt 19,27-29 Mt 22,30) e pelo Apóstolo (1Co 7,1 1Co 7,7 1Co 7,32-35 1Co 7,38-40); é possível viver neste estado com a graça de Deus: Mt 19,26 Rm 8,11 Rm 8,13 1Co 10,13 2Co 12,7-9).


CÉSAR

611 Nome do famoso general, conquistador da Gália. Mais tarde tornou-se o título usado pelos imperadores romanos (Mt 22,17-21 Ac 25,2-12).

CESARÉIA

615 Duas são as cidades com este nome na Palestina:

1. Cesaréia Marítima, construída por Herodes o Grande em homenagem a César Augusto. Tornou-se a residência dos procuradores romanos; ali morava também Cornélio (
Ac 10,1) e o diácono Filipe (Ac 21,8).

2. Cesaréia de Filipe, construída por Herodes Filipe nas cabeceiras do rio Jordão. Perto desta cidade Pedro confessou que Jesus era o Messias esperado e Jesus prometeu fazer dele o chefe da futura Igreja (Mt 16,13-20).


CÉU

1550 O céu pode ser tomado em sentido cosmológico: os antigos o imaginavam como firmamento sólido (Is 40,22 Is 44,24), apoiado sobre colunas (Jb 26,11). No firmamento há eclusas e por cima estão as águas do Oceano primitivo (Gn 7,11 Ps 148,4-6).

O céu em sentido teológico é a morada de Deus, cujo trono está acima do firmamento (Is 66,1 Ex 24,10s; Ps 104,3). Mas Deus não está circunscrito à sua morada. Ele está presente em toda a parte (1R 8,27). Por isso "céu"é a vida divina repartida com os eleitos na eternidade. Esta realidade religiosa é expressa com imagens: nova Jerusalém, novo templo, Sião reconstruída, montanha santa, etc. (Is 4,2-6 Is 25,6-9 Is 60 Za 2,14 Ez 37,26-28 Ps 48,2-4).

No NT céu substitui o próprio nome de Deus (Mt 5,16-20 Mt 6,9 cf. 1M 3,18 e nota).

Nos céus está Cristo, nossa esperança (Ep 1,18-22 Col 3,1-4 Jn 14,1-3). Por isso o céu é nossa herança (Ph 3,17-21 Col 1,5 Col 1,12 1P 1,4 Lc 10,20 Mt 25,31-46). Quando a recebermos, viveremos de Deus (1Jn 3,2 2Co 5,4-8 Ap 5,6-12 Ap 7,2-12 Ap 14,1-3 Ap 21). Ver "Retribuição".


CIRCUNCISÃO

765 Operação cirúrgica para remover o prepúcio, pele que cobre a glande do membro viril. A prática de caráter mágico de iniciação ao matrimônio, conhecida por muitos povos antigos, existe ainda hoje em tribos primitivas da África, América e Austrália. Os israelitas aprenderam a circuncisão dos egípcios. O uso da circuncisão não é simples prática higiênica (como a operação de fimose), mas um rito de puberdade que marca o início da idade viril. Em Israel a circuncisão se fazia já no oitavo dia do nascimento (Lc 1,59 Lc 2,21); a partir do exílio, foi considerada um sinal da aliança (Gn 17,3-14), um rito de inserção no povo eleito (Ex 4,24-26 1M 1,15 e notas).

Os profetas mostram ser mais importante do que a marca da carne a "circuncisão do coração" (Dt 10,16 Dt 30,6 Jr 4,4 Jr 9,25), que consiste na remoção dos obstáculos postos pelo homem em sua relação com Deus (Rm 2,29 Rm 4,3 Rm 4,9 Rm 4,22 Col 2,11).

CIÚME

1850 Em sentido humano, é o zelo do homem pelos seus direitos conjugais (Pr 27,4), que pode submeter a esposa ao processo do ordálio (cf. Nb 5,11-31 e notas). Pode significar também inveja ou rivalidade (11,26-29; Ps 37,1). Em sentido religioso o termo indica o zelo pela causa de Deus (Nb 25) e, sobretudo, o amor apaixonado, exigente e exclusivista de Deus. Deus não admite concorrentes ao lado dele (Ex 20,5); propõe uma aliança exclusiva com seu povo (34,12-16), exigindo amor total e exclusivo (Dt 6,5 Dt 6,13-15). Deus defende com ciúme a honra de seu santo nome (Ez 36) e com zelo defende o seu povo (Is 9,6 Is 63,15).


CLÁUDIO

613 Nome do imperador romano (41-54 dC) que sucedeu a seu primo Calígula. O profeta Ágabo anunciou uma fome que devia vir para o mundo inteiro sob seu governo (Ac 11,28). No ano 49 dC Cláudio decretou a expulsão dos judeus de Roma, entre os quais estavam Áqüila e Priscila (18,2).

CLÉOFAS

777 Esposo da Maria que estava aos pés da cruz com a mãe de Jesus (Jn 19,25). Ele teria sido irmão de José, esposo de Maria, Mãe de Jesus; isto é, tio de Jesus. É distinto do outro Cléofas, um dos discípulos de Emaús (Lc 24,8).

COBRADOR DE IMPOSTOS

Ver "Publicano".

CÓDICE

Inicialmente os livros eram escritos à mão, em rolos, isto é, em, tiras de papiro ou de pergaminho. Aos poucos surgiu uma nova técnica de fazer livros: as folhas avulsas de um documento escrito eram dobradas, colocadas uma sobre a outra e costuradas, dando origem ao "códice". Quatro folhas, cada uma dobrada ao meio, davam um caderno de oito folhas ou dezesseis páginas. Tal técnica, já conhecida no séc. II aC, tornou-se comum nos manuscritos cristãos. São famosos os códices gregos da Bíblia, conhecidos pelos nomes Vaticano, Alexandrino e Sinaítico. Ver "Manuscrito".

COMÉRCIO

Profissão perigosa porque leva facilmente à apropriação indébita dos frutos do trabalho alheio (Ez 26-28 Si 26,29 Si 27,1 Ap 18,15). Os abusos são denunciados e condenados (Dt 23,19 Pr 11,26 Pr 20,10 Pr 20,23 Ez 18,18 Am 2,6s; Am 5,11s; Am 8,5s). Como proceder: Lv 19,35s; Lv 25,14 Dt 23,13-16 Pr 11,1 1Co 7,30).

COMUNHÃO

1265 Ver "Eucaristia", "Participação".


CONFESSAR

813 Significa professar a fé em Cristo (Rm 10,9 Ph 2,11), louvar a Deus pelas suas maravilhas (Lc 1,46-54 Lc 1,68-79 Mt 11,25-27), ou reconhecer os próprios pecados (Lv 5,5 Nb 5,7 1Jn 1,9).

Quer nos sacrifícios da Antiga Lei, quer no batismo de João, as pessoas confessavam-se pecadoras (Lv 4 Lv 23,26-32 Mt 3,6 Mc 1,4-5 Lc 3,3-14). Cristo, com efeito, veio para os que se confessam pecadores (Mt 9,13 Mt 11,19 1Tm 1,5). Os evangelistas contam-nos algumas destas confissões (Lc 5,8 Lc 7,36-50 Lc 19,1-10 Jn 4,5-42 Lc 15,11-32 Lc 18,9-14). Os apóstolos falam da confissão dos pecados (1Jn 1,9-10 Ac 19,18 Jn 20,23 Mt 18,18 Jc 5,16).

CONFIRMAÇÃO

João Batista anunciava um batismo no Espírito e no fogo (Lc 3,16). O evangelista João fala dum renascimento da água e do Espírito (Jn 3,5 cf. 1Jn 2,20 1Jn 2,27). O próprio Jesus anunciou um outro "Paráclito" (Jn 14,16 Jn 14,26 Jn 15,26 Jn 16,7-15 Ac 1,4-8).

No Pentecostes a ligação Espírito-fogo é evidente, bem como o tema da reunião frente à dispersão babilônica (Ac 2,1-13 Ac 4,31-33 Gn 11,1-9).

Para os primeiros cristãos Batismo e Espírito estavam unidos (Ac 8,14-17 Ac 19,1-7 Ac 10,44-47 Ac 9,17-18). Batizados e confirmados recebemos em nós o "selo", a assinatura do Espírito Santo, como os hebreus a recebiam na carne pela circuncisão (Rm 4,11 Ez 9,4-7 Ap 9,4 Ph 3,3 2Co 1,14-22 Ep 1,13-14 Ep 4,30 1Jn 2,20-27).

24

CONSAGRAR

Retirar um objeto ou uma pessoa do uso profano, para transferi-los de modo permanente ao domínio de Deus (Ex 13,1 Ex 30,29). Ver "Anátema".

CONSCIÊNCIA

824 Esta realidade, sobretudo no AT, existe sob o nome de coração e rins. Estes últimos englobam o mundo passional do inconsciente. Deus é aquele que penetra e julga os rins e o coração (Ps 7,9-13 Ps 16,7-9 Ps 139 Jr 11,19-20 Jr 12,1-3 Jr 17,9-11 1R 8,37-40 1Jn 3,19-21 1S 16,6-11 Jb 27,1-7). Afasta os corações endurecidos (Is 6,9-10 Ac 7,51-54 Jn 12,37-43).

A consciência arrependida é um coração despedaçado (Jl 2,12-17 Ps 51,18-19 2Ch 6,36-39 2Ch 15,11-14). É preciso circuncidar o coração, evitando o formalismo (Jr 4,1-4 Jr 9,24-25 Dt 10,15-17 Rm 2,25-29).

Deus dá um coração novo, isto é, uma nova consciência (Jr 31,31-34 Jr 32,37-41 Ez 11,17-21 Ez 36,23-28). Daqui a expressão "amar a Deus com todo o coração" (Dt 6,4-6 Dt 10,12-13 Dt 13,4-5 Dt 30,1-6 Mt 22,34-37). Assim a moral do NT é uma moral interior, do "coração puro" (Ps 64,10-11 Mt 5,8 Mt 5,28 Mt 6,1-6 1P 1,21-23 He 9,13-14 He 10,19-23 1Co 4,3-5 2Co 1,12-14 Rm 2,12-16 Rm 13,5 Rm 14,10-23).


CONVERSÃO

834 É a mudança moral, pela qual o homem renuncia à sua conduta anterior, volta-se para Deus e cumpre a sua vontade. Na pregação dos profetas conversão é abandonar o serviço dos ídolos, que leva a descuidar do serviço de Deus e da observância de seus preceitos (Jr 7 cf. 1Th 1,9). Esta conversão, porém, não é obra humana, mas fruto da intervenção de Deus na vida moral do homem (Jr 24,7 Jr 31,31-34 Ez 11,18-21 Os 14,2-10).

Tanto João Batista como Jesus começaram sua pregação exortando à conversão, em vista da proximidade do Reino de Deus (Mt 3,2 Mt 4,17 Mc 1,15). Depois de Pentecostes os apóstolos convidam seus ouvintes à conversão para serem batizados (Ac 2,38 Ac 20,21). Ver "Confissão" e "Penitência".

CORAÇÃO

1544 Além de órgão humano ou animal, o coração é visto como sede do homem interior (1P 3,4), conhecido por Deus (1S 16,7). É a sede da vida intelectiva, dos pensamentos (Da 2,30), da fé e da dúvida (Mc 11,23 Rm 10,8s), enfim dos sentimentos e das paixões em geral (Dt 15,10 Dt 20,3 Dt 28,47 Rm 1,24). O coração é ainda a sede da vontade, da vida moral e religiosa (Lc 21,14 2Co 9,7 Ga 4,6). Por isso o coração representa o homem todo (Jl 2,13). Ver "endurecimento do coração" em Ex 7,3 e nota.


CORDEIRO DE DEUS

Ver "Cristo".

CORPO MÍSTICO

A Santa Ceia inspirou Paulo a fazer da expressão " Corpo de Cristo"o centro e a característica da caridade (1Co 11,17-34 1Co 10,16-17). Era um lugar comum tomar o corpo humano como tipo de solidariedade (1Co 12,14 1Co 12,18 1Co 12,25 1Co 12,27 Rm 12,4-8 Col 3,15). É o fundamento da castidade cristã (1Co 6,13-17).

O Corpo místico é identificado com a Igreja, a reunião dos crentes; Cristo é a cabeça desta reunião. O Espírito Santo, a alma (Ep 1,22-23 Col 1,18-19 Col 1,24 Col 2,18-19 Ep 4,15-16).


CORREÇÃO FRATERNA

Se teu irmão se porta mal, repreende-o (Lc 17,3), mas antes olha para ti mesmo (Mt 7,1-5) e faze-o sempre com bondade (Si 19,17 Mt 18,15-17 Lc 23,40 1Co 4,14 Ga 2,11 Ga 6,1 1Th 5,14 1Tm 5,1-2 Jc 5,19-20). Devemos aceitar a correção com humildade (Ps 141,5 Pr 12,1 Si 21,6 Mt 18,15-17).

CRIAÇÃO

884 O tema constitui uma das noções básicas da fé de Israel. A Bíblia projeta na contemplação da criação a experiência da Aliança e da sua vivência religiosa. Assim, o autor inspirado conforme seja um narrador ou um poeta, um sábio, um sacerdote, um cantor, admirará na criação ora a onipotência divina, ora a sua sabedoria, ora o seu governo real, ora a sua manifestação.

A mais antiga narração da criação é do séc. X aC. Numa linguagem popular, atribui a Deus a criação do ser humano e pretende responder a vários "porquês": da vida a dois, do trabalho, da dor (
Gn 2,4-25). Um poeta admira a onipotência de Deus na criação (Jb 38,1-40,5 Jb 26,5-14 Ps 89,10-13). Louva a Deus com entusiasmo pela grandeza de seu poder criador (Ps 8 Ps 19,3-7 Ps 104), pois ele criou todas as coisas do nada (cf. 2M 7,28 e nota). Louva a Deus pela sabedoria da criação (Is 40,12-17 Pr 8,22-35 Si 43,33 Ps 19,1-3).

Deus é o criador do mundo (Jr 27,5 Jr 31,35) e da história (Is 22,11 Is 37,26). Na literatura pós-exílica as afirmações sobre o poder criador de Deus são mais freqüentes. Ele cria o universo pela sua palavra (Ps 33,6-9 Ps 148,5 Is 40-55) e renova a criação, realizando a salvação prometida (Is 41,20 Is 45,8 Is 48,7) e transformando o coração do homem arrependido (Ps 51).

No NT sabemos que tudo foi criado em Cristo e por Cristo (1Co 8,6 Col 1,16 He 1,2), e que a sua obra redentora é uma nova criação (Rm 8,18-22 1Co 15,45-48 2Co 5,17 Ep 4,24 Jc 1,18 2P 3,13 Ap 21,1-5 cf. Is 65,17-18).


CRISMA

191 Ver "Confirmação".

CRISTÃO

725 O nome vem de Cristo, o Ungido. Deve ter sido dado pelos magistrados romanos aos seguidores de Jesus Cristo. Esta denominação foi dada aos discípulos de Jesus pela primeira vez em Antioquia da Síria (Ac 11,26 cf. Ac 26,28 1P 4,16).

CRISTO

4130 O termo de origem grega significa "ungido"e traduz o termo hebraico "messias". Os sumos sacerdotes (Lv 4,3-16 Lv 6,15) e os reis de Israel (1S 12,3-5 1S 24,7 1S 24,11) eram chamados "ungidos". Os discípulos de Jesus deram-lhe o nome de "Cristo" (Ungido), reconhecendo-o como o messias prometido (Jn 1,41 Jn 4,25 Mt 16,16).

Em alguns textos Jesus é diretamente chamado "Deus" devido ao monoteísmo hebraico (Jn 1,1 Jn 20,28). Cristo exprime sua divindade com a expressão "Eu sou" (Jn 8,24 Jn 8,28 Jn 8,58 Jn 13,19 cf. Ex 3,14 Is 43,10-13).

É o Filho de Deus: O povo de Israel (Ex 4,22 Os 11,1 Is 1,2 Is 30,1 Jr 3,22 Is 63,16); o rei e certos chefes (2S 7,14 Ps 2,7); os anjos e os justos (Sg 5,1-5 Sg 2,13-18 Jb 1,6) são chamados também filhos de Deus. Jesus recebe este título no batismo (Mc 1,11) e na fidelidade à sua missão (Mc 9,7 Mc 15,39).

Cristo é a fonte de água viva (1Co 10,1-11 Jn 2,1-11 Ap 21,6 Jn 19,34-37 Jn 7,37-39 Ap 22,1-2) e a Luz dos povos (Lc 1,78s; Jn 1,4-13 Jn 8,12 Jn 9,1s; Jn 12,46-47 Ac 13,46-47 Ac 26,22s; 1Th 5,2-7 Ap 21,22-27 Ap 22,16 cf. Is 9,1-6 Is 42,6-9 Is 60,1-9).

Cristo é o "Senhor" (Kyrios), título que proclama a divina soberania de Jesus (1Co 8,5-6 Ac 10,36 Rm 10,2 Rm 14,7-10 Ph 2,10-11 Jn 20,24-28 Jn 21,7 Jn 21,15-17). Por isso o temor de Javé (Senhor, nesta Bíblia) passa a ser temor do "Senhor" (Ac 9,31 2Co 5,11 Ep 5,21). A "glória"de Javé transforma-se na glória do "Senhor" (Jn 1,14 Jn 2,11 1Co 2,8 2Tm 4,18 1Tm 3,16 Ph 2,9-11). O dia de Javé -anunciado pelos profetas -passa a ser o "Dia do Senhor" (Ac 2,20 Ac 17,3 1Co 1,8 Ph 1,6-10).

Cristo é o bom Pastor (1S 16,10-16 1S 17,33-37 Ez 34 Mt 25,31-33 Ap 12,5 Ap 19,15 1P 5,4 Jn 10,1-18 Lc 15,1-7); o juiz misericordioso (Lc 7,37 Lc 9,10 Lc 19,5 Jn 8,3 Jn 10,11) e justo (Mt 24,30s; Jn 5,22 Ac 10,42 Ac 17,31 Rm 2,16).

É a imagem visível do Deus invisível, o novo Adão, a divina Sabedoria (Sg 7,6); é a imagem da "glória" ou resplendor de Deus (2Co 4,1-6 Col 1,15); batizados em Cristo, também somos suas imagens (2Co 3,18 Col 3,1-11 Rm 8,29 1Co 15,49).

Cristo é o Servo do Senhor (Lc 22,20 Lc 22,37 Jn 13,1-15 Ac 8,30-35 1P 2,21-25 cf. Is 52,13-53,12); manso como um cordeiro, sofre pelos pecados do seu povo (cf. Jn 1,29 Jn 1,36 1P 1,19 Ap 5,6 Ap 8,12).

É o Salvador do mundo (Is 62,11 Za 9,9 Ac 5,31 Ph 3,20 Lc 19,10 1Jn 4,10), a luz do mundo (Mt 4,16 Lc 2,30-32 Jn 8,12 1Jn 1,5). É aquele que nos remiu do erro e da ignorância (Lc 1,79 Jn 1,9 Jn 3,19 Jn 8,12 Jn 12,46), do pecado e conseqüências (Jn 8,51 Rm 3,24s; Rm 4,25 Rm 5,6-9 Col 1,14 1P 1,18s; 1P 2,24 1Jn 1,7 Ap 1,5 Ap 5,9). Ver "Palavra".


CRUZ

891 Instrumento romano de tortura, reservado para escravos e criminosos. Para os judeus o supliciado na cruz era considerado maldito (Dt 21,23 Ga 3,13). Mas, depois que Jesus foi supliciado na cruz, esta se tornou o símbolo religioso do seguimento humilde e abnegado de Cristo. Seguir a Jesus e tomar a própria cruz são elementos inseparáveis da vida cristã (Mt 10,38 Mt 16,24 Lc 9,23 Lc 9,57-62 Ga 5,24).

Tomar a própria cruz se concretiza no martírio e na ascese (Ph 3,17-18 Ga 5,24 Ap 11,8 Mt 23,34 Ga 2,19-20 Jn 3,14-15). Escândalo para os judeus (Ga 5,1) e loucura para os pagãos (1Co 1,18-23), a cruz é um resumo de todo o Evangelho (Ga 6,12-14). Por meio dela nos veio a redenção (Ac 5,30s; Ga 3,13). Carregando a própria cruz, o homem participa dessa redenção (Ep 2,14-16 Col 1,20 Col 2,14), pois crucificado com Cristo pelo batismo obtém a vida pela fé (Ga 2,19 Rm 6,6).

CULTO

O NT representa um esforço de espiritualização do culto. Em vez do Templo de pedra, Cristo e os cristãos são templos de Deus (Jn 2,13-22 Jn 4,23-24 Mc 14,58 Mc 15,29-30 1Co 6,19 Ap 21,22 1Co 3,16 2Co 6,16.

Quanto ao culto das imagens, ver "Cristo, imagem visível do Deus invisível."Depois de Cristo é o homem, a imagem de Deus (Gn 1,26-27 1Co 11,7).

Espiritualizar o culto é centrá-lo na caridade e na verdade (Mt 9,13 Lc 11,41-42 Jc 1,26-27 Rm 12,1-13 Ph 2,17 Ph 4,18).

A princípio, os cristãos observavam o sábado, como também subiam ao Templo (Ac 2,46 Ac 3,1 Ac 5,20-25). Mas depressa se impôs o Domingo, dia da Ressurreição (Ac 20,7 1Co 16,2 Mc 16,1 Mt 28,1 Lc 24,1 Jn 20,1 Col 2,16 Ap 1,10). Por isso, não devemos manter as festas da Antiga Aliança (Col 2,16 Col 2,20 Ga 4,3 Ga 4,10).

A liturgia cristã toma elementos sinagogais: leituras, cantos e hinos (Col 3,16 Ep 5,14-19 1Tm 3,16 Ap 4,8 Ap 15,3-4). Mas a "fração do pão"toma o lugar central (Ac 20,7 Ac 20,11 1Co 10,16 1Co 11,20 1Co 11,25).

Além da "fração do pão"ou eucaristia, aparece o batismo por imersão, proclamação da Ressurreição (Ep 2,15 Ep 5,26 Tt 3,5-7 Rm 6,3-8 Rm 8,11 1Co 12,13). Ligado com a Ressurreição, está o rito da remissão dos pecados (Mt 18,18 Jn 20,22-23 Lc 24,47 Jc 5,16).

Era também freqüente o gesto sagrado da imposição das mãos (1Tm 4,14 Mt 19,15 2Tm 1,6 Ac 6,6 Ac 8,17s; Ac 13,3). Ver "Sábado".


909 Nome de um dos filhos de Jacó, nascido de Bala, escrava de Raquel (Gn 30,3-6), antepassado da tribo dos danitas. A tribo ocupava inicialmente a região entre Saraá e Estaol (Jos 19,40-48 Jg 1,34 Jg 13,2) a 25 km a oeste de Jerusalém. Mas teve de emigrar para o norte, perto das cabeceiras do rio Jordão (Jg 18). O santuário popular da tribo (18,31) acabou se tornando um santuário nacional, quando Jeroboão mandou instalar ali uma estátua idolátrica do bezerro de ouro (1R 12,28).

DAMASCO

908 Capital da Síria, destruída em 732 aC (2R 16,9). Desde Davi, ao longo do período monárquico, esteve freqüentemente relacionada com Israel, sobretudo no tempo dos profetas Elias, Eliseu (1R 20 1R 22 2R 6-8) e Isaías (Is 7,1-9 Is 17,1-3). Desde a época persa vivia ali uma numerosa população judaica. Damasco foi o palco da conversão de Paulo (Ac 9,1-27 2Co 11,32s; Ga 1,17).

DECÁLOGO

949 Nome dado às "dez palavras sagradas"escritas por ordem de Deus (Ex 34,28) em duas tábuas de pedra. Elas continham as obrigações básicas da aliança, de caráter sobretudo moral (Ex 20,1-17 Dt 5,6-21).


DECÁPOLE

950 Território das dez cidades da Transjordânia de população quase exclusivamente pagã, anexadas por Janeu ao reino israelita, mas desde 63 aC tornadas independentes da província romana da Síria: Damasco, Filadélfia, Ráfana, Citópolis, Gádara, Hipos, Dion, Péla, Gérasa e Cânata. Durante a vida pública, Jesus várias vezes atravessou o território da Decápole (Mc 5,20 Mc 7,31).

DEMÔNIO

3156 Ao lado dos anjos bons, o judaísmo reconhece a existência de espíritos maus, ou anjos maus, que causam mal aos homens. Têm vários nomes, como o "Tentador" (Mt 4,3), o "Diabo" (Mt 4,1 Mt 13,39 Jn 6,70 Ac 10,38 2Tm 2,26 Ap 2,10). Eles estão subordinados a Satanás, o grande adversário de Deus (Mt 25,41 2Co 12,7 Ep 2,2 Ap 12,7).

Jesus expulsa muitos demônios ou "espíritos impuros", ainda que talvez se trate de doenças, então popularmente atribuídas aos demônios (Mt 9,34 Mt 10,8 Mt 11,18 Mt 12,24).

Os demônios são uma ameaça à vida religiosa dos fiéis (1P 5,8s; 1Jn 4,1 1Tm 4,1). Mas o cristão, pela sua fé em Cristo, já venceu o diabo e os seus anjos (Ep 4,27 Ep 6,11-18 Jc 4,7 Jud 1,6).

O NT, portanto, concebe o mundo dominado por forças maléficas (demônios), cujo chefe é Satanás e que Cristo veio vencer. Frente ao Reino de Cristo e os seus santos está o Reino de Satanás e dos seus sequazes. Ver "Satã".

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Dicionário Bíblico 387