Discursos João Paulo II 2001 - 6 de Dezembro de 2001

Senhor Embaixador

1. Sinto grande prazer em receber Vossa Excelência quando apresenta as Cartas que o acreditam como Embaixador Extraordinário e Plenipotenciário da República do Mali junto da Santa Sé.

Agradeço a Vossa Excelência as saudações cordiais que acaba de me dirigir em seu nome e da parte do Presidente do Mali. Ficar-lhe-ia grato por se dignar transmitir a Sua Excelência o Senhor Alpha Oumar Konaré os votos que formulo pela sua pessoa e pelo cumprimento da sua nobre missão ao serviço do povo do Mali. Peço ao Altíssimo que abençoe os esforços de todos os que estão empenhados na edificação de uma sociedade baseada nos valores da justiça e da paz, no reconhecimento dos direitos de todos os componentes da Nação.

2. No seu discurso, Vossa Excelência realçou a permanência das relações frutuosas e amistosas que existem entre o seu País e a Santa Sé. Elas baseiam-se na convicção comum de que a dignidade e os direitos fundamentais da pessoa devem ser promovidos e defendidos em todos os tempos e em qualquer circunstância. Depois dos dias sombrios que marcaram, há alguns meses, a consciência de toda a humanidade, congratulo-me pelos esforços constantes feitos pela sua Nação para servir a causa da paz, não apenas no âmbito das suas fronteiras, mas também mediante uma acção diplomática firme, na dimensão de todo o Continente africano. Nesta perspectiva, é importante realçar a importância do encontro da Organização da Unidade Africana, que a sua capital Bamako recebeu em Novembro de 2000, tratando o tema da limitação da proliferação das armas ligeiras. No momento em que o seu País se empenhou decididamente no processo de edificação de uma sociedade democrática, faço votos por que o estabelecimento e a organização de um estado de direito permita que todos gozem das suas prerrogativas de cidadãos, livremente e no respeito de um pluralismo legítimo, colaborando para o bem comum, o que exige em particular o respeito dos valores e das tradições religiosas próprias de cada um, respeito que contribui para a unidade nacional e para manter a paz e a concórdia entre todos os membros da sociedade.

Estabelecer e desenvolver uma cultura de paz é para uma nação um dever exigente e nobre, inscrito na vocação da humanidade de se reconhecer como uma família. Este empenho chama todas as nações a fazer opções corajosas, para combater o egoísmo sob todas as suas formas, do qual se verificam as consequências, sobretudo nos desequilíbrios de ordem económica e social assim como na ausência de confiança que, muitas vezes, danificam as relações de uma sadia cooperação entre os homens e os povos. A este respeito, tive ocasião de recordar várias vezes que não pode haver "paz verdadeira sem equidade, verdade, justiça e solidariedade. Está destinado à falência qualquer projecto que deixe separados dois direitos indivisíveis: o direito à paz e o direito a um progresso integral e solidário" (Mensagem para o Dia Mundial da Paz de 2000, n. 13). Com a finalidade de pôr remédio às graves injustiças que mantêm na miséria nações inteiras, convido os países ricos a apoiar os esforços dos países mais pobres, ajudando-os sobretudo a realizar estruturas de desenvolvimento e meios de formação apropriados. De facto, os países em vias de desenvolvimento devem ser ajudados por si mesmos e não em função de interesses particulares das nações às quais são devedores. Desta forma, será deveras realizada a mundialização da solidariedade que desejo ardentemente, e que representa uma grande oportunidade não só para o crescimento económico da humanidade, mas também para o seu desenvolvimento cultural e moral.

3. Quanto à Igreja católica, ela quer ter uma parte activa na vida do povo do Mali, desejando contribuir com a sua ajuda específica para a promoção do bem da comunidade nacional. Em nome da missão de serviço do Evangelho que recebeu de Jesus Cristo, ela deseja encorajar qualquer projecto que contribua para o desenvolvimento integral das pessoas e dos povos, em conformidade com a sua vocação. Ela considerou sempre a educação um terreno insubstituível para um sadio crescimento das jovens gerações, contribuindo para orientar as suas consciências para os valores do amor, do respeito, da liberdade, da justiça e da solidariedade. Neste âmbito da educação, assim como no da saúde ou da acção social, a Igreja católica continuará a empenhar-se pelo bem comum, com todas as componentes da sociedade civil. Esta perspectiva supõe que ela disponha dos meios materiais e do reconhecimento que lhe permita garantir a sua missão junto das pessoas que lhe estão confiadas, sem discriminações. A fim de permitir que os jovens que beneficiam desta educação integral contribuam de maneira eficaz para o progresso da sociedade por um caminho mais fraterno, é necessário promover e apoiar a família, valor fundamental da cultura africana, que "possui vínculos vitais e orgânicos com a sociedade, porque constitui o seu fundamento e alimento contínuo mediante o dever de serviço à vida: de facto, os cidadãos nascem na família, e nela encontram a primeira escola das virtudes sociais, que são a alma da vida e do desenvolvimento da mesma sociedade" (Familiaris consortio FC 42). Por fim, é profundamente desejável que esta educação integral permita aos cristãos e aos muçulmanos estabelecer relações no respeito mútuo, na confiança e na amizade, para realizar uma cooperação frutuosa, na concórdia e na estima recíproca. Oxalá eles tirem as suas forças necessárias do património autêntico das suas tradições religiosas, para colaborar no progresso solidário do seu país!

4. Senhor Embaixador, permita-me saudar calorosamente, através de Vossa Excelência, os Bispos, os sacerdotes, os religiosos, as religiosas, os catequistas e os fiéis católicos do seu País. Encorajo-os a ter sempre esperança em Cristo, a fim de dar testemunho vivo do amor de Deus entre os seus irmãos e irmãs. Convido-os a trabalhar com fervor, pelo caminho do diálogo e mediante o empenho na vida social, para superar as causas de divisão e edificar uma sociedade cada vez mais equitativa e unida.

5. No momento em que Vossa Excelência inicia a sua missão junto da Santa Sé, apresento-lhe os meus cordiais votos para a nobre tarefa que o espera. Tenha a certeza de que encontrará sempre, junto dos meus colaboradores, o acolhimento atento e compreensivo do qual poderá ter necessidade.

Sobre Vossa Excelência, a sua família, os seus colaboradores, o povo do Mali e quantos presidem ao destino da Nação, invoco de coração a abundância das Bênçãos divinas.






NOVE NOVOS EMBAIXADORES JUNTO À SANTA SÉ


6 de Dezembro de 2001

Excelências

1. Estou feliz por vos receber hoje e por vos dar as boas-vindas no momento em que apresentais as Cartas que vos acreditam como Embaixadores Extraordinários e Plenipotenciários dos vossos Países junto da Sé Apostólica: Bangladesh, Djibuti, Finlândia, Eritreia, Geórgia, Lesoto, Ruanda, Maurício e Mali. Saúdo também o novo Embaixador da Suíça em Missão Especial.

Agradecer-vos-ia se comunicásseis aos vossos respectivos Chefes de Estado a minha gratidão pelas mensagens que me dirigiram através de vós, transmitindo-lhes as minhas cordiais e deferentes saudações, assim como os meus ardentes bons votos pelas suas pessoas e pela sua missão ao serviço dos seus respectivos concidadãos. Permiti-me aproveitar esta circunstância também para saudar, através de vós, as Autoridades dos vossos Países e todo o conjunto dos vossos compatriotas. É de bom grado que incluo uma intenção especial pelos vossos concidadãos católicos e pelos seus Pastores. Todos têm a solicitude de oferecer a sua própria contribuição para a concórdia e a paz.

2. Hoje, mais do que nunca, os nossos contemporâneos estão assinalados pelo medo que, às vezes, provém da situação instável que o nosso mundo conhece e da incerteza em relação ao futuro; parece que muitos não conseguem mais olhar com serenidade para o seu porvir, de maneira especial os jovens, que se sentem inquietos perante os dramáticos acontecimentos que o mundo dos adultos lhes oferece. Cabe de modo muito especial aos Responsáveis das Nações e aos seus Representantes no serviço diplomático, comprometer-se mais do que nunca e de maneira cada vez mais intensa, no caminho do diálogo e da cooperação internacional, em ordem a desenraizar tudo aquilo que é fonte de conflito e de tensão entre os Países. Nenhuma questão especial, que deverá encontrar sempre a sua solução através das negociações, poderá prevalecer sobre o respeito das pessoas e dos povos.

3. Senhores e Senhoras Embaixadores, a vossa missão consiste em servir a nobre causa do vosso País e, ao mesmo tempo, a sublime causa da paz. Eminentes actos de amor ao próximo devem ser realizados, com o desejo de contribuir para o bem comum e para uma melhor compreensão entre as pessoas e entre os povos. Só então poderemos oferecer às gerações vindouras uma terra onde é bom viver. Devemos recordar incessantemente que todas as injustiças que os nossos contemporâneos podem vir a conhecer, que as situações de pobreza e a educação insuficiente dos jovens constituem a fonte de uma boa parte dos focos de violência no mundo inteiro. A justiça, a paz, a luta contra a miséria e contra a falta de formação espiritual, moral e intelectual dos jovens constituem os aspectos essenciais do compromisso para o qual exorto os Governantes das Nações, os serviços diplomáticos e todos os homens de boa vontade.

4. No momento em que dais início à vossa missão junto da Santa Sé, tenho a satisfação de vos transmitir os meus melhores votos. É de bom grado que invoco a abundância das Bênçãos divinas sobre as vossas pessoas e as vossas famílias, os vossos colaboradores e as Nações que representais.




AOS RELIGIOSOS E ÀS RELIGIOSAS DAS


CONGREGAÇÕES ROGACIONISTAS E


DAS FILHAS DO DIVINO ZELO


6 de Dezembro de 2001




Caríssimos Irmãos e Irmãs

1. É com alegria que recebo cada um de vós e vos dou as cordiais boas-vindas. Obrigado por esta visita, que deseja realçar uma data mais significativa do que nunca: o sesquicentenário do nascimento do vosso Fundador, o Beato Aníbal Maria Di Francia. Transmito uma saudação especial ao Superior-Geral, Padre Giorgio Nalin, e agradeço-lhe as cordiais palavras que me dirigiu em nome de todos.

Ao acolher-vos a vós, que constituís uma representação qualificada dos Rogacionistas, das Filhas do Divino Zelo, das Missionárias Rogacionistas, dos ex-Alunos e dos Animadores vocacionais leigos que partilham o mesmo carisma, faço a minha saudação extensiva à numerosa e benemérita multidão dos vossos Irmãos e Irmãs. Eles, em todos os continentes, humildes e generosos, gastam a sua vida alegre e activamente para a difusão do "Rogate" que brotou do Coração de Cristo.

Durante o Ano jubilar, as vossas zelosas famílias religiosas tiveram a oportunidade de voltar espiritualmente à sua origem comum para se inspirar e dela receber coragem. Ao mesmo tempo, não deixaram de se voltar para o futuro, com renovado empenho para aprofundar o ideal carismático rogacionista e irradiá-lo com entusiasmo em todos os continentes.

2. Juntamente convosco, desejo dar graças a Deus pelo bem realizado pelas vossas Congregações nestes 150 anos de história. Agradeço-lhe porque continua a correr nas vossas casas a confortadora veia de caridade e zelo, que teve início no distante ano de 1878. O encontro casual do Padre Aníbal com um mendigo quase cego foi a centelha que incendiou de amor evangélico o vosso Fundador, que conheceu o bairro "Avignone" de Messina degradado, onde habitavam os mais pobres da cidade, verdadeiros "refugos" da sociedade.

"Desde então escreve ele nas suas memórias encontrei-me empenhado, no que as minhas débeis forças permitiam, no alívio espiritual e temporal daquela plebe abandonada" (Aníbal Maria Di Francia, Adesões preciosas, Messina 1901, pág. 3). A partir daquele momento nunca mais se extinguiu a chama da caridade na sua vida. Escolheu consagrar-se totalmente aos pobres e aos humildes, nos quais via e servia Cristo. Aquela semente humilde e pequena, ao longo destes cento e cinquenta anos desenvolveu-se de modo prodigioso. Tornou-se uma árvore majestosa, que agora alarga os seus ramos a todas as partes do mundo, mediante o zelo fervoroso dos filhos e das filhas do Padre Aníbal. Ao congratular-me convosco pelo caminho realizado, encorajo-vos a tornar o vosso testemunho ainda mais fiel e a vossa dedicação apostólica mais generosa.

A celebração de um acontecimento tão significativo para os vossos Institutos não pode limitar-se a uma simples reevocação de um passado, mesmo se é luminoso, mas deve transformar-se em estímulo para olhar o futuro, a fim de responder com fervor inicial às antigas expectativas e aos novos desafios da humanidade.

3. Mas como fazer para que a árvore frondosa, plantada pelo vosso Beato Fundador, continue a dar flores e frutos em abundância?

Caríssimos Irmãos e Irmãs, a resposta a esta pergunta, que fizestes durante o Ano jubilar, é antiga e sempre actual: é a santidade, terreno fértil no qual cresceu a vossa Família religiosa, terreno que ainda poderá garantir-lhe, também no novo milénio, um futuro prometedor e fecundo.

Sim, a santidade é possível também neste nosso tempo difícil. Aliás, ela é a prioridade que, no final do grande Jubileu, indiquei na Carta Apostólica Novo millennio ineunte como perspectiva na qual se deve situar todo o caminho pastoral da Igreja (cf. n. 30). A esta luz a vida consagrada, hoje mais do que nunca, assume um papel significativo e determinante: deve ser santa, se não quiser faltar à sua própria razão de ser; deve ser vivida em plenitude nas suas nobres e severas exigências de oração, de humildade, de pobreza, de espírito de sacrifício e de austera observância dos votos.
Ponto de referência firme para vós são os ensinamentos do vosso Beato Fundador. O Padre Aníbal Maria Di Francia reconhecia "que a vocação para a vida religiosa é sinónimo de vocação para a santificação" (A Alma do Padre, pág. 38).

Como são actuais estas suas palavras! Elas estimulam-vos a garantir a primazia da vida interior entre as vossas múltiplas actividades educativas, assistenciais, caritativas, missionárias e editoriais.

4. Não tenhais medo que o tempo dedicado à oração possa de alguma forma fazer diminuir o dinamismo apostólico e o louvável serviço aos irmãos, que constituem a vossa canseira quotidiana.
É exactamente o contrário. Amar e pôr a oração no centro de qualquer projecto de vida e de apostolado é a autêntica escola dos Santos. Por conseguinte, distingui-vos na arte da oração: este "é o segredo de um cristianismo verdadeiramente vital, sem motivos para temer o futuro, porque volta sempre para as fontes e aí se regenera" (Novo millennio ineunte, 32).

A Virgem Santa vos sirva de exemplo e de apoio. Conservando em todo o seu vigor primitivo aquele típico carácter mariano, que o vosso Fundador imprimiu como característica inconfundível aos Institutos por ele fundados, permanecei na escola de Maria.

Enquanto mantiverdes o olhar fixo nela, excelsa obra-prima de Deus, modelo ideal de qualquer vida consagrada e amparo de todas as actividades apostólicas, não se tornará árida na vossa grande Família espiritual aquela fonte de generosidade e de dedicação, de interioridade e de fervor, de santidade e de graça, que vos torna preciosos trabalhadores na messe do Senhor.

Por fim, sede almas profundamente eucarísticas, que sabem adorar, amar e apreciar a Eucaristia. Foi no ministério Eucarístico que, no começo das vossas Congregações, o Beato Aníbal Di Francia deu o lugar central em tudo. Obtereis da adoração eucarística não só o dom de novas vocações, mas também a graça de aumentar o entusiasmo e a alegria do vosso sacerdócio, da vossa consagração e da vossa pertença cristã.

5. Caríssimos Irmãos e Irmãs, é isto que a Igreja espera de vós! Não desiludais as suas expectativas, mas cumpri sempre com um empenho generoso as suas esperanças. O testemunho convicto é o segredo para atrair para o vosso ideal numerosos jovens fervorosos e generosos.
O Senhor vos abençoe pelo que realizastes até agora e vos encha da sua graça, para que no presente e no futuro possais continuar a trabalhar com abnegação e alegria para o Reino de Deus. Acompanho-vos com a oração, que elevo confiante ao Senhor, pela intercessão do Beato Aníbal Maria Di Francia. Deus se digne doar um novo florescimento de vocações aos vossos Institutos e a toda a Igreja. Com estes votos, concedo de coração a vós aqui presentes a minha Bênção, que de bom grado faço extensiva a toda a vossa Família espiritual.






À EMBAIXADORA DA TURQUIA


JUNTO À SANTA SÉ POR OCASIÃO DA


APRESENTAÇÃO DAS CARTAS CREDENCIAIS


7 de Dezembro de 2001

: Excelência

É com imenso prazer que lhe dou as boas-vindas ao Vaticano e aceito as Cartas Credenciais que a designam como Embaixadora Extraordinária e Ministra Plenipotenciária da Turquia junto da Santa Sé. Obrigado pelas saudações que me transmitiu da parte do Presidente, Sua Excelência o Senhor Ahmet Necdet Sezer, e pediria que comunicasse os meus bons votos a Sua Excelência e ao governo e ao povo da Turquia, assegurando-lhes as minhas preces pela Nação nesta época de agitações e de dificuldades económicas.

A minha visita ao seu País, em 1979, ofereceu-me a possibilidade de observar pessoalmente uma sociedade que luta com complicados problemas de identidade num mundo que se transforma, e que demonstra que os povos podem viver juntos, no espírito daquilo que Vossa Excelência definiu como "compreensão e reconciliação entre as diferentes culturas". A minha visita permitiu-me também prestar homenagem a uma terra que, como a Senhora Embaixadora quis observar, contribuiu em grande medida para o desenvolvimento do Cristianismo. Foi ali que São Paulo nasceu e que outros Apóstolos pregaram o Evangelho; que muitos dos grandes Padres da Igreja, nos séculos seguintes, edificaram sobre a tradição apostólica; e que os primeiros Concílios tomaram decisões fundamentais para a definição da fé cristã. Essa visita memorável incutiu-me uma profunda estima não só pelo passado da Turquia, mas também por aquilo que a Nação realizou nos tempos mais recentes.

Durante o último milénio, as relações entre a Turquia e a Santa Sé nem sempre foram desprovidas de dificuldades. Felizmente, no século XX houve novas tentativas de instauração de relações construtivas, fundamentadas sobre a confiança e o respeito que, às vezes, exige aquilo que desejei definir como a purificação da memória. A necessidade desta purificação é evidente em toda a parte, dado que em muitas regiões do mundo vemos que as feridas das ofensas do passado ainda continuam a supurar, de geração em geração. Sinais encorajadores de uma nova cordialidade foram a visita ao Vaticano, realizada pelo Presidente das questões religiosas, que tive o prazer de receber no dia 16 de Junho de 2000, e as celebrações em honra do meu venerado Predecessor, o Papa João XXIII, que tiveram lugar em Istambul no mês de Dezembro do ano passado, como Vossa Excelência quis recordar.

Ocasiões ricamente simbólicas como estas ajudam a fortalecer a determinação da Turquia e da Santa Sé, em ordem a trabalharem em conjunto pelo bem da comunidade internacional. Os acontecimentos mais recentes realçam o facto de que esta cooperação é ainda mais necessária quando, aos novos conflitos, que não são poucos na região de proveniência de Vossa Excelência, se acrescentam os antigos. Num período em que existe o risco de tensão entre as diferentes tradições culturais e religiosas, o seu País tem um papel particular a desempenhar.

A Turquia está localizada geográfica e culturamente entre o Oriente e o Ocidente, e este é o primeiro sentido em que pode constituir uma importante ponte de ligação. A sua sociedade, cuja maioria da população é muçulmana, caracteriza-se profundamente pela marca de uma grande herança religiosa e cultural recebida dos primeiros séculos do Islão, através das épocas seljúcida e otomana. Contudo, a Turquia também está voltada para o Ocidente, com as suas raízes cristãs, e existem comunidades de imigrantes turcos em muitos países do Ocidente, assim como comunidades cristãs na própria Turquia. A antiga ligação entre o Ocidente cristão e o Oriente muçulmano, mais intensa e complicada do que geralmente se reconhece, ainda continua viva na Turquia. Portanto, num período em que a causa da paz deve ser servida mediante a promoção do diálogo entre as culturas religiosas do mundo, em particular entre o Islão e a Cristandade, a comunidade internacional olha com esperança para a sua Nação.

Todavia, a Turquia é também um Estado claramente secular, em que a cultura islâmica se abriu para as forças da modernização, geralmente associada ao Ocidente, que levou a uma distinção entre a religião e a política, entre o sagrado e o profano, fazendo da Turquia aquilo que Vossa Excelência quis definir como síntese entre o Oriente e o Ocidente. Contudo, uma distinção acerca deste ponto não pode significar uma separação total: e a sua Nação ocupa um lugar oportuno para servir como sociedade que cria pontes entre a religião e a política. Portanto, se a distinção se tornar separação, a dimensão transcendente desaparecerá da vida pública. É assim que nasce o totalitarismo, com a sua habitual negação da liberdade e da dignidade do homem.

O Estado secular é convidado a permanecer autenticamente aberto para a trascendência: isto é, a fundamentar-se numa visão da pessoa humana criada à imagem de Deus e, por conseguinte, portadora de direitos inalienáveis e universais. De facto, há determinados direitos que são universais, porque estão enraizados na natureza da pessoa humana, e não nas particularidades de uma cultura qualquer.

Entre os mais elementares destes direitos está a liberdade religiosa, que inclui e vai além da liberdade de culto, segundo as convicções pessoais, pois a religião não pode ser relegada para um campo puramente particular. Num Estado secular aberto à transcendência, a liberdade religiosa inclui também o direito de fazer com que os valores pessoais sirvam a vida pública, na convicção de que tais valores contribuem para o esforço conjunto em ordem à edificação de uma sociedade autenticamente aberta a cada uma das dimensões da pessoa humana.

Na Turquia, os católicos representam uma pequena minoria. Eles não vêem qualquer contradição no facto de ser católicos e turcos, e esperam, como também eu faço, que o estado jurídico da Igreja seja reconhecido. Estão persuadidos de que, na sua Pátria, continuarão a gozar do respeito pelas minorias, que é "a pedra angular da harmonia social e a medida da maturidade cívica alcançada por um país e pelas suas institutições" (Mensagem para o Dia Mundial da Paz de 1989, n. 12). Também este é um campo em que a Turquia pode servir de ponte, esclarecendo que as preocupações justificáveis pela unidade nacional não entram em conflito com o respeito pelos direitos dos indivíduos e das minorias. Pelo contrário, é neste respeito, sancionado pela lei, que se encontra a garantia mais segura da coesão e da segurança de uma nação.

Excelência, no momento em que assume as suas responsabilidades no seio da comunidade credenciada junto da Santa Sé, formulo-lhe os meus melhores votos pelo bom êxito da sua alta missão, persuadido de que ela há-de fortalecer ulteriormente os bons relacionamentos já existentes entre nós. Asseguro-lhe que os vários departamentos da Cúria Romana estarão sempre prontos a assisti-la. Sobre Vossa Excelência e o amado povo da Turquia, invoco cordialmente as abundantes bênçãos de Deus Todo-Poderoso.






NO FINAL DO CONCERTO DO CORO E ORQUESTRA


FILARMÓNICA DE VARSÓVIA (POLÓNIA)


7 de Dezembro de 2001



Caríssimos Irmãos e Irmãs!

1. Estou certo de que interpreto os sentimentos de todos, exprimindo a minha sincera gratidão aos membros da simpática associação polaca Amigos da Fundação João Paulo II que, conjuntamente com a Filarmónica Nacional de Varsóvia, quis oferecer-me a mim e aos meus colaboradores este interessante concerto.

Transmito o meu apreço antes de tudo ao Senhor Kazimierz Kord, director da Filarmónica, que com extraordinário talento interpretou a Missa pro Pace. Saúdo cordialmente o Senhor Henryk Wojnarowski, mestre do coro, que executou os vários trechos com grande habilidade. O meu reconhecimento estende-se a todos os que contribuiram para a organização e preparação desta bela iniciativa. Com um grato afecto, agradeço e saúdo o Senhor Wojciech Kilar, conhecido compositor, a quem se deve a Missa pro Pace, que tivemos a alegria de ouvir. Consciente de que a partitura de uma Missa é obra artística que se insere na liturgia, ele quis, sabiamente, propor melodias animadas por um intenso misticismo. O estilo misterioso e original desta Missa introduz os ouvintes no coração de um recolhimento de oração e de uma contemplação atenta dos mistérios da fé.

2. Obrigado também pela primorosa execução da Missa pro Pace! Este acontecimento artístico de alto valor religioso ajudou-nos a pensar e a rezar pela paz. O século XX, assinalado talvez como nenhum outro por guerras e derramamento de sangue, encerrou-se com muitas esperanças de justiça e de paz. Infelizmente, os trágicos acontecimentos de 11 de Setembro deitaram por terra, bruscamente, estas expectativas de confiança. Mas não devemos perder a coragem. A paz é dom de Deus e, ao mesmo tempo, fruto do esforço quotidiano dos homens de boa vontade. Através da linguagem universal da música e do canto, nesta Sala "Paulo VI" ressoou para todos o convite a ser construtores de esperança e de paz. Acolhamos esta exortação angustiada. A vida de cada crente seja eco daquele amor que vence a violência e assinale o início dos "novos céus e nova terra" (cf. Ap Ap 21,1).

(Em Polaco)

3. Mais uma vez, na nossa língua mãe, quero agradecer de todo o coração a quantos contribuiram para nos fazer viver esta tarde solene. Dirijo palavras de reconhecimento ao compositor da magnífica Missa pro Pace, o Senhor Wojciech Kilar. A majestosa simplicidade, a beleza radicada na tradição cristã e o timbre da alma polaca que nela aflora, fazem com que esta obra procure não só sensações estéticas, mas possa suscitar também emoções profundamente religiosas.

Agradeço aos músicos da Orquestra Sinfónica sob a direcção do Senhor Kazimierz Kord e aos cantores do Coro com o seu director, o Senhor Henryk Wojnarowski. Dirijo também palavras de gratidão aos solistas. Quisestes inserir este concerto no âmbito das celebrações do centenário da Filarmónica Nacional. Nesta particular ocasião, aceitai os meus parabéns e os votos de muita prosperidade e de muitos e magníficos sucessos artísticos no novo centenário.

Quero ainda agradecer a todos os que contribuiram para a organização desta tarde, sobretudo ao Círculo dos Amigos da Fundação João Paulo II, em Varsóvia. A todos os artistas e aos convidados concedo do coração a minha Bênção Apostólica. Que Deus vos pague e abençoe!

4. Este concerto realiza-se no início do Advento, tempo de mística espera do Príncipe da paz. Que esta feliz coincidência seja também um estímulo para abrir o coração e a mente a Cristo, que vem como Messias de salvação e de amor. Estamos já na vigília da Solenidade da Imaculada Conceição. Seja Ela, a Rainha da paz, a consolidar os passos corajosos dos homens no caminho que conduz à justiça e à paz verdadeira. Com estes sentimentos, concedo ao compositor, aos artistas, promotores, organizadores e a todos os presentes uma Bênção especial.

Este concerto é uma introdução muito boa aos dias 14 de Dezembro e 24 de Janeiro.





HOMENAGEM DO SANTO PADRE


À IMACULADA CONCEIÇÃO


8 de Dezembro de 2001


Mãe Imaculada, neste dia solene,
iluminado pelo fulgor da tua virginal Conceição,
eis-nos mais uma vez aos teus pés,
nesta histórica praça, no centro da Roma cristã.
Como todos os anos, viemos repetir
a tradicional homenagem floral de 8 de Dezembro,
querendo exprimir com este gesto
o amor filial da Cidade,
que tem tantos sinais da tua materna presença.
Viemos em humilde peregrinação,
e, fazendo-nos voz de todos os crentes,
invocamos-te confiantes: "Monstra Te esse matrem...
Mostra-te Mãe para todos,/oferece a nossa oração;
Cristo a aceite benigno,/Ele que se fez teu Filho".

2."Monstra Te esse matrem!".
Mostra-te Mãe por nós, que,
diante desta tua célebre imagem,
com o coração alegre damos graças a Deus
pelo dom da tua Imaculada Conceição.
Tu és a Toda Bela,
que o Altíssimo vestiu com o seu poder.
Tu és a Toda Santa, que Deus preparou
como sua intacta habitação de glória.
Ave, Templo misterioso de Deus,
ave, cheia de graça, intercede por nós!

3."Monstra Te esse matrem!".
Pedimos-te que apresentes a nossa oração
Àquele que te revestiu de graça
subtraindo-te a qualquer sombra de pecado.
Nuvens obscuras se concentram
no horizonte do mundo.
A humanidade, que viu com esperança
o alvorecer do terceiro milénio,
sente agora iminente a ameaça de novos,
desconcertantes conflitos.
A paz no mundo está em perigo.
Precisamente por isto nós viemos até junto de Ti,
Virgem Imaculada, para pedir que obtenhas,
como Mãe compreensiva e forte,
que os ânimos, libertados da nuvem do ódio,
se abram ao perdão recíproco,
à solidariedade construtiva e à paz.

4."Monstra Te esse matrem!".
Vela, ó Mãe, sobre a grande família eclesial,
para que todos os crentes,
como verdadeiros discípulos do teu Filho,
caminhem na luz da sua presença.
Continua a velar principalmente
sobre a Igreja de Roma,
que a 8 de Dezembro de 1995,
precisamente neste lugar,
iniciou confiante a missão da Cidade
com vista ao Grande Jubileu.
Missão que deu frutos abundantes e profundos,
que contribuiu para espalhar
o Evangelho da esperança
em todas as partes da Cidade,
mobilizando sacerdotes, religiosos e leigos
para uma ampla e profunda renovação espiritual.
Foi um caminho dinâmico e corajoso,
que, com a graça do tempo jubilar,
tornou indivíduos e famílias,
paróquias e comunidades,
conscientes do mandato missionário
que cada um deve assumir responsavelmente
valorizando a riqueza
e a variedade dos próprios carismas.

5."Monstra Te esse matrem!".
Estrela da nova evangelização,
estimula-nos e acompanha-nos tu
pelos passos de uma pastoral
infatigavelmente missionária
com um único e decisivo programa:
anunciar Cristo, Redentor do homem.
Torne-se a missão testemunho quotidiano
de cada crente, nas suas condições de vida;
graças a ela seja renovado o rosto cristão de Roma,
para que seja evidente para todos
que a fidelidade a Cristo
muda a existência pessoal
e modela um futuro de paz,
e um porvir melhor para todos.
Mãe Imaculada,
que tornas a Igreja fecunda de filhos,
ampara a nossa incessante solicitude
pelas vocações ao sacerdócio e à vida consagrada.
O congresso romano do próximo mês de Junho,
que a diocese oportunamente dedica a este tema,
encorage os jovens e as suas famílias
a responder generosamente ao apelo do Senhor.

6."Monstra te esse matrem!".
Sê para nós rochedo de coragem e de fidelidade,
ó humilde Jovem de Nazaré,
gloriosa Rainha do mundo.
Oferece a nossa oração ao Verbo de Deus,
que, fazendo-se teu Filho, se tornou irmão nosso.
Graças à tua valiosíssima intercessão
possa todo o Povo de Deus e, sobretudo,
esta amada Igreja de Roma
"fazer-se ao largo" rumo àquela santidade
que constitui a condição decisiva
para qualquer apostolado fecundo.
Mãe de misericórdia e de paz,
imaculada Mãe de Deus, ora por nós!



MENSAGEM DO SANTO PADRE


AOS PARTICIPANTES NO ENCONTRO DA


ACÇÃO CATÓLICA ITALIANA



Caríssimos Jovens

1. Neste dia, em que a Igreja contempla os prodígios realizados por Deus na Virgem Maria, sinto-me feliz por dirigir a minha afectuosa saudação a todos vós, reunidos em Roma para oferecer o vosso específico contributo de entusiasmo e vigor à renovação que a A.C.I. iniciou com grande determinação no alvorecer do novo milénio. Na realização de um programa de vida tão importante e de actividade em associação, sabei seguir fielmente as indicações dos vossos Bispos, que vêem na Acção Católica um exemplo formativo válido para toda a Comunidade eclesial da Itália.

Vois sois a componente juvenil da Acção Católica: uma parte importante como nunca da Associação. Ser jovens significa ter a sinceridade de Natanael, o qual, depois de ter expresso as suas perplexidades acerca do Nazareno: de Nazaré pode vir alguma coisa boa? (Jn 1,46), não sabe resistir ao olhar de Jesus que chama, e segue-O sem fazer cálculos.

Ser jovem significa lançar-se, como Pedro e João na manhã de Páscoa (cf. Jo Jn 20,4), numa corrida que cortava a respiração, com o aperto do coração por amor terníssimo de Jesus.
Ser jovem é ter a mesma tenacidade de Tomé no cenáculo perante a narração da ressurreição, uma tenacidade transformada no impulso de quem confia completamente n'Aquele que é concebido como único "Senhor" e "Deus" (cf. Jo Jn 20,28). Não é porventura isto que vós próprios repetis a Jesus, com arrebatamento, todos os dias?

Ser jovens significa sentir o desejo de uma vida plena, como o jovem rico confiou uma vez a Jesus (cf. Mc Mc 10,17) e, ao mesmo tempo, vencer aquela debilidade que não permite desapegar-se de si e das suas falsas seguranças.

Ser jovens é fazer a experiência de Lázaro, que passou pela doença e pela morte, para participar na alegria sem limites da vida nova oferecida por Cristo (cf. Jo Jn 11,44).

Por fim, ser jovens é apreciar a companhia de Jesus e o encanto da escuta "estupefacta" das suas palavras, no acolhimento caloroso de uma casa como a de Marta e de Maria (cf. Lc Lc 10,42).

2. Queridos jovens amigos, foi precisamente por isto que viestes a Roma, junto dos túmulos dos apóstolos Pedro e Paulo: a fim de exprimir melhor os dons da vossa juventude, valorizados pela relação pessoal com Ele, no calor da comuhão da Igreja. Não vos sintais incertos quando vos pondes no seu seguimento numa escola de santidade, actualizada através da espiritualidade e do empenho eclesial da Acção Católica.

Ser hoje leigos cristãos, exige o empenho de ser santos todos os dias, com alegria e entusiasmo. Antes de vós, percorreram este itinerário espiritual Giorgio Frassati, Alberto Marvelli e muitos outros jovens como vós. Trata-se de um empenho que deveis assumir, em primeiro lugar, para vós mesmos e para os vossos amigos, mas também para as vossas famílias, para as vossas Comunidades e, melhor, para todo o mundo.

Desejaria renovar-vos hoje o convite que vos fiz em Tor Vergata: vós sois, e deveis ser cada vez mais, as sentinelas da manhã no alvorecer do novo milénio. Mesmo se neste início de século, infelizmente atormentado pelo terrorismo, pelo medo e pela guerra, o convite pode parecer muito empenhativo, ele continua a ser válido. Hoje como nunca, para ser sentinelas da manhã do novo milénio, é preciso ser santos!

Tenho a certeza de que na vossa mochila também levais livros que vos são muito úteis para uma escola de santidade tão exigente. Nele, tendes, sem dúvida, os Documentos do Concílio Ecuménico Vaticano II e as indicações dos Pastores das vossas Igrejas particulares. Deveis levar convosco sobretudo aquele Evangelho que permutastes entre vós em Tor Vergata. Apaixonai-vos cada vez mais pela palavra de Cristo. Sabei escutá-la, compreendê-la, aprofundá-la, amá-la e, sobretudo, vivê-la. Nisto, deixai-vos ajudar pelos mestres autênticos da fé.

Palavra de Deus é de modo eminente Jesus, o Verbo feito homem no seio virginal de Maria Santíssima. E Jesus não pode simplesmente ser posto na mochila: deve encontrar um lugar nos vossos pensamentos, nos vossos olhos, nas vossas mãos e no vosso coração. Numa palavra, em toda a vossa vida. Deveis poder repetir com São Paulo: "Já não sou eu que vivo, é Cristo que vive em mim" (Ga 2,20).Jesus vive em vós quando o invocais na oração, no tempo em que souberdes deter-vos "coração a coração" com Ele, depois de O ter recebido na Eucaristia. Não tenhais medo de voltar para Ele, quando vos acontecer ser enganados e feridos pelas miragens de uma felicidade falsa e artificial.

3. Em Tor Vergata disse-vos que sereis capazes de incendiar o mundo, se tiverdes a coragem de ser profundamente cristãos (cf. Homilia durante a Concelebração Eucarística em Tor Vergata). O próprio Cristo, que encontrastes pessoalmente, precede-vos e marca-vos sempre novos encontros nos caminhos da história. Sim, Cristo leva-vos a todos os lugares onde houver sofrimentos para aliviar, solidariedade para exprimir, alegria para celebrar; na fadiga do estudo e do trabalho, assim como no divertimento do tempo livre; na vida familiar e na expectativa demasiado longa de um futuro, que muitas vezes é difícil de realizar.

Com a escolha de aderir à Acção Católica, decidistes colaborar de modo particular com os vossos Bispos, para serdes uma associação de leigos que com impulso generoso se coloca à disposição dos Pastores da Comunidade eclesial para a actividade apostólica no mundo contemporâneo. A este respeito, desejo fazer meu o convite dos vossos Pastores, os quais vos pedem para "anunciar o Evangelho num mundo que muda" (cf. Orientações pastorais do Episcopado italiano para a primeira década de 2000). Vós próprios sois as testemunhas particulares deste nosso tempo em permanente evolução: o mundo juvenil, os vossos amigos, os ambientes nos quais vos moveis estão em contínua transformação. Por isso, empenhai-vos em comunicar o Evangelho neste contexto de profundas mudanças, aprendendo a "ir além dos confins habituais da acção pastoral, para explorar os lugares, mesmo os mais impensáveis, onde os jovens vivem, se encontram, exprimem a sua originalidade, manifestam as suas expectativas e formulam os seus sonhos" (Educar os jovens para a fé, em Noticiário da CEI 2/1999, pág. 51). Sozinhos é difícil, juntos é possível: é precisamente este o apoio que vos pode ser dado pela vossa Associação.

4. Caríssimos jovens da Acção Católica Italiana! Nesta Solenidade da Imaculada, faço votos para que sejais cada vez mais missionários, como a Igreja vos quer, e santos segundo o coração de Deus. Ampare-vos sempre a protecção materna de Maria, que hoje contemplamos no esplendor da sua Beleza intacta. Que ela seja a vossa guia, a estrela luminosa que indica o caminho da Acção Católica renovada, na qual vós próprios vos sentis empenhados em oferecer um significativo contributo.

Garanto-vos uma especial recordação na oração e abençoo-vos com afecto, juntamente com os vossos educadores, os jovens a quem ofereceis o vosso generoso serviço formativo e a todos os membros da Acção Católica Italiana.

Vaticano, 8 de Dezembro de 2001.





Discursos João Paulo II 2001 - 6 de Dezembro de 2001