Diretório 2013 40


40 A vida comum é imagem daquela apostólica vivendi forma de Jesus com seus discípulos. Com o dom do sagrado celibato pelo Reino dos Céus, o Senhor nos tornou membros de sua família de um modo especial. Numa sociedade marcada fortemente pelo individualismo, o sacerdote precisa de um relacionamento pessoal mais profundo e de um espaço vital caracterizado pela amizade fraterna, em que possa viver como cristão e sacerdote: «momentos de oração e estudo em comum, de partilha das exigências da vida e trabalho sacerdotal são uma parte necessária da vossa vida»[164].

Assim, nesta atmosfera de auxílio recíproco, o sacerdote encontra o terreno adequado para perseverar na vocação de serviço à Igreja: «na companhia de Jesus e dos irmãos, cada sacerdote pode encontrar as energias necessárias para poder ocupar-se dos homens, para responder às necessidades espirituais e materiais que encontra, para ensinar com palavras sempre novas, ditadas pelo amor, as verdades eternas da fé, das quais também os nossos contemporâneos têm sede»[165].

Na oração sacerdotal da última Ceia, Jesus orou pela unidade dos seus discípulos: «Como tu, Pai, estás em mim e eu em ti, para que também eles estejam em nós» (
Jn 17,21). Cada comunhão na Igreja «deriva da unidade do Pai, do Filho e do Espírito Santo»[166]. Os sacerdotes estejam convencidos de que a sua comunhão fraterna, especialmente na vida comum, constitui um testemunho, segundo aquilo que o Senhor Jesus encareceu na sua oração ao Pai: que os discípulos sejam um, para que o mundo «creia que tu me enviaste» (Jn 17,21) e saiba «que os amaste, como amaste a mim» (Jn 17,23). «Jesus pede que a comunidade sacerdotal seja reflexo e participação da comunhão trinitária: que sublime ideal»[167].

[164]   Bento XVI, Homilia por ocasião da celebração das Vésperas (Fátima, 12 de maio de 2010): Insegnamenti VI/1 (2010), 685-688.
[165]   Bento XVI, Audiência privada aos sacerdotes da Fraternidade São Carlos por ocasião do XXI de fundação (12 de fevereiro de 2011): “L’Osservatore Romano”, 13 de fevereiro de 2011, 8.
[166]   S. Cipriano, De Oratione Domini, 23: PL 4, 553; cf. Conc. Ecum. Vat. II, Const. dogm. Lumen gentium, 4.
[167]   João Paulo II, Audiência geral (4 de agosto de 1993), 4: Insegnamenti XVI/2, 139-140.


Comunhão com os fiéis leigos

41 Homem de comunhão, o sacerdote não pode exprimir o seu amor ao Senhor e à Igreja sem traduzi-lo em amor real e incondicionado ao Povo cristão, objeto do seu trabalho pastoral[168].

Como Cristo, o presbítero deve tornar-se «quase a sua transparência no meio do rebanho» que lhe foi confiado[169], colocando-se em relação positiva com os fiéis leigos. Reconhecendo a sua dignidade de filhos de Deus, promove o seu papel na Igreja, e coloca ao seu serviço todo o seu ministério sacerdotal e a sua caridade pastoral[170].

Esta atitude de amor e de caridade está bem distante da assim chamada “laicização dos presbíteros”, que, ao contrário, leva a diluir nos sacerdotes aquilo que constitui sua própria identidade: os fiéis pedem aos seus pastores para mostrarem-se como tais, seja no aspecto exterior como na dimensão interior, a todo o momento, lugar e circunstância. A visita anual e a bênção pascal das famílias é uma preciosa ocasião para a missão evangelizadora do pastor das almas.

Uma peculiar manifestação desta dimensão na edificação da comunidade cristã consiste em superar qualquer atitude particularista; com efeito, os presbíteros não devem colocar-se ao serviço de uma ideologia particular, pois isto tiraria eficácia do seu ministério. O relacionamento do presbítero com os fiéis deve ser sempre essencialmente sacerdotal.

Mediante a consciência da profunda comunhão que o liga aos fiéis leigos e aos religiosos, o sacerdote fará todo o esforço para «suscitar e desenvolver a corresponsabilidade na comunhão e única missão de salvação, com a pronta e cordial valorização de todos os carismas e tarefas que o Espírito concede aos crentes para a edificação da Igreja»[171].

Mais concretamente, o pároco, procurando sempre o bem comum na Igreja, apoiará as associações de fiéis e os movimentos ou as novas comunidades que têm finalidades religiosas[172], acolhendo-os a todos, e ajudando-os a encontrar entre elas a unidade de intenções na oração e na ação apostólica.

Uma das tarefas que exigem mais atenção é a formação dos leigos. O presbítero não se pode contentar em que os fiéis tenham um conhecimento superficial da fé, mas deve procurar oferecer-lhes uma formação sólida, perseverando em seu esforço mediante aulas de teologia, cursos sobre a doutrina cristã, especialmente com o estudo do Catecismo da Igreja Católica e do seu Compêndio. Esta formação ajudará os leigos a desenvolverem plenamente o próprio papel de animação cristã da ordem temporal (política, cultural, econômica e social)[173]. Além disso, em certos casos, podem-se confiar aos leigos, que tenham uma suficiente formação e o desejo sincero de servir a Igreja, algumas tarefas – de acordo com as leis da Igreja – que não pertencem exclusivamente ao ministério sacerdotal e que estes podem desenvolver com base na sua experiência profissional pessoal. Deste modo, o sacerdote estará mais livre para cuidar ainda mais de seus deveres primordiais, como a pregação, a celebração dos Sacramentos e a direção espiritual. Neste sentido, uma das tarefas importantes dos párocos é descobrir, entre os fiéis, pessoas com a capacidade, as virtudes e uma vida cristã coerente – por exemplo, no que diz respeito ao matrimônio –, que possam ajudar eficazmente nas diversas atividades pastorais: preparação das crianças para a primeira comunhão e a primeira confissão, ou dos jovens para a crisma, a pastoral familiar, a catequese para aqueles que estão para casar-se, etc. Efetivamente, a preocupação pela formação destas pessoas – que são modelos para tantas outras – e o fato de ajudá-las em seu caminho de fé deverá ser uma das inquietudes principais dos presbíteros. 

Enquanto reúne a família de Deus e realiza a Igreja-comunhão, o presbítero torna-se o pontífice, aquele que une o homem a Deus, tornando-se irmão dos homens pelo fato mesmo de querer ser seu pastor, pai e mestre[174]. Para o homem de hoje, que procura o sentido da sua existência, ele é guia que leva ao encontro com Cristo, encontro que, embora de maneira não definitiva, se realiza, como anúncio e como realidade já presente na sua Igreja. Deste modo, o presbítero, colocado ao serviço do Povo de Deus, deve apresentar-se como perito em humanidade, homem de verdade e de comunhão, testemunha da solicitude do Único Pastor por todas e cada uma das suas ovelhas. A comunidade deve poder seguramente contar com a sua disponibilidade, o seu trabalho de evangelização e, sobretudo, com o seu amor fiel e incondicionado. Manifestação deste amor será principalmente a sua dedicação à pregação, à celebração dos sacramentos, em particular da Eucaristia e do sacramento da penitência, à direção espiritual como meio para ajudar no discernimento dos sinais da vontade de Deus[175]. Portanto, ele deve exercer a sua missão espiritual com amabilidade e firmeza, com humildade e espírito de serviço[176], dobrando-se à compaixão, participando nos sofrimentos humanos que derivam das várias formas de pobreza, espiritual e material, velhas e novas. Que use de misericórdia em relação ao caminho difícil e incerto de conversão dos pecadores, para os quais terá sempre disponível o dom da verdade, e a paciente e encorajante benevolência do Bom Pastor, que não censura a ovelha perdida, mas carrega-a aos ombros e faz uma festa pelo seu regresso ao rebanho (cf. Lc
Lc 15,4-7)[177].

Trata-se de afirmar a caridade de Cristo como origem e perfeita realização do homem novo (cf. Ef Ep 2,15), ou seja, daquilo que o homem é em sua verdade completa. Esta caridade se traduz na vida do presbítero em uma autêntica paixão que configura expressamente o seu ministério em função da geração do povo cristão. 

[168]   Cf. João Paulo II, Audiência geral (7 de julho de 1993): Insegnamenti XVI/2, 34-44; Conc. Ecum. Vat. II, Decr. Presbyterorum Ordinis, PO 15.
[169]   João Paulo II, Exort. ap. pós-sinodal Pastores dabo vobis, PDV 15.
[170]   Cf. Conc. Ecum Vat. II, Decr. Presbyterorum Ordinis, PO 9; C.I.C., cann. CIC 275, § 2; CIC 529, § 2.
[171]   João Paulo II, Exort. ap. pós-sinodal Pastores dabo vobis., PDV 74.
[172]   Cf. C.I.C., can. CIC 529, § 2.
[173]   Cf. Conc. Ecum. Vat. II, Const. dogm. Lumen gentium, LG 31.
[174]   Cf. João Paulo II, Exort. ap. pós-sinodale Pastores dabo vobis, PDV 74; Paulo VI, Carta enc. Ecclesiam suam (6 de agosto de 1964), III: AAS 56 (1964), 647.
[175]   Cf. Congregação para o Clero, O sacerdote ministro da Misericórdia Divina. Subsídio para Confessores e Diretores Espirituais (9 de março de 2011): opúsculo, LEV, Città del Vaticano 2011.
[176]   Cf. João Paulo II, Audiência geral (7 de julho de 1993): l.c., 34-44.
[177]   Cf. C.I.C., can. CIC 529, § 1.


Comunhão com os membros dos Institutos de vida consagrada

42 Reservará uma particular atenção às relações com os irmãos e as irmãs empenhados na vida de consagração especial a Deus em todas as suas formas, mostrando-lhes um apreço sincero e um real espírito de colaboração apostólica, respeitando e promovendo os carismas específicos. Além disso, colaborará para que a vida consagrada apareça cada vez mais luminosa para vantagem da Igreja inteira e cada vez mais persuasiva e atraente para as gerações jovens.

Neste espírito de estima pela vida consagrada, o sacerdote terá particular cuidado com aquelas comunidades que, por diversos motivos, mais precisarem da sã doutrina, da assistência e do encorajamento na fidelidade e na busca pelas vocações.



Pastoral vocacional

43 Todo o sacerdote deve se ocupar com especial dedicação da pastoral vocacional, não deixando de incentivar a oração pelas vocações, de prodigar-se na catequese, de cuidar da formação dos acólitos, de apoiar iniciativas apropriadas mediante a relação pessoal que faça descobrir os talentos e saiba descobrir a vontade de Deus em ordem a uma escolha corajosa na sequela de Cristo[178]. Neste trabalho, têm uma fundamental importância as famílias que se constituem como igrejas domésticas, nas quais os jovens aprendem desde crianças a rezar, crescer nas virtudes e ser generosos. Os presbíteros devem encorajar os esposos cristãos a configurar o próprio lar como uma verdadeira escola de vida cristã, a rezar junto com os filhos, a pedir a Deus que chame alguém para segui-lo mais estreitamente com o coração indiviso (cf. 1Cor 1Co 7,32-34), a estar sempre alegres diante das vocações que possam surgir na própria família.

Esta pastoral deve estar fundamentada primeiramente sobre a grandeza do chamado – escolha divina em favor dos homens. Em primeiro lugar, convém apresentar aos jovens o precioso e belíssimo dom que consiste em seguir Cristo. Por isso, o ministro ordenado está revestido do importante papel de dar exemplo por sua fé e por sua vida: a consciência clara da própria identidade, a coerência de vida, a alegria transparente e o ardor missionário constituem outros tantos elementos imprescindíveis daquela pastoral das vocações que deve integrar-se na pastoral orgânica e ordinária. Portanto, a manifestação alegre de sua adesão ao mistério de Jesus e a sua atitude de oração, o cuidado e a devoção com a qual celebra a Santa Missa e os sacramentos, irradiam aquele exemplo que fascina os jovens.

Além disso, a longa experiência da vida da Igreja sempre ressaltou a necessidade de cuidar com paciência e constância, sem desencorajar-se, da formação dos jovens desde a infância. Deste modo, estes terão aquelas necessárias recursos espirituais para responder a uma eventual chamada de Deus. Por isso, é indispensável – e deveria fazer parte de qualquer pastoral vocacional – fomentar neles a vida de oração e intimidade com Deus, o recurso aos sacramentos, especialmente à Eucaristia e à confissão, à direção espiritual como ajuda para progredir na vida interior. Os sacerdotes, assim, suscitarão de modo adequado e generoso a proposta vocacional aos jovens que pareçam bem dispostos. Este empenho, embora deva ser constante, deveria ser intensificado especialmente em algumas circunstâncias, como, por exemplo, por ocasião dos exercícios espirituais ou da preparação dos crismandos, ou da atenção aos jovens que servem o altar.

Com o seminário, berço da sua vocação e palco da primeira experiência de vida de comunhão, o sacerdote manterá sempre relações de colaboração cordial e de afeto sincero.

É «exigência insuprimível da caridade pastoral»[179], do amor ao próprio sacerdócio, que – secundando a graça do Espírito Santo – cada presbítero se preocupe de suscitar ao menos uma vocação sacerdotal que lhe possa continuar o ministério a serviço do Senhor e em favor dos homens.

[178]   Cf. Conc. Ecum Vat. II, Decr. Presbyterorum Ordinis, PO 11; C.I.C., can. CIC 233, § 1.
[179]   João Paulo II, Exort. ap. pós-sinodal Pastores dabo vobis, PDV 74.


Empenho político e social

44 O sacerdote, servidor da Igreja que em virtude da sua universalidade e catolicidade não pode ligar-se a nenhuma contingência histórica, estará acima de qualquer parte política. Ele não pode tomar parte ativa em partidos políticos ou na condução de associações sindicais, a menos que, na opinião da autoridade eclesiástica competente, o exijam a defesa dos direitos da Igreja e a promoção do bem comum[180]. Com efeito, embora estas coisas sejam boas em si mesmas, são, todavia, alheias ao estado clerical, enquanto podem constituir um perigo grave de rotura da comunidade eclesial[181].

Como Jesus (cf.
Jn 6,15 ss), o presbítero «deve renunciar a empenhar-se em formas de política ativa, especialmente quando ela é partidária, como quase sempre inevitavelmente acontece, para permanecer o homem de todos num plano de fraternidade espiritual»[182]. Por isso, todo o fiel deve sempre poder abeirar-se do sacerdote sem se sentir excluído por nenhum motivo.

O presbítero recordará que «não compete aos Pastores da Igreja intervir diretamente na ação política e na organização social. Esta tarefa faz parte, com efeito, da vocação dos fiéis leigos, os quais por iniciativa própria trabalham juntamente com os seus concidadãos»[183]. Ele não deixará de dedicar-se, seguindo os critérios do Magistério, «ao esforço de formar retamente a sua consciência»[184]. Portanto, o sacerdote tem uma particular responsabilidade de explicar, promover e, se necessário, defender – sempre seguindo as orientações do direito e do Magistério da Igreja – as verdades religiosas e morais, também diante da opinião pública e, mesmo até, caso possua a necessária preparação específica, no amplo campo dos mass media. Em uma cultura sempre mais secularizada, na qual a religião é frequentemente transcurada e considerada como irrelevante ou ilegítima no debate social, ou mesmo totalmente confinada apenas à intimidade das consciências, o sacerdote é chamado a sustentar o significado público e comunitário da fé cristã, transmitindo-a de modo claro e convincente, em todas as ocasiões, oportuna ou inoportunamente (cf. 2Tm 2Tm 4,2), e levando em consideração o patrimônio de ensinamentos que constitui a Doutrina Social da Igreja. O Compêndio de doutrina social da Igreja é um instrumento eficaz que poderá ajudá-lo a apresentar este ensinamento social e mostrar a sua riqueza no contexto cultural hodierno.

A redução da sua missão a tarefas temporais, puramente sociais ou políticas ou de qualquer modo alheias à sua identidade, não é uma conquista, mas uma perda gravíssima para a fecundidade evangélica da Igreja inteira.

[180]   Cf. C.I.C., can. CIC 287, § 2; Sagrada Congregação para o Clero, Decr. Quidam Episcopi (8 de março de 1982), AAS 74 (1982), 642-645.
[181]   Cf. Congregação para a Evangelização dos Povos, Guia pastoral para os sacerdotes diocesanos das Igrejas dependentes da Congregação para a Evangelização dos Povos, 9: l.c., 1604-1607; Sagrada Congregação para o Clero, Decr. Quidam Episcopi (8 de março de 1982), l.c., 642-645.
[182]   João Paulo II, Audiência geral (28 de julho de 1993), 3: Insegnamenti XVI/2, 109-110; cf. Conc. Ecum. Vat. II, Const. past. Gaudium et spes, GS 43; Sínodo dos Bispos, Documento sobre o sacerdócio ministerial Ultimis temporibus (30 de novembro de 1971), II, I, 2: l.c., 912-913; C.I.C., cann. CIC 285, § 3; CIC 287, § 1.
[183]   Catecismo da Igreja Católica, CEC 2442; C.I.C., can. CIC 227.
[184]   Sínodo dos Bispos, Documento sobre o sacerdócio ministerial Ultimis temporibus (30 de novembro de 1971), II, I, 2: l.c., 913.





II. ESPIRITUALIDADE SACERDOTAL

A espiritualidade do sacerdote consiste principalmente na profunda relação de amizade com Cristo, porque ele é chamando a «ir até Ele» (cf. Mc 3,13). Neste sentido, na vida do sacerdote, Jesus terá sempre a primazia sobre tudo. Cada sacerdote age num contexto histórico particular, com os seus vários desafios e exigências. Exatamente por isto, a garantia de fecundidade do ministério radica numa profunda vida interior. Se o sacerdote não conta com o primado da graça, não poderá responder aos desafios dos tempos, e cada plano pastoral, por mais elaborado que possa ser, estaria destinado à falência.



2.1. Contexto histórico atual


Saber interpretar os sinais dos tempos

45 A vida e o ministério dos sacerdotes se desenvolvem sempre no contexto histórico, de vez em quando carregado de novos problemas e de recursos inéditos, em que a Igreja, peregrina neste mundo, vai vivendo.

O sacerdócio não nasce da história, mas da vontade imutável do Senhor. Todavia, ele vai-se confrontando com as circunstâncias históricas e – embora permanecendo sempre idêntico – configura-se, nas opções concretas, também por meio duma avaliação evangélica dos “sinais dos tempos”. Por isso, os presbíteros têm o dever de interpretar tais “sinais” à luz da fé e de submetê-los a um discernimento prudente. Em todo o caso não poderão ignorá-los, sobretudo se quiserem orientar dum modo eficaz e pertinente a própria vida, de modo que o seu serviço e o seu testemunho sejam cada vez mais fecundos para o reino de Deus. Na atual fase da vida da Igreja, em um contexto social assinalado por um forte secularismo, depois de ser reproposta a todos uma “medida alta” da vida cristã, a santidade[185], os presbíteros são chamados a viver em profundidade o seu ministério como testemunhas de esperança e transcendência, tendo em conta as cada vez mais profundas, numerosas e delicadas exigências de ordem não só pastoral, mas também social e cultural, às quais devem fazer frente[186].

Portanto, eles estão hoje empenhados nos diversos campos de apostolado que requerem generosidade e dedicação completa, preparação intelectual e, sobretudo, uma vida espiritual amadurecida e profunda, enraizada na caridade pastoral, que é a sua via específica para a santidade e que constitui também um autêntico serviço aos fiéis no ministério pastoral. Deste modo, se forem esforçados em viver plenamente a própria vocação – permanecendo unidos a Cristo e deixando-se compenetrar pelo Seu Espírito –, não obstante seus próprios limites, poderão realizar seu ministério, ajudados pela graça, na qual colocarão a sua confiança. É a ela que devem recorrer, «conscientes de que, assim, se pode tender à perfeição, com a esperança de progredir sempre mais na santidade»[187].

[185]   Cf. João Paulo II, Carta ap. Novo millennio ineunte (6 de janeiro de 2001): AAS 93 (2001), 266-309; Bento XVI, Audiência geral (13 de abril de 2011): “L’Osservatore Romano”, 14 de abril de 2011, 8.
[186]   Cf. João Paulo II, Exort. ap. pós-sinodal Pastores dabo vobis,
PDV 5.
[187]   João Paulo II, Audiência geral (26 de maio de 1993): Insegnamenti XVI/1 (1993), 1328-1340.


A exigência da conversão para a evangelização

46 Daqui se conclui que o sacerdote está envolvido, de maneira muito especial, no empenho da Igreja inteira na nova evangelização. Partindo da fé em Jesus Cristo, Redentor do homem, tem a certeza de que n’Ele existe uma «imperscrutável riqueza» (Ep 3,8) que nenhuma cultura, nenhuma época pode exaurir e da qual os homens sempre podem beber para se enriquecerem[188].

É esta, portanto, a hora duma renovação da nossa fé em Jesus Cristo, que é o mesmo «ontem, hoje e sempre» (He 13,8). Por conseguinte, «a chamada à nova evangelização é, antes de mais nada, uma chamada à conversão»[189]. Ao mesmo tempo, é uma chamada à esperança, «que se apoia nas promessas de Deus, na fidelidade à sua Palavra, e que tem como certeza inabalável a ressurreição de Cristo, a sua vitória definitiva sobre o pecado e sobre a morte, primeiro anúncio e raiz de toda a evangelização, fundamento de toda a promoção humana, princípio de toda a autêntica cultura cristã»[190].

Em tal contexto, o sacerdote deve, antes de qualquer coisa, reavivar a sua fé, a sua esperança e o seu amor sincero ao Senhor, de maneira a podê-lo apresentar à contemplação dos fiéis e de todos os homens como verdadeiramente é: uma Pessoa viva, fascinante, que nos ama mais do que ninguém, porque deu a Sua vida por nós; «não há maior amor do que dar a vida pelos seus amigos» (Jn 15,13).

Ao mesmo tempo, o sacerdote deveria agir movido por um espírito acolhedor e alegre, fruto de sua união com Deus pela oração e pelo sacrifício, que é um elemento essencial da sua missão evangelizadora de fazer-se tudo para todos (cf. 1Cor 1Co 9,19-23), para ganhá-los para Cristo. Ao mesmo tempo, consciente da misericórdia imerecida de Deus na própria vida e na vida dos seus irmãos, deve cultivar a virtude da humildade e da misericórdia para com todo o povo de Deus, especialmente em relação àquelas pessoas que se sentem alheias à Igreja. O sacerdote, consciente de que toda a pessoa, de diferentes modos, vive à procura dum amor capaz de levá-la para além dos estreitos limites da sua fraqueza, do seu egoísmo e, sobretudo, da sua morte, proclamará que Jesus Cristo é a resposta a todas estas ânsias.

Na nova evangelização, o sacerdote é chamado a ser o arauto da esperança[191], que se deriva também da consciência de que ele mesmo, antes de tudo, foi tocado pelo Senhor: ele vive em si a alegria da salvação que Jesus lhe ofereceu. Trata-se de uma esperança não apenas intelectual, mas também do coração, porque o presbítero foi tocado pelo amor de Cristo: «não fostes vós que me escolhestes, mas fui eu que vos escolhi» (Jn 15,16).

[188]   Cf. João Paulo II, Discurso inaugural da IV Conferência Geral do Episcopado Latino-americano (Santo Domingo, 12-28 de outubro de 1992), 24: AAS 85 (1993), 826.
[189]   Ibid., 1.
[190]   Ibid., 25.
[191]   Cf. ibid.


O desafio das seitas e dos novos cultos

47 O proliferar das seitas e dos novos cultos, bem como a sua difusão mesmo entre os fiéis católicos, constitui um particular desafio ao ministério pastoral. Na base dum tal fenômeno existem motivações complexas. Em todo o caso, o ministério dos presbíteros deve responder com prontidão e dum modo incisivo à procura do sagrado e, de modo particular, da autêntica espiritualidade emergente hoje. Consequentemente, é necessário que o sacerdote seja homem de Deus e mestre na oração. Ao mesmo tempo, impõe-se a necessidade de fazer com que a comunidade confiada aos seus cuidados pastorais seja realmente acolhedora, de maneira que ninguém que a ela pertença se sinta anônimo ou objeto de indiferença. Trata-se de uma responsabilidade que recai certamente sobre cada fiel, mas, de maneira muito particular sobre o presbítero, que é o homem da comunhão. Se ele souber acolher com estima e respeito todo aquele que o contatar apreciando sua personalidade, então criará um estilo de autêntica caridade que se tornará contagioso e se estenderá gradualmente a toda a comunidade.

Para vencer o desafio das seitas e dos novos cultos, é particularmente importante – além do desejo pela salvação eterna dos fiéis, que bate no coração de cada sacerdote – uma catequese amadurecida e completa, a qual requer, hoje, um esforço especial por parte do ministro de Deus, a fim de que todos os seus fiéis conheçam realmente o significado da vocação cristã e da fé católica. Neste sentido, «a medida mais simples, óbvia e urgente a ser tomada, que também poderia se mostrar como a mais eficaz, consiste em extrair o melhor das riquezas do patrimônio espiritual cristão»[192].

De modo particular, os fiéis devem ser educados a conhecer bem a relação existente entre a sua vocação específica em Cristo e a pertença à Igreja, que devem aprender a amar filial e tenazmente. Tudo isto se realizará se o sacerdote, na sua vida e no seu ministério, evitar tudo o que poderia provocar tibieza, frieza ou aceitação parcial da doutrina e das normas da Igreja. Sem dúvida, para aqueles que procuram respostas entre as múltiplas propostas religiosas, «o fascínio do cristianismo se fará sentir antes de tudo no testemunho dos membros da Igreja, na sua fidelidade, calma, paciência e afeto, e no seu concreto amor ao próximo, todos frutos de sua fé, nutridos pela autêntica oração pessoal»[193].

[192]   Pontifício Conselho para o Diálogo Inter-religioso, Documento Jesus Cristo, portador da água viva. Uma reflexão cristã sobre a “New Age”, § 6.2 (3 de fevereiro de 2003): EV 22, 54-137.
[193]   Ibid.


Luzes e sombras da atividade ministerial

48 É um motivo de grande conforto sublinhar que hoje os presbíteros de todas as idades e na sua maioria desenvolvem com alegre empenho, muitas vezes fruto de silencioso heroísmo, o sagrado ministério, trabalhando até ao limite das próprias forças, sem ver, por vezes, os frutos do seu trabalho.

Por este seu empenho, eles constituem atualmente um anúncio vivo daquela graça divina que, conferida no momento da ordenação, continua a dar força renovada para o trabalho ministerial.

Junto com estas luzes, que iluminam a vida do sacerdote, não faltam sombras que tendem a enfraquecer a beleza e a tornar menos eficaz o exercício do ministério: «no mundo de hoje, sendo tantos os deveres a cumprir e tão grande a diversidade de problemas em que se angustiam os homens, frequentíssimamente com urgência de solução, correm os mesmos homens o perigo de se dispersarem por muitas coisas. Também os presbíteros, implicados e dispersos por muitíssimas obrigações do seu ministério, podem perguntar, não sem ansiedade, como lhes será possível harmonizar a sua vida interior com a sua ação exterior»[194].

O ministério pastoral é uma empresa fascinante, mas árdua, sempre exposta à incompreensão e à marginalização e, sobretudo, hoje, ao cansaço, à desconfiança, ao isolamento e, por vezes, à solidão.

Para vencer os desafios que a mentalidade secularista continuamente lhe coloca, o sacerdote terá o cuidado de reservar o primado absoluto à vida espiritual, ao estar sempre com Cristo e ao viver com generosidade a caridade pastoral, intensificando a comunhão com todos, em primeiro lugar, com os outros presbíteros. Como recordava Bento XVI aos sacerdotes, «a relação com Cristo, o diálogo pessoal com Cristo é uma prioridade pastoral fundamental, é condição para o nosso trabalho para os outros! E a oração não é algo marginal: a “profissão” do sacerdote é precisamente rezar, também como representante do povo que não sabe rezar ou não encontra tempo para fazê-lo»[195].

[194]   Conc. Ecum. Vat. II, Decr. Presbyterorum Ordinis,
PO 14.
[195]   Bento XVI, Vigília por ocasião da conclusão do Ano Sacerdotal (10 de junho de 2010): l.c., 397-406.


2.2. Estar com Cristo na oração


Primado da vida espiritual

49 O sacerdote foi, por assim dizer, concebido na longa oração durante a qual o Senhor Jesus pediu ao Pai pelos seus apóstolos e, por todos aqueles que no decurso dos séculos iriam participar da sua missão (cf. Lc 6,12 Jn 17,15-20)[196]. A mesma oração de Jesus no Getsemani (cf. Mt Mt 26,36-44), toda orientada para o sacrifício sacerdotal do Gólgota, manifesta dum modo paradigmático «como o nosso sacerdócio deva ser profundamente vinculado à oração: enraizado na oração»[197].

Nascidos destas orações e chamados a renovar de modo sacramental e incruento um Sacrifício que é inseparável delas, os presbíteros manterão vivo o seu ministério mediante uma vida espiritual, à qual darão absoluta preeminência, evitando esquecê-la por causa das diversas atividades.

Precisamente para poder realizar frutuosamente o ministério pastoral, o sacerdote tem necessidade de entrar numa particular e profunda sintonia com Cristo bom Pastor, o qual permanece sempre o único protagonista principal de toda a ação pastoral: «[Cristo] permanece sempre o princípio e a fonte de unidade da vida dos presbíteros. Eles alcançarão a unidade da sua vida, unindo-se a Cristo no conhecimento da vontade do Pai e no dom de si mesmos pelo rebanho que lhes foi confiado. Assim, fazendo as vezes do Bom Pastor, encontrarão no próprio exercício da caridade pastoral o vínculo da perfeição sacerdotal, que conduz à unidade de vida e ação»[198].

[196]   Cf. Bento XVI, Homilia na Santa Missa Crismal (9 de abril de 2009): Insegnamenti V/1 (2009), 578-583.
[197]   João Paulo II, Carta aos sacerdotes por ocasião da Quinta-feira Santa (13 de abril de 1987): AAS 79 (1987), 1285-1295.
[198]   Conc. Ecum. Vat. II, Decr. Presbyterorum Ordinis, PO 14.


Meios para a vida espiritual

50 Com efeito, entre as graves contradições da cultura relativista, se evidencia uma autêntica desintegração da personalidade, causada pelo obscurecimento da verdade sobre o homem. O risco do dualismo na vida sacerdotal está sempre à espreita.

Tal vida espiritual deve ser encarnada na existência de cada presbítero mediante a liturgia, a oração pessoal, o estilo de vida e a prática das virtudes cristãs que contribuem para a fecundidade da ação ministerial. A própria conformação a Cristo exige que o sacerdote cultive um clima de amizade e de encontro pessoal com o Senhor Jesus, fazendo experiência de um encontro pessoal com Ele, e de colocar-se a serviço da Igreja, seu Corpo, à qual o sacerdote demonstrará amar pelo cumprimento fiel e incansável dos deveres próprios do seu ministério pastoral[199].

É necessário, portanto, que na vida de oração não falte nunca a celebração eucarística cotidiana[200], com adequada preparação e sucessiva ação de graças; a confissão frequente[201] e a direção espiritual já praticada no seminário[202] e frequentemente antes; a celebração íntegra e fervorosa da liturgia das horas[203], à qual está quotidianamente obrigado[204]; o exame de consciência[205]; a oração mental propriamente dita[206]; a lectio divina[207],  os momentos prolongados de silêncio e de colóquio, sobretudo nos Exercícios e retiros Espirituais periódicos[208]; as preciosas expressões da devoção mariana, como o Rosário[209];  a Via Sacra e os outros pios exercícios[210];  a frutuosa leitura hagiográfica[211]; etc. Sem dúvida, o bom uso do tempo, por amor a Deus e à Igreja, permitirá ao sacerdote manter mais facilmente uma sólida vida de oração. De fato, aconselha-se que o presbítero, com o auxílio do seu diretor espiritual, procure ater-se com constância a este plano de vida, que lhe permite crescer interiormente num contexto em que as múltiplas exigências da vida poderiam induzi-lo, muitas vezes, ao ativismo e a descuidar a dimensão espiritual.

Cada ano, como sinal do constante desejo de fidelidade, durante a Santa Missa crismal da Quinta-Feira Santa, os presbíteros renovem perante o Bispo e juntamente com ele as promessas feitas no momento da ordenação[212].

O cuidado da vida espiritual, que afasta o inimigo da tibieza, deve ser considerado pelo sacerdote como um dever que infunde alegria e ainda como um direito dos fiéis, que procuram nele, consciente ou inconscientemente, o homem de Deus, o conselheiro, o mediador de paz, o amigo fiel e prudente, o guia seguro em quem as pessoas confiam nos momentos duros da vida para encontrar conforto e segurança[213].

Em seu Magistério, Bento XVI apresenta um texto altamente significativo sobre a luta contra a tibieza espiritual que devem travar também aqueles que estão mais próximos ao Senhor, em razão do seu ministério: «Ninguém está tão próximo do seu senhor como o servo que tem acesso à dimensão mais privada da sua vida. Neste sentido, “servir” significa proximidade, exige familiaridade. Esta familiaridade inclui também um perigo: o de que o sagrado por nós continuamente encontrado se torne para nós um hábito. Desaparece assim o temor reverencial. Condicionados por todos os costumes, não deixamos de compreender o fato grande, novo, surpreendente, que Ele mesmo está presente, nos fala, se doe a nós. Contra este acostumar-se à realidade extraordinária, contra a indiferença do coração, devemos lutar sem tréguas, reconhecendo sempre de novo a nossa insuficiência e a graça que existe no fato de que Ele se entregue assim nas nossas mãos»[214].

[199]   Cf. C.I.C., can.
CIC 276, § 2, 1°.
[200]   Cf. Conc. Ecum. Vat. II, Decr. Presbyterorum Ordinis, PO 5 PO 18; João Paulo II, Exort. ap. pós-sinodal Pastores dabo vobis, PDV 23 PDV 26 PDV 38 PDV 46 PDV 48; C.I.C., cann. CIC 246, § 1; CIC 276, § 2, 2°.
[201]   Cf. Conc. Ecum. Vat. II, Decr. Presbyterorum Ordinis, PO 5 PO 18; C.I.C., cann. CIC 246, § 4; CIC 276, § 2, 5°; João Paulo II, Exort. ap. pós-sinodal Pastores dabo vobis, PDV 26 PDV 48.
[202]   Cf. Conc. Ecum. Vat. II, Decr. Presbyterorum Ordinis, PO 18; C.I.C., can. CIC 239; João Paulo II, Exort. ap. pós-sinodal Pastores dabo vobis, PDV 40 PDV 50 PDV 81.
[203]   Cf. Conc. Ecum. Vat. II, Decr. Presbyterorum Ordinis, PO 18; C.I.C., cann. CIC 246, § 2; CIC 276, § 2, 3°; João Paulo II, Exort. ap. pós-sinodal Pastores dabo vobis, PDV 26 PDV 72; Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos, Respostas Celebratio integra acerca de algumas questões acerca da obrigatoriedade da recitação da Liturgia das Horas (15 de novembro de 2000), em Notitiae 37 (2001), 190-194.
[204]   Cf. C.I.C. can., CIC 1174, § 1.
[205]   Conc. Ecum. Vat. II, Decr. Presbyterorum Ordinis, PO 18; João Paulo II, Exort. ap. pós-sinodal Pastores dabo vobis, PDV 26 PDV 37-38 PDV 47 PDV 51 PDV 53 PDV 72.
[206]   Cf. C.I.C., can. CIC 276, § 2, 5°.
[207]   Cf. Conc. Ecum. Vat. II, Decr. Presbyterorum Ordinis, PO 4 PO 13 PO 18; João Paulo II, Exort. ap. pós-sinodal Pastores dabo vobis, PDV 26 PDV 47 PDV 53 PDV 70 PDV 72.
[208]   Cf. Conc. Ecum. Vat. II, Decr. Presbyterorum Ordinis, PO 18; C.I.C., can. CIC 276, § 2, 4°; João Paulo II, Exort. ap. pós-sinodal Pastores dabo vobis, PDV 80.
[209]   Cf. Conc. Ecum. Vat. II, Decr. Presbyterorum Ordinis PO 18; C.I.C., cann. CIC 246, § 3; CIC 276, § 2, 5°. João Paulo II, Exort. ap. pós-sinodal Pastores dabo vobis, PDV 36 PDV 38 PDV 45 PDV 82.
[210]   Cf. Conc. Ecum. Vat. II, Decr. Presbyterorum Ordinis, PO 18; João Paulo II, Exort. ap. pós-sinodal Pastores dabo vobis, PDV 26 PDV 37-38 PDV 47 PDV 51 PDV 53 PDV 72.
[211]   Cf. Conc. Ecum. Vat. II, Decr. Presbyterorum Ordinis, PO 18.
[212]   Cf. João Paulo II, Carta aos sacerdotes por ocasião da Quinta-feira Santa de 1979 (8 de abril de 1979), 1: l.c., 394; Exort. ap. pós-sinodal Pastores dabo vobis, PDV 80.
[213]   Cf. Possidio, Vita Sancti Aurelii Augustini, 31: PL 32, 63-66.
[214]   Bento XVI, Homilia na Santa Missa Crismal (20 de março de 2008): Insegnamenti IV/1 (2008), 442-446.



Diretório 2013 40