Diretório 2013 73

Direção espiritual para si e para os outros

73 Paralelamente ao Sacramento da Reconciliação, o presbítero não deixará de exercer o ministério da direção espiritual[338]. A descoberta e a difusão desta prática, em momentos diversos da administração da Penitência, é um grande benefício para a Igreja no tempo presente[339]. A disponibilidade generosa e ativa os presbíteros para praticá-la constitui também uma ocasião importante para determinar e sustentar as vocações ao sacerdócio e às várias formas de vida consagrada.

Para contribuir para o melhoramento da sua espiritualidade, é necessário que os presbíteros recebam eles mesmos a direção espiritual, porque «com a ajuda do acompanhamento ou conselho espiritual [...] é mais fácil discernir a ação do Espírito Santo na vida de cada indivíduo»[340]. Colocando nas mãos dum sábio colega – instrumento do Espírito Santo – a formação da sua alma, a partir dos primeiros anos de ministério, crescerão na consciência da importância de não caminhar sozinhos pelos caminhos da vida espiritual e do empenho pastoral. Recorrendo a este meio eficaz de formação, tão experimentado na Igreja, os presbíteros terão plena liberdade na escolha da pessoa que lhes possa dirigir.

[338]   Cf. Bento XVI, Mensagem ao Cardeal James Francis Stafford, Penitenciário-Mor e aos participantes do XX Curso para o Foro Interno promovido pela Penitenciaria Apostólica (12 de março de 2009): l.c., 374-377; Congregação para o Clero, O sacerdote ministro da Misericórdia Divina. Subsídio para Confessores e Diretores espirituais (9 de março de 2011), 64-134: l.c., 28-53.
[339]   Cf. João Paulo II, Exort. ap. pós-sinodal Reconciliatio et paenitentia (2 de dezembro de 1984),
RP 32.
[340]   Congregação para o Clero, O sacerdote ministro da Misericórdia Divina. Subsídio para Confessores e Diretores espirituais (9 de março de 2011), 98: l.c., 39; cf. ibid. 110-111.


2.8. Liturgia das Horas

74 Um modo fundamental para que o sacerdote esteja diante do Senhor é a Liturgia das Horas: nela rezamos como homens necessitados do diálogo com Deus, dando a voz e colocando-nos no lugar de todos aqueles que não sabem, não querem ou não encontram tempo para rezar.

O Concílio Ecumênico Vaticano II recorda que os fiéis «que rezam assim, cumprem, por um lado, a obrigação própria da Igreja, e, por outro, participam na imensa honra da Esposa de Cristo, porque estão em nome da Igreja diante do trono de Deus, a louvar o Senhor»[341]. Esta oração é, «a voz da Esposa que fala com o Esposo ou, melhor, a oração que Cristo, unido ao seu Corpo, eleva ao Pai»[342]. Neste sentido, o sacerdote prolonga e atualiza a oração de Cristo Sacerdote.

[341]   Conc. Ecum. Vat. II, Const. Sacrosanctum Concilium,
SC 85.
[342]   Ibid., SC 84.


75 A obrigação cotidiana de recitar o Breviário (a Liturgia das Horas) é também um dos compromissos solenes assumidos na ordenação diaconal de modo público, que não pode ser omitido sem uma causa grave. É uma obrigação de amor, que deve ser cuidada em toda circunstância, inclusive nos tempos de férias. O sacerdote «têm a obrigação de rezar diariamente todas as Horas»[343], isto é, as Laudes e as Vésperas, bem como o Ofício de Leituras, ao menos uma das partes da Hora média, e as Completas.

[343]   Bento XVI, Exort. ap. pós-sinodal Verbum Domini (30 de setembro de 2010), 62; cf. Institutio Generalis Liturgiae Horarum, 29; C.I.C., cann.
CIC 276, §3; CIC 1174, §1.


76 Para que os sacerdotes aprofundem o significado da Liturgia das Horas, se «exige, não somente harmonizar a voz com o coração que ora, mas também procurar “adquirir maior instrução litúrgica e bíblica, especialmente quanto aos salmos”»[344]. Assim, é necessário interiorizar a Palavra divina, estar atentos ao que o Senhor “me” diz nesta Palavra, escutar o comentário dos Padres da Igreja ou também do Concílio Ecumênico Vaticano II, aprofundar na vida dos Santos e também no discurso dos Papas, na segunda Leitura do Ofício das Leituras, e rezar com esta grande invocação que são os Salmos, com os quais somos inseridos na oração da Igreja. «Na medida em que interiorizamos esta estrutura, compreendemos esta estrutura, assimilamos as palavras da Liturgia, podemos entrar nesta consonância interior e assim não só falar com Deus como pessoas individualmente, mas entrar no “nós” da Igreja que reza. Desta forma, transformamos também o nosso “eu” entrando no “nós” da Igreja, enriquecendo, alargando este “eu”, rezando com a Igreja, com as palavras da Igreja, estando realmente em diálogo com Deus»[345]. Mais do que recitar o Breviário, trata-se de favorecer uma atitude de escuta, de fazer também a «experiência do silêncio»[346]. De fato, a Palavra pode ser pronunciada e escutada apenas no silêncio. Mas, ao mesmo tempo, o sacerdote sabe que o nosso tempo não favorece o recolhimento. Tantas vezes, têm-se a impressão de que exista quase um medo de desprender-se, mesmo que por um momento, dos instrumentos de comunicação de massa[347]. Por isso, o sacerdote deve redescobrir o sentido do recolhimento e da quietude interior, «obter a plena ressonância da voz do Espírito Santo nos corações e unir mais estreitamente a oração pessoal à palavra de Deus e à oração oficial da Igreja»[348]; desta forma, deve sempre mais interiorizar a própria natureza de intercessor[349]. Com a Eucaristia, para a qual é “ordenado”, o sacerdote se torna intercessor qualificado para tratar com Deus com grande simplicidade de coração (simpliciter)as questões dos seus irmãos homens. O Papa João Paulo II o recordava em seu discurso pelo 30o aniversário da Presbyterorum Ordinis: «A identidade sacerdotal é uma questão de fidelidade a Cristo e ao povo de Deus, ao qual somos mandados. A consciência sacerdotal não se limita a algo de pessoal. É uma realidade continuamente examinada e sentida pelos homens, porque o sacerdote é “tomado” dentre os homens e estabelecido para intervir nas suas relações com Deus. [...] Assim como o sacerdote é um mediador entre Deus e os homens, muitas pessoas se dirigem a ele pedindo as suas orações. A oração, num certo sentido, “cria” o sacerdote, especialmente como pastor. Ao mesmo tempo, cada sacerdote “cria-se a si mesmo” graças à oração. Penso na maravilhosa oração do Breviário, Officium Divinum, na qual toda a Igreja, pela boca dos seus ministros, reza com Cristo»[350].

[344]   Catecismo da Igreja Católica,
CEC 1176, citando Conc. Ecum. Vat. II, Const. Sacrosanctum Concilium, SC 90.
[345]   Bento XVI, Encontro do Santo Padre com os Sacerdotes da Diocese de Albano, Castel Gandolfo (31 de agosto de 2006): Insegnamenti II/2 (2006), 163-179.
[346]   João Paulo II, Carta ap. Spiritus et Sponsa, 13: AAS 96 (2004), 425.
[347]   Cf. Bento XVI, Exort. ap. pós-sinodal Verbum Domini, 66.
[348]   Institutio Generalis Liturgiae Horarum, 202.  
[349] Cf. Catecismo da Igreja Católica, CEC 2634-2636.
[350]   Cf. João Paulo II, Discurso aos participantes do Simpósio Internacional por ocasião do XXX aniversário da promulgação do Decreto conciliar Presbyterorum Ordinis, 27 de outubro de 1995, 5.


2.9. Guia da comunidade


Sacerdote para a comunidade

77 O sacerdote é chamado a confrontar-se com as exigências típicas de um outro aspecto do seu ministério, para além daqueles já referidos. Trata-se do cuidado da comunidade que lhe foi confiada e que se exprime, sobretudo, no testemunho da caridade.

Pastor da comunidade – à imagem de Cristo, Bom Pastor, que oferece a sua vida por toda a Igreja –, o sacerdote existe e vive para ela; por ela reza, estuda, trabalha e se sacrifica; por ela está disposto a dar a vida, amando-a como Cristo, dirigindo para ela todo o seu amor e a sua estima[351], prodigando-se com todas as forças e sem limites de tempo por torná-la, à imagem da Igreja esposa de Cristo, cada vez mais bela e digna da complacência do Pai e do amor do Espírito Santo.

Esta dimensão esponsal da vida do presbítero como pastor fará com que ele guie a sua comunidade servindo com dedicação todos e cada um dos seus membros, esclarecendo as suas consciências com a luz da verdade revelada, defendendo a autenticidade evangélica da vida cristã com autoridade, corrigindo os erros, perdoando, sanando as feridas, consolando as aflições, promovendo a fraternidade[352].

Este conjunto de atenções, para além de garantir o testemunho de caridade cada vez mais transparente e eficaz, manifestará também a profunda comunhão que deve estabelecer-se entre o presbítero e a sua comunidade, como prolongamento e atualização da comunhão com Deus, com Cristo e com a Igreja[353]. À imitação de Jesus, o sacerdote não é chamado para ser servido, mas para servir (cf. Mt
Mt 20,28). Constantemente deve estar atento contra a tentação de, em vista de uma vantagem pessoal, abusar do grande respeito e deferência que os fiéis demonstram para com o sacerdócio e a Igreja.

[351]   Cf. João Paulo II, Exort. ap. pós-sinodal Pastores dabo vobis, PDV 22-23; cf. Carta ap. Mulieris dignitatem (15 de agosto de 1988), MD 26: AAS 80 (1988), 1715-1716.
[352]   Cf. Conc. Ecum. Vat. II, Decr. Presbyterorum Ordinis, PO 6; C.I.C., can. CIC 529, § 1.
[353]   S. João Crisóstomo, De sacerdotio, III, 6: PG 48, 643-644: «O nascimento espiritual das almas é privilégio dos sacerdotes: eles fazem-nas nascer para a vida da graça por meio do batismo; por meio deles nós nos revestimos de Cristo, somos sepultados com o Filho de Deus e tornamo-nos membros daquela bem-aventurada cabeça (cf. Rm Rm 6,1 Ga 3,27). Portanto, nós devemos respeitá-los não só mais do que aos príncipes e aos reis, mas venerá-los mais do que aos nossos pais. Pois, estes os geraram pelo sangue e vontade da carne (cf. Jn 1,13); ao passo que aqueles nos fizeram nascer filhos de Deus; eles são os instrumentos da nossa feliz regeneração, da nossa liberdade e da nossa adoção na ordem da graça».


Sentir com a Igreja

78 Para ser bom guia do seu Povo, o presbítero estará também atento a conhecer os sinais dos tempos: desde os que dizem mais respeito à Igreja universal e ao seu caminho na história dos homens, aos mais próximos da situação concreta da sua comunidade.

Este discernimento requer a constante e correta atualização no estudo das Ciências sacras e dos diversos problemas teológicos e pastorais, e o exercício duma sábia reflexão sobre os dados sociais, culturais e científicos que caracterizam o nosso tempo.

Na prática do seu ministério, os presbíteros saberão traduzir esta exigência numa constante e sincera atitude em sentir com a Igreja, de modo a trabalhar sempre em comunhão com o Papa, com os Bispos, com os outros irmãos no sacerdócio, com os diáconos, com os outros fiéis consagrados pela profissão dos conselhos evangélicos e com todos os fiéis.

Os presbíteros devem mostrar amor fervente para com a Igreja, que é a mãe da nossa existência cristã, e viver a alegria da pertença eclesial como um testemunho precioso para todo o povo de Deus. Além disso, no exercício da sua atividade, não deixarão de pedir a cooperação dos fiéis consagrados e dos fiéis leigos, de acordo com as formas legítimas e tendo em conta as capacidades de cada um.


2.10. O celibato sacerdotal


Firme vontade da Igreja

79 Convencida das profundas motivações teológicas e pastorais que sustentam a relação entre celibato e sacerdócio e iluminada pelo testemunho que, não obstante casos dolorosos e negativos, ainda hoje confirma a sua validade espiritual e evangélica em tantas existências sacerdotais, a Igreja reafirmou no Concílio Vaticano II e repetidamente no sucessivo Magistério Pontifício a «firme vontade de manter a lei que exige o celibato livremente escolhido e perpétuo para os candidatos à ordenação sacerdotal no rito latino»[354].

O celibato, com efeito, é um dom jubiloso que a Igreja recebeu e quer guardar, convencida de que ele é um bem para ela e para o mundo.

[354]   João Paulo II, Exort. ap. pós-sinodal Pastores dabo vobis,
PDV 29; cf. Conc. Ecum. Vat. II, Decr. Presbyterorum Ordinis, PO 16; Paulo VI, Carta enc. Sacerdotalis caelibatus (24 de junho de 1967), 14: l.c., 662; C.I.C., can. CIC 277, § 1.


Motivação teológico-espiritual do celibato

80 Como todo valor evangélico, também o celibato consagrado deve ser vivido como dom da misericórdia, como novidade que liberta, como particular testemunho de radicalismo na sequela de Cristo e sinal da realidade escatológica: «o celibato é uma antecipação, tornada possível pela graça do Senhor, que nos “atrai” para Si rumo ao mundo da ressurreição; convida-nos sempre de novo a transcender-nos a nós mesmos, este presente, rumo ao verdadeiro presente do futuro, que hoje se torna presente»[355].

«Nem todos são capazes de compreender o sentido desta palavra, mas somente aqueles a quem foi dado. Porque há eunucos que o são desde o ventre de suas mães, há eunucos tornados tais pelas mãos dos homens e há eunucos que a si mesmos se fizeram eunucos por amor do Reino dos céus. Quem puder compreender, compreenda (
Mt 19,10-12)»[356]. O celibato se revela como uma correspondência de amor por parte de uma pessoa que, deixando «pai e mãe, segue Jesus Bom Pastor, numa comunhão apostólica ao serviço do Povo de Deus»[357].

Para viver o dom recebido com amor e generosidade, é particularmente importante que o sacerdote compreenda, desde o tempo da formação seminarística, a dimensão teológica e a motivação espiritual da disciplina eclesiástica sobre o celibato[358]. Este, como dom e carisma particular de Deus, requer a observância da castidade, portanto da continência perfeita e perpétua por amor do Reino dos céus, para que os ministros sagrados possam aderir mais facilmente a Cristo com coração indiviso e dedicar-se mais livremente ao serviço de Deus e dos homens[359]: «o celibato, elevando integralmente o homem, contribui efetivamente para a sua perfeição»[360]. A disciplina eclesiástica manifesta, antes da vontade do sujeito, expressa pela sua disponibilidade, a vontade da Igreja, e encontra a sua razão última no laço estreito que o celibato tem com a ordenação sagrada, que configura o sacerdote a Jesus Cristo Cabeça e Esposo da Igreja[361].

A carta aos Efésios (cf. Ep 5,25) coloca em relação estreita a oblação sacerdotal de Cristo (cf. Ep 5,25) com a santificação da Igreja (cf. Ep 5,26), amada com amor esponsal. Inserido sacramentalmente neste sacerdócio de amor exclusivo de Cristo pela Igreja, sua Esposa fiel, o presbítero exprime com o seu empenho celibatário esse amor que se torna também fonte fecunda de eficácia pastoral.

Portanto, o celibato não é um influxo que do exterior recai sobre o ministério sacerdotal, nem pode ser considerado simplesmente uma instituição imposta por lei, até porque, quem recebe o sacramento da Ordem, a isso se empenha com plena consciência e liberdade[362], depois duma preparação de muitos anos, de profunda reflexão e de oração assídua. Juntamente com a firme convicção de que Cristo lhe concede este dom para o bem da Igreja e para o serviço dos outros, o sacerdote assume-o para toda a vida, reforçando esta sua vontade na promessa já feita durante o rito da ordenação diaconal[363].

Por estas razões, a lei eclesiástica, por um lado, confirma o carisma do celibato mostrando que ele está em íntima conexão com o ministério sagrado na sua dupla dimensão de relação com Cristo e com a Igreja, e, por outro, tutela a liberdade daquele que o assume[364]. Por isso, o presbítero, consagrado a Cristo com um novo e excelso título[365], deve estar bem consciente de que recebeu um dom de Deus que, sancionado por um preciso vínculo jurídico, gera a obrigação moral da observância. Tal vínculo, livremente assumido, tem caráter teologal e moral, antes que jurídico, e é sinal daquela realidade esponsal que se atua na ordenação sacramental.

Mediante o dom do celibato, o presbítero adquire também aquela paternidade espiritual, mas real, que se alarga de modo universal e, em particular, se concretiza na relação com a comunidade que lhe é confiada[366]. «Esses são filhos do seu espírito, homens confiados pelo Bom Pastor à sua solicitude. E são muito mais numerosos do que quantos possa abranger uma família humana. [...] O coração do Sacerdote, a fim de estar disponível para tal serviço, para tal solicitude e amor, tem de ser livre. O celibato é sinal de liberdade para servir. De acordo com este sinal, o sacerdócio hierárquico, ou “ministerial” – segundo a tradição da nossa Igreja – está assim mais estritamente “ordenado” ao serviço do sacerdócio comum dos fiéis»[367].

[355]   Bento XVI, Vigília por ocasião da Conclusão do Ano Sacerdotal (10 de junho de 2010): l.c., 397-406.
[356]   Cf. João Paulo II, Carta enc. Veritatis splendor (6 de agosto de 1993), VS 22: l.c., 1150-1151.
[357]   João Paulo II, Exort. ap. pós-sinodal Pastores dabo vobis, PDV 29.
[358]   Cf. Conc. Ecum. Vat. II, Decr. Optatam totius, OT 10; C.I.C., can. CIC 247, § 1; Sagrada Congregação para a educação católica, Ratio Fundamentalis Institutionis Sacerdotalis (19 de março de 1985), 48; Orientações educativas para a formação ao celibato sacerdotal (11 de abril de 1974), 16: EV 5 (1974-1976), 200-201.
[359]   Cf. Conc. Ecum. Vat. II, Decr. Presbyterorum Ordinis, PO 16; João Paulo II, Carta aos sacerdotes por ocasião da Quinta-feira Santa de 1979 (8 de abril de 1979), 8: l.c., 405-409; Exort. ap. pós-sinodal Pastores dabo vobis, PDV 29; C.I.C., can. CIC 277, § 1.
[360]   Paulo VI, Carta enc. Sacerdotalis caelibatus (24 de junho de 1967), 55.
[361]   Cf. Conc. Ecum. Vat. II, Decr. Presbyterorum Ordinis, PO 16; Paulo VI, Carta enc. Sacerdotalis caelibatus (24 de junho de 1967), 14.
[362]   Cf. Conc. Ecum. Vat. II, Decr. Presbyterorum Ordinis, PO 16; C.I.C., cann. CIC 1036 CIC 1037.
[363]   Cf. Pontificale Romanum, De ordinatione Episcopi, Presbyterorum et Diaconorum, III, 228, l.c., 134; João Paulo II, Carta aos sacerdotes por ocasião da Quinta-feira Santa de 1979 (8 de abril de 1979), 9: l.c., 409-411.
[364]   Cf. Sínodo dos Bispos, Documento sobre o sacerdócio ministerial Ultimis temporibus (30 de novembro de 1971), II, I, 4: l.c., 916-917.
[365]   Cf. Conc. Ecum. Vat. II, Decr. Presbyterorum Ordinis, PO 16.
[366]   Cf. ibid. PO 16
[367]   João Paulo II, Carta aos Sacerdotes por ocasião da Quinta-feira Santa (8 de abril de 1979), 8: Insegnamenti II/1 (1979), 841-862.


Exemplo de Jesus

81 O celibato é, portanto, dom de si «em» e «com» Cristo à sua Igreja e exprime o serviço do sacerdote à Igreja «em» e «com» o Senhor[368].

O exemplo é o do próprio Senhor, o qual, indo contra aquela que se pode considerar a cultura dominante do seu tempo, escolheu livremente viver celibatário. Na sua sequela, os discípulos deixaram «tudo» para realizar a missão que lhes foi confiada (
Lc 18,28-30).

Por esse motivo, a Igreja, desde os tempos apostólicos, quis conservar o dom da continência perpétua dos clérigos e se orientou a escolher os candidatos às Ordens sagradas entre os celibatários (cf. 2Th 2,15 1Co 7,5 1Co 9,5 1Tm 3,2 1Tm 3,12 1Tm 5,9 Tt 1,6 Tt 1,8)[369].

O celibato é um dom que se recebe da misericórdia divina[370], como escolha de liberdade e acolhimento agradecido de uma vocação especial de amor a Deus e aos homens. Por isso, não deve ser compreendido e vivido como se fosse simplesmente um efeito colateral do presbiterato.

[368]   Cf. João Paulo II, Exort. ap. pós-sinodal Pastores dabo vobis, PDV 29.
[369]   Para a interpretação destes textos, cf. Conc. de Elvira (a. 305), cann. 27; 33: Bruns Herm., Canones Apostolorum et Conciliorum saec. IV-VI II, 5-6; Conc. de Neocesarea (a. 314), can. 1: Pont. Commissio ad redigendum CIC Orientalis, IX, I/2, 74-82; Conc. Ecum. Niceno I (a. 325), can. 3: Conc. Oecum. Decr., 6; Conc. de Cartago (a. 390): Concilia Africae a. 345-525, CCL 149, 13. 133ss; Sínodo Romano (a. 386): Conc. Oecum. Decr., 58-63; Conc. Trulano II (a. 691), cann. 3, 6, 12, 13, 26, 30, 48: Pont. Commissio ad redigendum CIC Orientalis, IX, I/1, 125-186; Sirício, decretal Directa (a. 386): PL 13, 1131-1147; Inocêncio I, Carta Dominus inter (a. 405): Bruns cit. 274-277; S. Leão Magno, Carta a Rusticus (a. 456): PL 54, 1191; Eusébrio de Cesaréia, Demonstratio Evangelica, 1, 9: PG, 22, 82; Epifânio de Salamina, Panarion: PG 41, 868. 1024; Expositio Fidei, PG 42, 823 ss.
[370]   Cf. Sagrada Congregação para a educação católica, Orientações educativas para a formação ao celibato sacerdotal (11 de abril de 1974), 16: l.c., 200-201.


Dificuldades e objeções

82 No atual clima cultural, condicionado, muitas vezes, por uma visão do homem destituída de valores e, sobretudo, incapaz de dar um sentido pleno, positivo e libertador à sexualidade humana, coloca-se frequentemente a pergunta sobre a importância e o significado do celibato sacerdotal ou ao menos sobre a oportunidade de afirmar o seu vínculo estrito e a sua profunda sintonia com o sacerdócio ministerial.

«Num certo sentido, esta crítica permanente contra o celibato pode surpreender, num tempo em que está cada vez mais na moda não casar. Mas este não-casar é uma coisa total, fundamentalmente diversa do celibato, porque o não-casar se baseia na vontade de viver só para si mesmo, de não aceitar qualquer vínculo definitivo, de ter a vida em todos os momentos em plena autonomia, decidir em qualquer momento como fazer, o que tirar da vida; e portanto um “não” ao vínculo, um “não” à definitividade, um ter a vida só para si mesmos. Enquanto o celibato é precisamente o contrário: é um “sim” definitivo, é um deixar-se guiar pela mão de Deus, entregar-se nas mãos do Senhor, no seu “eu”, e portanto é um ato de fidelidade e de confiança, um ato que supõe também a fidelidade do matrimônio; é precisamente o contrário deste “não”, desta autonomia que não se quer comprometer, que não quer entrar num vínculo»[371].

O presbítero não anuncia a si mesmo, «mas, dentro e através da própria humanidade, cada sacerdote deve estar bem consciente de levar Outro, o próprio Deus, ao mundo. Deus é a única riqueza que, de modo definitivo, os homens desejam encontrar num sacerdote»[372]. O modelo sacerdotal é o de ser testemunha do Absoluto: o fato de que, hoje, em muitos ambientes, o celibato seja pouco compreendido ou pouco apreciado não deve conduzir a hipotizações de cenários diferentes, mas requer redescobrir de um modo novo este dom do amor de Deus pelos homens. Com efeito, o celibato sacerdotal é também admirado e amado por muitas pessoas, também não cristãs.

Não se pode esquecer de que o celibato é vivificado pela prática da virtude da castidade, de que pode ser vivido somente mediante o cultivo da pureza, com maturidade sobrenatural e humana[373], enquanto essencial à finalidade de desenvolver o talento da vocação. Não é possível amar Cristo e os outros com um coração impuro. A virtude da pureza torna capaz de viver a indicação do Apóstolo: «Glorificai a Deus em vosso corpo!» (
1Co 6,20). Quando falta esta virtude, todas as outras dimensões ficam prejudicadas. Se é verdade que no contexto atual existem diversas dificuldades para viver a santa pureza, é tanto mais verdade que o Senhor derrame com abundância a sua graça e ofereça os meios necessários para praticar esta virtude com alegria e júbilo.

É claro que, para garantir e defender este dom, num clima de sereno equilíbrio e de progresso espiritual, devem ser postas em prática todas as medidas que afastem o sacerdote das dificuldades possíveis[374].

É necessário, portanto, que os presbíteros se comportem com a devida prudência nas relações com as pessoas cuja familiaridade pode colocar em perigo a fidelidade ao dom ou então suscitar o escândalo dos fiéis[375]. Nos casos particulares, deve atender-se ao parecer do Bispo, que tem obrigação de estabelecer normas precisas sobre o assunto[376]. Como é lógico, o sacerdote deve abster-se de toda conduta ambígua e não esquecer o prioritário dever que tem de testemunhar o amor redentor de Cristo. Infelizmente, no que concerne a esta matéria, algumas situações que lamentavelmente aconteceram produziram um grande dano à Igreja e à sua credibilidade, embora tenham acontecido muito mais situações do gênero no mundo. O atual contexto requer, também por parte dos presbíteros, sensibilidade e prudência ainda maiores no que diz respeito às relações com as crianças e as pessoas em situação de risco[377]. Em particular, se devem evitar situações que pudessem dar espaço a murmurações (por exemplo, permitir que crianças entrem sozinhas na casa paroquial ou levar menores de idade dentro do carro). No que diz respeito à confissão, seria oportuno que, habitualmente, os menores se confessem no confessionário durante o tempo no qual a Igreja está aberta ao público ou que, se por qualquer razão fosse necessário agir de outro modo, sejam respeitadas as correspondentes normas de prudência.

Além disso, os sacerdotes não deixem de seguir aquelas regras ascéticas garantidas pela experiência da Igreja e que são ainda mais exigidas nas circunstâncias atuais. Evitem prudentemente frequentar lugares, assistir a espetáculos, fazer leituras ou frequentar sites na internet que constituam uma insídia à observância da castidade celibatária[378] ou até ocasião e causa de graves pecados contra a moral cristã. No uso dos meios de comunicação social, como agentes ou como usufrutuários, observem a discrição necessária e evitem tudo o que pode prejudicar a vocação.

Para guardar com amor o dom recebido, em um clima de exasperado permissivismo sexual, os sacerdotes recorram a todos aqueles meios naturais e sobrenaturais, dos quais a tradição da Igreja é rica. Por um lado, a fraternidade sacerdotal, o cuidado de ter bons relacionamentos com as pessoas, a ascese e o domínio de si mesmo, a mortificação; é também útil incentivar uma cultura da beleza nos vários campos da vida, que auxilie na luta diante de tudo aquilo que é degradante e nocivo, nutrir certa paixão pelo próprio ministério apostólico, aceitar serenamente certo tipo de solidão, uma sapiente e profícua gestão do tempo livre para que não se torne um tempo vazio. Por outro lado, são essenciais a comunhão com Cristo, uma forte piedade eucarística, a confissão frequente, a direção espiritual, os exercícios e os retiros espirituais, um espírito de aceitação das cruzes da vida cotidiana, a confiança e o amor à Igreja, a filial devoção à Bem-aventurada Virgem Maria e a consideração dos exemplos dos sacerdotes santos de todos os tempos[379].

Dificuldades e objeções acompanharam sempre, ao longo dos séculos, a escolha da Igreja Latina e de algumas Igrejas Orientais de conferir o sacerdócio ministerial só àqueles homens que receberam de Deus o dom da castidade no celibato. A disciplina das outras Igrejas Orientais, que admitem o sacerdócio dos casados, não se contrapõe à da Igreja latina. Com efeito, as mesmas Igrejas Orientais exigem o celibato aos Bispos. Além disso, não permitem o matrimônio dos sacerdotes e nem permitem núpcias sucessivas aos que ficaram viúvos. Trata-se sempre e só da ordenação de homens já casados.

As objeções que alguns, ainda hoje, apresentam contra o celibato sacerdotal se fundam frequentemente sobre argumentos baseados em pretextos como, por exemplo, a acusação de que o celibato é reflexo de um espiritualismo desencarnado ou de que se comporta com desconfiança ou desprezo para com a sexualidade; outras vezes, tomam como desculpa a consideração de casos tristes e dolorosos, mesmo sendo sempre particulares, aos quais se tende a generalizar. Pelo contrário, esquece-se o testemunho dado pela imensa maioria dos sacerdotes, que vivem o seu celibato com liberdade interior, com fortes motivações evangélicas, em fecundidade espiritual, num horizonte de convencida e contente fidelidade à própria vocação e missão, para não falar de tantos leigos que assumem felizmente um fecundo celibato apostólico.

[371]   Bento XVI, Vigília por ocasião da Conclusão do Ano sacerdotal (10 de junho de 2010): l.c., 397-406.
[372]   Bento XVI, Discurso aos participantes da Plenária da Congregação para o Clero (16 de março de 2009): l.c., 393.
[373]   Cf. João Paulo II, Exort. ap. pós-sinodal Pastores dabo vobis, PDV 29 PDV 50; Congregação para a educação Católica, Istrução In continuità sobre os critérios de discernimento vocacional acerca das pessoas com tendências homossexuais e da sua admissão ao Seminário e às Ordens Sacras (4 de novembro de 2005): AAS 97 (2005), 1007-1013; Orientações educativas para a formação ao celibato sacerdotal (11 de abril de 1974): EV 5 (1974-1976), 188-256.
[374]   Cf. S. João Crisóstomo, De Sacerdotio, VI, 2: PG 48, 679: «A alma do sacerdote deve ser mais pura que os raios do sol, para que o Espírito Santo não o abandone e para poder dizer: “Já não sou eu que vivo, é Cristo que vive em mim” (Ga 2,20). Se os anacoretas do deserto, longe das cidades e dos lugares públicos e de todo o barulho próprio daqueles lugares, gozando plenamente o porto e a bonança, não se atrevem a confiar na segurança daquela sua vida, mas acrescentam outras infinitas atenções, acautelando-se de todos os perigos e preocupando-se de fazer ou dizer todas as coisas com grande diligência, para poder-se apresentar perante Deus com confiança e pureza intacta, tanto quanto é possível às faculdades humanas; que força e que violência te parecem ser necessárias ao sacerdote para subtrair a sua alma a toda a mancha e conservar intacta a sua beleza espiritual? Ele precisa certamente de pureza maior que a dos monges. E, todavia, precisamente ele, que mais necessidade tem dela, está exposto a maiores ocasiões inevitáveis, nas quais pode ser contaminado, se com assídua sobriedade e vigilância não tornar a sua alma inacessível àquelas insídias».
[375]   Cf. C.I.C., can. CIC 277, § 2.
[376]   Cf. ibid., can. CIC 277, § 3.
[377]   Cf. João Paulo II, Litterae apostolicae Motu proprio datae Sacramentorum sanctitatis tutela quibus Normae de gravioribus delictis Congregationi pro Doctrina Fidei reservatis promulgantur (30 de abril de 2001): AAS 93 (2001), 737-739 (modificadas por Bento XVI em 21 de maio de 2010: AAS 102 [2010] 419-430).
[378]   Cf. Conc. Ecum. Vat. II, Decr. Presbyterorum Ordinis, PO 16.
[379]   Cf. Paulo VI, Carta enc. Sacerdotalis caelibatus (24 de junho de 1967), 79-81;  João Paulo II, Exort. ap. pós-sinodal Pastores dabo vobis, PDV 29.



2.11. Espírito sacerdotal de pobreza


Pobreza como disponibilidade

83 A pobreza de Jesus tem uma finalidade salvífica. Cristo, sendo rico, fez-se pobre por nós, para que nos tornássemos ricos pela sua pobreza (2Co 8,9).

A carta aos Filipenses mostra a relação entre despojamento de si e o espírito de serviço que deve animar o ministério pastoral. São Paulo diz, com efeito, que Jesus não considerou «um bem precioso o ser igual a Deus, mas humilhou-se a si mesmo assumindo a forma de servo» (Ph 2,6-7) Na verdade, dificilmente o sacerdote se tornará verdadeiramente servo e ministro dos seus fiéis, se estiver excessivamente preocupado com as suas comodidades e com um excessivo bem estar.

Por meio da condição de pobre, Cristo manifesta que tudo recebeu do Pai desde a eternidade e tudo lhe restitui até à oferta total da sua vida.

O exemplo de Cristo deve levar o presbítero a conformar-se com Ele, na liberdade interior, em relação a todos os bens e riquezas do mundo[380]. O Senhor ensina-nos que o verdadeiro bem é Deus e que a verdadeira riqueza é ganhar a vida eterna: «Que aproveita, com efeito, ao homem ganhar o mundo inteiro, se depois perde a sua alma?. E que coisa poderia o homem dar em troca da sua alma?» (Mc 8,36-37). Cada sacerdote é chamado a viver a virtude da pobreza, que consiste essencialmente em entregar o coração a Cristo, que é o verdadeiro tesouro, e não às riquezas materiais.

O sacerdote, cuja parte de herança é o Senhor (cf. Nm NM 18,20)[381], sabe que a sua missão, como a da Igreja, se realiza no seio do mundo e que os bens criados são necessários para o desenvolvimento pessoal do homem. Porém, ele usará tais bens com espírito de responsabilidade, moderação, reta intenção e distância, próprio de quem tem o seu tesouro nos céus e sabe que tudo deve ser usado para a edificação do reino de Deus (Lc 10,7 Mt 10,9 Mt 10,10 1Co 9,14 Ga 6,6)[382]. Portanto, abster-se-á daquelas atividades lucrativas, que não estão de harmonia com o seu ministério[383]. Ademais, que o presbítero evite dar motivos, até a mais leve insinuação, relativos ao fato de que possa conceber o próprio ministério como uma oportunidade para obter benefícios, favorecer os seus ou buscar posições privilegiadas. Ele, ao contrário, deve estar em meio aos homens para servir os outros sem medida, seguindo o exemplo de Cristo, o Bom Pastor (cf. Jn 10,10). Recordando, além disso, que o dom que recebeu é gratuito, esteja disposto a dar gratuitamente (Mt 10,8 Ac 8,18-25)[384] e a empregar para o bem da Igreja e para obras de caridade o que recebe por ocasião do exercício do seu múnus, depois de ter providenciado à sua honesta sustentação e ao cumprimento dos deveres do próprio estado[385].

O presbítero, embora não tenha assumido a pobreza com uma promessa pública, é obrigado a levar uma vida simples e a abster-se de tudo o que pode ter sabor de vaidade[386], abraçando assim a pobreza voluntária, para seguir mais de perto a Cristo[387]. Em tudo (habitação, meios de transporte, férias, etc.), o presbítero elimine todo o tipo de requinte e de luxo[388]. Neste sentido, o sacerdote deve lutar diariamente para não cair no consumismo e numa vida mole, que hoje invade a sociedade em muitas partes do mundo. Um sério exame de consciência o ajudará a verificar como é o seu teor de vida, a sua disponibilidade de cuidar dos fiéis e a cumprir os seus próprios deveres; a perguntar-se se os meios dos quais se serve respondem a uma verdadeira necessidade, ou se, ao contrário, ele está buscando sua própria comodidade e fugindo do sacrifício. É propriamente na coerência entre aquilo que diz e que faz, especialmente no que diz respeito à pobreza, que se condiciona a credibilidade e a eficácia apostólica do sacerdote.

Amigo dos mais pobres, reservará para eles as mais delicadas atenções da sua caridade pastoral, com uma opção preferencial por todas as pobrezas, velhas e novas, tragicamente presentes no mundo, recordando sempre que a primeira miséria de que deve ser libertado o homem é o pecado, raiz última de todo o mal.

[380]   Cf. Conc. Ecum. Vat. II, Decr. Presbyterorum Ordinis, PO 17 PO 20-21.
[381] Cf. Bento XVI, Discurso à Cúria Romana (22 de dezembro de 2006): AAS, 98 (2006).
[382]   Cf. Conc. Ecum. Vat. II, Decr. Presbyterorum Ordinis, PO 17; João Paulo II, Audiência geral (21 de julho de 1993), 3: Insegnamenti XVI/2 (1993), 89-90.
[383]   Cf. C.I.C., cann. CIC 286 CIC 1392.
[384]   Cf. Conc. Ecum. Vat. II, Decr. Presbyterorum Ordinis, PO 17.
[385]   Cf. ibid.; C.I.C., cann. CIC 282 CIC 222, § 2; CIC 529, § 1.
[386]   Cf. C.I.C., can. CIC 282, § 1.
[387]   Cf. Conc. Ecum. Vat. II, Decr. Presbyterorum Ordinis, PO 17.
[388]   Cf. ibid., PO 17.


Diretório 2013 73